A GRANDE DÚVIDA

Será isto
...suficientemente forte para vencer isto ?

UM SENHOR Este homem conseguiu ser treinador do Sporting e do F.C.Porto sem que nunca, em momento algum, despertasse em mim a mínima antipatia. Fez o seu trabalho sempre com elevação e desportivismo, pelo que me curvo diante da sua memória.

PACIÊNCIA...

Se na época passada o Sp.Braga deveria ter feito mais (segundo o seu actual treinador), esta não promete nada de melhor.

TUDO EM ABERTO

Ao décimo quinto minuto o Sporting poderia estar a perder por 0-2, e desse modo, ficar com um pé fora da Champions League. Na primeira jogada da partida a equipa holandesa criou uma flagrante ocasião de golo que só talvez a mãozinha milagrosa de Vítor Damas foi capaz de evitar, e pouco depois foi o árbitro alemão a não ver uma grande penalidade clara cometida por Daniel Carriço, que se acontecesse numa competição portuguesa e fosse o Sporting o prejudicado, daria para conferências de imprensa inflamadas, comunicados da direcção e todo o folclore que já vai sendo a imagem de marca do clube de Alvalade.
Se ao fim desse quarto de hora o empate a zero fosse proposto, talvez tivesse sido aceite por Paulo Bento sem pestanejar. O Sporting parecia atónito perante a afirmativa entrada do Twente, e era dos visitantes que se esperava um golo a qualquer momento.
O lance do penálti mudou o jogo. Não tanto como se tivesse sido convertido, mas o que é facto é que daí em diante o Sporting (em superioridade numérica) se assenhoreou da partida, conquistou todas as segundas bolas, criou ocasiões e só não ganhou por mera infelicidade.
A segunda parte foi de sentido único, ainda que os holandeses acertassem então muito mais as suas marcações defensivas, obrigando muitas vezes a cruzamentos longos, frequentemente enviados directamente para as mãos dum inspiradíssimo Mihaylov. O tempo foi passando, e a última oportunidade acabou por ser do Twente, a qual, caso se tivesse concretizado, gelaria Alvalade e muito provavelmente decidiria, em larga medida, o rumo da eliminatória.
O 0-0 final acaba assim por saber a pouco, ainda que deixe tudo em aberto para uma segunda mão em que nenhum empate elimina os leões. Sabe-se como as equipas holandesas gostam de atacar de forma aberta, e como o Sporting sabe normalmente aproveitar os espaços no seu ataque.
Em termos de favoritismo daria 60 % ao Sporting. Talvez um nadinha a menos do que antes deste jogo. Mas se o Sporting se apurar, que Paulo Bento não se esqueça deste simpático árbitro alemão.

NOITE DE LEÃO

O Sporting inicia hoje a sua caminhada europeia diante dos holandeses do Twente.
O jogo, pela sua importância, vem cedo demais para a equipa de Paulo Bento, que até agora não conseguiu convencer ninguém de estar melhor do que nas épocas anteriores – condição necessária para alcançar os seus principais objectivos.
Não conheço bem a equipa holandesa, mas creio que, ainda assim, o Sporting é favorito. Digo-o porque o futebol holandês (alegre, aberto e ofensivo) encaixa bem nas características dos nossos jogadores, tendo sido raros os desaires lusos nos últimos anos diante de equipas ou selecções do país das tulipas (ainda no domingo o Benfica ganhou com alguma facilidade em Amesterdão). Além do mais o Twente está longe de ser uma equipa de topo no seu país, e nada garante que o segundo lugar obtido na época passada tenha sido mais do que meramente conjuntural.
Não são contudo de esperar grandes facilidades, nem nesta, nem na eliminatória seguinte, onde o Sporting, caso passe os holandeses, poderá apanhar pela frente o Celtic, a Fiorentina ou o Estugarda (a derrota do Panathinaikos ontem veio mesmo a calhar, pois caso seja eliminado remete o Atlético de Madrid para o grupo dos cabeças-de-série, afastando-o do caminho dos leões). O caminho para a Champions League a partir do segundo lugar está agora bem mais dificultado, motivo acrescido para o Sporting demonstrar mais alguma ambição face ao planeamento das próximas épocas. Até porque, mesmo para ficar à frente do Benfica, parece agora haver necessidade de pedalar um pouco mais.
Por muito que oiça, veja e leia provocações de sportinguistas ao Benfica, por mais que sinta todo o seu ódio, não consigo mesmo assim desejar-lhes mal. Entre a indiferença e o patriotismo encontro um pequeno espaço para desejar boa sorte à equipa de Alvalade, como o faço relativamente a todos os clubes portugueses envolvidos em provas internacionais, à excepção de um.
Uma vitória sem golos sofridos seria o ideal. Mas acredito que mesmo um empate a zero não irá comprometer o apuramento.

É CRAQUE !

Por vezes a realidade ultrapassa as hipóteses menos verosímeis. Disse aqui há uns dias que não acreditava que Keirrison pudesse jogar no Benfica, mas parece que ele vem mesmo a caminho.
Vem por empréstimo (custou 14 milhões ao Barcelona), e aparentemente os catalães vão assegurar-lhe o salário. A confirmar-se o negócio, estamos perante aquilo a que se costuma chamar “uma lança em África” - Keirrison é “apenas” o melhor goleador do futebol brasileiro da actualidade (31 golos no último ano), tem somente 20 anos, e está à porta do Escrete Canarinho.
Não sei se seria esta a maior prioridade do plantel benfiquista. Mas uma oportunidade assim não se desperdiça, a época é longa, e entre Cardozo, Saviola e Keirrison alguém há de marcar golos no Campeonato, na Liga Europa, na Taça de Portugal e na Taça da Liga.
Desde que a chegada do jovem prodígio brasileiro não implique a venda de Cardozo (e o mercado vai-nos pregando surpresas quase todos os dias), trata-se de uma grande notícia para os benfiquistas. Se se adaptar rapidamente, podemos estar perante uma das figuras do campeonato. Uma espécie de Liedson, mas muito mais novo.

OS MILAGRES SEGUNDO MENDES

"O livro publicado recentemente por Fernando Mendes, lateral-esquerdo que passou pelos principais clubes portugueses e também pela selecção nacional, levanta questões às quais dificilmente os responsáveis pelo futebol português poderão ficar alheios.
O jogador afirma ter tomado conscientemente substâncias ilícitas para melhorar o seu rendimento desportivo, e que o fez, quer por iniciativa própria, quer por sugestão (pressão?) de alguns clubes onde jogou, designadamente por via dos respectivos departamentos médicos
Em momento algum refere explicitamente em que clubes tal sucedeu, mas com as pistas que deixa torna-se relativamente fácil
compor o puzzle.
Assim, quando diz que o primeiro contacto com o doping foi num clube onde existia “uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático”, e refere um confronto europeu com um conjunto que tinha três campeões mundiais ao seu serviço, entre os quais “um poderoso avançado no jogo aéreo”, só pode estar a falar do Boavista de 1991-92 - vencedor da Taça de Portugal, orientado por Manuel José e presidido por Valentim Loureiro - e da eliminatória com o Inter de Milão (de Brehme, Matthaus e Klinsmann) para a Taça Uefa.
Quanto ao segundo clube, Fernando Mendes diz tê-lo representado posteriormente, relatando que aí tudo estava ainda mais organizado, havendo inclusivamente informação privilegiada sobre os mecanismos de controlo.
Ao sair do Boavista, o lateral voltou ao Benfica por uma época. Se não havia doping no clube da Luz em 1990-1991, não é verosímil que o houvesse, e de forma tão organizada, em 1992-1993. Excluindo os encarnados sobram E.Amadora, Belenenses, V.Setúbal e F.C.Porto. Se no Estrela Fernando Mendes afirma ter realizado uma das suas piores épocas de sempre, e ao Vitória (que encontrou na II divisão) chegou em fim de carreira, restam apenas Belenenses e F.C.Porto. Fica pois à nossa imaginação qual dos dois teria melhor organização, e um acesso a informação privilegiada das autoridades anti-dopagem."
LF, Jornal "O Benfica", 24-07-2009

