VERGONHOSO

O Benfica é de todos nós. Mas não é de cada um de nós, nem de nenhum grupo organizado, casa ou sector do estádio .
Uma minoria de imberbes ignorantes pensa que é dona do Benfica,  e acha que é com agressões e petardos que a equipa vai começar a marcar golos, ou alterar aquilo que têm sido as opções da esmagadora maioria dos sócios,  no país e no mundo.
Seria ridículo nos rivais. No Benfica é profundamente lamentável.

ATÉ MORRER!

Sempre convosco. Nas horas boas e, sobretudo, nas horas más.
A dor também faz parte da paixão clubista. Não morreu ninguém, e no domingo há outro jogo.
Houve muitas coisas más, muitos erros, muitos equívocos - desde logo técnico-tácticos. Mas não há nada a apontar ao profissionalismo dos jogadores.
Há problemas na constituição do plantel (faltou contratar um central, e a saída de Mitroglou não foi colmatada por um outro ponta-de-lança de raiz, que, diga-se, são espécie rara, por isso devem ser bem agarrados), houve neste caso também problemas na constituição do onze (Ruben Dias, Salvio, Seferovic), mas o principal problema deste Benfica tem a ver com a dinâmica colectiva da equipa - que fica frequentemente bloqueada, sem conseguir reagir. Já na ponta final da temporada passada houvera sinais de esgotamento táctico. Agora são evidentes, sem que, do banco, se veja qualquer solução.
Há jogadores que correm, correm, mas não rendem, nem se valorizam (Jimenez e Rafa os casos mais flagrantes). Outros que são bloqueados em campo, ficando sem guião alternativo (Pizzi, por exemplo). A linha defensiva não sabe como se posicionar nem como se coordenar. Enfim, há muito a rever nesta equipa e nos seus mecanismos colectivos, mas há que fazê-lo com sensatez, sem estados de alma, e com muito benfiquismo.
Continuo a acreditar no Penta. O plantel ainda assim é forte (o melhor em Portugal), e a estrutura de apoio também.

O MEU ONZE

BANCO: Varela, Jardel, Eliseu, Samaris, Rafa, Salvio e Seferovic

ELE E MAIS DEZ

Será que fui apenas eu a ver uma magistral exibição do jovem sérvio no jogo de sábado?
Cervi esteve muito bem, marcou um golão, mas...Ziv encheu o campo, mostrando que muito dificilmente sairá da equipa.
Este parece ser o seu ano.

HAJA MEMÓRIA

Ainda me lembro disto
 ...e disto
 ...e disto
 ...e disto
 ...e disto
 ...e disto
 ...e disto

PARA QUE SERVE?

O presidente da FPF lançou um aviso óbvio. Já o presidente da Liga o tinha feito. Qualquer pessoa de bom senso o faria. Mas...de que servem esses reparos, enquanto os dois cavalheiros abaixo insistirem em atacar furiosamente o Benfica, todas as semanas, todos os dias, em todos os momentos (conforme ficou combinado no Altis), criando assim esta onda de crispação que se faz sentir, de efeitos ainda imprevisíveis?
Ontem, num zapping televisivo, passei pela BTV, onde se falava do Benfica, pela Sporting TV, onde se falava do...Benfica, e pelo Porto Canal onde, adivinhem, também se falava do Benfica. Não é preciso dizer mais para se perceber quem, e como, lança gasolina para o fogo em que vai ardendo o futebol português.
Não desejo que tal aconteça, mas não deixaria de ser irónico que este campeonato viesse a ser discutido entre FC Porto e Sporting. Como seria a comunicação de ambos na 2ª volta? Continuariam a falar exclusivamente do maior clube português?

PORQUÊ?

