APV EM CHEIO

"No espaço de poucos dias, Pinto da Costa referiu-se ao Benfica, sem o nomear (o simples facto de o nomear parece que lhe queima a língua) como sendo “o clube do tempo do fascismo”, e chamou “burros” aos benfiquistas, sem nunca os nomear (a sigla do clube só é usada quando os adeptos e jogadores precisam de se animar com uns cânticos onde chamam nomes às mães dos adeptos do clube dos mouros), a propósito da nomeação de Pedro Proença para apitar a final da Champions. O país não se indignou. A imprensa desportiva assobiou para o lado. O estatuto de impunidade dá o direito a PC de insultar quem quer, de caluniar quem lhe apetece e de incitar ao ódio e à violência sem que ninguém o incomode.
Uns dias depois, no Dragão Caixa, o Benfica sagrou-se campeão de basquetebol, vencendo com dificuldade mas com mérito um adversário de grande qualidade, o que deu mais brilho à vitória. No final de um jogo em que o árbitro não interferiu no resultado, os treinadores cumprimentaram-se, como mandam as regras do fair play.
Mas, quando o jogo acabou, a culminar um clima de insultos e intimidação, os ânimos dos adeptos do FCP exaltaram-se. Agrediram os jogadores, levando a que a polícia não conseguisse garantir a ordem e a segurança e que a Taça fosse entregue ao vencedor nos balneários. Ao que se diz, Carlos Lisboa, treinador do Benfica, não terá resistido a responder às provocações e aos insultos com um gesto menos elegante. Tanto bastou para que o chefe do FCP entrasse no ringue e virasse o ónus da violência para o clube vencedor (como fizera com os famosos túneis da Luz), e vituperasse o comportamento da polícia que tentou, em vão, meter os adeptos do FCP na ordem.
No dia seguinte, Luís Filipe Vieira decidiu finalmente responder ao chefe do FCP num discurso duro, pondo em relevo factos que são conhecidos da opinião pública. O que fizeram a maioria dos comentadores (incluindo alguns que se dizem benfiquistas!)? Meteram tudo no mesmo saco: os insultos de PC e o discurso de LFV, o gesto de CL e a violência dos adeptos do FCP. O medo impera. E o servilismo também.
"

António-Pedro Vasconcelos, no Record

UM PRIMEIRO ESBOÇO

GUARDA-REDES - Artur, Mika e Oblak
DEFESAS - Maxi Pereira, Luisão, Garay, Rojo, André Almeida, Miguel Vítor, Roderick e Luís Martins
MÉDIOS - Javi Garcia, Witsel, Aimar, Bruno César, Nolito, Matic, Salvio, Carlos Martins e Ola John
AVANÇADOS - Cardozo, Rodrigo, Nélson Oliveira, Yannick, Melgarejo e Hugo Vieira

Vender: Wass, Jardel, Emerson, Capdevila, Gaitán, Saviola e Kardec

INFLUÊNCIAS

O treinador que melhores resultados alcançou na história da Selecção Nacional, acaba de revelar um dos segredos do seu sucesso: a independência face aos tentáculos do polvo portista.
Foi assim, sem interferências de Pinto da Costa, que chegamos à melhor classificação de sempre em Europeus, e à segunda melhor em Mundiais.
Com a saída de Felipão, pela mão de Queiroz, e a encomenda de terceiros, chegaram novamente os Betos, os Rolandos, os Varelas, os Castros, os Serenos, os Miguéis Lopes, Paulos Machados, os Vieirinhas, os Orlandos Sás, os Ruben Micaeis, os Nuno André Coelhos, os Dudas, os Nuno Espírito Santos, e todos aqueles que, nas devidas alturas, convinha valorizar – ou desvalorizar, como aconteceu também com João Moutinho, em 2010.
No último Mundial, foi o que se viu. E a qualificação para o Euro quase ficou comprometida. Agora, creio que a coisa melhorou, mas talvez não ainda o suficiente.
Por mim, vou tentar abstrair-me de tudo isto. Vou fazer por confiar em Paulo Bento, e na sua verticalidade. Vou acreditar, ingenuamente ou não, numa Selecção em que todas as opções são apenas técnico-tácticas.
Não voltarei a falar deste tema, nem de jogadores seleccionados ou não seleccionados, até ao fim do Europeu. Agora, vou simplesmente torcer por Portugal.

O ROSTO DA PROVOCAÇÃO

Foi preciso haver tumultos para podermos ver, no Porto Canal, os jogadores do Benfica a festejar o título de Basquetebol. Na transmissão directa, nem um simples abraço pôde ser visto.
Serviram-se então das imagens para tentar atribuir a culpa da violência generalizada ao treinador Carlos Lisboa, só porque este, depois de mais de uma hora a levar com insultos, provocações, cuspidelas e ameaças, comemorou de forma mais efusiva, e terá dito qualquer coisa como “toma!”, fazendo gestos que uma larga maioria dos presentes nas bancadas seguramente nem viu.
Na verdade, o Benfica já havia conseguido mais dois títulos de Basquete no pavilhão do FC Porto, e em nenhum deles pôde receber a taça de forma normal, não se sabendo que gestos ou palavras terá então feito e dito o técnico da altura. E nem quero imaginar o que teria acontecido se, há dois anos, aquando do título de futebol, os festejos dos comandados de Jorge Jesus tivessem acontecido em pleno Estádio do Dragão, no jogo que o Benfica acabou por perder por 3-1. Teria morrido gente? Teria tido início uma guerra civil? Certamente não se ficariam por apagões de luz, nem ligações de rega. Então, os culpados seriam provavelmente uns anónimos agentes de segurança que, no túnel da Luz, uns meses antes, teriam dito a Hulk e a Sapunaru qualquer coisa como “embrulha!”. E se não dissessem, era a Águia Vitória que tinha voado demasiado perto das cabeças dos Super Dragões, em clara atitude provocatória a carecer de duras represálias, ou outro argumento esfarrapado de idêntico quilate. É como violar uma rapariga só porque a descarada teve a suprema ousadia de nos brindar com um sorriso. Provocou! Estava a pedi-las! Nem sequer sorriu? Então quem a mandava usar aquele decote?
Quem quer arranjar argumentos deste tipo, arranja-os para tudo.
É habitual dizer-se que nestas situações não há inocentes. Eu continuo a defender que há uma distinção clara: enquanto em Lisboa ocorrem casos muito mais individualizados e de certa forma anárquicos (e, já agora, normalmente punidos), no Porto existe uma espécie de milícia que parece actuar de forma metódica, organizada e impune. Além de que o tipo de ódio de uns e outros é substancialmente diferente (só não vê quem não quer), tendo, a norte, uma forte componente de sectarismo regionalista – que o alimenta e o agrava.
Independentemente do que possamos teorizar sobre isso, há outra verdade que me parece factual: o ódio e a violência foram trazidos para o desporto português por Pinto da Costa, com a sua atitude permanentemente guerrilheira, e, ela sim, amplamente provocatória (embora haja quem lhe chame ironia). Acredito que esse ódio e essa violência irão desaparecer quando o actual presidente do FC Porto desaparecer também. Espero cá estar para o confirmar.
Portanto, se alguém quiser encontrar um culpado dos incidentes do Dragão Caixa, e de todos os outros que têm ocorrido nas últimas décadas (desde emboscadas na A1, a produtos tóxicos nos balneários, a espancamento de autarcas, a agressões a jornalistas e técnicos, a cânticos insultuosos, a arremesso de bolas de golfe, corrupção na arbitragem, intimidação de atletas, etc), é bastante fácil. Ele tem um rosto, e tem um nome. É o denominador comum de todos esses episódios. É a causa primeira e última de todos eles. Chama-se Jorge Nuno Pinto da Costa, o provocador cimeiro deste país.

