UM PENÁLTI ESPETADO NA ALMA

Perdoem-me os leitores o tom algo egocêntrico, mas um blogue serve também para desabafar: esta foi a derrota da Selecção Nacional que mais me custou a engolir, pelo menos desde que, em 1984, aos 14 anos, acabei lavado em lágrimas com um golo de Michel Platini na baliza de Manuel Bento. Nem mesmo a Grécia me deitou tão abaixo - talvez por, nessa ocasião, estar presente no estádio (cujo ruído sempre dissipa um pouco a frustração); ou, quem sabe, por o golo de Charisteas, no início da segunda parte, ter anunciado desde cedo que algo iria correr mal.
Pensava que Portugal poderia mesmo ganhar (escrevi-o aqui), e, chegado aos penáltis, julguei poder confiar na queda de Rui Patrício para os defender. Mais ainda depois de ter parado categoricamente o primeiro.
É duro perder assim, e não concordo nem um pouco com a ideia do outro Bento, o Paulo, segundo a qual esta é a melhor forma de sair derrotado de um jogo, e de um Campeonato. Admito que para um profissional – com a sensação de dever cumprido - o seja. Para um adepto, e sobretudo para um adepto cuja paixão pelo passado, e pelos arquivos, leva a valorizar a dimensão histórica dos resultados, isto é uma tragédia.
Por muito que me belisque para desafiar a hipótese de tudo não passar de um pesadelo, a verdade é que Portugal ficou a centímetros da final de um Europeu, coisa que talvez não volte a acontecer nos próximos vinte anos. É este tipo de oportunidade perdida (como a meia-final europeia do Benfica em Braga, como os penáltis de Estugarda), que mais me custa a digerir no desporto. E se Portugal tem encaixado um pomposo 3-0 da campeã mundial, a resignação tomaria o lugar da tristeza.O jogo foi pobrezinho em termos de espectáculo. Fosse um Itália-Alemanha assim, sensaborão, cheio de passes errados, com muitos nervos e nenhum golo, e talvez tivesse adormecido a meio da segunda parte. Com Portugal em campo, os níveis de ansiedade subiram até a um ponto a que só os grandes jogos internacionais do Benfica conseguem chegar.
A equipa lusa equilibrou a contenda, e conseguiu, com rigor e organização, neutralizar a principal arma espanhola (trocas de bola junto à área adversária). Diga-se que também a Espanha neutralizou Cristiano Ronaldo, e as transições rápidas dos portugueses. Vimo-nos assim num jogo de xadrez, em que as equipas encaixaram uma na outra, e onde as poucas oportunidades acabaram por ser desperdiçadas (livres de Ronaldo, e aquele lance aos 89 minutos para Portugal; remates de Iniesta no início do jogo, e já no prolongamento, para os espanhóis).
Chegámos aos penáltis, e na altura (com a equipa nacional a acusar mais desgaste que a Espanha, e com Pedro e Navas a incendiarem as alas) pareceu-me ser esse o caminho ideal para uma vitória histórica, e consequente festa de arromba. Tudo começou bem, mas depois...Um bateu na barra e saltou para fora. Outro foi ao poste e acabou por entrar. A Espanha está na Final. Portugal volta para casa.
Haverá tempo para analisar o Europeu mais friamente. Poderei dizer desde já que ganhámos uma equipa, e que João Moutinho renderá um dinheirão - o que não é boa notícia. O Mundial é já daqui a dois anos, e com a mesma equipa, com um Cristiano Ronaldo ao nível dos jogos com Holanda e Rep.Checa, com Nani e Meireles (ambos da Premier League) em melhor condição física, e com Nélson Oliveira mais crescido, podemos ter esperanças de fazer figura. Mas, terminando como comecei, nada disso me consola hoje de uma intensa dor na alma. Vejo o Futebol como um brinquedo de emoções (quase sempre fortes). Não tenho, felizmente, problemas com a vida ou comigo próprio que me façam utilizá-lo como escape para frustrações, nem como instrumento para canalizar ódios recalcados. Para mim, trata-se simplesmente de alegria e tristeza. Por vezes, euforia e desolação. Ora aqui está esta última, manifestada de forma cruel.

EU ACREDITO!

A Espanha é favorita? É. Tem melhor colectivo? Tem. Portugal pode ganhar? Pode!
Não há vencedores eternos, e este Ronaldo, meio maradonizado, parece capaz de tudo.
São 90 minutos, ou mesmo 120. São onze de cada lado. E um dos nossos é melhor que qualquer deles.
É a hora certa para pôr ponto final àquela mariquice do "Tiki-Taka", que nunca me comoveu particularmente (sobretudo se privado da magia única de Messi). É hora de mostrar que o futebol é potência, velocidade, profundidade, e remate. É hora de Cristiano Ronaldo se colocar ao lado de Eusébio, como figura majestática do futebol português, europeu e mundial, e levar Portugal à glória.
Pode ser hoje! Eu acredito!