Filipe Augusto é um profissional sério, que deixa tudo em campo.
É dos que corre mais, e luta mais intensamente por cada posse de bola.
É certamente dos que ganha menos dinheiro.
Não é um Maradona, mas sim um jogador combativo, que pode ser útil em muitas situações (aliás, já o foi).
Cabe a titular? Se toda a gente estiver disponível, não!
Cabe no plantel? Evidentemente que sim!
E sobretudo não merece que alguns auto-intitulados "benfiquistas" o persigam cruelmente, fazendo bullying com ele - como de resto gostam de fazer, todos os anos, com aqueles que supostamente deveriam apoiar. Foi assim com Thomas, com Beto, com Carrillo, com Ola John, mas também com Cardozo, Paneira, Nené, Eliseu e até Cavem.  Algo absolutamente estúpido, que não consigo entender. Algo que condiciona o rendimento dos atletas, e, em alguns casos, pode até perturbar-lhes a carreira. Algo que, obviamente, prejudica a equipa. Mais valia ficarem em casa...
Força Filipe! Perdoa-lhes pois não sabem o que dizem.

PROBLEMA EMOCIONAL, PROBLEMA TÁCTICO

O resultado não foi bom, mas o jogo não foi mau.
Uma equipa remendada conseguiu bons momentos. Sobretudo mostrou vontade de ultrapassar esta fase negativa.
Aliás, as primeiras partes até têm sido genericamente razoáveis (Portimonense, CSKA, Bessa e ontem). Depois há uma espécie de bloqueio emocional, e uma incapacidade táctica de dar a volta a situações adversas - ou seja, a golos sofridos. Parece não haver plano B.
O problema pode ser de tudo menos da entrega dos jogadores, pelo que há enorme injustiça, e até ingratidão, em algumas das críticas.
No sábado uma vitória reporá a equipa dentro dos padrões emocionais normais, e depois sim, se verá quanto vale este Benfica.
Notas positivas para Júlio César, Ruben Dias, Eliseu, Krovinovic e Jimenez. Negativa para Jardel e Rafa.

ESTUPIDEZ PROFUNDA

"Apertar" os jogadores!!!????!!! Mas porquê?
Houve algum caso de mau profissionalismo? Houve alguém que não se esforçasse por ganhar?
Caramba! Se há alguém que não tem culpa nenhuma destes maus resultados são os jogadores.
Não é com atitudes idiotas como esta - levada a cabo por uma minoria - que se apoia o Benfica. Pelo contrário, isto só faz sorrir os rivais.

PARA REFLEXÃO

"O que se viu nestes jogos já se detectava antes, colectivamente, em particular perante adversários de maior qualidade, fossem Nápoles ou Dortmund, Porto ou Sporting: a escassa variedade de soluções ofensivas (que não passem pela ligação Pizzi-Jonas ou por acelerações individuais), a dificuldade em controlar uma partida com bola (por isso vendo fugir resultados positivos como contra o CSKA e até o Boavista), de ter um plano alternativo quando em desvantagem (que não o de acrescentar avançados uns após outros, numa estratégia de homens sobrepostos junto à área rival à espera de um cruzamento feliz), somados a um número crescente de erros defensivos que não eram comuns na Luz em muitos anos. 
Luís Filipe Vieira e Rui Vitória uniram os destinos. Vieira quis o treinador de baixo perfil, elegante no trato e capaz de manter a ambição em banho-maria, sujeito a vendas de jogadores mas capaz de esperar sem azedume pelo momento em que chegará a melhor alternativa, com sorte originária do Seixal. Vitória entrou num clube campeão não como motor mas enquanto parte da engrenagem, encarnou a antítese de Jorge Jesus na forma cordata como se expressa e nas oportunidades aos jovens, tornando-se um bicampeão respeitado mesmo se nunca entusiasmante. As circunstâncias de um casamento feliz estão agora em causa, porque mudou a equação essencial do sucesso encarnado, que aliava grande qualidade individual dos jogadores, agora menor, à fragilidade dos rivais, agora melhores. Não pressentir a necessidade de mudança foi um erro, sobretudo de Rui Vitória. Vieira até já tinha anunciado o desinvestimento no ano de atacar o penta, ao dizer que “pode hipotecar títulos mas não o futuro do clube”. Claro que se pode perguntar de quem é a responsabilidade, se o futuro do clube corre riscos, senão do homem que o lidera há 14 anos, só que Vieira tem muito crédito entre a maioria dos benfiquistas, que estarão capazes de lhe perdoar uma época falhada. Já Rui Vitória não terá a mesma sorte, se não perceber depressa que – ao contrário do que alguns que o foram iludindo juravam – ou muda ou perde, mesmo se apenas seis jornadas cumpridas se tornou muito mais difícil a missão do penta. É que não haverá mais reforços até Janeiro e Sporting e Porto estão a aproveitar como nunca a arrogância do vencedor recente."
Texto de Carlos Daniel

