POUCA SORTE

Bayern de Munique-Belenenses
Bayer de Leverkusen-U.Leiria
Paços de Ferreira-AZ Alkmaar
Hammarby-Sp.Braga
São estes os acasalamentos resultantes do sorteio da Taça Uefa hoje realizado.
À excepção do Braga, que era cabeça-de-série e tem caminho livre para a fase de grupos, as restantes equipas portuguesas têm bastantes razões de queixa da sua sorte. Os azuis do Restelo foram os mais penalizados, apanhando pela frente a melhor equipa em prova - e que acidentalmente não está esta temporada na Champions League -, mas também União e Paços poderiam ter sido mais bafejados pela fada madrinha, tendo que defrontar, em estreia, os finalistas da Liga dos Campeões de há seis anos e os semi-finalistas da Uefa de há três respectivamente.
Prevê-se pois vida difícil para as equipas portuguesas. Se além do Sp.Braga mais um conseguir passar, seria óptimo. Caso contrário, valerá pela experiência e oportunidade de defrontar equipas e jogadores de um nível substancialmente superior ao que encontram semana a semana nos nossos estádios.

PARTICIPAÇÃO DOS TRÊS GRANDES NA TAÇA/LIGA DOS CAMPEÕES - Resumo




SPORTING NA TAÇA/LIGA DOS CAMPEÕES

1955/56
R1: Partizan Belgrade (SRB), 3-3 & 2-5*
1958/59
Q1: FC/DOS Utrecht (NED), 4-3* & 2-1
R1: Standard Liege (BEL), 2-3 & 0-3*
1961/62
Q1: Partizan Belgrade (SRB), 1-1 & 0-2*
1962/63
R1: Shelbourne FC (IRL), 2-0* & 5-1
R2: Dundee FC (SCO), 1-0 & 1-4*
1966/67
R1: Vasas Budapest (HUN), 0-5* & 0-2
1970/71
R1: Floriana FC (MLT), 5-0 & 4-0*
R2: Carl Zeiss Jena (GER), 1-2* & 1-2
1974/75
R1: AS St. Etienne (FRA), 0-2* & 1-1
1980/81
R1: Kispest-Honved Budapest (HUN), 0-2 & 0-1*
1982/83
R1: Dynamo Zagreb (CRO), 0-1* & 3-0
R2: CSKA Sofia (BUL), 2-2* & 0-0
QF: Real Sociedad (ESP), 1-0 & 0-2*
1997/98
Q2: Beitar Jerusalem (ISR), 0-0* & 3-0
R1 (Grp F): Bayer Leverkusen (GER), 0-2 & 1-4*
R1 (Grp F): AS Monaco (FRA), 3-0 & 2-3*
R1 (Grp F): SK Lier (BEL), 1-1* & 2-1
2000/01
R1 (Grp A): Spartak Moscow (RUS), 1-3* & 0-3
R1 (Grp A): Bayer Leverkusen (GER), 2-3* & 0-0
R1 (Grp A): Real Madrid (ESP), 2-2 & 0-4*
2002/03
Q3: Internazionale Milan (ITA), 0-0 & 0-2*
2005/06
Q3: Udinese Calcio (ITA), 0-1 & 2-3*
2006/07
R1 (Grp B): Bayern Munich (GER), 0-1 & 0-0*
R1 (Grp B): Internazionale Milan (ITA), 1-0 & 0-1*
R1 (Grp B): Spartak Moscow (RUS), 1-1* & 1-3


* jogos fora

F.C.PORTO NA TAÇA/LIGA DOS CAMPEÕES

1956/57
Q1: Athletic Bilbao (ESP), 1-2 & 2-3*
1959/60
Q1: Inter Bratislava (SVK), 1-2* & 0-2
1978/79
R1: AEK Athens (GRE), 1-6* & 4-1
1979/80
R1: AC Milan (ITA), 0-0 & 1-0*
R2: Real Madrid (ESP), 2-1 & 0-1*
1985/86
R1: Ajax Amsterdam (NED), 2-0 & 0-0*
R2: FC Barcelona (ESP), 0-2* & 3-1
1986/87
R1: Rabat Ajax (MLT), 9-0 & 1-0*
R2: TJ Vitkovice (CZE), 0-1* & 3-0
QF: Brøndby IF (DEN), 1-0 & 1-1*
SF: Dynamo Kiev (UKR), 2-1 & 2-1*
FL: Bayern Munich (GER), 2-1**
1987/88
R1: Vardar Skopje (FRM), 3-0 & 3-0*
R2: Real Madrid (ESP), 1-2* & 1-2
1988/89
R1: HJK Helsinki (FIN), 3-0 & 0-2*
R2: PSV Eindhoven (NED), 0-5* & 2-0
1990/91
R1: Portadown FC (NIR), 5-0 & 8-1*
R2: Dynamo Bucharest (ROM), 0-0* & 4-0
QF: Bayern Munich (GER), 1-1* & 0-2
1992/93
R1: US Luxemburg (LUX), 4-1* & 5-0
R2: FC Sion (SUI), 2-2* & 4-0
SF (Grp B): PSV Eindhoven (NED), 2-2 & 1-0*
SF (Grp B): AC Milan (ITA), 0-1 & 0-1*
SF (Grp B): IFK Göteborg (SWE), 0-1* & 2-0
1993/94
R1: Floriana FC (MLT), 2-0 & 0-0*
R2: Feyenoord Rotterdam (NED), 1-0 & 0-0*
QF (Grp B): Anderlecht Brussels (BEL), 0-1* & 2-0
QF (Grp B): Werder Bremen (GER), 3-2 & 5-0*
QF (Grp B): AC Milan (ITA), 0-3* & 0-0
SF: FC Barcelona (ESP), 0-3*
1995/96
R1 (Grp A): Panathinaikos Athens (GRE), 0-1 & 0-0*
R1 (Grp A): FC Nantes-Atlantique (FRA), 0-0* & 2-2
R1 (Grp A): AaB Aalborg (DEN), 2-0 & 2-2*
1996/97
R1 (Grp D): Rosenborg Trondheim (NOR), 1-0* & 3-0
R1 (Grp D): AC Milan (ITA), 3-2* & 1-1
R1 (Grp D): IFK Göteborg (SWE), 2-1 & 1-0*
QF: Manchester United (ENG), 0-4* & 0-0
1997/98
R1 (Grp D): Rosenborg Trondheim (NOR), 0-2* & 1-1
R1 (Grp D): Real Madrid (ESP), 0-2 & 0-4*
R1 (Grp D): Olympiakos Piraeus (GRE), 0-1* & 2-1
1998/99
R1 (Grp A): Olympiakos Piraeus (GRE), 2-2 & 1-2*
R1 (Grp A): Dynamo Zagreb (CRO), 3-0 & 1-3*
R1 (Grp A): Ajax Amsterdam (NED), 1-2* & 3-0
1999/00
R1 (Grp E): Molde FK (NOR), 1-0* & 3-1
R1 (Grp E): Olympiakos Piraeus (GRE), 2-0 & 0-1*
R1 (Grp E): Real Madrid (ESP), 1-3* & 2-1
R2 (Grp A): Sparta Prague (CZE), 2-0* & 2-2
R2 (Grp A): Hertha Berlin (GER), 1-0 & 1-0*
R2 (Grp A): FC Barcelona (ESP), 2-4* & 0-2
QF: Bayern Munich (GER), 1-1 & 1-2*
2000/01
Q3: Anderlecht Brussels (BEL), 0-1* & 0-0
2001/02
Q2: Barry Town (WAL), 8-0 & 1-3*
Q3: Grasshoppers Zurich (SUI), 2-2 & 2-0*
R1 (Grp E): Glasgow Celtic (SCO), 0-1* & 3-0
R1 (Grp E): Rosenborg Trondheim (NOR), 2-1* & 1-0
R1 (Grp E): Juventus Torino (ITA), 0-0 & 1-3*
R2 (Grp C): Real Madrid (ESP), 0-1* & 1-2
R2 (Grp C): Sparta Prague (CZE), 0-1 & 0-2*
R2 (Grp C): Panathinaikos Athens (GRE), 0-0* & 2-1
2003/04
R1 (Grp F): Partizan Belgrade (SRB), 1-1* & 2-1
R1 (Grp F): Olympique Marseille (FRA), 3-2* & 1-0
R1 (Grp F): Real Madrid (ESP), 1-3 & 1-1*
R2: Manchester United (ENG), 2-1 & 1-1*
QF: Olympique Lyon (FRA), 2-0 & 2-2*
SF: Deportivo La Coruna (ESP), 0-0 & 1-0*
FL: AS Monaco (FRA), 3-0**
2004/05
R1 (Grp H): CSKA Moscow (RUS), 0-0 & 1-0*
R1 (Grp H): Chelsea London (ENG0, 1-3* & 2-1
R1 (Grp H): Paris St. Germain (FRA), 0-2* & 0-0
R2: Internazionale Milan (ITA), 1-1 & 1-3*
2005/06
R1 (Grp H): Internazionale Milan (ITA), 2-0 & 1-2*
R1 (Grp H): Petrzalka Bratislava (SVK), 2-3 & 0-0*
R1 (Grp H): Glasgow Rangers (SCO), 2-3* & 1-1
2006/07
R1 (Grp G): Arsenal London (ENG), 0-2* & 0-0
R1 (Grp G): CSKA Moscow (RUS), 0-0 & 2-0*
R1 (Grp G): SV Hamburg (GER), 4-1 & 3-1*
R2: Chelsea London (ENG), 1-1 & 1-2*