LÁ, PRENDEM OS CRIMINOSOS

Itália, país de grande beleza e muitos contrastes, volta a estar envolvida em escândalos de corrupção futebolística. Tal como por cá, velhos hábitos nunca se perdem. Até as cores são parecidas. O vermelho e verde nas bandeiras, o azul do futebol corrupto.

Uma diferença, porém, revela-se novamente de forma clara: lá o crime vem com castigo.

Por cá, reina a impunidade, e prevalece uma caricatura de justiça, em que 90% dos cidadãos não acreditam, e que, mais do que qualquer dívida, nos envergonha enquanto país europeu.

INSÍPIDO


Num jogo insonso, sonolento e sem qualquer motivo de interesse, Portugal não foi além de um nulo frente à modéstia Macedónia.
Este tipo de testes não é conclusivo (aliás, a Alemanha até perdeu). Mas se o objectivo passava também por ajudar a criar uma onda de entusiasmo em redor da equipa, aí o fracasso foi total.
Pode dizer-se que algumas opções do seleccionador (que continuo a apreciar, embora nem sempre esteja de acordo com ele), e até, de certa forma, a própria conjuntura do grupo de seleccionáveis, não ajuda a puxar pelo público. Por exemplo, o facto de nenhum jogador do Benfica ser titular, deixa desde logo seis milhões de portugueses (a maioria) um tanto alheios, não ao destino da selecção, mas ao afecto que noutro contexto ela lhes mereceria. Falo por mim: torço por esta selecção, desejo-lhe o melhor, mas quando olho para os seus intérpretes, não vejo, na maioria dos casos, ídolos com que as minhas simpatias se identifiquem. Pelo contrário, vejo até muitas caras de que manifestamente não gosto (não necessariamente do FC Porto, pois até aprecio, por exemplo, João Moutinho), o que não acontecia nos tempos de Rui Costa, João Pinto, Figo, Nuno Gomes, Simão, Pauleta, Paulo Ferreira, Jorge Andrade, Maniche, etc, ou antes, de Nené, Chalana, Humberto Coelho, Bento, Jordão, Jaime Pacheco, Sousa e Fernando Gomes (para referir jogadores de todos os clubes). Muitos pensarão como eu.
Nada disto justifica, porém, os assobios que, uma vez mais, se ouviram em Leiria. Em tempos, Gilberto Madail chegou a dizer que a selecção iria repensar a hipótese de jogar naquela cidade. O que é certo é que, já sem ele, voltou a fazê-lo, e voltou a não ter o apoio que merecia.
Não tenho nada contra Leiria, mas trata-se de uma cidade que não gosta de futebol. O exemplo do clube da casa é bem revelador, sendo normalmente aquele que menos espectadores levava ao estádio. Sou insuspeito para escrevê-lo, mas se o segundo jogo de preparação (eventualmente com Eduardo na baliza, e Nélson Oliveira no centro do ataque) se jogará na Luz, este primeiro (com Beto na baliza, Rolando na defesa e Quaresma a titular) poderia muito bem ter sido jogado no Dragão. E, sendo justo, acredito que o apoio dispensado fosse substancialmente maior.
Com mais ou menos afectos, no sábado lá estarei, sentado nas bancadas, a manifestar um voto de apoio à selecção do meu país.

EM BOM PORTUGUÊS!


“O que se passou no Dragão é uma vergonha para o desporto, para o país, uma vergonha para as instituições desportivas. Só não é uma vergonha para quem não tem, nem nunca teve vergonha na cara. O que alguns fizeram ontem, mas também na véspera do jogo, foi demasiado grave para ficar impune. E ainda têm a lata de falar de apagões? Quando a sua história foi marcada por fruta, corrupção e compadrio? Têm a lata de falar de verdade desportiva quando o seu sucesso foi construído com base na maior mentira do desporto português? O sistema ainda não acabou. O sistema de hoje continua construído na intimidação, na violência, nos favores. As nossas razões podem não chegar à UEFA, como não chegaram as “escutas da fruta”, como não chegaram para a justiça portuguesa as “escutas do café com leite”. Mas nós não vamos parar enquanto não limparmos o desporto português. Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que acreditam que isto nunca vai mudar, os que acreditam que a impunidade vai durar para sempre. Mas será que alguns dirigentes deste país só gostam da actuação da polícia quando esta os avisa que tem de fugir para não serem presos. Na vida como nos livros: um ladrão não deixa de ser ladrão por declamar poesia, um ladrão não deixa de ser ladrão por ir ao Papa. Um fugitivo da justiça não o deixa de ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar para o lado! Alguns muros já caíram, mas não vou descansar enquanto houver árbitros, delegados e dirigentes que tenham medo, que se sintam condicionados por ameaças e represálias. Não vou descansar enquanto algumas federações continuarem a ter medo de agir com liberdade”.

LUÍS FILIPE VIEIRA, na recepção à equipa Campeã Nacional de Basquetebol.

À BENFICA...E À PORTO

Este é um espaço dedicado ao Futebol. Tal não significa, porém, que a minha paixão desportiva se limite ao desporto-rei. Pelo contrário, sou um grande adepto de quase todas as modalidades, em particular das que o Benfica pratica, mas também de outras como o Ténis, o Automobilismo ou, sobretudo, o Ciclismo.
Esta noite jogava-se a “negra” do Campeonato de Basquetebol. Confesso que, depois da derrota do último domingo na Luz, não esperava muito desta Final. Talvez fosse esse também o sentimento, mas pela inversa, daqueles que encheram o pavilhão do Dragão - entre os quais Pinto da Costa e o seu staff mais chegado (incluindo, por exemplo, Vítor Pereira).
Depois de um jogo de nervos muito mais emotivo do que bem jogado, de uma vantagem encarnada de doze pontos a meio do terceiro período, e de um palpitante 53-54 a quatro segundos do fim, o Benfica levou à melhor (53-56), conquistando o terceiro Campeonato em quatro temporadas, e o 23º da sua história.
A vitória, para além da importância que tem em si mesma (e da grande alegria que me deu), significa também um valente pontapé no sentimento de fatalidade que começava a apoderar-se da família benfiquista. Tanto na época passada, como na corrente, muitas foram as ocasiões em que os encarnados viram a sorte fugir-lhe nos momentos de decisão, quer no Futebol, quer nas restantes modalidades. Desta vez, sob grande pressão, num ambiente de terror, e com a desvantagem psicológica de ter perdido em casa, o Benfica foi…Benfica, e trouxe o caneco para Lisboa.
Depois, foi a vez do FC Porto ser…FC Porto. Obviamente ninguém lhes pedia para ficar a assistir à festa do Benfica, e o mais natural era abandonarem o pavilhão (seria o que eu faria, se acontecesse na Luz). Mas ali joga-se outro campeonato. Joga-se o campeonato dos complexos de inferioridade provinciana, que nenhum resultado, nem positivo (e tantos têm tido…), nem negativo, consegue apagar das mentes. Na hora da derrota, não é pois tristeza ou desânimo que ali se vive. É ódio, é raiva, é fúria, e é tudo o que a mesquinhez consegue provocar, e que nem com vitórias se dissipa.
O Benfica não pôde receber o troféu no campo. É para o lado que dorme melhor. Recebeu no balneário, festejou no balneário e, depois, na chegada a Lisboa. Ao FC Porto ficou a triste figura dos seus adeptos, e, sobretudo, do seu presidente – visivelmente de cabeça perdida no fim da partida.Desta Final, fica também uma polémica envolvendo a transmissão televisiva. A Federação acordara com a Sport Tv. O FC Porto impôs a Porto Canal. Foi mais divertido assim. É certo que se esforçaram por nem sequer mostrar um abraço que fosse entre jogadores do Benfica após o jogo, focando apenas as caras de jogadores e técnicos portistas, antes de saírem rapidamente de cena. Mas viver uma vitória destas trazida pelo olhar, e pela voz, dos rivais, até sabe melhor.

