DEVER CUMPRIDO





Ganhar fora na Liga dos Campeões vale ouro. A fase de grupos é relativamente curta, e três pontos no terreno de um adversário - qualquer que ele seja - constituem quase sempre um passo importante nas contas do apuramento. Ao vencer na Roménia, o Benfica manteve, pelo menos, as suas hipóteses intactas, tendo talvez garantido, no pior dos casos, a manutenção nas competições europeias para lá do Natal. A jornada só não foi mais produtiva porque o Basileia, ao empatar surpreendentemente em Old Trafford, imiscuiu-se de forma afirmativa na luta pelo primeiro lugar, fazendo das próximas duas jornadas os principais momentos de decisão para os encarnados da Luz.






A exibição foi razoável. Não deu para deslumbrar, até porque do outro lado estava um dos mais fracos conjunto de toda a Champions, mas deu para ganhar com justiça. Só não permitiu uma vitória absolutamente tranquila, porque o Benfica foi desperdiçando as oportunidades que se lhe colocaram para matar o jogo, expondo-se aos momentos de sofrimento que, nos últimos instantes, quase iam deitando tudo a perder. Até aí, o conjunto de Jesus dominou a partida em todos os seus aspectos, ficando a dever a si próprio um resultado mais robusto.






Em termos individuais destacaram-se Gaitán e Witsel - este com muito maior liberdade táctica do que a que havia desfrutado no Dragão. Também Emerson e Javi Garcia estiveram em bom plano.






A arbitragem não se deixou notar.






Agora segue-se o jogo chave deste grupo: o Basileia-Benfica, no qual uma vitória poderá ser absolutamente decisiva. Não valerá ouro. Valerá diamantes! Mas, como esta noite ficou demonstrado, o Basileia não é um ...Otelul.












NOTA: Até ao final desta semana, devido a razões pessoais, o blogue terá de manter-se neste registo mais ou menos minimalista. Por esse motivo, as minhas desculpas aos leitores, esperando que na próxima semana tudo torne à normalidade.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Não houve casos graves na jornada.

Já falei do lance entre Cardozo e Fucile - que não passou de uma das muitas palhaçadas do uruguaio na partida (numa delas até piscou o olho ao seu banco, como se viu na transmissão televisiva). Aliás, são jogadores desse tipo que descredibilizam o futebol.


SPORTING 15

Benfica 14

FC Porto 12


Não me lembro se o Sporting alguma vez comandou esta classificação. Há sempre uma primeira vez.

JUSTÍSSIMO!

Circunstâncias da vida pessoal obrigam-me a ser lacónico.

O empate do Dragão foi um resultado justíssimo, após uma primeira parte dominada pelo FC Porto, e uma segunda de maior ascendente benfiquista.

Não fiquei satisfeito com o empate, mas creio que o mesmo penaliza mais o FC Porto, porque jogava em casa, e vinha de um outro jogo sem vitória.

Jorge Sousa esteve em plano aceitável, não se deixando impressionar pela estratégia dos jogadores do FC Porto, que desde o início ficou clara: tentar expulsar benfiquistas. Fucile foi o mais zeloso nesta tarefa, perdendo-se em palhaçadas sucessivas, que talvez lhe tenham tirado discernimento para travar Gaitán no lance do segundo golo.

O MEU ONZE


GOLPADAS HÁ MUITAS

Nenhum clube tem o monopólio da seriedade.




Há portistas sérios e portistas desonestos, tal como sucede com benfiquistas, sportinguistas, e todos os outros istas. De resto, tenho amigos em todos os clubes, os quais, descontando o maior ou menor facciosismo desportivo, considero pessoas acima de qualquer suspeita.




Não tenho, por isso, nenhum problema em aceitar como presidente da FPF alguém que seja adepto do Sporting, ou mesmo do FC Porto. Falei inclusivamente do sportinguista Hermínio Loureiro, como uma das personalidades que não me importaria de ver ocupar a função. E se quiserem falar de portistas, o nome de Rui Moreira, por exemplo (caso estivesse disponível), também não me assustaria particularmente.




Coisa diferente é o que se passa em relação a Fernando Gomes.




Não sei se o cidadão Fernando Gomes é honesto ou não. Sei sim, que não se trata de um simples adepto do FC Porto (o que por si só, como disse, não traria mal ao mundo), mas antes de alguém que pertencia, há bem pouco tempo atrás, ao círculo mais fechado do poder de Pinto da Costa. Não é pois o seu portismo que me inspira desconfiança, mas sim esta ligação estreita a alguém que, esse sim, sabemos ser um criminoso.




Felizmente, ou infelizmente, não nasci ontem. Felizmente, ou infelizmente, já não acredito em pais natais, nem em contos de fadas. Por isso, não é um mero desentendimento (simulado ou não) que me vai fazer confiar nas nobres intenções de uma dada pessoa. Mais ainda quando esse mal explicado “desentendimento” surgiu cirurgicamente antes de uma candidatura à Liga. Mais ainda quando essa candidatura trouxe com ela (coincidentemente ou não) o regresso de uma série de situações que pareciam pertencer a um passado já longínquo.




Não confio em Fernando Gomes, como não confio em nenhum membro das direcções de Pinto da Costa. Não é o FC Porto, enquanto clube, e muito menos os seus adeptos, que estão em causa. É sim um poder corrupto e criminoso, do qual Fernando Gomes fez parte anos a fio, sem abrir a boca, compactuando (por acções, omissões ou silêncios) com práticas que desvirtuaram e enlamearam o futebol português.




Um homem com estas características, e com este passado, não pode, em circunstância alguma, merecer o meu apoio. E não deveria, no meu ponto de vista, merecer o apoio institucional do Sport Lisboa e Benfica.