* jogos fora
** jogos em campo neutro

ASSIM ASSIM

Está definida a sorte dos clubes portugueses na fase de grupos da Champions League.
Uma primeira abordagem permite verificar que ao F.C.Porto sorriu um grupo bastante simpático, enquanto Sporting e Benfica não foram assim tão felizes - embora naturalmente os leões, partindo de um pote inferior, tivessem sempre de encontrar um conjunto de adversários um pouco mais difícil.
Os dragões vão ter pela frente um Liverpool muito forte mas longe de ser inultrapassável, além de um Marselha e de um Besiktas perfeitamente acessíveis. Só com muita infelicidade o F.C.Porto ficará de fora da fase seguinte, e quedar-se em último lugar do grupo seria uma verdadeira hecatombe.
O Benfica encontra o A.C.Milan - naquele que é um clássico que reedita duas das finais da prova (62-63 e 89-90) -, a quem muito dificilmente conquistará pontos, mas tem no Celtic e no Shakhtar Donetsk adversários que lhe permitem alimentar alguma esperança, pelo menos de seguir para a Uefa. Se com os escoceses ainda há um ano discutiu a passagem, perdendo-a por manifesta infelicidade, dos ucranianos o maior perigo virá talvez do desconhecimento.
Por sua vez o Sporting terá naturalmente mais dificuldades, pois se o Manchester United, como cabeça de série, é o grande favorito, e se Dinamo de Kiev lhe está ao alcançe, já a Roma de Totti, equipa do pote 2, apresenta tremendas dificuldades para os leões. Apesar de tudo, é curioso que nos grupos de Porto e Benfica estejam três ex-campeões da europa, e no do Sporting apenas um, prova de que se pode olhar para estes sorteios de vários ângulos completamente diferentes.
A partir do próximo dia 18, vai-se então começar a jogar o destino de cada um deles.
Confira então todos os grupos:
GRUPO A - Liverpool, Porto, Marselha e Besiktas
GRUPO B - Chelsea, Valencia, Schalke e Rosenborg
GRUPO C - R.Madrid, Bremen, Lazio e Olympiakos
GRUPO D - Milan, Benfica, Celtic e Shakhtar
GRUPO E - Barcelona, Lyon, Estugarda e Rangers
GRUPO F - Manchester, Roma, Sporting e D.Kiev
GRUPO G - Inter, PSV, CSKA e Fenerbahce
GRUPO H - Arsenal, Sevilha, Steaua e S.Praga

O GOLO

Reveja o golo de Katsouranis em Copenhaga, que selou o apuramento do Benfica para a fase de grupos da Liga dos Campeões:



RANKINGS

Este é o ranking oficial actualizado da UEFA:

1 AC Milan 106.150
2 Chelsea 97.799
3 Liverpool 95.799
4 FC Barcelona 91.795
5 Arsenal 90.799
6 Olympique Lyon 88.400
7 Internazionale 83.150
8 Sevilla 82.795
9 Real Madrid 80.795
10 Newcastle United 79.799
...............................
16 FC Porto 68.102
17 Benfica 67.102
..............................
32 Sporting 51.102

Este é, por seu turno, o ranking oficioso de sempre da Taça/Liga dos Campeões, cujo critério de pontuação é 3 pontos por vitória, 1 por empate, 1 por presença, 1 por eliminatória passada, 10 por final e 20 por título:

1 Real Madrid 964
2 AC Milan 665
3 Bayern 632
4 Juventus 529
5 Benfica 498
6 FC Barcelona 479
7 Liverpool 475
8 Ajax 470
9 Manchester United 466
10 Internazionale 365
11 FC Porto 342
.........................
?? Sporting 71

EUROMILHÕES NO MÓNACO

Estão já apuradas 31 equipas para o sorteio desta tarde no Mónaco. Falta jogar o AEK-Sevilha, adiado devido à trágica morte de Puerta, mas tomando em conta que na 1ª mão os andaluzes venceram por 2-0, pode-se afirmar que dificilmente não estarão na fase de grupos.
Eis o alinhamento dos quatro potes para o sorteio:
POTE 1: A.C.Milan, F.C.Barcelona, Liverpool F.C., Inter de Milão, Arsenal, Real Madrid, Chelsea e Manchester United.
POTE 2: S.L.Benfica, F.C.Porto, Valencia, Olympique de Lyon, Sevilha F.C.(?), PSV Eindhoven, A.S.Roma e Werder Bremen.
POTE 3: Sporting C.P., Celtic de Glasgow, Schalke 04, Estugarda, Steaua de Bucareste, CSKA de Moscovo, Lazio de Roma e Olympique de Marselha.
POTE 4: Glasgow Rangers, Shakhtar Donetsk, Besiktas de Istambul, Olympiakos do Pireu, Fenerbahce, Dínamo de Kiev, Rosenborg e Slávia de Praga.
Preferências ? Para Benfica e Porto o grupo ideal seria talvez constituido por Arsenal, Steaua de Bucareste e Rosenborg. Para Sporting, tendo de enfrentar uma equipa do pote 2, talvez o Werder Bremen fosse a hipótese menos má.
Nomes a evitar? Estugarda, CSKA, Lázio, Rangers e Olympiakos, e para o Sporting, além destes dois últimos, também Valencia e Sevilha do pote 2.
Para mim, pessoalmente, gostaria muito de ver o A.C.Milan na Luz. Dos grandes colossos do futebol europeu é o único que nunca vi jogar ao vivo, e tendo necessariamente que sair alguém do pote 1 não me importaria nada que fossem os campeões europeus.