UM GRANDE EUROPEU

Faltam três jogos. Não apenas três jogos. Mas sim, "os" três jogos, pois são eles que vão prevalecer nas nossas memórias quando, daqui a uns anos, nos lembrarmos deste Campeonato Europeu.
É prematuro fazer uma análise global ao torneio, sob o risco de três enfadonhos zero-a-zeros nas partidas de decisão deitarem por terra todo o capital de qualidade que se viu até aqui. Todavia, se o nível global se mantiver, creio estarmos perante um dos melhores Campeonatos das últimas décadas (sobretudo se comparado com os três últimos Mundiais, recheados de Costas Ricas, Coreias, Togos, futebol defensivo, más arbitragens e desgaste físico).
Na Polónia e na Ucrania, arbitragens à parte, temos visto bom futebol, golos, estrelas a brilhar, drama, intensidade e até algumas inovações tácticas, como o 4-6-0 da Espanha - que me lembre, jamais utilizado em futebol de selecções. Em suma, um grande Europeu.
Só falta mesmo…Portugal ganhar!

AINDA OS QUARTOS

Um breve olhar sobre os ...outros quartos:

ALEMANHA-GRÉCIA: Pagava para ver a Grécia pôr a Alemanha fora do Euro. Por Fernando Santos, por Karagounis, por Katsouranis, pelos gregos e, sobretudo…pelos alemães. Não aconteceu. Seria difícil. Cumpriu-se o guião.
ESPANHA-FRANÇA: Por motivos diferentes, mais egoístas, também queria ver a Espanha eliminada. Esta França, eternamente envolvida em polémicas (poderá a babilónia étnica em que a selecção gaulesa se transformou ter a ver com o assunto?), seria um doce para Cristiano Ronaldo, e uma hipótese de vingança para todos nós, que nos lembramos de 1984, 2000 e 2006. A Espanha está menos forte que em 2008? Talvez. Se essa Espanha teria 90% de favoritismo, esta terá…80%.
ITÁLIA-INGLATERRA: Um crime não haver golos neste jogo. Ritmo frenético do princípio ao fim, ocasiões nas duas balizas, e uma exibição esplendorosa de Andrea Pirlo, à qual nem faltou um penálti à Panenka. Passou a melhor equipa.

OS DEZ MAIS IMPORTANTES JOGOS DA HISTÓRIA DA SELECÇÃO NACIONAL

ALGUNS NÚMEROS

PAÍSES EUROPEUS COM MAIS TROFÉUS (Euros e Mundiais)
1º ALEMANHA 6
2º Itália 5
3º Espanha 3

PAÍSES EUROPEUS COM MAIS FINAIS (Euros e Mundiais)
1º ALEMANHA 13
2º Itália 8
3º Espanha 4
………………
14º Portugal 1

PAÍSES EUROPEUS COM MAIS PRESENÇAS EM FASES FINAIS (Euros e Mundiais)
1º ALEMANHA 28
2º Itália 25
3º Espanha 22
……………..
16º Portugal 11

AGORA ESCOLHA...

HIPÓTESE A: Troca por troca, Postiga por Hugo Almeida

HIPÓTESE B: Troca por troca, Postiga por Nélson Oliveira

HIPÓTESE C: Cristiano Ronaldo a ponta de lança, e Varela a fechar o flanco esquerdo

HIPÓTESE D: 4-4-2, com Custódio à frente da defesa, Veloso do lado esquerdo (facilitando as subidas de Coentrão), e Nani e Ronaldo soltos no ataque

QUEM DESEMPATA ISTO?

PORTUGAL-ESPANHA, 1-1 (EURO 1984) / golos: Sousa e Santillana PORTUGAL-ESPANHA, 1-0 (EURO 2004) / golo: Nuno Gomes
PORTUGAL-ESPANHA, 0-1 (MUNDIAL 2010) / golo: David Villa
Como se vê, o equilíbrio entre os dois vizinhos ibéricos em fases finais de grandes competições, é total. Uma vitória para cada lado, um empate, 2-2 em golos. E até em futebol jogado, tanto quanto me lembro, as coisas se equivaleram - sempre com incerteza até ao fim, igualdade em 84, um pouco mais Portugal em 2004, um pouco mais Espanha em 2010. Um pormenor: o golo espanhol, na África do Sul, foi obtido em fora-de-jogo.

ESPECTÁCULO GARANTIDO

Um duelo ibérico, e um confronto entre dois multi-campeões do mundo. Que mais podíamos esperar para meias-finais deste fantástico Euro 2012?

UM ANO DE OURO

Nunca, na sua história, o Benfica havia ganho três campeonatos, numa só temporada, nas modalidades de pavilhão. Com o título de Futsal, conquistado este sábado, e com os de Basquetebol e Hóquei em Patins, já anteriormente selados, o clube encarnado alcançou agora esse feito.
A estes títulos junta-se ainda o de Atletismo, o que faz desta uma das melhores épocas de sempre para o eclectismo do Benfica.
Fica o balanço.

