UMA FINAL

Olhando para este jogo, não é possível esquecer o que aconteceu em Olhão e em Setúbal. É este o tipo de jogo em que a equipa do Benfica manifesta maiores dificuldades, pelo que todo o cuidado é pouco.
Há que entrar a todo o gás, e tentar marcar cedo de forma a obrigar o Leixões a abrir as suas linhas.
Uma vitória em Matosinhos pode ser um passo importante rumo ao título. É a primeira de oito finais até ao jogo do Dragão, onde convém entrar com alguma vantagem pontual.

É ESTE O ADVERSÁRIO DO BENFICA

Vem da Champions League, onde discutiu o apuramento até à última jornada com Milan e Real Madrid, e leva 5 vitórias nos últimos 5 jogos realizados.
Se vencer em casa o modesto Sochaux, ascenderá ao 2º lugar da Liga Francesa, com todas as hipóteses de lutar pelo título com o Bordéus.
É um adversário forte. O mais forte que o Benfica encontrou na Europa desde 2007. E a agravar, ainda tem umas contas a ajustar com os encarnados...

Destaque para as eliminações de Roma, Shakhtar Donetsk, Villarreal e PSV Eindhoven.

MELHORES MARCADORES: CLAUDIO PIZARRO (W.Bremen) 8 golos; Óscar Cardozo (Benfica) e Llorente (A.Bilbau) 6 golos; Gervinho (Lille) e Legear (Anderlecht) 5 golos.

A NOITE DO LEÃO

Com uma exibição plena de garra e vontade de vencer, o Sporting esmagou o Everton e alcançou, com toda a justiça, o apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa.
Foi um Sporting transfigurado aquele que entrou esta noite em campo, apresentando um futebol que não se lhe tinha visto ao longo de toda a temporada. Foi capaz de retirar espaços ao adversário, ganhou quase todos os duelos individuais, executou rápido, criou perigo, marcou golos. Uma noite perfeita para o leão, que se espera possa ter continuidade no próximo domingo.
É uma mistificação dizer-se que este Everton é outra equipa face àquela que, em Novembro, defrontou o Benfica. Na altura estavam lesionados Arteta e Pienaar, agora verificaram-se as ausências do central Distin (castigado) e de Fellaini (o motor da equipa). O treinador é o mesmo, o sistema táctico é o mesmo, o modelo de jogo também. Está agora melhor classificado, mas recordo que entre 13 de Setembro e 21 de Novembro (altura em que defrontou os encarnados) apenas perdeu um jogo para a Premier League.
Acontece que esta equipa apresenta algumas virtudes no âmbito do futebol inglês, mas quando desce ao continente deixa perceber grandes limitações. Joga bem com os espaços que lhe dão na competição doméstica, não se entende com a pressão continental, e comete infantilidades defensivas que acabam por comprometer a sua estabilidade. Tem um treinador britânico a orientá-la, o que talvez explique o perfil do seu futebol.
O Sporting não tem culpa, e fez aquilo que tinha de fazer para vencer. Terá agora pela frente o Atlético de Madrid, de Simão, de Tiago, de Reyes, de Paulo Assunção e de Quique Flores. Veremos para que lado pende este conhecimento mútuo, mas creio que o Atlético, pelos seus valores individuais, tem uma ligeira margem de favoritismo.

Tal como se adivinhava, o Marselha será, entretanto, o adversário do Benfica. Grandes recordações traz este duelo, mas, conforme já escrevi, não creio que um Benfica fortemente focado no campeonato tenha espaço para preparar e vencer esta eliminatória - diante de uma equipa que, caso ganhe o jogo que tem em atraso, chegará à vice-liderança do forte campeonato francês.

CARNAVAL RETARDADO ?

Que querem eles?
O Hulk deu ou não um pontapé num agente de segurança? Os regulamentos indicam ou não uma pena de 6 meses a 3 anos para estes casos?
Serão os Stewards agentes desportivos? A lei é omissa, prevalecendo a interpretação de quem tem poder de decisão.
A Comissão Disciplinar aplicou os regulamentos, interpretando a lei, tal como é das suas funções. Só a ela (e em sede de recurso ao Conselho de Justiça da FPF) cabe interpretar a lei, e se a interpretação fosse diferente as queixas apareceriam de outro lado. O direito não é uma ciência exacta, pois se assim fosse não careceria de juízes, bastando um funcionário administrativo para o exercer.
Se fosse eu a interpretar as leis, o FC Porto tinha descido de divisão juntamente com o Boavista em 2008. Não era eu, era o Dr.Ricardo Costa, que fez a coisa apenas por 6 pontos, num campeonato resolvido. Foi a interpretação dele.
Ao contrário do que sucedia no passado, os órgãos de poder deixaram de estar nas mãos de Pinto da Costa (as escutas publicadas são bem reveladoras quanto à forma como tudo funcionava). Os tempos agora são outros, e as decisões doem a todos.
Como dizia o outro, habituem-se!
PS: Convém lembrar que o FC Porto perdeu até agora 17 pontos, dos quais apenas 4 sem Hulk em campo.

