METEOROLOGIA PARA O FIM DE SEMANA

1 x 2
Belenenses-Benfica: 30% 40% 30%
V.Guimarães-Sporting: 20% 30% 50%
F.C.Porto-Gil Vicente: 85% 10% 5%

UMA TAÇA MORIBUNDA

Jogam-se hoje os quartos de final da Taça Uefa.
As equipas em presença são as seguintes: Levski de Sófia, Schalke04, Middlesbrough, Basileia, Steaua de Bucareste, Rapid de Bucareste, Sevilha e Zenit de S.Petersburgo.
Se atentarmos ao posicionamento destas equipas no ranking dos últimos cinco anos em todas as competições europeias, verificamos que o Schalke 04 é o melhor colocado, no 44º lugar. Sevilha, Basileia e Middlesbrough ainda aparecem nos 100 primeiros, enquanto os restantes surgem em lugares entre 100º e o 200º(o Rapid é o pior classificado no 197º lugar).
No ano anterior sucedeu mais ou menos o mesmo.
A pergunta que se impõe é a seguinte: qual é o interesse desta competição ?
A aposta, bem conseguida reconheça-se, da UEFA na sua Liga dos Campeões levou, e bem, à extinção da Taça das Taças.
Quedou-se então a Taça Uefa, como competição de consolação e forma de gerar algumas receitas suplementares.
Há que reconhecer que se tratou de um erro. Nem gera receitas, nem desperta qualquer interesse competitivo. Suspeito que um destes anos nem a própria final venha a ser televisionada.
E que tal, se os vencedores das taças dos países fossem apurados para a primeira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e se acabasse de uma vez com a Taça Uefa, Intertoto e Supertaça europeia, passando a existir apenas uma grande competição europeia ?
Ou então, em alternativa, haverá que pôr fim à presença de terceiros e quartos classificados de alguns campeonatos na Liga dos Campeões, oferecendo assim à Taça Uefa um brilhantismo que o seu historial, apesar de tudo, merece.
Tal como está, não faz sentido existir.

ENTRE NO VEDETISMO

Os posts do VEDETA, estão de novo abertos a comentários de quem queira participar

PARADA DE ESTRELAS

Gianluigi Buffon, Petr Cech, Erwin Vandersar, Carlo Cudicini, Vitor Valdés, José Manuel Reina, Tony Sylva, Gary Neville, Alessandro Birindelli, Juliano Belletti, John Terry, Rio Ferdinand, Liliam Thuram, Fabio Cannavaro, Sammi Hyypia, Jon Kronkamp, William Gallas, Mikael Sylvestre, Gianluca Pessotto, John O’Shea, Steve Finnan, Renon Oleguer, Jamie Carragher, Juan Pablo Sorin, Giovanni Van Bronkhorst, John Arne Riise, Patrick Vieira, Claude Makelele, Frank Lampard, Steven Gerrard, Juan Roman Riquelme, Deco, Alan Smith, Joan Makoun, Marcus Senna, Tiago, Jiri Jarosik, Xabi Alonso, Emerson, Thiago Motta, Ruben Olivera, Manuele Blasi, Dietmar Hamann, Mohamed Sissoko, Andrés Iniesta, Paul Van Bommel, Paul Scholes, Matthieu Bodmer, Pavel Nedved, Joe Cole, Mauro Camoranesi, Ruud Van Nistelrooy, Ronaldinho Gaúcho, Samuel Eto’o, Wayne Rooney, Zlotan Ibrahimovic, Alessandro Del Piero, Daniel Gigax, Hernan Crespo, Eidur Gudjhonsson, Luis Garcia, Harry Kewell, David Trezeguet, Adrian Mutu, Cristiano Ronaldo, Arien Robben, Fernando Morientes, Marcelo Zalayeta, José Mari, Henrik Larsson, Ludovic Giuly, Louis Saha, Robbie Fowler, Carlton Cole, Lucho Figueroa, Peter Odemwingie, Ji Sung Park, Diego Forlán, Djibril Cissé e Ryan Giggs.
O que têm estes oitenta nomes em comum ? Os pré-selecionados para uma selecção do mundo ?
Não !
Todas estas estrelas jogaram no Estádio da Luz, já nesta temporada, em jogos do Benfica com Chelsea, Juventus, Lille, Villarreal, Manchester United, Liverpool e Barcelona.
Impressionante esta lista. Orgulho para os benfiquistas que, como eu, os puderam ver a todos em carne e osso.
Depois do Euro 2004, depois do Inter de Milão para a Uefa, depois do Real Madrid no jogo do centenário, nesta temporada mais uma parada de estrelas iluminou a nova Luz.
Falta só o A.C.Milan, de Schevchenko, Káká, Inzaghi, Maldini e companhia.
Ainda será possível ?

DE LUXO !

