POUCO SUMO

Não gostei do debate. 
Ao contrário do primeiro, que foi vivo e de alguma forma esclarecedor, este não trouxe nada de novo - a não ser a alteração de postura de Noronha Lopes, que terá percebido o erro de base na abordagem ao debate anterior, mostrando-se menos agressivo, mas nem por isso mais convincente. Uma multidão de moderadores também não ajudou à qualidade da discussão, até porque havia estilos muito diferentes na mesa, e os temas eram colocados de forma totalmente errática.
Mas se era Noronha Lopes que tinha mais que pedalar (palavras suas), ao deixar passar esta oportunidade para se impor ao seu adversário (e precisava de um KO), terá sido ele o maior perdedor da noite. Não porque tenha perdido o debate em si, mas porque tinha obrigatoriamente de o ganhar com clareza, e isso também não aconteceu.
O resultado, no meu ponto de vista, terá sido um empate (sem brilho, nem golos). E era apenas disso que Rui Costa precisava - muito embora a sua exibição de há uma semana atrás tenha sido bem mais vistosa do que a desta noite.
Julgo que haverá mais um debate, e essa será a última oportunidade para Noronha convencer aqueles que não votaram nele na primeira volta. Precisa de convencer muitos sócios. Mas não revela muitos argumentos para isso. 
A diferença de conhecimentos e de preparação é enorme, e isso fica claro a cada intervenção de cada um dos candidatos, estejam eles mais crispados ou mais sorridentes.

OS TÍTULOS

Como se vê pelo quadro, mesmo com apenas um mandato, e um mandato pouco ganhador (como o próprio reconhece), Rui Costa está, ainda assim, acima do meio da tabela de presidentes do Benfica no total de títulos. E figura na galeria dos 16 presidentes que foram campeões nacionais, havendo 7 que nunca o chegaram a ser. 
Apenas 9 presidentes foram campeões mais do que uma vez. Apenas 5 presidentes o foram mais do que duas vezes. Só Vieira e Borges Coutinho conquistaram mais do que 3 campeonatos, e só mesmo Vieira fez o "Tetra". Ferreira Bogalho, Fezas Vital ou Félix Bermudes, por exemplo, foram campeões nacionais tantas vezes como Rui Costa: uma. A lenda de ganhar sempre é...uma lenda. O Benfica tem 121 anos de idade, ganhou 38 campeonatos e perdeu 53. E não esqueçamos as largas décadas "sem" FC Porto (até chegar Pinto da Costa), bem como as mais recentes "sem" Sporting (até chegar Ruben Amorim). A lista apenas inclui, naturalmente, presidentes com mandatos desde a existência das competições nacionais. 
Tenho a certeza que Rui Costa, a ser eleito, vai chegar-se aos grandes nomes da história. Um mandato igual (e espero, naturalmente, que seja melhor), seria suficiente para chegar ao top 3 desta lista. Mas aposto que em 2029 estará em segundo lugar. 
Fica aqui escrito para, se estivermos todos vivos e de boa saúde, podermos vir conferir. Acho que, pelo menos, lhe devemos dar oportunidade para isso.
Agora façam o favor de vir com as vossas percepções contrariar os números e os factos.

E NAS CONTAS?

Capitais Próprios (diferença entre activo e passivo,que define a verdadeira situação económica) dos três grandes:

BENFICA: +116,3 M

Sporting: +40,9M

FC Porto: -10,4M

E NAS MODALIDADES?

Classificação actual dos campeonatos das cinco principais modalidades masculinas:

Hóquei em Patins: BENFICA 9, Sporting 7, FC Porto 3

Basquetebol: BENFICA 6, Sporting 5, FC Porto 4

Andebol: BENFICA 25, FC Porto 25, Sporting 24 (-1 jogo)

Futsal: BENFICA 18, Sporting 15

Voleibol: BENFICA 3, Sporting 0

Em jogos: 21 vitórias, 0 empates e 1 derrota (Andebol em Alvalade)

Enfim, um clube que está morto...

OS FACTOS

Benfica 2025-26 em competições nacionais:

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

FEITO

Quatro golos marcados, três deles de grande qualidade (o de Sudakov, embora legal, não contou), nenhum sofrido, jogadores geridos, eliminatória passada com tranquilidade. Não se podia pedir mais numa partida entalada entre compromissos muito importantes, e em que ganhar era o único objectivo.
A exibição não foi, como seria de esperar, demasiado vistosa. Foi a suficiente, e teve momentos agradáveis - para além, como já disse, dos golos.
Destaque individual para Lukebakio, Enzo também esteve em bom plano, e Prestianni trouxe alguma vivacidade ao flanco esquerdo. Rios deu finalmente um ar de sua graça, com dois excelentes lances (uma assistência e um belo remate). E Pavlidis picou o ponto.
A nota negativa que eu deixo é para a estúpida anulação de um golo limpo e bastante bonito. As linhas são uma mentira bem contada, que continua a enganar os incautos. É objectivamente impossível determinar, através de uma câmara situada nas bancadas, a uma distância considerável, uma unha não cortada. Não interferiu no resultado,  mas algo como isto não pode acontecer numa partida que decida um título. Já chegam os pisões na cabeça. 
Sublinho ainda os 50 mil nas bancadas, numa partida a meio da semana, em horário impróprio, numa competição que algumas pessoas desvalorizam, com um adversário pouco apelativo.  Enfim, é o Benfica. 

OS OUTROS CONTAM

A bold, pontos perdidos à nona jornada sem ser em jogos grandes ("Clássicos" + Braga)


