CUMPRIU-SE O DESTINO

Por vicissitudes de ordem pessoal e profissional, não me tem sobrado muito tempo para escrever. Não é por esse motivo, porém, que nas últimas semanas optei por uma espécie de trégua com o seleccionador nacional, e com as concepções que ele pretendeu implementar na selecção que dirige. Na verdade, se por um lado a paixão pela equipa nacional se tem vindo a sobrepor ao meu espírito crítico, por outro, creio que o desempenho de Portugal no Mundial foi-se mostrando bastante mais regular do que aquilo que eu temia.
Esta poderia ser a hora do acerto de contas, a hora de questionar tudo, o momento de deitar mais achas para uma fogueira em que Carlos Queiroz já arde. Não o irei fazer.
Não gosto de ver sangue, e muito menos de bater em quem já está no chão. Ao contrário de outros críticos, a mim nada me move pessoalmente contra Carlos Queiroz, com quem nunca falei, e que, assim de repente, nem me lembro de ver a uma distância menor do que a que vai das bancadas ao banco de suplentes. Nunca me pareceu que tivesse condições para ocupar o cargo (por incapacidade técnico-táctica, e, sobretudo, por questões de carácter psico-motivacional), não mudei de opinião quanto a isso, mas não foi por estar lá ele que Portugal não chegou mais longe num Mundial, onde só na cabeça de alguns sonhadores poderia aspirar aos primeiros lugares.
Portugal perdeu com a Espanha porque a Espanha tem melhor equipa. Muito melhor equipa. Tivesse Queiroz mantido Hugo Almeida em campo, tivesse optado por Pedro Mendes de início, tivesse lançado mão de Deco quando se viu em desvantagem, provavelmente teríamos perdido também. Acresce que o golo sofrido – o único em todo o campeonato – ficou manchado pela ilegalidade, quer a FIFA autorize as repetições, quer não.
Queiroz cometeu erros, manifestou a falta de liderança que lhe tem sido comum em toda a sua carreira, mas a selecção nacional, depois de um apuramento, esse sim, aquém das expectativas, chegou, nesta fase final, até onde era suposto chegar. Cumpriu as exigências mínimas, e pedir-lhe mais seria não ter a noção das suas capacidades actuais.
Particularmente neste jogo, e mau grado um ou dois equívocos na constituição do onze (Ricardo Costa e Pepe talvez não devessem ter alinhado), a estratégia utilizada até às substituições foi aquela que se aconselhava: defender bem, e explorar o contra-ataque. Não era possível jogar de outra forma com a Espanha, e para vencer necessitávamos de um grande Cristiano Ronaldo, capaz de fazer a diferença nas poucas ocasiões que podíamos esperar junto da baliza de Casillas. As substituições são efectivamente difíceis de compreender, mas ninguém pode dizer com honestidade que David Villa tenha marcado o seu golo por Hugo Almeida já não estar em campo.Cristiano Ronaldo queixa-se do seleccionador, Deco também. Independentemente das razões que lhes possam assistir, devem queixar-se primeiro de si próprios, ou melhor, devemos ser nós, portugueses, a queixarmo-nos deles, pois o seu desempenho em campo foi uma nulidade absoluta. Eram justamente os elementos de quem mais se esperava, eram eles, com o seu talento, que poderiam elevar a equipa a uma dimensão superior, mas tanto um como outro passaram ao lado do Mundial – um remetido, com justiça, para o banco de suplentes, outro a passear o seu individualismo e soberba dentro do campo, atitude que, a manter, coloca seriamente em causa a sua utilidade em futuras convocatórias.
Já sem Figo, Rui Costa, Costinha ou Pauleta, com Simão Sabrosa longe da sua melhor forma, com Nani e Bosingwa lesionados, com Pepe em recuperação, com Deco fora-de-jogo, e com um Cristiano Ronaldo a nível quase degradante, exigir que Portugal ultrapassasse o campeão da Europa era exigir o impossível. E em nenhum destes aspectos podemos pedir responsabilidades a Queiroz.
Deste Mundial fica o extraordinário rendimento de Fábio Coentrão e Eduardo (este, para mim, de forma surpreendente), a regularidade dos dois centrais, e as boas prestações de Raul Meireles e Tiago. Ficou também o momento mágico de uma das maiores goleadas da história da competição, um empate com o Brasil, e um único golo sofrido (e em off-side). Como resultado final, ficámos nos melhores 16 do mundo, o que me parece perfeitamente normal, e até lisonjeiro face ao real poderio do nosso futebol. O ranking da FIFA? Esse é que eu não compreendo.