UM DESPORTISTA

Mesmo num ambiente tão hostil como por vezes é o das rivalidades futebolísticas, há pessoas que, estando do outro lado, conseguem ainda assim cativar o respeito, e até a simpatia. Manolo Vidal era uma dessas pessoas.
Grande sportinguista, soube defender a sua causa - com competência e sabedoria - respeitando sempre os adversários, e deixando uma imagem de serenidade, educação e desportivismo.
Infelizmente não deixa muitos seguidores. Mas deixará saudades, mesmo àqueles que tinham paixões diferentes da sua.

TABELA DE PREÇOS


OS NÚMEROS DE UMA FARSA

"Terminado que está o Campeonato Nacional de Futebol, a desilusão reina entre os benfiquistas. O principal objectivo da época não foi atingido. O título voltou a fugir-nos, depois de se insinuar, durante semanas, no nosso horizonte.
Perante a decepcionante realidade, diferentes tipos de reacção se observam. Uns choram as lágrimas da sua genuína amargura. Outros procuram exorcizar frustrações, disparando culpas para cima de quase toda a gente. É a natureza humana que, particularmente no mundo da bola, onde todas as emoções são levadas ao extremo, se manifesta nas suas melhores, e piores, facetas. Cabe agora aos cronistas dissecar os motivos que levaram a este desfecho. Houve erros próprios, que não podemos iludir, e que deveremos saber corrigir dentro da nossa casa, com serenidade, e sem pressões nem dramatismos exagerados. Mas há uma verdade que nenhum observador isento poderá agora vir negar, e nenhum benfiquista poderá esquecer: este Campeonato foi, em larguíssima medida, manipulado pelas arbitragens, que nos momentos decisivos nos puxaram pelos pés, levando outros ao colo.
É assim há mais de vinte anos. Já estamos de certo modo habituados. Tão habituados que até achamos normal, e exigimos aos nossos profissionais que se sobreponham a esse obstáculo - como se ele não existisse, como se ele não fosse suficientemente opaco para os impedir de chegar mais longe, e de nos oferecer mais alegrias. O futebol é sempre analisado em cima dos resultados. Quem ganha, leva tudo. Para quem perde, fica apenas a desilusão, e por vezes a revolta. O FC Porto foi campeão, e é isso que vai constar dos arquivos da história. Poucos se irão lembrar das portas e travessas por onde este título passou. Ninguém irá reconhecer mérito aos perdedores, mesmo sendo eles, neste caso, apenas vítimas de uma perseguição ignóbil e desenfreada.
Resta-nos a memória. E para isso deixo aqui um número: 24. Vinte e quatro penáltis por marcar a favor do Benfica. Em 24 ocasiões, os árbitros não viram, ou não quiseram ver, infracções dentro da área dos nossos adversários. É demais, para uma só época, para tão só trinta jornadas. Deixo aqui a referência a todos esses lances. Dariam para um filme. O filme de uma mentira. Não nos deixemos enganar por ela.
2ª J, c/Feirense: agarrão a Nolito;
4ª J, c/V.Guimarães: corte com a mão junto à linha de fundo, com o resultado a zero;
5ª J, c/Académica: corte com a mão dentro da área a remate de Bruno César;
7ª J, c/P.Ferreira: falta sobre Aimar aos 44 minutos, derrube a Matic, e corte com a mão;
10ª J, f/Sp.Braga: falta sobre Luisão na sequência de um canto;
17ª J, f/Feirense: corte com a mão, falta sobre Rodrigo, e empurrão a Javi;
19ª J, f/V.Guimarães: pontapé no pé de Rodrigo;
20ª J, f/Académica: corte com a mão de Cedric aos 7 minutos, e rasteira a Aimar aos 57 minutos; 22ª J, f/P.Ferreira: agarrão a Javi logo no início, derrube a Bruno César, e duas faltas sobre Nélson Oliveira nos minutos finais;
24ª J, f/Olhanense: empurrão a Javi, agarrão a Cardozo, e corte com a mão de Toy;
26ª J, f/Sporting: rasteira a Gaitán logo no primeiro minuto, e agarrão a Luisão ainda na primeira parte;
28ª J, f/Rio Ave: empurrões a Cardozo e Saviola, ambos nos últimos dez minutos.
São estes os lances que referi, 17 dos quais ocorridos a partir do momento em que nos viram com 5 pontos de vantagem. Não são todos claros. Alguns seriam passíveis de diferentes interpretações. Mas muitos – seguramente bem mais de metade -, constituíram erros grosseiros de quem tinha por missão fazer cumprir as regras. E, juntamente com outros lances (fora-de-jogo de Maicon, penálti de Emerson em Braga, etc) desvirtuaram o Campeonato, fabricando um campeão que não merecia sê-lo. Não adianta queixarmo-nos do treinador, das opções tácticas, ou dos falhanços deste ou daquele jogador. Muito menos dos dirigentes, e de uma ou outra contratação. Em condições normais, com verdade desportiva, teríamos sido campeões, com este treinador, com este plantel, e com esta direcção. E essa é uma verdade que jamais poderemos ignorar na hora de fazer o balanço a esta triste temporada."

LF no jornal "O Benfica" da última sexta-feira

EM DEFESA DO BENFICA

Em resposta a um artigo que escrevi no jornal “O Benfica”, onde chamava a atenção para o facto de Luís Filipe Vieira, ao contrário do que possa parecer aos mais desatentos, figurar já entre os presidentes que mais conquistas desportivas alcançaram para o clube, Alberto Miguéns, benfiquista que muito prezo, apresentou no seu blogue um texto onde, com critérios diferentes, chegava a números, também eles, ligeiramente diferentes, procurando depois, a partir deles, extrair outras conclusões.
O critério que segui foi simples: verifiquei as datas de entrada e saída de cada presidente no site oficial do clube, conferi quem estava em funções a cada mês de Maio (fim dos campeonatos), e assim segmentei os títulos ganhos pelo Benfica.
Os números a que cheguei são os que se seguem:
BORGES COUTINHO 7 títulos (1969, 1971, 1972, 1973, 1975, 1976 e 1977)
JOÃO SANTOS 3 títulos (1987, 1989 e 1991)
ADOLFO VIEIRA DE BRITO 3 títulos (1964, 1965 e 1968)
MAURICIO VIEIRA DE BRITO 3 títulos (1957, 1960 e 1961)
LUÍS FILIPE VIEIRA 2 títulos (2005 e 2010)
Há mais quatro presidentes do Benfica com dois títulos conquistados, mas Luís Filipe Vieira é o único que ainda pode melhorar a sua conta, pelo que será lícito destacá-lo aqui em 5º lugar.

