A HORA DE TODAS AS DECISÕES

Se o Benfica ganhar os seis jogos que lhe faltam, será Campeão Nacional.
Não é uma constatação matemática, mas antes uma confissão de fé, que se consubstancia na forma periclitante que o FC Porto tem evidenciado ao longo da temporada, e na fácil previsão de que venha, até ao fim (em Braga? nos Barreiros? com o Sporting? noutro jogo qualquer?), a perder pelo menos dois pontos, que permitam a ultrapassagem classificativa.
Se este cenário, partindo da condição inicial, não me custa muito a prever, já essa mesma condição inicial me levanta as maiores interrogações. Ou seja, olhando àquilo que tem sido o desempenho recente do conjunto de Jesus, e atendendo ao facto de a Liga dos Campeões não ser ainda um caso totalmente encerrado (pelo menos em termos de investimento físico e anímico), custo bastante a acreditar na hipótese do Benfica fazer todos os dezoito pontos em disputa até ao dia 13 de Maio, a não ser que qualquer milagre de Fátima o empurre para tal façanha.
De facto, a equipa benfiquista parece esgotada física e mentalmente, tal como pareceu, na mesma altura, nas duas épocas anteriores, o que traduz uma tendência que em análise posterior não poderá ser ignorada. Esse eclipse, cujo surgimento é perfeitamente identificável no momento do jogo de São Petersburgo, dia 15 de Fevereiro, designadamente no minuto da lesão de Rodrigo - no ano passado, o ponto de inflexão ocorrera em Braga, a 6 de Março, no minuto da expulsão de Javi; e em 2010, já não veio a tempo de comprometer o título, mas se nos lembrarmos de Liverpool, e das exibições nas duas últimas jornadas da Liga, perceberemos a comparação -, tem feito cair o Benfica para uma bitola futebolística francamente abaixo daquilo que evidenciou, por exemplo, no mês de Janeiro (outra semelhança com as temporadas anteriores).
O último mês e meio foi estranhamente penoso para o Benfica (jejum quaresmal?), e, também à luz do que se viu na época transacta, nada aponta para que a situação seja revertida, e possa ainda voltar a aparecer-nos aquela equipa empolgante que, entre Dezembro e Fevereiro, marcou 31 golos em 9 jogos, seduzindo todos os que gostam de bom futebol.
É pois aqui, e não na matemática, que reside a minha desconfiança. Lamento dizê-lo, mas não dou mais do que 15% de hipóteses ao Benfica de ser campeão, contra 45% do FC Porto, e 40% do Sp.Braga. E mais, temo bem que, nas contas finais, nem o importante segundo lugar seja assegurado.
Se, todavia, as próximas duas jornadas trouxerem, por milagre, duas vitórias benfiquistas, então creio que as coisas se podem inverter. O futebol é fértil em surpresas, e para mim, este Benfica ganhar sucessivamente ao Sp.Braga e em Alvalade, será uma surpresa. Uma boa surpresa que pode valer um, agora também ele surpreendente, título nacional.
Fica o onze para enfrentar o Sp.Braga, e os votos que ninguém pense noutra coisa que não na vitória, e na possibilidade de conquistar o título.

PATRÍCIO SEGURA SPORTING

Não fora Rui Patrício, e o Sporting estaria agora numa posição bem difícil para conseguir o acesso às meias-finais da Liga Europa, numa eliminatória em que era (e continua a ser) francamente favorito. À semelhança do que ocorrera frente ao Manchester City, foi o guarda-redes internacional português (no melhor momento da sua carreira, e a prometer um Euro 2012 em grande), o responsável pelo bom resultado da sua equipa, disfarçando, repetidas vezes, as insuficiências defensivas que já noutras ocasiões o Sporting tem revelado.
O penálti, e o golo, no último minuto (aos quais o jovem guarda-redes pouco mais tinha a fazer), retiraram brilho a uma vitória que poderia ter garantido de imediato a qualificação, mas que, por tais números, seria algo injusta face ao que se viu em campo - pois um Metalist muito compacto e muito rápido a sair para o contra-ataque, criou bastantes dificuldades a um Sporting nem sempre esclarecido à procura do domínio do jogo.
Com eficácia assinalável, a equipa de Sá Pinto chegou a 2-0, e depois valeu-se de Patrício para evitar uma reviravolta. Não evitou, contudo, o golo ucraniano, que deixa ainda alguma incerteza para o jogo da segunda mão.
O 2-1 final mantém, contudo, o favoritismo do lado leonino, que em condições normais disputará com o Atlético de Bilbau (equipa empolgante e muito bem orientada por Marcelo Bielsa) o acesso á final de Bucareste.
O futebol tem destas curiosidades. No ano passado tivemos três equipas portuguesas e uma espanhola nas meias-finais desta prova. Este ano podemos ter precisamente o contrário, com três espanholas e uma portuguesa. E já agora, outro dado curioso: na Liga dos Campeões ninguém marcou golos em casa, ao passo que na Liga Europa todos marcaram dois golos.

ERROS MEUS, MÁ FORTUNA...


Nem o gato branco que se recostava sonolentamente sobre o tejadilho do meu carro, quando parti para o estádio, teve o condão de proporcionar uma noite de sorte. Pelo contrário, quase tudo correu mal, quer a mim (que, por contratempos vários, acabei por chegar à Luz já com o jogo a decorrer), quer ao Benfica (que, por erros próprios e alheios, perdeu uma partida que não merecia perder).
Quem anda nuns quartos-de-final da Liga dos Campeões, pode sempre sair derrotado de qualquer jogo, contra qualquer opositor, sem que tal lhe obrigue a esconder a cara de vergonha. Os adversários são poderosos, não desperdiçam as oportunidades que têm, não concedem quaisquer facilidades, e dificilmente são surpreendidos. Perder neste tabuleiro, mesmo em casa, é algo que está longe de danificar o orgulho, ou causar sobressalto emocional de monta. É normal, como normal seria empatar. E talvez o menos normal de tudo fosse o Benfica impor-se a um conjunto cujo orçamento lhe é várias vezes superior.
O Chelsea é, obviamente, uma grande equipa, que, com a sorte de seu lado, tem fortes hipóteses de vencer noventa por cento dos adversários que encontre pelo caminho. Pelo contrário, o Benfica é, nesta fase da prova, um mero outsider, que, beneficiando dos favores da fortuna, poderia (e talvez ainda possa) eventualmente chegar um pouco mais além, mas a quem a lei das probabilidades confere um estatuto de clara subalternidade dentro do lote de emblemas em presença. Dito de outra forma, num dia bom, e com alguma sorte, o Benfica tinha (e creio que ainda tem) algumas possibilidades de eliminar o colosso inglês, mas com os ventos do jogo, e da arbitragem, a soprar contra si, muito dificilmente conseguiria mais do que aquilo que conseguiu.
É usual dizer-se que neste tipo de confrontos a decisão reside em pequenos detalhes. É verdade, mas nem sempre (ou quase nunca) esses detalhes são fruto do acaso. É um detalhe, mas não é um acaso, que Emerson tenha sido ultrapassado, da forma como foi, por Ramires (um veio para cá em saldo, outro saiu por 22 milhões), nem que David Luíz (outro que rendeu milhões) estivesse sistematicamente no caminho da bola em quase todos os lances ofensivos do Benfica, enquanto Jardel (outro que chegou em saldo) não mostrava capacidade de choque para resistir a um Fernando Torres a meio gás. No meio de tudo isto, “acaso” (pelo menos quero acreditar que assim seja) foi apenas a inconcebível cegueira de uma equipa de arbitragem inteirinha - ao vê-los entrar em campo no reatamento, sendo tantos, por uma fracção de segundos cheguei a pensar que o Chelsea mudara de equipamento nas cabines -, num lance que todo o estádio viu ser merecedor de grande penalidade.
Podia, mesmo assim, o Benfica ter procurado melhor sorte? Podia, e desta vez parece-me bem que, mais do que culpar Emerson ou qualquer outro jogador, há que apontar o dedo na direcção de Jorge Jesus.
Por mais que me esforce, não consigo entender porque motivo, com a equipa no seu melhor momento em todo o jogo, com o Chelsea praticamente nas cordas, com um placard que, não sendo óptimo, era ainda assim animador, o técnico encarnado decidiu efectuar duas substituições de uma assentada, e com elas revolucionar toda a estrutura da equipa, minando os seus alicerces mais profundos. Ele até pode vir agora justificar essa opção à luz de uma hermética variante táctica que escape ao olho do espectador comum, mas o que o espectador comum viu foi uma equipa que controlava o jogo passar os dez minutos seguintes completamente desorientada, à procura das novas coordenadas que, extemporaneamente, o seu líder lhe impôs. Para mal dos pecados, quer do iluminado treinador, quer do ignorante adepto, o golo do Chelsea surgiu precisamente nesse período, e o jogo nunca mais foi o mesmo.
O que ficou daí para trás foi uma primeira parte muito fechada, duas equipas dignas uma da outra, e um equilíbrio que parecia encaminhar o jogo para um empate a zero – que, como aqui disse em antevisão, não me parecia um mau resultado. Daí para a frente, após o tal período de domínio encarnado, a que se seguiu o desnorte das substituições, e o golo, o tempo que restava era pouco para recuperar a desvantagem. O apito final deixou um travo a injustiça, sobretudo pelo que o Benfica fez até Jesus o desestruturar.
A nível individual, destacaria Javi Garcia (pese embora o lance do golo), Maxi Pereira e Gaitán, como os elementos mais em foco. Também Cardozo esteve em plano razoável, faltando-lhe um golo para abrilhantar a exibição.
Pela negativa há que falar de Emerson. É preciso dizer que o brasileiro foi contratado para ser suplente, e como suplente poderia desempenhar muito bem o seu papel, tapando buracos num ou noutro jogo, à semelhança do que fazem Miguel Vítor, André Almeida ou mesmo Jardel, sem que ninguém os assobie. O problema está, num primeiro momento, no motivo pelo qual ele assumiu a titularidade absoluta (porque foi Capdevila contratado? Porque razão, tendo-o sido, quase nunca jogou?); e num segundo momento, na forma como a SAD benfiquista (ou o próprio Jesus, não faço ideia) desvalorizou o problema, deixando passar o mercado de Janeiro sem que fosse adquirido um lateral-esquerdo de qualidade, conforme as ambições do clube, e esta presença europeia, naturalmente impunham. Não darei pois para o peditório da crucificação do jogador, embora, ao contrário do que se passou há uns tempos com Cardozo (então, pura estupidez), perceba neste caso as razões da insatisfação dos adeptos. A Emerson, apenas culpo de não ter, por vezes, a noção exacta das suas próprias limitações, não evitando um adorno aqui, um toque a mais ali, um drible acolá, que conduzem invariavelmente a nova perda de bola, a mais assobios, a mais intranquilidade, e assim sucessivamente.
A arbitragem de Paolo Tagliavento surpreendeu pela negativa. Depois de ver a excelente exibição de Howard Webb na eliminatória anterior, esperava algo do género de um juiz igualmente afamado. Mas, ao contrário dessa minha expectativa, o italiano saiu da Luz com o peso de uma influência clara no resultado do jogo (e, porventura, da eliminatória), ao não assinalar um penálti óbvio cometido por John Terry. Tal como em 2006, na altura com o Barcelona, fica a noção que, chegadas a estas fases, umas equipas são mais iguais que outras. Espero que a segunda mão não confirme esta ideia.
E assim vai o Benfica para Londres, à procura de uma milagrosa noite que ainda o possa colocar nas meias-finais. Se o Chelsea entender que a eliminatória “está no papo”, e, por outro lado, o Benfica tiver a felicidade de fazer um golo cedo, ainda poderá haver uma surpresa. Mas em condições normais, a carreira europeia do Benfica 2011-12 terminará na próxima quarta-feira. E, mesmo assim, já não terá sido nada má.
O Campeonato sim, ainda pode ser muito mau…ou muito bom. Infelizmente, as possibilidades de êxito parecem-me idênticas às da Champions. Ou seja, poucas.