FUTSAL: Campeonato + Taça + Supertaça
HÓQUEI EM PATINS: Campeonato + Supertaça Europeia
BASQUETEBOL: Campeonato + Torneio dos Campeões
VOLEIBOL: Taça + Supertaça (perdeu o título no último set, do último jogo)
ATLETISMO: Campeonato + Pista Coberta

Se acrescentarmos a tudo isto uma Taça da Liga em Futebol, e uma presença nos Quartos-de-Final da Champions League (para além do apuramento directo para a próxima edição), e ainda um Campeonato Nacional de Iniciados, creio que, apesar dos Pedros Proenças, podemos falar de um belíssimo ano de benfiquismo.

MEIAS-FINAIS LUSAS - de 1966 a 2012

MUNDIAL INGLATERRA 1966
Londres, INGLATERRA-PORTUGAL, 2-1
INGLATERRA: Banks, Stiles, Cohen, Wilson, J.Charlton, Moore, Ball, B.Charlton, Peters, Hurst e Hunt.
PORTUGAL: José Pereira, José Carlos, Festa, A.Baptista, Hilário, J.Graça, Coluna, J.Augusto, Eusébio, Torres e Simões.
GOLOS: B.Charlton (2); Eusébio (gp)


EUROPEU FRANÇA 1984
Marselha, FRANÇA-PORTUGAL, 3-2 (ap)
FRANÇA: Bats, Domergue, Battiston, Le Roux, Bossis, Fernandez, Giresse, Tigana, Platini, Lacombe e Six. SUBST : Ferreri e Bellone.
PORTUGAL : Bento, J.Pinto, L.Pereira, Eurico, Álvaro, Frasco, Sousa, J.Pacheco, Chalana, Diamantino e Jordão. SUBST: Nené e Gomes.
GOLOS: Domergue (2) e Platini; Jordão (2)


EUROPEU BÉLGICA/HOLANDA 2000Bruxelas, FRANÇA-PORTUGAL, 2-1 (ap)
FRANÇA: Barthez, Thuram, Desailly, Blanc, Lizarazu, Vieira, Deschamps, Petit, Zidane, Henry e Anelka. SUBST: Pires, Wiltord e Trezeguet.
PORTUGAL: V.Baía, A.Xavier, J.Costa, F.Couto, Dimas, Vidigal, Costinha, R.Costa, S.Conceição, Figo e N.Gomes. SUBST: J.Pinto, P.Bento e R.Jorge.
GOLOS: Henry e Zidane (gp); N.Gomes


EUROPEU PORTUGAL 2004
Lisboa, PORTUGAL-HOLANDA, 2-1
PORTUGAL: Ricardo, Miguel, J.Andrade, R.Carvalho, N.Valente, Costinha, Maniche, Deco, Figo, Pauleta e C.Ronaldo. SUBST: F.Couto, Petit e N.Gomes.
HOLANDA: Van der Sar, Reiziger, Stam, Bouma, V.Bronckhorst, Cocu, Davids, Seedorf, Robben, V.Nistelrooy e Overmars. SUBST: Van derVaart, Makaay e V.Hooijdonk.
GOLOS: C.Ronaldo e Maniche; J.Andrade (pb)


MUNDIAL ALEMANHA 2006Munique, FRANÇA-PORTUGAL, 1-0
FRANÇA: Barthez, Thuram, Sagnol, Gallas, Abidal, Vieira, Makelele, Ribery, Zidane, Henry e Malouda. SUBST: Wiltord, Govou e Saha.
PORTUGAL: Ricardo, Miguel, F.Meira, R.Carvalho, N.Valente, Costinha, Maniche, Deco, Figo, Pauleta e C.Ronaldo. SUBST: P.Ferreira, Simão e Postiga.
GOLOS: Zidane (gp)

EUROPEU POLÓNIA/UCRANIA 2012
Donetsk, PORTUGAL-?, ?-?
PORTUGAL:
??????????? :
GOLOS:

VIVA PORTUGAL!

Se dentro do campo Ronaldo e companhia seguem imparáveis, a avaliar pelas imagens que nos chegam via televisão, também nas bancadas Portugal dá cartas. Mesmo em latitudes onde a beleza feminina tem os seus pergaminhos (falo da Polónia, pois na Ucrania nunca estive), as nossas flores conseguem destacar-se, e abrilhantar a festa do Euro. Nada que surpreenda muito quem ande, de olhos abertos, pelas ruas deste país.