SOLIDARIEDADE

Um grande benfiquista (e amigo) precisa de ajuda.

IRMÃOS NO CONFORMISMO

Com a qualificação praticamente definida, com a incerteza a permanecer quanto à importância do primeiro lugar, esperava-se um jogo descontraído, aberto e, consequentemente, espectacular. Não foi isso que aconteceu, e o Portugal-Brasil desta tarde acabou por ficar aquém das expectativas.
Ambas as equipas se limitaram a fazer os mínimos, e o resultado acabou por reflectir essa pobreza de propósitos. É verdade que as responsabilidades do Brasil eram maiores, mas também se tem de dizer que da equipa portuguesa, sobretudo depois da demonstração de força dada diante da Coreia, se esperaria muito mais.
As oportunidades de golo resumiram-se a uma bola no poste da baliza portuguesa ainda na primeira parte, e uma defesa difícil de cada um dos guarda-redes já no segundo período. Subtraindo estas três situações de perigo, o jogo ficou-se por um zero quase absoluto, com a bola a andar quase sempre longe das balizas, e com mais gente interessada em não deixar jogar o adversário do que em lançar as suas próprias iniciativas atacantes.
Em termos individuais há que destacar mais uma vez Fábio Coentrão (que Mundial está ele a fazer!!!), e também a vivacidade que Simão trouxe ao jogo. Cristiano Ronaldo continua a lutar contra um destino que parece querer que ele passe ao lado desta grande competição. No plano negativo apontaria Danny como o elemento menos produtivo da equipa. Todos os seleccionadores têm o seu jogador fetiche, e o de Queiroz parece ser este luso-venezuelano, que, honestamente, não me parece ter categoria para entrar sequer nos 23.
O árbitro mexicano pecou ao não expulsar Juan, lance que, além de poder alterar a história desta partida, traria seguramente o benfiquista Luisão para o Mundial.
À hora em que escrevo ainda não são conhecidos os resultados do grupo da Espanha. Creio que dessa definição se perceberá que possibilidades tem efectivamente Portugal nesta prova.

EM GRANDE!

Quando a selecção nacional entrou em campo de vermelho vestida e com onze jogadores portugueses, e quando pouco depois todos eles cantaram a voz firme o hino nacional, senti aquele arrepio na espinha que tantas vezes me fizera vibrar com os jogos da equipa das quinas no passado recente.
Terá sido um prenúncio do que estava para acontecer, mas se já esperava uma vitória de Portugal, nem em sonhos julgaria ser possível vencer um jogo do campeonato do mundo por 7-0. Foi esse o espantoso resultado que nos deixa a um pequeno passo (uma formalidade...) do acesso aos oitavos-de-final da prova.
O onze inicial foi praticamente aquele que aqui propus. Parecia-me aquele que melhor resposta táctica daria a esta partida, mas parecia-me também um onze capaz de, finalmente, aglutinar os mais cépticos em torno da selecção portuguesa. Com Deco e Pepe lesionados, com Liedson fora de forma (acabaria, ainda assim, por entrar e marcar), a selecção nacional voltou a ser, simbolicamente ou mais do que isso, uma verdadeira equipa. E que equipa!
Os golos apareceram em catadupa na segunda parte, mas logo nos primeiros minutos se percebeu que a atitude de Portugal nada tinha a ver com a do jogo anterior, nem sequer com a da maioria dos jogos da qualificação. Desde o início, viu-se um conjunto alegre, arrasador, e com uma ambição de ganhar notada em cada lance disputado, em cada bola ganha, em cada centímetro do relvado. Viu-se uma grande selecção, finalmente reencontrada com todo o potencial dos seus brilhantes jogadores.
Primeiro uma bola ao poste, depois o golo de Meireles, e mais algumas ocasiões para marcar. Ao intervalo já o resultado parecia escasso face ao domínio português, apenas interrompido por alguns minutos de reajustamento e reacção coreana.
Foi na segunda parte, após o golo de Simão – algo facilitado, mas construído de forma muito bonita -, que se entornou toda a torrente lusa sobre uma pobre Coreia, sem norte, e sem perceber porque motivo lhe tinha calhado tão cruel destino por diante. Os golos foram-se sucedendo, sem que o fulgor ofensivo parasse por um instante. Como o Benfica de Jorge Jesus, esta selecção quis sempre mais, e teve quase tudo.
Faltava marcar Cristiano Ronaldo (mais uma vez demasiado individualista durante demasiado tempo), mas mesmo depois de mais um fantástico remate à barra, acabou por ser num rocambolesco lance que o fantasma finalmente lhe desapareceu da frente. Tem agora todas as condições para, nos próximos jogos, voltar a colocar todo o seu talento ao serviço do colectivo – coisa que nos últimos minutos desta partida de certa forma já se viu um pouco.
Mais um golo de Tiago e estava consumada uma das maiores goleadas da história dos Mundiais. Um momento que o futebol português vai guardar, e que pode muito bem marcar uma viragem no percurso desta equipa.
O mediatismo do madeirense elegeu-o uma vez mais o melhor em campo. Mas se olharmos para as exibições portentosas de Raul Meireles e, sobretudo, Tiago (realizando porventura o melhor jogo da sua carreira), percebemos a injustiça da nomeação. Também Simão e Fábio Coentrão estiveram em grande nível. Os centrais não tiveram grande trabalho, e só Miguel pareceu algo desajustado do altíssimo ritmo colectivo mostrado pela equipa (andamos, andamos e chegaremos à conclusão que, na ausência de Bosingwa, Ruben Amorim é de facto a melhor alternativa naquele lugar, conforme tenho defendido).
Os oitavos-de-final estão assegurados. Se a sorte nos acompanhar, e a Espanha não se cruzar connosco, poderemos sonhar alto. Veremos que Portugal entra em campo na sexta-feira – a equipa confiante, brilhante, empolgante e arrasadora de hoje, ou a selecção timorata, abúlica, cinzenta da primeira jornada? Sexta-feira, às 16.45, saberemos, mas, mesmo sem entrar no oito-oitentismo tipicamente português, desde esta tarde passei a acreditar na primeira hipótese.
E se me permitem terminarei com um... Viva Portugal!