RANKING DA UEFA (actualização)

A conseguir manter esta 18ª posição, e uma vez que Werder Bremen e Villarreal estão praticamente fora da próxima Liga dos Campeões, o Benfica, a estar lá, garantiria um lugar no pote 2 do sorteio da respectiva fase de grupos. Mas atenção ao PSV e ao Bordéus...

ARTE, FUTEBOL E GOLOS

Diante de um adversário frágil e (ainda mais) cansado, o Benfica aproveitou a ocasião para oferecer uma bela tarde europeia aos mais de trinta mil espectadores que, num dia de temporal e a horas de trabalho, não quiseram mesmo assim deixar de acompanhar a equipa.
O espectáculo foi muito agradável, o jogo foi fluído, e os golos foram aparecendo com naturalidade. Durante dois terços do tempo o Benfica foi uma equipa demasiado forte para um Hertha sem argumentos. A inspiração de Di Maria e Fábio Coentrão fez do corredor esquerdo um inferno para a defesa alemã, que desde cedo deu a sensação de apenas pretender que o calvário terminasse o mais rapidamente possível. A meia-hora do fim Jesus decidiu que já chegava, retirou Aimar, Di Maria e Saviola, e o jogo acabou. Ficou posta de parte a hipótese de uma goleada histórica, mas a exigência dos próximos compromissos não deixa espaço para grandes romantismos.
Se este jogo era um teste à capacidade física do Benfica, a verdade é que a resposta foi muito positiva. Apesar das debilidades do Hertha, o Benfica jogou um futebol veloz, criativo e, a espaços, empolgante, à imagem e semelhança do que protagonizou nos melhores momentos da temporada. Se há unidades em sub-rendimento (apesar do golo, o sumaríssimo a Javi Garcia vem mesmo a calhar, e Saviola, embora mais activo, está ainda longe do seu melhor), também há outras em excelente momento de forma. Para além dos dois jovens alas-esquerdos, Cardozo regressou aos golos, e Aimar mostrou alguns rasgos da sua genialidade, enquanto na linha defensiva os centrais continuam em alta. Globalmente a exibição foi pois de bom nível, deixando água na boca para os próximos e importantes jogos.
Mesmo perante a presença anunciada de Michel Platini, o árbitro holandês mostrou dualidade de critérios e falta de categoria. Complicou o que pôde, mas a diferença entre as equipas era demasiado grande para que os efeitos da má arbitragem se fizessem sentir. Em consequência do Europeu 2000 (castigos a Paulo Bento, Nuno Gomes e Abel Xavier), do Mundial 2002 (agressão de João Pinto a um árbitro) e do Mundial de 2006 (o célebre Portugal-Holanda), as equipas portuguesas têm andado na mira das arbitragens internacionais. Golos como o do FC Porto frente ao Arsenal só acontecem com o FC Porto, pois isto do G14, e de muitos anos na Liga dos Campeões traz alguma protecção. O Benfica (tal como Sporting e restantes clubes), andando há alguns anos longe dos grandes filmes, sofre inevitavelmente as consequências correspondentes.
Segue-se provavelmente o Marselha. Ou me engano muito ou essa eliminatória representará o fim da linha para s encarnados nesta Liga Europa, onde já cumpriram os mínimos, ganharam uns trocos e subiram no ranking aquilo que podiam subir. O campeonato é a prioridade máxima e absoluta, e não vejo como seja possível enquadrar mais quatro jogos internacionais (caso os franceses sejam ultrapassados) no meio das grandes exigências da batalha interna, que implicam total enfoque físico e, sobretudo, emocional. Jogadores como Saviola, Aimar ou Ramires não poderão ser submetidos a maior desgaste, sob pena do seu rendimento se ressentir dramaticamente no campeonato. Há quatro anos, Fernando Santos perdeu tudo por não saber fazer a escolha que a dada altura se impunha, e por muito que me custe a admiti-lo (e acreditem que custa bastante), não creio que este Benfica tenha presentemente condições para apostar fortemente numa grande caminhada europeia. A partir de agora há pois que poupar os principais titulares na Liga Europa, e dar oportunidades a outros elementos do plantel (Ruben Amorim, Carlos Martins, Airton, Weldon, Sidnei, Nuno Gomes, Felipe Menezes, Kardec, Eder Luís, Miguel Vítor, Roderick etc), motivando-os para que façam o melhor possível. Se der para mais alguma coisa, óptimo. Caso contrário, haverá certamente condições para sair com dignidade. Escreve uma pessoa que preza muitíssimo as provas europeias, que aprendeu o benfiquismo nas inesquecíveis noites da antiga Luz, mas cuja paixão não pode, nem deve, sobrepor-se à frieza de análise que as circunstâncias exigem.