EU ACREDITO!



"Faltam somente algumas horas para o Estádio da Luz se vestir de gala, e receber a visita de um dos nomes grandes do futebol europeu dos últimos anos.
Dadas as possibilidades que nos reservava o sorteio, pode dizer-se que não nos saiu, nem o brinde (que dava pelo nome de Apoel, mas que poderia também chamar-se Marselha), nem as mais duras favas (personificadas, sobretudo, nos todo-poderosos Barcelona e Real Madrid). De entre as sete equipas em presença, creio que o Chelsea não estaria, à partida, no grupo das quatro teoricamente mais difíceis (além dos dois colossos espanhóis, também Bayern e Milan), e era até o adversário preferido do treinador Jorge Jesus. Não devemos pois maldizer a sorte, que, embora não nos protegendo exuberantemente, nos deixou entreaberta uma pequena porta por onde teremos agora a missão de tentar entrar.
O Chelsea não tem o nosso historial. Nunca foi campeão europeu, e não está (ainda) no top dez dos mais importantes clubes de sempre na competição. Um pouco ao invés daquilo que se passa com o Benfica, o seu valor actual supera, em muito, a dimensão histórica que traz às costas. Trata-se de uma espécie de novo-rico do futebol mundial, que partiu do dinheiro (e dos caprichos) de um só homem, para se tornar num clube ganhador e respeitado internacionalmente. À semelhança do mais recente exemplo do Manchester City, tem contratado, ano após ano, os melhores jogadores do mercado, e foi formando, sucessivamente, grandes equipas. Sagrou-se campeão inglês em três das últimas sete temporadas, duas das quais ainda com José Mourinho no banco. Marca presença há nove anos consecutivos na Champions League, e o seu percurso não engana: uma final e quatro meias-finais, deixando pelo caminho “cadáveres” como Barcelona, Bayern de Munique, Liverpool, Arsenal ou Juventus. Só por acidente não chegou ainda ao título, tendo estado, em 2008, a um simples penálti de o conseguir.
Reforçada, não há muito tempo, com dois ex-benfiquistas (os nossos campeões Ramires e David Luíz), o Chelsea, mesmo situado numa posição classificativa doméstica pouco compatível com as suas ambições, tem, ainda assim, um dos mais fortes e ricos plantéis do mundo. O realismo manda dizer, sem hesitações, que o conjunto londrino é óbvio favorito para a eliminatória com o Benfica, e só o também muito forte, e muito rico, lote de equipas destes quartos-de-final pôde fazer com que olhássemos o resultado do sorteio de forma algo prazenteira – ou aliviada, para utilizar um termo mais pertinente.
É sobretudo uma tradição, mais ou menos recente, de bons resultados das equipas portuguesas ante as inglesas que nos põe a sonhar. Nos últimos vinte anos, em 14 jogos disputados contra clubes de terras de Sua Majestade, o Benfica venceu 7, empatou 3, e apenas perdeu 4, sendo globalmente bem sucedido em 5 dos 7 confrontos empreendidos (contando para o efeito, quer eliminatórias, quer grupos de qualificação). Se a isto juntarmos as performances do Sporting (ainda agora tivemos bom exemplo), do Sp.Braga (carrasco do Liverpool na época passada, e do Birmingham na corrente), e da Selecção Nacional (vencedora, em 1986, 2000, 2004 e 2006, de todas as mais recentes batalhas com a sua congénere inglesa), concluímos que o futebol britânico encaixa muito bem no português, sendo o FC Porto (por razões que não vêm ao caso) a única excepção a este registo. Cabe aqui recordar, a propósito, algumas prestações épicas do Benfica em Inglaterra, ou contra adversários ingleses, como a de 1991, frente ao Arsenal (com uma exibição esplendorosa no velhinho Highbury Park); as de 2005/06, quer contra o Manchester United na Luz (num dos mais saborosos triunfos que vivi na nova Catedral), quer depois, em Anfield Road (calando o célebre “Kop”, e vencendo o então campeão europeu em título); ou mais recentemente, já com Jorge Jesus ao leme, a goleada aplicada ao Everton (numa das grandes exibições do ano do último título). Tudo isto chega para acreditar que o Benfica tem as suas hipóteses nesta eliminatória, mas nada disto nos deve levar a um nível de optimismo para além do razoável. Bastará, aliás, comparar os orçamentos dos dois clubes para termos uma ideia de quem parte com mais argumentos para este combate. E um dos aspectos que pode jogar a nosso favor, será justamente a humildade e o respeito com que devemos olhar para quem vai estar do outro lado.
Independentemente do resultado final desta eliminatória, a única certeza que podemos ter é a de uma noite europeia à antiga, com o estádio totalmente cheio, e o fervor benfiquista em alta. A nossa equipa já cumpriu a sua obrigação nesta prova, e tudo o que conseguir daqui em diante será proeza para a história assinalar.
Sem medos, nem fantasias, eu acredito que isto não vá ainda acabar por aqui
."