O que eu disse no artigo do jornal foi basicamente que, com mais um campeonato ganho (que bem poderia ter sido este…), o actual presidente do Benfica ficaria apenas com Borges Coutinho à sua frente. E lembrei também que, a par de João Santos, era ele o único a conseguir títulos europeus em duas modalidades distintas (este em Hóquei e Futsal, aquele em Hóquei e Atletismo), e juntamente com o mesmo João Santos e com Borges Coutinho, os únicos a vencer campeonatos de sete modalidades diferentes (Vieira já foi campeão absoluto de Futebol, Andebol, Basquetebol, Voleibol, Futsal, Atletismo e Judo).
Alberto Miguéns considera que os títulos devam ser atribuídos, não aquando da última jornada, mas aquando da jornada da conquista matemática do título. É um critério respeitável (embora dê bastante mais trabalho…), que permite retirar um título a Borges Coutinho e outro a Maurício Vieira de Brito, adicionando-os a Adolfo Vieira de Brito e a Joaquim Ferreira Bogalho. Não é isso que ele pretende demonstrar, mas o certo é que, por este critério, Luís Filipe Vieira seria, não um dos quintos, mas um dos quartos presidentes com mais campeonatos de futebol ganhos na história do Benfica - teria então à sua frente apenas Borges Coutinho, Adolfo Vieira de Brito e João Santos, por esta ordem, como mais triunfadores. Em suma, o seu diferente critério não traria conclusões muito diferentes do sentido geral daquelas que eu tirei.
Mas o meu amigo Alberto Miguéns defende também que esta é uma estatística que não resulta rigorosa quanto ao mérito de cada um em cada título. Não podia estar mais de acordo com ele, e digo desde já que, da minha parte, não estou em condições para avaliar os méritos de cada presidente do Benfica de 1977 para trás, coisa que só ele, com todo o imenso conhecimento que tem da história do Benfica, poderá fazer. O balanço que fiz apenas pretendia desmistificar a ideia de que Luís Filipe Vieira é um presidente perdedor, pois no balanço global ganhou mais do que muitos outros.
Também concordo em absoluto com ele quando diz que os títulos não são dos presidentes. De facto não são. São do Benfica e dos benfiquistas. Mas um mau presidente não conquista títulos, e infelizmente, o Benfica já teve exemplos disso.
Alberto Miguéns termina dizendo que Luís Filipe Vieira foi o presidente que perdeu mais campeonatos. Não contesto os seus números, nem me darei ao trabalho de fazer as contas. Mas, se os méritos dos que ganham são por vezes condicionados por circunstâncias diferentes, os que perdem também têm atenuantes diferentes. E todos nos lembramos em que Benfica pegou Vieira. De resto, pelas mesmas contas, Fernando Martins perdeu tantos campeonatos como Vale e Azevedo, e os serviços prestados por um e por outro ao Benfica não têm ponta por onde comparar.
Uma coisa é certa. Nos dois campeonatos que ganhou, o mérito de Vieira (e naturalmente de jogadores e técnicos que ele escolheu) é inegável.
Por fim, Alberto Miguéns termina afirmando que “não devemos ser mais papistas que o papa”. Ora, defender um presidente em funções não é sinónimo de “ser mais papista que o papa”, nem de “lambe-botismo”. Como cada um é livre de criticar o presidente, eu também me sinto livre para o defender (era o que mais faltava, não poder fazê-lo à minha vontade). Não por ele (com quem tenho uma relação meramente circunstancial), muito menos por mim (que não recebo um cêntimo do clube, nem de ninguém a ele ligado) mas pelo Benfica, e por achar que, não existindo no terreno qualquer alternativa credível a esta gestão, todo o clima de contestação que alguns procuram agora alimentar apenas serve para fazer sorrir… Jorge Nuno Pinto da Costa.

ANEXO 1: artigo publicado no jornal "O Benfica" da passada sexta-feira
"Presidentes
Sendo o futebol um fenómeno de massas, e sendo estas propensas a reacções epidérmicas, não se estranha que, após uma derrota – mesmo que induzida por factores alheios -, a contestação floresça, atingindo naturalmente as figuras cimeiras dos emblemas derrotados. O Benfica, como maior clube português, não escapa a esses fenómenos, e as últimas semanas têm-no demonstrado. As minorias contestatárias não têm poupado ninguém, evidenciando com isso os efeitos do desalento e da frustração, mais do que qualquer ponderação sensata. O presidente Luís Filipe Vieira tem sido um dos alvos, a meu ver de forma totalmente injusta, e até ingrata. O Benfica é de todos os sócios, e ninguém está acima do seu escrutínio. Não podemos, porém, confundir a crítica construtiva, com uma ilusória subversão dos factos. Deixemos de lado todo um património de recuperação institucional, de construção de infra-estruturas, de profissionalização e credibilização do clube, de dinamização de projectos de grande relevo, que tem de ser creditado ao nosso presidente. Ignoremos, por momentos, também as ocorrências que têm condicionado a verdade desportiva. Limitemo-nos a falar de resultados. Só 4 presidentes, dos muitos que a história do Benfica já conheceu, foram mais vezes campeões de futebol do que o actual: Borges Coutinho, João Santos, Maurício Vieira de Brito e Adolfo Vieira de Brito. Com mais um título, Luís Filipe Vieira igualaria estes três últimos, ficando apenas atrás de Borges Coutinho (que ostenta a impressionante marca de 7 campeonatos). E se considerássemos todas as competições futebolísticas, Luís Vieira estaria já destacado na 2ª posição com 7 troféus, contra 10 do mesmo Borges Coutinho. No que respeita ao eclectismo, apenas João Santos e Luís Filipe Vieira alcançaram títulos europeus em duas modalidades distintas. João Santos, Luís Filipe Vieira e Borges Coutinho, foram também os únicos a triunfar em campeonatos de 7 diferentes modalidades.
São apenas alguns números, que convém não ignorarmos.
"


ANEXO 2: Troca de mails com Alberto Miguéns, publicada no seu blogue

...E A TAÇA TEM MAIS ENCANTO

Não vi o jogo, coisa que agora lamento. Mas foi obviamente com alegria que soube da vitória da Académica na Taça de Portugal.
Do outro lado estava o Sporting, além de que, como quase todos os portugueses, tenho uma costela a pender para a simpática e histórica “Briosa”. Não estudei em Coimbra, mas conheço o seu encanto. Forma para mim, juntamente com Guimarães e Évora, o trio das melhores e mais belas cidades do país. Nesta final, sabia muito bem de que lado estava.
Pelo que vi no resumo, a Académica teve mais e melhores oportunidades para marcar. Já ao longo da temporada havia ganho 3-0 ao FC Porto, empatado no Dragão, com o Sporting, com o Sp.Braga e com o Benfica. Mostrou uma vez mais ser uma equipa talhada para jogar com os grandes.
O Sporting, depois de muito prometer, depois de muito investir, fica de mãos a abanar. Foi-se o Campeonato, foi-se a Taça da Liga, foi-se a Liga Europa, foi-se a qualificação para a Champions, e por fim, quando ninguém esperava, até a há muito anunciada Taça de Portugal – na qual teve tudo a seu favor.

SPORTING XXI

Uma colecção de DVD’s sobre o Euro, tem-me obrigado a comprar o Record quase todos os dias. Numa das últimas edições, um artigo pretendia demonstrar que o Sporting estava melhor que o Benfica, pois desde o ano 2000 tinha conquistado mais troféus, incluindo Taças e Supertaças. Podiam ter-se lembrado de fazer as contas aos últimos dez anos. Fizeram a doze, incluindo assim os dois já longínquos títulos nacionais conquistados por Inácio e Boloni, quando Jardel, João Pinto, Acosta e outros ainda jogavam, e quando o Sporting estava – então sim – num melhor momento que o seu vizinho e rival, ainda a debater-se com as consequências do valeeazevedismo.
Nos últimos dez anos, o Benfica tem oito troféus e o Sporting quatro (o último deles em 2008). O Benfica tem dois campeonatos e o Sporting nenhum (vai no segundo maior jejum da sua história). O Benfica tem cinco presenças na Champions (dois quartos-de-final) e o Sporting três.
Comparações com o FC Porto, dispenso-as. Mas quanto à rivalidade lisboeta, nem a boa vontade do Record me faz esmorecer.