MERECER A FELICIDADE

Antes do jogo tinha aqui falado de fé e de esperança. Também de história.
Pois o Benfica de Copenhaga, carregado de fé e de alma, soube fazer por merecer a sorte que, inicialmente, teve do seu lado, e soube reflectir no relvado - e sobretudo no resultado - o peso de um historial que o faz frequentemente, quase que por magia, agigantar-se na prova onde assinou as páginas mais brilhantes do seu palmarés.
Foi um início de jogo tumultuoso para os encarnados. Tal como seria de prever, o Copenhaga entrou decidido a marcar cedo e empurrou desde logo os encarnados para a sua área, onde as fragilidades de entrosamento eram evidentes. O Benfica, juntando compreensivelmente Petit aos centrais, e abrindo Luís Filipe e Di Maria nas alas, deixava no centro do campo um imenso espaço apenas preenchido por Rui Costa. Criava-se assim uma inferioridade numérica flagrante nessa zona do terreno, o que conjugado com algum desnorte do flanco direito da linha defensiva encarnada – Nelson esteve um tanto infeliz – permitia aos dinamarqueses um domínio absoluto e quase asfixiante. Logo no primeiro quarto de hora por duas vezes o golo esteve à vista.
Mas não há vencedores sem sorte, e foi com ela, deve dizer-se, que o Benfica começou a traçar o destino deste jogo. Quando menos se esperava, e praticamente na primeira vez que chegou à área dinamarquesa – na sequência de um livre, eu diria, simpático -, Katsouranis marcou, deitando assim um cubo de gelo em cima da efervescência com que os da casa entraram em campo. Com um golo fora, a eliminatória, longe de estar sentenciada, colocava-se porém incomparavelmente mais risonha.
Depois de uns minutos de algum arrefecimento, o Copenhaga partiu de novo em busca dos golos, e durante a primeira parte criou mais umas quantas ocasiões flagrantes de marcar, entre as quais duas bolas aos postes da baliza de Quim. Foi nessa altura que também um outro lance demonstrou cabalmente como a deusa fortuna estava nesta noite com os portugueses: o jovem Miguel Vítor, depois de perder posição para um avançado dinamarquês agarrou-o pela camisola já em plena área. Seria grande penalidade, e de certo um novo tónico para a fúria nórdica, mas o árbitro holandês (que tanto se temia) acabou por não ver – ou quem sabe, quis antes compensar os da Luz pela noite de Montjuic em Abril passado – , dissipando-se assim mais um momento de aflição para a defesa encarnada.
No segundo tempo, com o decorrer dos minutos, o Benfica foi ganhando confiança, à medida que por outro lado os dinamarqueses afrouxavam a sua ofensiva. Com a entrada de Nuno Assis o meio-campo tornou-se mais compacto, e o Benfica tomou conta do jogo, chegando então inclusivamente a pairar a possibilidade do 0-2, nomeadamente quando o mesmo Nuno Assis, a dois metros da baliza, cabeceou para as mãos do guarda-redes.
Depois de uma fase inicial de intenso sofrimento, da subsequente sorte de marcar e evitar sofrer golos, era agora a vez da equipa de Camacho mostrar a sua raça - foi notável o sentido colectivo e capacidade de luta e entreajuda desta equipa. Talvez a juventude injectada por Camacho tenha tido esse condão, o que é certo é que desde há algum tempo que se não via um onze benfiquista tão combativo, tão empenhado, discutindo cada lance como se da vida se tratasse, pondo toda a sua alma em campo, sabendo decerto que só assim conseguiria alcançar este importante objectivo.
No conjunto das duas mãos aceita-se pois a passagem do Benfica. Foi a equipa mais feliz, mas soube merecer essa felicidade, lutando com todas as (poucas) armas que tinha, diante de um Copenhaga empenhado, vibrante, mas, diga-se também, algo limitado – que falta lhe fez Gronkjaer…- no plano da criatividade.
Esta é uma vitória determinante a vários níveis. Não só pelos milhões da Champions, mas também no aspecto anímico, dando uma machadada - as próximas semanas dirão se definitiva ou não - nos tempos de crise que se têm vivido na Luz. Uma vida nova pode hoje começar para este Benfica 2007-2008.
Em termos individuais o destaque vai para Petit. Num jogo onde a vertente guerreira seria predominante, teria que ser naturalmente o general do meio campo a comandar o exército. Petit fez um jogo fantástico, foi defesa, foi médio, correu quilómetros, abriu a cabeça. Destaque também para Rui Costa - durante muito tempo o único a ser capaz de transportar a bola para longe da baliza de Quim -, Léo e Katsouranis. Os avançados tiveram um papel de sacrifício, saindo-se muito bem nesse particular. Os jovens, como já se disse, mostraram a sua fibra. Nuno Assis também entrou bem no jogo.
Do árbitro já disse quase tudo: foi amigo !
Na fase de grupos o Benfica não vai ter vida fácil, mas também é verdade que com os novos reforços integrados, com mais umas semanas de treino, e com os lesionados recuperados, a equipa terá inquestionavelmente mais argumentos. Veremos se a sorte que acompanhou os encarnados na Dinamarca se mantém a seu lado esta tarde em Monte Carlo.

O BENFICA NA TAÇA/LIGA DOS CAMPEÕES

Confira todos os resultados do Benfica na prova raínha do futebol internacional:
1957/58
R1: Sevilla FC (ESP), 1-3* & 0-0
1960/61
Q1: Hearts Edinburgh (SCO), 2-1* & 3-0
R1: Ujpest Budapest (HUN), 6-2 & 1-2*
QF: AGF Aarhus (DEN), 3-1 & 4-1*
SF: Rapid Vienna (AUT), 3-0 & 1-1*
FL: FC Barcelona (ESP), 3-2**
1961/62
R1: Austria Vienna (AUT), 1-1* & 5-1
QF: 1.FC Nuremberg (GER), 1-3* & 6-0
SF: Tottenham Hotspur (ENG), 3-1 & 1-2*
FL: Real Madrid (ESP), 5-3**
1962/63
R2: IFK Norrköping (SWE), 1-1* & 5-1
QF: Marila Pribram (CZE), 2-1 & 0-0*
SF: Feyenoord Rotterdam (NED), 0-0* & 3-1
FL: AC Milan (ITA), 1-2**
1963/64
R1: Distillery Belfast (NIR), 3-3* & 5-0
R2: Borussia Dortmund (GER), 2-1 & 0-5*
1964/65
R1: Aris Bonnevoie (LUX), 5-1* & 5-1
R2: FC Chaux-de-Fonds (SUI), 1-1* & 5-0
QF: Real Madrid (ESP), 5-1 & 1-2*
SF: Raba ETO Gyor (HUN), 1-0* & 4-0
FL: Internazionale Milan (ITA), 0-1**
1965/66
R1: Stade Dudelange (LUX), 8-0* & 10-0
R2: Levski Sofia (BUL), 2-2* & 3-2
QF: Manchester United (ENG), 2-3* & 1-5
1967/68
R1: Glentoran Belfast (NIR), 1-1* & 0-0
R2: AS St. Etienne (FRA), 2-0 & 0-1*
QF: Vasas Budapest (HUN), 0-0* & 3-0
SF: Juventus Torino (ITA), 2-0 & 1-0*
FL: Manchester United (ENG), 1-4**
1968/69
R1: Valur Reykjavik (ISL), 0-0* & 8-1
QF: Ajax Amsterdam (NED), 3-1* & 1-3 & 0-3**
1969/70
R1: KB Copenhagen (DEN), 2-0 & 3-2*
R2: Glasgow Celtic (SCO), 0-3* & 3-0
1971/72
R1: Tirol Innsbruck (AUT), 4-0* & 3-1
R2: CSKA Sofia (BUL), 2-1 & 0-0*
QF: Feyenoord Rotterdam (NED), 0-1* & 5-1
SF: Ajax Amsterdam (NED), 0-1* & 0-0
1972/73
R1: Malmö FF (SWE), 0-1* & 4-1
R2: Derby County (ENG), 0-3* & 0-0
1973/74
R1: Olympiakos Piraeus (GRE), 1-0 & 1-0*
R2: Ujpest Budapest (HUN), 1-1 & 0-2*
1975/76
R1: Fenerbahce Istanbul (TUR), 7-0 & 0-1*
R2: Ujpest Budapest (HUN), 5-2 & 1-3*
QF: Bayern Munich (GER), 0-0 & 1-5*
1976/77
R1: Dynamo Dresden (GER), 0-2* & 0-0
1977/78
R1: Torpedo Moscow (RUS), 0-0 & 0-0/4-1p*
R2: B1903 Copenhagen (DEN), 1-0 & 1-0*
QF: Liverpool FC (ENG), 1-2 & 1-4*
1981/82
R1: Omonia Nicosia (CYP), 3-0 & 1-0*
R2: Bayern Munich (GER), 0-0 & 1-4*
1983/84
R1: Linfield Belfast (NIR), 3-0 & 3-2*
R2: Olympiakos Piraeus (GRE), 0-1* & 3-0
QF: Liverpool FC (ENG), 0-1* & 1-4
1984/85
R1: Red Star Belgrade (SRB), 2-3* 2-0
R2: Liverpool FC (ENG), 1-3* & 1-0
1987/88
R1: Partizan Tirana (ALB), 4-0* & 3-0
R2: AGF Aarhus (DEN), 0-0* & 1-0
QF: Anderlecht Brussels (BEL), 2-0 & 0-1*
SF: Steaua Bucharest (ROM), 0-0* & 2-0
FL: PSV Eindhoven (NED), 0-0/5-6p**
1989/90
R1: Derry City (IRL), 2-1* & 4-0
R2: Kispest-Honved Budapest (HUN), 2-0* & 7-0
QF: Dnepr Dnepropetrovsk (UKR), 1-0 & 3-0*
SF: Olympique Marseille (FRA), 1-2* & 1-0
FL: AC Milan (ITA), 0-1**
1991/92
R1: Hamrun Spartans (MLT), 6-0* & 4-0
R2: Arsenal London (ENG), 1-1 & 3-1*
SF (Grp B): Dynamo Kiev (UKR), 0-1* & 5-0
SF (Grp B): FC Barcelona (ESP), 0-0 & 1-2*
SF (Grp B): Sparta Prague (CZE), 1-1 & 1-1*
1994/95
R1 (Grp C): Hajduk Split (CRO), 0-0* & 2-1
R1 (Grp C): Anderlecht Brussels (BEL), 3-1 & 1-1*
R1 (Grp C): Steaua Bucharest (ROM), 2-1 & 1-1*
QF: AC Milan (ITA), 0-2* & 0-0
1998/99
Q2: Beitar Jerusalem (ISR), 6-0 & 2-4*
R1 (Grp F): PSV Eindhoven (NED), 2-1 & 2-2*
R1 (Grp F): HJK Helsinki (FIN), 0-2* & 2-2
R1 (Grp F): 1.FC Kaiserslautern (GER), 0-1* & 2-1
2003/04
Q3: Lazio Roma (ITA), 1-3* & 0-1
2004/05
Q3: Anderlecht Brussels (BEL), 1-0 & 0-3*
2005/06
R1 (Grp D): Lille OSC (FRA), 1-0 & 0-0*
R1 (Grp D): Manchester United (ENG), 1-2* & 2-1
R1 (Grp D): Villarreal CF (ESP), 1-1* & 0-1
R2: Liverpool FC (ENG), 1-0 & 2-0*
QF: FC Barcelona (ESP), 0-0 & 0-2*
2006/07
Q3: Austria Vienna (AUT), 1-1* & 3-0
R1 (Grp F): Glasgow Celtic (SCO), 0-3* & 3-0
R1 (Grp F): Manchester United (ENG), 0-1 & 1-3*
R1 (Grp F): FC Copenhagen (DEN), 0-0* & 3-1
2007/08
Q3: F.C.Copenhagen (DEN), 2-1 & ?-?*