Enorme espectáculo de futebol a que se assistiu ontem na Luz.
Não houve golos é certo, mas oportunidades não faltaram para um e outro lado (mais para o Barcelona como seria de esperar), e o bom futebol também não. Sobre o ambiente, haverá poucas palavras que o possam descrever.
Pode-se dizer que constitui uma raridade, um jogo terminar sem golos e ainda assim conseguir ser o extraordinário espectáculo que o de ontem, inegavelmente, foi. Esta época, no nosso país, não me lembro de melhor, salvo talvez o Benfica-Manchester United de Dezembro último.
A exibição de uma equipa, mais do que por aspectos meramente plásticos, deve medir-se tendo em conta as vicissitudes estratégicas do jogo e, sobretudo, o adversário que lhe aparece pela frente. O Benfica teve diante de si a melhor equipa do mundo da actualidade, e esteve perfeitamente à altura da ocasião. Chegou mesmo a dominar os catalães durante alguns períodos da segunda parte, acabando o jogo mais próximo de marcar um golo do que de o sofrer. Por isso se tem que dizer que o Benfica realizou uma extraordinária exibição, que deve encher de orgulho todos os seus associados e simpatizantes, bem como, porque não, todos os portugueses.
São pois difíceis de compreender algumas críticas de tonalidade mais exigente, que já hoje tive oportunidade de ler na imprensa desportiva, e que parecem assentar em conceitos futebolísticos que já não se enquadram muito na realidade do futebol actual, pois nem o Benfica já tem Eusébio, nem é possível empurrar para a defesa uma equipa como o Barça durante os noventa minutos. Se nos lembrarmos do que esta poderosa equipa "blaugrana" fez perante o Real Madrid no Bernabéu, ou diante do Chelsea em Stanford Bridge, chegaremos a uma noção mais exacta da categoria do desempenho benfiquista no jogo de ontem. Com maior brilhantismo no segundo período, é certo, mas também na primeira parte, sobretudo depois de ultrapassado aquele nervosismo inicial.
O Barcelona entrou melhor, beneficiando dessa intranquilidade dos encarnados, mas a partir do quarto de hora de jogo o Benfica conseguiu libertar-se da pressão contrária, estendeu mais o jogo, e se as melhores oportunidades continuaram a ser dos catalães, a verdade é que se entrou numa toada de parada e resposta, com o Benfica a aproximar-se frequentemente da área adversária, conseguindo ainda na primeira parte um número bem razoável de remates, mormente de meia distância, alguns deles com perigo (recordo-me, pelo menos, de remates de Simão, Geovanni, Beto, Petit e Manuel Fernandes).
Estrategicamente, afigurou-se-me correcto Koeman optar por jogar com a equipa bastante encolhida no terreno, não deixando espaços entre a linha defensiva e Moretto, procurando chamar a si os catalães para tentar aproveitar as suas costas em contra ataque.
Na segunda parte, com a entrada de Miccoli para o lugar do pouco produtivo Robert, o Benfica foi capaz de equilibrar definitivamente a partida, chegando a dominá-la em vários momentos. Aproveitando a frescura do italiano, Koeman jogou aí as chances de poder vencer, surpreendendo o adversário em contra-ataque, ou num eventual lance de bola parada.
O Barcelona foi tentando, com a mobilidade e troca de posições dos seus dianteiros, remeter o jogo para a zona defensiva encarnada, mas o bom desempenho defensivo do Benfica, e a capacidade de transição rápida para o ataque acabaram por pôr em sentido o colosso catalão. Através de Geovanni primeiro e Simão depois, o Benfica acabou então por construir claras situações de golo, que a acontecer, diga-se, não seria de todo justo para a equipa espanhola.
A vinte minutos do fim, o quase anónimo árbitro inglês que a UEFA nomeou para este jogo, não viu, ou não quis assinalar, uma clara grande penalidade cometida por Thiago Motta, que cortou com a mão um cruzamento de Simão Sabrosa. Podia ter estado aqui o momento do jogo, pois se o Benfica aí marcasse, dificilmente deixaria fugir a vitória, e estaria agora numa posição muitíssimo mais favorável para poder resistir ao vulcão de Nou Camp.
Ainda assim parece-me que as possibilidades de o Benfica passar esta eliminatória estão hoje exactamente no mesmo ponto que estavam ontem, antes do jogo da primeira mão. Eram poucas, e continuam a sê-lo. Qualquer empate serve (foi alcançado o primeiro objectivo que era não sofrer golos), o que obrigará o Barcelona a assumir o jogo e a ter de consentir alguns espaços atrás das costas da sua linha mais recuada.
Eram dois jogos, agora será somente um. Noventa minutos apenas. Noventa minutos para o sonho. É possível surpreender. Força campeões !

AS ESTRELAS DO CÉU DA LUZ

O desempenho colectivo do BENFICA foi de um modo geral muito bom. No plano individual houve também algumas unidades a brilhar a grande altura. Segue uma pontuação de 0 a 5:

MORETTO (2) É difícil analisar a performance de um jogador que, no mesmo jogo, viaja rapidamente entre o medíocre e o excelente. Fez grandes defesas, é um facto, mas as falhas equivaleram-se, algumas bem graves e que podiam ter irremediavelmente comprometido a eliminatória. Se me pedirem para pesar os aspectos positivos e os negativos, diria que não há intervenções que valham a um guardião que tem momentos de desconcentração incríveis, e põe em sobressalto permanente todo o estádio e, acima de tudo, os seus colegas. O pior é que se trata de uma situação reiterada.
RICARDO ROCHA (4) Exibição quase perfeita do, agora, lateral benfiquista. O melhor elogio que se lhe pode fazer é que Ronaldinho Gaúcho pouco se viu no relvado da Luz, pois Ricardo não lhe deu uma nesga de espaço, conseguindo apagá-lo praticamente sem cometer faltas. O único senão foi algum descontrolo táctico, compreensível aliás, na cobertura do seu flanco (Robert também pouco ajudou...), permitindo que por vezes, de olho em Ronaldinho, deixasse Eto’o sozinho a semear o pânico na defesa benfiquista.
LUISÃO (3) Não tão exuberante como de costume, mas ainda assim com uma exibição bem positiva, não dando espaços na sua zona de acção. Foi sempre muito marcado nos lances de bola parada, sinal de que Frank Rijkaard estudou bem o Benfica e as movimentações do seu central.
ANDERSON (3) Entrou um pouco nervoso, sendo dos que mais sentiu o peso da ocasião (duas falhas graves na primeira parte podiam ter sido fatais). Pelo tempo fora foi-se recompondo, acabando o jogo em excelente plano.
LÉO (4) Mais uma extraordinária exibição do pequeno lateral brasileiro. Meteu pura e simplesmente Larsson no “bolso”, não permitindo praticamente nenhuma iniciativa atacante do Barcelona pelo seu flanco (se exceptuarmos o lance da bola ao poste, todas as ocasiões do Barça foram criadas pelo centro ou pela esquerda). Se Messi jogar na segunda mão terá dificuldades acrescidas. Mas se há jogador neste Benfica que inspira total confiança, esse é Léo.
PETIT (3) Muito cauteloso durante a primeira parte, não foi o jogador preponderante que habitualmente é. Ainda assim patenteou a generosidade habitual, nunca virando a cara à luta. Esteve infeliz nas bolas paradas.
BETO (4) O melhor em campo. Esteve soberbo na marcação a Deco, ganhou bolas sem fim na luta do meio campo, e ainda teve espaço, tempo e força para lançar iniciativas de ataque. Um ou outro passe errado (um deles em zona proibida) impedem a nota máxima. Mas Beto terá realizado nesta partida a sua melhor exibição com a camisola do Benfica, e já vai sendo tempo de a massa associativa benfiquista perceber que não pode exigir sons de violino a quem tem por missão tocar tambor.
MANUEL FERNANDES (3) Começou muito bem, beneficiando de alguma liberdade garantida pela protecção de Beto e Petit nas suas costas. Foi durante a primeira parte uma das unidades em maior destaque na equipa do Benfica. No segundo tempo, estranhamente, eclipsou-se, entrando num futebol algo complicativo que originou algumas perdas de bola desnecessárias. Ainda assim nota positiva no conjunto dos noventa minutos.
ROBERT (1) Foi a unidade menos desta equipa na noite da Luz. Muito indolente na hora de lutar pela posse de bola, foi desta vez também bastante incipiente no plano da construção de jogo. O Benfica não jogou com dez na primeira parte, como se ouvia nos corredores da Luz ao intervalo, mas o desempenho do francês foi francamente infeliz. Bem substituído.
GEOVANNI (3) Não repetiu a noite do Manchester, parecendo algo limitado fisicamente. Ainda assim lutou bravamente, e acabou por estar em duas das melhores ocasiões do Benfica, num excelente remate cruzado na primeira parte, e depois, vendo o cotovelo de Oleguer desviar uma bola que se dirigia para a baliza do Barcelona.
SIMÃO (4) Foi muito constante ao longo do jogo, mas foi sobretudo na segunda parte que pôs na relva toda a capacidade que fez um dia o Barcelona pagar uma fortuna por ele. Esteve em grande parte dos lances de ataque do Benfica, e sempre que tocava na bola a defesa catalã dava mostras de alguma prudência. Teve nos pés a glória, quando perto do fim, Valdés defendeu com os pés um remate seu já no interior da área.
MICCOLI (3) Entrou bem no jogo, sendo a unidade que catapultou, com a sua irreverência e rapidez, o Benfica para uma segunda parte de tonalidade bem mais afirmativa em termos ofensivos. Provavelmente não aguentaria o ritmo durante noventa minutos, daí a opção de Koeman em deixá-lo no banco de início.
KARAGOUNIS (2) No tempo que esteve em jogo, garantiu a habitual qualidade na circulação de bola, ajudando a tranquilizar os colegas de modo a segurar um eventual assalto final dos catalães. Ainda teve ocasião para desferir um perigoso remate.


No BARCELONA nem todas as estrelas estiveram cintilantes, mas ainda assim a equipa de Rijkaard construiu as melhores ocasiões do jogo, realizando uma primeira meia hora de grande classe.

Valdés (4) Seguríssimo sempre que chamado a intervir.
Belletti (3) Regular, apesar das dificuldades criadas por Simão e depois Miccoli.
Oleguer (3) Seguro e sereno. Um central de classe.
Motta (3) Cometeu uma grande penalidade que o árbitro não assinalou. De resto esteve regular.
Van Bronkhorst (3) Menos ofensivo que Belletti, foi contudo mais constante no plano defensivo
Van Bommel (4) Excelente desempenho deste habitual suplente. Bem na cobertura defensiva e primeiro pilar das movimentações atacantes da equipa. Muito forte e combativo
Iniesta (3) Bom complemento para Van Bommel
Deco (3) Muito e bem marcado por Beto, não esteve brilhante. Falhou um golo de baliza aberta. De qualquer modo, ainda houve algumas gotas do perfume da sua classe.
Larsson (2) Muito apagado, fruto sobretudo da acção de Léo. Apenas uma vez se libertou atirando ao poste.
Eto’o (4) Apesar do golo falhado diante de Moretto, a verdade é que o camaronês foi a estrela desta constelação que mais perto esteve do seu melhor nível. Extremamente móvel (muito mais do que normalmente aparenta pela televisão), foi quase sempre uma seta apontada à baliza benfiquista.
Ronaldinho (3) A nota pouco brilhante é mais por aquilo que se poderia esperar do melhor jogador do mundo, do que propriamente pelo seu efectivo desempenho. A verdade é que sempre que parte com a bola controlada, gera o pânico total na defensiva contrária. Ontem, todavia, não fez a diferença. Face às suas exibições mais recentes, ficou um certo sabor a pouco, e ainda bem que assim foi.
Giuly (1) Pouco participativo no tempo que esteve em campo
Gabri (2) Contribuiu para segurar o meio campo, numa fase em que o Benfica se assenhoriava das rédeas do jogo.

Árbitro (1) Para além do lance referido do penalty, e sem qualquer tipo de clubismo ou patriotismo, a verdade é que deixou a sensação de ter sido nomeado para ajudar o Barça e Ronaldinho a chegarem à final, em nome da UEFA, da Nike e das correspondentes receitas.
Transformou pontapés de baliza em cantos, marcou faltas ao contrário, evitou cartões aos espanhóis, não deixou, num assomo de absurda falta de bom senso, marcar um livre perigoso no final da primeira parte. O lance do livre indirecto também deixa algumas dúvidas.
Pode ser que esteja enganado, mas na Catalunha iremos voltar a observar este problema. Também a isso os encarnados terão que resistir.