SERÁ DESTA QUE SE CRUZAM?

Ainda há esperança...de Lagos.

CLASSIFICAÇÃO REAL

FEIRENSE-FC PORTO

Logo nos primeiros minutos, há um penálti indiscutível cometido por Belluschi, que resultou num cartão amarelo injusto para o jogador do Feirense. Foi dos lances mais claros de grande penalidade que vi nas últimas jornadas, e que só o medo impediu o árbitro de sancionar.

Perto do final, a cruzamento de Varela, a bola atingiu a parte lateral do peito do defesa contrário. Aqui o juiz esteve bem, pois pelas várias repetições não parece sequer haver contacto do braço com a bola.

Quanto à expulsão de James, não há muito a dizer. Atingiu a soco o adversário, mostrando que ainda está verde para certas andanças.

Resultado Real: 1-0


BENFICA-ACADÉMICA

Já disse praticamente tudo no texto sobre o jogo. Penálti por marcar por mão de Bruno César dentro da área. Penálti por marcar por corte com a mão de um defesa da Académica a remate do mesmo Bruno César. Expulsão perdoada a Abdoulaye por agressão a Saviola com o cotovelo. Fora-de-jogo inacreditavelmente tirado a Nolito, quando estava pelo menos uns três metros em jogo (sendo este o off-side mais estapafúrdio que vi ser assinalado em toda a temporada).

Resultado Real: 5-2


RIO AVE-SPORTING

As expulsões não contam, como sabem, para a Classificação Real. Mas há casos que deveriam ser tidos em atenção (e prometo ponderar sobre o assunto), nomeadamente quando o jogador que fica por expulsar se torna decisivo no encontro. Foi o que aconteceu em Vila do Conde, com Onyewu, a quem foi perdoado um segundo cartão amarelo minutos antes de marcar o golo da vitória do Sporting.

Mas o Sporting também tem razões de queixa, pois há um corte com a mão dentro da área do Rio Ave que ficou por assinalar. Como os cartões (mostrados e por mostrar) não contam, é este lance que prevalece na alteração ao resultado.

Resultado Real: 2-4


CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA 13

Sporting 12

FC Porto 10


NOTA FINAL: Decidi não integrar nesta rubrica os jogos do Sp.Braga. Não por não o considerar tão candidato como, por exemplo, o Sporting, mas porque as imagens dos seus jogos raramente são analisadas pelos programas de televisão com o pormenor com que o são os dos tradicionais três grandes. Como não tenho tempo para ver todos os jogos em directo (normalmente, da Liga Portugesa, só vejo os do Benfica), ficaria assim sem matéria-prima para me poder pronunciar acerca dos casos envolvendo o clube minhoto – problema que confesso ter sentido ao longo da época passada.

Esta noite, excepcionalmente, vi grande parte do dérbi com o V.Guimarães, e achei a arbitragem de Pedro Proença (árbitro cujo currículo tem sido incompreensivelmente branqueado, até por benfiquistas) foi tendenciosa, empurrando, com uma dualidade de critérios chocante, o Sp.Braga para a frente.

...E TUDO COMO NO PRINCÍPIO

São tradicionais as dificuldades que quase todas as principais equipas sentem após os grandes jogos europeus. Poupando ou não jogadores, a dificuldade está em motivar aqueles que entram em campo, e que tendem a encarar as partidas seguintes em jeito de descompressão. É assim no Benfica, é assim no FC Porto (empatou neste domingo), no Real Madrid (perdeu), no Milan (empatou), no Chelsea (perdeu), no Inter (empatou), no Arsenal (perdeu), ou seja lá onde for, com as inevitáveis excepções que sempre ajudam a compor a regra.



Quatro dias depois de um jogo de grande intensidade, frente a uma das melhores equipas do mundo, com lotação esgotada e os olhos atentos da Europa futebolística, seriam pois de esperar algumas dificuldades no regresso à lide doméstica. Sobretudo tendo por diante uma Académica tradicionalmente complicada (três triunfos na Luz nas últimas quatro épocas), e agora orientada por um dos vários treinadores satelizados pelo FC Porto – o que constitui dificuldade acrescida para os encarnados, na mesma medida em que irá provavelmente proporcionar dois tranquilos passeios aos azuis-e-brancos, quando o calendário os cruzar com esta já muito pouco simpática Briosa.



Deve dizer-se que o Benfica não facilitou. Talvez motivado pelas boas notícias oriundas de Aveiro, entrou veloz, empenhado, e em busca dos golos que garantissem uma segunda parte relativamente sossegada. Criou oportunidades, marcou, e só por um instante (entre o golo do empate, e a pronta resposta de Nolito), os fantasmas ameaçaram a Luz. A segunda parte não foi, porém, sossegada. O desperdício benfiquista não o permitiu, e foi deixando o resultado tangencial arrastar-se até bem perto do fim, quando Aimar, e depois Nolito, selaram as contas do resultado e do jogo.



Como Pedro Emanuel disse no final da partida, o 4-1 final é um resultado demasiado desnivelado para o que se viu nos noventa minutos. O Benfica jogou bem, mereceu ganhar, mas a Académica, pela réplica que deu, pela forma como nunca deixou de procurar o golo, não merecia, em rigor, sair vergada a tão pesado desfecho. Talvez uns 4-2 reflectissem melhor o que se passou, mas como sabemos o futebol nem sempre se entende bem com a matemática.