BREVES NOTAS SOBRE O MUNDIAL

- Deco faria melhor se jogasse mais e falasse menos. Por mim, já tinha regressado a Portugal (ou ao Brasil).
- Perante os casos que têm ocorrido, não deixa de ser paradoxal que Queiroz, tido como exemplo da organização e do rigor, tenha tanta dificuldade em garantir a serenidade de que a equipa precisa.
- A segunda jornada está finalmente a trazer algum bom futebol. Veremos se pega (não acredito muito).
- Melhor equipa? Argentina, claramente. Tenho dúvidas sobre a sua capacidade defensiva, mas muitas certezas quanto à beleza e eficácia do seu jogo ofensivo.
- Di Maria apagado? Um pouco, embora seja de ter em conta que o seu posicionamento, numa equipa com Messi, Tevez e Higuain, obriga a cuidados que no Benfica não tem (ou não tinha).
- Possíveis revelações? México, Uruguai, Gana e Chile.
- Desilusões? Quase todas as equipas europeias, com excepção da Alemanha e da Holanda.
- Nunca tinha visto o futebol tão bem tratado na TV como no excepcional programa da RTPN. Parabéns ao Carlos Daniel, que sei ser leitor deste blogue, e que cada vez que oiço a comentar jogos mais lamento o tempo que perde noutras coisas.
- Equipa para derrotar a Coreia do Norte: Eduardo, Paulo Ferreira, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão, Pedro Mendes, Raul Meireles, Tiago, Cristiano Ronaldo, Hugo Almeida e Simão Sabrosa. O melhor onze, curiosamente com onze portugueses.