LF, Jornal "O Benfica", 23/03/2012

CLASSIFICAÇÃO REAL

OLHANENSE-BENFICA
Já disse quase tudo no texto anterior. Aceito a decisão do árbitro na expulsão de Aimar, e não me parece boa ideia o Benfica gastar protestos, e credibilidade, com ela.
O Olhanense exagerou no anti-jogo, mas João Capela deu 7 minutos de compensação. Há um lance duvidoso na área algarvia (possível mão de Toy), mas também aí aceito o critério do juiz lisboeta.
Resultado Real: 0-0

SPORTING-FEIRENSE
Nem o golo vi. Até prova em contrário, vou dar os pontos ao Sporting.
Resultado Real: 1-0

PAÇOS-FC PORTO
Ficou por marcar um penálti para cada lado. Não têm razão nenhuma os protestos de Vítor Pereira, até porque o Paços foi o primeiro a ser prejudicado.
Resultado Real: 2-2

CLASSIFICAÇÃO REAL (sem Braga)
BENFICA 61
FC Porto 56
Sporting 49

A PASSO DE CARACOL


Depois de um irritante empate em Olhão, que tudo parecia comprometer (veremos se comprometeu), apetecia-me tanto escrever sobre futebol, e sobre o campeonato, como aos jogadores do Benfica lhes apeteceu correr durante a partida.
O resultado da Mata Real, não recompondo totalmente a minha decepção, voltou a abrir a janela à esperança, ou à hipótese de um milagre, para ser mais exacto. Duas vitórias nas próximas duas jornadas (Sp.Braga e Sporting) colocarão o Benfica na rota do título, mas, com o Chelsea pelo meio, não me parece crível que essas duas vitórias se concretizem. E com um FC Porto tão irregular e tão anormalmente generoso, cada vez me admiro menos se o campeão vier mesmo a ser o surpreendente Sp.Braga.
Jesus queixou-se da expulsão de Aimar. Aceitando que talvez um cartão amarelo fosse suficiente para punir a entrada violenta do argentino, não creio que tenha sido este o jogo mais adequado para vilipendiar o árbitro. O Benfica tem fortes razões de queixa das partidas de Guimarães, Coimbra, FC Porto, mas no Algarve deve queixar-se sobretudo de si próprio. Até porque, ao lançar veementes críticas a um lance que permite diferentes interpretações (aceitando-se, por isso, a do árbitro), perde margem para condenar aquilo que de facto, e de forma grosseira, subverteu a classificação actual.
Voltando ao jogo, o que se viu dos encarnados não chega para se falar de um candidato ao título. Eu tinha aqui falado dos perigos deste tipo de partidas domésticas entaladas em grandiosas eliminatórias europeias, e a verdade é que desde que se iniciou a segunda fase da Liga dos Campeões, o desempenho benfiquista no campeonato eclipsou-se por completo.
A primeira parte de Olhão é sintomática daquilo que escrevi antes do jogo. De um lado uma equipa ultra fechada e apostada em fazer passar o tempo (é para mais disto que querem o alargamento?). Do outro um onze aburguesado, sem vontade de meter o pé, nem desgastar energias, e com a cabeça noutro lugar. Quando tal acontece, sair com um nulo é o máximo a que se pode aspirar.
Paradoxalmente, foi após a expulsão que o Benfica, ferido, se assemelhou mais àquilo que pretende ser. Podia até ter ganho o jogo, aos 97 minutos, quando o guarda-redes da casa se opôs brilhantemente a um remate de Saviola. Mas o empate a zero, é o resultado que melhor espelha o que se passou, constituindo um castigo merecido para quem não fez tudo o que podia para vencer.
Custa a entender que assim seja, mas a verdade é que, acompanhando o futebol há umas três dezenas de anos, já vi isto muitas vezes, a muitas equipas, nacionais e estrangeiras. Já em 1961 Bela Gutmann dizia que o futebol português não tinha rabo para duas cadeiras. Com Jorge Jesus, e com a peculiar gestão física que faz das suas equipas (sempre fortíssimas em Janeiro, e estranhamente esgotadas a partir de Março), essa proposição resulta ainda mais verdadeira.
Tal como aqui escrevi quando o Benfica tinha cinco pontos de avanço, já ninguém iria ganhar o campeonato aos encarnados. Só estes o poderiam perder. É precisamente isso que estão a fazer.
Talvez Jesus tenha razão quando diz que João Capela estava à espera de um pretexto para prejudicar o Benfica. Mas o que é um facto é que Aimar se pôs a jeito, e mesmo vendo várias repetições, não consigo deixar de aceitar a decisão tomada. Podia dar jeito, nesta altura, argumentar de outra forma, mas para ter razão há que ter critério. Não foi o árbitro que tirou estes dois pontos ao Benfica.

Gostava que Jorge Jesus e os jogadores entendessem o quão frustrante será para os adeptos perder este campeonato, depois de quase chegar a parecer bem guardado no bolso. O Benfica corre o risco de ficar em terceiro lugar; aconteça o que acontecer com o Chelsea, não vai, seguramente, ganhar a Champions; e a Taça da Liga, à semelhança da época anterior, não chegará para abafar as mágoas. O fracasso ou sucesso da época decide-se, pois, em larga medida, nos próximos dois jogos do campeonato. Mas, infelizmente, ou me engano muito ou as coisas vão mesmo correr mal.

O PERIGO ESPREITA

Entalada entre um reconfortante “Clássico”, e uma jornada europeia ao mais alto nível, a deslocação do Benfica a Olhão, para defrontar uma equipa que só perdeu um dos últimos nove jogos, não se apresenta nada simpática.
Por muito que os responsáveis encarnados alertem para a necessidade de dar prioridade ao Campeonato, o pensamento dos jogadores fugirá necessariamente para a partida com o Chelsea – um daqueles momentos em que, com o mundo a observar, cada um deles pode desenhar os contornos de toda uma carreira, ou até mesmo saltar para a eternidade. É difícil, até para o adepto, investir todas as emoções e energias num jogo “corriqueiro” como este, quando se está a quatro dias de um encontro de gala, no principal palco do futebol mundial.
O problema é que o tal jogo “corriqueiro” é decisivo para uma prova que se pode vencer, e que vai determinar o sucesso ou fracasso de toda a temporada; enquanto o “outro”, com toda a sua beleza, com todo o seu brilho cintilante, pode não significar, para o clube, perdoem-me o exagero, muito mais do que uma flor na lapela dessa mesma temporada. Mais grave ainda é o facto de isto ser verdade para a política do clube, mas não o ser para jogadores, ou mesmo para treinadores, que dificilmente optariam por comprometer uma presença europeia de relevo, com tudo o que isso lhes pode proporcionar, em troca de um simples título nacional - perdoem-me uma vez mais o exagero -, mero pormenor estatístico no palmarés das respectivas carreiras.
Por vezes, é preferível nestas ocasiões deixar de fora um ou outro elemento, mas garantir que os onze que entrarem em campo sejam os guerreiros que a busca pela vitória impõe. Mas só Jorge Jesus estará em condições de fazer essa análise.
Faltam sete jornadas, e só nas últimas três o Benfica poderá encontrar, teoricamente, alguma vantagem de calendário. Por agora, veste-se de dificuldades o caminho dos encarnados. Nesta sequência - Olhanense, Braga e Sporting -, pode ficar decidido o título. Ou pela negativa, perdendo pontos para o líder, ou pela positiva conquistando os nove em disputa, e pressionando fortemente o FC Porto. Por mim, tenho a convicção que com três vitórias nesses encontros, o Benfica chegará ao primeiro lugar, para não mais o perder. Falta conquistá-las.
Deixo a minha proposta para um onze ganhador, poupando os pesos-plumas Aimar e Gaitán. E espero que a jornada venha a desmentir os meus temores.

FINAL INÉDITA, FESTA PROMETIDA

A segunda meia-final da Taça da Liga foi frenética, teve, à semelhança do “Clássico” de terça-feira, grande qualidade e muitos golos, e teve um epílogo dramático, com empate ao cair do pano e decisão nos penáltis. Tratou-se de mais uma excelente propaganda á competição, e estou certo de que a final será outro momento de afirmação desta jovem e bonita prova do calendário português. E aos que, por não a conseguirem vencer (mesmo tentando), a desdenham, não resta outra alternativa senão engolir a frustração, e desviar as atenções do seu próprio fracasso.
Sem hipocrisias, nem conversa fiada, vi o jogo a torcer calorosamente pelo Gil Vicente.
Não que se trate de um adversário fácil (já provou esta temporada que o não é), mas convenhamos que entre a equipa de Barcelos, e os seus vizinhos de Braga – sobretudo na esplendorosa forma por que passam -, a escolha, por variadíssimos motivos, só podia ser uma. Embora o Sp.Braga, sem Domingos Paciência, sem Fernando Couto, sem Carlos Freitas, sem Vandinho (embora ainda com Alan e Mossoró), se tenha tornado ultimamente um clube bastante mais respeitável, a verdade é que é hoje um rival do Benfica, que me dá um certo gozo ver derrotado, seja em que circunstâncias for, salvo, naturalmente, quando enfrenta o FC Porto. Mais do que isso, é uma grande equipa, capaz de, em qualquer campo, em qualquer prova, pôr qualquer adversário em sentido.
O Benfica será favorito na final de Coimbra, coisa que com o Sp.Braga não seria assim tão líquida, até porque o clube bracarense persegue ansiosamente um troféu, para desse modo materializar as sucessivas boas campanhas que tem realizado, e, como tal, a aposta nesta janela de oportunidade seria forte. Com a eliminação do conjunto de Leonardo Jardim, creio que os encarnados da Luz ficaram um pouco mais perto do “tetra”, embora o Gil Vicente, estreante em grandes finais, vá também tentar fazer o jogo de uma vida.
O outro condão deste resultado, e da forma como o mesmo foi produzido, foi o golpe anímico que a equipa bracarense necessariamente sofreu, e que pode reflectir-se no Campeonato. Veremos o que ditam os próximos jogos, e o próximo é já diante de uma Académica que recentemente empatou com o Benfica e com o FC Porto.
Com o Campeonato em aberto, a Liga dos Campeões em disputa, e a final da Taça da Liga garantida, a temporada ainda pode ser histórica para o Benfica. Mais nenhum outro grande clube português pode, neste momento, dizer o mesmo.
Uma coisa é certa: se ganhar novamente a Taça da Liga, mesmo que não venha a ser campeão, o Benfica cumprirá a sétima época, em nove, com conquistas de troféus. Para quem vinha de sete temporadas totalmente em branco (entre 1996 e 2003), não deixa de ser um registo interessante.
Dia 14 estarei lá, para uma grande jornada de festa.