Nunca assobiei nenhum jogador do meu clube. Mas não deixa de ser, para mim, um enigma, o motivo pelo qual aqueles que tão implacáveis são para com Cardozo, mostram tanta tolerância para com Saviola. Desde que, em finais da época do título, o argentino soube que não ia estar no Mundial da África do Sul com a sua Selecção, o seu rendimento caiu a pique, para não mais se aproximar dos níveis daqueles primeiros meses. Hoje, como em toda a temporada anterior, Saviola é uma sombra negra do jogador que encantou em 2009-10: não ganha uma bola dividida, não ganha um lance em velocidade, não consegue fazer um drible, raramente decide bem os lances, sendo, na maior parte das vezes, um jogador a menos no conjunto de Jorge Jesus. Não sei se o problema é físico ou psicológico. O que sei é que um jogador assim – sobretudo tendo em conta que é, seguramente, dos mais bem pagos – não tem lugar num Benfica que se quer competitivo e ganhador.



Depois de uma pré-época (tanto quanto me apercebi) prometedora, também Matic não tem mostrado nestas últimas aparições ser alternativa credível a Javi Garcia. Sistematicamente desposicionado, macio a abordar os lances, o sérvio deixou muito espaço por onde os jogadores da Académica puderam penetrar. É, todavia, um caso ainda a rever.



Já que estou com a língua particularmente afiada, mas sem querer ser demasiado cáustico com uma equipa que tem ganho, e jogado genericamente bem, devo ainda dizer que esperava mais de Garay. Tem tentado não complicar, não se deixa expor ao erro mais primário, mas de um central vindo do Real Madrid esperavam-se menos pontapés para a bancada, e esperava-se, por exemplo, um maior e mais rápido entendimento com o lateral do seu lado – e Emerson tem saído algo penalizado por uma deficiente articulação com o central argentino.



Em sentido oposto, Nolito e Bruno César vão mostrando jogo a jogo que querem ser titulares. Um e outro jogam, correm, lutam e marcam. A noite foi deles, e é uma pena que não possam jogar juntos mais vezes. Se Jesus conseguir completar aquele futebol empolgante e libertino que ambos vão exibindo, com o rigor táctico e defensivo que ainda não conseguem garantir, teremos ali dois craques de primeiro nível, até porque estamos a falar de jogadores ainda bastante jovens.



O árbitro perdoou um penálti a cada uma das equipas: o corte com a mão de Bruno César é dentro da área, e, pouco depois, um remate, creio que do mesmo jogador, é cortado para canto com os braços por um dos defesas da Académica.



O amarelo mostrado a Nolito foi um completo absurdo, devendo antes, pelo contrário, ter sido admoestado o jogador que o impediu de lançar um perigoso contra-ataque. Com culpas para o fiscal-de-linha, o mesmo Nolito viu ser-lhe levantada a bandeira num lance em que está, pelo menos, uns três ou quatro metros atrás do último defesa.



Juntando tudo isto a uma expulsão perdoada a Abdoulaye por agressão a Saviola, temos erros demais, a configurar uma péssima arbitragem.

OS FACTOS



Considerando todos os jogos oficiais, esta é a lista dos mais eficazes goleadores de sempre do Benfica, dividindo o número total de golos, pelo número de épocas em que estiveram no clube:




EUSÉBIO: 476 golos / 15 épocas = média de 31,7




JOSÉ ÁGUAS: 377 golos / 13 épocas = média de 29,0




ÓSCAR CARDOZO: 107 golos / 5 épocas = média de 21,4




Seguem-se, no top-10, Nené (20,1), Julinho (19,9), José Torres (19,1), Arsénio (18,3), Rogério "Pipi" (17,3), Valadas (16,2) e José Augusto (15,8).

Assobiar Cardozo já deixou de ser ignorância. Creio que agora é mesmo estupidez.

A UM PALMO DA GLÓRIA


Há muitas formas de avaliar a qualidade de um jogo de futebol. Podemos fazê-lo pelo número de golos, pelas oportunidades criadas, pela incerteza no resultado, pela qualidade artística dos lances, pelo ritmo imposto, ou pela intensidade colocada na luta por cada posse de bola. Cada adepto terá as suas preferências. No meu caso, dou bastante relevo às duas últimas.


Nesta medida, o jogo da Luz foi um espectáculo deslumbrante. A uma bela noite de Verão, a um estádio lindo, cheio e vibrante, a um adversário de topo e recheado de estrelas, a uma ocasião solene como o início da mais importante prova de clubes do mundo, juntou-se uma equipa do Benfica de alto nível, capaz de interpretar na perfeição a tarefa que tinha por diante. Dois maravilhosos golos (um para cada lado) foram as cerejas colocadas sobre tão delicioso bolo, e, dadas as circunstâncias, o empate final acabou por saber a pouco aos mais de 60 mil benfiquistas que estiveram na Luz.


Quando me desloco ao estádio para ver um jogo do Benfica, espero exactamente aquilo que encontrei esta noite. Uma equipa batalhadora, carregada de coragem, a disputar cada lance como se a vida acabasse ali, a não temer o choque, e a querer correr mais do que o opositor. Diz-me a memória que, quando assim é, raramente a derrota acontece, chame-se o adversário Manchester United ou outro nome qualquer. Foi por esse caminho que o Benfica começou a abordar esta partida, sabendo que tinha pela frente uma das melhores equipas do mundo (no meu ponto de vista a segunda dessa hierarquia, logo atrás do super-Barcelona de Pep Guardiola).


Olhando para as estatísticas, o Benfica teve mais remates, mais ataques, mais oportunidades e mais pontapés de canto. Eu acrescentaria que correu mais, equilibrando por essa via uma contenda que, à priori, pendia para o lado contrário. Deu a posse de bola ao adversário (reconhecendo-lhe a natural superioridade), mas nunca deixando de fechar devidamente os caminhos para a sua baliza, esperando sempre, de forma atenta, concentrada e paciente, a oportunidade de aplicar o contra-golpe.