A TRISTE HISTÓRIA DE UM FUTEBOL SEM BALIZAS

Um empate a zero era, de facto, o único resultado que poderia ter acontecido numa partida particularmente marcada pelo medo e pelo calculismo.
Não se pode dizer que o Portugal-Costa do Marfim tenha fugido à regra deste Mundial - e a FIFA terá de reflectir sobre o caminho que levam este tipo de competições, disputadas em fim de época, com um formato que não favorece o risco, e estimula o total anti-futebol que genericamente se tem observado enquanto não se adormece diante do televisor -, mas quando se passam noventa minutos a trocar a bola, apenas na expectativa de um erro do adversário, dificilmente se podem esperar golos. Foi este o retrato do jogo, e o resultado não poderia ser mais adequado.
Há que dizer que, de entre as duas equipas, foi Portugal ainda assim aquela que menos exagerou na estratégia defensiva. Sobretudo Cristiano Ronaldo, na primeira parte, e Raul Meireles, enquanto esteve em campo, procuraram alguns movimentos de ruptura, mas não tiveram a companhia de mais nenhum jogador da equipa nacional, uns por estarem demasiado amarrados a um modelo de jogo muito conservador (Fábio Coentrão, por exemplo), outros por manifesta desinspiração (como Deco ou Liedson). A pressão dos africanos era intensa assim que Portugal entrava no seu meio-campo, e a cada lance notava-se uma clara assimetria físico-atlética entre os dois conjuntos.
A aposta em Danny foi um fiasco. O jogador do Zenit é efectivamente elegante quando as coisas lhe saem bem, só que ....as coisas raramente lhe saem bem. A verdade é que Simão também pouco ou nada trouxe ao jogo, não conseguindo, com uma exibição pobre, confirmar a ideia de a sua exclusão ter sido um erro. Mas até prova em contrário continuo a achar o luso-venezuelano um jogador de menos para a titularidade na selecção portuguesa.
Os primeiros minutos pareciam trazer-nos uma explosão de Ronaldo. Começou solto, a conseguir criar espaços, e esteve à beira de marcar na melhor jogada do desafio. Com o tempo foi-se limitando a toques artísticos (não faz um passe normal, sem tentar adornar o lance), perdendo toda a eficácia que a sua acção poderia ter. Se a estratégia de Queiroz era não arriscar minimamente e esperar que Ronaldo resolvesse, pode dizer-se que foi neste segundo aspecto que Portugal falhou. E sem um grande Ronaldo, será quase absurdo esperar um grande Mundial para a nossa selecção.
A segunda parte foi ligeiramente mais aberta, mas a escassez de lances junto das balizas manteve-se quase até final. Ficou sempre a sensação que este era um resultado relativamente aprazível para ambas as equipas, e que só um lance de génio poderia ditar outro destino ao jogo. Esse lance não apareceu.
O empate deixa tudo em aberto, quase como se a primeira jornada não tivesse existido. Veremos se a segunda ronda nos permite conquistar a vantagem que é lícito esperar de um confronto com a Coreia do Norte.
Individualmente Raul Meireles e Fábio Coentrão foram os mais regulares. Paulo Ferreira, Danny, Deco e Liedson os mais apagados.

PRIMEIRAS NOTAS

- Pouco futebol, muitas cautelas defensivas

- Boas arbitragens, fracos guarda-redes
- França decadente, e em fim de ciclo
- Argentina candidata
- Inglaterra decepcionante
- Coreia do Sul surpreendente

AÍ ESTÁ ELE!

BENFICA BI-CAMPEÃO, BENFICA BI-CAMPEÃO

BASQUETEBOL: 4-1 ao FC Porto

FUTEBOL INICIADOS: 4-0 ao FC Porto

O MEU ONZE

Dentro dos jogadores convocados, e partindo do princípio que Pepe não recupera a 100%, parece-me ser esta a solução ideal para Portugal iniciar o Campeonato do Mundo.
Como se percebe, é um onze que permite um desdobramento entre 4-3-3 e 4-4-2, e que dá a liberdade de que Liedson e Ronaldo precisam para desmontar as defesas contrárias.
Os laterais do Benfica não são super-laterais, mas não há lá ninguém melhor que eles. Até pela elevadíssima confiança que levam, são, quanto a mim, a melhor opção.
A minha maior dúvida reside entre Meireles e Tiago. Mas com laterais mais ofensivos, a escolha do portista permite uma maior segurança nas necessárias compensações defensivas.

UMA MÁ NOTÍCIA, UMA BOA ESCOLHA

Não era naturalmente desta forma que eu gostaria de ter Ruben Amorim na selecção. A saída forçada (mas, diga-se, também algo estranha) de Nani é uma péssima notícia para a Selecção Nacional, e, a não ser talvez o próprio Ruben e a sua família, mais nenhum português deverá estar satisfeito com esta situação.
Penso, contudo, que o substituto dificilmente poderia ter sido melhor escolhido. Pela espantosa época que fez, o benfiquista justificava amplamente a chamada, e embora não seja previsível que venha a jogar muito, a simples presença já é um bom prémio para a sua categoria e para o seu profissionalismo.
Confesso também que, com a integração de mais um campeão nacional na equipa, a minha motivação para este Mundial, já bem mais composta nos últimos dias, acelera vigorosamente. Não de satisfação (Nani é uma baixa considerável), mas de reconhecimento e de identificação com o grupo.