Olhando para as primeiras nove jornadas das últimas três temporadas em que o Benfica foi campeão, verifica-se que os seus rivais, no mesmo momento do campeonato, haviam sempre perdido pontos com equipas mais pequenas. Não considerando os jogos entre eles e com o Braga, em 2016-17 Porto e Sporting em conjunto haviam desperdiçado já 13 pontos. Em 2018-19 tinham perdido 6 pontos. E em 2022-23, um total de 11 pontos.
Ora neste campeonato, o Porto empatou com o Benfica, o Sporting perdeu com o Porto e empatou com o Braga. De resto, tem sido uma limpeza. Nem um pontinho perdido com os pequenos clubes.
Dir-me-ão que o Benfica podia, e devia, ter feito o mesmo. A verdade é que viu fugir 4 pontos, todos eles nos últimos segundos das partidas na Luz com Santa Clara e Rio Ave. Mesmo assim, Ceteris Paribus, como dizem os economistas, a pontuação dos encarnados daria para liderar os campeonatos de 16-17 e 22-23, sendo que no de 18-19 estariam a um ponto do primeiro lugar.
O futebol não é uma ciência exacta. Por isso, perder, ganhar, estar à frente, estar atrás, nem sempre corresponde ao mérito/demérito das equipas. Há um conjunto de variáveis, que dependem muitas vezes de terceiros, e que explicam as classificações, logo, também os títulos. E nem é preciso ir às arbitragens.
É argumentável dizer que o Benfica perdeu o último campeonato por um golo: o remate de Pavlidis ao poste no dérbi da Luz, que, lá está, Ceteris Paribus, teria dado o título de campeão, Eram mais dois pontos para os encarnados, menos um para os leões. Como seriam assim as eleições?
A mesma pergunta coloco se o Sporting e o FC Porto, já nesta temporada, tivessem pelo menos empatado ou perdido uma ou duas partidas (ainda esta semana os portistas venceram em Moreira de Cónegos com um golo aos 89 minutos), e o Benfica estivesse agora em primeiro lugar.
É tudo isto que é preciso pesar quando se analisa com rigor o mérito/demérito das equipas. Ninguém festeja "quase" títulos. Diria que a frustração dos adeptos talvez até seja maior (o maior desgosto desportivo da minha vida foi o golo do Kelvin, num campeonato em que o Benfica não perdeu mais nenhum jogo). Mas uma coisa é a frustração, a tristeza, e até os compreensíveis desabafos nas horas posteriores. Outra é subtraír mérito às equipas, e achar que está tudo mal, quando se ganha ou perde por detalhes. Para não falar mais do presente, essa época do Kelvin foi uma das melhores que me lembro do Benfica nas últimas décadas, quer pela equipa que tinha, quer pelo futebol jogado, quer em golos fantásticos, quer em empolgamento na caminhada até todas as finais, inclusivamente na Europa. O Benfica então perdeu tudo. Estava tudo mal? Nem por soombras. A seguir partiu para um Tetra, que sem esse maldito minuto 92 seria um Penta - e, já agora, sem o golo de Herrera na Luz em 2018, também nos últimos instantes do jogo do título, podia ter sido um Hexa. Por outro lado, em 2005 o Benfica perdeu 37 pontos e foi campeão. Há que comparar, relativizar e contextualizar, para, depois sim, tirar conclusões.

RODAR

Para vencer um Tondela, que também antecipo fazer mudanças no seu onze base, penso que esta equipa chegará. Se o jogo correr mal, haverá um banco de luxo.
 

NO INTERVALO

Ainda não houve presidente eleito, as eleições estão no intervalo, mas já há um claro vencedor: o Sport Lisboa e Benfica.
Vencedor pela impressionante participação que, confesso, até me comoveu. Vencedor pelo civismo manifestado pelos mais de oitenta mil votantes. Vencedor pelo incansável trabalho de tantas e tantos benfiquistas espalhados pelas várias secções de voto no país e no mundo. Vencedor pelo fair-play demonstrado por todos os candidatos, sem excepção.
Ficou também claro que o Benfica real, profundo, que move paixões nas mais variadas geografias, idades e estratos económicos, pouco tem a ver com o das redes sociais,  ou com o de alguns grupos circunscritos que acham que o clube é apenas deles.
Não é, e isso ficou demasiado evidente. Aliás, a própria representatividade das AG resulta de algum modo ferida, e a carecer, pelo menos, de uma reflexão - como aqui escrevi no momento próprio. Mas isso deixarei para mais tarde.
Haverá tempo para falar da segunda volta. Pelo meio há jogos importantes a ganhar. E aí todos os benfiquistas terão de deixar as eleições numa prateleira, tal como fizeram, como fizemos, ontem durante noventa minutos. Também aí o Benfica venceu: no relvado e nas bancadas.
Viva o Benfica!

DIA DE FESTA

A magnífica manifestação de benfiquismo vivida ao longo do dia merecia um resultado assim.
Não se viu uma exibição do outro mundo, houve alguma felicidade no penálti madrugador, mas 5-0 são sempre 5-0.
Das mexidas realizadas pelo treinador, Prestianni foi quem mais se fez notar. Sou fã do miúdo, em quem vejo um extraordinário talento, que, espero, ele saiba aproveitar para se afirmar na equipa e na carreira.
Mas o homem do jogo foi naturalmente Pavlidis, pelos golos - que podiam até ter sido mais. 
Realce também para a entrada de Ivan Lima, no qual Mourinho parece depositar grande esperança. 
E pronto. Não há muito mais a dizer deste jogo. São 22.46h e todos estamos já a pensar noutra coisa.

GANHE QUEM GANHAR, VIVA O BENFICA!

Impressionante a manifestação de benfiquismo que este dia está a proporcionar.
Tinha aqui escrito que, independentemente do vencedor, seria tão benfiquista amanhã quanto era ontem. Mas não: serei ainda mais!

CINQUENTA VOTOS NO DEZ

Mais uma oportunidade para mostrar que, com o conhecimento adquirido, se vai fazer melhor.

Onze para o Arouca e para um dia à Benfica: Trubin, T.Araújo, A.Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Lukebakio, Schjelderup, Sudakov e Pavlidis.