AS QUE A MEMÓRIA ALCANÇA

Desde 1976, o Benfica ganhou ao FC Porto por 33 vezes (antes que me perguntem, digo desde já que perdeu 49). São esses triunfos que o quadro abaixo reflecte.

Porquê desde 1976? Porque é desde então que me lembro de ver futebol (tinha 6 anos), sendo estas, pois, as vitórias de que me recordo.

A primeira até foi nas Antas, com um excelente golo de Chalana, logo no início da partida. Não há muito tempo tive a oportunidade, e o privilégio, de, tantos anos depois, reviver com o próprio esse jogo, e esse golo, do qual me recordo quase tão bem quanto ele.

A mais saborosa? Hesitaria entre as finais da Taça de Portugal (cinco, ou seja, todas!); os célebres golos de César Brito, que valeram um Campeonato; e o hat-trick de Rui Águas, em Janeiro 1987, no primeiro "Clássico" que presenciei ao vivo, naquele que foi também o jogo com mais espectadores na história do futebol português (os jornais falavam de 140 mil, ou seja, 139.999 mais um), mesmo tendo sido disputado apenas duas semanas depois dos igualmente célebres 7-1 de Alvalade.

CURIOSIDADES

Eis alguns dados relativos aos últimos 20 anos de "clássicos".

Treinadores do Benfica que mais ganharam ao FC Porto:
JORGE JESUS 4 vitórias
TONI 4 vitórias
RONALD KOEMAN 2 vitórias

Treinadores do FC Porto que mais ganharam ao Benfica:
ANTÓNIO OLIVEIRA 5 vitórias
JOSÉ MOURINHO 4 vitórias
ANDRÉ VILLAS-BOAS 4 vitórias
FERNANDO SANTOS 4 vitórias
JESUALDO FERREIRA 4 vitórias

Treinadores com mais "clássicos" disputados:
JORGE JESUS 11 jogos
TONI 11 jogos
JESUALDO FERREIRA 11 jogos

Melhores goleadores do "clássico":
ÓSCAR CARDOZO 7 golos
MÁRIO JARDEL 6 golos
ISAÍAS 5 golos
HULK 5 golos

Expulsões em "clássicos":
BENFICA 29
FC PORTO 18

Melhor sequência sem perder:
FC PORTO 7 jogos (duas vezes: entre Janeiro de 1993 e Março de 1996; e entre Janeiro de 2001 e Maio de 2004)

BENFICA 6 jogos (entre Agosto de 1993 e Março de 1995)

DESTA (TAMBÉM) JÁ ESTÃO LIVRES

PONTAPÉ NOS FANTASMAS


Se o clássico da Taça da Liga foi o programa mais visto do ano na televisão portuguesa, bem pode dizer-se que os milhões que o viram não perderam o seu tempo. Foi um grande jogo, tal como o do campeonato havia sido. Desta vez, com a mais valia de não ter sido decidido por um fiscal-de-linha, factor que retirou brilho ao duelo anterior.
Depois de muito bluff, ambas as equipas entraram em campo inteiramente focadas na vitória, e, à excepção dos guarda-redes (tradicionalmente substituídos em jogos das taças) não se vislumbrou que lhes faltasse qualquer estrela – acabaram por jogar de início Hulk, Aimar, Javi, Moutinho, Lucho, Maxi, Álvaro Pereira, Luisão e quase todos, entrando ainda James (muitas vezes suplente), Gaitán e Cardozo (este sim, talvez o único craque verdadeiramente poupado, mas chegando ainda a tempo de decidir). O FC Porto sempre disse não apostar na competição, mas, tal como aqui denunciara, esse discurso (confortável em caso de vitória, mas sobretudo em caso de derrota) nunca colou com a realidade. Esta meia-final não fugiu à regra, e quem viu o jogo percebe bem que a equipa de Vítor Pereira não ganhou porque não conseguiu ganhar. Nem outra coisa seria de esperar. O campeonato é a prioridade de todos (o que é natural, e não precisava de ser repetido tantas vezes), mas garantir esta Final também era importante…para ambos. Mais até, talvez, para quem a Europa já é uma miragem, e tem ficado de fora, uma por uma, de todas as competições que iniciou – e tanto que se preocupam eles com a contabilidade dos títulos…
Os primeiros 15 minutos foram de loucos, com o Benfica a entrar melhor, a marcar de imediato, e o FC Porto a reagir muito bem, dando a volta ao resultado, e partindo rapidamente para uma fase de domínio, ao longo da qual se sentiu pesar o histórico recente das partidas entre as duas equipas. Via-se então um FC Porto confiante e autoritário, e do outro lado, um Benfica hesitante e desconfiado da sua capacidade para inverter o ciclo negativo destes combates. A dupla oportunidade desperdiçada pelos encarnados, com a bola a embater sucessivamente na barra e no poste, teve o condão de inverter o estado de espírito das equipas. O Benfica encheu-se de brios e de coragem, o FC Porto sentiu o chão a tremer debaixo dos pés, e daí até final da primeira parte foram os homens da casa a mandar no jogo, chegando ao empate com naturalidade. Ao intervalo, o Benfica já estava mais perto de merecer uma vantagem, aceitando-se, contudo, a igualdade.
A segunda parte foi muito menos interessante, chegando a dar a sensação que o desempate por grandes penalidades satisfaria os dois treinadores. Um porque, empatando na Luz, mantinha a invencibilidade perante o grande rival; o outro porque invertia o tal ciclo de derrotas em casa, salvando a face de mais uma desilusão; ambos porque mantinham assim a esperança de conseguir o apuramento, deixando a decisão para os sortilégios da fortuna, e para a inspiração dos guarda-redes. Cardozo, com uma jogada magnífica, iniciada e concluída por si, deitou por terra todas essas teorias, marcando o 7º golo ao FC Porto (coisa que, desconfio, desde os tempos de Eusébio ninguém terá feito), e resolvendo a eliminatória. O paraguaio mostrou uma vez mais toda a sua categoria, sendo absolutamente inacreditável como alguns, ainda há bem pouco tempo, desconfiavam do seu valor. Trata-se, nunca é demais dizer, de um grande avançado, provavelmente o melhor que o Benfica teve nas últimas décadas.Vítor Pereira teve uma jornada bastante infeliz. Perdeu, e perdeu-se em divagações que ninguém entendeu sobre “bloqueios”, e golos de bola parada. Escolheu mal a noite para falar de arbitragem. Primeiro porque não houve qualquer razão de queixa substancial, e segundo porque ainda há bem pouco tempo, no mesmo local, ganhou um clássico como este com um golo em claríssimo fora-de-jogo. Se não tivesse dito nada, haveria mais probabilidades de não nos termos de lembrar disso novamente.
O Benfica está pois na sua quarta final consecutiva. E está, porque os outros não conseguiram lá chegar. Dando de barato o episódio Pedro Silva/Lucílio Baptista, daí em diante o Benfica venceu, sem espinhas, nesta competição, o Sporting (4-1) e o FC Porto (3-0) em 2010; o Sporting (2-1) em 2011; e agora o FC Porto (3-2) em 2012, sem que algum dos adversários tenha facilitado o que quer que fosse. Todavia, a Taça da Liga não está ganha. Falta a Final, que provavelmente até será frente a uma equipa que, ao longo da época, tem jogado bem melhor futebol do que o FC Porto. Não fui a Coimbra para o campeonato. Se não tiver nenhum contratempo, lá estarei para essa Final. Entretanto, vamos continuar a ouvir dirigentes e adeptos portistas a desvalorizar a prova que, em cinco edições, não há meio de conseguirem ganhar.

PS: Soube a caminho do Estádio, que esse mesmo Estádio tinha sido escolhido para palco da Final da Champions de 2014. É uma excelente notícia para os adeptos portugueses, em geral, e para os benfiquistas, em particular. Se ainda estiver vivo, certamente lá estarei, sejam quais forem as equipas. E até lá, sempre poderemos sonhar que uma delas seja o Benfica.