* Jogos fora de casa
** Jogos em campo neutro

COM FÉ E POUCO MAIS...

Um Benfica ainda à procura da sua nova identidade, joga hoje em Copenhaga o acesso à mais importante prova de clubes do futebol internacional.
Nunca o clube terá jogado uma pré-eliminatória em tão más condições técnicas, físicas e anímicas. Mesmo frente a um adversário de segundo plano, são de esperar grandes dificuldades para o Benfica, que precisará de muita alma, muito coração e muita sorte para seguir em frente.
Os tempos estão difíceis para os lados da Luz. Não existem motivos para optimismo face a este difícil e importante desafio. Resta a fé. Fé nas camisolas, fé no emblema, fé tradição, fé na história.
É justamente no glorioso historial europeu do clube - e naquilo que ele representa dentro do campo - que poderemos encontrar alguma esperança. Sete finais disputadas, dois títulos conquistados, quinto lugar no ranking de sempre.
Recordemos aqui a última vez que os encarnados conseguiram chegar à final desta competição. Foi em 1990, derrotando o Marselha nas meias-finais por 1-0 (1-2 na 1ª mão), golo de Vata com a mão já nos últimos instantes da partida. Veja:

HOJE TAMBÉM SOU DO SEVILLA

Impressionante, chocante, dramático. Impossível não recordar Miki Feher. Por saber(mos) o que isso é, aqui fica a sincera e sentida homenagem de Vedeta da Bola ao malogrado jogador sevilhano e internacional espanhol António Puerta, acabado de falecer.
Ainda há pouco mais de duas semanas estive diante do Estádio Sanchez Pizjuan...

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Com as últimas contratações anunciadas – se o mercado continuasse aberto, desconfio que o Benfica passaria o ano entretido a contratar e vender jogadores… -, José António Camacho terá finalmente um plantel, eu diria, normal, à sua disposição.
Não será, nem por sombras, um plantel muito forte, e de forma alguma o melhor dos últimos quinze anos como Luís Filipe Vieira desavergonhadamente foi capaz de afirmar. Será simplesmente um plantel normal, mais para o fraco, mas agora com opções para formar enfim uma equipa de futebol.
Foi preciso chegar-se ao fim de Agosto para isto suceder, o que é dramático para um clube que se quer profissional. 18 (!!!) novos jogadores vão agora ter muito que trabalhar para formar um onze capaz de se apresentar ao nível mínimo de exigência a que o nome ”Benfica” obriga. Só dentro de um ou dois meses será possível avaliar com rigor o que esta equipa poderá valer, isto muito provavelmente numa altura em que o campeonato já se apresente bem difícil – e veremos amanhã se, como temo, fora da Champions League.
Vejamos as últimas entradas:
EDCARLOS – Ao que se diz, trata-se da mais recente aquisição do Benfica. Desde a época passada que era imperiosa a contratação de mais um central.
Edcarlos é mais um jovem (22 anos) para o plantel e terá sido, neste momento, a opção possível – Boomsong, Zé Castro e Nunes seriam talvez as prioridades.
Não se espere para já muito de um jogador que era suplente do São Paulo (que actua normalmente com três centrais), e que vem em busca do relançamento de uma carreira que muito prometia, nomeadamente quando há dois anos foi titular na final da Taça Intercontinental em que o seu clube venceu o Liverpool.
Trata-se de mais um central a juntar a David Luiz, Zoro e Miguel Vítor, na luta pela titularidade ao lado do indiscutível Luisão.
CRISTIAN RODRIGUEZ E MAXIMILIANO PEREIRA– Esta dupla uruguaia já está garantida. O facto de serem ambos titulares da selecção abona em seu favor. Pereira vem do futebol sul-americano e é tido como um médio de combate, muito forte e agressivo. Rodriguez é mais artista, mas causa alguma desconfiança o facto de praticamente não ter sido utilizado no Paris St.Germain de Paul Le Guen, equipa que quase desceu de divisão na época passada. São também contratações possíveis, sabendo-se como o mercado se começa a fechar, e as carências que o Benfica deixou abrir no seu plantel obrigavam a a uma intervenção urgente e quase desesperada.
SOLDADO – Este é apenas uma hipótese. Algo remota, diga-se, pois o Real Madrid pede 15 milhões de euros pelo seu passe. Trata-se de um ponta-de-lança formado nas escolas madridistas, mas que tapado, primeiro por Ronaldo, agora por Van Nistelrooy, não se chegou a afirmar na principal equipa.

EIS O GOLO QUE DECIDIU O CLÁSSICO



Agradecimentos a Kumba Yah

MUITO PREOCUPANTE !

Não basta já toda a instabilidade que vive o seu plantel, não bastam as lesões, e o Benfica ainda vai ter de se haver na Dinamarca com um árbitro holandês muito pouco recomendável.
Trata-se de uma nomeação completamente absurda, que escolhe para este decisivo jogo um juiz que contribuiu objectivamente para a eliminação europeia dos encarnados na última época - entre outras coisas, ao perdoar uma grande penalidade claríssima sobre Simão Sabrosa no jogo da 1ª mão com o Espanyol em Montjuic.
Veja-se a propósito, o que aqui escrevi na crónica a essa partida:

(…) O árbitro holandês também nada ajudou, com duas grandes penalidades (uma claríssima, outra mais duvidosa) por assinalar a favor do Benfica, uma expulsão perdoada a Zabaleta, e uma dualidade de critérios gritante. Destes, temos nós cá muitos na Liga Portuguesa. Confrangedor!
Já aquando dos jogos da selecção tinha falado nisto, mas ficou uma vez mais patente a má fama que os jogadores portugueses (muitas vezes injustamente) têm adquirido junto das instâncias da arbitragem nos últimos anos. Esta situação agudizou-se muito desde o último mundial, quer pelo jogo com a Holanda (onde o grande culpado foi o árbitro russo), quer pela vergonhosa e tabloidiana campanha contra Cristiano Ronaldo movida pelos ingleses. Ontem, o árbitro da...Holanda, teria claramente em mente o que se passou em Junho, não assinalando, de todo, as faltas sobre os jogadores do Benfica. Desde Junho, exactamente, que não me lembrava de uma arbitragem tão má no futebol internacional (…)

As perspectivas de uma arbitragem isenta são portanto bastante duvidosas.
Depois do que sucedeu no Mundial - sem ir a outros aspectos que possam eventualmente ter provocado alguma fricção entre holandeses e portugueses, como a dispensa de Adriaanse, a animosidade com Koeman, a eliminação no Euro etc - torna-se cretino nomear árbitros holandeses para jogos de equipas portuguesas. Não sei se será incompetência ou antes esperteza saloia. Bom senso não é certamente.
Espero bem que Eric Braahmaar me demonstre na próxima quarta-feira que este receio não tinha afinal razão de ser. Mas a sua nomeação, até prova em contrário, representa meio golo para o F.C. Copenhaga.