APOIAR!

Duas derrotas consecutivas lançaram de imediato uma nuvem de críticas e especulações em torno da nossa equipa principal, algumas partindo dos adversários (por vezes bem disfarçados, como em Gaia), outras de benfiquistas - felizmente habituados a ganhar sempre ou quase sempre. 
Sendo o futebol uma roleta de emoções, na hora da derrota facilmente se passa da euforia à depressão, daí à condenação e por vezes ao insulto. Respondendo aos instintos mais básicos, sente-se necessidade de culpar alguém e dispara-se para os alvos mais fáceis (quando não a arbitragem, o treinador, os jogadores ou a direcção). Atropela-se o bom senso, solta-se a crueldade e a ingratidão. A comunicação social, ávida de sangue, dá uma ajuda.
Outro caminho é o da sensatez. O de deixar a análise do que correu mal para quem está do lado de dentro, e portanto em melhores condições para o fazer; sabendo-se que, de fora, todo o ruído será tão inútil quanto prejudicial, constituindo mais uma barreira ao processo de retoma.
Estes jogadores, esta equipa técnica e estes dirigentes deram-nos, há apenas quatro meses, o primeiro Tetra-Campeonato em mais de um século de história. Juntaram-lhe a Taça de Portugal, e já nesta temporada também a Supertaça – único troféu oficial até agora atribuído. Parece-me totalmente desconexo apontar dedos a quem tantas alegrias nos proporcionou, só por dois ou três jogos menos conseguidos.
É também de dor que se alimenta a paixão clubista. Sendo fácil apoiar quem vence e participar nas festividades, é quando perde que a equipa mais necessita da nossa ajuda. Não lhe voltemos as costas. 

TAMBÉM FIQUEI CONTENTE


VAR SIM, VAR NÃO

Há algumas semanas atrás, nestas mesmas linhas, afirmei que introdução do Vídeo-árbitro na nova temporada poderia vir a constituir um precioso escudo face ao clima de coacção, e até de terror, que tem sido erigido por alguns artistas da comunicação sobre a arbitragem; ainda que, no abstracto, não fosse entusiasta de uma alteração passível de retirar alguma fluidez ao espectáculo futebolístico.
Não foi preciso esperar muito para que uma intervenção do VAR, num jogo do Benfica, repusesse a verdade face a um lance que teria sido mal ajuizado, e que lhe teria provavelmente subtraído dois pontos.
Também não me surpreendeu que aqueles que mais clamavam pelo Video-árbitro como solução para todos os males do futebol português, logo viessem a terreiro protestar contra a decisão tomada a partir das imagens televisivas, só porque ela permitiu uma vitória do Benfica. Ou seja, para eles VAR sim, desde que utilizado em prejuízo do odiado rival.

Ouviram-se por estes dias argumentos tão espantosos quanto ridículos. Para esta gente, as evidências são um detalhe no meio da “verdade” que nos querem impor. Tudo serve para atacar os encarnados, e para colocar mais pressão sobre os árbitros, de modo a que estes os prejudiquem. Sim, sob a capa de justiceiros, é isso que pretendem: que o Benfica volte a ser prejudicado, como foi durante décadas.
Se o VAR mantiver uma participação cirúrgica e imparcial – como genericamente tem acontecido até aqui – em breve ouviremos mais críticas. Talvez até queiram acabar com ele, se, também com ele, o Benfica vier a ser campeão. 