PORTUGAL EM FASES FINAIS

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CIRCO DE FERAS


Quem diria?
Portugal apurado para as meias-finais do Euro 2012, praticando um futebol de grande categoria, vencendo, e convencendo-nos que pode chegar ainda mais longe.
Ultrapassado, sem espinhas, o “grupo da morte”, temia-se que a Selecção olhasse para esta República Checa com alguma sobranceria. Tal aconteceu muitas vezes, no passado, com resultados que não seria muito agradável lembrar.
Desta vez, porém, vimos uma equipa - na verdadeira acepção da palavra – de mangas arregaçadas, lutando de forma empenhada e confiante, acreditando em si própria e no seu labor, abrindo por essa via o espaço necessário para que a sua grande individualidade pudesse voltar a brilhar. E aqui estão resumidas as duas principais virtudes do trabalho de Paulo Bento: construir uma equipa coesa, onde as figuras menores conseguem passar despercebidas no meio da fluente acção colectiva, e onde as estrelas têm espaço para soltar todo o esplendor do seu talento.
Esta não será uma Selecção recheada de peças do mais fino quilate, como eram as equipas de Figo, Deco, Rui Costa, Simão ou Pauleta. Mas como conjunto, e pelo que se tem visto neste torneio, pede meças a qualquer outra equipa nacional – mesmo às que mais longe chegaram na história do futebol português. Têm um treinador de grande nível (sempre o disse), capaz de fortalecer um grupo, e fazer dele mais do que a soma das partes. E tem um jogador que faz a diferença, como Eusébio fazia em 1966. Este Cristiano Ronaldo sim, mostra que merece a adoração de todo um povo. Está finalmente a responder à chamada, a assumir o seu papel, a tornar-se o melhor jogador do Europeu, e cada vez mais perto de entrar para a eternidade do futebol mundial. Como aqui disse há uma semana, é nestes jogos, e nestes momentos, que se escreve a história. E Ronaldo parece estar, agora sim, de caneta em punho, empenhado em fazê-lo.
Uma equipa compacta, e um líder incontestado, capaz de decidir jogos. O que mais podemos desejar?

As tristonhas partidas de preparação mostravam outra coisa. Via-se um conjunto pouco articulado, descrente, e sem confiança, e via-se um Ronaldo ansioso e desinspirado. Nesta prova, tanto a equipa, como o seu capitão, têm crescido de jogo para jogo, e neste momento começa a ser-nos lícito embalar em todos os sonhos. Até porque há mais gente em muito boa forma (Moutinho, Nani, Pepe e Coentrão, por exemplo)
Agora há tempo para descansar, e esperar pela França ou pela Espanha. Preferia claramente a primeira, até porque temos várias contas a ajustar, e tanto os tempos de Platini, como os tempos de Zidane, já lá vão. No entanto, pelo que tenho visto (e vi os jogos todos), a Espanha também parece distante do fulgor com que encantou a Europa e o Mundo em 2008 e 2010. Venha quem vier, com Ronaldo em grande, não darei nenhum jogo como perdido.
Agora permitam-me que solte um…Viva Portugal!

PS: “PIGS”, Portugal, Italy, Greece and Spain. Tinha graça, vermos umas meias-finais assim. E ser a Grécia a empurrar a Alemanha para fora do Euro seria uma deliciosa ironia da história. Hoje, serei grego.

AGORA, PORTUGAL!


PROENÇADAS


É este o árbitro classificado em primeiro lugar no nosso pobre país. Ele foi à Liga dos Campeões e ao Euro. Ele diz que é benfiquista, para melhor dissimular aquilo que pretende. Ele não é incompetente. Ele sabe o que faz, onde faz, como faz e a quem faz. Há muitos anos.
A minha vénia ao E Pluribus Unum (de onde retirei o video), e aos outros blogues que publicaram estas imagens, pelo inestimável contributo que estão a dar no desmascarar deste indivíduo - que anda, há tempo demais, a gozar com o futebol, e a rir-se de todos nós.

OBVIAMENTE, OS MESMOS


CLIENTES DA CASA

As fases finais do Campeonato da Europa congregam 16 equipas desde 1996. Só desde então as mesmas contemplam, pois, a existência de Quartos-de-Final. E sabem qual é a única selecção que, neles, não falhou qualquer presença? Portugal!
Temos pois cinco presenças em Quartos-de-Final de Europeus, face a quatro de Espanha, França e Holanda, e três de Alemanha, Itália, Inglaterra e República Checa. Nada mau, para tão pequeno país.