Sobretudo após o golo de Óscar Cardozo (quem mais?), os encarnados da Luz conseguiram agarrar o controlo da partida, e durante algum tempo o 2-0 esteve mais perto do que o empate. Quem tem jogadores como Giggs está, todavia, arriscado a fazer golos a qualquer instante. Um remate espectacular quando se caminhava para o intervalo, e o Manchester United repunha a igualdade, o que na altura significava uma pedra de gelo na euforia que já começava a fazer-se sentir.


Houve um lapso de tempo, correspondente aos primeiros vinte minutos da segunda parte, em que as coisas se complicaram. O Manchester, talvez surpreendido pela força ostentada pelo Benfica no primeiro período, puxou dos galões, e veio do intervalo com uma atitude muito mais afirmativa. Empurrou a equipa de Jesus para a sua área, e por momentos o segundo golo inglês pareceu iminente.


Uma oportunidade clara protagonizada por Nolito (a que o guarda-redes contrário se opôs com uma estupenda defesa), virou novamente as agulhas do jogo. Nos vinte minutos finais o Benfica voltou a ser, senão o mais forte, pelo menos o mais ambicioso dos dois conjuntos em campo, mostrando claramente que queria os três pontos, perante um Manchester United aparentemente resignado com o empate.


O resultado é excelente, e só as oportunidades desperdiçadas (Cardozo, Luisão, Nolito, Gaitán e novamente Nolito) trazem aquele ligeiro travo amargo de que falei mais acima. Não acredito que Basileia e Otelul (pelo menos nas jornadas mais próximas) retirem pontos aos Red Devils, pelo que o Benfica parte de certa forma em vantagem na luta pelo segundo lugar.


Mas da luminosa noite da Luz ficou, sobretudo, a imagem de uma equipa capaz de muito. Se conseguir jogar sempre desta forma, com esta alma, com esta atitude (o que não será fácil), o Benfica vai qualificar-se tranquilamente para os oitavos-de-final, e vai certamente fazer um grande campeonato.


Individualmente destacaria três nomes, os daqueles que mais marcaram esta noite de estrelas: Luisão, Gaitán e Cardozo. O primeiro pela segurança no controlo da sua zona de acção (particularmente no jogo aéreo). O segundo porque foi o principal desequilibrador da equipa, fez um passe magistral para o golo, e teve pormenores de grande classe, que terão deixado Alex Ferguson seguramente impressionado. O terceiro porque, além do espectacular golo que marcou (é já o quinto goleador de sempre do Benfica em jogos internacionais), ganhou inúmeras bolas de cabeça, batalhou como um herói entre os centrais britânicos, e calou uma vez mais os assobios daqueles que, manifestamente, não percebem nada do que estão a ver.


O árbitro protegeu em demasia a equipa mais famosa, nomeadamente ao perdoar dois livres a favor do Benfica em zona de perigo.



PS: Já esta manhã fui surpreendido com as primeiras páginas de dois jornais generalistas (Diário de Notícias e Público), cuja qualidade não merecia ser manchada por títulos, quase diria, insultuosos. O Manchester United tem jogado em claro 4-4-2 no seu campeonato, e veio à Luz em 4-5-1, numa manifestação de grande respeito pelo Benfica. Optou por jogadores que fechassem melhor as alas (Park e Valência) em detrimento do talento mais libertino de Nani, e pela experiência de Giggs no apoio à principal estrela da companhia, Wayne Rooney (único ponta-de-lança que apresentou de início). É verdade que tem os dois centrais titulares lesionados, mas daí para a frente jogaram em Lisboa todos os seus craques. E também não fica mal lembrar aqui que esta equipa (em cujo plantel não existem…”segundas linhas”) levava 5 vitórias em 5 jogos oficiais nesta temporada, entre as quais algumas goleadas como um 8-2 (!) ao Arsenal, ou um 0-5 no terreno do Bolton no último sábado. Aceito que se possa eventualmente discutir se Cardozo faria a Ferdinand o que fez a Evans. Não aceito que se destaque, em primeira página, como facto central de um grande jogo, que o Manchester tenha jogado desfalcado. Até porque é mentira. E se não é provocação, parece.

ONZE IRMÃOS

JOGOS PARA A ETERNIDADE (reedição) - Benfica-Manchester United, 2-1 / 2005

Quando se aproxima mais uma jornada europeia de elevadíssimo grau de dificuldade para o Benfica, é talvez o momento de recordar uma outra, de características similares, que redundou numa noite de glória verdadeiramente inesquecível. Falo do Benfica-Manchester United de 2005, que foi, sem dúvida alguma, um dos jogos da minha vida.

Estávamos na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, onde os encarnados haviam chegado depois de uma ausência de alguns anos. Para os lados da Luz, estava ainda bem viva a conquista do título nacional meses antes, que interrompera onze anos de jejum, e levara o clube de volta aos principais palcos do futebol europeu. Apesar de toda a euforia do título que ainda envolvia os adeptos, poucos apostariam que o Benfica conseguisse ultrapassar esta fase, sobretudo depois da derrota em casa com o Villarreal - à partida, o seu principal adversário, tomando como seguro que ao todo poderoso Manchester United nunca fugiria um dos lugares de apuramento.