OS SEGREDOS DO F.C.PORTO

Não vi a totalidade do jogo do F.C.Porto com o Lyon. Não vi, aliás, a totalidade de nenhum jogo desta pré-temporada, exceptuando naturalmente os do Benfica.
Porém, o que vi da equipa portista chegou para perceber que as suas principais virtudes continuam de pé, independentemente da importância dos jogadores que saíram. E essas virtudes são fundamentalmente duas: organização táctica e poder físico.
Não foi com talento que o F.C.Porto chegou onde chegou. Jogadores como João Pinto, Paulinho Santos, André ou Jorge Costa (e agora Bruno Alves ou Raul Meireles) não eram prodígios de técnica, e a espinha dorsal das equipas portistas sempre se assemelhou mais a um exército do que propriamente a companhia de bailado.
O perfil competitivo do F.C.Porto assentou sempre na capacidade atlética e na agressividade posta em campo, paralelamente com uma disciplina táctica notável e de elogiar. Foi assim que estabeleceu a sua identidade e a sua imagem de marca desde os tempos de Pedroto. Foram essas propriedades - juntamente com os factores externos que se conhecem, mas não vêm ao caso - que levaram o F.C.Porto aos títulos nacionais e internacionais. Foi, sobretudo, com base nelas que ao longo dos anos oitenta se estabeleceu a diferença face ao Benfica (quase sempre com mais qualidade técnica, mas sem a fibra competitiva dos portistas), diferença essa que se foi aprofundando à medida que o amadorismo imperava na Luz. Foi inclusivamente assim que o F.C.Porto se afirmou na Europa, onde, encontrando equipas muitíssimo mais talentosas, poucas vezes terá encontrado conjuntos com o mesmo perfil competitivo.
Essa matriz de agressividade competitiva tem, pelo menos, três vertentes: morfológica, física e mental.
A primeira materializa-se na contratação de jogadores, sendo escolhidos apenas aqueles que possam corresponder ao perfil pretendido. Cristian Rodriguez, Mariano Gonzalez, Hulk, Cissokho entre outros, são exemplos de jogadores de grande pujança atlética, capazes de garantir disponibilidade, agressividade e força (Maxi Pereira seria provavelmente o jogador do Benfica que Pinto da Costa mais gostaria de ter), ao contrário de talentos como Hélder Barbosa, Bruno Gama e outros tecnicistas, formados no clube mas sem robustez para responder às exigências do modelo de base.
A segunda prende-se com a preparação atlética e médica que é dada ao plantel, e cujos segredos permanecem bem guardados nas estruturas do clube.
A terceira reside na forma como os jogadores são acompanhados e integrados na cultura portista, cultura essa de onde ressalta o profundo ódio ao Benfica e ao fantasma do “centralismo”, e a necessidade vital de o manifestar a cada minuto, a cada segundo, em cada jogo, em cada milímetro do campo, qualquer que seja o estádio, qualquer que seja o adversário, conseguindo assim o estado de espírito adequado a uma performance competitiva de elevadíssimo nível, impossível de acompanhar por um clube “normal”.
Temo que por entre a densa nuvem das questões de arbitragem, e no mar de dúvidas que as prestações de algumas equipas adversárias por vezes levantam, pouca gente no Benfica esteja desperta para estas questões, para a verdadeira força do F.C.Porto, e para as suas consequências nos jogos e nos campeonatos. Aliás, as minhas dúvidas acerca do potencial do actual plantel benfiquista situam-se precisamente aí – noutro país seria sem dúvida um grande plantel, mas em Portugal, no campeonato português, e para se bater com o Porto (e alguns seus sucedâneos), não é seguro que apresente robustez atlética e mental que lhe permita ganhar 15 ou 20 jogos seguidos contra adversários fechados, combativos e violentos, condição imprescindível para se tornar campeão.
Hoje, ao ver a forma como, já em plena segunda parte, e com poucas semanas de preparação, o F.C.Porto pressionava densamente o adversário sempre que este ultrapassava a linha do meio-campo, interroguei-me sobre quantas equipas europeias, nesta fase da pré-temporada, seriam capazes de o fazer daquela forma. Não creio que existam muitas. Interroguei-me se tal seria normal. Tenho dúvidas que seja.
O F.C.Porto não é, efectivamente, uma equipa normal.

E VÃO DUAS...

Não há efectivamente melhor forma de realizar uma pré-temporada do que fazê-lo a levantar troféus. Depois do Torneio do Guadiana, agora o de Amesterdão – este um dos mais prestigiados da Europa, cuja lista de vencedores, nas suas onze edições, se resume a Manchester United, Arsenal, Ajax, Lázio, e agora Benfica.
Mais do que ter conquistado o torneio, o conjunto de Jorge Jesus fê-lo de forma clara e convincente, ganhando os dois jogos, marcando cinco golos, e alcançando momentos de grande qualidade ofensiva. Se com o Sunderland os encarnados muito haviam prometido, diante do anfitrião Ajax essas promessas concretizaram-se numa exibição que chegou a empolgar, e que a dado momento ameaçou mesmo a goleada (houve pelo menos duas oportunidades para consumar o 1-4).
A forma como este Benfica parte para o ataque é admirável, e não se via há já algumas épocas para os lados da Luz. Trocas de bola rápidas, passe curto, movimentação constante e desmarcações estonteantes são a marca que Jorge Jesus começa a deixar na sua equipa, o que resulta num futebol ofensivo, fluido, bonito, e, com mais algum tempo de treino, certamente espectacular e goleador.
Há jogadores cujas melhorias de rendimento face ao passado são particularmente notórias, de entre os quais Aimar, Di Maria e Cardozo talvez sejam os maiores exemplos. Saviola tem superado as expectativas, bem como Fábio Coentrão. Ramires apresenta-se como craque. E até Carlos Martins se tem mostrado muito activo.
Estaremos nós perante uma grande equipa?
Calma! Terminados os elogios, vamos aos pontos de preocupação que este torneio, e esta partida em particular, deixaram no ar, os quais se podem personificar em dois jogadores, cujas actuações não convenceram, e a partir dos quais o processo defensivo da equipa se ressentiu durante certos períodos do jogo.
Javi Garcia exibe alguma cultura táctica, sabe compensar os defesas, mas não se mostrou ainda um jogador ao nível do preço que custou (ao contrário de Ramires, de quem já se viu um cheirinho). Perdeu bolas em circunstâncias perigosas, no jogo aéreo não se viu, parecendo mais vezes ausente do que presente. É cedo para uma análise mais objectiva, e esta foi apenas uma primeira impressão de alguém que não o conhecia. Mas nestes dois jogos - confesso que talvez influenciado pelo preço do seu passe - esperava mais do médio espanhol, até porque já trazia alguns treinos do Real Madrid, não se podendo pois falar de diferenças de ritmo.
Pior, bastante pior, esteve Shaffer, que apresenta algumas qualidades quando tem a bola nos pés, que efectua excelentes cruzamentos para a área contrária, que se esforça e luta até à exaustão, mas cuja adaptação à rapidez do futebol europeu não está a ser, para já, conseguida. Custa-me escrevê-lo, mas frente ao Ajax o lateral argentino foi um verdadeiro buraco na defesa do Benfica, deixando passar os holandeses como queriam e lhes apetecia, parecendo nem perceber muito bem o que lhe estava a acontecer. Num lance deixou-se cair (sem falta), permitindo ao avançado contrário isolar-se. Noutro ficou parado a reclamar com o árbitro, com a bola a disputar-se dentro da sua área. Em três ou quatro ocasiões foi ultrapassado com a maior das facilidades, ora em tabelinhas ora em velocidade, quase sem oferecer resistência. No segundo golo do Ajax chegou, como quase sempre, atrasado.
Como disse atrás, tem qualidades técnicas, e parece empenhado. Os seus problemas são de velocidade, concentração e posicionamento. Trata-se talvez de uma questão psicológica: querer fazer tudo bem e depressa, para justificar o lugar. É um jovem, e precisa de apoio no interior do grupo e do clube, apoio que no passado não foi dado a jogadores que acabaram por sair do Benfica sem glória, para depois mostrarem grandes qualidades (por exemplo, Bergessio, também argentino, também proveniente do Racing). Talvez fosse benéfico que pudesse entrar na equipa aos poucos. O problema é que no banco está somente… Sepsi. Será que vamos voltar a ter David Luíz encostado à linha?
Muito trabalho portanto para Jorge Jesus. Se o Benfica já empolga a atacar, está ainda muito longe de evidenciar a solidez e a segurança defensiva de um candidato ao título. Mas, com tempo, seguramente chegará lá.
Para já, duas taças já cantam nas vitrinas da Luz. Valem o que valem, mas é muito melhor ganhá-las do que perdê-las. Na próxima semana há mais, com o Torneio de Guimarães, e por fim a Eusébio Cup. Depois tudo terá de estar a postos: dia 15 será a doer.