DESCRÉDITO TOTAL

Olegário Benquerença, depois de tudo o que andou a fazer por cá, e sob a protecção de Lourenço Pinto, é considerado árbitro de elite da UEFA.
Pedro Proença, que decidiu o último campeonato nacional com um dos erros mais grosseiros da temporada (coisa que já fizera também em 2008, e tentara fazer em 2005), é considerado árbitro do ano em Portugal, é nomeado para a final da Champions League, e está no Euro (acompanhado, entre outros, pelo assistente Ricardo Santos, responsável directo por aquele erro). Como merece, vai já para o terceiro jogo (Itália-Inglaterra).
Bruno Paixão, árbitro que terá sido o único a prejudicar (também) o FC Porto na história dos campeonatos dos últimos vinte anos, está à beira da despromoção, depois da campanha que lhe foi movida na sequência de uma partida em Barcelos, onde os portistas averbaram a sua única derrota dos últimos 68 jogos a contar para a Liga. Como diria um conhecido ex-ministro: quem se mete com o FC Porto, leva!
Damir Skomina, esloveno cuja entrada no lote de elite da UEFA foi apadrinhada por José Guilherme Aguiar, e que lesou gravemente o Benfica com uma arbitragem habilidosa em Londres, nos quartos-de-final da Champions, depois de ter tentado colocar o clube encarnado fora da Liga Europa, três anos antes, numa eliminatória disputada em Marselha, está, também ele, vaidosamente, no Euro 2012. Aliás, já na primeira-mão da referida eliminatória com o Chelsea, doze olhos (alegadamente especializados) não foram suficientes para ver aquilo que todo o estádio viu: um corte com a mão de John Terry, cujo correspondente penálti, a ser convertido, alteraria certamente o rumo do jogo. Vá lá que, pelo menos esse (Paolo Tagliavento), não foi ao Europeu…
Num torneio que, em termos de futebol, está a ser espectacular, as arbitragens têm sido um desastre. Saliento penáltis claros perdoados à Alemanha e à Espanha, equipas que Michel Platini não esconde serem as da sua predilecção. E nem imagino o que seja o próximo Alemanha-Grécia, tendo em conta a perseguição que a selecção helénica tem sido alvo desde o jogo de abertura. As coisas atingem proporções escandalosas quando vemos um golo da Ucrânia não ser considerado, com um árbitro de baliza (ou lá como se chamam aquelas "mariamélias" inúteis que vemos saltitar pela linha de fundo) a dois ou três metros de distância, de olhos embasbacados a olhar para o lance, sem dar a sinalética que se impunha. Ver, certamente viu. Porque não assinalou?
Todos estes factos são profundamente inquietantes para quem gosta de futebol. Quero acreditar no que vejo, mas, sinceramente, já não consigo. Em Portugal já sabíamos o que se passava. Agora, também na Europa deixou de haver preocupação em esconder seja o que for. O Rei vai nu. E andam criminosos à solta. Cá, e lá. Com estes fenómenos, com os casos de apostas ilegais, com guarda-redes e defesas que umas vezes defendem, noutras apenas fingem que o fazem, continuar a gostar de futebol é, cada vez mais, um acto de coragem.

PROGRAMA DE FESTAS


O ONZE IDEAL

É apenas uma proposta. Outras alternativas: Given (Irlanda), Pletikosa (Croácia), Mellberg (Suécia), Jirasek (Rep.Checa), Pilar (Rep.Checa), Cabaye (França), Ozil (Alemanha), Ribery (França), Shevchenko (Ucrania), Nasri (França), Lewandowski (Polónia), Fernando Torres (Espanha), Bendtner (Dinamarca), Salpingidis (Grécia), Krohn-Dehli (Dinamarca), Nani (Portugal), e...Cristiano Ronaldo (Portugal), que se fizer mais um jogo igual ao último entra de caras no onze.

ORA AÍ ESTÁ ELE!

Tinha aqui pedido mais Ronaldo. No fundo, todo o país o tinha feito, sabendo quanto vale o nosso melhor jogador, e sabendo que as exibições diante da Alemanha e, sobretudo, da Dinamarca, tinham deixado bastante a desejar.
Tinha dito também que CR7 ainda ia a tempo de se cruzar com a eternidade dos grandes craques, e dos grandes momentos. Pois o nosso homem aí está. Era isto que os portugueses queriam, e esperavam dele.
Com uma exibição esplendorosa (porventura a melhor de sempre ao serviço da Selecção), Ronaldo provou que também ele quer, de facto, marcar este Europeu. E só ele o pode fazer. Carregou a equipa às suas costas, jogou, fez jogar, atirou bolas ao poste, e marcou. Desmembrou a Holanda, e colocou Portugal nos quartos-de-final.
Seria injusto, porém, ignorar a excelente exibição que o colectivo português foi capaz de realizar, no apoio ao brilho cintilante da sua estrela maior. Entrando mal no jogo, a Equipa das Quinas soube reagir muito bem ao golo holandês, e a partir desse momento sentiu-se que virar o resultado era apenas uma questão de tempo. A pressão subida que o meio-campo luso empreendeu poucas vezes permitiu que a bola chegasse em boas condições aos perigosos avançados contrários, empurrando o jogo para as imediações da baliza de Stekelenburg – onde a supremacia de Ronaldo e seu bando era clara face à incipiente defesa holandesa. As oportunidades sucederam-se, e só alguma infelicidade evitou que os números ascendessem a uma goleada histórica.
Na nossa linha defensiva, Pepe este insuperável. Também ele mereceria distinção, caso não houvesse um extra-terrestre em campo.
Agora segue-se a República Checa, e o maior perigo poderá estar no eventual deslumbramento que um adversário de segunda linha (não há como dizer isto de outro modo) possa causar entre os nossos jogadores. Neste tipo de competições todas as equipas estão a top, e todas têm bons jogadores. Mas nenhuma tem Ronaldo, e será uma vez mais nas suas costas, e nos seus pés, que as nossas esperanças estarão depositadas.