VEDETA DO JOGO : Beto

ÁGUIA DO MEU CÉU

Na Europa encantaste, o país enobreceste,
És amor de uma vida, paixão popular,
À Luz da tua casa a todos deixaste
Enfim a sorrir, também a chorar

No teu mundo, vencer é lei,
És vermelho de sangue, cor de luta, cor de gente,
Nunca, jamais, algures te deixarei,
Perto de ti, sempre a sofrer, sempre presente

Luís Duarte

NAS ASAS DE UM SONHO

Depois de ultrapassar o colosso Manchester United e o campeão europeu Liverpool, eis que o Glorioso tem pela frente aquela que é tida pela generalidade dos observadores como a melhor equipa do mundo no momento.
Não é difícil chegar a essa conclusão se atentarmos ao facto de o Barça dispor nas suas fileiras do unanimemente reconhecido como o melhor jogador do mundo, do também inequivocamente considerado como melhor jogador africano, de um dos dois melhores jogadores da selecção portuguesa, de um dos melhores jogadores suecos de todos os tempos, um dos melhores jogadores franceses da actualidade, do melhor defesa de Espanha, que todavia não vai estar na Luz, e da maior promessa do futebol argentino e mundial (enquanto o Real Madrid se entretinha com ex-bolas de ouro, o Barcelona parecia apostar em futuros bolas de ouro), também ausente deste jogo, tal como o melhor jogador mexicano. A esta parada de estrelas acresce um conjunto extremamente equilibrado, a partir do qual Rijkaard tem conseguido aliar à eficácia ofensiva, um rigoroso desempenho defensivo, que tem catapultado a equipa para o primeiro plano do futebol espanhol e europeu de há dois anos a esta parte, depois de uma primeira época em que o cutelo do despedimento pairou sobre a sua cabeça.
Mas não adianta teorizar muito acerca dos processos tácticos da equipa catalã. Ela vale pelas suas extraordinárias individualidades. Quem junta Ronaldinho, Deco, Messi e Eto’o, só pode mesmo praticar um futebol esmagador.
Quais são então as hipóteses de o Benfica passar esta eliminatória ?Sejamos claros. São poucas ! Todavia existem...
As várias baixas entre os catalães são um sinal de esperança. O Barcelona não vai poder contar nesta primeira mão com cinco titulares indiscutíveis (quase meia equipa), como são Edmilson, Puyol, Marquez, Xavi e Messi, quatro deles ligados predominantemente ao processo defensivo, e é preciso dizer que o banco de suplentes do Barça não é tão recheado nos sectores recuados como na frente de ataque, o que deverá obrigar à estreia absoluta em termos internacionais do central da “cantera” Rodri, num onze que poderá ter a seguinte configuração: Valdés, Belletti, Oleguer, Rodri, Van Bronkhorst, Motta, Van Bommel, Deco, Giuly, Eto’o e Ronaldinho.
Por outro lado o Benfica conta com o factor do não favoritismo a seu favor. Quando saiu o Benfica no sorteio, os espanhóis (se eles me perdoam que assim os considere) devem seguramente ter respirado fundo por se terem visto livres, por exemplo, de Juventus, do Lyon ou do Milan, saindo-lhes um clube que, embora tendo sido campeão europeu mais vezes que eles, vem de um longo processo de recuperação desportiva, depois de anos de grande apagamento internacional, sendo a equipa pior classificada no ranking da UEFA dos últimos cinco anos, e também a de mais baixo orçamento, de entre as oito presentes nestes quatros de final. É claro que jogadores altamente profissionais e de topo do futebol mundial, como são os do Barcelona, não entrarão certamente em euforias facilitistas. Mas a verdade é que a psicologia de grupo por vezes dita as suas leis, traindo os objectivos daqueles que, por se julgarem mais fortes à partida, não consigam ter a mesma atitude mental perante situações competitivas limite. É a velha história de David contra Golias.
O que terá que fazer o Benfica para ultrapassar este tremendo obstáculo ?
Se fosse possível dispor de uma receita para anular Ronaldinho Gaúcho, seria por aí que o Benfica deveria enveredar. Essa receita não existe, mas uma atenção especial a dispensar ao astro brasileiro parece-me imprescindível.
Deste modo, julgo que a utilização de Beto será, mau grado todas as críticas ou assobios provenientes da bancada, uma inevitabilidade. Será uma unidade a menos na construção, é certo, mas é seguramente um elemento capaz de atrapalhar a acção de Ronaldinho durante os noventa minutos, sem regatear esforços nem manifestar qualquer desgaste.
Uma vez que Ronaldinho cai preferencialmente sobre o flanco esquerdo do seu ataque, também não seria má ideia manter Ricardo Rocha como lateral direito, em detrimento de Nelson, pois o central de raiz parece reunir um perfil defensivo mais agressivo que o cabo-verdiano, que ainda por cima vem de uma lesão.
No ataque há que apostar em jogadores rápidos, pelo que o ponta de lança escolhido deverá ser Geovanni, com a possibilidade de Miccoli entrar no decorrer da partida. Simão é certo num flanco, e parece-me ajustada a utilização de Laurent Robert no outro, quer pelo possível aproveitamento dos lances de bola parada, uma das eventuais chaves do êxito, quer pela possibilidade de ir trocando de posição com Simão ao longo do jogo, podendo dessa forma tentar confundir as marcações contrárias. Julgo também que o francês, num palco desta natureza, será capaz de revelar um grau de agressividade e de velocidade mais de acordo com o estatuto que trouxe de Inglaterra.
O onze do Benfica seria então o seguinte: Moretto (não é altura para pensar em alterações na baliza), Ricardo Rocha, Luisão, Anderson, Leo, Petit, Manuel Fernandes, Beto, Robert, Geovanni e Simão.
Pode à primeira vista parecer um onze de reduzido risco para quem joga em casa. Contudo, julgo que ninguém de bom senso exigirá ao Benfica que resolva a eliminatória nesta primeira mão.
O Benfica tem de procurar fazer um jogo cauteloso, humilde, e sobretudo assente no objectivo de impedir os catalães de desenvolverem o seu esplendoroso futebol. Qualquer resultado sem sofrer golos será bom, até mesmo o 0-0, pois o que os encarnados têm como objectivo de base é salvaguardar a hipótese de decidir a eliminatória no segundo jogo, tal como aliás sucedeu ante o Liverpool. Uma vitória seria óptima, e por 1-0 perfeita. A evitar será sobretudo qualquer resultado que obrigue a ir para Camp Nou com a imperiosa necessidade de vencer.
As armas a utilizar neste jogo, deverão ser pois o contra-ataque e o aproveitamento de situações de bola parada. De peito aberto, procurando dominar o Barcelona, parece-me impossível de chegar à vitória. Isto não quer dizer que se deva entrar com medo, pelo contrário. Se assim se pode dizer, julgo que o Benfica deverá procurar adoptar uma atitude cínica, no sentido futebolístico da palavra, para tentar a sua surpresa, mas sempre confiando nas suas capacidades, e na nesga de hipóteses que tem de mais uma vez deixar a Europa do futebol de boca aberta.
Do árbitro, algo inexperiente a este nível, espera-se que não olhe a nomes, e apite com isenção. É certo que o Barcelona é neste momento muito mais mediático, e uma final com a sua presença não seria desprezível para as altas instâncias da UEFA. Mas a beleza deste jogo é também a sua incerteza, e além do mais, o Benfica é também um grande nome na Europa dos campeões.
Os dados estão lançados, e agora resta-nos fazer a nossa parte, que é transformar mais uma vez a Luz num inferno, e gritar do princípio ao fim, com esperança, com confiança, com alma e com a noção de que a obrigação da equipa, pelo menos na Europa, já está há muito cumprida, pelo que tudo o que ainda nos seja oferecido deverá constituir motivo de grande exaltação e orgulho.
Quando o hino da Champions soar no estádio, um arrepio na espinha vai atravessar a família benfiquista. Será o momento também para pensar onde já esteve o Benfica, num passado ainda recente, e onde se encontra agora. Todo o apoio será pouco.
Vamos continuar neste sonho.
Viva o Benfica !
Viva Portugal !