ESCADA DE FAVORITISMO

1.BRASIL
2.ESPANHA
3.ARGENTINA
4.ITÁLIA
5.ALEMANHA
6.INGLATERRA
7.HOLANDA
8.FRANÇA
9.PORTUGAL
10.DINAMARCA
11.URUGUAI
12.SÉRVIA
13.GRÉCIA
14.MÉXICO
15.COSTA DO MARFIM
16.ESTADOS UNIDOS
17.SUÍÇA
18.PARAGUAI
19.ÁFRICA DO SUL
20.CHILE
21.CAMARÕES
22.GANA
23.NIGÉRIA
24.COREIA DO SUL
25.ARGÉLIA
26.ESLOVÁQUIA
27.ESLOVÉNIA
28.JAPÃO
29.AUSTRÁLIA
30.COREIA DO NORTE
31.HONDURAS
32.NOVA ZELÂNDIA


Aplicando esta escala a cada jogo, teríamos pois Portugal a chegar aos oitavos-de-final, sendo então eliminado pela Espanha.

JÁ SOMOS (pelo menos) DOIS

Eu também não confio!

EFEITO SEIXAL

Com as atenções gerais voltadas para o Mundial, o futebol intra-muros vai vivendo das competições mais jovens.
Este domingo, com direito a transmissão da TVI, o Benfica venceu em Alvalade por 0-2 (golos de Ruben Pinto e Rafael Costa, nas fotos), e manteve em aberto a luta pelo título. A duas jornadas do fim, os encarnados terão de esperar ainda mais um deslize do rival para revalidar o título (sim, no campo o campeão da época passada foi o Benfica).
Já os Iniciados encarnados, com a vitória robusta (6-0) ante o V.Guimarães (também televisionada, mas pela Benfica TV), estão apenas a um ponto do bi-campeonato, quando faltam igualmente duas jornadas.
Os Juvenis, depois da derrota no Porto, têm a vida mais difícil. Precisam de ganhar os jogos que faltam (quatro), e esperar, pelo menos, por mais um empate dos dragões.
A título de curiosidade atente-se no exercício, meramente académico, de somar as pontuações das três provas. Daria o seguinte resultado: BENFICA 19 pts, FC Porto 16, Sporting 15 e V.Guimarães 8.
Alguma coisa está a mudar na formação em Portugal.

RISCO MÁXIMO

Ou este jovem é mesmo um génio (e até agora nada garante que o seja), ou Pinto da Costa pode ter aqui o seu canto de cisne.
Um novo fracasso significará uma clara mudança de ciclo no futebol português, e, consequentemente, a morte de um certo FC Porto - que, diga-se, não deixará saudades aos amantes do desportivismo.
Ao contrário do Benfica, não creio que o clube nortenho tenha força social para resistir a alguns anos de jejum, pelo que a responsabilidade colocada nos ombros de André Villas-Boas não é nada pequena.