PARA PASSAR

SOLIDARIEDADE

Estive recentemente na Madeira, onde passei uma semana maravilhosa. Não posso por isso deixar de exprimir a minha consternação pelas imagens de devastação a que, perplexo, tenho assistido, em locais que se me afiguravam tão doces e tranquilos.
Deixo por isso aqui uma sugestão para uma iniciativa que, sendo uma migalha, poderia constituir um expressivo sinal de solidariedade para com os madeirenses. Uma vez que Benfica, FC Porto e Cristiano Ronaldo manifestaram disponibilidade para ajudar, porque não um Benfica-FC Porto no Funchal, com o astro do Real Madrid a jogar uma parte por cada uma das equipas? Além do auxílio, além de um pitoresco momento futebolístico, era também uma oportunidade de, por via da tragédia, apaziguar um pouco (quem sabe?) as relações entre os dois grandes clubes.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Como o Benfica já havia jogado, e como o Sporting deixou de fazer parte desta história (e deveria também ficar de parte dos debates televisivos a três, onde neste momento apenas lança a confusão), a análise resume-se esta semana ao jogo do Dragão.
FC PORTO-SP.BRAGA
Olegário Benquerença esteve mal, cometendo erros em desfavor de ambas as equipas. Perdoou duas grandes penalidades ao FC Porto (ambas sobre Mossoró, e uma delas claríssima), mas também perdoou a expulsão a Paulo César quando este atingiu Fucile com uma cabeçada. No entanto, a vitória expressiva do FC Porto não pode ser posta em causa.
Resultado Real: 5-3
CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 54 pontos
FC Porto 43 pontos
Sp.Braga 41 pontos
ADENDA: Não é muito importante para a classificação, mas devo dizer que só depois me apercebi terem ficado mais dois cartões vermelhos por mostrar a jogadores do Sp.Braga: Mossoró (2º amarelo) e Rafael Bastos (entrada assassina perto do final).

PASSADEIRA MINHOTA, TRIUNFO PORTISTA, BENFICA LÍDER

O resultado até favorece o Benfica, mas, caramba, a exibição da equipa de Domingos parecia fazer parte do pagamento do empréstimo do Renteria.
Quando o Benfica venceu o União de Leiria deixei aqui o palpite de que os encarnados não mais perderiam a liderança da Liga. Até agora tudo está a correr de acordo com o previsto.

RETRATOS DE BERLIM

NOTAS SOBRE BERLIM

Tratou-se de um jogo fraco, em que o Benfica parece ter ficado deslumbrado com o golo e as facilidades iniciais.
Salvou-se o resultado que, estatísticas à parte, permite aos encarnados encarar a 2ª mão com optimismo, ainda que sem qualquer tipo de descompressão.
Se as pobres prestações dos últimos três jogos encontram razão de ser no desgaste físico, só as proximas partidas dirão. Para já, importa salientar a baixa de forma de Saviola, grande obreiro dos melhores momentos do Benfica 2009-2010. Sem ele o ataque fica sub-nutrido, e Cardozo não faz metade dos golos. Creio ser esse o principal problema do Benfica das últimas semanas.

ATÉ JÁ !

Dado que irei acompanhar o Benfica na deslocação a Berlim, VEDETA DA BOLA sofrerá uns dias de paragem. O regresso fica marcado para o próximo fim-de-semana.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Se na Luz a arbitragem não se evidenciou particularmente, já o mesmo não se poderá dizer de Matosinhos e Braga. Um penálti por marcar e um golo irregular adulteraram os resultados, penalizando FC Porto e beneficiando Sp.Braga.

PAÇOS DE FERREIRA-SPORTING:
Não vi o jogo, mas pelos resumos não parece ter havido qualquer motivo para polémica.
Devo dizer que estou a ponderar a hipótese de cortar o Sporting desta tabela, uma vez que os seus jogos já não têm qualquer relevância para a luta pelo título. Acho até que os programas de debate televisivo a três deveriam também reflectir sobre o assunto.
Resultado Real: 0-0

BENFICA-BELENENSES:
Carlos Xistra não teve casos difíceis para analisar. Um ou outro erro, uma falta aqui, um amarelo ali, tudo sem qualquer influência no resultado. Não me pareceu existir qualquer grande penalidade a favor do Benfica, conforme tem sido defendido. Ressalvo no entanto que vi o jogo no estádio, e o resumo televisivo a que assisti foi muito curto.
O que me pareceu foi que o fiscal-de-linha do lado dos bancos (não sei o seu nome), passou o jogo todo a tentar prejudicar o Benfica, não assinalando faltas mesmo debaixo das suas barbas, marcando lançamentos laterais ao contrário, deixando passar dois foras-de-jogo e uma bola fora ao Belenenses.
Resultado Real: 1-0