INESPERADA CONSAGRAÇÃO

Pode discutir-se a beleza do futebol deste Chelsea, mas a sua eficácia é assinalável.
Defendendo sempre bem, contra-atacando apenas quando necessário, já tinha sido assim que os homens de Di Matteo haviam eliminado Benfica e Barcelona. Agora, na final, em terreno adversário, resistiram uma vez mais a todas as circunstâncias do jogo, levando uma taça que há muito procuravam.
Não é uma equipa que fique na história do bom futebol, mas tem qualidades inegáveis: um poderio físico impressionante, uma vasta experiência competitiva, e um dos melhores pontas-de-lança do mundo. Ganhou bem. O jogo, e o título.
Torci pelo Chelsea. Apesar da forma como o Benfica foi eliminado (duas arbitragens deploráveis nas duas mãos), estes alemães não me despertam simpatia. Ao ver o Bayern lembro-me de Merkel, e ao ver Merkel lembro-me de gente ainda pior. Wagner não merece, Kant não merece, Kirchner não merece, mas a sua grandiosa pátria, impondo respeito a todos, cativa efectivamente muito poucos. Além da história destas finais em casa de um dos finalistas também me fazer torcer o nariz. Haviam ainda David Luíz, Ramires e alguns portugueses. Também a simpatia e humildade do técnico italiano. Por fim, o prestigiante facto do Benfica, com este desfecho, ter sido eliminado pelo campeão europeu – como, de resto, havia acontecido em 2006. Muitas razões para me sentir reconfortado, após uma longa e emocionante maratona de futebol e penáltis.

O MUNDO DE PERNAS PARA O AR

Primeiro foi o tira-e-põe do FC Porto na Liga dos Campeões, quando tinha uma condenação em Portugal por corrupção desportiva. Depois foi a inacreditável arbitragem do norueguês Ovrebo num Chelsea-Barcelona. Recentemente, a actuação de Damir Skomina (convocado para o Euro) no Chelsea-Benfica. Agora, a nomeação de Pedro Proença para a final da Champions. Pelo meio, a escolha de Olegário Benquerença como árbitro de elite, e também o caso Nuno Assis, entre outros episódios mais ou menos rocambolescos.
Se das instituições que tutelam o futebol português já se sabia que não poderíamos esperar nada que não incompetência, iniquidade e manipulação, ao futebol europeu, também a máscara de rigor e isenção já caiu de vez. Se por cá reina a mentira, por lá a seriedade não abunda. Lamento, pelo futebol que adoro, e que gostaria de ver tratado com respeito. Mas não me surpreende, numa Europa em que já não acredito - nem estimo -, e em instâncias que contam com figuras sinistras como António Garrido, Domingos Gomes ou Guilherme Aguiar entre os seus colaboradores.
Pedro Proença está ligado a alguns dos maiores escândalos de arbitragem no futebol nacional dos últimos anos: Boavista-Benfica 2001-02, Benfica-Sporting 2003-04, Penafiel-Benfica 2004-05, Benfica-Belenenses 2005-06, FC Porto-Sporting 2007-08, FC Porto-Benfica 2008-09, Nacional-Benfica 2010-11, Sp.Braga-Benfica 2011-12, Benfica-FC Porto 2011-12, Nacional-Sporting 2011-12 e FC Porto-Sporting 2011-12, para mencionar apenas aqueles que a minha memória imediata indica. É um árbitro habilidoso, manhoso, vaidoso, e que, desde que anda por aí, se vai entretendo a gozar com milhões de portugueses (excepto eventualmente com aquele que o chamou à razão, em pleno Centro Comercial Colombo).
A sua nomeação para a final da Champions é a prova de que o rei vai nu. É um ultraje, para todos quantos seguem o nosso Campeonato com atenção. É uma vergonha para o próprio futebol. É uma mancha na história da principal competição europeia de clubes.
Não alinho em hipocrisias, nem em patrioteirismos baratos. Gosto de ver os impostores desmascarados, e desejo que Pedro Proença, no sábado, mostre aquilo que é, e que por cá bem conhecemos.

A TEIA

SÉRGIO CONCEIÇÃO, treinador do Olhanense, 5 épocas no FC Porto




PEDRO EMANUEL, treinador da Académica, 7 épocas no FC Porto


NUNO ESPÍRITO SANTO, treinador do Rio Ave, 6 épocas no FC Porto


FERNANDO COUTO, treinador do Paços de Ferreira, 7 épocas no FC Porto



Há também, em acção, Paulo Alves e José Mota, que passaram pelas camadas jovens do FC Porto, ...e ainda andam por aí Jorge Costa, Domingos Paciência, Augusto Inácio, António Sousa, Jaime Pacheco, Rui Jorge, Octávio Machado, Costinha, António Oliveira, Vieira Nunes, Carlos Carvalhal, Nascimento, Eurico Gomes, Rodolfo Reis, José Alberto Costa, falando-se também de Aloísio, etc, etc.

Homens que beberam, anos a fio, no balneário das Antas, o fanatismo anti-Benfica. Homens que devem a carreira a Pinto da Costa. Homens que, independentemente da honestidade que tenham ou não, serão sempre devotos da seita azul-e-branca. Homens que personificam a mística do FC Porto. Homens com este perfil, vão ser treinadores de equipas da primeira divisão na próxima época. Vão jogar com o FC Porto. Vão jogar contra o Benfica. Vão, também eles, decidir o próximo campeão.

A MINHA SELECÇÃO

Como qualquer português que se preze, tenho também uma costela de seleccionador nacional. Faria, por isso, algumas alterações à convocatória de Paulo Bento - treinador que sempre apreciei, mas com o qual nem sempre estou plenamente de acordo.
Deixando de lado as questiúnculas pessoais dele (Bosingwa e Ricardo Carvalho), e minhas (Pepe e Bruno Alves), alteraria o seguinte:
Beto por Quim – Apesar das críticas que recentemente fiz ao ex-benfiquista (quanto ao carácter, e não quanto ao aspecto técnico), e de ter já perdido toda a simpatia que tinha por ele, devo dizer que ficaria mais tranquilo com o peso da sua experiência na baliza da selecção, do que com um Beto que, por vezes, tem hiatos de concentração inexplicáveis (como acontecia, por exemplo, quando estava no Leixões e jogava contra o FC Porto).
Miguel Lopes por Nélson – Vi alguns jogos do Sp.Braga, e francamente não percebo porque motivo o seu lateral-direito (muitas vezes o elo mais frágil da equipa) foi convocado, cheirando-me aqui a questões extra-futebolísticas. Não sei como tem estado Nélson, mas desde que em condições normais, seria sempre, quanto a mim, uma opção muito mais credível. Porém, o meu escolhido era …Bosingwa.
Custódio por Manuel Fernandes – Pelo que vi na eliminatória frente ao Sp.Braga, o médio do Besiktas estava em excelente momento de forma. Tem a vantagem de poder fazer qualquer lugar do meio-campo com idêntico grau de rendimento. Não se trata de qualquer simpatia clubista - até porque saiu a mal do Benfica -, mas o seu talento é inquestionável. Contudo, ao contrário de Miguel Lopes, até aceito que Custódio merecesse a chamada.
Ruben Micael por Hugo Viana – A não convocação do médio bracarense é, porventura, a maior injustiça desta convocatória. Fez uma época excepcional, andou muitas vezes com a equipa às costas, e é um jogador com razoável experiência internacional. Eu não teria dúvidas em convocá-lo, e, da sua posição, retiraria o intermitente Ruben Micael.
Varela por Eliseu – Pode não ser um craque, mas é um defesa-esquerdo. E Portugal parte para o Europeu a rezar para que Fábio Coentrão não se constipe, coisa que, em 23 opções, seria sempre de evitar. Pelo contrário, a convocatória de Varela parece-me absolutamente redundante numa equipa que já tem Ronaldo, Nani e Quaresma, sem esquecer as possibilidades de João Pereira, o próprio Coentrão ou Nélson Oliveira fazerem os corredores ofensivos.