A CRESCER, A PROMETER, A VENCER

As coisas vão-se compondo.
Mais uma vitória, excelentes indicações, e um mundo de esperanças e de sonhos diante da grande família benfiquista.
Cardozo, de penálti, e Maxi, num remate potente marcaram os golos. Ramires e Garcia estrearam-se. Há coisas a melhorar, mas os sinais são óptimos, e vão crescendo de dia para dia.
Gosto desta equipa. Gosto deste plantel (extremamente jovem, diga-se). Gosto deste treinador. Estou convicto que este Benfica será campeão. Não sei quando (2009-10 ?, 2010-11 ?), mas será.
Espero que não haja mais mexidas. Nem na baliza, nem na defesa, nem em nada. Nem este ano, nem no próximo.
Espero que haja apoio. Muito apoio. Hoje, na hora da primeira derrota, e sempre.
Este Benfica, mais tarde ou mais cedo, contra tudo e contra todos, vai ser campeão.
Estou certo disso !

ACTUALIDADES

MARQUES DA SILVA – Alguém se lembrou que o homem estivera uma vez numa Casa do Benfica, a publicou um vídeo como se descobrisse a pólvora.
Antes de mais, participar numa festa de uma agremiação da terra não significa necessariamente uma identificação clubista (pode acontecer, por exemplo, por amizade às pessoas que lá estão, e devo dizer que eu próprio já estive em, pelo menos, dois núcleos do Sporting).
Mas mesmo que não seja o caso, qual é o problema de ser benfiquista? É proibido?
O Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga (Vítor Pereira) é sócio do Sporting desde o dia em que nasceu, e já recebeu o emblema de ouro relativo aos 50 anos. O próprio Presidente da Liga (Hermínio Loureiro) é sportinguista assumido. Não percebo porque raio não poderá haver um benfiquista na estrutura da FPF.

JOSÉ BETTENCOURT – Se esteve mal na questão dos Juniores, insistindo na tese mistificadora de que a culpa foi exclusivamente dos outros, esteve bem ao centrar a atenção dos sócios sobre o F.C.Porto.
Há muito tempo que não entendo porque motivo o Sporting alimenta tanto ódio ao Benfica, quando quem ganha os títulos é, desde há duas décadas, o F.C.Porto. É algo que escapa a qualquer racionalidade, e que só se explica pela pequenez e por um paroquianismo doentio.
Esta postura do Sporting tem ajudado o F.C.Porto a vencer, e tem adulterado as relações de força desportiva no país. Mas, ao contrário do que possa parecer, o mais penalizado tem sido o próprio clube de Alvalade. De segundo maior clube, o Sporting passou claramente para terceiro, em títulos, em orçamentos, em ecletismo, em adeptos, em militância, em futuro.
Mas que interessa isso a adeptos que apenas querem assegurar que o Benfica continue sem vencer?

MEXIDAS – Nunca mais chega o dia de ouvir Rui Costa dizer “o plantel do Benfica está fechado!”. Ora sai Moretto, ora entra Júlio César, ora sai Urreta, ora entra Marcel, ora sai Di Maria, ora entra Kerrison, ora sai Luisão, e temo que vamos andando assim, entre especulações e negociações, até ao dia 31 de Agosto, numa época de transcendente importância, e quando havia condições únicas para garantir total estabilidade ao grupo de trabalho.
Neste momento Jorge Jesus tem tudo o que precisa para formar uma equipa. Qualquer mexida, daqui em diante, será inútil e prejudicial, levantando novamente muitos dos problemas que condicionaram o Benfica em temporadas anteriores (Simão, Manuel Fernandes, Petit etc).
Mas esta questão leva-nos a outras, de carácter mais amplo:
Se o mercado europeu fecha a 31 de Agosto, não seria melhor começar a Liga apenas na primeira semana de Setembro, como acontece em Espanha e em Itália? Faz sentido jogar futebol em Agosto e não jogar em Junho? Qual a lógica de, após três jornadas da Liga e várias pré-eliminatórias europeias, ainda ser possível alterar plantéis?

PAÇOS DE FERREIRA – Custa a entender como uma eliminatória europeia disputada por uma equipa portuguesa não mereceu qualquer transmissão televisiva, nem sequer um simples relato radiofónico. Eu não tenho nada a ver com Paços de Ferreira (por acaso já pisei o relvado da Mata Real, mas tratou-se de uma situação pontual), mas enquanto português e amante de futebol, gostava de ter visto o jogo.
Ainda na passada semana tivemos, em canal público e a boas horas, transmissões de jogos de várias modalidades entre equipas como Cabo Verde, Macau ou Angola, de uma competição sem qualquer interesse ou audiência, jogada por equipas secundárias, e em estádios completamente vazios. Qual o critério?
Ontem mesmo, à hora do jogo do Paços de Ferreira, a Sport Tv transmitia o particular entre o F.C.Porto e o Dínamo de Bucareste. Do Paços, jogo oficial e decisivo, nem sequer informações em rodapé.

F.C.PORTO – Vi uns minutos do jogo com o Dínamo de Bucareste, e creio bem que alguns dos reforços portistas têm condições de fazer esquecer rapidamente os que partiram. Quem espera um F.C.Porto enfraquecido, pode pois ir desmontando a barraca.
Realce também para os comentários imbecis e completamente parciais de Rui Pedro Rocha, que já se havia “exibido” aquando do Torneio Guadiana. Um verdadeiro cromo, a seguir com atenção.

BLACK OUT – A propósito deste Rocha, devo dizer que pouco me tem espantado a forma como grande parte da imprensa e televisões está a tratar o Benfica nos últimos tempos.
Na sequência dos anti-corpos criados aquando das eleições, muitos são os órgãos de comunicação social a tomarem o clube da Luz e a sua direcção de ponta, e isso tem-se reflectido na cobertura noticiosa da pré-temporada, e em múltiplos outros aspectos do quotidiano informativo. TVI (grupo Prisa); Público (Belmiro de Azevedo); Sol; Sport Tv, O Jogo, DN e JN (Olivedesportos), Correio da Manhã e Record (grupo Cofina), são hoje, por vários motivos, totalmente hostis, ou ao Benfica, ou pelo menos à sua direcção. Resta "A Bola", que com os seus eufóricos e proverbiais entusiasmos garante vendas, mas em nada ajuda o clube.
Talvez este fosse pois o momento de responder à altura. Porque não um Black-Out total à comunicação social, mantendo os sócios e adeptos informados pela Benfica TV, pelo Jornal e pela Revista?
Seria interessante sob o ponto de vista comercial, útil do ponto de vista desportivo, e justo do ponto de vista institucional.

KEIRRISON - Tal como já se esperava, o Record afirma hoje que o Benfica "perdeu na corrida" pelo jogador. Uns lançam os foguetes, outros apanham as canas...

KEIRRISON? NÃO ACREDITO !

A questão é simples: o Barcelona quer pressionar o F.C.Porto a vender Bruno Alves, baixando o preço da cláusula e emprestando o recém contratado goleador Keirrison. Então lança nos seus jornais (Sport e Mundo Deportivo) o rumor de que o avançado brasileiro está em vias de ser emprestado ao Benfica, de modo a que Pinto da Costa acelere a decisão, com o bónus de receber mais um jogador apontado à Luz.
Com Cardozo e Saviola a marcarem golos, com Weldon acabado de chegar, com a renovação de Nuno Gomes, com todo o investimento feito até agora, não passa pela cabeça de ninguém que o Benfica ainda receba um avançado de 14 milhões de euros, melhor marcador do campeonato brasileiro. Trata-se de um grande jogador, mas no contexto actual esta hipótese não faz qualquer sentido, nem creio que a SAD a tenha sequer ponderado.
O plantel do Benfica está praticamente fechado, subsistindo apenas algumas dúvidas acerca de uma eventual venda de Luisão ou... Di Maria (único caminho para trazer Reyes de regresso).
Quanto a Keirrison, se jogar em Portugal será no F.C. Porto, e só no caso de Bruno Alves ir para a Catalunha. Caso o defesa português siga para o Chelsea (se John Terry se transferir para o Manchester City), ou acabe por ficar no Porto, o avançado brasileiro deverá viajar para Itália.
Parece ser este o ponto de situação.