LEIXÕES-FC PORTO:
Estava fora de casa, e a dada altura, esbarrando num aparelho de televisão, tive oportunidade de ver um pouco do jogo de Matosinhos. Faltavam dois ou três minutos para os noventa, e o resultado entusiasmou-me para assistir ao resto. Sem ter visto a totalidade do jogo não poderei condenar Bruno Paixão por ter dado 6 minutos de compensação, o que talvez constitua recorde da temporada. Mas não deixei de estranhar. Mais chocado fiquei quando passaram os seis minutos, os sete minutos, e o árbitro não apitava. Não sei o que se terá passado de tão demorado que justificasse tanto tempo concedido.
Só depois, nos resumos, vi o penálti sobre Ruben Micael. O lance não deixa dúvidas e há portanto que atribuir dois pontos ao FC Porto.
Resultado Real: 0-1

SP.BRAGA-MARÍTIMO:
Num momento crucial do campeonato, o Sp.Braga voltou a ser beneficiado, como já o fora na fase inicial da época. O golo da vitória nasce de uma irregularidade, pois a bola saiu do campo antes do cruzamento de Filipe Oliveira. O que mais choca é a proximidade do fiscal-de-linha, que incrivelmente não assinalou o lançamento lateral que se impunha.
Resultado Real: 1-1

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 54 (+1 jogo)
Sp.Braga 41
FC Porto 40
Sporting 31

SERVIÇOS MÍNIMOS, COLECTA MÁXIMA

À medida que o campeonato se vai aproximando do fim, os pontos ganhos ou perdidos são aquilo que mais interessa aferir, e uma vitória, qualquer que ela seja, é suficiente para satisfazer o mais exigente dos adeptos. O triunfo sobre o Belenenses, magro, sofrido, sem brilho, foi pois motivo de sobra para que à saída do Estádio da Luz se respirasse um clima agradável, senão de euforia, pelo menos de tranquilidade e optimismo.
O resultado foi justo, pois ao longo de quase todo o jogo foi sempre o Benfica que esteve mais perto de marcar. É verdade que, num golpe de sorte, o Belenenses até podia ter surpreendido, mas outro desfecho que não fosse a vitória benfiquista seria de uma crueldade atroz.
O golo marcado cedo parece desta vez ter adormecido a equipa da casa, convencendo-a que, por um lado, o adversário não conseguiria criar muito perigo, e por outro, que mais minuto menos minuto o segundo golo seria uma realidade, e o jogo estaria resolvido. Este sentimento manifestou-se ao longo da quase totalidade dos 90 minutos, e se o Benfica não voltou a marcar, também se deve dizer que só esporadicamente o Belenenses foi capaz de fazer cócegas ao destino da partida.
As razões para o menor brilho encarnado encontram-se, porventura, no cansaço físico, e traduziram-se muito claramente nas prestações de dois dos seus elementos de maior influência: Saviola e Aimar. A dupla argentina esteve muitos furos abaixo do que já fez esta temporada, e juntando esse défice à ausência do castigado Di Maria, grande parte da criatividade do futebol do conjunto de Jesus eclipsou-se, mesmo levando em conta os esforços de Fábio Coentrão (e a espaços de Ramires) para disfarçar a desinspiração dos colegas.
Sobrou pois o golo de Cardozo, a luz do sol e a vibração das bancadas para salvar uma tarde de futebol em que o Benfica deu mais um passo rumo ao seu principal objectivo. O empate portista em Matosinhos acabou por representar mais um tónico para os encarnados, a poucos dias dum palpitante FC Porto-Sp.Braga.
Carlos Xistra não teve um trabalho difícil, mas o fiscal-de-linha do lado dos bancos fez tudo para complicar a vida ao Benfica.

VAI SER UMA GUERRA...

A excelente exibição da Académica merecia melhor sorte. A final vai mesmo ser um Benfica-FC Porto, que constituirá, antes de mais, um desafio à capacidade das forças de segurança.