LIGAR À TAÇA

Por mais que tente, nunca percebi porque motivo certos “adeptos do futebol” desvalorizam as próprias competições futebolísticas, chegando mesmo a defender que elas devam ser extintas (como foi o caso, recente, de Rui Moreira, nas páginas de A Bola – ainda mais estranho vindo de quem viveu em Inglaterra... -, como é o caso, reiterado, de Miguel Guedes na RTPN).
Obviamente que a Taça da Liga não é a Liga dos Campeões. É, porém, uma prova engraçada, difícil de conquistar, tratando-se de uma excelente ideia, que veio valorizar o calendário competitivo português. Se tem um modelo errado, isso é outra questão, que pode, e deve, ser debatida. Acabar com ela é que não me parece que faça qualquer sentido, pois, mal comparado, seria o mesmo do que querer matar o cão da família, só porque não é nosso filho. Aliás, pondo-lhe fim, também não haveria qualquer razão para manter a Supertaça, que tem muito menos graça, muito menores audiências, e, decidida num só jogo, muito menos interesse competitivo.

As razões para este tipo de opiniões, frequentes sobretudo a norte, são fundamentalmente duas: 1) a Taça da Liga ter sido criada por Hermínio Loureiro, a quem o FC Porto moveu uma violenta guerra a propósito do processo “Apito Final”; 2) mais tarde, o facto de o Benfica ter ganho três das quatro primeiras edições, performance que interessaria a muita gente desvalorizar. A tradicional carneirização dos adeptos portistas em torno da política central do seu presidente fez o resto, com vozes e mais vozes a criticar a prova, mesmo passados vários anos do seu nascimento, mesmo sem Hermínio Loureiro, nem Ricardo Costa, no mundo dos futebolisticamente vivos.
É preciso dizer que esta desvalorização portista da Taça da Liga tem estado muito mais no discurso do que propriamente na acção. À excepção de uma meia-final em Alvalade - num ano em que o FC Porto estava, como o Benfica agora, envolvido nos quartos-de-final da Champions -, não me recordo de mais nenhum jogo em que a equipa portista não tenha dado mostras de querer firmemente ganhar. Por vezes, a qualquer preço, como é bem demonstrativo o desempenho de Bruno Alves na final do Algarve, em 2010. Se o FC Porto ganhar a prova, e se, mais do que isso, a ganhar várias vezes, veremos como rapidamente a Taça da Liga se torna importante, como importantes eram para os portistas as Supertaças dos anos oitenta e noventa (por paradoxo com as Taças de Portugal, disputadas no “Estádio de Oeiras”, que foram desprezadas até o FC Porto as começar a ganhar). Uma das maiores alegrias da vida de Pinto da Costa até ocorreu, segundo o próprio, num jogo da Supertaça disputado na Luz, o que não deixa de ser sintomático.


Tendo em conta esta realidade, mais absurdo se torna quando são os próprios benfiquistas a achincalhar a prova, tal como sucedeu, por exemplo, aquando da final do ano passado. O adversário era o Paços de Ferreira, e os encarnados vinham de uma frustrante derrota em casa com o FC Porto. Se desta vez o Benfica aceder novamente à final, tendo para isso de vencer o grande rival, não creio que possa haver qualquer motivo honesto e razoável para, na Luz, se voltar a menosprezar a competição.


Por mim, gosto da Taça da Liga, e ficarei muito feliz se o Benfica concretizar o “Tetra”. Não tão feliz como se for campeão, é claro, mas essa comparação jamais deverá ser peso com que a Taça da Liga tenha de arcar. Custa-me, por isso, ouvir os treinadores repetir até à exaustão, em conferências de imprensa, que esta prova “não é uma prioridade”, coisa que, sendo uma verdade inequívoca, não dizem todavia sobre a Supertaça, a Taça de Portugal, ou a Liga Europa, todas elas competições de certo modo subalternas de Campeonato e Liga dos Campeões respectivamente.
Coisa diferente é eu entender que, a dado momento da temporada, não fazia sentido o Benfica desgastar muitas forças numa fase de grupos (essa sim) pouco exigente, em que uma equipa retocada chegaria para alcançar os objectivos. Coisa diferente é Jorge Jesus, neste momento, com o Benfica na luta directa pelo título, e apurado para os quartos-de-final da Champions, ter necessidade de rodar alguns jogadores fundamentais, o que teria de ser feito, de igual modo, caso o jogo fosse, por exemplo, da Taça de Portugal.
Nesta medida, também eu proponho o descanso a alguns titulares (Artur, Witsel, Gaitán e Cardozo), sem deixar de olhar para este jogo, e para esta competição, com forte e firme vontade de ganhar.

CLASSIFICAÇÃO REAL

NACIONAL-FC PORTO
Dos resumos que vi, apercebi-me “apenas” de um penálti claro que ficou por marcar a favor do Nacional (puxão de camisola de Álvaro Pereira a um adversário), com o resultado ainda em branco.
Sendo um clube “parceiro”, as reclamações foram moderadas ou inexistentes, o que não altera a gravidade do lance.
De Carlos Xistra não se esperaria outra coisa.
Resultado Real: 1-2 (mas…)

BENFICA-BEIRA MAR
Não percebo como, a tão poucas jornadas do fim, se nomeia um jovem e inexperiente árbitro para o jogo de um candidato ao título. Para mais sendo da cidade de um outro candidato.
A coisa acabou por não correr muito mal, pois o jogo foi enfadonho, ficou rapidamente resolvido, e não houve lances polémicos.
Recordo-me apenas de um livre, sobre a linha, que terá ficado por assinalar contra o Benfica, com o resultado em 3-0.
Resultado Real: 3-1

GIL VICENTE-SPORTING
O problema de Bruno Paixão é a sua sede de protagonismo. É um fulano que gosta de ser o centro das atenções, coisa que para um árbitro é absolutamente dramática.
Para isso, apita a tudo o que mexe, e gosta de ser ele a decidir os jogos, deixando quase sempre um rasto de polémica atrás de si.
É um árbitro de que não gosto, mais até do que pelos erros que comete, pela forma como conduz os jogos, interrompendo-os constantemente.
O Sporting deve-lhe mais do que qualquer outro clube em Portugal (lembro-me, por exemplo, de uma arbitragem incrível deste juiz num Sporting-Sp.Braga, em 2008, que valeu uma das presenças em Ligas dos Campeões a Paulo Bento), embora num célebre jogo em Campo Maior, por ter prejudicado o FC Porto, tenha sido injustamente colado ao Benfica pelos portistas.
Desta vez, pelo que pude ver, errou ao assinalar o primeiro penálti (a infracção, a acontecer, dá-se fora da área). Mandava o bom senso que evitasse assinalar o segundo logo de seguida, mas aí entrou a sua personalidade em acção. Esse segundo parece existir, mas não deixa de ser provocado pelo que o antecedeu.
De qualquer forma, para o Sporting esta jogo contava para muito pouco. O quarto lugar é o destino da equipa de Alvalade, e se ficar em quinto a diferença também não será substancial. Daí para baixo não cai.
Resultado Real: 1-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 60
FC Porto 55
Sp.Braga ??
Sporting 46

PS: Não me admiro de, para manter a tradição, o Benfica ser beneficiado no clássico da Taça da Liga. Tem sido assim o futebol português. O FC Porto levado ao colo nos campeonatos, e, para lançar a confusão, Benfica ajudado na Taça da Liga, preferencialmente da forma mais exuberante e escandalosa possível (Amadora 2008, Sporting 2009, Nacional 2010).
A estratégia é boa: alimenta o falatório e dissimula o essencial.

DE LOUCOS!


...e tudo se vai decidir.

POUCO SAL

Após um dia de trabalho, já noite dentro, e perante um espectáculo tão modesto (de parte a parte), muitos terão sido os benfiquistas a adormecer em frente aos televisores, ou mesmo no próprio estádio.

Salvou-se o resultado, um ou outro pormenor técnico (deliciosos os passes de Cardozo para o 2º golo, e Nélson Oliveira para o 3º), e os pontos que permitem ao conjunto de Jorge Jesus manter a esperança de pé.

Não há muito mais a dizer sobre um jogo em que até a arbitragem foi desenxabida.

Tal como aqui tinha previsto, o FC Porto passou na Choupana (desde 2007 que assim é), e faltando menos uma jornada, há também menos uma possibilidade de inverter o topo da classificação. Com Champions pelo meio, as coisas parecem cada vez mais difíceis. E apenas as pobres prestações portistas deixam no ar alguma incerteza.

A próxima jornada, com o Benfica em Olhão (em vésperas de jogo grande europeu), e o FC Porto em Paços, podem ajudar a esclarecer muita coisa. Sem esquecer o Sp.Braga, que correndo por fora, terá no duplo confronto com os dois grandes (25ª e 26ª jornadas) a hipótese da sua vida.

ONZE PARA HOJE

Sorteios europeus à parte, e dados os resultados da última jornada, por enquanto ainda considero o Campeonato a maior prioridade da temporada benfiquista. Por isso, e num jogo onde é imperativo ganhar, há que entrar na máxima força. De jogadores, e energias.

Muito me surpreenderia caso o FC Porto perdesse pontos na visita a um dos seus grandes aliados (ou parceiros, ou...não sei bem como lhes chamar). Não é pois nesta jornada que me parece ser possível retomar o comando. Há, todavia, que não perder terreno.