PONTAS SOLTAS, GOLPES DUROS

Já falei do debate em sentido mais lato. Já disse que, quanto a mim, houve um vencedor inesperado, dois que se saíram bem, outros dois que, coitados (sem ofensa), se saíram mais ou menos como se esperava, e um claro derrotado: Noronha Lopes.
Se forem aos arquivos mais recentes, poderão reler que Noronha sempre tem sido, e teria sido, a minha segunda opção, caso Rui Costa não se recandidatasse. Digo agora que, depois deste descalabro televisivo, terá descido duas posições na minha lista. Passou para trás de um Vieira que ainda está ali para as curvas, pelo menos em capacidade negocial e de obra (um amigo disse-me com graça, que se os casos judiciais tivessem terminado, a bem ou a mal, podia estar ali o nosso Isaltino), e passou também para trás de João Manteigas, que pese embora a inexperiência, a mais do que duvidosa capacidade de liderança e algum populismo, pareceu, de facto, conhecer muito melhor o clube por dentro do que Noronha.
Lembro algumas pontas soltas do debate, que, no meu ponto de vista, muito contribuíram para a conclusão que me sinto obrigado a tirar:
58 DIAS - Entre muitas desvantagens, a vantagem de envelhecer é que nos lembramos de muita coisa. E eu lembro-me de Noronha Lopes (cujo nome nunca me foi estranho: é da minha terra, conheço familiares) entrar e sair, de forma fulminante, do Benfica. Lembro-me que ele, tal como aliás Vilarinho (em quem votei praticamente sem conhecer, pois na altura valores mais altos se levantavam), eram contra a construção de um novo estádio. Foi Vieira, com Mário Dias (o então injustamente apelidado de "lobby do betão"), com apoio do BES, da Somague, da Câmara Municipal, da UEFA (em contexto de Euro2004), que insistiram, convenceram Vilarinho, e avançaram. Ainda bem.
Não há mal nenhum em ter sido contra a construção do estádio. Teria sido um erro não o construir, mas eu próprio na altura, com o Benfica afundado em dívidas, tive algum receio desse projecto. Embora apenas dipusesse da informação que estava nos jornais, e Noronha estivesse lá dentro.
Mas não é coerente acusar os diretores financeiros de Rui Costa de saírem do clube passado pouco tempo (e foram apenas dois, não cinco como demmagogicamente afirmou), e o próprio Noronha ter tido uma passagam tão veloz e insignificante pelo Benfica - pelo qual, aliás, só voltou a interessar-se em 2020, após o que se seguiu nova hibernação até há uns meses atrás.
Não sei se foram 58 dias, 59, ou 61. Sei que Noronha ficou sem resposta. Ironicamente, eu diria, abananado...
NUNO GOMES/PROENÇA - Foi outro momento bastante singnificativo do debate. Afinal, uma das maiores fragilidades de Rui Costa (e que também lhe aponto, sempre apontei e voltarei a apontar) está igualmente no âmago da candidatura de Noronha: o seu vice-presidente para o FUTEBOL foi um entusiasta apoiante de Pedro Proença. Ele que também sofreu, em campo, até durante mais tempo do que o próprio Rui Costa, com as diatribes do antigo árbitro. Eis mais uma situação em que Noronha Lopes teve de engolir o seu ar altivo. Quem diz o que quer, ouve o que não quer.
ESTRUTURA PESADA - Do que conheço do futebol, sempre me foi bastante claro que as estruturas de decisão numa equipa têm de ser tão reduzidas quanto possível. Um presidente, um director, e um treinador (naturalmente com assessores ou adjuntos, conforme o caso, mas sem poder de decisão). Caso contrário, aumentam os riscos de incompatibilidades, inflamam-se egos, perde-se a reserva da informação interna, e dilui-se a autoridade. Para tomar uma decisão rápida, eficaz e discreta, não pode ter de se falar com cinco ou seis pessoas, nem fazer-se reuniões por tudo e por nada. Ora Noronha Lopes não tem outra coisa para apresentar senão uma estrutura pesadíssima, com muitas  pessoas, muitos cargos - alguns sem que se perceba bem para que funções em concreto -, tudo gente muito qualificada (não o ponho em causa), mas, também por isso, pouco habituada a ser contrariada, e talvez propensa a algum protagonismo. Todos os restantes candidatos lhe apontaram esse problema, sem que ele conseguisse escapar-se do interior do seu próprio equívoco. Um clube de futebol não é como outra empresa qualquer. Pelo mediatismo, pela paixão, pelo tipo de pessoas com quem terá de negociar, pelo tipo de funcionários etc. Se Noronha for presidente, e insistir em acumular nomes e cargos à sua volta, talvez para se esconder atrás deles, as coisas irão fatalmente correr mal.
AUSÊNCIA DE OBJECTIVOS - Noronha queixa-se muito do Benfica ter conquistado poucos títulos neste mandato, mas também não apresenta nenhuma proposta concreta que nos faça pensar que com ele "é que vai ser". Apenas lugares comuns, o que também foi notado por outros candidatos. Até Cristóvão Carvalho, com a sua megalomania, ao menos disse o que queria (um título europeu em sete ou oito anos) e o que não queria fazer (desde logo não queria gastar dinheiro em infraestruturas). Martim Meyer agarra-se ao não-sei-quantos Joncker (?). Vieira tem a sua obra a falar por si. Rui Costa é o incumbente. Manteigas também é evasivo quanto ao futuro, mas não tão insistente na tecla do palmarés. 
Todos nos queixamos de ganhar menos do que queríamos. A questão não é se ganhámos pouco ou muito (todos achamos que foi pouco). A questão é como, e o que, se vai fazer para ganhar mais. Um candidato a presidente dizer que quer ganhar mais, não é nada. E se for eleito, cheira-me que a meio do mandato as contas serão reprovadas duas vezes...
CFO EM PART-TIME - Já ouvi, já li, que se vai dedicar ao Benfica de alma e coração, a 200%, e por aí fora. Toda essa manifestação de vontade carece, a meu ver, de clareza. Afinal, o CFO do Benfica assim como outros dirigentes para outras áreas, vão estar ou não a full-time no clube? Vão manter, ou não, outras actividades por fora? Não fiquei nada convencido, sendo que o Benfica (todo o futebol profissional) já não é o de tempos antigos, quando o presidente ia à Luz ao fim do dia assinar cheques e pouco mais. Foi algo com que o candidato Noronha também foi confrontado, e pelo menos neste debate não conseguiu responder de forma convincente.
POSTURA ALTIVA - Em entrevistas Noronha Lopes até tem parecido simpático e sorridente. Ao ser contrariado em directo, ao ser confrontado com o seu desconhecimento do meio onde se quer meter, ao ser desmascarado em algumas das suas bandeiras de campanha, Noronha visivelmente irritou-se, e deixou o pé aristocrata resvalar para o chinelo. Todos os outros candidatos, mesmo os mais, diria, "pequenos", optaram por nunca esquecer que aquela era uma montra para o debate de ideias, mas também uma reunião de seis benfiquistas. Nisso Manteigas foi inteligente e, sentindo-se talvez acossado pelos acontecimentos da última AG, apareceu como devia: um benfiquista entre benfiquistas. Já Noronha passou o tempo  das suas intervenções virado para Rui Costa, com ar altivo, arrogante e desafiador, interpretando ali, ao vivo e a cores, uma espécie de benfiquismo - que se vê nas redes sociais, que se vê nas caixas de comentários (até aqui...), que se vê, infelizmente e sobretudo, nas AG - segundo a qual o clube é uma arena para confronto político. 
Logo de entrada pareceu nervoso. à medida que a noite avançava, à medida que era desmascarado por todos os restantes (houve momentos em que Vieira e Rui Costa até sorriam), entrou num caminho sem saída. A noite estava perdida. A eleicção? Vamos ver.

QUEM TEM MEDO DO VOTO ELECTRÓNICO?