UM PASSEIO

Mesmo entrando em campo sem seis titulares, e jogando a passo, o Benfica superiorizou-se com clareza a um Sporting demasiado frágil para a circunstância, e apurou-se com naturalidade para a final da Taça da Liga.
É verdade que o jogo correu de feição aos encarnados. Aquele minuto em que João Pereira perdeu a cabeça e, para cúmulo, David Luíz marcou na sequência do livre, definiu desde cedo os contornos desta meia-final. Não tanto pelo facto do Sporting ter ficado a jogar com dez – quantas vezes se viu equipas inferiorizadas numericamente equilibrarem, e até vencerem, José Mourinho que o diga -, mas mais pelo efeito anímico que esse momento teve em jogadores ansiosos e descrentes, que nunca mais se encontraram a si próprios.
O jogo era muito mais importante para o Sporting, que vinha de três derrotas consecutivas e pretendia salvar a época. Isso explica o medo com que a equipa de Carvalhal entrou em campo, e o naufrágio total que se seguiu à dupla contrariedade que sofreu pouco depois. O período entre o golo de David Luíz (minuto 6) e o remate fortuito de Liedson que reduziu distâncias (minuto 38), foi absolutamente revelador das diferenças actuais entre estas duas equipas. Não me lembro de ver tamanha superioridade de um face a outro de há muitos anos para cá, e poucas vezes na vida terei visto um clássico ser tão facilmente dominado por um dos contendores. Perante as trocas de bola do Benfica (em velocidade turística e praticamente sem avançados), e os olés das bancadas, via-se uma equipa do Sporting de gatas, suplicando piedade e com vontade de fugir dali.
O golo do Sporting animou um pouco o jogo e obrigou o Benfica a acelerar ligeiramente seu passo. Esperava-se uma enérgica reacção dos da casa após o intervalo, mas voltou a ser dos encarnados o domínio total e absoluto da partida. A um ou outro fogacho leonino, respondia o Benfica com a sua exuberante circulação de bola, com os rasgos de Di Maria, com a conquista total do meio-campo, e fosse outra a atitude colectiva (e a disponibilidade física) talvez tivessem sido aqui vingados os 7-1 de 1986.
O golo de Luisão foi a estocada final nas dúvidas que pudessem ainda subsistir. Com o jogo ganho, Jesus optou por proporcionar alguns minutos de treino às estrelas, fazendo entrar Cardozo, Saviola e Aimar. A disponibilidade para correr não era muita, mas ainda assim o paraguaio conseguiu fazer as pazes com a massa associativa, marcando o golo mais bonito da noite, e selando os números finais da goleada.
Mesmo em poupança de esforços o Benfica conseguiu os dois objectivos que tinha para esta partida: chegar à final e repor os níveis anímicos após a tempestade de Setúbal.
Ao Sporting, goleado expressivamente por FC Porto e Benfica, derrotado inapelavelmente por Sp.Braga e Académica, afastado da discussão de todas as provas nacionais, não resta outra alternativa que não preparar a próxima época, formando uma equipa a sério (sem Pedros Silvas, Grimis ou Pongolles), sob pena de entrar por um caminho irreversível de definhamento. Falta ainda a Liga Europa, onde, a jogar desta forma, vai ter dificuldades em evitar a humilhação de ser eliminado pelo Everton.
Olegário Benquerença esteve globalmente bem. O único erro da equipa de arbitragem terá sido um fora-de-jogo mal assinalado a Pongolle já na segunda parte. Mas se o francês não marcou qualquer golo até agora (outro Caicedo?), porque motivo haveria de marcar naquele lance?
Hoje fica a saber-se se a final da Taça da Liga vai ser uma festa (caso a Académica marque presença), ou uma guerra (caso tal não aconteça). O futebol português agradecia a primeira hipótese.

O MEU ONZE PARA ALVALADE

A ANGÚSTIA DO ADEPTO NO MOMENTO DO PENÁLTI

Jornada 1 – A um quarto de hora do fim, com o Benfica a perder 0-1 em casa com o Marítimo, Cardozo desperdiça uma grande penalidade. Resultado final: 1-1
Jornada 15 – Em tempo de descontos, o União de Leiria beneficia de uma grande penalidade no Estádio do Dragão que lhe pode dar o empate a 3 golos. Ronny permite a defesa de Helton. Resultado final: 3-2 para o FC Porto
Jornada 18 – Com uma enervante igualdade no marcador, o Benfica beneficia de um penálti no Bonfim aos 91 minutos. Cardozo atira à barra. Resultado final: 1-1
Jornada 18 – Numa primeira parte totalmente dominada pelo Belenenses, Moisés do Sp.Braga comete penálti e é expulso. Lima desperdiça o castigo máximo para os azuis. No minuto de descontos da primeira parte, os bracarenses, em inferioridade numérica, marcam na sequência de um livre; e a abrir a segunda parte marcam o 2º golo no 2º remate que fazem à baliza. Resultado final: 1-3

Com uma pontinha de sorte o Benfica podia ter mais 4 pontos, o FC Porto menos 2, e o Sp.Braga menos 2 também. Ou seja, a equipa de Domingos podia estar a 7 pontos do Benfica, e a de Jesualdo a 13. Bem vistas as coisas, o campeonato podia estar já decidido.