A GRANDE APOSTA

"Nos inesquecíveis momentos que se seguiram à conquista do título nacional, Jorge Jesus confessou que gostaria de ganhar a Liga dos Campeões da próxima época.
É saudável que o nosso treinador manifeste tamanha ambição, e não duvido que, no mesmo grau, esse sentimento seja extensível a dirigentes, jogadores e adeptos - por exemplo, aos benfiquistas da minha geração, que já não viram o Benfica erguer nenhuma das Taças dos Campeões Europeus, jóias da coroa do nosso palmarés, e cimento do prestígio internacional do clube.
Além do mais, dispomos de um plantel que permite - sobretudo se reforçado com mais um ou dois elementos de qualidade - olhar para a Europa de frente e sem medo. Com um pouco de sorte (designadamente no alinhamento dos sorteios) poderíamos efectivamente fazer história.
Mas, deverá a Liga dos Campeões ser a prioridade maior do nosso clube para a próxima temporada? A meu ver, não.
Sou, desde sempre, um apaixonado pelas provas internacionais. Aprendi muito do meu benfiquismo com as inesquecíveis caminhadas europeias dos anos oitenta, onde chegámos a três finais. Sendo de fora de Lisboa, via os benfiquistas da minha terra mobilizarem-se, sobretudo, para os jogos internacionais (foi num deles o meu baptismo de estádio), pelo que aprendi a olhá-los como o pilar fundamental da afirmação competitiva do clube. Nessa altura o Benfica era hegemónico no plano interno, e conquistava campeonatos nacionais em série. E é precisamente essa a diferença face ao contexto actual. O grande objectivo estratégico que o nosso clube tem hoje por diante passa essencialmente por recuperar essa supremacia interna. Perdemo-la para o FC Porto há vinte anos atrás, e não será com um só título que a iremos ter de volta. Um campeonato, um simples campeonato, não vai ser suficiente para varrer do futebol português todo o lixo com que Pinto da Costa o manchou nas últimas décadas. Se não houver continuidade, se este triunfo se vier a revelar um acontecimento episódico (como de alguma forma sucedeu em 2005), ele não fará mais do que algumas cócegas nas forças contra as quais lutamos. Sem a materialização de um novo e consequente ciclo de triunfos, o título que acabámos de vencer, em boa verdade, não servirá para nada.
Deste modo, a prioridade do Benfica na próxima época, bem como, provavelmente, nas duas ou três seguintes, terá de apontar novamente para a conquista do campeonato nacional. Não se trata de escolher entre ser campeão nacional ou campeão europeu (a resposta seria óbvia), mas sim de agarrar primeiro, e com as duas mãos, aquilo que é decisivo para nós, e que só depende de nós, não o comprometendo à aleatoriedade de um percurso europeu escravo das mais variadas circunstâncias.
Obviamente que isto não significa um menor empenho na Liga dos Campeões. Além do prestígio que confere, e da valorização que proporciona aos atletas, a principal prova europeia constitui também uma importante fonte de receitas, que não podemos menosprezar. Há que jogá-la pois com entusiasmo e ambição, mas sem permitir que o combate pelo título nacional resulte minimamente beliscado. Trata-se, no fundo, de seguir a estratégia da época finda, onde até fizemos uma excelente campanha internacional – e muito bem estaríamos caso voltássemos a alcançar os quartos-de-final (agora na Champions), o que no plano financeiro significaria, desde logo, um considerável encaixe.
Talvez não seja fácil passar este discurso para os nossos profissionais. Para eles, para as suas carreiras, para o seu futuro, a projecção internacional é incomparavelmente mais relevante que qualquer luta doméstica, e sabemos que a Liga dos Campeões é, a esse nível, o palco principal. Pouco interessará a um jogador, qualquer que ele seja, e qualquer que seja o clube que represente, quem domina ou deixa de dominar o futebol português para lá do seu contrato. Mas essa é justamente a guerra em que o Benfica, enquanto clube, está envolvido, e todas as batalhas se devem submeter a ela.
Conquistado o “Bi”, e depois o “Tri”, então sim, talvez nos possamos dar ao luxo de sacrificar um ou outro campeonato à frente externa, talvez possamos partir para outro patamar de ambição. Concluído o trabalho de casa, poderemos então sair para a rua que no passado nos consagrou. E se todo este guião se concretizar, muito diferente será o futebol português por esses dias. Esse é, de resto, o meu desejo, mas também meu palpite."

LF no Jornal "O Benfica" de 28/05/2010

JESUS NA "MARCA"

"Jorge Jesús (Amadora, 24 de julio de 1954) es, con permiso de Mourinho, el entrenador de moda en Portugal. Acaba conquistar la Liga y la Copa con el Benfica y su objetivo es repetir triunfos esta temporada. A sus órdenes juegan futbolistas contrastados como Aimar y Saviola, y también varias grandes estrellas de los próximos años, como Di María, Fabio Coentrao o David Luiz. Aunque sabe que la próxima temporada no va a poder contar con todos ellos.

Está de moda el Benfica, no sólo por los títulos, sino también porque parece que muchos clubes quieren llevarse a sus jugadores.
El equipo ha jugado este año con mucha calidad. Muy creativos, con mucho gol. Ha sido uno de los dos equipos europeos que han dado ejemplo de juego ofensivo y de técnica: Barcelona y Benfica. Es normal que este estilo guste.

¿Qué nombres le pondría al éxito del Benfica?
Nuestro éxito pasa por el colectivo, no por las estrellas. Fomentamos la idea del vencedor colectivo. Y el público: Portugal tiene 10 millones de habitantes. Pues seis millones son de Benfica.

Muchos conocidos de la Liga española en su once titular. Empecemos por Javi García.
Yo creo que a Javi García no le conocen bien en España. Es un jugador excelente, y ha demostrado toda su calidad en Benfica. Tiene que crecer todavía mucho, porque es un jugador joven.