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Se no jogo da Luz, mais fora-de-jogo, menos fora-de-jogo, não houve casos de maior (benefício da dúvida a Lucílio na queda de Coentrão), já no Dragão o golo resulta de um livre, no meu ponto de vista, mal assinalado.
Paulo Bento não reclamou, e os comentadores televisivos remeteram as atenções para o guardião Stojkovic. Mas como não estou aqui para falar das opiniões dos outros, e sim das minhas, devo dizer que, desde que a regra foi implementada, não me recordo de ver assinalada falta em semelhante lance.
É verdade que Polga toca a bola na direcção do guarda-redes, mas isso acontece na disputa de um lance dividido em que o central sportinguista procura sobretudo desviar o esférico do alcance do avançado do Porto. Não deve ser entendido como um atraso intencional ao guarda-redes, até porque em última análise o passe seria feito na direcção de Tonel, que optou por deixar passar a bola.
É claro que Stojkovic foi ingénuo, e deixou para a interpretação do árbitro um lance que podia e devia ter resolvido de outro modo. Mas isso não altera o que disse atrás .
Assim sendo, importa pois atribuir um ponto ao Sporting e retirar dois ao F.C.Porto.
A classificação fica assim igualada:
F.C.Porto 4
Sporting 4
Benfica 4

VEDETA DA JORNADA

RAUL MEIRELES: Para além do decisivo golo que marcou, o médio portista teve um desempenho impressionante de mobilidade, critério de posicionamento, capacidade de passe e força física. Foi até sair o melhor homem em campo, justificando amplamente esta distinção.

INSTANTE FATAL

Costuma dizer-se que os grandes jogos se definem por pequenos detalhes. Nunca isso terá sido tão veementemente verdadeiro como neste primeiro clássico do campeonato, decidido num erro conjunto do juiz da partida e do guarda-redes sérvio do Sporting.
Mas deixemos a análise do lance para a rubrica “Classificação Real”, e fixemo-nos naquilo que se passou ao longo dos noventa minutos.
Foi um jogo dividido, que se tivesse terminado empatado talvez correspondesse mais à justiça daquilo que se passou em campo. Se o F.C.Porto dominou a primeira parte, altura em que foi a única equipa a procurar marcar, tem que se dizer que o Sporting foi mais consistente no segundo período, faltando-lhe apenas maior eficácia no último passe, e também algum peso (e altura) na área portista, para chegar ao golo.
A primeira parte foi muito fraca. Pontapé para o ar, passes errados e muitas interrupções foram então a nota dominante. Um Porto com sinal mais, mas sem lucidez no último terço do campo, e um Sporting indolente e pouco ambicioso, remetido ao seu meio-campo e a uma circulação de bola horizontal, sem correr qualquer tipo de risco ofensivo. A segunda parte trouxe-nos outra atitude da equipa leonina, mais estendida no terreno e mais incisiva e rápida nas trocas de bola. Foi contudo justamente nesse período que o F.C.Porto acabou por marcar no tal lance, muito bem concretizado por Raul Meireles.
O Sporting sentiu o golo durante alguns minutos mas, sobretudo a partir da estranha saída de Raul Meireles, acabou por se recompor e efectuar uma ponta final de algum domínio, ainda que a sua parca presença física na área acabasse por tornar infrutífera essa preponderância no resto do campo. Não sei em que condição física se encontra Purovic – que veio de uma lesão -, e se Paulo Bento o não utilizou por algum motivo foi. Mas sentiu-se desde cedo que Bruno Alves e Pedro Emanuel não tinham qualquer dificuldade em dominar o espaço aéreo da sua linha defensiva, perante Liedson e Derlei lutadores, mas pouco ou nada produtivos. Se no meio campo o Sporting, com Miguel Veloso em plano de destaque (quer no meio, quer na esquerda, onde terminou a partida), e com notória superioridade numérica, chegava para manter o F.C.Porto remetido às suas linhas mais recuadas, o futebol do Sporting esbarrava aí na parede defensiva portista, sem argumentos físicos para, nesse espaço, lutar com as mesmas armas dos dragões.
De realçar a extrema dureza posta pelos portistas nesta partida, que com outra arbitragem poderia ter alterado o rumo do jogo.
Terminou pois o clássico, com uma vitória do Porto que se aceita, mas, como já ficou dito, pelo domínio territorial do Sporting em toda a segunda parte, talvez o empate fosse mais justo. Terminou assim também uma longa invencibilidade da equipa de Paulo Bento fora de casa, e segue, por outro lado, o campeão já no topo da tabela classificativa.

ESTACA ZERO

O cenário estava montado. 55 mil nas bancadas, treinador novo, muita fé benfiquista. Mas no final da partida, mais um empate, mais dois pontos perdidos. Com o resultado do clássico o Benfica está já a quatro pontos do F.C.Porto, decorridas que estão duas jornadas em que o calendário até o favoreceria – enquanto os dragões defrontaram 4º e 2º da época passada, os da Luz tiveram diante de si os dois promovidos da Liga de Honra.
O que se passou sábado reflecte aliás na perfeição aquilo que têm sido os últimos tempos do clube encarnado: uma grandiosidade impressionante fora das quatro linhas, muito apoio, muita emoção, grande capacidade de mobilização. Mas dentro delas uma pequena equipa, incapaz de traduzir em futebol e resultados a força e a mística que a envolve.
Não se esperaria naturalmente que José António Camacho fizesse o milagre de, em três dias, transformar uma amálgama de jogadores contratados sem critério e oriundos de linguagens futebolísticas bastante diversas, numa equipa compacta, serena e vencedora. Viu-se uma grande vontade de agradar ao novo técnico, um suplemento de alma próprio das chicotadas psicológicas (ou não se chamassem isso mesmo), mas as insuficiências permanecem lá, e dificilmente, mesmo com vários e bons reforços, desaparecerão nas semanas mais próximas, e a tempo de salvar um campeonato que, embora na sua aurora, se vai já colocando um pouco mal encarado para as hostes benfiquistas.
Como notas positivas da tarde da Luz ficam as estreias dos jovens Romeu Ribeiro e sobretudo Miguel Vítor, que sendo titular, nunca tremeu, mostrou capacidades muito interessantes, cotando-se inclusivamente como um dos melhores em campo.
Pelas indicações dadas, e pelo tipo de reforços que vêm a caminho, percebe-se que, com o técnico espanhol, o meio-campo em losango tem os dias contados. Nesta partida surgiram Fábio Coentrão e Nuno Assis quase colados às linhas, sendo que o segundo deu mostras de alguma inadaptação à posição. As contratações de Maxi Pereira e Cristian Rodriguez, bem como as próprias declarações de Camacho apontam para uma aposta num 4-4-2 mais tradicional.
Realce ainda para as substituições efectuadas, que a terem-no sido por outro treinador em estado menos gracioso, teriam feito abanar a Luz com protestos. Entende-se porém que Camacho, em estreia, com um plantel limitadíssimo, e em vésperas de um jogo de transcendental importância para toda a temporada benfiquista, tenha procurado acima de tudo testar a equipa e não correr grandes riscos. Nos últimos minutos o espanhol optou claramente por privilegiar a coesão do conjunto em detrimento de uma aposta mais audaz na busca de uma vitória que seria de todo injusta para a prestação da equipa vimaranense.