TACUARA = 72 golos

CLASSIFICAÇÃO REAL

Quando se falha um penálti no último minuto, acaba por soar mal qualquer queixa a respeito de outros penáltis que possam ter ficado por marcar. Mesmo assim há que dizer que em Setúbal, além do que Cardozo desperdiçou, mais dois deveriam ter sido assinalados, e provavelmente o Benfica não os falharia todos.

SPORTING-ACADÉMICA:
Os leões têm razão de queixa de uma grande penalidade por marcar (sobre Saleiro) já na ponta final do desafio. Daria o empate.
Resultado Real: 2-2

V.SETÚBAL-BENFICA:
É verdade que o assistente invalidou um golo limpo aos sadinos, num lance muito rápido que só a repetição televisiva esclarece. Mas naquilo que dependeu da decisão de Jorge Sousa, o Benfica foi francamente prejudicado.
A mão de Zoro, no meu ponto de vista, é razão para grande penalidade, embora o lance seja difícil de ajuizar. Já o derrube a Di Maria é uma falta clamorosa, que só um cego é que não vê. Dois penáltis que certamente alterariam o destino do jogo.
No lance do último minuto Jorge Sousa já não tinha alternativa. Ao terceiro teve mesmo de apitar, mas, altamente pressionado pelo momento do jogo, Cardozo acabou por falhar.
Resultado Real: 2-3

FC PORTO-NAVAL:
Jogo praticamente sem casos.
Resultado Real: 3-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 51 (+1 jogo)
Sp.Braga 37 (-1 jogo)
FC Porto 37
Sporting 30

PASSO ATRÁS

Um golpe profundo e inesperado. Um golpe nas aspirações, um golpe no estado anímico, um golpe cujas consequências só os próximos jogos poderão ditar.
A forma como o Benfica deixou dois pontos em Setúbal não podia ser mais dolorosa. Um auto-golo de desenhos animados ainda na primeira parte, e um penálti falhado nos descontos, que deveria ter dado uma vitória ainda assim imerecida, escreveram uma noite muito má para a equipa de Jesus.
Independentemente dos méritos do V.Setúbal, o Benfica voltou a dar uma parte de avanço, algo que tem sucedido recorrentemente, e que alguma vez teria de dar mau resultado. Não se entende que num jogo com a importância deste, a equipa entre em campo tão displicente, como que à espera que o golo caísse do céu. E até caiu, mas a insistência num futebol pausado, previsível e desconcentrado acabou por permitir a reacção sadina.
Na segunda parte o Benfica esteve melhor, beneficiou de algum desgaste do Vitória, mas não chegou ao golo. Teve o penálti, mas incrivelmente não aproveitou.
Trocava uma derrota por 3-0 em Alvalade por uma vitória nesta noite. Era um jogo chave. É difícil manter o optimismo após uma noite assim. E mais não consigo dizer.

COMO É POSSÍVEL?!?

Depois do que fez em Braga, tinha esperança de não voltar a apanhar este ex-membro dos Super Dragões a apitar jogos do Benfica. Lamentavelmente vai voltar.
Enquanto a Comissão de Disciplina da Liga parece, mal ou bem, querer desempenhar o seu trabalho, a Comissão de Arbitragem dá mostras de uma total desorientação. Nomear Jorge Sousa para o V.Setúbal-Benfica, numa altura destas, é tão inaceitável quanto absurdo. O quadro abaixo diz tudo.