VEDETA DA JORNADA

LÉO : Numa jornada em que não houve grandes destaques individuais, a distinção acaba por ter como base o trabalho realizado ao longo das últimas semanas. Deste modo parece ser de total justiça considerar como primeira VEDETA o lateral esquerdo benfiquista, pequeno em altura mas enorme em talento e em entrega ao jogo.
À beira do "vedetismo" poderiam figurar os nomes de Nani, a confirmar-se cada vez mais como um grande jogador, Nuno Gomes, de regresso aos golos, ou Hugo Almeida, decisivo na vitória do F.C.Porto.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Descontando os erros de arbitragem, teríamos o seguinte panorama classificativo no topo da tabela após a 28ª jornada:

F.C.PORTO 63
Benfica 61
Sporting 53

SEM SAL

Não fosse o facto de o primeiro lugar estar suspenso por dois pontos, e a luta pela manutenção estar ao rubro, bem se poderia dizer que este campeonato estava a ser uma verdadeira caravana da pobreza.
Há três jornadas que os três grandes não sofrem um único golo.
Fruto de exibições convincentes ? Não !
Os grandes não têm sofrido golos, nem praticamente perdido pontos, devido a um decréscimo generalizado da qualidade dos seus opositores, sobretudo se compararmos com o que aconteceu na pretérita temporada.
Quem não se recorda do excelente Penafiel da época transacta, com Wesley, N’Doye, Sidney e Marcelino; ou do Rio Ave de Ricardo Nascimento, Paulo César e Franco treinado por Carlos Brito; e o Vitória de Setúbal de José Couceiro, com Jorginho, Manuel José, Meyong, Hugo Alcântara, Moretto e Moraes; ou o Vitória de Guimarães de Manuel Machado e César Peixoto, Silva, Marco Ferreira e Targino; ou ainda de uma Académica defensivamente quase impenetrável; de um Boavista candidato ao título até a poucas jornadas do fim, com Nelson e Hugo Almeida entre outros; de um Braga com Abel, Nunes, Jorge Luiz, João Alves e Jaime, muito mais forte que o de hoje; de um União de Leiria mais afirmativo; de um Marítimo incomparavelmente melhor ; de um Gil Vicente perigoso; de um Belenenses muito mais tranquilo ?
O que se terá passado da época anterior para esta não foi, portanto, uma melhoria dos clubes grandes, mas sim, claramente, um decréscimo generalizado da qualidade de quase todas as restantes equipas.
Mesmo nos grandes, é de notar que perderam (eles e o futebol português) em poucos meses jogadores como Jorge Costa, Nuno Valente, Seitaridis, Derlei, Carlos Alberto, Costinha, Maniche, Helder Postiga, Beto, Enakahrire, Rui Jorge, Pedro Barbosa, Rochenback, Hugo Viana, Pinilla e Miguel. Quem chegou de qualidade semelhante? À excepção de Lucho Gonzalez , e alguns dos reforços do Benfica (cujo efeito se tem notado mais a nível internacional do que na nossa liga), quase ninguém.
O resultado de tudo isto é termos passado de um campeonato espectacular, o da época passada, com incerteza até ao último minuto do último jogo, com sete comandantes desde o seu início, alguns grandes espectáculos de futebol, muitas surpresas e momentos de grande exuberância de quase todos os clubes, para uma liga sem sal, com uma média de golos substancialmente inferior e com dois terços das equipas a lutarem unicamente para não descer. Será isto o nivelamento por baixo ?
Bem se pode dizer que o Sporting está mais coeso, e é verdade, mas não podemos esquecer que na época passada foi finalista europeu, a duas jornadas do fim era lider da liga e teve momentos que os seus adeptos chegaram a considerar como os melhores do seu historial (lembram-se das exibições no Bessa, em Braga, em Guimarães etc). O F.C.Porto foi campeão do mundo durante a época passada, e mau grado toda a irregularidade, sobretudo nos jogos em casa, tenho para mim que tinha um plantel, ainda recheado de campeões europeus, bem superior ao deste ano (sobre a sua qualidade de jogo, quem melhor que os seus adeptos para se pronunciarem ?).
Os jogos de domingo, sobretudo a segunda parte do Sporting-Penafiel (nos tempos de Peseiro teria valido lenços brancos...), foram de uma pobreza lastimável, e inserem-se nesta triste tendência que a liga portuguesa tem apresentado, sobretudo na segunda volta, depois de Braga e Nacional terem perdido o fólego com que chegaram a ameaçar os primeiros lugares. Sobraram os excelentes golos de Nani, João Alves e Hugo Almeida, e evidentemente os três pontos para os seus clubes.
Se o motivo das exibições descoloridas dos dois primeiros teve origem no desgaste do jogo da taça, é caso para questionar o que seria esta liga se F.C.Porto e Sporting acompanhassem o Benfica nas provas europeias.
Desinvestimento económico generalizado, fantasma da descida (pairando sobre quase todos os jogos), desgaste europeu (no caso do Benfica), ou outra qualquer justificação, o essencial é que esta liga está insossa, e cada vez é menos expectável que o panorama se venha a alterar.