14 ANOS DEPOIS

Este espaço é dedicado ao Futebol. Mas não poderia deixar aqui passar em claro algo que, no domínio do desporto, me encheu de alegria este sábado: a conquista do Campeonato Nacional de Hóquei em Patins pelo Benfica, 14 anos depois do seu último título na modalidade.
Uma manifesta falta de tempo impediu-me de alimentar, como gostaria, um espaço de opinião que a dado momento, e noutro contexto, havia também dedicado ao Hóquei (vedetadohoquei.blogspot.pt). Tal não significou que, daí para cá, deixasse de o tomar como um dos desportos que mais me encanta - superado apenas pelo Futebol, e igualado pelo Ciclismo, que de resto teve também, neste fim-de-semana, uma importante vitória para o país, com o ex-benfiquista Rui Costa a vencer a Volta à Suíça.
Este não é pois, para mim, um título qualquer. É precisamente o título que mais ambicionava para as modalidades do Benfica, e só por fortes imperativos familiares não pude estar em Almeirim a festejá-lo.
Se, como espero, o Benfica vier a vencer igualmente o Futsal (finalíssima no próximo sábado, na Luz), esta poderá vir a tornar-se a melhor temporada de sempre do eclectismo encarnado. Recordemos que o Basquetebol, o Atletismo (rompendo uma longa hegemonia do Sporting) e agora o Hóquei (rompendo uma longa hegemonia do FC Porto), já constam da lista. E o Voleibol falhou por uma unha negra na final com o Sp.Espinho.
Destaque pois para um homem que chora pelo Benfica, e tem feito um trabalho absolutamente notável à frente das modalidades: o vice-presidente João Coutinho, denominador comum a todas estas conquistas.

A NOSSA MATEMÁTICA


PONTAPÉS NA SORTE, PONTAPÉ NO AZAR

País de fadistas e de poetas, Portugal carrega consigo uma alma sofredora, da qual é raro conseguir libertar-se. Quando as coisas parecem fáceis, rapidamente desligamos a corrente, empinamos o nariz, e cruzamos os braços. E só quando a angústia aperta, voltamos à vida, conseguindo então mostrar a melhor das nossas capacidades – a de improvisar, desenrascando, e alcançando, nos limites, aquilo que outros metodicamente constroem.
O jogo com a Dinamarca foi uma metáfora quase perfeita das idiossincrasias nacionais, e quase matou de coração os milhões de portugueses que, pregados ao ecrã, iam sofrendo com os pontapés na sorte que Ronaldo e seus pares iam dando, mesmo depois de parecerem ter o jogo seguro em suas mãos. Tudo acabou em bem, com um pontapé que Varela deu, mas desta vez na fatalidade. Estávamos então á beira de um precipício. Conseguimos evitá-lo. Nos limites, como é hábito.
Paulo Bento não arriscou, e colocou em campo a mesma equipa que, diante da Alemanha, tinha ameaçado uma boa surpresa. Pelo menos terá sido esse o seu entendimento, e na primeira parte a resposta foi eloquente: Portugal jogou, dominou, marcou, e até Postiga justificou (com um golo) a confiança nele depositada. O golo dinamarquês, perto do intervalo, devolveu os nórdicos à partida, e abalou um pouco a serenidade lusa. A segunda parte trazia a incerteza, e anunciava o drama. E quanto a suspense, o filme não iria desiludir.
Será justo dizermos que as oportunidades criadas pela Selecção portuguesa ao longo do segundo período, chegavam e sobravam para manter o adversário em sentido, e para garantir um resultado bem mais folgado. Tão justo como dizermos que Cristiano Ronaldo, com desperdícios infantis na cara do golo, mas também com uma total ausência de sentido colectivo na hora de fechar o seu flanco, foi, não só uma unidade a menos na força da equipa, como até um elemento perturbador – justificando-se claramente uma substituição que Paulo Bento (como, acredito, qualquer outro em seu lugar) dificilmente teria a coragem de fazer.
Com Fábio Coentrão entregue a dois, e por vezes três Vikings assanhados (a entrada de Mikkelsen trouxe uma nova vivacidade àquele flanco), Portugal ficou à mercê de um assalto que, mais cedo ou mais tarde, traria forçosamente consequências. Quando Bendtner voltou a marcar, tudo parecia terminado ali, e já se imaginava a comitiva portuguesa a ser insultada, na próxima segunda-feira, na chegada à Portela.
Ao contrário do que seria natural, a Dinamarca não recuou as suas linhas, pareceu empenhada na busca dos três pontos (erro estratégico que lhe poderá vir a custar caro), e os espaços que concedeu acabaram por se revelar determinantes no regresso de Portugal ao jogo. Fazendo das fraquezas forças, com Pepe, Nani, Coentrão, e os recém-entrados Varela e Nélson Oliveira, à frente das tropas, Portugal foi buscar a vitória onde já não se esperava que ela estivesse.
Desde o Mundial 2006 que não dava um salto do sofá com um golo de Portugal. A vitória assim sabe melhor, e, apesar da total obscuridade de Ronaldo (começa a ser demais…), a Equipa das Quinas mantém-se na luta pelo apuramento.
As contas são também a nossa sina. E estas são bem complicadas. A Selecção Nacional não depende de si própria, mas, paradoxalmente, até pode apurar-se perdendo com a Holanda. Não me lembro de situação similar na história recente de Europeus, Mundiais ou Ligas dos Campeões. A melhor solução é, claro, ganhar o jogo, e acreditar que não aconteça nada de estranho no Alemanha-Dinamarca.
Aos domingos à noite, tenho por hábito terminar o fim-de-semana vendo um filme de Hitchcock. Neste, creio que não precisarei.