O Benfica iniciou a prova com uma preciosa vitória sobre o Lille na Luz, obtida com um golo de Miccoli no último minuto. Depois foi derrotado em Old Trafford, empatou em Villarreal, perdeu em casa com os espanhóis, e foi empatar a Paris com o Lille. Chegou à derradeira jornada em último lugar, com 5 pontos, face aos 6 de Lille e Manchester United, e aos 7 do surpreendente líder Villarreal. Só a vitória interessava, e permitia, sem quaisquer dependências, a qualificação. Qualquer outro resultado eliminava sumariamente o Benfica da prova rainha, e um eventual empate nem sequer garantia a repescagem para a Taça Uefa. O Manchester não podia perder, jogando também nessa noite o apuramento, depois de uma fase de grupos bastante sinuosa, na qual perdera já nove pontos em cinco jogos. O panorama era pois de autêntico mata-mata, e, para agravar, o Benfica tinha de o enfrentar com vários jogadores lesionados, tais como Manuel Fernandes, Ricardo Rocha, Karagounis, o perigoso Fabrizio Miccoli, e, sobretudo, o capitão Simão Sabrosa. Era o que se poderia chamar, uma missão impossível.

Mas há noites em que algo de mágico parece acender as velas da nossa esperança. Fui para o estádio bem cedo, e embora, como quase toda a gente, não visse forma de o Benfica conseguir ultrapassar o tremendo obstáculo que tinha diante de si, sentia por dentro uma estranha fé, capaz de transmitir uma difusa sensação de que era possível ocorrer o verdadeiro milagre com que sonhava. Afinal eram onze contra onze, e a bola seria, com toda a certeza, redonda.

O ambiente em redor da Luz era, naturalmente, o dos grandes jogos. A lotação estava esgotada havia semanas, e a tensão nervosa era electrizante. O Benfica alinhou com Quim, Alcides, Luisão, Anderson, Léo, Nelson, Petit, Beto, Nuno Assis, Nuno Gomes e Geovanni, enquanto o Manchester United fazia actuar Van der Sar, Neville, Ferdinand, Silvestre, O’Shea, Smith, Fletcher, Scholes, Ronaldo, Rooney e Van Nistelrooy. Os técnicos eram Ronald Koeman e Alex Ferguson. Desde que o jogo teve início, logo se percebeu que Cristiano Ronaldo não seria poupado a assobios. Cada vez que o jovem português tocava na bola, sessenta mil pessoas faziam um barulho ensurdecedor, factor que terá sido responsável pela pobre exibição que o puto maravilha – ainda relativamente pouco experiente - realizou nessa noite. Ao ser substituído, Ronaldo, de cabeça perdida, faria um gesto indelicado para as bancadas, o que lhe viria a valer um castigo. Estou em crer que se hoje voltasse à Luz, tudo seria perdoado.


Mas as coisas não começaram nada bem para o a equipa portuguesa, muito pelo contrário. Logo aos seis minutos, uma falha de marcação permite um cruzamento para a pequena área, onde Paul Scholes bateu Quim de forma pouco ortodoxa – a bola apenas passou uns centímetros da linha de golo, mas os suficientes para o Benfica se ver em desvantagem no marcador. Se as dificuldades já eram muitas, um início de jogo tão infeliz parecia ser o pronuncio de uma noite de desilusão, ainda que, com as expectativas tão baixas, essa palavra fosse até de algum modo excessiva. Quaisquer palavras que utilizássemos, o que parecia certo era o natural apuramento dos Red Devils, e a eliminação dos encarnados da Luz. Recordo bem a forma como, impulsionados pelas claques, os benfiquistas de imediato apoiaram a equipa, fazendo-lhe sentir que tudo ainda era possível. Terá sido um dos jogos em que me recordo de um apoio mais vibrante vindo das bancadas. A Luz, nesse dia, foi mesmo um verdadeiro inferno.


A reacção dos jogadores foi espantosa. Desde esse minuto seis, até ao final da primeira parte, assisti a melhor exibição do Benfica dos últimos dez anos. Segurança defensiva, critério na troca de bola, ataques rápidos e perigosos. Todos pareciam capazes de comer a relva e engolir a bola. Os golos teriam de surgir. E surgiram mesmo. Primeiro Geovanni – cirurgicamente aproveitado como ponta-de-lança -, a cruzamento de Nelson. Era o empate, era a devolução da esperança à Luz, repondo tudo na estaca de partida. Pouco depois seria a vez do improvável Beto – mal amado pelos sócios – rematar de fora da área, na sequência de um ressalto, batendo sem apelo o gigante Van der Sar. Parecia impossível, mas o Benfica tinha consumado uma cambalhota no resultado. Mas faltava ainda muito, muito tempo. Van Nistelrooy e Ronaldo têm boas oportunidades, mas à beira do intervalo, em mais um lançamento para as costas da defesa inglesa, o veloz Geovanni escapa-se, isola-se, e acaba rasteirado mesmo sobre a linha limite da área. Todo o estádio se levantou esperando o penálti (ou, no mínimo, o perigoso livre) e o respectivo cartão vermelho. Tal como sucederia poucos meses depois frente ao Barcelona, o Benfica provou também aqui um pouco daquilo que é uma indesmentível protecção da Uefa, e das suas arbitragens, aos nomes financeira e comercialmente mais fortes. O árbitro nada assinalou, e perdia-se assim uma excelente ocasião para dilatar a vantagem, e assegurar algum conforto para uma segunda parte que se antevia dramática.



Chegou-se ao intervalo com 2-1. Ninguém sabia, mas seria este o resultado final. Devo dizer que, durante quase toda a partida, perante uma vantagem tão frágil – e o empate, recorde-se, não chegava -, contra tão forte adversário, nunca me convenci plenamente da possibilidade de êxito do Benfica. De certo que a qualquer momento Cristiano Ronaldo, Van Nistelrooy ou Rooney, num lance individual ou colectivo, numa falha ou por via de um qualquer golpe de genialidade, acabariam por repor a natural hierarquia do jogo. Era esse o meu espírito quando, nos corredores da Luz, discutia ao telefone com amigos as incidências da primeira parte.