ORQUESTRA AFINADA EM DIA DE ENSAIO GERAL

Diz-nos a experiência que os jogos de campeonato antes de grandes confrontos internacionais se revelam quase sempre de elevado grau de dificuldade. Se por um lado a psicologia dos jogadores está inevitavelmente desfocada do momento, por outro, a razão, quer se queira quer não, manda que se pense em evitar lesões e até mesmo algum cansaço, pois não estamos a falar de máquinas.
Se é fácil motivar jogadores para um Benfica-Barcelona, não sendo necessário o técnico abrir a boca para tal, já para este Benfica-Sp.Braga se temia que os encarnados aparecessem em campo ansiosamente esperando pelo apito final do árbitro.
Nada melhor para ultrapassar este risco do que a obtenção de um golo na primeira jogada do desafio.
Fica por saber o que seria este jogo, e que dificuldades apresentaria, se tal não tivesse sucedido. Todavia, como no futebol não cabem os “ses”, o que se tem de dizer é que o Benfica arrancou para uma exibição segura que, apesar de longe de qualquer brilhantismo, garantiu uma justíssima vitória.
Pode-se argumentar que o Sporting de Braga não esteve ao seu nível, ou que com onze jogadores até final poderia ter dado outra réplica, mas não se pode olvidar que foi o Benfica que, com a velocidade e agressividade que imprimiu de entrada ao seu jogo, limitou a acção dos bracarenses empurrando-os para a banalidade.
Neste período inicial foi determinante a acção de dois homens que não estarão amanhã no relvado da Luz, Manduca e Nuno Gomes (de regresso aos golos depois de um prolongado jejum), pela constante movimentação e pela velocidade que foram capazes de imprimir aos lances de ataque da equipa, perante um adversário meio aturdido com o golo tão precocemente sofrido.
Pelo tempo fora, o Benfica foi sendo capaz de controlar o jogo e embora não criasse grandes ocasiões de golo, a verdade é que quem estava no estádio teve sempre a sensação de que os lisboetas estavam mais perto do segundo, que o Sporting de Braga do empate.
A expulsão de Luís Filipe foi o golpe de misericórdia na equipa de Jesualdo, que a partir daí foi pouco menos que inofensiva. A entrada de Karagounis também contribuiu para uma maior segurança na posse e circulação de bola.
Individualmente há que destacar, para além dos já mencionados, a habitual atitude de Petit, a exuberância de um Léo cada vez mais influente, um Simão próximo do seu melhor (sobretudo quando apareceu pelo flanco esquerdo), e a agressividade e clarividência de Manuel Fernandes no meio campo. De realçar também a exibição muito positiva de Ricardo Rocha no lado direito da defesa, provando mais uma vez o quanto a sua versatilidade é útil para a equipa. Os centrais estiveram regulares.
Pela negativa terei que mencionar a exasperante letargia de Laurent Robert, mau grado o cruzamento para o golo, e os infelizmente habituais sustos causados pelas saídas de baliza de Moretto (quantas mais falhas serão necessárias para a titularidade ser devolvida a Quim ?).
No Sp.Braga o mais inconformado foi Wender.
O árbitro esteve em razoável plano, tendo ficado algumas dúvidas no lance de Petit sobre Delibasic, aceitando-se uma ou outra interpretação.
E agora, venha o Barça !

METEOROLOGIA PARA O FIM DE SEMANA

1 x 2

Benfica-Sp.Braga: 50% 30% 20%
Académica-F.C.Porto: 10% 20% 70%
Sporting-Penafiel: 85% 10% 5%

G5 , G10 ou G14 ?

Quando estamos à porta dos quartos de final da Liga dos Campeões, onde o Benfica vai estar presente pela décima sexta vez (contra seis do F.C.Porto e apenas uma do Sporting), importa relembrar o ranking de sempre da competição. O critério é o seguinte: 3 pontos por vitória, 1 por empate, e bónus de 3 por participação, 1 por eliminatória passada, 10 por presença na final e 20 por título.

1º REAL MADRID
2º Bayern de Munique
3º A.C. Milan
4º Juventus de Turim
5º S.L.BENFICA
6º Ajax de Amsterdão
7º Manchester United
8º F.C.Barcelona
9º Liverpool F.C.
10º Inter de Milão

Como curiosidade, acresce que das oito equipas presentes nos quartos de final desta edição, apenas o Milan tem mais títulos e mais finais disputadas que o Glorioso.
Ao Barcelona, o Benfica ganha 2-1 em títulos e 7-4 em finais...