UMA HISTÓRIA INTERESSANTE

Como se vê, o Benfica não se tem dado mal com equipas inglesas. Tal como Sporting (M.United, Southampton, Newcastle, Bolton, Everton, M.City), Sp.Braga (Liverpool, Birmingham) e Selecção Nacional. Só o FC Porto é excepção.

Tal não acontece por acaso. Para equipas eminentemente tecnicistas, e de futebol rentilhado, os espaços que os ingleses oferecem na sua defesa são dádivas facilmente aproveitáveis. O FC Porto, valendo-se normalmente mais da organização táctica e da capacidade física, perde nos seus argumentos. Ou seja, naquilo em que é forte, os ingleses ainda são mais fortes.

Nos últimos 20 anos, o Benfica eliminou Liverpool, Arsenal, Everton e M.United (por duas vezes). No mesmo período, a Selecção Nacional deixou para trás os ingleses no Euro 2000, no Euro 2004 e no Mundial 2006, ou seja, sempre que se defrontaram.

Aqui temos motivos mais do que suficientes para acreditar em mais numa proeza.

PS: Sorte, sorte, foi o que teve o Sporting. Calhou-lhe a equipa mais fraca ainda em prova. Em condições normais, já está nas meias-finais. Rima e é verdade.

PODIA SER PIOR...

Lá se foi o Apoel, lá se foi o Marselha, mas quando sobravam apenas Chelsea, Milan e Barça, cheguei a temer o pior. Foi, então, com alívio que ouvi o nome do Chelsea, afinal de contas o adversário preferido de Jorge Jesus.


Há hipóteses de chegar, pelo menos, às meias-finais, e a equipa encarnada deverá acreditar nessa possibilidade.


O futebol inglês é bom cliente de Benfica, Sporting (ainda agora se viu) e Selecção Nacional, pelo que nada há a temer. Até porque o Chelsea está longe, muito longe, dos seus melhores momentos.

A EUROPA DE BOCA ABERTA

A propósito da surpreendente passagem do Sporting aos quartos-de-final da Liga Europa, quase poderia repetir aqui as palavras que escrevi há uma semana atrás: grande resultado, forte motivo de orgulho e satisfação para os sportinguistas, que já mereciam algo assim.


As substituições suicidas de Sá Pinto quase iam comprometendo uma eliminatória que, a certa altura, chegou a parecer fácil. Mas Rui Patrício (em grande forma) evitou o consumar da recuperação do City.


Olhando, de forma integrada, para o comportamento dos dois principais candidatos ao título inglês nesta Liga Europa (e vi os seus quatro jogos desta eliminatória), tenho dúvidas de que a frente europeia (não se tratando da cintilante Champions) fosse nesta altura uma prioridade, quer para City, quer para United. Mas o Sporting não tem culpa disso, e a grandiosidade do seu feito não pode, de forma alguma, ser posta em causa.


Eliminado o principal favorito a ganhar a competição, creio que o Sporting pode até sonhar com uma final. Evitando Valência e Schalke, acho que tudo pode acontecer.


A mim, pessoalmente, pouco me tocou este triunfo (não tenho uma visão patrioteirista do futebol de clubes, nem me perturbam as vitórias internacionais de terceiros, o que vale por dizer que não fiquei contente nem triste). Mas, passando a eliminatória, preferia que o Sporting tivesse ganho o jogo, fazendo os pontos que, indirectamente, poderiam também contribuir para que o Benfica chegasse ao pote 1 da próxima edição da Liga dos Campeões.




PS: Constatando a passagem do Sporting, e recordando o que os portistas disseram aquando da sua eliminação sumária aos pés do mesmo adversário, não posso deixar de esboçar um largo sorriso.

ESCOLHA VOCÊ MESMO

FC BARCELONATREINADOR: Pep Guardiola

TÍTULOS EUROPEUS: 4

NO CAMPEONATO: 2º a 10 pts
ÚLTIMOS JOGOS: dvvvv

VANTAGENS: ver Messi na Luz; receita de bilheteira

DESVANTAGENS: eliminação garantida; possibilidades de massacre; equipa 100% concentrada nesta competição




BAYERN DE MUNIQUE






TREINADOR: Jupp Heynckes


TÍTULOS EUROPEUS: 4


NO CAMPEONATO: 2º a 5 pts


ÚLTIMOS JOGOS: vevdv


VANTAGENS: apoio dos emigrantes; nada a perder


DESVANTAGENS: eliminação quase garantida; motivação de quem pode jogar a final em casa; Mário Gomez imparável; um dos melhores guarda-redes do mundo





REAL MADRID







TREINADOR: José Mourinho

TÍTULOS EUROPEUS: 9

NO CAMPEONATO: 1º

ÚLTIMOS JOGOS: vvvvv

VANTAGENS: confronto histórico; ver Ronaldo, Di Maria e Coentrão na Luz; poder ir a Madrid de carro; receita de bilheteira; nada a perder

DESVANTAGENS: Real em grande momento; eliminação garantida; amplo conhecimento do Benfica por Mourinho; campeonato praticamente resolvido




AC MILAN






TREINADOR: Massimiliano Alegri


TÍTULOS EUROPEUS: 7


NO CAMPEONATO: 1º


ÚLTIMOS JOGOS: vvevv


VANTAGENS: defensivamente já viveu melhores dias; futebol italiano em declínio; conhecimento do clube por parte de Rui Costa; eventual focagem na série A


DESVANTAGENS: ataque imparável com Ibrahimovic em grande forma; actual campeão; eliminação muito provável




CHELSEA FC










TREINADOR: Roberto Di Matteo


TÍTULOS EUROPEUS: 0


NO CAMPEONATO: 5º a 18 pts


ÚLTIMOS JOGOS: edvdv


VANTAGENS: futebol inglês normalmente acessível; a realizar temporada fraquíssima; adversário preferido de Jesus


DESVANTAGENS: incerteza quanto às ideias do novo técnico; confiança acrescida pela reviravolta frente ao Nápoles; conjunto muito experiente; total focagem na Champions




OLYMPIQUE DE MARSELHA
TREINADOR: Didier Deschamps


TÍTULOS EUROPEUS: 1


NO CAMPEONATO: 8º a 19 pts


ÚLTIMOS JOGOS: edddd


VANTAGENS: a tradição pode pesar; equipa sem grandes individualidades; a realizar campeonato miserável; crise de resultados


DESVANTAGENS: eventual espírito de vingança (duas vezes eliminados); ambiente difícil; sagacidade de Deschamps; eventual excesso de confiança de jogadores e adeptos; total focagem na Champions; mais a perder do que a ganhar




APOEL NICÓSIA






TREINADOR: Ivan Jovanovic
TÍTULOS EUROPEUS: 0
NO CAMPEONATO: 3º a 2 pts
ÚLTIMOS JOGOS: vdvvv
VANTAGENS: equipa mais fraca em prova; conjunto totalmente inexperiente a este nível
DESVANTAGENS: eventual deslumbramento e excesso de confiança; menor receita de bilheteira; equipa organizada e fisicamente muito disponível; risco de uma eliminação humilhante; ambiente difícil, sobretudo numa eventual 2ª mão


NOTA: Como se percebe facilmente, a ordem pela qual figuram as equipas é inversa à da minha preferência.

NONSENSE

Se a promessa do novo presidente da Liga já era totalmente disparatada, cumpri-la é levar o disparate à prática.

Num momento de crise generalizada, em que os campeonatos portugueses "pediam" uma redução substancial do número de clubes, eis que se avança num sentido que vai ao arrepio de toda a lógica ou racionalidade.

Por mim, já há muito tempo defendo uma I divisão com 10 clubes a 4 voltas, e uma segunda com 4 séries de 22 equipas, acrescida de uma fase final por eliminatórias para apurar quem sobe (apenas um), e para garantir mais espectáculo e mais receitas. Daí para baixo, apenas distritais, com cada campeão a ter o direito de disputar a II divisão no ano seguinte, por troca com os 5 últimos de cada série. Estariam defendidas as receitas (com muito mais jogos para aqueles que precisam de os fazer), reforçavam-se as rivalidades regionais, e reservava-se a divisão principal para o futebol a sério.

Feirenses? Beira Mares? Leirias? Rio Aves? Moreirenses? Santa paciência! Não há lugar para eles, não há mercado para eles, não há receitas para eles. Clubes que não colocam mais de 1500 pessoas num estádio, não podem jogar contra clubes de nível europeu. É andar a brincar aos futebóis. É promover a artificialidade e a mentira. É bajular caciques locais a quem o futebol nada deve.

Aliás, toda a filosofia "solidária" subjacente a esta presidência da Liga, em que os clubes grandes até terão de ceder partes da sua receita aos pequenos, não faz, para mim, qualquer sentido. O que eu quero é ver o Benfica a brilhar na Europa, assim como quererão os portistas, sportinguistas ou bracarenses. Os outros que arranjem sócios e adeptos (e consequentemente receitas), ou então joguem onde devem jogar: no futebol amador, nas divisões secundárias. Caso contrário estaremos dentro em pouco a pedir que parte das receitas televisivas da Liga de Honra (um monstro que nunca deveria ter existido) sejam também distribuidas pelos clubes da II B, as quotizações destes pelos distritais, e assim sucessivamente.