BOLA QUADRADA

Eis uma imagem de um dos muitos Portos-Sportingues da história do futebol português. Neste caso, ao que parece, trata-se de um golo dos leões.

PASSO ATRÁS

Não fosse o extraordinário golo de Cristiano Ronaldo e este Arménia-Portugal ficaria para a história como um dos piores jogos da selecção portuguesa da era-Scolari.
Um conjunto de jogadores sem ritmo, com pouca vontade de se mexer, e aguardando tranquilamente que do céu caíssem os golos capazes de garantir a vitória, encontrou pela frente uma Arménia organizada, extremamente motivada e veloz, que dominou quase toda a primeira parte, e justificou amplamente um resultado que, sem ser dramático, pode complicar a qualificação portuguesa para o Euro 2008.
Como imagem de marca deste jogo fica um pontapé de canto apontado por Deco que, escorregando, fez sair a bola directamente para a bancada. Já que falo em Deco, aproveito para sublinhar a sua inenarrável exibição – a pior que alguma vez lhe vi em toda a sua carreira. O campeonato espanhol vai começar neste fim-de-semana, e Deco nem titular tem sido nos jogos de preparação do Barcelona. Que se passará com o “mágico” ? Ontem foi um homem a menos na selecção nacional, a apenas se fez notar pelas várias perdas de bola e passes errados.
Por isto mesmo não entendi como Scolari não o substituiu, optando por retirar Simão Sabrosa que, não estando igualmente a jogar bem, sempre abria maiores possibilidades de, quer de bola parada ou em meia-distância, poder eventualmente resolver o jogo.
Aliás, para ser franco, não entendi quase nada desta selecção. Raul Meireles (ainda assim um dos menos maus em campo) actuou numa posição diferente da que joga no F.C.Porto, enquanto que Miguel Veloso, em grande forma, dono e senhor do lugar no seu clube, ficou no banco. Talvez também João Moutinho coubesse na equipa, sobretudo a partir do momento em que se viu a inoperacionalidade total do meio-campo português. Também me parece que a insistência de Felipão em Paulo Ferreira para o lado esquerdo da defesa se não justificava, tendo Marco Caneira disponível, e, já agora, Bosingwa também me parece em muito melhor forma que Miguel.
Enfim, reconheço que é fácil falar depois dos jogos. Scolari já deu mostras de saber a cada momento muitíssimo bem aquilo que faz, e não será um ou outro erro que vai alterar a admiração que tem feito por merecer. Além disso estamos em início de época, e um empate sempre é melhor que uma derrota.
Portugal tem agora pela frente uma dupla jornada de importância transcendental. Na Luz dia 8 recebe a Polónia, e quatro dias depois, em Alvalade, joga com a Sérvia. Duas vitórias serão meio caminho andando para o apuramento, mas qualquer percalço pode ser fatal. Seria uma catástrofe que uma equipa destas ficasse fora de uma competição da qual ainda é vice-campeã.
É necessário que os adeptos marquem presença nestas duas verdadeiras finais, enchendo os estádios lisboetas. Trata-se de um momento determinante, que deve ser entendido sem clubismos e com toda a paixão patriótica que levou o nosso país a vibrar com o Euro 2004 e o Mundial 2006.

EQUAÇÃO IMPOSSÍVEL

No comentário anterior já muito ficou dito sobre o momento do Benfica. Justa ou injustamente, correcta ou incorrectamente, Fernando Santos pertence ao passado, e os benfiquistas depositam agora as suas esperanças em José António Camacho, técnico carismático que deixou um rasto de competência e rigor aquando da sua primeira passagem pelo clube.
Aliás, diga-se a propósito que, ao contrário daquilo que parece, ambos os treinadores têm registos estatísticos muito semelhantes nas suas passagens pelo clube. 67% de vitórias, média de 2,2 pontos por jogo no campeonato, presenças razoáveis na Taça Uefa. Um apanhou um super-Porto pela frente, o outro teve de se debater com uma instabilidade interna fora do comum. Nenhum foi campeão.
Mas deixemos de olhar para trás, e vejamos o que espera Camacho no Benfica.
Se dúvidas ainda existem acerca do desequilíbrio do plantel encarnado, basta um pequeno exercício (e convido o leitor a fazê-lo também) para as dissipar de imediato. Trata-se de tentar escolher um esquema táctico para este plantel, e os respectivos jogadores para o desenvolver. Vejamos como se trata de uma equação bem difícil:

4-4-2 Losango – Era o sistema para o qual Fernando Santos tinha idealizado a temporada, e que aliás já vinha a ser desenvolvido desde o ano transacto. Foram contratados dois avançados (Cardozo e Bergessio) de modo a ter sempre uma dupla na frente de ataque, mas…
Se a falta de um central é gritante em qualquer que seja o desenho escolhido (o engenheiro contaria decerto com Anderson), o problema maior encontra-se no meio-campo, e é decorrente das saídas de Simão e, neste caso, sobretudo, de Manuel Fernandes. Para apresentar quatro homens na linha intermediária o Benfica teria de dispor de, pelo menos, seis médios no seu plantel. Com as saídas daqueles dois importantíssimos elementos, o plantel encarnado ficou reduzido a quatro centro-campistas de raiz (Petit, Katsouranis, Rui Costa e Nuno Assis), o que para disputar Campeonato, Taça, Taça da Liga e Liga dos Campeões se tornaria pouco menos que ridículo. Acresce que muitas das vezes Katsouranis teria de ser chamado ao centro da defesa (como tem acontecido), desfalcando ainda mais o meio-campo. Basta pensar na hipótese de Petit se lesionar ou se ver castigado para perceber a inviabilidade total desta solução com o presente plantel.
Camacho já terá dito que este sistema é, por enquanto, para manter. Está seguramente a contar já com reforços...

4-4-2 Tradicional – Foi o sistema preferencial do técnico murciano na selecção espanhola, e em parte significativa da segunda época que passou no Benfica (na primeira, antes da recuperação de Sokota, optou quase sempre por um 4-2-3-1). Mas com este plantel não parece viável aplicá-lo com sucesso.
Para além do problema defensivo, que deixarei de mencionar por ser comum a todos os esquemas, esta opção esbarra na inexistência de alas que garantam consistência competitiva ao longo da época. É verdade que há Di Maria, Coentrão, Luís Filipe, Miguelito, Nelson, Diaz e Manú, mas entre todos, e mormente para o lado direito (para o esquerdo ainda poderia ser possível adaptar Nuno Assis ou mesmo Rui Costa), nenhum há com perfil para, no imediato, assegurar a titularidade num clube com as ambições, nacionais e internacionais, do Benfica.
Para além deste aspecto, há que atender ao miolo do meio campo. Petit e Katsouranis poderiam constituir o duo central, mas… que fazer com Rui Costa ? e que alternativas de banco ? Um trinco (queimando assim o outro), Rui Costa e dois extremos parece-me suicidário na maior parte dos jogos, dada a natural limitação física do “artista”.

4-3-3 – Também este sistema depara com algumas assimetrias face ao plantel benfiquista. O problema do meio-campo, embora atenuado (aqui limitado a um trio), permaneceria por solucionar. Petit, Katsouranis e Rui Costa fariam a linha média, com Nuno Assis como única alternativa, o que é manifestamente pouco para toda a temporada.
À frente seria necessário deslocar um dos pontas de lança para uma ala, o que qualquer que fosse a opção (Nuno Gomes ou Cardozo) equivaleria a atrofiar um jogador. A eficácia da outra ala dependeria ainda da prestação de Di Maria, Coentrão ou Adu, todos eles jogadores sub-20, e portanto com muito ainda por provar, quer em termos de cultura táctica, quer em força mental.

4-2-3-1 – Para além do problema das alas, sobretudo do lado direito, este sistema desperdiçaria o potencial ofensivo oferecido pelos vários pontas-de-lança do plantel. Nuno Gomes, Bergessio e Mantorras ficariam quase toda a época remetidos ao banco de suplentes, dado que Cardozo, até pelo seu preço, parece indiscutível.
Para além destes aspectos, o duo da primeira linha de contenção teria de ser sempre interpretado por Petit e Katsouranis. Sem qualquer suplente à altura de suprir uma lesão, um castigo ou uma quebra de forma de qualquer um deles, esta opção poderia, ao longo da temporada, revelar-se devastadora.