¿Le da miedo que el Real Madrid quiera repescarlo si el próximo año vuelve a jugar así de bien?
Pero el Madrid ya le respescó de Osasuna. Si lo quieren volver a hacer...bueno. Será bueno para las arcas del club. Significará que hemos revalorizado al jugador, y eso es también mérito nuestro.

Saviola también ha brillado.
La afición del Real Madrid conoce muy bien a Saviola, pero esta año ha hecho la mejor temporada desde que es profesional, quizá la primera que hizo en River, pero este año ha estado fantástico. Lo mismo que Aimar, que ya es un hombre contrastado, que ha resurgido con nosotros.

Ha hecho un gran trabajo de recuperación de unos jugadores, que parecían no tener mayor recorrido en la Liga española.
El trabajo de un entrenador es global. Tienes que estar pendientes de todos los aspectos, no sólo de la táctica y la física. Convencer a Saviola de que podía volver a su nivel. Es un niño que precisa mucho cariño del entrenador y yo creo que con nosotros está muy cómodo, y el año que viene va a ser todavía mejor.

¿Cómo ve a su equipo en la Champions?
Si no perdemos muchos jugadores, uno o dos a lo sumo, Benfica va a ser un equipo fuerte. Hay mucha igualdad en la Champions, quitando uno o dos equipo. Lo que no quiero es encontrarme ni con el Madrid ni con el Barça en esta trayectoria. Esos son para mi los peores rivales.

Veo que está totalmente volcado en el Benfica, a pesar de que su nombre se ha escuchado como posible entrenador de clubes más grandes, incluso como sustituto de Mourinho en el Inter.
Yo lo que quiero esta temporada es quedarme aquí porque la afición del Benfica me tocó en el corazón. Benfica no es campeón dos años seguidos desde el año 1981 y 82. Eso es lo que quiero lograr ahora. Después ya se verá. Me gusta mucho la Liga española, por encima de la italiana y desde luego más que la inglesa.

Es decir, que le atrae la idea de entrenar fuera de Portugal.
Lo que me atrae es ganar la Championes League. Si un equipo en Portugal me puede dar esa opción, bien. Es difícil, pero no imposible. Si Benfica me diera esa opción, no cambiaría Benfica por otro. Si no, tendré que intentarlo fuera.

¿Hay muchas diferencias entre Mou y usted?
Sí. Somos completamente diferentes. Él es más joven que yo. Podemos parecernos en algunas cosas, pero tenemos ideas diferentes a la hora de analizar el juego. Mou es el mejor entrenador del mundo porque los mejores son aquellos que ganan. No hay duda.

Los entrenadores portugueses están de moda también
Pienso que Portugal tiene una metodología de entrenamientos que está diez años avanzada con relación al resto del mundo. No todos, somos tres o cuatro, pero estamos mucho más avanzados que los entrenadores del resto del mundo. Ya verás como aparecerán muchos más Mourinhos en el futuro.

¿Y los españoles, qué opinión le merecen?
Hay tres o cuatro buenos. Pero el mejor de todos, no está entrenando ahora. Luís Aragonés es para mi una referencia de toda la vida. Muchas cosas empiezan con él. Es un genio. Luego Guardiola, por supuesto, y alguno más.

¿Cuál diría que es la máxima estrella de su equipo?
Es difícil, individualmente diría que Di María. Él es un genio. Tiene las condiciones y la creatividad para ser diferente. No hay un jugador en el mundo como él en su posición. No es el mejor del mundo, porque son Ronaldo y Messi, pero en su puesto, es sin duda el mejor. Es muy fuerte en el uno contra uno, hace goles, asiste, es determinante. Si Di María va al Madrid, va a enamorar a toda la afición. Es un artista con la bola. Tiene 22 años, ¡es un niño! El futuro es suyo.

Si usted fuese Mourinho, ¿le elegiría antes que a Jesús Navas?
Sin ninguna duda. No hay comparación posible. Navas es un buen jugador. Di María es un gran jugador, con mayúsculas.

Tiene usted claro que va a perder a Di María para la próxima temporada, por lo que veo.
Claro qué lo voy a perder. Cualquier entrenador con capacidad financiera querría a Di María, porque no hay jugador de su posición en el mundo como él.

¿Por qué club le aconsejaría que fichase?
Si él me pide consejo, él sólo tiene dos equipos para jugar: Madrid o Barcelona. Y Benfica, pero Benfica no puede ser."

AUMENTE-SE!