Para além dos quatro principais clubes, não acredito que existam mais do que seis em condições de disputar um campeonato verdadeiramente profissional, sem salários em atraso e com condições organizativas e infraestruturais de ponta.

Manter, artificialmente, ligados a uma qualquer máquina, um número elevado de clubes em provas profissionais, pode servir alguns interesses, mas não serve o futebol português.

Fica o mapa com a minha proposta, já devidamente calendarizada.

FALTA DE TRANSPARÊNCIA

Como é possível haver delegados da Liga com este perfil?

Estava em funções?

Em que jogos esteve?

Quem são os outros delegados? Serão parecidos?

Como evitar que este tipo de gente tenha funções desta natureza?

TRANSPARÊNCIA

Creio que será pacífico considerar Melgarejo como o melhor jogador do Paços de Ferreira, e estou convencido de que vai fazer parte do plantel do Benfica na próxima época.

Mesmo assim, em jogo muito importante, o clube encarnado não colocou obstáculos à sua utilização como adversário. Foi dos melhores em campo, ia marcando um golo, e deu água pela barba a Maxi Pereira.

Ao contrário do que se vê habitualmente noutros clubes, não houve nenhuma gripe, nem nenhuma indisposição de última hora. Houve sim seriedade, de um lado e de outro.

Mas...na minha opinião, isto não deveria ficar ao critério da honestidade de uns, e da esperteza saloia de outros.

A coisa correu bem, e o Benfica ganhou. Mas o que diriam agora os benfiquistas se ele tem mesmo marcado, e com esse golo liquidado as esperanças na conquista do título?

E se ele tivesse a infelicidade de marcar um auto-golo? O que diriam os portistas?

Julgo que a utilização dos emprestados deveria estar regulamentada. Por exemplo, um máximo de um jogador por clube, a um máximo de três clubes, e utilização interdita contra a casa mãe.

Por mim, Melgarejo não deveria pois ter jogado contra o Benfica. Por mim, haveria um regulamento para o impedir de o fazer. A ele, e aos outros. Sem gripes, nem unhas do pé encravadas.

CLASSIFICAÇÃO REAL

FC PORTO-ACADÉMICA

Já vi mais do que uma vez os lances reclamados pelos portistas, e se o tal fora-de-jogo a Hulk é de facto mal assinalado (este tipo de lances, pela subjectividade dos seus efeitos, não conta para aqui), já o penálti, francamente, não existe.

Aceito que o cartão amarelo ao brasileiro seja exagerado. Trata-se de um lance normal de futebol, em que há um choque, e um dos jogadores cai. Não é falta, nem simulação.

Quanto ao penálti verdadeiramente existente, e assinalado, nada há a dizer, senão lamentar a inocência do jogador que o cometeu.

Resultado real: 1-1

PAÇOS DE FERREIRA-BENFICA

Já fui dizendo quase tudo no texto sobre o jogo.

Dois penáltis por assinalar a favor do Benfica (e mais dois lances, no mínimo, discutíveis, um envolvendo Jardel e outro também Nélson Oliveira); um amarelo mal mostrado e outro por mostrar a Bruno César; e eventual exagero no primeiro amarelo a Michel.

Balanço demasiado negativo para a importância do jogo.

O que releva desta arbitragem é também a manutenção de uma sequência de jogos em que o Benfica tem sido invariavelmente prejudicado por erros grosseiros de arbitragem, por coincidência (ou talvez não) desde que se viu com 5 pontos de vantagem no comando do Campeonato.

Por vezes quero acreditar que os tempos obscuros do Apito Dourado pertençam ao passado. Mas as jornadas iniciais do último Campeonato, e as mais recentes deste, levam-me a temer que grande parte da arquitectura do sistema permaneça de pé.

Resultado real: 1-4

SPORTING-V.GUIMARÃES

Só vi os golos, mas num resultado de 5-0 não acredito que exista o dedo de terceiros.

Resultado real: vitória do Sporting

SP.BRAGA-U.LEIRIA

Pelo que se viu da arbitragem deste jogo, lamento profundamente não ter mantido o registo dos jogos do Sp.Braga. Há dois anos a equipa minhota foi empurrada para o título, embora não o tenha conseguido conquistar. Agora, com o FC Porto na luta, duvido mais dessa eventualidade. Mas, o que é facto, é que foi fortemente beneficiada, pelo menos, nesta jornada.

Resultado real: 2-3

CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA 57

FC Porto 52

Sp.Braga ??

Sporting 46

A LUTA CONTINUA...


Num campo difícil, mas onde tradicionalmente se dá bem, o Benfica conseguiu três importantes pontos, e, mais do que isso, a reaproximação ao primeiro lugar que nas últimas semanas lhe fugira das mãos.

O jogo teve fases bem distintas, que passaram por um ligeiro domínio inicial dos encarnados, uma reacção forte do Paços – que marcou, e, no início da segunda parte, chegou a parecer à beira do 2-0 -, e nova superioridade do Benfica, após ter alcançado o empate (na altura, contra a corrente do jogo), e, sobretudo, depois da expulsão de Michel.

Na primeira parte imperou a maior eficácia dos castores, que marcaram num dos poucos lances de perigo criados junto da baliza de Artur. O Benfica também teve as suas ocasiões de golo, pelo que até ao regresso às cabines o resultado mais justo seria o empate. E assim poderia ter sido, caso a equipa de arbitragem tivesse visto um penálti claríssimo sobre Bruno César (mais um erro grosseiro a prejudicar o Benfica, numa série que já faz lembrar os piores anos do Apito Dourado).

Quando tudo apontava para um regresso em força do Benfica, em busca de um golo rápido que ainda permitisse a reviravolta, o que se viu foi precisamente o contrário: um Paços rápido, incisivo, afirmativo e perigoso, e um Benfica atónito, lento, intranquilo e desinspirado. Não consigo entender como um candidato ao título, a perder ao intervalo, entra para uma segunda parte totalmente dominado pelo seu adversário, que luta para não descer. Já algo parecido acontecera em Guimarães. Desta vez, ainda houve espaço para a recuperação. Mas devo confessar que, um minuto antes do golo de Gaitán, eu dava já este jogo por perdido. E não estava nada contente com isso.

O golo surgiu, como digo acima, contra a corrente do jogo. E como tantas vezes acontece em futebol, teve o condão de alterar radicalmente o estado de espírito de uma e outra equipa. O Benfica percebeu que ainda tinha tempo para chegar à vitória, e o Paços viu ruir um castelo que, depois de muito labor, com a iminência do segundo golo parecia quase concluído.

Embalado por um estádio a abarrotar de benfiquismo, a equipa de Jesus rapidamente chegou ao 1-2, e percebeu-se que já não iria deixar fugir a oportunidade que a sorte (e também, sejamos justos, o talento de alguns dos seus jogadores) lhe colocara por diante. As expulsões, fragilizando o Paços, confirmaram a vitória, e os três pontos para os encarnados. No balanço geral, como a sorte e a eficácia também contam, tem de se tomar o resultado como justo.

Em termos individuais destacaria Nelson Oliveira, pela vivacidade que trouxe ao jogo, e Bruno César pelas acções decisivas que protagonizou (marcou um golo, conseguiu uma expulsão, e…um penálti que o árbitro não viu, ou não quis ver).

Já que falo em árbitro, devo dizer que ficou, pelo menos, uma outra grande penalidade por assinalar, em lance no qual Nelson é tocado no pé de apoio, quando o Benfica já vencia. Quanto às expulsões, se em relação à de Michel (aos 77 minutos, e portanto já com a reviravolta consumada) só o primeiro amarelo poderá ser discutido - em Portugal andam a mostrar-se cartões demais -, sobre a de Ricardo, já aos 88 minutos, só ele, o árbitro, e o assistente, se poderão pronunciar, pois mais ninguém ouviu o que o jogador disse. É verdade que Bruno César poderia ter visto mais um amarelo, mas aí teremos de lembrar que aquele que realmente viu (no tal lance em que é abalroado dentro da área) foi ainda mais disparatado do que a própria grande penalidade que ficou por marcar.

O surpreendente empate cedido em casa pelo FC Porto devolveu a esperança à nação benfiquista. Temia-se que os dragões, uma vez no comando, não facilitassem nestas últimas jornadas, mas percebeu-se, uma vez mais, que o conjunto de Vítor Pereira está longe do fulgor de um grande campeão. À excepção do jogo da Luz (onde, mesmo assim, a dada altura me chegou a parecer derrotado), é difícil encontrar um momento de brilhantismo nesta época do FC Porto, desde há muitos meses para cá. Esta é, pois, a razão maior para a fé prevalecer. Do outro lado da balança estará agora a presença europeia, a exigir compromisso e energia que podem, num ou noutro momento decisivo, vir a desviar a atenção da frente interna. As jornadas que aí vêm poderão ser decisivas, parecendo claro que, embora matematicamente não dependa de si, se o Benfica ganhar os oito jogos que faltam será campeão. E tenho também um palpite muito meu: se, numa destas jornadas, voltar ao primeiro lugar (o que até poderá acontecer na próxima, em que, dos três candidatos é o único que joga em casa), já de lá não sairá.