3-5-2 e 3-4-3 – Qualquer um deles está absolutamente fora de hipótese dispondo apenas de três centrais no plantel (no momento todos lesionados). Teriam sido hipóteses válidas (e um deles chegou a ser testado) nos tempos de Koeman, com Anderson e sobretudo Ricardo Rocha a preencherem os dois lados do trio da defesa, e Nelson e Léo, muito ofensivos, a assegurarem os corredores. Assim...

É verdade que, recorrendo a adaptações, o Benfica pode até fazer uma ou outra boa exibição, e conseguir um ou outro bom resultado. De certo entrará em campo, já no próximo sábado, com onze jogadores, dispostos no terreno de forma a ocuparem os respectivos espaços.
Todavia, como fica aqui demonstrado, este plantel está longe de corresponder ao equilíbrio mínimo que seria de exigir a um candidato ao título, apresenta lacunas inadmissíveis, obriga a desposicionar alguns jogadores, arrisca-se a queimar outros, e não garante qualquer prudência face aos múltiplos castigos e lesões que - até a olhar para o que se tem passado no clube de há uns anos para cá - se prevêem enfrentar ao longo de dez meses de competição. Vida difícil pois para Camacho.
O Benfica tem agora nove dias para contratar, impreterivelmente - e numa perspectiva minimalista - um ou dois defesas centrais (Edcarlos, Zé Castro, Cirillo ou Pellegrini seriam boas opções), um médio ala direito (não estou a ver nenhum disponível no mercado europeu) e um médio de contenção/transição (poderia ser Luccin do Atlético de Madrid, mas não tendo, como devia, sido logo negociado na altura da venda de Simão, agora parece-me difícil vir para a Luz), todos eles com capacidade para entrarem na equipa de imediato e oferecerem garantias de elevado rendimento, sabendo-se como nesta fase do mercado a oferta não abunda. Com estes três elementos as soluções tácticas multiplicar-se-iam, e então sim poderíamos falar de um bom plantel, isto é, de um plantel ao nível dos outros candidatos ao título.
Mesmo que isto se venha a verificar – e a negociação em desespero costuma ser cruel -, haverá depois um espaço de tempo necessário para adaptações, criação de automatismos, e construção de um espírito de equipa e de uma dinâmica de vitória. Decorrido todo esse tempo, é de esperar que F.C.Porto e Sporting já levem uma considerável vantagem pontual, capaz de, à semelhança da época passada, condicionar todo o campeonato.
Mas o futebol é fértil em surpresas, e não há dúvidas que Camacho, com o seu carisma e mentalidade ganhadora, pode ajudar o Benfica a dar os passos que necessita. Assim o fez na sua primeira passagem por Lisboa - na qual soube organizar e fazer crescer uma equipa recheada de excelente matéria prima (Miguel, Ricardo Rocha, Tiago, Manuel Fernandes, Zahovic, Geovanni ou Simão, para mencionar apenas os que entretanto sairam) , e com ela só não foi bi-campeão porque no Porto morava um dos melhores conjuntos de sempre do futebol português: o F.C.Porto de José Mourinho.
Nada havendo de objectivo que permita algum optimismo aos benfiquistas, é então hora de exaltarem apenas a sua fé - como se viu no primeiro treino orientado pelo espanhol. É com fé e pouco mais que a nação benfiquista pode neste momento alimentar as suas ilusões.

O ILUSIONISTA E O BODE EXPIATÓRIO

Está consumado o despedimento de Fernando Santos do Benfica. Uma vez mais imperou a lógica do futebol, segundo a qual a culpa é sempre do elo mais fraco, mesmo quando isso se afigura manifestamente injusto, e não constitui mais do que um sacudir de água do capote daqueles (daquele) em cuja esfera de actividade se encontram as razões de mais um fracasso anunciado.
Já na época passada a performance do Benfica tinha ficado claramente marcada pelas indefinições de plantel na pré-temporada, que custaram quase dez jornadas do campeonato em adaptações, e toda uma primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões devastadora para o destino do clube na prova.
Pensava-se que o clube e a sua direcção tinham aprendido com os erros, como seria normal esperar de pessoas lúcidas e inteligentes. Puro engano. Se Fernando Santos pediu com bastante antecedência o plantel fechado no dia da apresentação (2 de Julho, recorde-se), a verdade é que quase dois meses decorridos, muitas entradas e saídas depois, tudo continua por definir, num processo de gestão desportiva verdadeiramente caótico a lembrar os piores tempos de Manuel Damásio e João Vale e Azevedo.
Pior que as saídas de Simão e Manuel Fernandes (ambos por valores muito abaixo daqueles que Porto e Sporting embolsaram com Pepe, Anderson e Nani), foi o timing em que as mesmas se deram, e o facto de não terem sido minimamente acauteladas – por exemplo, a estranhíssima dispensa de Karagounis só fazia sentido face ao regresso do agora jogador do Everton.
Escusado será lembrar a importância que estes dois elementos teriam nos planos de Fernando Santos, que viu o campeonato iniciar-se com apenas um defesa central disponível no plantel, e com vários jogadores jovens e sem qualquer experiência de futebol europeu ao mais alto nível (ainda que anunciados e promovidos na imprensa como grandes vedetas internacionais) a terem de sustentar um onze que viu fugir (com Simão, Miccoli, Karagounis/Manuel Fernandes, entre outros) grande parte da sua força competitiva e capacidade criativa.
Partindo de uma situação estabilizada, com um plantel razoável ao qual faltaria apenas um grande avançado (que seria Cardozo) e algumas soluções de banco (Zoro, Bergessio, Coentrão), e um modelo de jogo definido e automatizado (ainda que à custa de uma época de insucessos), a direcção do Benfica “conseguiu”, em apenas dois meses, desmantelar toda essa vantajosa condição, numa sucessão de erros que de tão grassa incompetência e estranheza, quase parecem tender a situar-se no âmbito da sabotagem.
Torna-se revoltante para os adeptos do Benfica, e por maioria de razão para Fernando Santos, terem ouvido e lido anunciar que o Benfica não deixaria sair nenhum dos seus jogadores nucleares, e que pelo contrário se reforçaria bastante – o que era (e é) imperioso de modo a encurtar distâncias para o F.C.Porto, era oportuno face às transferências que os portistas, em devido tempo, efectuaram, proporcionando assim uma oportunidade de re-equilíbrio de forças, e até dada altura, com a contratação de Cardozo, parecia ser uma verdade capaz de transformar o clube da Luz no grande favorito ao título de 2007/2008 -, verificando agora que afinal, se de facto o banco de suplentes da Luz foi reforçado com alguns jovens valores em busca de afirmação, foi-o insensatamente à custa da saída de titulares indiscutíveis, entre os quais os três melhores jogadores da última época (Simão, Miccoli e Karagounis), e num processo levado a cabo sem qualquer orientação estratégica palpável, carregado de avanços e recuos, indefinições e dúvidas, equívocos e erros.
Não bastava a OPA e as declarações de Berardo, não bastava a mal explicada saída de José Veiga. A pré época dos encarnados foi de uma turbulência constante, com contratações como as de Sretenovic ou Andrés Diaz, a manutenção indefinida no plantel de jogadores dispensados como Manú e Marco Ferreira, a chegada de jogadores lesionados como Di Maria, a gestão catastrófica o dossier-Anderson (o Benfica ficou sem o jogador, que bem falta faz, e sem dinheiro), para além dos já amplamente falados casos de Simão e Manuel Fernandes - a propósito, não deixa de ser estranho a inusitada quantidade de jogadores que nos últimos tempos se têm manifestado insatisfeitos na Luz, o que para um clube com o historial do Benfica, dá bastante que pensar.
A pré-época do Benfica foi um verdadeiro compêndio de tudo o que se não deve fazer com uma equipa profissional de futebol, o que juntando à infelicidade (?) de algumas lesões, criou um panorama dramático e torturante, ao qual poucos ou nenhum treinador do mundo estariam em condições de corresponder. As palavras do experiente Nuno Gomes (também ele vítima de estranhos propósitos de venda) sublinham aliás esta evidência.
Não sei como é possível Luís Filipe Vieira (que nem esteve no Bessa) afirmar, sem se rir, ser este o melhor plantel dos últimos anos (será até provavelmente o pior). O Benfica é um clube popular, com a sua massa associativa constituida em grande parte por pessoas pobres e humildes, mas o seu presidente não pode nunca confundir humildade com ignorância ou estupidez, como nos últimos tempos cada vez mais parece ser o caso.
O Benfica conquistou um campeonato em quinze anos. Leva dois terceiros lugares seguidos (provavelmente vai a caminho do terceiro, isto se o Braga permitir…), e a sua gestão desportiva permanece num registo de amadorismo e voluntarismo que vai afundando progressivamente o clube. Há hoje um crescente fosso entre, por um lado, o prestigio do Benfica, o seu historial, a sua marca,o seu palmarés e a sua grandiosidade, e por outro, a sua confrangedora prestação desportiva, que se vai repetindo ano após ano, em contraste com uma retórica megalómana e populista completamente desfasada de uma realidade deprimentemente e longe dos títulos.
O Benfica viu nos últimos anos sair das suas fileiras grandes jogadores como Fernando Meira, Tiago, Miguel, Ricardo Rocha, Geovanni (que grande golo ao Man. United !), Manuel Fernandes, Simão Sabrosa. Também Karagounis, Miccoli, Anderson, entre outros. Foi-se a mística, foi-se a qualidade. Quase todos foram mal vendidos, ou mesmo oferecidos. Veja-se quem entrou, e a que preços. Atente-se também na absurda quantidade total de entradas e saídas do plantel (uma média de vinte por ano entre mercados de verão e inverno) desestabilizando constantemente o grupo de trabalho, destruindo a sua coesão e gerando anti-corpos.
Se culpas tem o engenheiro são as de não ter sido mais firme sempre que lhe foram perturbando o trabalho - no lugar dele ter-me-ia demitido no dia em que saiu Manuel Fernandes, mas talvez o seu benfiquismo falasse mais alto. Ao deixar-se enredar na linha do presidente, ao confundir o seu discurso com o dele, Fernando Santos juntou-se ao problema, em vez de forçar a solução. Está-lhe assim reservado o destino dos fracos e dos titubeantes. Apesar de inocente, não vai deixar saudades na casa que queria sua.
Veremos o que impõe Camacho a Luís Filipe Vieira. Com esta equipa, sem vários e bons reforços não creio que o espanhol queira sequer trabalhar por muito tempo. Faltam dez dias para fechar o mercado, e o Benfica, que necessita urgentemente de pelo menos três ou quatro jogadores (e espero bem que o caro, aburguesado e indisciplinado Rochemback não seja um deles), nem director desportivo tem, sendo o presidente, com os conhecimentos de futebol que estão à vista de todos, a ter de realizar essa tarefa, numa fase em que os grandes jogadores estão colocados, e sabendo-se como o desespero é mau conselheiro.
Muito dificilmente o Benfica será capaz de construir um plantel à altura das suas ambições. Muito dificilmente se libertará em tempo útil do peso de todas estas convulsões. Mais uma vez se vai voltar à estaca zero. Mais uma vez sem se ter ganho nada.
A época parece irremediavelmente comprometida. E o futuro ? Estará também ?