Um grupo de jovens que vive nas redes sociais, mas que tem poucos anos de Benfica (nem sabe o que o clube foi realmente em TODO o seu passado), nunca percebeu porque motivo a maioria dos sócios (sobretudo os mais antigos, que não vivem nas redes sociais) escolheu Vieira em 2020.  Daí até se criar uma narrativa segundo a qual os resultados haviam sido falseados foi um pequeno passo. Gerou-se então, entre essas franjas, uma desconfiança exagerada quanto à credibilidade do voto electrónico.
Permitindo os novos estatutos o voto electrónico (desde que todos os candidatos concordem), Noronha e Manteigas recusaram essa possibilidade, e assim a inviabilizaram. Percebe-se porque motivo: sabem que a maioria do povo benfiquista não está com eles. Sabem também que os seus apoiantes são os mais fáceis de mobilizar para ir à Luz (por serem mais jovens, por viverem na grande Lisboa, por serem do contra, e o contra é sempre mais empolgante). O que é certo é que esta impossibilidade impede um número muito significativo de sócios de participar nas eleicções, e isso vai retirar força a quem for eleito. Vai retirar força ao próprio clube.
Conheço várias pessoas, algumas com 50 votos, que não vão poder votar. Ou porque estão no estrangeiro (e o número de casas é reduzido, obrigando a longas viagens que nem todos podem fazer), ou porque têm compromissoss profissionais ou pessoais nesse dia. Se pudessem exercer o seu direito via telemóvel - a mesma via pela qual todos fazemos transferências bancárias, e gerimos as nossas contas e pagamentos -, a participação seria muito maior, e a ligitimidade e a força do novo presidente também.
Aliás, as urnas, espalhadas pelo país, são, quanto a mim, um processo menos seguro quanto a eventuais tentativas de fraude. O voto electrónico apenas teria de ser supervisionado e certificado por uma empresa independente, o procedimento auditado por membros de todas as candidaturas, e quer Noronha, quer Manteigas, sabem muito bem disso.
Dizem que os países não elegem os políticos electronicamente. Ora em eleições políticas há urnas em todas as freguesias do país, e temos de perceber que há pessoas que não sabem ler, que não têm telemóvel ou computador, e devem, naturalmente, poder votar. Num clube, tudo isso é diferente, desde logo a impossibilidade de colocar urnas em todas as freguesias. Além de inúmeras outras questões que seria fastidioso trazer para aqui.
Eles também sabem disso.
Na verdade, o que está em causa é a tentativa, conseguida, de impedir de votar uma grande parte do povo benfiquista, que vive longe de Lisboa, que tem mais idade (logo mais votos), e que tenderia, até sociologicamente, a ser mais conservadora. 
Noronha e Manteigas tiveram medo do verdadeiro benfiquismo. E sabem que as suas hipóteses estão na mobilização em peso da malta dos Whatsapps - que embora gritem que o Benfica é deles, não são, longe disso, representativas do verdadeiro pulsar do clube no país e no mundo. 

ALGO SURPREENDENTE

Não dava muito pelo debate entre todos os candidatos. Primeiro porque são muitos (a dois ou a três seria sempre diferente), depois porque em debates televisivos, como aqui já escrevi, nem sempre a razão consegue derrotar a lábia. Devo dizer que o debate da BTV me surpreendeu em dois planos (além das quase quatro horas de duração...). 
Primeiro o nervosismo de Noronha Lopes, que é normalmente um bom entrevistado, mas apareceu esta noite (com contraditório) bastante inseguro, errático, e sem argumentos para algumas questões levantadas, não só por Rui Costa, como pelos restantes candidatos (alguns, é certo, disputando o mesmo eleitoriado com ele, numa perspectiva de segunda volta).
Segundo,  pelo conhecimento do clube revelado por Manteigas, e que demonstra que o rapaz tem, de facto, trabalhado bem a sua candidatura.
Gostei da tirada do Ciclismo, que é uma modalidade que me diz muito. Mas também da serenidade, e acompanhamento da vida interna do clube, contrastante com a postura de Noronha.
Disse aqui, e não só,  que se Rui Costa não vencesse a eleicção, entre os restantes preferia Noronha Lopes. A escolha de Nuno Gomes desde logo não ajuda, mas fiquei preocupado com a confusão estrutural que não conseguiu explicar, com a total ausência de propostas (apenas lugares comuns e criticar tudo o que está) e com a postura algo altiva e arrogante - que esperava de Manteigas, mas não dele.
Se esta foi uma oportunidade para conhecer melhor os candidatos, diria que fiquei profundamente desapontado com Noronha, e se calhar Manteigas não é assim tão mau, nem tão frágil, como eu próprio o pintava.
Se alguém ganhou o debate foi, tenho de o reconhecer, João Manteigas, embora Rui Costa esteja claramente (já estava) uns degraus acima. Vieira também se salvou. Quem perdeu, não tenho dúvidas, foi Noronha Lopes.
O meu sentido de voto já estava definido, e mais definido ficou: Rui Costa sabe mais de futebol e de Benfica a dormir, do que a maioria dos outros acordados (excluo desta equação Vieira). Noronha, aliás,  pareceu-me até aquele que (à excepção de Carvalho) sabe menos, e tem menos noção das especificidades do meio.

DEZ VITÓRIAS, UMA DERROTA

Em 1994 votei pela primeira vez em eleições do Benfica. Daí para cá, nunca me abstive. Nas onze eleições realizadas, o "meu" candidato só perdeu uma vez - e hoje toda a gente concordará que foi mesmo pena ter perdido...
Tenho orgulho em todos os meus votos, particularmente nos de 1998 e 2000. Festejei a vitória de Vilarinho como se de um título se tratasse, e como não mais voltei a festejar noites eleitorais.
Com os dados que tinha à época, não me arrependo de nenhuma das minhas opções. Em 2012, 2016 e 2020 fiz mesmo parte da Comissão de Honra da candidatura de Luís Filipe Vieira. Com o que sei hoje, acho que Vieira terá feito um mandato a mais, e talvez em 2020 me tivesse abstido - da Comissão de Honra e do próprio voto.
Mas não deixa de ser curioso observar que o "vieirismo", tão atacado, tão vilipendiado - sobretudo nas redes sociais, menos entre os verdadeiros benfiquistas - tivesse obtido sempre votações tão expressivas, algumas delas sem que aparecessem, sequer, opositores.
Veremos o que acontece em 2025. 

FAÇA VOCÊ MESMO

Veja com que candidato se identifica mais em Benficómetro Record

Eu já fiz o meu teste. Deu o seguinte resultado:

TUDO PARA O LIXO

O Benfica ganhou oito Taças da Liga. Mais do que Sporting e FC Porto juntos. Esta é pois uma competição que tem sido, genericamente, feliz para os benfiquistas. Eu próprio assisti a várias finais ao vivo, com estádios completamente cheios e com muita vibração - com alguns erros de arbitragem célebres, também.
Se esta é uma prova que o Benfica tem ganhado muitas vezes, o que fazer então? Acabar com ela.
É a proposta de Noronha Lopes, que certamente não sentiu nada quando Trubin defendeu o penálti decisivo em Leiria, quando Quim foi herói no Algarve, ou quando, também no Algarve, goleámos um FC Porto então tetra-campeão nacional. Já agora também não deve ter vibrado com a primeira vitória de sempre frente ao Bayern de Munique, pois é igualmente contra o Mundiial de Clubes.
De tudo o que Noronha Lopes propõe, esta parace-me mesmo a medida mais estúpida. Que há jogos a mais, concordo, mas não são certamente as meias-finais e as finais das Taças da Liga, quase sempre "Clássicos" de grande mediatismo. São, isso sim, os Aroucas-Tondelas ou os Casa Pias-Aves do Campeonato.
É verdade que ele também defende, e aí bem, a redução de clubes na primeira divisão (boa sorte com isso, quando tiverem de ser os pequenos a votar a sua própria renúncia à mesa dos doces). Mas querer deitar fora a Taça da Liga, e os oito troféus conquistados pelo clube, não faz qualquer sentido.
O FC Porto quis, durante muito tempo, desvalorizar a prova. Entende-se porquê. O Benfica querer acabar com ela, é uma alucinação.
Se for para acabar com alguma coisa, acabe-se então com a Supertaça, de muito má memória no passado. E porque não com a Taça de Portugal, de má memória no presente? Pensando bem, para que serve afinal o próprio futebol?

MASSACRE

A última imagem é a que fica, e o Benfica acabou o jogo de gatas, completamente desnorteado e correndo sérios riscos de sair de St. James Park com uma goleada humilhante - que, de resto, só Trubin evitou.
A verdade é que até ao 2-0, obtido aos 70 minutos, o jogo não tinha sido bem assim. Houve sempre mais Newcastle,  é certo, mas o Benfica foi dividindo a partida, e na primeira parte teve mesmo, porventura,  melhores oportunidades de marcar do que o seu adversário. Era então Lukebakio o homem em destaque. 
Até aos 70 minutos era sobretudo a eficácia que fazia a diferença. 
Depois... a equipa encarnada perdeu a cabeça, o que revela que há muito trabalho mental para Mourinho fazer com estes jogadores, grande parte deles bastante jovens.
Veio também ao de cima a diferença abissal entre aquilo que é hoje a Liga Inglesa e a nossa paupérrima liguinha portuguesa. O ritmo, a capacidade de acelerar o jogo, a organização de uma equipa que mantém o treinador há vários anos, e três ou quatro ou cinco craques muito acima da qualidade individual de qualquer jogador do Benfica, evidenciaram essas diferenças. Mesmo uma equipa do meio da tabela na Premier League é claramente superior a um candidato ao título em Portugal. Os orçamentos também não enganam.
Enfim, na Champions acontecem estas coisas: quando alguém falha é duramente castigado. O Nápoles levou seis, o Leverkusen levou sete e o Atlético de Madrid levou quatro. Três equipas dos "Big Five", todas elas com orçamentos incomparavelmente maiores que o do Benfica - cujo resultado, no meio desta jornada louca, acaba por passar despercebido.
As contas não estão fáceis. Mas ainda acredito no 24°lugar (que neste momento tem 2 pontos). Claro que é absolutamente obrigatório vencer o Leverkusen na Luz. 
Em semana eleitoral, muita gente vai querer misturar um jogo de futebol perdido em Inglaterra, com toda a gestão de um clube ao longo de quatro anos. É humano. Mas espero que até sábado as cabeças esfriem, e as escolhas sejam ponderadas.

PONTOS PRECISAM-SE

Tivesse o Benfica ganhado, como devia, ao Qarabag, e um empate em St.James Park seria perfeito. Assim, saberá a pouco. Em todo o caso, e numa perspectiva mais anímica do que matemática, não perder este jogo será importante para tudo o que vier a seguir.
 

OUTRA PERGUNTA É:

Que garantias há que, com Noronha Lopes, o Benfica passe a ganhar mais campeonatos? O FC Porto e o Sporting vão deixar de participar? Vamos contratar o Mbappé e o Yamal? Ou o Luís de Matos?

A PERGUNTA É:

O Benfica está, ou não, melhor do que em 2021? 

FUTUROLOGIA

2025: Noronha ganha as eleições e torna-se presidente do Benfica, gerando grande entusiasmo numa parte dos adeptos.
2027: Depois de perder dois campeonatos seguidos ficando em terceiro lugar (Nuno Gomes a director desportivo lol, e Bernardo Silva a fazer de Di Maria), cresce novamente a contestação das facções mais radicais.
2028: As contas são chumbadas duas vezes, em AGs manipuladas pelos grupos de Whatsapp do Manteigas. Nos termos dos novos estatutos, a Direcção cai, e convocam-se eleições antecipadas.
2028: Reaparece Rui Costa, que ganha as eleições,  após muitos sócios perceberem que ele afinal não era assim tão mau, e quem lhe sucedeu afinal não era assim tão bom.
2029: O Benfica ganha o campeonato, e a contestação cala-se.
2030: O Benfica volta a perder o campeonato,  os grupos de WhatsApp do Manteigas voltam à acção, voltam a chumbar as contas em AGs manipuladas pela sua minoria jovem e lisboeta, e a Direcção cai outra vez.
2031: Toda a gente inteligente percebe, por fim, que o Benfica precisa de estabilidade. Rui Costa volta a vencer as eleições e os estatutos voltam a ser mexidos para acabar com o modelo de AG em vigor e com o estúpido artigo que prevê a queda dos órgãos sociais quando tal apetece a um chefe de claque.
2032: O Benfica volta a ser campeão e parte finalmente para uma década de hegemonia. 
Pena ter perdido mais 6 ou 7 anos em folclore autodestrutivo, sem o qual o início da hegemonia podia ter sido antecipado para 2026 ou 2027.
Isto não é o que eu desejo. É o que eu prevejo.

LISTA DE PREFERÊNCIAS

1° Rui Costa - estabilidade e confiança 
2° João Noronha Lopes - voluntarismo e incerteza
3° Luís Filipe Vieira  - passado e ressentimento
4° Martim Meyer - candura e ilusão 
5° Cristóvão Carvalho - demagogia e megalomania
6° João Diogo Manteigas - oportunismo e perigo

AFINAL GREGO É SIMPLES

Foi em grego que se escreveu a vitória do Benfica em Chaves. Dois grandes golos decidiram uma eliminatória em que a melhor equipa venceu com naturalidade.
Neste tipo de partidas há pouco a ganhar e muito a perder. As equipas menores fazem o jogo do ano, a equipa grande tenta cumprir o dever com o menor desgaste possível.  Ainda assim a exibição do Benfica deixou bons sinais quanto à condição física e psicológica dos jogadores depois da paragem.
Em Newcastle o jogo será com certeza diferente.  Embora o resultado possa (quem sabe?) repetir-se.
Individualmente o destaque vai, como é óbvio, para Pavlidis. Também para a boa exibição de Sudakov (que eu até pensava estar lesionado). E já agora para a estreia de mais um jovem: Ivan Lima.
Pela negativa tenho de falar de Samuel Soares. Gosto do miúdo,  adorava que tivesse uma carreira de sucesso, se possível na baliza do Benfica. Acontece que em grande parte dos jogos que lhe vi, notei imensas deficiências, que o bom jogo com os pés não pode iludir - até porque sou daqueles que acha que um guarda-redes tem de ser bom, em primeiro lugar, com as mãos. Espero estar errado,  e um dia poder engolir estas palavras,  mas por agora Samu não me parece guarda-redes redes para o Benfica. 
PS: Embora a ausência de VAR atenue desta vez a situação,  o Benfica entrou nesta Taça como saiu da anterior: a ser prejudicado pela arbitragem. Há um penálti claro sobre António Silva.

RECUPERAR A TAÇA ROUBADA

Mourinho diz, e bem, que falta uma Taça de Portugal ao Benfica. E nenhum sócio ou adepto deveria esquecer-se disso na hora de atirar pedras a Rui Costa pela alegada falta de títulos no futebol profissional. Pelo que fez dentro do campo, o Benfica seria, neste momento, detentor de todos os troféus nacionais à excepção do Campeonato (que, ainda assim, foi o que foi). A memória de muitos é curta, mas eu não vou esquecer essa tarde no Jamor.
Segue o meu onze para Chaves:

QUATRO ANOS EM NÚMEROS

FUTEBOL

CAMPEONATO
Sporting 2, Benfica 1, Porto 1

OUTROS TROFÉUS
Porto 6, Benfica 3, Sporting 2

CHAMPIONS
Pontos UEFA: Benfica 77.75, Porto 56.75, Sporting 56.50

MUNDIAL FIFA

FORMAÇÃO
Benfica 8, Sporting 2, Porto 0
(+ Youth League + Intercontinental)

FEMININO - CAMPEONATO
Benfica 4, Sporting 0, Porto 0

FEMININO - OUTROS TROFÉUS
Benfica 6, Sporting 2, Porto 0


MODALIDADES MASCULINAS

Benfica 9, Sporting 6, Porto 5

MODALIDADES FEMININAS

Benfica 15, Porto 3, Sporting 0

NOTA: dados apresentados do mais recente para o mais antigo

DO LADO CERTO

Quando vejo um absurdo painel televisivo de antibenfiquistas como Luís Vilar, Augusto Inácio e Bruno Andrade (já agora, pessoas qualificadíssimas para discutir o Benfica...) a bater em Rui Costa, percebo que estou do lado certo ao apoiá-lo.

É FÁCIL FECHAR O ASSUNTO

A exibição dos rendimentos de João Noronha Lopes foi um momento televisivo singular, que mostra que o candidato está mesmo empenhado em responder às dúvidas que se levantaram na sequência da notícia da TVI. Mas denotam também algum desespero, pois, quanto a mim, não era preciso ir tão longe.
Que Noronha Lopes é rico já eu sabia. É da minha terra, conheço a família - de resto, uma das mais ricas e tradicionais da cidade e da região, pelo menos desde os tempos do seu avô materno.  Que ganhou muito dinheiro na McDonalds também não seria difícil imaginar. Que o investiu, umas vezes melhor, outras pior, enfim, é a vida.
Por outro lado, em tese, entendo que o cargo de presidente do Benfica deva ser remunerado. Isto para evitar justamente que fique limitado a ricos - permitindo a qualquer sócio menos abonado poder também candidatar-se e desempenhar a função.
Dito isto, e como tanto Rui Costa como Luís Filipe Vieira já afirmaram prescindir da remuneração, não ficaria mal a um homem de acumulou 23 milhões de euros dela prescindir também. É claro que não é obrigado a isso, é claro que não seria pelo salário de um presidente que as contas do Benfica se iriam ressentir.. Era, obviamente, uma questão simbólica, que abonaria bastante a favor do candidato e da sua candidatura. 
Se Noronha Lopes quer mesmo fechar o assunto, fica o desafio: se não precisa (e não duvido que não precise) que o Benfica lhe pague, faça como Rui Costa e Vieira. Já vai ter carro, motorista, cartão de crédito, deslocações e estadias pagas, não me parece que necessite de mais nada.

COERÊNCIA, POR FAVOR

Independentemente dos meus cinquenta votos irem para Rui Costa (está decidido), sempre manifestei aqui algum respeito por Noronha Lopes. E se não for o "Maestro" a ganhar as eleicções, entendo que o mal menor será mesmo o "Rei dos Hamburgers". Vieira é passado e ressentimento, Manteigas é populismo e vaidade, Mayer e Cristóvão não contam para o Totobola.
Por isso mesmo gostava de ver Noronha assumir que prescindiria do salário de presidente caso viesse a ser eleito. 
Não é obviamente um salário, por muito alto que seja, que irá comprometer a saúde financeira do clube. Mas há imagem e, sobretudo, princípios. Não é coerente afirmar que acumulou riqueza (ipsis verbis) para investir milhões do seu bolso, quer na campanha eleitoral, quer em "startups" de futuro duvidoso, e depois, ao contrário de Rui Costa, pretender receber um salário milionário, estabelecido por uma comissão de remunerações por si escolhida, no âmbito de uma alteração de estatutos que promoveu e votou. 
Não tenho dúvidas que nenhum deles precisa do salário: um dispensa-o, outro não. É como os vice-presidentes da Assembleia da República: uns dispensam carro e motorista, outros não.
Quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito. E quando a bota não bate com a perdigota, abre-se espaço a toda a especulação - que acredito poder ser injusta, mas que o próprio podia e devia ajudar a dissipar, coisa que até ao momento não me parece que tenha conseguido fazer.

DEBATES, PARA QUE VOS QUERO?

José Sócrates e André Ventura. Dois verdadeiros "animais" em debates televisivos. Com uma verborreia imbatível e conhecimento profundo de todas as manhas da retórica. Em ambos os casos: credibilidade zero.
Faço esta analogia para justificar o meu cepticismo quanto a debates. Não prevalece quem tem mais razão, nem sequer mais argumentos. Sim, quem tem o dom da palavra, mais lábia, mais manha ou, para ser um pouco mais cáustico, quem tem menos vergonha.
Não admira que, nas eleicções do Benfica, sejam os candidatos advogados a procurar o debate. Foram treinados para isso. É a profissão deles, na qual a habilidade retórica é fundamental para defender os clientes - mesmo que sejam criminosos. Defendem a verdade e a mentira com a mesma argúcia. Isto se forem competentes.
Prefiro entrevistas, apesar de tudo conduzidas por jornalistas profissionais. Dir-me-ão que também aí a oratória conta. É verdade, mas o seu efeito acaba por ser um pouco dissipado, pois o contraponto não é directo, não há ninguém a falar por cima, a interromper, a não deixar argumentar, a irritar o oponente. Há naturalmente espaço para colocar temas difíceis, mas há também espaço (se o jornalista for bom) para o esclarecimento tranquilo e sereno, sem se reslavar para uma espécie de pugilismo verbal.
Houve debates históricos, na política e no futebol. Lembremos o Soares x Cunhal de 1975 (obviamente só o vi muito mais tarde), que deixou tiradas bastante famosas, mas ainda assim não muito relevantes para o que se passou a seguir (o 25 de novembro seria um movimento militar com outros protagonistas, nomeadamente Eanes e Otelo). No Benfica houve o célebre Vilarinho x Vale, e outras tantas frases que ficaram na história. Acredito, porém, que nessa eleicção foi muito mais decisivo o apoio de Eusébio (prestado no último dia de campanha) do que o debate, onde, diga-se, também Vale e Azevedo era craque.
Se houver debates vou naturalmente assistir, pois também gosto de entretenimento. Mas jamais tirarei conclusões sobre o perfil, qualidade ou credibilidade de um candidato pelo desfecho de um debate televisivo.

PORQUE VOTO RUI COSTA

A minha escolha, nas eleições do próximo dia 25, vai para Rui Costa. E as razões são as seguintes:
1) Não há presidentes perfeitos. Rui Costa cometeu erros, mas outro qualquer também os cometeria. Hoje em dia, não só no futebol, há uma intolerância ao erro que tende para o absurdo, e que pretende descredibilizar tudo e todos (por serem, naturalmente, imperfeitos...), para mudar não se sabe bem para onde, nem para o quê. As decisões tomam-se em contextos de incerteza, é fácil acertar à posteriori. Nem Rui Costa, nem qualquer um dos outros candidatos, irá acertar sempre. Mas acredito que, num próximo mandato, o actual presidente cometa menos erros do que os que cometeu até aqui, e, sobretudo, menos erros que qualquer outro candidato, com menor experiência, iria fatalmente cometer; 
2) Rui Costa é inteligente, é honesto e é de um benfiquismo à prova de bala. Quando o oiço falar, oiço uma pessoa genuína, que pode não ter esta ou aquela competência específica, mas fala de dentro, com verdade. Não precisa do Benfica para nada, pelo que só ali está porque gosta realmente do clube, e é por isso que quer ser ele a conduzi-lo, acreditando, genuinamente, que é capaz de fazer melhor;
3) De entre todos os candidatos é, de longe, aquele que mais percebe de futebol. Andou lá dentro muitos anos, ao mais alto nível, e anda em redor há outros tantos, sempre perto de jogadores e treinadores. Sabe falar a linguagem deles. Sabe identificar e resolver os problemas, nomeadamente ao nível do balneário. Tem a visão global do mundo do futebol que outro qualquer demorará anos até conseguir ter;
4) Os resultados desportivos (um campeonato, um taça da liga e duas supertaças) não foram aqueles que ele próprio esperaria, mas há várias atenuantes a ter em conta. Esta é a quarta época que Rui Costa preparou desde o início  - veremos como termina, sendo que até agora conquistou o único troféu que havia para conquistar. Nas outras três, numa delas foi campeão (2022-23), noutra (2024-25) só não o foi por interferências de terceiros (ou, se preferirem, por uma bola de Pavlidis ao poste), além de ter ganhado a Taça da Liga (quanto à Taça de Portugal, sabemos bem o que aconteceu), e só mesmo em 2023-24 o Benfica podia e devia ter feito muito melhor. É a única temporada que eu acho que foi verdadeiramente mal preparada, com duas aquisições falhadas (34M em Jurasek e Arthur Cabral), que não conseguiram, de todo, substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos, e acabaram por ter relevo nos desequilíbrios da equipa. Ou seja, em quatro anos, um ainda não sabemos, outro foi bom, outro foi assim-assim e outro foi mau. Não é um registo que se queira ver repetido, mas está muito longe do fracasso e do drama que muitos querem fazer crer. Quanto a mercado, podemos falar também de Aursnes, Bah, Carreras, Enzo, Neres, Pavlidis, Akturkoglu, etc. E, voltando aos títulos, atente-se a que Fernando Martins e Ferreira Queimado só ganharam dois campeonatos, Jorge de Brito e Ferreira Bogalho só ganharam um, Damásio e Vilarinho não ganharam nenhum (nem falo de Vale e Azevedo). Houve grandes presidentes, quase unanimemente apontados como tal, que não venceram assim tantas vezes - em alturas em que até era mais fácil fazê-lo;
5) Se o balanço das temporadas nacionais é fraquito (com as atenuantes que atrás referi), o balanço internacional é brilhante, com épocas e resultados que levaram o Benfica até ao 10º lugar do ranking da UEFA. Dois quartos-de-final da Champions consecutivos era algo que não se via desde a década de sessenta. Seguiu-se uma eliminação por penáltis nos quartos da Liga Europa, e uns oitavos na Champions da época passada - o que, no novo modelo, em grau de dificuldade equivale mais ou menos aos antigos quartos. Também a presença no Mundial de clubes foi bastante honrosa. Este ano vamos ver o que acontece, sendo que estamos novamente na principal prova da UEFA, presença constante desde 2020;
6) A aposta nas modalidades foi reforçada, com um balanço de 27 troféus nas cinco principais modalidades masculinas (contra 17 nos quatro anos anteriores). Só no Andebol o Benfica não foi campeão durante este período. Mas, em contrapartida, alcançou o maior feito da história da modalidade em Portugal, ao vencer a Liga Europeia em 2022 (único clube português a conseguí-lo). O Basquetebol e o Voleibol foram genericamente dominadores, o Futsal recuperou o título na última época, quebrando o ciclo ganhador do Sporting, e no Hóquei em Patins já sabemos o que a casa gasta, nomeadamente em relação às arbitragens. É preciso também perceber que, ao contrário de outros momentos históricos, o Benfica tem-se batido, neste período, com dois rivais fortíssimos - em particular o Sporting, que não há muitos anos atrás só tinha Futsal e Andebol, e agora tem plantéis altamente competitivos em tudo. No Basquete, e ainda durante mais tempo no Vólei, chegou mesmo a não haver Porto nem Sporting;
7) Na formação o balanço é notável. Além dos jogadores lançados na equipa principal (António Silva, Tomás Araújo, João Neves etc), há que destacar a inédita conquista da UEFA Youth League em 2022, bem como o também inédito triplete (Juniores, Juvenis e Iniciados) alcançado na época passada, e que teimava em escapar ao clube. Nos últimos quatro anos, dos doze títulos em disputa o Benfica venceu oito!!!;
8) Não há palavras para descrever a aposta do Benfica no desporto feminino, e o respectivo impacto em termos de títulos e visibilidade. Fez mais o Benfica pelo sector feminino nos últimos anos, do que qualquer outro clube em toda a história do desporto português. Sem contar com Polo Aquático, Râguebi ou Atletismo, e falando apenas das cinco modalidades de pavilhão, contam-se, apenas neste mandato, 56 troféus. No Hóquei e no Andebol o Benfica ganhou todos os campeonatos, no Futsal e no Basquetebol perdeu apenas um. No Volei quebrou um jejum de cinquenta anos e é agora detentor do título. No Futebol feminino ganhou todos os campeonatos deste mandato, e conseguiu chegar aos quartos-de-final da Champions, para além de mais duas presenças honrosas na prova (esta época vamos ver);
9) Em termos financeiros, mesmo apanhando ainda com a pandemia, e pese embora o forte investimento feito no plano desportivo, o Benfica ainda assim dá lucros, e mantém uma situação económica saudável, mais saudável que qualquer um dos seus rivais, como atestam, por exemplo, os seus capitais próprios. Comprou bem e mal, mas vendeu quase sempre bem, com destaque para Darwin, Enzo, Carreras, Ramos ou Neves. É fazer as contas;
10) Rui Costa prometeu uma auditoria, fê-la. Prometeu discussão e alteração de estatutos, cumpriu. Além disso o Benfica não teve mais problemas com a justiça (este caso do German Conti é mero um fait-divers plantado com elevado sentido de oportunidade). Em termos institucionais, além de um notável aumento do número de sócios, de cativos, de receitas, tivemos um presidente de palavra, sério, que dignifica o clube, com uma postura de elevado desportivismo - entendendo-se que, a dada altura, e num novo tempo sem Pinto da Costa, tenha tentado levar esse desportivismo a um ponto para o qual o país desportivo ainda não estava preparado.
Globalmente, tenho muitas dúvidas que alguém fizesse melhor. E acredito mais que o Benfica volte a ganhar com o próprio Rui Costa do que com outro, necessariamente menos experiente e menos conhecedor do meio.
Os meus 50 votos têm pois destinatário. Que ele os saiba merecer.