O segundo período iniciou-se, e pouco depois Ronaldo atirou uma bola ao poste. O tempo ia passando, o Manchester pressionava, mas a torre de centrais que o Koeman colocava na sua área (Alcides, Luisão e Anderson) ia chegando para tudo. O relógio parecia andar para trás, mas a realidade é que o Benfica se aproximava de um feito notável. A meio da segunda parte comecei, enfim, a acreditar que o milagre seria possível. A ponta final do jogo foi de um dramatismo indescritível. O estádio rebentava de um misto de euforia e ansiedade, que criava um clima onde mesmo um experiente adversário, como o Manchester United, tinha dificuldade em jogar. O Benfica dava mostras de uma união fortíssima entre os seus jogadores, e conseguia, a espaços, contra-ataques perigosos - recordo dois, concluídos por Geovanni e João Pereira (entretanto entrado) com remates ao lado. A equipa de Alex Ferguson começava a perder a cabeça, e insistia cada vez mais num chuveirinho para a área, que soava a música celestial para os centrais benfiquistas. Quando o árbitro (se não estou em erro, o grego Vassaras) apitou para o final, tudo parecia tratar-se de um sonho. Muitos dos adeptos, ainda sintonizados com os tempos de glória europeia do clube, terão encarado a passagem com felicidade, mas com alguma naturalidade. Para mim - e para muitos outros - foi um feito extraordinário, e terei ficado tão feliz como quando, anos antes, por duas vezes, vi na Luz o Benfica apurar-se para a própria final da prova. Este era aliás, o momento do reencontro do Benfica com a sua história, e era, na verdade, algo que fazia a Europa abrir a boca de espanto.



A noite foi de festa, com passagem por várias das principais "capelinhas" de Lisboa. Das Docas ao Bairro Alto, terminando ao som da música do Lux, mesmo à beirinha do Tejo, sempre com muita cerveja e muita euforia. Prometi a mim próprio que só me iria deitar depois de ler “A Bola” do dia seguinte, e recordo perfeitamente de, já com o sol a nascer, comprar de enfiada, numa estação de serviço, todos os jornais desportivos do dia, e deleitar-me a folheá-los antes de adormecer sobre uma nuvem de felicidade. O Benfica terá atingido, nessa noite, um dos pontos mais altos da sua história internacional nas últimas décadas. Seguiu-se a também inesquecível eliminatória com o Liverpool, e depois a infelicidade de apanhar, nos quartos-de-final, com a melhor equipa da competição - o Barcelona já de Messi, e ainda de Ronaldinho Gaúcho, Deco, Eto'o, Puyol e companhia, que seria o natural campeão europeu da temporada.

AÍ ESTÁ ELA!

Para começar, dois jogos grandes: hoje, Barcelona-Milan, amanhã, Benfica-Manchester United. São estes os dois grandes clássicos da primeira ronda, os únicos que colocam frente a frente antigos vencedores da prova, e clubes do top-10 histórico.

Destaque também para o duplo confronto londrino-germânico, com um Chelsea-Bayer Leverkusen e um Borússia de Dortmund-Arsenal (ambos já esta noite), e ainda para o Villarreal-Bayern de Munique e o Ajax-Lyon, sem esquecer a deslocação do Real Madrid a Zagreb. 16 jogos ao todo, entre hoje e amanhã, todos com transmissão televisiva. Um regalo.

CLASSIFICAÇÃO REAL

FC PORTO-V.SETÚBAL

Para além da noite de sexta-feira ser, para mim, tradicionalmente reservada ao cinema, ver jogar o FC Porto provoca-me náuseas. É algo que evito ao máximo, abrindo apenas excepções para os jogos com o Benfica (como é óbvio), por vezes também com o Sporting, e um ou outro jogo europeu (hoje nem pensar, pois há um imperdível Barça-Milan à mesma hora). Não gosto da estética daquele estádio (nem dos estádios vazios que o FC Porto visita), das insuportáveis cornetas, das facilidades concedidas pelos adversários e pelos árbitros. Incomodam-me até os rostos do Hulk, do Rolando, do Álvaro Pereira e do Fernando. Nada daquilo é futebol. É algo de diferente, que me enjoa, e me repugna.

Desta vez, nem o resumo vi. Neste caso, não porque o evitasse, mas simplesmente porque não calhou.

Rezam as crónicas que o primeiro golo portista é precedido de falta. Não posso confirmar, nem desmentir essa ideia.

Resultado Real: 3-0


BENFICA-V.GUIMARÃES

Sobre a partida que mais polémica levantou, já muito aqui ficou dito.

Acrescentaria apenas que, depois de ver melhor, fiquei com mais dúvidas acerca do terceiro penálti. No texto sobre o jogo considerei-o inexistente, mas uma repetição mais aproximada deixa a sensação que, antes de bater na cabeça, a bola desvia efectivamente no braço do defesa vimaranense. Ou seja, onde tínhamos um penálti por assinalar, um bem assinalado, um a deixar dúvidas e um inexistente, temos agora um por assinalar, outro bem assinalado, dois a deixar dúvidas, e nenhum claramente inexistente. Para além disso, creio que haveriam aqui cartões vermelhos por mostrar. No meio de tantas dúvidas, nem sequer me vou meter nisso.

Resultado Real: 2-1 para o Benfica.


PAÇOS-SPORTING

Dos resumos que vi, o único caso de que me apercebi prende-se com o livre indirecto de que resultou o primeiro golo pacense. Eu não o assinalaria, pois não é claro que o defesa sportinguista queira deliberadamente atrasar a bola ao seu guarda-redes.