A PARÁBOLA DA INOCÊNCIA

São vítimas ! São vítimas !
Nem apedrejaram os visitantes à entrada, nem atiraram tochas contra eles, nem sequer invadiram o terreno de jogo. Para José Bettencourt culpados só há uns: os vermelhos, os horrendos, os diabólicos, os funestos vermelhos, sem os quais tínhamos o céu na terra.
Com argumentação assim não se defende a verdade, nem a justiça. Mas que interessa tudo isso quando está em causa um Sporting-Benfica, e quando se pretendem cativar novos sócios ? Não é senhor Bettencourt ?

GANHAR OU NÃO GANHAR

Com a confirmação oficial do título de Juniores, o Sport Lisboa e Benfica fecha a sua mais bem sucedida temporada desportiva dos últimos quinze anos. Nunca, nesse período, os encarnados festejaram tantas vitórias, tantos títulos, tantos troféus. Recapitulemos:
- VENCEDOR DA TAÇA DA LIGA DE FUTEBOL
- CAMPEÃO NACIONAL DE JUNIORES (futebol)
- CAMPEÃO NACIONAL DE INICIADOS (futebol)
- CAMPEÃO DISTRITAL DE INFANTIS (futebol)
- CAMPEÃO DISTRITAL DE ESCOLAS (futebol)
- CAMPEÃO NACIONAL DE BASQUETEBOL
- CAMPEÃO NACIONAL DE FUTSAL
- CAMPEÃO NACIONAL DE JUDO
- VENCEDOR DA TAÇA DE PORTUGAL DE FUTSAL
- VENCEDOR DA TAÇA DA LIGA DE ANDEBOL
A estas conquistas há que acrescentar diversos triunfos individuais de atletas do Benfica (Nélson Évora, Vanessa Fernandes, Telma Monteiro e desportos de combate), bem como vários títulos nas camadas jovens (Atletismo sub-23, Iniciados de Futsal, Cadetes de Basquete etc) e no sector feminino (campeonato, taça e supertaça de Raguebi, entre outros) das várias modalidades.
Nenhum outro clube português fez igual.

A DECISÃO POSSÍVEL

Há algum tempo atrás, tinha aqui considerado o Benfica campeão oficioso de Juniores. A decisão da FPF vem apenas oficializar esse título.
Como então lembrei, não se tratava de uma final. Era sim a última jornada de um campeonato que o Benfica liderava isolado, e só uma derrota nesse jogo o impediria de se sagrar campeão.
As imagens televisivas são inequívocas quanto à forma como AMBAS as claques se envolveram nos confrontos, sendo absolutamente ridículas as tentativas de desculpabilização a que o responsável do recinto procedeu na altura, e a que os dirigentes do Sporting deram seguimento.
Esta decisão pode ser ingrata para os jogadores e técnicos do Sporting (que, esses sim, não têm culpa), mas não creio que, à luz dos regulamentos, houvesse alternativa à punição de ambos com derrota no jogo. A outra hipótese era nada decidir, o que, convenhamos, afundava ainda mais a imagem das entidades que supervisionam o futebol português.
Reconheço que não é a forma mais agradável de conquistar um troféu, mas isso não retira mérito a uma equipa recheada de talentos (Roderick, Leandro Pimenta, Nélson Oliveira, Yartey, etc), que dominou toda a fase final, e poderia inclusivamente ter festejado o título na jornada anterior.
É também a confirmação da melhor temporada de sempre da formação encarnada, com vitórias em Juniores, Iniciados, Infantis e Escolas, faltando apenas os Juvenis para o pleno.

OS 25 DE JESUS

Com as contratações de Javi Garcia e Weldon o plantel do Benfica parece fechado, restando agora saber se até dia 31 de Agosto a SAD consegue resistir às propostas por Luisão (Manchester City, Fiorentina e Bordéus), Sidnei (Fiorentina) ou Yebda (Everton).
Se todos eles permanecerem na Luz, os 25 jogadores que Jesus desejava serão estes:
Caso saia um dos centrais, avançará Roderick para o plantel principal (caso contrário deverá voltar aos juniores, juntamente com Nélson Oliveira). Fellipe Bastos deverá ser emprestado, a menos que Yebda seja transferido. Balboa e Jorge Ribeiro não têm grande espaço na equipa, pelo que deverão ser emprestados ou cedidos definitivamente. Resta também saber se ainda virá algum guarda-redes, caso em que Moretto deverá ser o sacrificado.
Para além destas dúvidas, tudo o resto está definido.
E a continuar como está, este sim, parece ser o melhor plantel do Benfica da última década. Pelo menos o mais organizado e equilibrado, com um esquema definido e dois jogadores para cada posição.
A quase um mês do início das provas oficiais, tantas certezas são uma inestimável virtude.

UMA DERROTA, MUITO FUTEBOL

Se mantive algum cepticismo face às três vitórias consecutivas anteriores, também agora me sinto à vontade para enaltecer o excelente jogo do Benfica diante do mais forte adversário que teve pela frente nesta pré-temporada.
O conjunto de Jorge Jesus fez a sua melhor exibição até agora, teve grandes momentos de futebol, em particular no plano ofensivo, e só não conseguiu outro resultado porque (mais) uma arbitragem hostil não o permitiu, aspecto que não pode deixar de levantar desde já alguma preocupação, pois é a segunda vez consecutiva que o Benfica se vê penalizado com penáltis inexistentes, antes ainda da competição a sério se iniciar – e hoje teve também um (mão de Reyes) a seu favor que ficou por assinalar.
Enfim, esperemos que tudo não passe de uma triste coincidência, e que no campeonato este tipo de decisões de arbitragem não tenham cores, como por agora parece ser o caso.
Voltando ao futebol, há que dizer que o Benfica revelou grandes progressos no plano táctico, e uma capacidade física notável para a fase da preparação em que está. Atacou com velocidade e fluidez, criou oportunidades, rematou, entusiasmou os cerca de 60 mil adeptos presentes (terceira maior assistência das últimas três épocas). Aimar, jogando na sua posição de origem, parece outro jogador, e mostra a classe que se lhe não via desde Valência; Cardozo está melhor do que nunca; Saviola revela-se rápido e eficaz; e tanto Di Maria como o surpreendente Fábio Coentrão fazem esquecer Reyes (hoje do outro lado). Na construção de jogo de ataque o Benfica caminha a passos largos rumo ao ideal de Jesus.
Já nos momentos em que perde a bola, a equipa ainda tem muito que trabalhar até chegar à perfeição. Os centrais são muito jovens, falta a inclusão de Javi Garcia, Shaffer (que terá feito a sua melhor aparição, e provavelmente conquistado o lugar) ataca muito bem mas a defender revela ainda alguma insegurança, e Maxi Pereira está muito longe da sua melhor forma, sendo que Patric ainda não se mostrou uma alternativa à sua altura. Mas o problema defensivo do Benfica não se esgota no seu sector recuado. Di Maria (ou Coentrão), Carlos Martins (ou Ramires) e até Aimar, terão de fazer um trabalho de posicionamento e recuperação sem bola para o qual não parecem ainda devidamente capacitados. Estará aí provavelmente a chave do sucesso desta fórmula, e estará aí provavelmente a tarefa mais complicada de Jorge Jesus nos próximos tempos.
Em todo o caso, num plano global, o Benfica mostrou mais virtudes do que defeitos, deixando claro que o trabalho realizado está a ser produtivo. Faltam ainda 24 dias para as provas oficiais terem início, há tempo para melhorar, e creio haver matéria-prima para o fazer.
Mas contra arbitragens como esta vai ser impossível lutar.