CLASSIFICAÇÃO REAL (FINAL)

RIO AVE-FC PORTO
Não vi o jogo, nem tive conhecimento de qualquer caso grave. Dizem-me que o penálti a favor do Rio Ave é precedido de um fora-de-jogo. Vou acreditar que sim.
Resultado Real (à condição): 1-5

V.SETÚBAL-BENFICA
Ficaram-me bastantes dúvidas num lance envolvendo Nolito dentro da área do Vitória. Benefício da dúvida para o juiz.
Resultado Real: 1-3

SPORTING-SP.BRAGA
O penálti a favor do Braga foi uma invenção, provavelmente para ajudar Lima e fazer subir o valor do seu passe.
Resultado Real: 3-1

CLASSIFICAÇÃO REAL FINAL
BENFICA 77
FC Porto 74
Sporting 62
Sp.Braga 59

Esta foi, pois, a segunda vez na história desta iniciativa (mantenho-a desde 2004), em que o campeão final surge subvertido. A outra foi em 2006-07, e nessa altura seria o Sporting a vencer o título. Na temporada anterior houve muita arbitragem na vantagem portista, mas os pontos que o Benfica deitou fora nas últimas jornadas deixaram-no fora do primeiro lugar. Este ano, sem erros de arbitragem, os encarnados ganhariam o campeonato. Ficam as estatísticas:

AQUILO QUE RESTAVA


A única coisa que me interessava na última jornada do Campeonato português, era a possibilidade de Cardozo se sagrar, uma vez mais, o melhor artilheiro da prova.
Depois de muito esforço, muitos remates, e alguma infelicidade, o paraguaio lá conseguiu o seu golito – que desde logo obrigava Lima a jogar, e a bisar, para o poder retirar do primeiro lugar.
Foi o 151º golo de águia ao peito (incluindo jogos particulares), de um avançado nem sempre compreendido. E pode muito bem ter sido o último de alguém que, a sair, me vai deixar muitas saudades, e que só a respectiva ausência poderá um dia dar a entender o quão importante foi nestes últimos anos. É, de longe, o melhor goleador do Benfica neste século, e é, para mim, um grande avançado, com características difíceis de encontrar no mercado – pelo menos nos mercados acessíveis aos clubes portugueses.
Ficam alguns dados estatísticos sobre os 151 golos que Takuara marcou no Benfica, e que fazem dele o terceiro melhor da história encarnada em número de golos por temporada, só ultrapassado por Eusébio e por José Águas.

PEÇA DE TEATRO

Se fosse necessário explicarmos a alguém, vindo de outro planeta, toda a magia do futebol, a última jornada desta edição da Premier League teria sido um bom ponto de partida.
Tive a sorte, e o privilégio, de ver os jogos em directo, e de me deliciar com as emoções que eles proporcionaram. Ainda na primeira parte, e observando a ansiedade que os jogadores do City apresentavam, era talvez o único telespectador que vaticinava uma vitória final do United. Ela esteve quase a suceder, sendo evitada, de forma dramática, com dois golos no tempo de descontos. Talvez desde o célebre penálti de Djukic, na Corunha - creio que em 1994 - que não se via nada assim.
As minhas preferências estavam divididas. Por um lado, não acho que seja bom para o futebol que projectos do tipo deste Manchester City resultem triunfantes. Por outro, o meu lado humanista fazia-me sofrer com a angústia dos seus adeptos, que há 44 anos esperavam por este momento, e estavam prestes a vê-lo escapar-se por entre os dedos.
No final, julgo que se fez justiça, e ganhou quem melhor futebol foi capaz de apresentar ao longo da época. Nos piores dias, equivaleram-se. Nos melhores, o City foi mais brilhante.

EVITÁVEL

Se uma das poucas coisas a decidir nesta edição da Liga é o título de melhor marcador, porque motivo os jogos dos envolvidos não se disputam à mesma hora? É algo que custo a entender. Não é o título mais importante da época, mas tem algum relevo, por exemplo ao nível da cotação dos respectivos jogadores. Os jogos em horários desencontrados podem até originar algumas chico-espertices menos próprias: é que, se Cardozo não marcar no Bonfim, o Sp.Braga pode optar por deixar Lima no banco, e assim beneficiar do menor tempo de utilização para o desempate. Para salvaguardar essa situação, caso o paraguaio estivesse em branco, Jorge Jesus deveria substituí-lo antes dos 60 minutos de jogo (a diferença actual é de 63 minutos), obrigando Lima a ir a jogo e a marcar.

NEBLINA

"O processo Apito Dourado mostrou-nos a forma como certos clubes se movimentavam nos bastidores, e traficavam influências com vista à viciação de resultados desportivos. Dirigentes desportivos recebiam árbitros em casa nas vésperas de jogos, ofereciam-lhes prostitutas após os mesmos, adulteravam processos disciplinares, instrumentalizavam jornalistas, etc. Ficou à vista, e ao ouvido, de todos, que havia quem não olhasse a meios para atingir os seus fins, que havia quem fosse capaz de tudo para chegar às vitórias. À semelhança do que aconteceu em tantos outros casos no nosso país, questões processuais chocaram de frente com o apuramento da verdade, e promoveram a impunidade generalizada - aspecto que serviu para o branqueamento daquelas vitórias e daqueles títulos, convidando, simultaneamente, a que tais práticas continuassem, ou até que se intensificassem.
A quem conheça um pouco da história da corrupção no desporto internacional (e, infelizmente, já houve vários e diferentes casos), não surpreenderia também que a vertente ligada à arbitragem, então desmascarada, fosse apenas a ponta de um iceberg onde outro tipo de elementos se misturasse. Dito de outro modo, quem acompanhe, por exemplo, o ciclismo e os seus frequentes casos de doping, sabe que o tipo de controlo feito no futebol não passa de uma brincadeira de crianças, à qual muitas práticas ilícitas, e actualmente bastante sofisticadas, podem facilmente escapar. E, quem tenha lido alguma coisa sobre o fenómeno das apostas ilegais (por exemplo na Ásia, mas também na Itália ou na Alemanha), perceberá como a um defesa-central, ou a um guarda-redes, é fácil fabricar um resultado, prejudicando a própria equipa, a troco de dinheiro, de um contrato, de uma relação privilegiada com determinado empresário, de uma boa crítica num jornal, ou até de uma ameaça.
Quem já se mostrou capaz de corromper, e vive da impunidade de um sistema judicial obsoleto, não pode pois esperar as nossas felicitações, mas sim a nossa desconfiança."
LF, jornal "O Benfica", 4/5/12

NAS ASAS DE FALCAO

Devo confessar que torci pelos bascos. Mas não há como não reconhecer a enorme classe de Falcao, um dos melhores pontas-de-lança do mundo na actualidade, e atleta que sempre soube merecer a admiração de todos - mesmo enquanto esteva no FC Porto.

RECEITA INFALÍVEL PARA VENCER CAMPEONATOS EM SÉRIE

1) atletas robustos
2) organização e disciplina
3) doping de última geração
4) arbitragens simpáticas
5) adversários amestrados

Os dois primeiros ingredientes são aplicados em todas as refeições. O terceiro, em dias de festa. Os dois últimos, quando necessário.
Não é imperioso misturar o controlo absoluto dos órgãos de jurisdição, e muito menos da comunicação social. Se se conseguir englobar também esses dois condimentos, o prato fica ainda mais saboroso. Mas fundamentais a uma alimentação contínua, são os cinco anteriormente referidos.