PINCELADAS DE GÉNIO

Jogando perante o actual quinto classificado da Liga, e poucos dias depois de uma desgastante partida com o V.Guimarães, poder-se-ia esperar que o Benfica encontrasse algumas dificuldades para conquistar os importantíssimos três pontos em disputa. Na verdade assim não aconteceu, e o jogo desta noite acabou por se transformar num tranquilo passeio, que só por acaso não resultou em mais uma das muitas goleadas da época.
Não se podem dissociar as facilidades encontradas pela equipa de Jesus, do golo obtido muito cedo, logo aos 9 minutos, após fantástico lance de Saviola concluído por Cardozo de cabeça. Sempre que o Benfica marcou cedo venceu, e muitas vezes goleou. A maioria das equipas que se deslocam à Luz fazem-no para defender e evitar sofrer golos, e quando se vêm em desvantagem ficam sem saber como lidar com o jogo, pois, com espaço para jogar, este Benfica é de facto muito difícil de travar.
O União de Leiria viu-se assim, logo na alvorada do jogo, forçado a hesitar entre, por um lado, responder ao golo encarnado estendendo mais a sua equipa e procurando abertamente o empate, e por outro, manter-se resguardada a aguardar um golpe de fortuna. Parecendo sempre pender mais para a segunda hipótese, a verdade é que acabou por não fazer bem, nem uma coisa, nem outra, deixando o Benfica nas suas sete quintas, e a jogar como gosta. Mesmo sem forçar o andamento, os encarnados foram atacando e criando oportunidades (Luisão, Cardozo, Di Maria…) e só não marcaram mais vezes por obra da excelente exibição do mais tarde desafortunado guarda-redes leiriense. Ao intervalo o resultado era lisonjeiro para a equipa de Lito Vidigal, ainda que o Benfica nem sequer se aproximasse dos níveis de fluidez e velocidade do jogo anterior.A segunda parte não alterou substancialmente a tonalidade do jogo, se bem que o parco resultado começava, minuto após minuto, a tornar-se irritantemente perigoso. Em ritmo de treino, as oportunidades desperdiçadas sucediam-se (Saviola, Saviola, Fábio…), e esbarravam, ora em Djuricic, ora na discplicência encarnada na hora do remate. Até que foi novamente o avançado argentino (uma vez mais o melhor em campo) a descobrir o mapa do tesouro, e, com o segundo golo, colocar um ponto final na discussão dos pontos. Daí em diante a única dúvida prendia-se com os números finais da vitória benfiquista, mas se até então a equipa já tinha dado mostras de estar com pouca vontade de correr, com a vitória assegurada o jogo foi definitivamente tomado pela monotonia. O golo de Ruben Amorim fechou as contas, num período em que o União já jogava com apenas dez elementos, tinha o guarda-redes debilitado e, tal como o Benfica, esperava ansiosamente pelo apito final de Marco Ferreira.
Por falar nela, diga-se que, um penálti por assinalar (mão na área com o resultado ainda em 1-0), e dois foras-de-jogo ignobilmente assinalados (num deles Cardozo com isolado à entrada da área), são motivo suficiente para criticar a arbitragem. Também na distribuição dos cartões não houve muito critério, confirmando-se a falta de qualidade de um juiz sem nível para o escalão maior.
E assim o Benfica chegou ao primeiro lugar. Aritmeticamente é provisório, mas acredito vivamente que não voltemos a ver, até final da temporada, uma classificação da Liga Sagres com outro emblema na frente. É um desejo, mas também um palpite.

Não é todos os dias que se lê isto:

"‘Vedeta da Bola’ é um show autêntico em termos de qualidade de informação, a todos os níveis desde a história do Benfica, estatísticas/gráficos e análise ao futebol português.
Se juntarmos todos os níveis e itens, na minha modesta opinião é o melhor blogue da Gloriosasfera, há outros muito bons que falo nos blogues que leio mas o Vedeta da Bola é para mim o melhor no cômputo geral"
Os meus agradecimentos ao autor da frase que, diga-se, é também autor de um excelente blogue.

À PROVA DE CANSAÇO

Tendo em conta as alterações de datas, e o castigo de Javi Garcia (do qual o Benfica não deveria apresentar recurso, aproveitando assim o jogo da Taça da Liga), aqui fica nova proposta para a rotatividade do plantel encarnado nas próximas semanas.

Salvo quaisquer imprevistos, assim seria possível manter total disponibilidade física para lutar até à última gota de suor pela vitórias em todos os jogos. Para eventuais lesões ou castigos, sobram ainda jogadores como Miguel Vítor, e os brasileiros Felipe Menezes, Eder Luís, Weldon e Alan Kardec.

A DEGOLA DOS INOCENTES

As substituições feitas por Jesualdo Ferreira, e o golo tardio de Liedson, pouparam o Sporting a uma humilhação histórica, que o desenrolar da primeira hora de jogo anunciava.
Com 5-1 a mais de trinta minutos do fim, fica a sensação que só as poupanças levadas a cabo pelo técnico portista evitaram sete, oito ou mais golos, tais as diferenças evidenciadas desde o apito inicial em todos os capítulos de jogo.
De facto, o FC Porto fez uma estrondosa exibição, tornando irrelevantes as ausências de Helton, Bruno Alves, Raul Meireles, Cristian Rodriguez e Hulk (cinco titulares indiscutíveis). Com Falcão, Varela, Ruben Micael, Belluschi e Mariano - não percebo como os portistas não gostam dele – em grande plano, o Sporting foi autenticamente atropelado, podendo dar-se por feliz quanto aos números finais do marcador.
A equipa de Carvalhal é ainda muito frágil, fragilidade essa que só algumas vitórias tangenciais (Trofense, Mafra, etc) foram iludindo até aqui. Com Pedro Mendes poderá melhorar, mas as diferenças para a concorrência são gritantes. Resta-lhe a Taça da Liga, pelo que o jogo com o Benfica vai tornar-se determinante para a salvação da sua época. A sorte do leão pode estar no facto de os encarnados estarem totalmente focados no campeonato, e irem a Alvalade provavelmente para descomprimir.
Para o Benfica - não podendo perder os dois - o resultado desta eliminatória era totalmente irrelevante. Se por um lado era importante o FC Porto perder confiança (e sucedeu precisamente o contrário), por outro era interessante manter-lhe o calendário sobrecarregado, e assim terá pelo menos mais dois jogos para fazer (espero que com o Sp.Braga). Só no final da época, com os resultados finais da Liga e da Taça, se saberá o que poderia ter sido melhor, muito embora entre os dois clubes eu, pessoalmente, não tenha qualquer dúvida sobre qual gosto menos.