O ROSTO DA DERROTA DO BENFICA

Do pior que já se viu na Luz. Voltem, árbitros portugueses, que estão perdoados!

A NOITE MAIS BELA DE TODAS AS NOITES

Era quarta-feira, 3 de Setembro de 1980. Passaram 37 anos. O Benfica disputava uma eliminatória da já extinta Taça das Taças frente aos turcos do Altay Izmir, dos quais pouco ou nada se voltaria a ouvir falar. Da 1ª mão vinha uma igualdade a zero.

Depois de muito insistir, lá consegui convencer o meu pai a levar-me ao jogo.
Tratava-se do realizar de um sonho: ver com os meus próprios olhos aquelas camisolas berrantes, numa noite europeia, em pleno Estádio da Luz, perante o clamor das bancadas repletas. As histórias que ele me contava de tempos idos  – algumas vividas ainda no Campo Grande -, e que eu ouvia atentamente desde tenra idade, aguçaram-me o apetite para um dia poder, também eu, presenciar ao vivo as glórias do clube que já então entrara de forma avassaladora no meu coração e na minha vida.

Chegados ao estádio, o meu pai comprou-me uma pequena bandeira vermelha e branca, que ainda guardo religiosamente. E lá entrei para a bancada lateral do lado oposto ao Terceiro Anel, o que significa que o tinha, imponente, mesmo diante de mim.
Não consigo descrever o impacto que me causou o estádio iluminado, o bailado das estrelas em campo, todas as cores e todos os sons que mal conseguia devorar. Nem acreditava que estava ali, justamente no local que enchia a minha imaginação, e que até então apenas vira em fotos de jornal.

Chalana, Humberto, Nené e César marcaram os golos. Ficou 4-0. Uma estreia perfeita, o guião de um filme com final feliz.
Nos dias seguintes ainda me beliscava para sentir que era verdade. Dessa vez, eu tinha mesmo lá estado.
Uma noite que nunca esquecerei.

COMUNICAÇÃO E CONFLITO

O conflito exerce uma certa sedução sobre a natureza humana. E nos povos latinos assume frequentemente medida desproporcionada face àquilo que o origina. Gostamos de falar, de debater, de criticar, e temos uma comunicação social que se aproveita disso para vender papel ou audiências – estimulando a discórdia até níveis por vezes intoleráveis, renunciando assim à análise objectiva e esclarecedora.
O futebol é palco privilegiado para tal, com a paixão exacerbada de milhões de pessoas pelos seus clubes, e a correspondente repulsa face aos emblemas rivais. Todos nós, adeptos, gostamos de uma boa discussão de bola, recorrendo mesmo à provocaçãozinha na hora da vitória, a devolver quando as coisas correrem mal. Mas há quem ultrapasse as fronteiras do razoável e, abusivamente, transforme tudo em ódio, ou até em violência.
Neste caldo cultural seria absolutamente dispensável que os clubes, eles próprios, fomentassem a conflitualidade, estimulando o que há de mais negativo nos seus seguidores, em nome de interesses sectários, ou apenas para protagonismo de alguns agentes.
Ora é precisamente isso que têm feito Sporting e FC Porto, nomeadamente através dos respectivos directores de comunicação – figura que não constava do futebol da minha infância, e que hoje, particularmente nesses dois casos, tem uma preponderância muito para além daquilo que seria natural.
O Benfica tem adoptado uma postura de reserva e prudência. Isso orgulha-me. Mas enquanto as autoridades competentes não tiverem mão firme sobre quem sob os mais diversos pretextos promove a guerra, o futebol português não terá paz.