ALGUNS NÚMEROS

NOTAS:
- O Benfica consegue, esta época, a sua segunda melhor pontuação em 18 anos, só superada pela temporada 2009-10.
- Os 66 pontos alcançados até agora pelos encarnados, dariam para liderar 8 dos últimos 14 campeonatos.
- O FC Porto de Vítor Pereira, com maior ou menor espectacularidade, é o terceiro mais eficaz em 15 anos, suplantado apenas por André Villas-Boas, e por uma das épocas de José Mourinho.
- Em 18 anos, só por duas vezes o Benfica estava à frente do FC Porto à 29ª jornada (épocas em que viria a sagrar-se campeão), e só por três vezes tinha uma desvantagem menor do que os actuais 6 pontos.
- O principal adversário do Benfica venceu 13 dos últimos 18 campeonatos, está no top-10 do ranking da Uefa, e ergueu 3 taças europeias nos últimos 10 anos. Nunca, em toda a história do desporto nacional, o Benfica se teve de bater com um rival tão forte.

PARA QUEM NÃO LEU

«TÍTULO DO FC PORTO É UM TRIBUTO DOS ÁRBITROS»


- Quando faltam resultados é normal alguma desilusão e descontentamento, mas o que temos visto vai um pouco além disso, temos assistido, nas últimas semanas, nomeadamente no último sábado, a alguma contestação. Como comenta essa contestação?
- A crítica e a contestação são sempre legítimas, fazem parte de organizações que são democráticas, e desse ponto de vista temos de respeitar, perceber e, em alguns casos, aproveitar algumas dessas críticas. Neste clube, a unanimidade não se alcança, como em outros clubes, pela intimidação daqueles que discordam, ou que pensam diferentes, isso são práticas instituídas e assumidas noutras paragens.


- Quer concretizar a acusação?
- Creio que o Miguel Sousa Tavares ou próprio Rui Moreira estarão em melhores condições do que eu para fazer esse exercício, mas como estou aqui para falar do Benfica, vou tentar não me desviar. Hoje somos o clube que somos, exactamente por termos sabido construir a nossa história na diversidade de opiniões. É isso que nos diferencia de outros. Mas, atenção, também temos de saber diferenciar a crítica séria, da crítica oportunista. Aqueles que repetidamente aparecem apenas quando há uma conjugação de dois factores: ano eleitoral e resultados menos bons, esses senhores não são críticos, são oportunistas.


- Mas é normal que num ano eleitoral apareçam projectos alternativos?
- É normal e desejável, e todos beneficiam com isso, porque é evidente que há projectos e pessoas válidas fora da actual Direcção, mas o que já não é normal é que algumas pessoas já passaram pelo Benfica, que o afundaram, que, inclusive, foram responsáveis por abrir as portas a Vale e Azevedo, e com isso comprometeram anos da nossa história, pessoas que passaram por outros clubes e os deixaram à beira da falência e com ordenados em atraso, se apresentem agora como cinderelas imaculados, como se não tivessem passado. O problema é que o passado persegue-nos sempre, para o bem e para o mal.


- Está a referir-se a José Veiga, que criticou, duramente, Luís Filipe Vieira?
- Por acaso não era a ele que me estava a referir, mas José Veiga também tem um problema mal resolvido com o seu passado e o seu passado a nível de gestão também não é propriamente o mais recomendável, mas se ele acha que tem um projecto para o Benfica, vai ter tempo para o apresentar, o que não vale a pena é estar atirar pedras e a esconder a mão, porque esse tipo de comportamentos tem um nome...


- Está a dizer que a contestação a que temos assistido nos últimos jogos, nomeadamente no sábado, é manipulada?
- Tenho poucas dúvidas. Mas há uma coisa que vale a pena esclarecer, qualquer generalização é perigosa e os jornalistas muitas vezes caem nessa tentação. Não se pode tomar uma parte pelo todo, nem assumir que o comportamento de alguns representa todo o universo benfiquista, aliás viu-se claramente que não é assim, mas muitas vezes é a ideia que passa. As regras da democracia são claras, há quem critique a quem apoie, é tudo uma questão de escala. Temos manifestações de mais de 100 mil pessoas no Marquês de Pombal e depois vemos que as sondagens continuam a dar maioria aos partidos de governo. Sabe porquê? Porque a decisão pertence a mais de 8,5 milhões de eleitores e não a 100 mil pessoas. No Benfica é igual, o universo eleitoral é de mais de 200 mil sócios, independentemente de alguns serem mais ruidosos ou mais artistas com pinturas murais.


- Jorge Jesus é um dos principais alvos de contestação.
- A diferença entre as expectativas que havia e os resultados alcançados explica essa equação. Jorge jesus devolveu ao Benfica um futebol de qualidade como há muito já não víamos, trabalha bem os jogadores, tem uma marca, conseguiu fixar, nestes últimos anos, o Benfica na luta pelo acesso a meias-finais e finais das provas da UEFA, mas infelizmente não conseguimos o objectivo principal que era ganhar o título da Liga esta época. Nestas alturas temos sempre tendência para desvalorizar tudo aquilo que se conseguiu e maximizar o que não se conseguiu. É evidente que tudo seria diferente se tivéssemos ganho o campeonato, mas neste caso em concreto, não temos de mudar de treinador, temos é de mudar de árbitros.


- Jorge Jesus não parte fragilizado para a próxima época?
- O fundamental é que os níveis de ambição não tenham diminuído e tenho a certeza de que desse ponto de vista a ambição de Jorge Jesus é a mesma. Curiosamente acho que parte menos fragilizado que o treinador que ganhou o campeonato nacional, o que não deixa de ser um contra senso. Os treinadores dependem e sempre continuarão a depender de resultados e é evidente que Jorge Jesus será o primeiro a estar insatisfeito por não ter conquistado o campeonato, mas também é verdade que tem valor em tudo aquilo que foi feito nos três últimos anos e acho que as pessoas reconhecem isso.


- Mas também contou com o maior investimento de sempre nível do futebol?
- Isso é um elogio à gestão desta Direcção, porque se esse investimento foi possível é porque se trabalhou bem. Há uns anos isso não teria sido possível. Qual foi o investimento do Real Madrid o ano passado? E a quantos pontos ficou do Barcelona? E no entanto o Mourinho o investimento do Manchester City o ano passado? Podia dar muitos mais exemplos.


- Também alinha no discurso de que a arbitragem é responsável pela perda do título deste ano?
- Diria de outra forma. O título de campeão deste ano é um tributo da arbitragem ao FC Porto e o convite a Pedro Proença para apitar o jogo de sábado (FC Porto - Sporting) foi uma justíssima homenagem. A partir de um determinado momento foi evidente que o Benfica passou a ser prejudicado. É curioso que o ano passado o ataque verificou-se logo nas primeiras jornadas do Campeonato, este ano sucedeu o contrário, aconteceu tudo na parte final, mas tudo o resto foi exactamente igualmente descarado. Acho que a agressão ao Aimar na grande área da Académica ser transformada em falta atacante é um monumento ao descaramento.


- Vítor Pereira, o treinador do FC Porto, diz que esse tipo de justificações é assobiar para o lado.
- É uma afirmação tão válida como dizer que ele continuará a ser o treinador do FC Porto na próxima época. Assobiar para o lado é ignorar o que se passou nesta fase final do campeonato com algumas arbitragens.


- Acredita na intencionalidade desses erros?
- Há uma coisa em que não acredito: em coincidências. Um ano e meio depois de Olegário Benquerença ter feito o que fez em Guimarães, na época passada, volta a apitar um jogo do Benfica e fazer vista grossa de dois penalties que são verdadeiros casos de atropelamento e fuga na área do Rio Ave, não é coincidência. Dois anos depois do Pedro Proença ter transformado uma simulação descarado do Lisandro em penalty, no Dragão, ter, este ano, validado um golo em fora-de-jogo na Luz – mas atenção que não é um fora-de-jogo de centímetros, é de metros – outra vez num jogo contra o Porto. Tudo isto tem de começar a ser motivo para os responsáveis da arbitragem se interrogarem e começarem a fazer uma limpeza séria, isto se estiverem interessados em trazer verdade ao nosso futebol.