SEM MEXIDAS

Acredito com muita convicção no futuro de Nélson Oliveira. Ainda coloco, porém, algumas reticências quanto ao seu presente (por exemplo, em termos de capacidade de choque, de sabedoria de movimentação, e de segurança na hora de definir), sobretudo tratando-se de uma competição com este grau de responsabilidade. Temo, principalmente, que uma exibição menos conseguida lhe venha a pesar demasiado nas costas, comprometendo o seu desenvolvimento saudável e equilibrado. Entendo que, no imediato, talvez possa ser mais útil lançado apenas durante alguns minutos – como aconteceu frente à Alemanha, jogo em que entrou muito bem.
Deste modo, optaria por manter o mesmo onze diante da Dinamarca. Hélder Postiga é um ponta-de-lança medíocre, mas Hugo Almeida parece muito longe da sua melhor condição (e também nunca foi, nem será, um craque). Sem ninguém para marcar golos, resta-nos colocar o “matraquilho” que melhor desempenhe o papel de muleta para as desejadas investidas de Cristiano Ronaldo. Como diria Churchill, Postiga é, nessa função, a pior das opções... à excepção de todas as outras.
No resto da equipa, não há muitas alternativas a considerar. A não ser, eventualmente, a hipótese de um 4-2-3-1, sem Veloso, com Meireles e Moutinho em duplo pivot, Nani ao meio, e Quaresma numa das alas. Isto parece-me, todavia, um plano apenas viável como forma de fazer face a possíveis incidências que o jogo traga, que é como quem diz, para o caso de nos vermos a perder.
PS: Portugal à parte, não queria ainda deixar de realçar a grande qualidade da maioria dos jogos a que temos assistido neste Europeu. O calculismo táctico tem sido (por enquanto) deixado na gaveta, e o futebol espectáculo vai sendo regra - embora, naturalmente, com algumas excepções.

QUEREMOS MAIS!

Globalmente, não achei a exibição de Portugal frente à Alemanha tão luxuosa como alguns jornais quiseram demonstrar, nem tão sofrível como agora certos comentadores, ou ex-qualquer coisa, pretendem fazer crer.
No meio está a virtude. Já aqui disse que Portugal fez mais ou menos aquilo que tinha de fazer para conseguir um bom resultado. Anulou muitas das armas alemãs, e manteve o nulo até perto do fim do jogo. Outra estratégia traria necessariamente outros dados de análise, e, com maior risco, com a ousadia que muitos advogam, em vez de 1-0, ninguém me garante que não perdêssemos 4-1. Era quase o mesmo, mas certamente não ficaríamos tão perto de um eventual e saboroso empate. Não esqueçamos que do outro lado estava uma selecção que, entre Europeus e Mundiais, leva já 13 finais e 6 títulos.
O que eu acho verdadeiramente digno de reparo é mais uma exibição infeliz de Cristiano Ronaldo com a camisola das quinas. E a esse aspecto, estranhamente, acabei por ver e ouvir poucas referências. Afinal de contas, um jogador que marcou quase 50 golos na Liga Espanhola, não molha a sopa pela equipa nacional há quatro partidas consecutivos. Assim, fica complicado ganharmos.
Sem ser muito original, escrevi aqui, tanto antes do último Campeonato do Mundo, como mais recentemente a propósito deste Europeu, que as esperanças portuguesas dependiam em larga medida do desempenho do seu melhor jogador. A história do Futebol ensinou-nos que as grandes estrelas – e Ronaldo é uma grande estrela – estiveram sempre na primeira linha dos grandes momentos das suas selecções. Foi assim com Pelé em 1958 e 1970, com Eusébio e Bobby Charlton em 1966, com Beckenbauer e Cruyff em 1974, com Platini em 1984, com Maradona em 1986, com Romário em 1994, com Zidane em 1998 e com Ronaldo “fenómeno” em 2002.
Portugal não tem, manifestamente, capacidade colectiva para ambicionar o título (falta-lhe, por exemplo, um trinco como…Javi Garcia, um "dez" como...Pablo Aimar, e um ponta-de-lança como…Óscar Cardozo). Mas tem um jogador que pode, por si só, fazer a diferença, e carregar a equipa às costas para um bom Campeonato. Eusébio fez isso em 1966. Jogou, marcou, e empurrou os colegas para um magnífico terceiro lugar. Era lícito esperar que Ronaldo o fizesse agora. O que é certo é que, a avaliar por este primeiro jogo, começo a temer que o madeirense acabe por passar novamente ao lado de um grande torneio.
Ainda está a tempo. O futuro começa amanhã. É a hora de Ronaldo mostrar que, para ser o melhor do mundo (ou, em rigor, um dos dois melhores), tem de o ser aqui, e agora. É contra as Alemanhas, as Dinamarcas e as Holandas, e não contra os Racingues de Santander ou os Sportingues de Gijon, que se separa o trigo do joio, e se escreve a história. É aqui que se distinguem aqueles que marcam uma década – os quais, por muito ricos que fiquem, acabam mais tarde por cair no esquecimento -, daqueles que marcam um século, e entram para as galerias da eternidade.
Eu ainda acredito que Cristiano Ronaldo seja jogador para marcar um século. Mas preciso cada vez mais que ele me ajude nessa crença. Para começar, podia ser com um simples golo. Nem que fosse de penálti.