ACREDITAR ATÉ AO FIM

O meu cepticismo em relação ao Campeonato anda pela mesma medida do entusiasmo que estou a sentir com a Champions.

Espero que os jogadores não pensem o mesmo, pois as contas não estão ainda fechadas quanto ao primeiro lugar, e o segundo está longe de se poder considerar adquirido.

Se o Benfica ganhasse os jogos todos até final, creio que seria campeão. Com uns quartos-de-final de Champions pelo meio, não acredito nessa possibilidade. Mas a equipa deve trabalhar para ela, e não fechar definitivamente a porta á sorte que eventualmente possa vir a ter.

Para já, em Paços, há que pôr a euforia no congelador, e lutar com humildade e bravura, num campo onde só de fato-macaco se pode vencer.

Quanto ao onze, mesmo já sem Garay, Aimar e Emerson, faria ainda descansar Witsel e Gaitán. Gostaria também de ver Matic a jogar mais adiantado (na verdade, o sérvio parece ser mais um substituto para Witsel, do que para Javi).

À LEÃO

A vitória do Sporting sobre o líder da Premier League surpreendeu o país e a Europa.

Diga-se o que se disser, trata-se de um grande resultado para a equipa de Sá Pinto, e certamente de uma alegria que não estava nos planos da maioria dos sportinguistas.

Alguma sobranceria do City, sobretudo tendo em conta a facilidade com que haviam despachado o FC Porto, terá contribuído para o desfecho do jogo. O factor sorte também pesou. Mas o futebol é mesmo assim.

Não acredito muito na possibilidade dos leões passarem a eliminatória. O conjunto inglês tem sido implacável em casa, e um golo é apenas…um golo.

De qualquer forma, esta vitória (que permite a Portugal chegar ao 5º lugar do ranking da UEFA) já é, por si só, bastante prestigiante, e o Sporting está de parabéns por ela.

O PASSADO E O PRESENTE



Na história da principal competição de clubes do mundo, o Benfica é o terceiro com mais presenças nos quartos-de-final, só ultrapassado por Real Madrid e Bayern de Munique.

Olhando apenas aos dados mais recentes, os encarnados não deixam ainda assim de figurar no top-10 dos últimos oito anos, com as presenças de 2005-06, e a de agora.

Em qualquer dos casos, são o único clube português a constar dos dez mais.

O DONO DA BOLA...E OS OUTROS

E foram mais cinco. De uma assentada.




Messi é, decididamente, o rei do futebol. Já leva 12 golos nesta edição, o dobro (!) dos do segundo classificado na lista. Será, pela quarta vez consecutiva, o melhor marcador da mais importante competição de clubes do mundo, e vai a caminho de se tornar o melhor de sempre.




A Liga dos Campeões segue, com as suas estrelas, com os seus jogos mágicos. Até agora, quartos-de-final deslumbrantes, com 4 partidas de eleição: a quase reviravolta histórica do Arsenal, o também histórico apuramento do Apoel, estes esmagadores 7-1 do Barça, e...o Benfica. Melhor era impossível!


Tal como tenho defendido, o melhor futebol do mundo não se vê nos Mundiais, nem nos Europeus, nem em Premieres Leagues, nem na fase de grupos da Champions, nem mesmo na própria final. Vê-se justamente nesta fase, entre os oitavos e as meias, quando as duas mãos permitem (ou impõem) alguns riscos, a selecção de clubes está feita, os estádios ao rubro, e todos os craques em campo, ainda relativamente frescos, dando o litro pela glória.


Hoje há Liga Europa. Embora não tenha o fascínio e a relevância da Champions, ninguém me ouvirá dizer que se trata de uma competição menor. Eu bem sei o que já sofri com ela...




Menor, sim, é o Sporting face ao adversário gigante que tem pela frente. Em futebol tudo é possível, mas neste caso creio que pouco mais resta aos leões do que lutar pela sua dignidade, evitar goleadas, e cair de pé.

AS CORES DA SORTE

Quem sabe o Benfica não vá ter a sorte do clube que venceu a prova em 2004, e apanhar Apoel nos quartos-de-final, Basileia nas meias-finais e Marselha na final. Não acontece muitas vezes, mas...

ENTRE OS GRANDES

Este é o ranking oficial da UEFA, na temporada 2011-2012: Refira-se também, a propósito, que esta foi a 17ª vez na história que o Benfica entrou nos quartos-de-final da Taça/Liga dos Campeões, contra 8 vezes do FC Porto, e apenas uma do Sporting.

Considerando as duas provas (Champions e Europa), nos últimos 7 anos, o Benfica chegou pela 5ª vez a uns quartos-de-final.

E está tudo bem encaminhado para fazer parte do pote 1 no sorteio dos grupos da próxima época.

CRISE? QUAL CRISE?


Decididamente, não necessito de qualquer electrocardiograma. Percebi-o esta noite, durante da segunda parte, e em particular no momento daquele remate cruzado já nos instantes finais (mas ainda antes do 2-0), que me deixou sem fala. Se resisti a isto, é porque a máquina está aqui para as curvas.

Mesmo não tendo o Zenit criado qualquer oportunidade de golo, a importância da ocasião, o trauma causado pelos últimos resultados, e a incerteza que prevaleceu até ao minuto 92, fizeram deste jogo um desafio à capacidade de sofrimento de atletas e adeptos. Um golo russo teria alterado tudo, mas a forma como o Benfica segurou a vantagem que Maxi Pereira conseguiu à beira do intervalo, foi evitando todos os males. Terá sido o jogo em que o Benfica melhor defendeu ao longo de toda a temporada.

Há um nome a destacar: Axel Witsel, que esteve em todo o lado, com um pulmão inesgotável, e uma inspiração fora do comum. Tudo lhe saiu bem, encheu o campo, e realizou uma das melhores exibições individuais que me recordo de ver fazer a um jogador do Benfica de há uns bons tempos para cá.

A primeira parte trouxe aquilo que se esperava. Um Zenit acantonado no seu meio-campo, a tentar fazer andar o relógio tão depressa quanto possível; e um Benfica paciente, lutador e sempre à espreita da oportunidade para ser feliz. O golo surgiu num bom momento, alterando as premissas da partida. A partir daí, a equipa russa teria de se mostrar bastante mais, caso quisesse recuperar a vantagem que trazia da primeira-mão.

Aguardava-se um Zenit acutilante, rápido e perigoso. Não foi bem isso que se viu. É difícil estabelecer a fronteira onde acaba a boa prestação defensiva dos encarnados (sempre extremamente compactos e solidários), e começa a incapacidade dos homens de Spalletti para criar oportunidades de golo (é notória a falta que faz Danny a esta equipa). O que é certo é que o tempo ia passando, sem que as coisas sofressem alteração. O perigo vinha mais da situação do marcador, do que propriamente do que se passava no relvado.

O Zenit parecia, a dada altura, uma equipa de Andebol. Mantinha a bola, trocava-a de lado para lado, procurava um buraco por onde entrar na teia montada por Jorge Jesus. Esse buraco nunca surgiu. A entrada de Matic revelou-se importante para suster o ímpeto final do conjunto russo, ficando no ar a dúvida sobre o que teria acontecido se o técnico encarnado tivesse tomado a mesma opção quando ganhava 2-1 ao FC Porto, na passada sexta-feira.

O tal remate, que me provocou palpitações, foi o último lance em que o Zenit ameaçou a baliza de Artur. Pouco depois, o também entrado Nelson Oliveira respondeu a um passe de Bruno César (outra excelente exibição), e pôs uma pedra sobre o assunto. O Benfica estava mesmo nos quartos-de-final da maior prova de clubes do mundo.
Esta vitória, além do prestígio, além do dinheiro, além do orgulho, é também um senhor pontapé na crise de resultados e de confiança que alastrava na Luz. Aconteça o que acontecer no Campeonato, o balão europeu vai continuar cheio por mais algumas semanas, fazendo sonhar seis milhões de almas benfiquistas. O apoio que brotou das bancadas foi a prova de que o adepto entendeu o que se passou na sexta-feira, e não perdeu a sua fé. A grande alegria final, foi sentida como merecida e justa.

Agora é tempo de a saborear, e do benfiquista se deliciar com os restantes jogos dos oitavos-de-final. Adversários? Ainda estão em prova, com hipóteses de passagem, Apoel, Basileia, Marselha, Nápoles e Lyon. Perante estes nomes, e nada sendo fácil, tudo me parece ser possível.

Howard Webb cometeu erros (julgo ter existido um penálti sobre Cardozo), mas soube impor a sua experiência, e passar ao lado do indesejável protagonismo.