MEMÓRIA CURTA

O campeonato já vai longo, mas a memória não pode ser curta.
Ao ouvir os dirigentes e técnico do Sporting no final do jogo do Dragão (em que foram de facto prejudicados), fiquei na dúvida se se trataria de um caso de inocência (conforme o próprio Carlos Freitas afirmou), amnésia ou pelo contrário de uma meticulosa estratégia de pressão e condicionamento para o que falta de liga.
Quem pode esquecer o golo (que não o foi) do União de Leiria em Alvalade, o golo no Bessa resultante de canto inexistente e após falta de Beto, os penaltys não assinalados cometidos por Polga no Restelo, no mesmo Dragão, no Bonfim e frente ao Marítimo (todos por mão na bola), e os cometidos por Tonel na Luz, e frente ao Nacional e ao Boavista (agarrando os pontas-de-lança Nuno Gomes, André Pinto e Fary respectivamente), o golo limpo anulado ao Vitória em Setúbal, o golo fora-de-jogo validado a João Moutinho em Coimbra, o penalty fantasma no último minuto frente ao Estrela da Amadora, etc etc. ?
Fazendo as contas aos erros de arbitragem desta temporada a favor e contra, o Sporting terá sensivelmente mais oito pontos do que os que deveria ter, os suficientes para o colocar em posição privilegiada na luta pelo título.
Outras épocas houve em que assim não foi, mas nesta é assim que tem sido.
Os responsáveis leoninos deviam ter isso em mente antes de, ardilosamente, lançarem o estigma da suspeição para o resto da temporada. Quem gosta de se afirmar pela diferença, não pode e não deve seguir esta cartilha, sob pena de cair na mais absoluta descredibilização.

NAS MÃOS DE BAÍA O PERFUME DA INJUSTIÇA

Foi grande o espectáculo a que o país assistiu ontem. Grande em duração e também em emotividade e incerteza quanto ao vencedor.
Depois de mais de duas horas de futebol, pode-se dizer que ficou um cheirinho a injustiça no ar, pois quanto a mim, o Sporting foi durante a maior parte do tempo, mais equipa que o seu adversário.
O F.C.Porto entrou melhor, e realizou quinze minutos de grande categoria, nos quais empurrou os leões para a sua área. Com o decorrer do tempo, percebeu-se contudo que a equipa de Adriaanse sustentava o seu jogo apenas no rendimento de algumas das suas principais unidades, sobretudo Ricardo Quaresma, enquanto que o seu opositor apresentava uma organização de jogo muito mais cimentada, que a pouco e pouco foi manietando o meio campo portista, afastando o jogo do seu sector defensivo.
Este Sporting de Paulo Bento, joga com as linhas muito juntas entre si, e patenteia uma saúde física digna de nota, o que faz com que o seu meio campo em losango, anule por completo o jogo dos adversários, tal a pressão que os seus quatro componentes, muito guarnecidos por um sector defensivo muito próximo, são capazes de fazer assim que a bola entra no seu meio campo. Os laterais fecham os flancos com grande eficácia, e na frente, a mobilidade de Liedson, beneficiando do posicionamento mais fixo de Deivid, e as entradas dos médios, ora Moutinho, ora Carlos Martins, ora Sá Pinto, são suficientes para pôr em sentido as defesas contrárias e criar lances de perigo.
O F.C.Porto foi, ao invés, um equívoco táctico durante a maior parte do jogo. Não entendi a colocação de Marek Cech nas costas de Quaresma na esquerda, sobretudo tendo em conta que no flanco contrário não aparecia ninguém a procurar causar desequilíbrios. Foi curiosamente numa das poucas vezes que o criativo extremo portista apareceu no lado direito, que o F.C.Porto acabou por marcar, beneficiando também da ausência de Caneira, expulso um minuto antes, e quando já nada fazia prever que a vitória fosse fugir aos leões.
Pode-se dizer que os portistas tiveram a sorte do jogo (ganhar por penaltys é desde logo uma felicidade), e tiveram o mérito de poder contar com individualidades, de Baía a Quaresma, de Lucho a McCarthy, que acabaram por arrastar para os penaltys um jogo que o Sporting, mais unido e equilibrado, podia muito bem ter ganho nos cento e vinte minutos.
O árbitro esteve francamente mal, com prejuízo nítido para os leões, designadamente ao não assinalar uma mão de Pepe dentro da área, ao expulsar Caneira, aparentemente sem grande justificação, e ao equivocar-se num lance de canto transformado em pontapé de baliza, e foi também muito mal auxiliado, sobretudo no ajuizar dos foras de jogo, cortando dois lances ao Sporting, e deixando passar uma deslocação de McCarthy à beira do intervalo que, não fosse a excelente intervenção de Ricardo (em grande forma), resultaria no primeiro golo do encontro.
Olegário Benquerença já deu provas suficientes da sua falta de qualidade enquanto árbitro, e até foi bom que fossem outros a sentir isso, de modo a entenderem melhor o quanto foi penalizado o Benfica no ano passado, no tristemente célebre jogo da Luz com os dragões, pelos obtusos critérios deste senhor. Curiosamente, ou talvez não, o beneficiado foi o mesmo...

MANELELE

O pérola negra do meio campo benfiquista, craque de primeiríssima água, foi nomeado, juntamente com um conjunto de mais dezanove jogadores, entre os quais Lionel Messi, Freddy Adu, Podolski e Cristiano Ronaldo, para o título de melhor jogador jovem do ano.
O mesmo jogador é alvo de um elogioso artigo no site da Fifa.
Os meus parabéns ao Manel, e à atenção de Felipão.