Resultado Real: 1-3


CLASSIFICAÇÃO REAL

FC PORTO 10 (beneficiado em 2 pontos)

Benfica 10 (não beneficiado nem prejudicado em pontos)

Sporting 9 (prejudicado em 4 pontos)

SERVIÇOS MÍNIMOS


Se o jogo se decidiu aos penáltis, vamos começar então por eles.

O primeiro não oferece dúvidas, e nem me parece que valha a pena perder muito tempo a analisá-lo. O segundo é duvidoso, não se percebe se o braço do defesa vimaranense ajuda ou não a afastar a bola, nenhuma imagem é clara quanto a isso, mas…não foi convertido, pelo que os seus efeitos no rumo do jogo foram nulos. Já o terceiro, que no estádio (e numa primeira imagem televisiva) me pareceu ser claro, vê-se depois (à segunda repetição) que efectivamente não existe. Ou seja, dos dois penáltis que originaram os golos, um foi claro, outro inexistente.

Acontece que antes de qualquer uma das penalidades assinaladas, houve uma outra que ficou por assinalar. Falo de um corte com a mão, feito perto da linha de fundo, que Duarte Gomes não viu, mas que logo no estádio (e eu estava bem perto do local), se percebeu ter sido faltoso. Foi de resto, o lance mais claro de todos os que a partida proporcionou. No balanço temos pois um penálti mal marcado e outro por marcar. Cartesianamente, podemos dizer que assistimos a uma má arbitragem, mas sem qualquer benefício para o Benfica.

O jogo em si foi pobre. Esperava-se um Benfica afirmativo e empolgante no ataque, e um Vitória atrevido no contra-golpe, mas nada disso se viu no relvado da Luz. Assistimos a um jogo pastoso, arrastado, com o Benfica à espera que o golo aparecesse, e a equipa visitante sem argumentos para fazer perigar a baliza de Artur.

Com 2-0 ao intervalo pensou-se que tudo estaria decidido, mas o golo de Edgar (na primeira falha de Artur desde que está no Benfica), trouxe a intranquilidade às bancadas e à equipa de Jesus. Mais uma vez os encarnados não souberam gerir os ritmos de jogo da melhor forma, expondo-se a um eventual golo do empate – que nos últimos minutos chegou a parecer eminente, tal a sequência de lances de bola parada nas imediações da área benfiquista.

Em vésperas de um compromisso europeu de altíssimo grau de exigência, não surpreende algum arrefecimento exibicional da equipa do Benfica. A vitória e os três pontos eram, todavia, as únicas coisas que interessavam, e isso foi conseguido.

Em termos individuais destacaria Cardozo, pelos golos (é já líder isolado da lista de melhores marcadores), mas também pelos espaços que criou, e pela forma como batalhou.


De Duarte Gomes já disse tudo.

ONZE PARA SÁBADO

Apresentando uma equipa extremamente competitiva, poupava, pelo menos de início, Maxi Pereira (vem de lesão), Emerson (dando oportunidade a Capdevila), Aimar (para estar em grande na Champions), Gaitán (a precisar de descanso) e Cardozo (que vem da sua selecção).

ALTERNATIVA

Se não querem um benfiquista na FPF, pois que seja então um sportinguista. Mas nunca um cúmplice (por omissão) das práticas corruptas que intoxicaram o futebol português nas últimas décadas.

Se não querem Seara, que seja Hermínio - nortenho, adepto do Sporting, mas homem isento e impoluto.

Ou o Benfica e o Sporting unem as suas forças para limpar o futebol, ou teremos mais uma oportunidade dramaticamente perdida. Quem sabe a última.

UM HOMEM DO SISTEMA

Sentado à direita do "pai", está o homem que assobiou para o lado aquando do processo "Apito Dourado", deixando o Benfica sozinho no terreno da luta pela verdade desportiva.

Sozinho nunca ele deixou Pinto da Costa, com quem manteve sempre uma relação de grande cumplicidade, antes e depois dos almoços.

Agora está a ser conduzido pela Associação de Futebol do Porto (com a bênção da Olivedesportos) a uma oportunista candidatura à presidência da FPF. Reservada para a trupe de Lourenço Pinto ficará, como é óbvio, a arbitragem, provavelmente a cargo de Paulo Costa - outro personagem à altura deste romance.

Gostava muito que o Sporting (falo essencialmente de Godinho Lopes e Luís Duque) não se deixasse enganar, e não fosse levado neste canto da sereia. Mas de Alvalade não se podem esperar grandes manifestações de sensatez, sobretudo sendo o outro candidato um conhecido adepto do... Benfica.

Se, para desgraça do futebol português, viermos a ter Soares Franco na FPF, e Paulo Costa na arbitragem, isso significa - não tenhamos dúvidas - mais alguns anos de domínio portista no campeonato, de queixas avulso do Sporting em relação aos árbitros (não percebendo, ou não querendo perceber de onde vem o mal), e de solidão do Benfica na luta contra o sistema corrupto que tem vigorado desde 1983.

O QUE PARECE...NÃO É

PRATELEIRA DOURADA

Na senda do texto anterior, também ninguém ainda fez as contas aos jogadores caríssimos, adquiridos pelo FC Porto, e que, por um ou outro motivo, não são titulares da equipa.




DANILO.............................13 milhões (só chega em Janeiro)




MANGALA..........................6,5 milhões (suplente)




ALEX SANDRO.................10 milhões (não inscrito na Champions)




DEFOUR..............................6,5 milhões (suplente)




BELLUSCHI...........................5 milhões (suplente)




JAMES RODRIGUEZ...............6 milhões (suplente)




CRISTIAN RODRIGUEZ.........7 milhões (suplente)




Só aqui estão 54 milhões de euros (!!!). Curiosamente, quatro destes sete nomes foram alegadamente alvo do interesse do Benfica, o que talvez explique alguma coisa. O que é certo é que se isto se passasse na Luz, a especulação e a crítica seriam constantes.