JAVI GARCIA E O SEU PREÇO

Ao invés de se satisfazerem com a solução encontrada para um problema concreto da equipa, muitos benfiquistas parecem mais preocupados com o custo da transferência do jovem espanhol.
7 milhões de euros é um valor elevado, mas certamente que o Benfica só o pagou porque o podia pagar, e só o pagou porque não podia trazer o jogador por menos dinheiro. Os dirigentes do Benfica já salvaram o clube da ruína, e como tal merecem (sobretudo na área financeira) todo o crédito dos sócios, da mesma forma que o merecem – e isso é claro – por parte da banca.
A aquisição de um jogador internacional de 22 anos permite, em condições normais, recuperar o valor investido. Além de que, não sendo o valor da compra um custo (mas antes um investimento, o que em termos contabilísticos é totalmente diferente), o mesmo não se reflecte de forma directa na demonstração de resultados, ou seja, no apuramento do lucro ou prejuízo anual. O seu efeito é um aumento do activo e do passivo, precisamente na mesma medida, o que, não sendo totalmente inócuo, também não tem a relevância que por vezes lhe é atribuída pelos leigos.
Simplificando, esta contratação apenas poderia ser um problema financeiro se o jogador viesse a desvalorizar bastante o seu passe, algo que ninguém pode, para já, afirmar como previsível ou expectável. Se aconteceu com Balboa, não aconteceu, por exemplo, com Ramires, que mesmo sem jogar já vale hoje (fruto da presença na selecção) muito mais do que o montante pelo qual foi contratado.
Muitos perguntam: com este dinheiro, porque não ficou o Benfica com Reyes?
A explicação é simples: além de que a necessidade de um médio defensivo se sobrepunha claramente à de mais um extremo, a verdade é que o que terá inviabilizado a manutenção do agora jogador do Atlético foi mais o valor do seu salário (esse sim, um custo financeiro, e com reflexos na gestão do balneário), do que propriamente o valor do seu passe. Não creio que Javi Garcia venha auferir o mesmo que Reyes.
Se o Benfica conquistar o título, serão as receitas da Liga dos Campeões a equilibrar as contas. Se não o conseguir, Javi Garcia terá, em condições normais (sem lesões, mantendo a titularidade, etc), as portas do mercado espanhol sempre abertas, e o valor agora investido poderá, a qualquer momento, ser recuperado.
Mesmo com esta contratação, o Benfica está ainda longe dos montantes investidos nas duas temporadas anteriores. Até agora gastou, no total, cerca de 22 milhões, o que em termos de mercado internacional não é nenhuma fortuna. Não há portanto que dramatizar.
O Benfica precisava de um trinco. Pois aí o tem.

GUARDA-REDES: UMA FALSA QUESTÃO

Quim, que já foi campeão no Benfica, é provavelmente o melhor guarda-redes português (ainda me recordo como toda a gente, de dentro e de fora do clube da Luz, reclamava a sua titularidade na baliza nacional, quando esta era ocupada por Ricardo). Moreira, que ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça, está seguramente entre os cinco melhores. Moretto, com quem o clube chegou aos quartos-de-final da Champions League, é apenas uma terceira opção e, enquanto tal, serve perfeitamente. No seu todo, este trio é talvez o melhor do futebol português, e só uma crise de confiança generalizada – iniciada por Quique Flores, quando substituiu Quim após um lance menos feliz, e empolada por alguma comunicação social - impede que se torne absolutamente consensual entre os adeptos.
Custa a entender como se fala com tanta insistência da necessidade de o Benfica contratar alguém para a sua baliza, como se só um Buffon ou um Casillas permitissem ao clube chegar ao título, e como se os principais rivais tivessem ao seu serviço guarda-redes de excepção (nem Helton nem Rui Patrício são superiores a Quim ou Moreira). Os guarda-redes do Benfica não são os melhores do mundo, mas não estão atrás, pelo contrário, da qualidade do resto da equipa. Pela mesma ordem de ideias, haveria que prescindir de Cardozo e Saviola, para contratar Drogba e Ibrahimovic, pois só com esses o Benfica teria, na verdade, uma linha avançada de nível mundial.
Um grande guarda-redes custa dinheiro. Assim como custa um grande lateral-esquerdo, e o Benfica contratou aquele que pôde, porque não tinha nenhum. É necessário não ter a memória curta, perceber que a maioria das críticas aos keepers benfiquistas são conjunturais, que uma crise de forma não chega para questionar a qualidade de um jogador, e entender que as prioridades do clube são (eram) outras.
Quim, Moreira e Moretto apenas necessitam de confiança e de tranquilidade à sua volta. Qualquer um dos dois portugueses pode assegurar a baliza do Benfica, e não será por aí que o título fugirá. Moretto dificilmente será titular, mas ainda assim, quando o foi, o Benfica ganhou duas vezes ao Liverpool (sem sofrer qualquer golo) e empatou a zero com o Barcelona.
A questão do guarda-redes é pois uma falsa questão. E espero bem que, com a previsível contratação de Weldon, o plantel fique totalmente encerrado. Para entradas, e sobretudo para saídas, salvaguardando naturalmente uma ou outra dispensa.

JAVI GARCIA CONFIRMADO !

Está confirmada a contratação de Javi Garcia, pivot-defensivo proveniente do Real Madrid, a qual, tudo indica, irá resolver o problema do meio-campo encarnado. Confesso que nunca o vi jogar, mas as referências que apurei são boas: trata-se de um jovem (22 anos), muito forte fisicamente (1,86m e 82 kg), que varre toda a sua zona de acção, tem bom jogo de cabeça, razoável meia-distância, e até pode actuar como central. Um pouco carote, mas se Cissokho vale 15 milhões...
Confira aqui a sua carreira.

Depois de Ramires, trata-se de mais uma transferência a entrar directamente para o top-10 das maiores de sempre em Portugal, o que prova, uma vez mais, a impressionante capacidade de financiamento do clube da Luz. Que ela se possa traduzir em vitórias é o que os benfiquistas agora esperam.
Eis o ranking actualizado das maiores transferências de sempre :

QUANTO VALE LUISÃO ?

Olhando para os montantes envolvidos nas transferências dos principais defesas do F.C.Porto nas últimas temporadas, quanto valerá o central benfiquista, capitão de equipa, referência de balneário e titular da selecção brasileira?
É óbvio que não poderá ser vendido abaixo da sua cláusula de rescisão (20 milhões de euros). Se nenhuma proposta lá chegar, o caminho a seguir é o da renovação de contrato com salário melhorado.

UM TROFÉU, POUCO FUTEBOL

Como diz Ricardo Araújo Pereira, pior que a euforia injustificada da pré-época, só mesmo a depressão justificada da pré-época. Portanto, se os adeptos do Benfica estão a viver um momento de euforia, do mal o menos.
O problema é que aos últimos resultados, designadamente no torneio Guadiana, não corresponderam, de todo, exibições convincentes. É importante ganhar mas, ou eu vi mal, ou os sinais dados não permitem sustentar grandes optimismos.
Se calhar, nesta fase, era impossível fazer melhor. Mas é bom que os benfiquistas percebam que a implementação de novos métodos de trabalho, de um novo modelo de jogo, e a assimilação de novos jogadores, não se faz por magia, sendo natural que nos tempos mais próximos as coisas venham a correr menos bem do que alguns esperam.
No primeiro teste frente a uma equipa portuguesa, com características comuns a grande parte das que veremos na Liga Sagres, o Benfica não conseguiu mandar no jogo. Sentiu grandes dificuldades a lidar com um meio-campo povoado e agressivo, e em termos defensivos nunca se entendeu com avançados rápidos e versáteis como são os do Olhanense. O jogo poderia ter sido mais fácil se o penálti (duvidoso) tivesse sido convertido, mas a verdade é que, sobretudo na primeira parte, o Benfica pouco ou nada mostrou.
Acabou por ser um rasgo individual de Cardozo a inventar um golo num momento precioso (na resposta ao golo adversário, num penálti ainda mais duvidoso), e a partir daí, com os algarvios mais desgastados, viu-se então algum Benfica. O golo da vitória surgiu nos descontos, mas não se pode dizer que tenha trazido justiça ao jogo. Bem pelo contrário.
Alguns problemas evidenciados pelos encarnados estão perfeitamente a tempo de ser resolvidos: o médio-defensivo parece vir a caminho e os principais centrais irão regressar. Já quanto à delicadeza atlética do sector mais ofensivo da equipa, as dúvidas subsistem (Aimar, Di Maria e Saviola são passarinhos nas garras de equipas de combate como este Olhanense), enquanto do lado esquerdo da defesa, Shaffer vai ter de mostrar muito mais para nos convencer da sua real valia.
Os próximos jogos poderão revelar mais alguma coisa. Falta quase um mês para as competições se iniciarem, e há tempo para trabalhar.
Três vitórias em quatro jogos é um bom registo. Mas mesmo no jogo dos números, não esqueçamos que o F.C.Porto leva as mesmas três vitórias em três jogos. Pior está o Sporting, que foi o primeiro a regressar ao trabalho, tarda em encontrar-se e dentro de pouco mais que uma semana terá a pré-eliminatória com o Twente.

LIGA EUROPA

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Se tudo correr dentro da normalidade, estes serão os possíveis adversários do Benfica no Play-Off da Liga Europa. O sorteio terá lugar no dia 7 de Agosto, e a eliminatória disputa-se a 20 e 27 do mesmo mês.
Entretanto, ainda na 3ª pré-eliminatória, o Sp.Braga deverá defrontar o Elfsborg da Suécia, enquanto o Paços de Ferreira, caso ultrapasse os moldavos do Zimbru, enfrentará o Bnei Yehuda de Israel.

HÁ MOMENTOS DE SORTE...

Nem Russos, nem Turcos, nem Checos. Ao Sporting saiu o Twente da Holanda. Um tipo de futebol que cai como mel para as equipas portuguesas.
Recorde-se que é apenas a primeira de duas pré-eliminatórias. Na segunda, os leões deverão, em princípio, defrontar uma das seguintes cinco equipas: Atlético de Madrid, Celtic de Glasgow, Fiorentina, Estugarda ou Anderlecht.

A EFICÁCIA DO COELHO

A primeira parte do jogo desta noite com o Atlético de Bilbau terá servido para muitos benfiquistas deitarem água na fervura da euforia.
Até ao intervalo, nem a atacar, nem a defender, o Benfica mostrou capacidade para se impor no jogo, indo para os balneários a perder com toda a naturalidade, e por uma diferença que não espelhava – por defeito – o que ia acontecendo no relvado.
Moretto não garantia tranquilidade (que guarda-redes o poderá fazer com a pressão que tem sido exercida sobre eles?), os centrais improvisados faziam o que estava ao seu alcance (e, nos casos de Roderick e Miguel Vítor, ainda é pouco), Sepsi atrapalhava-se a si próprio, Maxi está fisicamente a léguas do que pode valer, Amorim não fechava, e lá mais à frente, Aimar, Martins, Coentrão e Saviola debatiam-se com uma agressiva pressão à qual não conseguiam dar resposta. Cardozo ficava sozinho e perdido na frente. O panorama era desolador.
A segunda parte começou com o golo do empate, que desde logo animou a equipa e as bancadas. Pouco e pouco foi-se também fazendo sentir o défice físico da equipa basca, que conta menos tempo de preparação. O Benfica recompôs as coisas, acabando por chegar à vitória com mais uma demonstração de eficácia de Javier Saviola, que assim se transformou no homem da noite, disfarçando com os seus golos todas as insuficiências demonstradas pelo colectivo.
Para Jorge Jesus terá sido importante verificar as limitações que a equipa demonstrou no primeiro período, pois são essas que carecem de intervenção. É verdade que nem Moretto será o titular, nem a dupla de centrais será aquela. Mas começa a causar estranheza o facto de Shaffer ser preterido em relação a um medíocre Sepsi, e no meio-campo, a cada dia que passa se torna mais clara a falta de um médio-defensivo de qualidade. Mais adiante a preocupação não será tanta, pois quer Cardozo quer Saviola têm marcado golos, e creio que, salvo alguma lesão, o continuarão a fazer. Pablo Aimar, desta vez colocado sob grande pressão, pouco se viu, o que mostra como a sua fragilidade atlética pode ser também um problema para o Benfica, ao longo de um campeonato em que os espaços serão poucos, enquanto a agressividade, a violência e a impunidade serão quotidianas.

Que o Benfica necessita de um trinco não é novidade. Espera-se contudo que isso não signifique a venda de Yebda, que é um bom jogador, tem um poder físico notável, tem um bom jogo de cabeça, pode fazer posições interiores, e é uma excelente alternativa ao titular a contratar. Saindo Yebda, em vez de uma contratação teriam de ser feitas duas, o que não faz qualquer sentido.
José Manuel Delgado escreve hoje em “A Bola” um interessantíssimo artigo a este respeito. Diz ele que Luís Filipe Vieira e Rui Costa estão a três aquisições de formar um plantel de luxo. Eu diria que estão apenas a uma (dispenso o guarda-redes, e creio que Makukula, Marcel ou Adu poderiam servir para 4º avançado), mas o que não pode suceder, de modo algum, é a saída dos principais jogadores. Senão, ao problema criado pela falta de Katsouranis, que está à vista, serão adicionados outros, e tudo irá por água abaixo.
Isto serve para Yebda, mas serve sobretudo para Luisão.

A NOVA ÉPOCA: um primeiro olhar

Olhando para os plantéis dos três candidatos ao título, podemos desde já desenhar um primeiro esboço dos respectivos onzes, identificando as principais diferenças face à época anterior, e estabelecendo uma escala favoritismos.
Vejamos cada um deles, seguindo a ordem da última classificação:
F.C.PORTO
O F.C.Porto parte naturalmente em vantagem, ancorado que está no seu tetra-campeonato, na sua dobradinha e nas suas prestações europeias. Mantém a tranquilidade e a confiança que só as vitórias garantem, e nem as saídas de Lucho e Lisandro (provavelmente também Cissokho e possivelmente ainda Bruno Alves) chegam para lhe retirar algum favoritismo.
A sua prestação dependerá muito do valor dos novos reforços. Tal como na época passada (quando se viu sem Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma), Jesualdo Ferreira tem o desafio de adaptar Belluschi, Falcão e Álvaro Pereira (eventualmente Maicon ou Nuno Coelho) a um colectivo com hábitos ganhadores.
Como já aqui disse, é provável que as perdas dos dois argentinos (principais intérpretes do tetra) se façam sentir, sobretudo na fase inicial da época. Este Porto terá de ser diferente (Belluschi é diferente de Lucho, Falcão é diferente de Lisandro), mas ainda assim parece a equipa mais forte, sobretudo no plano físico, onde tem marcado uma enorme diferença para os rivais.
GRAU DE FAVORITISMO FCP: 50%
SPORTING

O Sporting não mudou praticamente nada, isto se tomarmos como segura a continuidade de João Moutinho.
A única alteração importante prende-se com a posição "10", e foi a saída de um peso-morto (Romagnoli), e a entrada para o seu lugar o jovem muito promissor (Matias Fernandez). No ataque, a perda de Derlei exige a contratação de mais um avançado, falando-se de Caicedo, mas a renovação de Liedson é a principal notícia.
A grande virtude do Sporting - o único aspecto onde pode efectivamente retirar vantagem - é a sua peculiar estabilidade, que lhe permite ter uma equipa montada, um modelo de jogo e um sistema táctico definidos sempre antes dos outros, para além de um conhecimento profundo entre jogadores e técnico. Mas olhando para o plantel no seu todo dificilmente se percebe capacidade para ir além dos já tradicionais segundos lugares.
A performance do Sporting no campeonato vai depender mais daquilo que os seus principais adversários forem ou não capazes de fazer. Um Porto ao seu melhor não irá permitir veleidades a esta equipa, e creio que mesmo um Benfica mais organizado e confiante será suficiente para se superiorizar aos leões. Mas nem uma coisa nem outra são por ora garantidas, enquanto do Sporting já todos sabemos o que esperar.
GRAU DE FAVORITISMO SCP: 20%
BENFICA
Parece evidente que, caso não venda nenhum dos seus principais elementos (e não estou nada seguro relativamente a Luisão), o Benfica apresentar-se-á mais forte nesta temporada.
Tem um treinador melhor e mais conhecedor do futebol português, contratou pouco e bem, está já a trabalhar um sistema de jogo específico - o qual, diga-se, já se aconselhava para a época passada.
Restam algumas incógnitas, nomeadamente a questão do médio-defensivo, que já deveria estar resolvida uma vez que era tida como certa a saída de Katsouranis.
Com a contratação de um bom número "6", restarão ainda duas curiosidades no onze base dos encarnados. Uma será saber qual o real valor de Shaffer. A outra, perceber se é este ano que Di Maria finalmente explode como grande jogador que tem condições para ser. Se ambas as respostas forem satisfatórias, o Benfica terá efectivamente uma grande equipa, capaz de lutar pelo título com o F.C.Porto.
GRAU DE FAVORITISMO SLB: 30%

DECLÍNIO MASCARADO

A pré-temporada vai avançando, e nem mesmo com a ocorrência de lesões graves o Sporting abre os cordões à bolsa.
Ao longo dos últimos anos assim tem sido. Enquanto Benfica e F.C.Porto, investem dezenas de milhões de euros nas suas contratações (35 e 43 milhões respectivamente nos dois últimos defesos), os leões parecem passar ao lado do mercado. Tanto no sentido como noutro, pois se antes vendiam algumas jóias da sua formação (Simão, Quaresma, Hugo Viana, Nani ou Cristiano Ronaldo), agora nem isso, apesar dos rumores que correm sobre Miguel Veloso e…João Moutinho.
A lista de aquisições do Sporting desde 2005 é elucidativa, quer quanto às escassas verbas dispendidas (ao nível de um clube da segunda divisão espanhola), quer, consequentemente, no que respeita à qualidade da maioria dos jogadores contratados, dos quais, com três ou quatro excepções, pouco ou nada se aproveita.
Deve dizer-se que a atitude do Sporting é compreensível numa SAD em situação de falência técnica desde há vários anos, sendo até de apreciar o facto do clube da Alvalade canalizar os seus esforços no sentido de manter os seus principais atletas (Liedson, Polga, Moutinho), promovendo a estabilidade e o crescimento competitivo da equipa, contando para isso com o trabalho de um excelente treinador como é, indiscutivelmente, o caso de Paulo Bento.
O que não deve ser esquecido é que os segundos lugares com que o leão tem andado iludido (mais o facto de ficar à frente do odiado Benfica do que o lugar em si, mas isso é outra questão) não têm significado outra coisa que não uma maior capacidade de se auto-estimular para esses mesmos segundos lugares, face aquela que tem sido a atitude genérica do Benfica, que assim que se sente fora da corrida ao título deixa também de se mobilizar para vencer os seus jogos, algo que atravessa todo o clube, de dirigentes a jogadores, de sócios a treinadores.
Ao longo dos últimos quatro campeonatos, independentemente da forma como eles terminaram, foi do Benfica a maior e mais continuada resistência ao F.C.Porto. Se a edição de 2005-2006 foi marcada pela presença europeia do Benfica (chegou aos quartos-de-final da Champions), e mesmo assim foram os encarnados a ameaçar o F.C.Porto até à entrada da segunda volta, em 2006-2007, por exemplo – época em que a equipa então orientada por Fernando Santos voltou a ter dificuldades a partir de Março em articular a presença europeia com a prova doméstica -, o Benfica teve na Luz a possibilidade de, já em plena segunda-volta, ascender ao comando isolado da classificação, em jogo que acabou por empatar 1-1 frente aos dragões. Em 2007-2008 ninguém ofereceu verdadeira resistência ao F.C.Porto, mas a oito jornadas do final o Benfica aparecia claramente destacado do Sporting, e discutia com o V.Guimarães o segundo lugar, de onde viria a ser retirado por Lucílio Baptista num célebre jogo disputado no Bessa. Na época passada, a equipa de Quique Flores dominou a primeira volta (em conjunto com o Leixões), foi campeão de Inverno, jogou no Dragão a hipótese de ascender ao comando, mas quando perdeu a hipótese de o fazer a queda foi, mais uma vez, total e abrupta, enquanto o Sporting conseguia uma vez mais, mesmo fora do comboio do título, unir esforços e lutar arduamente pela tal vice-liderança. Resumindo, a regra tem sido a seguinte: enquanto a hipótese do título está em aberto, o Benfica é mais ganhador que o Sporting e ameaça mais o predomínio portista, mas quando ela desaparece, é o Sporting que melhor se consegue adaptar e mobilizar na luta pelo segundo posto. Isto desmente a ideia segundo a qual o Sporting tem sido futebolisticamente superior ao Benfica (a quem, para o campeonato só venceu uma vez desde Janeiro de 2006) nestes quatro anos – a sê-lo, foi-o apenas no modo entusiástico como encarou a luta pelos segundos lugares.
Isto devia também fazer reflectir o clube de Alvalade, que não é campeão vai para 8 temporadas (!), que em 28 anos só o foi por duas vezes, que vê desaparecer adeptos entre os mais novos (que cada vez mais se vão dividindo entre F.C.Porto e Benfica, mesmo a sul do país), mas que parece totalmente satisfeito com o facto de ter terminado os últimos campeonatos à frente do Benfica, mesmo sem lhe ter sido superior na globalidade dessas mesmas temporadas.

A PRIORIDADE MÁXIMA: nº 6

Como disse atrás, a posição vulgarmente conhecida como "número seis" é neste momento o maior problema do plantel benfiquista. É imprescindível uma acção de mercado que traga para a Luz um jogador à altura de Katsouranis (ou Petit), sem o qual dificilmente será possível construir uma equipa para o título. Há opções para todos os gostos e todas as carteiras.
Partindo do princípio que o Benfica tinha cerca de 5 milhões de euros para contratar Falcão, deixo aqui algumas pistas para eventuais alvos. Trata-se do resultado de uma pequena pesquisa, que entrou em linha de conta com factores como a regularidade dos jogadores, o seu estatuto nas respectivas equipas e a capacidade de recuperar mais tarde o valor investido. Cheguei a três nomes preferenciais:
CLÁUDIO YACOB (Racing Avallaneda), 21 anos, 1,83m, internacional sub-20, capitão da sua equipa e muito pretendido na Europa.FABIAN RINAUDO (Gimnásia La Plata), 22 anos, 1,76m, 1 vez internacional A, muito combativo e forte fisicamente.GUSTAV SVENSSON (IFK Goteborg), 22 anos, 1,83m, internacional sub-21, revelação do último europeu. Hipóteses de recurso: Franco Razzotti (Velez Sarsfield), Gabriel Molesan (Cluj) e, porque não, Bruno China (Leixões).

O MEU PLANTEL

Olhando globalmente para às soluções existentes no plantel benfiquista, e havendo necessariamente que fazer escolhas e proceder a alguns retoques, eu optaria por o ajustar do seguinte modo:

GUARDA-REDES: Quim, Moreira e Moretto
DEFESAS: Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, Shaffer, Patric, David Luíz, Miguel Vítor e Jorge Ribeiro
MÉDIOS: (número 6 a contratar), Ramires, Aimar, Di Maria, Yebda, Ruben Amorim, Carlos Martins e Urreta
AVANÇADOS: Cardozo, Saviola, Nuno Gomes, Mantorras e Makukula
24 jogadores, ou seja, dois para cada posição, mais Moretto e Mantorras. Passemos à justificação das situações particulares:
SEPSI: Atendendo a que tem mercado em Espanha (o Málaga pretende comprar o seu passe), que não é nenhuma estrela, e disse há poucas semanas que não queria voltar ao Benfica, optaria por manter Jorge Ribeiro no plantel, uma vez que é português, formado no clube, internacional A, e polivalente, ganhando algum dinheiro com a venda do romeno.
FÁBIO COENTRÃO: Tem talento, mas creio que necessita de mais um ano de rodagem, preferencialmente num clube com ambições europeias (V.Guimarães ?, Nacional ?). No Benfica é provável que não jogue, e corra riscos de se despistar definitivamente.
FELLIPE BASTOS: Está ainda mais verde que Coentrão, e necessita claramente de jogar. O Belenenses pretende-o por empréstimo. Seria uma boa solução, até como forma de reanimar as relações com o clube do Restelo.
BALBOA: Tem mercado em Espanha (não pelos 4 milhões que custou, como é evidente), e não creio que tenha muito espaço num sistema de jogo que não o favorece, e num plantel que tem Ramires, Ruben Amorim e Urreta para a sua posição. Se fosse possível encaixar uns trocos com ele, não haveria que hesitar.
NÉLSON OLIVEIRA E RODERICK MIRANDA: Têm ainda mais um ano de juniores, pelo que podem ser apostas a qualquer momento. Ao longo da época teriam oportunidade de integrar treinos e estágios e, se necessário, poderiam ser convocados. Mas continuariam a jogar na equipa de juniores.
JOÃO PEREIRA: Já não tem a mesma possibilidade dos colegas acima referidos. Deveria ser emprestado a uma equipa mais modesta (Liga de Honra?), em que pudesse jogar com frequência.


GUARDA-REDES: Já afirmei várias vezes que o Benfica tem o melhor lote de guarda-redes da Liga. Todos têm qualidade, e só precisam de confiança. Contratar um novo Bossio, ou um novo Butt será deitar dinheiro ao mar.
NÚMERO SEIS: É a carência mais gritante de um plantel que viu sair Katsouranis, sem que se tenha pensado num substituto à sua altura. Pensou-se que seria Ramires, mas pelo que se viu na Taça das Confederações o jovem brasileiro é tudo menos um trinco. Há que ir urgentemente ao mercado, e esta é a prioridade máxima. Em breve darei algumas sugestões.
INTERIOR ESQUERDO: Se houvesse dinheiro disponível, esta seria também uma posição a reforçar. Reyes parece carta fora do baralho, e a investir forte, há que o fazer relativamente à prioridade atrás referida. Resta por isso esperar que Di Maria se possa adaptar ao lugar e explodir finalmente para uma grande época. Ramires poderá eventualmente também ser solução (abrindo a porta a Ruben Amorim para o lado direito).
PONTA-DE-LANÇA: Para além de Saviola, Cardozo e Nuno Gomes, atendendo a que Mantorras é um caso especial, o Benfica precisa de mais um avançado. Em princípio será para se sentar no banco, pois a dupla sul-americana só por lesão perderá a titularidade. Havendo Makukula (que custou 4 milhões), talvez até nem seja preciso contratar ninguém (em Dezembro Marcel estará também disponível). É português, internacional, marcava uns golos no Marítimo e não se sabe o que lhe fazer. Porque não conceder-lhe uma segunda oportunidade?

A GRANDE DIFERENÇA

Como já aqui tinha dito, dificilmente estes jogos de preparação – sobretudo os primeiros – dão para perceber seja o que for acerca do rendimento futuro das equipas, por muito que alguns pretendam ver maravilhas em cada passe, em cada lance de ataque, em cada golo marcado, mesmo perante adversários que mal se mexem.
Não é pois uma vitória sobre o detentor da Taça Uefa que me vai fazer embandeirar em arco, escaldado que estou de pré-épocas festivas (empoladas fortemente pela imprensa, sobretudo, há que o dizer, em “A Bola”) seguidas de campeonatos decepcionantes.
Dito isto, importa no entanto salientar aquela que me parece constituir a principal diferença entre o que objectivamente se viu nestes dias, e aquilo que se vira em idêntico período da temporada passada com Quique Flores.
Há um ano, por esta altura, o plantel do Benfica contava com 38 jogadores, e ninguém suspeitava qual o sistema de jogo que iria ser implementado. Aimar ainda não estava garantido, Sidnei não passava de uma mera hipótese, Reyes e Suazo nem sequer eram falados. Trabalhavam normalmente nomes importantes que viriam a sair como Petit, Nelson, Nuno Assis e, mais tarde, Léo. Existia uma indefinição total, indefinição essa que perdurou pelas semanas seguintes e por Agosto dentro.
Neste momento Jorge Jesus está a trabalhar com 27 jogadores (faltam Luisão e Ramires), e não se prevê que possa entrar muito mais gente (talvez mais um reforço). Alguns jogadores serão naturalmente emprestados, mas o plantel parece, grosso modo, definido. O sistema táctico ficou traçado no momento em que Jorge Jesus foi contratado, e os primeiros jogos serviram para mostrar que daí não se devem esperar grandes surpresas.
O Benfica tem pois, neste momento (a um mês do início da competição) um plantel, um sistema e uma equipa, a trabalharem já na criação e aperfeiçoamento de mecanismos de coesão colectiva. Esta é a grande novidade face à época passada.
Não se trata de nada de extraordinário, mas tão somente de algo que Sporting e Porto têm feito nos anos anteriores (há quatro anos que têm os mesmos treinadores, que trabalham da mesma forma, utilizam os mesmos modelos, e, praticamente, os mesmos jogadores), e que qualquer grande equipa deve obrigatoriamente procurar fazer. No Benfica, infelizmente, não tem sido essa a regra, com os resultados que se conhecem.
Espera-se agora que a SAD encarnada e o seu presidente mantenham a promessa de não vender ninguém, de modo a que esta embalagem possa de facto resultar numa melhoria competitiva face a épocas anteriores, e também face a uma concorrência (nomeadamente o F.C.Porto) que, paradoxalmente, parece este ano ainda um tanto confundida.
PS: Quanto às estreias de Patric e Shaffer devo dizer que gostei bem mais do lateral-esquerdo. O jovem brasileiro pareceu generoso, mas desposiciona-se com frequência, algo que terá de ser corrigido urgentemente. O argentino, sem se mostrar propriamente um fora-de-série (ninguém esperaria isso), evidenciou bons pormenores, e colocou-se na polé-position da luta pela titularidade no lugar. Mas ainda é cedo para veredictos definitivos.

PONTAPÉ DE SAÍDA

Sempre tive uma certa dificuldade em analisar jogos particulares. Talvez mesmo alguma aversão. A essência do futebol está na competição, e nos jogos amigáveis ela praticamente não existe. Há bola, há jogadores, há balizas, às vezes até há festa, mas sobra a sensação de que nada daquilo interessa muito. E até mesmo de que se trata de um logro.
Este primeiro jogo do Benfica, frente ao Sion, foi seguramente um momento marcante para os benfiquistas emigrados na Suíça, e terá sido um teste importante no âmbito do trabalho de Jorge Jesus. Para o adepto comum foi apenas o encontro com aquelas camisolas e com alguns dos novos jogadores. Para o analista externo, por muito boa vontade que se possa ter, não foi praticamente nada.
A utilização de um losango no meio-campo não seria novidade. Também não o era o papel preponderante destinado a Pablo Aimar na construção do jogo da equipa. O onze inicial foi o possível, e a maioria dos jogadores demonstrou, como seria de esperar, grande falta de ritmo.
Sobram alguns destaques individuais. Desde logo a exibição personalizada do jovem Roderick, que nos juniores nunca me impressionou muito (o seu parceiro João Pereira parecia melhor jogador), mas talvez pela robustez física tenha sido chamado para o plantel principal. Também Di Maria e Cardozo estiveram em plano de destaque, sobretudo ao longo da primeira parte. Em sentido oposto, Yebda, Carlos Martins, Quim, Saviola, Nuno Gomes e Coentrão demonstraram ter mais trabalho por diante até adquirirem a boa forma.
Hoje há novo jogo, e até começar o campeonato haverá (além destas duas) mais oito partidas, quase todas com equipas estrangeiras.

OS NOMES AOS BOIS

Talvez por pudor, nenhum orgão de comunicação social refere os nomes dos deputados que, provavelmente à nossa conta, almoçaram com um condenado por corrupção desportiva em plena Assembleia de República.
Os nomes acima referidos foram alguns dos que consegui apurar. Fica o desafio aos leitores no sentido de completar a lista, e recordá-la lá mais para finais de Setembro, quando depararmos com estes mesmos nomes nos vários círculos eleitorais do país.

OS MAIORES NEGÓCIOS DO FUTEBOL PORTUGUÊS

Eis o top-25 das mais caras transferências de sempre envolvendo clubes portugueses:
COMPRAS
VENDAS

De notar a retracção do Sporting, que desde 2001 não contrata nenhum jogador por mais de 4, 5 milhões de euros, e curiosamente desde essa época não se sagra campeão nacional.

As exorbitantes verbas encaixadas pelo F.C.Porto não são novidade. Só se estranha como um clube capaz de obter mais de 300 milhões de euros em poucos anos, mantém um passivo de mais de 140 milhões.

FONTE: Futebol Finance

AS VERDADEIRAS PRIORIDADES

Falcão voou para outros lados (F.C.Porto?). Ainda bem. Não era o tipo de jogador que o Benfica mais precisava, era caro, e as referências estavam longe de ser excepcionais. Independentemente do valor que o colombiano possa ter (e admito ter um dia de engolir estas opiniões, mas a decisão toma-se agora), foi uma prioridade que nunca compreendi.
O Benfica tem no seu losango (tudo indica seja este o sistema preferencial de Jesus) algumas carências, e se há dinheiro para gastar será altura de olhar para elas.
Katsouranis já está na Grécia, mas não chegou ninguém para o seu lugar. Ruben Amorim funciona bem em duplo-pivot ou como interior direito, mas duvido que apresente o mesmo rendimento como único pivot defensivo. Yebda ainda não mostrou consistência para toda uma época.
Para o lado esquerdo o Benfica tem Di Maria, Urreta e Fábio Coentrão. Nenhum é um verdadeiro interior. São extremos, ou, eventualmente, segundos avançados. Resta a opção Jorge Ribeiro, que também parece pouco credível.
Como já disse, para a frente de ataque os encarnados necessitam de um bom suplente, e não de um jogador de 5 milhões de euros. Weldon, William, Djalma, Marcelinho ou mesmo Marcel, Adu ou Makukula, seriam, a meu ver, hipóteses perfeitamente satisfatórias.