Este rapaz, e o seu empresário, estão mesmo a pedir um aumento de ordenado.
Creio que seria justo (afinal de contas estamos a falar do melhor marcador do Campeonato e da Liga Europa), e acredito que ainda exista alguma margem para o fazer. Não creio, por outro lado, que se consiga contratar facilmente um ponta-de-lança com a mesma relação salário-golos.
Com uma valorização contratual de, por exemplo, 7 ou 8 %, todos ficariam felizes - Tacuara, Jorge Jesus e os adeptos.
Sendo necessário realizar mais-valias, há jogadores no plantel francamente mais fáceis de substituir.

UMA PEQUENA DOSE DE ESPERANÇA

A selecção nacional fechou o estágio da Covilhã com uma vitória, e uma exibição que, sem encher o olho, é no entanto bastante mais animadora face à competição que se aproxima.
A expulsão prematura de Samuel Eto’o (de longe, o melhor jogador da equipa adversária) ajudou bastante, mas também temos de dizer que a movimentação colectiva da equipa registou alguns progressos desde o deplorável jogo com Cabo Verde. Nem podia ser de outra forma.
Como eu já esperava, Carlos Queiroz tirou Fábio Coentrão da equipa. Aliás, os dois melhores jogadores no jogo anterior (o lateral benfiquista e Nani), ficaram ambos no banco, talvez por castigo face ao seu elevado dinamismo, em claro contraste com a sonolência e circunspecção então generalizada. Ainda entraram a tempo de inverter a tendência de um jogo que anunciava o perigo de mais uma humilhação (permitir uma recuperação de 2-0 a um adversário em inferioridade numérica), pondo fim à reacção final do conjunto africano.
A equipa portuguesa segue assim para a África do Sul com a auto-estima um pouco mais composta, sendo também a altura para enterrar os machados de guerra, dando a esta equipa o apoio que uma representação nacional merece.
Não gosto de Carlos Queiroz (como técnico, pois como pessoa não o conheço), não aprecio minimamente o seu estilo, nem concordo com grande parte das suas opções. Mas isso não pode ser motivo para regatear apoio ao conjunto das quinas. O Benfica teve, na sua história, treinadores como Artur Jorge ou Jesualdo Ferreira, por quem nunca nutri qualquer tipo de simpatia, e nem aí deixei de apoiar entusiasticamente a equipa.
Devo confessar que vivi estes jogos amigáveis com alguma indiferença. Mas quando começar o Mundial irei sofrer por esta equipa, olhando mais para as camisolas e para o escudo que levam ao peito, do que para o rosto de alguns dos personagens que as vestem. Há pouca gente que me seja simpática naquele grupo (até é fácil contá-los: F.Coentrão, Tiago, Simão, R.Carvalho, C.Ronaldo e Nani), mas, para o bem e para o mal, é ele que me representa.
Vamos pois atacar o Mundial, e unir esforços para que a bandeira portuguesa saia prestigiada da competição.

AS CONTAS

Bastará vender um, só um, dos jogadores referidos há três posts atrás, para o prejuízo agora apresentado pelo Benfica desaparecer por completo.
As contas do próximo ano, com Liga dos Campeões, com aumento generalizado de receitas, e com possível venda de jogadores, terão seguramente uma cara muito diferente destas, reflectindo, então sim, o momento actual do clube.
Dir-me-ão que se trata, em larga medida, de receitas extraordinárias. É verdade, mas o problema de exploração do Benfica põe-se apenas até 2013, altura em que os direitos televisivos irão ser renegociados. No próximo ano estaremos já em 2011, pelo que não é difícil acreditar que, com o acréscimo de receitas agora esperado, o barco se mantenha equilibrado por mais dois anos.

NADA DE CONFUSÕES

Não retirando mérito ao troféu conquistado pelo Sporting, há que dizer contudo que o mesmo é apenas o quarto em importância na modalidade (a seguir à Liga dos Campeões, à Taça das Taças e à Taça EHF), que não conta com qualquer clube dos países melhor classificados no ranking europeu (por exemplo de Espanha, Alemanha, Rússia ou Dinamarca), e que não mereceu qualquer destaque nos principais sites internacionais de Andebol, todos eles focados na final da Liga dos Campeões entre o Kiel e o Barcelona. Não há pois como comparar esta vitória leonina com o título europeu de Futsal conquistado pelo Benfica, conforme já vi por aí.
Quanto ao FC Porto, ficou pelo caminho no Hóquei em Patins, como é habitual.