O CLASSICO DE HOJE

Deixando de lado paixões, interesses, gostos ou contragostos, vamos assistir hoje a um interessante confronto entre duas equipas que representam filosofias de jogo completamente distintas, antagónicas mesmo.
De um lado um F.C.Porto com um processo ofensivo exuberante, muita posse de bola, muitas unidades envolvidas no ataque, elementos com elevado grau de criatividade individual, e uma generalizada atitude de risco.
Do outro, um Sporting coeso, combativo, calculista, rigoroso, jogando no erro do adversário, muito cuidadoso nas transições defensivas, pouco audaz nos movimentos de ataque, e apostando sobretudo na mobilidade e na eficácia de Liedson para criar perigo junto da baliza adversária.
É difícil prever quem possa levar a melhor, pois quase se assiste a uma simetria de potencialidades resultantes das vantagens de uns, perante as desvantagens de outros.
No último Chelsea-Barcelona, salvaguardando as distâncias, de contornos tacticamente semelhantes (de um lado o rigor e a eficácia, do outro a criatividade e o risco), foram os artistas a vencer. Mas a história do futebol está repleta de exemplos contrários.
À primeira vista o Sporting, fortemente motivado e confiante, parece ter diante de si uma equipa tacticamente propícia à exploração dos seus mais fortes pontos. Jogando com dois pontas de lança (Deivid fixo e Liedson mais móvel), vai obrigar Paulo Assunção a descer para o lado de Pepe, limitando também a acção de Pedro Emanuel (à partida mais descaído sobre a esquerda). Sá Pinto vai cruzar-se com Raul Meireles, e vai certamente sobrar algum espaço para iniciativas de João Moutinho (em grande forma) ou Carlos Martins.
Em termos defensivos, Caneira e Abel parecem ser homens para manietar a capacidade de construção de Quaresma e (ao que parece) Anderson, que poderá surgir numa das alas, o que será uma curiosidade acrescida. Tonel, Custódio e Polga podem assim manter a superioridade numérica que se exige no centro da defesa, perante McCarthy e Adriano.
Do lado do Porto, perante este aparentemente castrador equilíbrio, poderá emergir uma unidade capaz de fazer a diferença: Lucho Gonzalez. Vai depender muito da sua performance, a capacidade do F.C.Porto romper o espartilho em que Paulo Bento o vai tentar envolver.
A favor dos nortenhos pesa também o factor casa, muito embora em clássicos isso se venha a tornar cada vez menos relevante.
Não creio que os resultados do FCP frente a equipas do seu campeonato (empate com o Sporting, dois empates com o Braga e duas derrotas com o Benfica) resultem de nenhum aspecto técnico-táctico particular, mas tão somente de uma curiosidade estatística (recordo que a equipa de Adriaanse foi capaz de vencer o Inter de Milão no estádio do Dragão).
É claro que todas as análises que possam agora ser feitas são falíveis, pois a dinâmica do futebol é imprevisível. Um golo nos primeiros minutos (obrigando por exemplo o Sporting a tomar a iniciativa de jogo e recuperar um resultado, algo que há muitas jornadas não acontece), ou uma falha individual podem definir o prélio.
A ver vamos...

Equipas prováveis:
F.C.PORTO- Vítor Baía, Bosingwa, Pepe, Paulo Assunção, Pedro Emanuel, Raul Meireles, Lucho Gonzalez, Anderson, Benni McCarthy, Adriano e Ricardo Quaresma.
SPORTING- Ricardo, Abel, Tonel, Anderson Polga, Marco Caneira, Custódio, Carlos Martins, João Moutinho, Sá Pinto, Deivid e Liedson.

POR QUEM TORCE UM LAMPIÃO ?

Com o panorama que esta Taça de Portugal apresenta, está claro que o mundo benfiquista se dividirá nos apoios... aos dois Vitórias.
Mas, e para a outra meia final ?
Na minha opinião, o mais desejável para o benfiquismo seria que, entre lagartos e tripeiros, quem ganhasse o campeonato conquistasse também a taça (partindo do pressuposto que o Benfica está afastado do título e que nenhum dos Vitórias surpreenderá no Jamor).
Ver festejar títulos no Dragão e Alvalade é o que de pior poderá acontecer a um benfiquista no final desta época, sobretudo se a sua equipa acabar por ficar em branco, o que é perfeitamente verosímil acontecer pois a Liga dos Campeões é uma montanha demasiado alta para se poder subir até ao cume.
De um lado aparece o tradicional cinismo e arrogância de Pinto da Costa e uma maior proximidade geográfica com os leões, do outro uma rivalidade fratricida que levou os sportinguistas a apoiar em massa o F.C.Porto aquando da última jornada da última liga e a promover a tão generalizada quanto injusta teoria do colo.
Por mim, estou pelo Vitória de Setúbal. Quanto ao jogo de hoje... não podem mesmo perder os dois ?

HOLANDICES

Koeman voltou a estar mal.
A sua entrevista televisiva na Catalunha foi inoportuna e cheirou a operação de charme de quem está mais interessado no pós-Benfica do que propriamente naquilo que ainda possa suceder esta época.
Koeman falou, não como um treinador adversário do Barcelona, mas como um adepto culé, o que será certamente difícil de digerir, num balneário já muito fustigado por atitudes pouco prudentes do holandês, e a poucos dias do embate com os catalães.
Não sou adepto dos “mind games” de Mourinho, mas caramba ! Nem tanto ao mar nem tanto à terra !
Só faltou dizer que desejava o título europeu ao Barça...

FAZENDO CONTAS...

Esperando que o Benfica não seja ultrapassado pelo Braga e consiga estar presente na pré-eliminatória da liga milionária do próximo ano, adianto aqueles que estariam apurados directamente para a mesma, assim como os cabeças de série para a pré, e os seus possíveis adversários, tudo considerando que os campeonatos terminavam como estão.

APURADOS DIRECTAMENTE: Barcelona, R.Madrid, Juventus, Milan, Chelsea, M.United, Lyon, Bayern, PSV, Celtic, CSKA, Hamburgo, Olimpiakos, Bordeus, Porto e Sporting

CABEÇAS DE SÉRIE NA 3ª PRÉ ELIMINATÓRIA: Inter, Liverpool, Valencia, Panathinaikos, Schalke, Lille, Auxerre, Benfica, Brugges, Alkmaar, Basileia, Sp.Praga, Bremen, Lokomotiv, Steaua e Anderlecht

POSSÍVEIS ADVERSÁRIOS: Besiktas, D.Kiev, Zenit, Rosenborg, Levski, Shaktior, Sl.Praga, Galatasaray, E.Vermelha, Wisla, Fenerbahce, Liberec, Fiorentina, Osasuna, Tottenham e Hearts

APRESENTAÇÃO

Têm diante dos vossos olhos um novo blog.
Conforme o nome indica, trata-se de um espaço dedicado ao futebol.
Gostaria de deixar desde já claro, que o autor dos textos que aqui serão apresentados é benfiquista, e é como tal que aqui vai escrever, sem que todavia isso signifique que este seja um blog do Benfica. É um blog de futebol, nacional e internacional, em todas as suas vertentes.
Espero que seja do agrado de todos os que o leiam, e que estes possam ser em grande número.