FINALMENTE, JUSTIÇA!

Tardou mas foi. As agressões de Braga não ficaram impunes. Vandinho, Mossoró e Ney foram castigados (Leone e Cardozo já haviam sido), e bem castigados.
É melhor que os adversários do Benfica desistam de provocar arruaça nos túneis, pois já se percebeu que esta Comissão de Disciplina não brinca. Ao contrário de outros tempos, para espanto de alguns, a justiça desportiva existe e funciona.

CRITÉRIOS

Isto sim, é de lagarto. Na véspera de jogar com o FC Porto para a Taça de Portugal, o rapaz está preocupado com o...Benfica, para a Taça da Liga.

O RINGUE DO DRAGÃO

Do "contra tudo e contra todos" ao... "todos contra todos".

O MERCADO DE INVERNO

BENFICA:
Custa a entender a não contratação de um lateral-esquerdo, lugar em que a equipa está claramente deficitária. Os brasileiros Airton, Eder Luís e Kardec são fundamentalmente opções de banco, não sendo de prever que o onze base venha a ser alterado. Shaffer e Keirrison revelaram-se eros de casting, enquanto Urreta, sem espaço na equipa titular, vai rodar com vista a uma eventual convocatória para o Mundial.


SP.BRAGA:
Quando se esperava uma debandada (Rodriguez, Evaldo, Meyong…), o líder surpreendeu, e reforçou-se em grande estilo. Sai João Pereira (titular indiscutível), mas entram vários jogadores capazes de disputar um lugar no onze. Luís Aguiar já mostrou ser craque. O Sp.Braga aposta forte na possibilidade, porventura única, de conquistar o título.


FC PORTO:
Não há outro Lucho, mas Ruben Micael era aquele que, no mercado nacional, mais se poderia assemelhar. Com ele na equipa, o FC Porto fica inquestionavelmente mais forte e equilibrado. O lateral ganês será suplente de Álvaro Pereira. Prediguer não se adaptou, e Sapunaru dificilmente jogaria mais esta época.


SPORTING:

Com um plantel muito limitado em quantidade e qualidade, o Sporting tinha de fazer alguma coisa. João Pereira e Pedro Mendes são excelentes reforços, embora não resolvam o problema do jogo aéreo (gritante na equipa). Pongolle é uma interrogação, e Mexer carece de um período de adaptação. Saídas óbvias de Stojkovic, Caicedo e Ângulo, permanecendo ainda alguns monos como Pedro Silva, André Marques ou Postiga.

A LUZ AO FUNDO DO TÚNEL

Sobre o caso do túnel, não tenho nada a acrescentar a isto. Os factos falam por si, o resto é poeira.
Apenas gostava de saber porque motivo os jogadores do FC Porto estavam tão descontroladamente nervosos. Não teriam tomado a chamada "anti-raiva", de que Fernando Mendes fala no seu livro?

CONTRA DOZE !

O árbitro nomeado para o Benfica-U.Leiria da próxima quarta-feira apenas apitou um jogo do Benfica na sua curta carreira, o Benfica-Académica (0-1) da época passada. Chegou para conhecer a peça. Eis o que escrevi na altura:

"(...) um penálti claro sobre David Luíz, um golo limpo invalidado sabe-se lá porquê e, logo no início, um fora-de-jogo tirado a Aimar quando este seguia isolado para a baliza, são ocorrências mais do que suficientes para considerar esta como uma das piores arbitragens desta Liga, a par das do Benfica-Sp.Braga, Benfica-Nacional, Belenenses-Benfica e Sp.Braga-F.C.Porto.
Nunca tinha ouvido falar deste árbitro, e não quererei ouvir tão depressa. Entrou na Luz com o claro intuito de colocar o Benfica fora da carroça do título.
Nenhum dos lances que referi me deixa qualquer dúvida. Até os cartões foram cirúrgicos, e dois defesas da Académica ficaram impedidos de defrontar o F.C.Porto na próxima jornada, o que não deixa de ser curioso (...)"

Num momento como este, num jogo de importância extrema, a nomeação deste indivíduo só pode ser uma provocação ao Benfica.