- Mas não há outro tipo de responsabilidade internas que tenham contribuído para isto?
- Seguramente que há, também houve erros que o treinador já reconheceu, mas por muito bom que um nadador seja, não consegue aguentar muito tempo a nadar contra a corrente e o que assistimos neste último terço do campeonato foi uma corrente demasiado forte.


- Os árbitros também têm direito ao erro, isso faz parte do futebol.
- O erro faz parte do futebol. Todos temos direito a errar, é a natureza humana, mas quando se erra prejudicando sempre os mesmos, isso já não são erros é manipulação. Portanto, repito o que já tinha dito há um mês, a classificação deste Campeonato está aldrabada e quando se concentram em pouco mais de cinco jogos tantos erros temos efectivamente de nos perguntar: como é possível?


- Está a sugerir uma acção concertada?
- Acho que como em tudo na vida há bons e maus profissionais, mas creio que o verdadeiro responsável por esta situação, não contando com o fraco carácter de algumas pessoas, é a Justiça portuguesa, porque efectivamente, há um par de anos, escancarou as portas à ideia de que valia tudo, de que algumas pessoas beneficiam de total impunidade e a verdade é que essas pessoas assustaram-se numa determinada altura, mas entretanto parece que tudo voltou a ser como era dantes. Faz sentido haver árbitros, a seguir a Guimarães, que nas reuniões técnicas, antes dos jogos, ameaçavam os responsáveis do Benfica?


- Ameaçavam como?
- Ameaçar talvez não seja a palavra certa. Intimidavam talvez seja a forma mais adequada de caracterizar a atitude de que, pelo menos, dois árbitros tiveram a seguir a Guimarães, nessas reuniões técnicas com os responsáveis do Benfica. Mas acho que essa deve ser uma preocupação, mais uma, que o senhor Vítor Pereira deve ter. É a ele que devem perguntar.


- Foi uma das pessoas envolvidas verbalmente nos incidentes da primeira volta no Estádio da Luz, no jogo com o Sporting. Já passou bastante tempo, como é que estão as relações com o Sporting?
- Apetecia-me dizer que estão em lume brando, mas elas efectivamente não existem e a culpa não é nossa. Não acredito que a maioria dos sportinguistas se revejam no que foi o comportamento de algumas pessoas responsáveis pelo clube na semana que antecedeu o jogo e no próprio dia do jogo. Não vi em San Mamés nenhum incómodo por parte dos adeptos que foram acompanhar a equipa com a rede atrás da qual assistiram ao jogo. Mas já agora, o mais estranho é que já passaram seis meses e o Conselho de Disciplina continua mudo.


- Mas houve uma decisão do Conselho de Disciplina.
- Apenas em relacção às responsabilidades do Benfica e onde fomos ilibados, mas em relação aos prejuízos e as respectivas sanções para os responsáveis por tudo o que sucedeu, nada, zero e já lá vão, como lhe disse, seis meses. Isto não é normal e coloca em causa a estabilidade da competição e a confiança dos agentes desportivos num órgão que devia julgar com celeridade. Essa é, aliás, uma das principais razões para a existência de órgãos de jurisdição desportiva.


- O Benfica espera uma sanção pesada para o Sporting?
- O Benfica esperava que o Conselho de Disciplina agisse, mas pelos vistos pedir muito. Vou dar-lhe um exemplo: na Grécia, e já não falo de Espanha ou Inglaterra ou Itália, houve incidentes semelhantes num Panatinaikos-Olympiakos, em Março. Em menos de uma semana os órgãos jurisdicionais da federação grega decidiram. O Panatinaikos perdeu pontos, foi obrigado a pagar uma pesada multa e a jogar alguns jogos à porta fechada. Tudo isto na Grécia, aqui parece que a única preocupação real do Conselho de Disciplina foi punir o Aimar com dois jogos. E é assim que querem erradicar a violência no futebol?


João Gabriel, entrevistado por Nuno Paralvas, in A Bola


Retirado de "O Indefectível"




...não podia estar mais de acordo com tudo o que aqui é dito.

CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA-U.LEIRIA
Não houve casos.
Resultado Real 1-0

FC PORTO-SPORTING
Só vi o resumo. A expulsão directa de Polga é absurda, pois, com homens ainda no caminho da bola, era lance para cartão amarelo. O lance nasce, aliás, de uma irregularidade, pois há um claro empurrão de Hulk a Pereirinha, sem o qual o brasileiro nunca ganharia a posição.
Resultado Real 1-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 74
FC Porto 71
Sp.Braga 59
Sporting 59

POBRE DESPEDIDA

Jogo triste, melancólico e sonolento, com muitos adeptos (entre os quais eu próprio) ainda a digerir a amarga derrota no Voleibol, e outros - os No Name - a dar um espectáculo ainda mais triste do que aquilo que se via no relvado. Nem sequer apareceu o golinho de Cardozo, que o isolaria na lista dos marcadores. O Benfica selou o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, mas, decididamente, não foi uma noite feliz.

28 JORNADAS, 22 PENÁLTIS !!!

Cardozo está na luta pela “Bola de Prata”. Mas a verdade é que já a podia, e devia, ter ganho.
É certo que ele por vezes falha alguns penáltis. Mas, com os que os árbitros sonegaram ao Benfica, convertendo cerca de 75%, o paraguaio teria neste momento, seguramente, mais de trinta golos apontados.
Os números que se seguem são impressionantes. São os dos penáltis que os juízes não viram, ou não quiseram ver, ao longo do Campeonato, prejudicando o Benfica. Alguns são discutíveis – admito-o -, mas grande parte deles não ofereceram dúvidas, e desafio a Benfica Tv a fazer um resumo com as respectivas imagens.
Não são os únicos lances que penalizaram os encarnados ao longo da época. Basta recordarmos o penálti de Braga, os golos mal anulados a Cardozo ainda na primeira volta (Paços e Olhanense), o penálti de Jorge Sousa a favor do Nacional, ou o golo fora-de-jogo de Maicon na Luz.
22 penáltis por assinalar (17 dos quais a partir do momento em que o Benfica se viu com a vantagem de 5 pontos) constituem, porém, um número demasiado grave para ser ignorado.


Outro dado curioso é que o Benfica sofreu, neste Campeonato, tantos golos de penálti como aqueles que marcou (quatro), o que não deixa de ser estranho para um candidato ao título, para mais reconhecido pelo seu futebol bastante ofensivo.

A GRANDE QUESTÃO

Esgota os jogadores numa fase prematura da época, não fazendo a gestão correcta do plantel; expõe demasiado a equipa aos adversários, sofrendo golos em quase todos os jogos; toma decisões difíceis de explicar, como a insistência em Emerson até o queimar por completo; tem um discurso megalómano e desresponsabilizante; falha vezes demais em momentos decisivos.
Pese embora tudo isto, a pergunta que a SAD benfiquista tem de colocar a si própria é a seguinte: será possível contratar, neste momento, algum treinador que, de uma forma clara, dê mais garantias de sucesso do que Jorge Jesus, que apesar de tudo foi campeão uma vez, valorizou jogadores, promoveu um futebol espectacular, e conseguiu interessantes participações europeias?
Se não houver essa garantia clara - e eu temo que não haja -, então será melhor cumprir o contrato até ao fim, poupando milhões de indemnização, e evitando começar novamente do zero, com os custos desportivos a que isso naturalmente conduzirá.

PS: E deixo ainda uma outra questão no ar: será que Jesus, no FC Porto, não seria campeão? É que se se acha que sim, que seria campeão, não pode defender-se simultaneamente a sua saída do Benfica. Ou o problema está no treinador, ou não está no treinador. Se não está no treinador, não vale a pena substituí-lo.