CLASSIFICAÇÃO REAL

A Liga não começou bem para as arbitragens. Erros em quase todos os campos, e alguns deles graves.
Nos jogos dos três grandes, Elmano Santos esteve muito mal em Alvalade, poupando uma grande penalidade claríssima ao Sporting (a segunda em dois jogos oficiais), por falta de Polga na área com o resultado em 3-1. Em Braga não recordo casos de maior, a não ser um ou outro fora de jogo mal assinalado (o lance de Postiga não me parece relevante).
No Bessa, Nuno Assis foi agredido a cotovelo também na área de rigor, com a bola à sua frente, pelo que haveria motivo para a marcação de uma grande penalidade e expulsão do jogador leixonense. Mesmo sem merecer, o Benfica tem aqui, por via desse lance, direito aos três pontos desta classificação. Assim, à primeira ronda temos todos os três grandes empatados com três pontos.

VEDETA DA JORNADA

RICARDO QUARESMA: Até ver, o F.C.Porto manteve em Portugal aquele que é hoje, indiscutivelmente, o melhor jogador da nossa Liga. Sem ele teria sido difícil aos dragões ultrapassarem um forte e audaz Sporting de Braga, mas os craques servem para isso mesmo: fazer a diferença quando o colectivo por si só não consegue desequilibrar.
Com Quaresma e Lucho no plantel o F.C.Porto mantém, ao contrário de outros, a sua alma criativa a carburar em pleno. Assim, pelo que se viu e vê, dificilmente o tri fugirá do Dragão.

SEM SURPRESA

Não se registaram surpresas na abertura da Liga Portuguesa. Digo bem, não houve mesmo qualquer surpresa, uma vez que para este Benfica, com este plantel – curto, desequilibrado e carente de classe -, envolvido em permanente convulsão, nada tem de surpreendente empatar frente a um aguerrido Leixões (como infelizmente não me surpreenderá a eliminação da Champions), mesmo se consentindo o golo da igualdade mesmo no último lance da partida, o que aliás realça o desnorte e a imaturidade desta equipa benfiquista.
Tenho mesmo dificuldade em ver neste plantel, que Luís Filipe Vieira diz ser o melhor dos últimos anos, um verdadeiro candidato ao título. Mas deixaremos isso para mais adiante.
Importa agora notar que o F.C.Porto teve um início à campeão, triunfando com categoria num terreno extraordinariamente difícil, e fazendo brilhar a grande altura a sua estrela mais cintilante. Uns têm, outros não, o F.C.Porto tem Ricardo Quaresma.
Quanto ao Sporting, merece destaque a facilidade com que se desenvencilhou da Académica, bem como o golo e a exibição de Derlei, um dos dispensados da Luz.
Na próxima jornada teremos um combate de candidatos: F.C.Porto-Sporting no Dragão. Será uma revanche da Supertaça, ou a confirmação da malapata portista com a equipa de Paulo Bento nos últimos tempos ?

DE VOLTA !

VEDETA DA BOLA está de volta.
E chega em boa altura, tal a profusão de matérias a abordar neste acidentado início de temporada.
De modo a manter a estrutura cronológica minimamente coerente, segue-se um pequeno apontamento sobre a primeira jornada da Liga, a distinção correspondente, a classificação real, para depois, sem demoras, avançar então para o tema do momento: a substituição de Fernando Santos por José António Camacho no comando técnico do Benfica.

ATÉ JÁ !

VEDETA DA BOLA vai estar alguns dias ausente do seu convívio, tendo o regresso previsto para o próximo dia 20.
Não vai ser assim possível comentar o sorteio e a 1ªmão da eliminatória da Liga dos Campeões, bem como a Supertaça Cândido de Oliveira. Mas, se Deus quiser, cá estaremos em força para o início da Liga.

CHAMPIONS LEAGUE NO HORIZONTE

É já esta sexta-feira que o Benfica fica a conhecer a sua sorte na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Depois de duas presenças consecutivas na fase de grupos - e cinco na prova, se incluirmos as eliminatórias preliminares - espera-se que os encarnados possam mais uma vez integrar uma competição onde são ainda quintos no ranking de todos os tempos - fruto de dois títulos e sete presenças em finais, a última das quais já lá vão 17 anos.
VEDETA DA BOLA não estará cá para comentar o sorteio. Todavia, fica desde já aqui um escalonamento dos diferentes graus de dificuldade que os possíveis adversários oferecem, salvaguardando a hipótese de um ou outro poder cair na 2ª pré-eliminatória ainda a decorrer.
MUITO DIFÍCEIS: Spartak de Moscovo (Rússia), Sparta de Praga e Slávia de Praga (República Checa), Fenerbahce (Turquia) e AEK de Atenas (Grécia).
DIFÍCEIS: Estrela Vermelha de Belgrado (Sérvia), Toulouse F.C. (França), Dinamo de Zagreb (Croácia) e Rosenborg (Noruega).
ACESSÍVEIS: Dinamo de Bucareste (Roménia), FK Sarajevo (Bósnia) e F.C.Copenhaga (Dinamarca).
BASTANTE ACESSÍVEIS: F.C.Zurique (Suiça), F.C.Salzburgo (Áustria), Elfsborg (Suécia) e Bate Borisov (Bielorrússia).