SEM GOLOS E SEM SORTE

Se na tarde de sábado me dissessem que Portugal perderia 0-1 com a selecção que considero a principal favorita a vencer o Euro 2012, aceitaria o resultado com alguma resignação. Depois de ver o jogo, e de chegar aos 72 minutos convencido que o zero a zero era um nó já demasiado firme para poder ser desatado com facilidade, não posso deixar de sentir alguma frustração.
Portugal não foi melhor do que a Alemanha. E tem aquele “pequeno” problema de não conseguir marcar golos. Mas a forma como a partida decorreu, e o modo como o meio-campo nacional conseguiu neutralizar a principal arma germânica (as transições rápidas), foram criando a expectativa de um bom resultado – quiçá até mesmo de uma vitória, se um rasgo de Cristiano Ronaldo tal permitisse.
A verdade é que bastou uma oportunidade para que Mário Gomez (um ponta-de-lança a sério) fizesse golo, e resolvesse a contenda.
Pode agora argumentar-se que a reacção lusa no último quarto-de-hora poderia ter surgido mais cedo. É fácil acertar no totobola à segunda-feira. O que me parece é que a arriscar mais, a equipa nacional ter-se-ia exposto prematuramente às tais transições alemãs, e o mais provável é que não conseguisse manter o nulo até tão tarde. No fundo, perante uma equipa que nos é claramente superior, a melhor forma de alcançar um resultado positivo correspondia, a meu ver, ao guião que foi seguido. Faltou apenas a sorte de que necessitávamos para que tal se concretizasse.
O resultado do outro jogo favorece-nos. Ganhando à Dinamarca (condição absolutamente imperiosa), poderemos discutir o apuramento na última jornada com a Holanda, e então, talvez um empate até possa bastar. Há pois que dar lugar à esperança, pelo menos por mais três dias.

SEM INVENTAR


ESCALA DE FAVORITISMOS

1º ALEMANHA, 2º ESPANHA, 3º HOLANDA, 4º FRANÇA, 5º INGLATERRA, 6º ITÁLIA, 7º RÚSSIA, 8º PORTUGAL, 9º DINAMARCA, 10º SUÉCIA, 11º UCRANIA, 12º CROÁCIA, 13º POLÓNIA, 14º REP.CHECA, 15º GRÉCIA e 16º IRLANDA

O GRUPO

Grupos difíceis nunca foram um problema para Portugal.
Nas duas únicas Fases Finais em que sucumbimos aos grupos, estes até eram bastante acessíveis.
Em 1986, no Mundial de Maradona e de… Saltillo, o grupo que nos calhou continha Polónia, Inglaterra e Marrocos, com dois apurados directamente e um terceiro repescado. A confiança era tanta que a equipa foi para estágio com um mês de antecedência, para se adaptar à altitude que só a partir dos oitavos-de-final iria ter de suportar. Ficámos em último lugar.
Em 2002, no Mundial Coreia/Japão, tínhamos pela frente novamente a Polónia, e também os Estados Unidos e a anfitriã Coreia do Sul. Considerávamo-nos a nós próprios como um dos principais candidatos ao título. Ganhámos à Polónia por 4-0, mas perdemos os outros dois jogos, com muita indisciplina à mistura.

Em todas as restantes Fases Finais, ultrapassámos o grupo, mesmo quando este era fortíssimo. Por exemplo, em 1984 tínhamos Espanha, Alemanha e Roménia, e em 2000, Alemanha, Roménia e Inglaterra. Em ambas as competições só caímos nas meias-finais. Mesmo no último Mundial, onde o sorteio também não nos foi nada favorável, acabámos por passar um grupo com Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte (na altura também apelidado “da morte”), sem sofrer um único golo.
Este historial permite manter alguma esperança.

POBRE ENSAIO

Nem os mais de 60 mil presentes nas bancadas, nem o apoio incessante que deram aos jogadores, chegaram para inspirar a nossa Selecção, num ensaio geral que não pode deixar de causar alguma apreensão.
Tal como o anterior, este jogo pôs a nu as principais fragilidades da equipa das quinas.
Elas são: 1) a falta de um ponta-de-lança minimamente credível; 2) a falta de um médio criativo capaz de pautar o jogo; 3) a falta de um trinco de qualidade que dê garantias de segurança e de eficácia nas coberturas.
Com tão gritantes debilidades, e perante o grupo fortíssimo que nos calhou em sorte, é muito difícil manter o optimismo.
Faltam alguns dias, mas os problemas que referi não poderão ser resolvidos – quando muito, disfarçados. Isso é o que mais preocupa.