ACABOU O MEDO CÉNICO

Conforme se vê no quadro acima, nos últimos doze anos o Benfica equilibrou totalmente as contas em jogos realizados no Estádio do Dragão. Exactamente quatro vitórias para cada lado, e quatro empates, com uma goleada também para cada um (embora os negros 5-0 tenham sido, naturalmente, mais expressivos).
Longe vai o tempo em que os encarnados entraravam no campo do FC Porto já derrotados. De 2014 para trás (desde 1977) vínhamos de um ciclo de 37 anos com 26 derrotas, nove empates e apenas duas vitórias. Era dramático, e mexia com a confiança da equipa em cada deslocação. Esse medo morreu. Falta inverter o ciclo e passar a ganhar mais vezes, como em Alvalade.
NOTA: também na Luz o ciclo de jogos frente aos portistas está equilibrado, com três vitórias, três derrotas e um empate nos últimos sete anos, depois de décadas de sofrimento.

VIVOS

Num "clássico" intenso, mas sem muitas oportunidades, o empate não podia ser mais justo.
O Benfica entrou melhor, e durante cerca de meia hora bloqueou quase por completo o adversário, definindo muito bem as zonas e os momentos de pressão. Viu-se o dedo de Mourinho, e o seu olho estratégico, por exemplo na forma como conseguiu "tirar" Froholdt do jogo.
Na ponta final da primeira parte o FC Porto chegou com mais perigo perto da baliza de Trubin, criando duas boas chances de marcar. Uma saiu por cima, noutra valeu Trubin.
A segunda parte foi parecida. O FC Porto mais pressionante, o Benfica muito solidário e muito concentrado, praticamente sem cometer erros. Houve uma bola em cada barra, de natureza diferente, mas ambas a cheirar a golo, e de resto muito luta, muita intensidade, mas sem que o marcador se alterasse.
Individualmente destaque para Enzo, Dedic e Lukebakio - enquanto durou. Mas toda a equipa esteve bem no plano estratégico,  no plano físico e, sobretudo, na concentração competitiva, que, diria, só teve um momento de falha, que quase ia dando golo a Mora. 
Não foi o resultado ideal, mas nesta partida era extremamente importante não perder, até pelo que aconteceu em Alvalade. Ultrapassou-se uma das jornadas mais difíceis de todo o campeonato, o Benfica continua sem derrotas e na luta pelo título. Agora é tempo de respirar. Haverá muita água a correr debaixo das pontes até Maio.
A arbitragem esteve em plano razoável. Houve dois lances de dúvida,  um em cada área, mas entende-se o critério de não assinalar vídeo-penáltis. Também a entrada sobre Lukebakio podia ter merecido outro cartão,  mas, enfim, para aquilo que já se viu noutros jogos, diria que Miguel Nogueira passou no teste.

JOGO CHAVE

Não é ainda decisivo, mas na verdade...é. A sete pontos do FC Porto e a quatro do Sporting, o campeonato ficará demasiado longe. Não impossível, como é óbvio, mas objectivamente distante. Se o Benfica jogasse sempre como o fez em Stamford Bridge, teria certamente ganhado ao Santa Clara, ao Rio Ave e ao Qarabag. Mas mesmo se jogar como jogou em Stamford Bridge, nem assim estou certo que isso dê para vencer no Dragão (como não deu em Londres), frente a um FC Porto em grande forma e supermotivado.
Um jogo parta gente grande, para gente que não comete erros. Vamos acreditar!

O HOMEM QUE MANDA NOS ÁRBITROS

Ex vice-presidente de Bruno Carvalho, que, diga-se, está a fazer um trabalho excepcional em prol da... do seu clube.

ATÉ DOMINGO NÃO HÁ RUIS COSTAS NEM NORONHAS

O jogo do Estádio do Dragão será de suprema importância para a época do Benfica. Dependendo desse resultado, o Benfica poderá situar-se a um simples ponto do primeiro lugar, ou, em caso de derrota, ficar já a sete pontos do FC Porto e a quatro do Sporting. Não interessa agora quem seja o presidente no dia 26 de Outubro. O que interessa é o Benfica que esse presidente irá herdar: um Benfica com as suas ambições intactas, ou um Benfica já demasiado longe do título.
A exibição de Stamford Bridge abriu espaço à esperança. Tem de ser confirmada nos próximos jogos, e, sobretudo, neste próximo jogo. O FC Porto tem estado imparável: realizou oito jogos oficiais, fez o pleno de vitórias, marcou vinte golos e sofreu apenas um (em Alvalade) . Estará com certeza com os níveis máximos de motivação e confiança. Será um desafio à capacidade física e mental do Benfica desta altura.
Num momento como este, pelo menos aqui, pelo menos até domingo, não irei falar de eleicções. Na paragem para a selecção haverá muito tempo para as discutir.
A hora não é para divisões. Independentemente das questões políticas, neste momento devemos estar todos em redor de José Mourinho e dos jogadores.
Benfiquistas de todo o mundo, uni-vos!  Há um "Clássico" para vencer!

INGLÓRIO

Aquela que foi, provavelmente, a melhor exibição da época, merecia outro resultado. 
O Chelsea é melhor, tem melhores individualidades, jogava em casa, é campeão do mundo, mas em nada foi superior ao Benfica nesta noite - beneficiando de um autogolo para conquistar os três pontos.
Se, apesar da vitória, saí preocupado do jogo com o Gil Vicente, hoje, apesar da derrota, fico com uma sensação de optimismo, que terá naturalmente de ser confirmada no próximo domingo.
Afinal, mesmo cansada, mesmo sem férias, esta equipa sabe jogar futebol. 
Quero acreditar que Mourinho tenha já conseguido mexer com algumas dinâmicas, e certamente mexeu com a confiança dos jogadores. Em Stanford Bridge, diante do adversário mais forte que teve até agora pela frente, viu-se uma equipa a léguas da triste exibição realizada com o Qarabag, e de outras tristes exibições realizadas recentemente. E viram-se jogadores muito mais seguros daquilo que tinham a fazer em campo. Até Rios, que foi infeliz no lance capital, mostrou, noutros momentos, um pouco daquilo que pode fazer. Faltou apenas eficácia para dar justiça ao marcador.
Foi pena. 
Agora há que agarrar aquilo que se fez de bom, e esperar que no Dragão apareça a pontinha de sorte que faltou em Londres.
A arbitragem foi caseirinha, e um lance na parte final, na área do Chelsea, deixou bastantes dúvidas. A expulsão podia também ter acontecido antes. Enfim, na Champions já se sabe como as coias funcionam.
PS: tantas vezes tenho criticado alguns grupos de adeptos, que hoje é justo sublinhar o fantástico apoio dado à equipa. Impressionante!