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Escrevi aqui sobre a ausência de Capdevilla da convocatória para a Champions League. Pareceu-me uma opção estranha, e como tinha a ver com o Benfica, comentei-a. Acontecesse noutro clube, e possivelmente não o teria feito, pois, como sabem, o Glorioso tem aqui um lugar de destaque.

Ninguém me paga para fazer isto, não sou jornalista, e não estou sujeito a qualquer deontologia profissional. Nestas circunstâncias, escrevo aquilo que quero e me apetece.

O mesmo não se aplica aos órgãos de comunicação social que se dizem independentes, onde se ganha dinheiro, e aos quais se exige isenção e critério.

Todos eles falaram de Capdevilla. Falaram muito. Mas sobre a convocatória do FC Porto nem uma palavra. E haveria algumas coisas para dizer.

Alex Sandro, que custou quase 10 milhões de euros (num capricho que visava apenas desviá-lo do Benfica), ficou de fora. Iturbe (o “novo Messi”) também, assim como Walter (que só me lembro de marcar golos, para desgraça minha, ao Juventude de Évora). Mas o dado mais curioso é que o FC Porto foi obrigado a deixar quatro vagas por preencher, pois não tem no seu plantel qualquer jogador formado internamente, coisa que tem passado despercebida.

Pelo contrário, o que se lê muito por aí é que o Benfica joga apenas com estrangeiros. Talvez não tenham feito as contas, pois caso contrário saberiam que o Benfica é justamente, de entre os três grandes, o clube com mais portugueses e com mais jogadores da sua formação no plantel principal. Quem não esteja atento, até pode pensar outra coisa.

Muitas vezes acusa-se os “media” de protecção ao Benfica. Estes casos provam o contrário.

Que só falam do Benfica, é verdade. Que fazem manchetes espampanantes com jogadores encarnados, também é verdade. Que protegem o clube da Luz, é falso. Servem-se dele, o que é substancialmente diferente.

MAIS PERTO DO EURO

Num jogo sem grande história, a Selecção Nacional soube tornar as coisas fáceis, e garantir os três preciosos pontos.

Ricardo Carvalho não fez falta, Cristiano Ronaldo desempenhou, enfim, o papel que os portugueses dele esperam, e a prematura expulsão de um cipriota enfatizou a superioridade lusa.

Faltam duas finais, e nada está ganho. A entrada em falso teve custos, e o apuramento disputar-se-á, provavelmente, até aos últimos instantes do último jogo.

ONZE PARA CHIPRE

Não gosto de Pepe, Bruno Alves e Ruben Micael, e não gosto de os ver na minha selecção. Acontece que com esta convocatória seria impossível fazer uma equipa muito diferente. E para já, a prioridade é estar no Europeu.

DOIS CASOS

Custa a acreditar como um jogador tão experiente toma uma atitude tão absurda. Ricardo Carvalho deitou por terra, num instante, a imagem que foi construindo ao longo dos anos, e que o tornava num jogador respeitado inclusivamente por adversários.


Custa-me ver a titularidade da selecção definitivamente entregue a Pepe e Bruno Alves (dois excelentes jogadores, dos quais não gosto), mas quem abandona o barco desta forma, num momento tão delicado, hipervalorizando aspectos individuais quando está em causa um apuramento nacional, não merece estar na selecção, e se calhar nunca merecia lá ter estado.


Se calhar tem mesmo de fazer um teste de QI, tal como o próprio José Mourinho lhe havia proposto nos tempos do Chelsea.






Quem sabe da tenda é o tendeiro, e não excluo a hipótese de Joan Capdevila, campeão da Europa e do Mundo com a poderosíssima selecção espanhola, ter imaginado o seu ingresso no Benfica como uma espécie de reforma dourada, com muito sol, marisco e descanso. Se foi isso que aconteceu, se foram esses os sinais dados pelo espanhol nos primeiros treinos, então Jorge Jesus tem toda a razão para não contar com ele.


De qualquer forma, custa-me a aceitar que o Benfica parta para a Champions League com apenas um lateral-esquerdo no plantel. Não vejo nenhum dos centrais a fazer o lugar, o jovem Luís Martins não oferece, obviamente, quaisquer garantias, e o próprio Emerson está longe de ser um craque – como se viu na Choupana, onde o seu corredor foi amplamente explorado pela equipa madeirense.


Fábio Coentrão foi vendido, Carole emprestado, e César Peixoto não quer o lugar. Capdevila chegava como um dos reforços mais sonantes deste Benfica, como alguém experimentado, e particularmente vocacionado justamente para os grandes jogos europeus. Jesus prefere convocar dez (!) médios, e deixá-lo de fora. Espero que existam razões fortes para o fazer.


Desacreditado e humilhado, não creio que Capdevila possa fazer carreira na Luz. Ou seja, fechado o mercado, o Benfica destapa um buraco, e grande, no seu plantel.

FINALMENTE FECHADO

Quase dois meses depois de algumas equipas terem iniciado a temporada, o mercado de transferências finalmente fechou.




Não houve grandes surpresas de última hora, salvo talvez o fracasso das negociações por Álvaro Pereira, e as vendas de Postiga e Yannick. Esperava sinceramente que Sporting e FC Porto (e até eventualmente o Benfica, onde não há alternativa a Cardozo) contratassem pontas-de-lança neste último dia, mas ao que parece todos eles estão satisfeito com o que têm.




É altura de actualizar o top10 de compras e vendas efectuadas por clubes portugueses.




Estas são as compras mais caras de sempre:E estas as vendas: