PELO BENFICA...MAS NÃO SÓ

Na hora da vitória, percebo que se seja magnânimo.
Por isso, aplaudo Rui Costa e a forma como soube ganhar. É um presidente cuja postura orgulha os benfiquistas, e isso faz parte da grandeza de um clube. Também Luís Filipe Vieira, com todos os defeitos que tinha e/ou lhe quiserem pôr, e decerto com notórias lacunas de benfiquismo, nunca hostilizou ou provocou os rivais – ao contrário do que fizeram connosco, sempre a norte, e durante um certo período também a sul.
Ganhar pelo Benfica é já um lema, que entrou no vocabulário e na cultura da casa. Escreve-se em cachecóis. Usa-se no marketing. É bonito, faz bem ao futebol e ao desporto em geral.
Dito isto, e da minha parte enquanto adepto, sinto-me livre para pensar de outro modo. Não me esqueço, por exemplo, da campanha que a dada altura da temporada a TVI/CNN (que desde que foi adquirida pelo tipo do norte que foi ao Espaço perdeu quase toda a credibilidade, no desporto e não só) lançou sobre o clube da Luz, como também não esqueço o javardo “diretor de comunicação” do FC Porto (cujas baboseiras incendiárias publicadas nas redes sociais continuam a ser estranhamente reproduzidas em jornais respeitáveis), e de tantos outros, que, fora do campo, sempre destilaram ódio ao Benfica, e tudo fizeram para dividir e destruir o clube.
Lamento, mas a minha vitória, enquanto sócio e benfiquista, não é apenas pelo Benfica. É também contra toda essa gente.
O Benfica é uma instituição democrática, e já o era antes do país o ser. Aqui, cada um sente as alegrias como quer. Não haveria nenhum problema nisso, não fosse o caso de também me parecer que a assimilação daquele lema pelo clube o faz perder jogos – designadamente quando enfrenta os rivais, sobretudo o FC Porto. Nos últimos 22 jogos com o seu adversário directo na Luz, o Benfica apenas venceu quatro, e perdeu dez. Há razões físicas e tácticas (também de algum modo relacionadas com uma cultura benfiquista ainda muito agarrada ao futebol bonito dos anos sessenta, quando tudo era diferente) que ajudam a explicar esse registo. Mas esperar que uma identidade candidamente desportivista vença em campo o ódio, o rancor, a faca nos dentes e o sangue nos olhos (afinal de contas o "contra tudo e contra todos") parece-me demasiado romântico no contexto do desporto português, e insuficiente para o combate que temos de travar. Deixa-nos em desvantagem óbvia, pois se para nós um duelo com os rivais é apenas um jogo (pelo Benfica), para eles é o jogo (contra o Benfica). Em alguns anos dá para ser campeão (como agora). Porventura menos do que aqueles em que podíamos e devíamos ser, até porque assim, para triunfarmos, a superioridade técnica tem de ser muito mais acentuada (como neste caso foi), e os custos provavelmente também.
O tema não é fácil. Mas só partindo da premissa de que temos do outro lado quem nos quer destruir podemos definir como queremos, de facto, actuar e/ou sentir.
Obviamente tudo isto tem a ver com mentalidade. Jamais com qualquer tipo de violência física ou mesmo verbal. Temos de querer ganhar pelo Benfica, mas também temos de querer ver os rivais sofrer – desportivamente, claro. Fazê-los pagar, em campo, pelo ódio que nos destinam. E todas as nossas equipas, no futebol e nas modalidades, têm de entrar nos campos, no pavilhões ou nas pistas, com esse tónico adicional. O "ódio" aos rivais é um poderoso suplemento anímico que, no triste contexto do desporto português, infelizmente não podemos dispensar
Ganhar pelo Benfica e contra os outros. Em campo. Depois, nas festividades, então sim poderemos ser simpáticos com toda a gente (como fomos).

RADIOGRAFIA AOS CAMPEÕES

ODYSSEAS VLACHODIMOS – Creio que já terá feito temporadas melhores, talvez por então ter estado mais exposto. Todavia foi, uma vez mais, titular indiscutível, quer no Campeonato, quer na Champions, e esteve sempre à altura das exigências. Não é Ederson nem Oblak, mas guarda-redes desse nível não estão, hoje, ao alcance do clube. É o seu segundo título, tendo já mais de duzentos jogos como titular do Benfica. Que continue por cá.

SAMUEL SOARES – Teve o seu minuto de glória no jogo do título. Ainda não foi posto à prova, pelo que ficaria mais tranquilo se o Benfica contratasse um suplente mais experiente, ficando Samu como terceiro guarda-redes e titular na equipa B. Terá o seu tempo, que ainda não é o presente.

ALENXANDER BAH – Apesar de se tratar de um internacional com provas dadas, durante meses deixou-me algo reticente, chegando a considerá-lo o pior jogador do onze titular. A verdade é que se lesionou no Benfica-FC Porto, quando o Benfica ganhava por 1-0 e estava virtualmente com treze pontos de vantagem. E depois, sem ele, foi o que se viu - até porque Gilberto, que começara bem a temporada entrou em queda livre de rendimento, obrigando à adaptação de Aursnes. Bah é muto bom a atacar, mas continuo a achar que carece de alguma solidez defensiva, embora dê a mão à palmatória quanto à sua importância na equipa.

NICOLAS OTAMENDI – Valeu pela experiência, pelo enquadramento de António Silva, pela voz de comando e liderança no balneário. É um jogador duro, dos poucos do plantel com músculo e fibra de combatente. Dito isto, também é verdade que cometeu alguns erros comprometedores, sendo o caso mais flagrante o jogo de Chaves. Com o salário que tem, não me choca que saia, desde que António Silva fique mais uma temporada.

ANTÓNIO SILVA – Este sim, foi cinco estrelas quase toda a época. É sem dúvida a grande revelação do campeonato, tendo em conta que começou como quarta ou quinta opção, e acabou como jogador de selecção e titular indiscutível. Pena o jogo de Alvalade, em que não foi feliz, mas isso faz parte do caminho que outros (lembro-me de Ruben Dias) percorreram até ao topo do mundo.

ALEJANDRO GRIMALDO – Fez a melhor temporada da carreira, mostrando-se peça chave da equipa campeã. Atacou como sabe, fez assistências e golos, e disfarçou melhor do que nunca as insuficiências defensivas. Acaba por sair pela porta grande, com vários troféus conquistados e uma imagem lavada.

GILBERTO – Arrancou como titular, e a sua fibra e empenho manteve-o nos primeiros jogos da época, pese a concorrência de Bah. Quando saiu do onze, talvez não o merecesse. A verdade é que depois, sempre que foi chamado, teve dificuldades em responder à altura – só ele saberá porquê. Perdeu espaço e sai do clube como campeão, título que lhe assenta bem.

MORATO – Não fora uma inoportuna lesão, e provavelmente não tinha havido António Silva. Morato estabelecera-se como titular ao lado de Otamendi, estava bem, e só perdeu o lugar por problemas físicos. A afirmação do jovem português impediu o regresso do brasileiro ao onze. Quando, esporadicamente, o teve de fazer, cumpriu.

LUCAS VERÍSSIMO – Prevalece a dúvida acerca da sua real condição física depois da longa paragem. Nos poucos momentos que esteve em campo, confesso que não gostei do que vi. Sei que era capaz de melhor. Não sei se voltará a ser. Disso (e de uma eventual transferência de António Silva) depende a necessidade do Benfica ir ou não ao mercado por um central.

MIHAILO RISTIC – Deste até gostei do que vi, não percebendo porque motivo não deu mais descanso a Grimaldo ao longo da época. Não vejo os treinos, mas em campo pareceu-me uma opção bastante válida, com doses suficientes de talento, força e intensidade.E até marcou um belo golo ao Estoril. Espero que possa ficar como segunda opção ao novo titular (Kerkez?).

JOHN BROOKS – Foi contratado num momento muito específico, e por motivos muito específicos, quando havia três centrais lesionados. A estrepitosa afirmação de António Silva tornou-o desnecessário. Não tem culpa. Merece um agradecimento.

JAN VERTONGHEN – Ainda é campeão, com toda a justiça, depois de ter jogado alguns minutos num dos primeiros jogos do campeonato. Um senhor dentro e fora do campo, ainda que já sem fôlego para mais do que aquilo que deu. Tudo de bom para ele.

JULIAN WEIGL – Quase as mesmas palavras de simpatia do que para Vertonghen, embora um esteja manifestamente em final de carreira, e o outro não tenha simplesmente tido perfil para jogar neste Benfica. Justa ou injustamente, fica ligado a um dos piores períodos da equipa encarnada neste século: entrou com o Benfica campeão e com sete pontos de vantagem no início de 2020, e sai no início da época de recuperação. A culpa não foi dele, mas também não terá sido totalmente por acaso.

FLORENTINO LUÍS – Quando era suplente de Tchouameni no Mónaco, dizia-se que “nem no Mónaco jogava”. O futuro explicou porquê. Só não percebo porque se apagou em 2020, e porque Jorge Jesus nunca o aproveitou. Foi titular na maior parte da época, e é opção válida para os próximos anos.

CHIQUINHO – Teve um papel fundamental no pós-Enzo, em que assumiu o lugar, senão com brilhantismo, pelo menos com competência. Foi muito importante para ultrapassar esse período, embora na parte final do campeonato acabasse por se apagar um pouco. Fez a melhor temporada da carreira, e a verdade é que só Roger Schmidt percebeu o seu potencial. Termina com um estatuto bem diferente daquele com que se apresentou há um ano.

ENZO FERNANDEZ – Nunca se saberá o que podia o Benfica ter feito, nomeadamente na Champions, se o argentino não tivesse saído em Janeiro. Até então foi claramente a estrela da companhia, esbanjando classe pelos relvados do país e da Europa. Forçou a saída, mas a verdade é que deixou muito, mesmo muito dinheiro. Decisivo na entrada de rompante no Campeonato, cuja pontuação até ao Mundial acabou por ser determinante para definir o vencedor.

FREDRIK AURSNES – Foi a surpresa do Campeonato, e argumentavelmente o melhor jogador da temporada. Serviu para tudo, até para queimar a imagem jogando como lateral-direito na ausência de Bah. Mas foi como médio que soltou todo o seu dinamismo, e toda a sua velocidade e inteligência táctica. Foi o pulmão da equipa, e até marcou golos importantes. Espero que seja possível mantê-lo por cá, mas temo que não seja fácil. Os grandes clubes raramente se enganam e sabem observar.

JOÃO NEVES – Só perde para António Silva como revelação da época porque o defesa jogou sempre, e o jovem médio só apareceu na ponta final. Apareceu, diga-se, num momento delicado, sendo titular pela primeira vez frente ao Estoril, justamente no pós-semana negra. A verdade é que se fixou de pedra e cal, sendo bastante importante para refrescar e equilibrar o meio-campo naquela fase. O golo em Alvalade foi um dos momentos do título. Acaba como a grande promessa para 2023-24, e se tudo lhe correr bem essa será a sua última em Portugal.

JOÃO MÁRIO – Outro que realizou a melhor temporada de sempre, sobretudo na primeira metade, em que mostrou também uma veia goleadora nunca vista – mesmo se descontarmos os penáltis que converteu. Foi titular em todos os jogos, excepto em Famalicão, depois a expulsão com o Vizela, por tirar a camisola após um golo obtido no último lance do jogo. Na fase derradeira da temporada apagou-se bastante, tal como outros. Podia ter sido mais poupado, mas isso não foi culpa dele.

RAFA SILVA – Para mim Rafa é…Rafa. Quem me lê sabe o quanto admiro o extremo/avançado benfiquista, que, desde Jonas, e com uma pequena intermitência de Darwin, considero o melhor jogador do Benfica. Por vezes faz-me lembrar Chalana, e isso não é para qualquer um. Em 2022-23 foi autor daquela que creio ter sido a melhor exibição individual de um jogador encarnado, designadamente na Luz frente à Juventus. Foram dele também os dois mais importantes golos na corrida ao título: Dragão e em casa com o Braga. Marcou também na festa final. Esteve lesionado no início da segunda volta, falhando alguns jogos. Demorou a recuperar a forma. Mas ainda chegou a tempo de voltar a ser brilhante e decisivo. Merece a camisola dez de Chalana, Valdo, Rui Costa e Aimar. E gostei de o ver cantar “eu amo o Benfica” no dia do título. Não conheço pessoalmente, mas, para além do talento, trata-se de uma personalidade que me desperta bastante curiosidade.

DAVID NERES – Foi o fantasista, o criativo, o abre-latas de serviço. Entrou como titular indiscutível e peça determinante no primeiro ciclo de vitórias. Com a afirmação de Aursnes numa ala, perdeu algum espaço no onze titular, não deixando de entrar quase sempre em campo (só não participou em três jogos), e muitas vezes para decidir. A dada altura parecia triste com a sua condição. E foi quando o Benfica passou pelo pior momento que Neres voltou a emergir para dar o toque de imprevisibilidade que parecia faltar à equipa. Um craque, que espero ver mais alguns anos de Manto Sagrado.

ANDREAS SCHJELDERUP – Tem dezoito anos, e isso (a menos que se trate de João Neves) diz quase tudo. Em todo o caso, a expectativa criada com a sua contratação foi, para já, defraudada. Vindo de paragem competitiva, demorou a aparecer. E depois, no pouco que apareceu, falo também da Equipa B, ficou longe de convencer. Não ficou provado que a troca de Diogo Gonçalves tenha sido benéfica para o plantel – que, no seu pior momento, careceu de opções de banco credíveis.

DIOGO GONÇALVES – Ainda participou em dez jogos, chegando a ser titular em dois. Schmidt até parecia gostar dele. Nunca foi um jogador brilhante, mas, pelo que disse atrás, talvez a sua dispensa tenha sido precipitada. Schjelderup nada acrescentou ao que Diogo poderia dar. Pelo contrário.

JULIAN DRAXLER – O grande flop do Benfica e porventura de toda a Liga. Era craque acima de suspeita, e vinha para fazer a diferença, mas as sucessivas lesões tiraram-lhe todo e qualquer protagonismo. Ainda jogou dez jogos, quatro como titular, mas o mais intrigante é que também nessa fase deixou uma imagem triste, pesada e sem cor. De bom, apenas as palavras de despedida, em que pediu desculpa aos benfiquistas por não ter ajudado mais. Que seja feliz e consiga recuperar pelo menos parte daquilo que já foi.

GONÇALO GUEDES – As semelhanças com Draxler são que veio emprestado, trazia grande expectativa, e sucessivas lesões tiraram-lhe protagonismo. A diferença é que ainda conseguiu ser importante, designadamente no início da segunda volta, quando suportou as ausências, quase simultâneas, de Ramos e Rafa. Além disso é um jovem da casa, o que facilitou a integração. Ao contrário de Draxler, pareceu sempre bastante feliz por estar cá, e se a sua condição física for debelável, espero que possa continuar.

CHER NDOUR – Fui surpreendido pela notícia de que estaria de saída, recusando-se definitivamente a renovar com o Benfica. Jogou uns minutos na Madeira, mas esteve no banco na maioria dos jogos da ponta final do campeonato. Schmidt parecia gostar dele, e o meio-campo precisa de alguém possante. Estranho estas opções de jovens que ainda não amadureceram e acham-se já muito melhores do que talvez um dia venham a ser. Como é possível um jovem recusar renovar pelo clube onde começava a ter oportunidades, que vai estar na montra milionária no próximo ano, e que tem sido um trampolim para a carreira de tantos craques portugueses e estrangeiros? É algo que me intriga. O mesmo é válido para Diego Moreira, que não jogou no campeonato, mas teve uns minutos das pré-eliminatórias da Champions.

GONÇALO RAMOS – Foi uma das estrelas do Benfica e do Campeonato, sendo neste momento o jogador com maior valor de mercado do plantel (o que faz com que dificilmente fique por cá). Demorou a convencer-me, e na fase final da época também se apagou ao ponto de muita gente (eu incluído) pôr em causa a sua titularidade. No meio realizou grandes jogos, marcando golos de todas as formas e feitios. Fosse responsável pelas grandes penalidades do Benfica e terminaria com cerca de trinta golos, só atrás de Haaland nas estatísticas dos principais campeonatos europeus. Acresce um Mundial extremamente afirmativo, e que lhe valeu grande notoriedade – ainda mais por estar directamente ligado à substituição de Ronaldo. É ainda muito jovem, e tem enorme margem para crescer, nomeadamente em termos atléticos, o que o dotará de maior resistência e capacidade de choque. Prevejo qualquer coisa como 80 milhões, e isso diz tudo.

PETAR MUSA – Chegou sem grande alarido, e a verdade é que foi uma bela surpresa. Está por saber o que valeria se fosse titular (e há jogadores que só rendem saídos do banco, lembram-se de Raul Jimenez?). A verdade é que sempre que entrou deixou a sua marca, com golos, assistências, bolas ganhas em duelos aéreos, e algumas coisas que nem Gonçalo Ramos conseguia dar aos jogos. Foi muito empenhado e importante, e talvez merecesse ainda maior utilização. Deixa grande expectativa para a próxima época.

CASPER TENGSTEDT – Quase diria o mesmo que disse de Schjelderup, com a diferença (importante) de que já não tem 18 anos. Sendo jogador feito, esperava-se muito mais. Acabou por não fazer muita falta, pois Ramos e Musa deram conta do recado. Mas cheira demasiado a flop. Oxalá esteja enganado e na próxima temporada justifique o dinheiro que custou – e também não foi pouco.

HENRIQUE ARAÚJO – Tal como Diogo Gonçalves por Schjelderup, também a substituição mo Inverno de Henrique por Tengstedt não provou trazer qualquer mais valia. O jovem madeirense ainda marcou na Dinamarca e em Israel. Mas também é verdade que não teve qualquer sucesso no seu empréstimo ao Watford, não sendo sequer titular na segunda divisão inglesa. Algo que me deixa desapontado, pois confesso que até acreditava mais nele do que em Gonçalo Ramos. Ainda não perdi a esperança, mas a próxima temporada pode dar a resposta definitiva sobre o futuro de Henrique Araújo – que está num momento chave da carreira, que tanto pode acabar no Real Madrid como no Odivelas.

RODRIGO PINHO – Entrou em quatro partidas, duas delas frente ao PSG. Muito marcado pelas lesões, nunca deixou perceber o que realmente valia. Acredito que, noutro contexto, pudesse ser uma espécie de Musa, embora com características totalmente diferentes. Deixa boa imagem, mas pouca utilidade para o clube.

ROMAN YAREMCHUK – Por diversas razões, algumas extra-desportivas, Roman Yaremchuk foi um jogador bastante simpático aos benfiquistas. Prova disso, a ovação dispensada aquando do Benfica-Brugge. Em campo, porém, e talvez fruto de circunstâncias, lá está, fora do âmbito do futebol, nunca provou ser o ponta-de-lança de que a equipa precisava. Na primeira época havia marcado uns golitos importantes. Nesta ainda participou nos dois primeiros jogos, e depois, sem espaço no plantel, porventura demasiado pesado na folha salarial, partiu para a Bélgica. As maiores felicidades para ele e sua família.

Treinaram com a equipa, e/ou estiveram no banco sem utilização no Campeonato ainda os seguintes jogadores: André Gomes, Helton Leite, João Tomé, André Almeida, João Victor, Gil Dias, Rafael Rodrigues, Paulo Bernardo, Martim Neto, Hugo Félix e Diego Moreira.

O GRITO QUE FICOU ATRAVESSADO

De todas as formas de festejar um campeonato, a minha não foi certamente das melhores. Depois de resistir durante mais de três anos, a covid apanhou-me, com uma pontaria lamentável, na véspera do jogo do título. Fui obrigado a assistir ao jogo e à festa pela TV, deitado com dores de cabeça e febre. Ironizando, diria que, para mim pessoalmente, este título foi à...Sporting 2021.
Escrevinhei por aqui o que pude, e como pude. Agora já estou bem.
Enfim... Trágico seria perder o Campeonato. Isso não aconteceu, mas sinto-me desde já credor de um 39 em grande para, daqui por um ano, festejar duplamente.
Assim que possível farei um pequeno balanço daquilo que foi a época do Benfica. Por agora fica esta justificação aos leitores para o facto de ter sido tão lacónico num momento que se queria tão empolgante.

MAIS DO QUE JUSTO

Mais golos marcados, menos sofridos, mais vitórias, menos empates e derrotas. Sobretudo, mais pontos.
Para além dos números, meses seguidos de futebol espectacular e esmagador. É depois de uma semana negra, solidez competitiva até final. 
O FC Porto? Irregularidade e mediocridade na primeira fase da temporada, e uma sequência de vitórias cinzentas a fechar.
No meio, um jogo na Luz, após paragem de selecção e antes de Champions. Único momento de toda a temporada em que o FC Porto foi melhor, também por ser mais especialista em não deixar jogar (física e tacticamente) os adversários do que em fazer o seu próprio jogo - algo, diga-se, com que o Benfica de Schmidt terá de aprender a lidar na próxima época.
No global da época o Benfica não foi melhor. Foi MUITO melhor. E nos últimos campeonatos nem tenho memória de superioridade tão grande de uma equipa em relação aos rivais. 
As palavras de Sérgio Conceição foram pois ridículas, ou até penosas. 
Aliás, este campeonato já devia estar resolvido há muitas jornadas, e os dois pontos de diferença não reflectem, de modo algum, a diferença de desempenho, regularidade e brilhantismo, entre as equipas.
Voltarei a falar do titulo e do campeonato nas próximas horas ou dias. 

ONZE PARA O TÍTULO


 

OS ÚLTIMOS TÍTULOS

Dos últimos vinte campeonatos ganhos pelo Benfica, apenas quatro foram selados na última jornada (04-05, 09-10, 15-16 e 18-19), o último precisamente em casa com o...Santa Clara. Em todos eles o Benfica já comandava a classificação (penso que só uma vez na história tal não sucedeu, no célebre golo do Sporting ao Belenenses em 1955), sempre com vantagem de pelo menos dois pontos (não esquecer que até 1997 a vitória apenas valia dois). Talvez o mais dramático destes vinte tenha sido o de 2004-05, pois o jogo era no Bessa, e o título escapava havia onze anos: o FC Porto jogava em casa com a Académica, e o Benfica não podia perder.
Já agora, a título de curiosidade pessoal, devo dizer que estava nos estádios nos títulos de 1987, 2005, 2010, 2014, 2016, 2017 e 2019. O de 2015 vi pela TV. Os restantes, desde 1977, ouvi pela rádio.

É PRECISO LEMBRAR ISTO

Quanto se discute um lance do "Dérbi" que na altura não foi reclamado por ninguém, que não merece qualquer consenso, cujas regras ninguém parecia saber, e que para mim é absolutamente legal (falo do segundo golo do Benfica, e do contacto promovido por Coates sobre Florentino - que está em fora-de-jogo meramente posicional), ignora-se que o terceiro golo do FC Porto em Famalicão, e que lhe dá vantagem, nasce de um cruzamento de Pepê com a bola já fora do campo (sem falar do penálti fabricado por Otávio logo na aurora do jogo).
Mais grave do que, com régua e esquadro, confirmar se a bola saiu ou não, são os factos de o VAR não ter visto, ou querido ver/mostrar as imagens (que anulavam de imediato o lance, tornando desnecessária a questão do corte subsequente do defesa famalicense ter sido ou não com a mão), e da Sport Tv as ter omitido durante o resto da partida, só as emitindo, ao de leve, no programa de arbitragem que se segue aos jogos - e de onde tirei a foto acima.
Este sim, foi o caso da jornada, que foi intencionalmente subtraído ao debate mediático.
Devo dizer que raramente vejo jogos do FC Porto. Só os contra o Benfica, e um ou outro da Champions. Dadas as circunstâncias, segui as últimas duas partidas (Casa Pia e Famalicão). Fiquei enojado. As coisas são ainda pior do que parecem, e aparecem, nos resumos.
Nesta fase da temporada, o FC Porto tem sido levado ao colo, e só isso lhe permite ainda sonhar com o título. A impunidade é total, e a dualidade de critérios gritante. Como estavam muito mal habituados, ainda reclamam. Aliás, as partidas deste FC Porto são um festival de simulação, provocação e pressão sobre todos os outros agentes. O pior é que isso, em Portugal, dá resultados. E ainda elogios.

ATÉ SOUBE BEM

 O resultado do derbi foi justíssimo. Primeira parte toda do Sporting. Segunda toda do Benfica.
Foi pena que os encarnados demorassem 45 minutos a entrar no jogo. Caso contrário havia festa já hoje.
Ainda foram a tempo de um empate que, dado o curso dos acontecimentos, e até pelo momento em que foi obtido, acaba por ter algum sabor. Bem como a importância de, a menos que o árbitro do jogo do FC Porto assinale onze penaltis, um empate diante do Santa Clara bastar para assegurar o título.
Agora é trabalhar durante a semana, e preparar a última final. Espero também que a Liga tenha o bom senso de marcar os jogos para sábado.
Individualmente destacaria Aursnes, a partir do momento em que foi para a sua posição natural. Que diferença... 
O árbitro não interferiu no resultado. 


 

VASCO SANTOS+VERÍSSIMO+SPORT TV

Um gang que mantém o FCP na luta.
A arbitragem, e sobretudo a video arbitragem, de Famalicão, entram para a história deste campeonato como um dos seus momentos mais negros. A liga portuguesa tem caído no ranking, e merece-o. Isto não é uma liga. É uma farsa.
E a Sport TV patrocina, com comentadores nebulosos (quo vadis Freitas Lobo), e ausência conveniente de repetições importantes - como no lance que antecede o penalti do 2-3, e que só foi repetido muitos minutos depois... do jogo terminar.
Até foi marcado um penalti sobre uml jogador que nem sabia ter sofrido qualquer falta... 
Começo a temer que, assim, o Benfica nem ao Santa Clara ganhe. Com estes gangsters, nada é impossível ao FCP. Com isto a terminar, vale tudo. Os penaltis que forem precisos, e se os falharem, são repetidos. 
Que nojo! 

A MARAVILHOSA BILHÉTICA DO BENFICA

Infelizmente, esta é uma imagem bem conhecida de muitos dos sócios do Benfica. Infelizmente, porque a metodologia e os critérios para venda de bilhetes em jogos de enchente - nomeadamente os jogos fora de casa na fase decisiva da temporada - são definidos e idealizados por pessoas que provavelmente nunca compraram um bilhete de futebol na vida.
Já tinha trazido aqui o assunto noutra ocasião. Para os jogos com o Portimonense, e agora o de Alvalade, o caos foi total, e quase faz suspirar pelo regresso ao tempo em que se tinha de ir dormir para uma fila nas bilheteiras do estádio (coisa que também já fiz no passado).
Neste caso concreto (Alvalade), o critério foi, desde logo, absolutamente obtuso. Uma primeira fase para os detentores de Red Pass que não falharam nenhum jogo na Luz (até aí, de acordo), mas depois, o segundo lote de bilhetes disponibilizado já era para todos os sócios em geral, mesmo sem Red Pass. Ou seja, quem paga Red Pass (até pode ser há vinte anos), esteve em 15 dos 16 jogos na Luz, foi a todos os jogos fora de casa, e é sócio de 50 votos, fica sem qualquer possibilidade objectiva de adquirir bilhete para a partida que pode decidir o título.
E não tem possibilidade objectiva porque a App também não funciona. Ou melhor, é daquelas tecnologias muito bonitas para ganhar prémios, mas que apenas funciona quando não é preciso. 
Há quem entre na App (ou no site) a um dado momento e lhe apareça mais de uma hora de espera, e quem entre depois e lhe apareçam apenas alguns minutos. É estúpido, mas irrelevante: uns e outros chegam ao fim do tempo e a mensagem é a mesma "bilhetes esgotados". Quando não é pior, permitindo escolher bilhetes e lugares, depois não permitir o pagamento, e com a demora cair. Ninguém me contou, já me aconteceu tudo isso. 
Haveria processos relativamente fáceis. O critério de presenças é justo, mas teria de ser consequente (16, 15, 14 etc). O critério de antiguidade, quer de sócio (que serve, por exemplo, para eleger os órgãos sociais), quer de Red Pass, também me pareceria adequado. Eventualmente, um ranking agregado, que até já existiu, na altura da pandemia. Ou, no limite, um rateio. Tudo menos esta farsa virtual que apenas irrita, causa perdas de tempo e injustiças gritantes, sendo um paraíso para os candongueiros - muitos bilhetes já "voaram" para o Viagogo, e lá estão entre os 136 e os 290 euros, para quem quiser e/ou puder. 
Em nome da transparência, e antes de outras auditorias que servem mais para a especulação mediática do que para qualquer outra coisa, era também interessante que os sócios do Benfica soubessem como são distribuídos quantitativamente os bilhetes neste tipo de jogos (tantos para aqui, tantos para ali e tantos para acolá). Desconfio que a maior parte deles nem chegue à bilheteira virtual, e siga directamente para as claques (que, diga-se, formalmente não existem), e para aqueles que atiram tochas às bancadas adversários penalizando reiteradamente o clube com multas avultadas. É que esses aparecem lá sempre (pelo menos os que não revendem os bilhetes no mercado negro), e duvido muito que passem por filas ou aplicações kafkianas. Até desconfio que sei quem lhes faz chegar os bilhetes, mas isso fica para mim.
Quanto à App, é tão ridícula que talvez fosse melhor nem existir.

O GRIMALDO QUE VAI

Devo respeito a um jogador que fez mais de 300 jogos com a camisola do Benfica, mais de 50 na Champions League, e vai a caminho do quarto Campeonato, depois de ter também conquistado uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e três Supertaças, sendo quase sempre titular.
Dito isto, e depois de fazer a minha vénia, digo também que Grimaldo nunca foi dos meus jogadores preferidos. Quer dentro, quer fora do campo.
Dentro, porque entendo que a primeira missão dum lateral é defender, e o espanhol não é um grande defensor. Esta época está a ser a sua melhor nesse aspecto, e o final de contrato talvez tenha a ver com isso. Mas o balanço tem de ser feito globalmente. Desde 2016, foi quase sempre um lateral suave nos duelos, muitas vezes desposicionado, sendo que a sua morfologia física também não ajuda. A atacar, sim, é bastante bom. Tem a mais-valia dos livres. Cruza bem. E foi isso a valer-lhe a confiança dos vários treinadores que o orientaram no Benfica: Rui Vitória, Bruno Lage, Nélson Veríssimo, Jorge Jesus e Roger Schmidt.
Fora do campo porque me pareceu sempre alguém sem grande carisma, e o episódio de Paços de Ferreira permanece vivo na minha memória. No final da temporada passada, fosse eu a fazer a lista de dispensas, e o espanhol tinha ido à sua vida como foram tantos outros. Ficou, fez uma grande época, ainda bem para ele e para o Benfica. Recusou renovar, pedindo mundos e fundos. Agora não me obriguem a ficar com saudades. 
Faltam dois jogos para terminar o campeonato, e era o que faltava o Benfica ser prejudicado e não o utilizar, tendo contrato com ele até ao próximo mês. Espero profissionalismo (há de querer ganhar os prémios do título), e depois, adeus. Ficarão os números, o respeito, mas não propriamente a admiração.
PS: Não conheço Kerkez a não ser de nome e fotografias. Mas tenho receio que um lateral de 19 anos, franzino, não venha a ser a solução para um Benfica que gostaria de ver mais forte, tacticamente mais rigoroso e mais musculado - ou seja, para poder ganhar ao FC Porto.

25 ANOS, 12 VITÓRIAS, 7 EMPATES, 6 DERROTAS

SPORTING-BENFICA EM ALVALADE PARA O CAMPEONATO:

O Benfica dá-se bem em Alvalade. É o que dizem os números:12 triunfos nos últimos 25 anos, três nos últimos quatro, apenas uma derrota nos últimos dez.
O primeiro jogo de campeonato de que me lembro foi o Sporting-Benfica de 1976-77, e os encarnados perderam por 3-0. Mas depois, desde uma vitória com um golo solitário de João Alves de penálti, em 78-79, a deslocação a Alvalade tornou-se o meu jogo favorito de cada ano.
Na Luz há uma espécie de obrigação de vencer, que retira o encanto do dérbi. Ganhar é apenas cumprir, e perder é trágico. Já em Alvalade, ganhar tem um sabor especial, e se as coisas correrem mal, a menos que se perca por 7-1, paciência. 
Sobretudo agora que ganhar vale título, e perder...vale título só na semana seguinte.
Atenção: tacticamente, este dérbi tem contornos diferentes da temporada passada, quando o Benfica ganhou em bloco baixo, dificultando muito a tarefa de Ruben Amorim (que sem espaços não é nada). Este Benfica dá mais espaços, pelo que o jogo, paradoxalmente, pode tornar-se mais difícil.

QUASE, QUASE


À grande exibição que havia realizado diante do SC Braga, o Benfica juntou agora eficácia goleadora, esmagando o Portimonense, e dando um passo talvez decisivo rumo à conquista do 38. Cinco golos, mais dois anulados, duas bolas nas barras, um penálti por assinalar. Podíamos, de facto, ter assistido a um resultado histórico. Vimos um festival de futebol ofensivo. Onze diabos à solta.
Neste momento, já ninguém acredita que este título escape ao Benfica. Mesmo que perca em Alvalade, recebe o último classificado em sua casa na última jornada. Bastam três pontos. Como alguém diria: é fazer as contas.
Do ronda algarvia sobressai a grande exibição (mais uma) do menino João Neves. O Benfica, neste momento, é ele e mais dez. Afinal estava em casa, e à mão de semear, o verdadeiro substituto de Enzo Fernandez.
Destaque ainda para outra excelente prestação de Neres, para o regresso aos golos de Ramos, e para a eficácia tremenda de Musa - com um bis em cerca de cinco minutos.
Agora é vencer em Alvalade, como aconteceu em três dos últimos quatro anos. E fazer a festa o mais depressa possível.

ONZE PARA DEFRONTAR O PORTO-B, AS MALAS, O ASD E TUDO O RESTO


 

A HORA MAIS NEGRA

Faz hoje dez anos, vivi o momento mais duro em cinco décadas de benfiquismo apaixonado. Nem antes, nem depois, sofri tanto com um resultado, com um golo, com um momento desportivo de qualquer natureza, como com aquele maldito pontapé de Kelvin, que tirou um título que o Benfica tanto merecia, e cujas imagens só alguns anos depois fui capaz de rever.
O futebol é paixão. É um brinquedo de emoções, boas e más - umas existem por causa de outras, e vice-versa.
Passei por os 7-1 de Alvalade, os 7-0 de Vigo, os 0-5 e 5-0 com o FC Porto, os 5-0 em Basileia, a eliminação pelo Gondomar, duas finais europeias perdidas nos penáltis e uma nos descontos, para além de outros campeonatos perdidos nas últimas jornadas, ou eliminações internacionais dramáticas. Mas nada me tocou como aquilo. Talvez porque não estivesse à espera, ou já não estivesse à espera. Talvez porque a época estava a ser maravilhosa, e como tal, com elevado investimento emocional. Não sei. Mas foi o momento mais triste que vivi enquanto adepto, e que por vezes me parece ser irrepetível.
Noutras situações e contextos, tive momentos de revolta por influência das arbitragens. Horas de desânimo, como as goleadas que acabei de referir. Ali não. Foi apenas tristeza. Tristeza profunda. 
Foi marcante, e, por muito que queira, jamais irei esquecer.
Como as lágrimas também são parte deste jogo, não deixo de o evocar - como se evocam as tragédias.

MÉDIA RECORD

Ainda falta uma partida, mas é já seguro que o Estádio da Luz vai registar uma média record de espectadores, entre os 56 e os 57 mil por jogo. Naturalmente, é também record nacional, não havendo muitas equipas na Europa com números superiores.
O speaker é que não tem de agradecer sistematicamente a presença dos benfiquistas no Estádio - que é algo que me irrita particularmente. Ele pode agradecer é por estar ali a ganhar a vidinha, quanto a mim sem grande utilidade. Os benfiquistas não são clientes: aquela é a nossa casa.

ÚLTIMA CARTADA: Soares Dias

Olhando para o calendário, não é difícil perceber que a última chance do FC Porto poder ser campeão passa por uma escorregadela do Benfica em Portimão. Vencendo no Algarve, os encarnados podem saltar tranquilamente o jogo de Alvalade, e selar o título em casa diante do último classificado. Por isso, este é o momento de jogarem as fichas todas.
Temos pois um estádio difícil. Temos ainda uma equipa arreganhada, forte fisicamente, e que na primeira volta vendeu cara uma derrota tangencial na Luz, que nos últimos cinco jogos apenas perdeu em Braga - tendo agora certamente uma mala à espera num qualquer hotel da região. Temos também um clube hostil, liderado por gente pouco recomendável e muito próxima do FC Porto. Faltava uma peça neste puzzle, e ela chegou com a nomeação de Artur Soares Dias (para mais acompanhado no VAR por Cláudio Pereira - outro que tal).
Nada vai ser fácil para o Benfica nesta deslocação. Este é o último verdadeiro obstáculo, e está a ser muito bem preparado por quem não quer ver festas benfiquistas. Há que estar alerta, e não dar hipóteses de reacção. Há que entrar a matar, e resolver cedo o jogo. O campeonato não está ganho, e Portimão pode fazer perdê-lo. Agora é este o jogo do ano.
Contra tudo e contra todos.

TRI-CAMPEÃS

Houve mais títulos no fim-de-semana (Voleibol e Polo Feminino), mas sendo este um espaço dedicado essencialmente ao Futebol, não poderia deixar de destacar o Tri-Campeonato Feminino do Benfica (ainda que com algum atraso ditado por afazeres profissionais), selado a norte, quando ainda faltam duas jornadas para disputar.
Deixo também um desafio aos leitores: há algum grande clube europeu que ainda não tenha equipa feminina? 

O BENFICA VOLTOU!

Pressão, intensidade, concentração, rapidez e talento. Foram estes os ingredientes da receita para asfixiar o Braga do primeiro ao 118° minuto da partida, e voltarmos finalmente a ver em campo o grande Benfica da primeira metade da época.
Mais ainda do que a vitória, a exibição da equipa encarnada (que, confesso, me surpreendeu, pois já não a esperava nesta fase da temporada) faz-me acreditar que o título está, de facto, mesmo ao virar da esquina. Com este nível, o Benfica não perde mais pontos.
O Braga não conseguiu jogar. Tal não lhe foi permitido por um Benfica a colocar a alma em cada disputa de bola. E enquanto o resultado esteve a zeros, pareceu conformado com isso. Só Bruma assustava pontualmente a defesa encarnada, pois a meio campo, a ausência de Al Musrati - para mim, o melhor jogador da equipa - e a omnipresença de João Neves, deixavam o domínio completo aos da casa. A ineficácia benfiquista diante da baliza (Ramos precisa urgentemente de uma ida ao banco) foi criando suspense num jogo em que só o resultado era equilibrado.
Rafa foi o justiceiro, marcando o golo do triunfo. Ele que não marcava há já bastante tempo, mas que voltou na hora certa, e  acaba provavelmente por ser o autor dos dois mais importantes golos da Liga - este e o do Dragão.
Mas se falarmos de individualidades, o maior destaque da noite é para João Neves e David Neres, entre os quais tenho dificuldade em escolher o melhor em campo. O jovem médio é um caso sério, e em condições normais não sai mais do onze encarnado até ser vendido por umas quantas dezenas de milhões. O extremo brasileiro está em grande forma, e assim é titular indiscutível desta equipa. Aquele passe... 
O árbitro não teve vida fácil, mas, mais cartão menos cartão, também não teve qualquer influência no resultado final. 
Agora é dar a vida em Portimão. Três pontos no Algarve, e a coisa estará praticamente feita.

NOTA: gostei da recepção a Pizzi. Como se percebe, já não tinha condições para jogar no Benfica, mas será sempre um nome incontornável na história recente do clube. 

ONZE PARA O JOGO DO ANO


 

MENOS UMA

A grande notícia da vitória em Barcelos, para além dos três pontos, é que falta menos uma jornada para acabar o campeonato.
Depois da semana negra das três derrotas, o Benfica empatou em Milão e venceu dois jogos. Digamos que, em termos de resultados, as coisas voltaram à normalidade. Mas, por muito boa vontade que se ponha na análise, é preciso dizer que, para ganhar ao Braga, e eventualmente em Alvalade, vai ser preciso bastante mais.
A primeira parte até foi razoável. Faltou um ponta de lança, pois Gonçalo Ramos tem sido um jogador a menos. Mas o mais preocupante foi a fase inicial do segundo período, quando o Benfica tinha de entrar com tudo, e pareceu absolutamente manietado pelo treinador gilista.
A dado ponto tudo parecia cheirar a Chaves. Valeu a fortuna, e valeu o banco, que trouxe vivacidade, e trouxe enfim um ponta de lança (bom ou mau, mas presente).
Há de facto jogadores em muito má forma. Além do caso-Ramos, também João Mário, por exemplo. Sendo que Rafa já mostrou um pouco mais daquilo que vale. 
Frente ao Braga, espero um João Mário bem melhor, um Bah de regresso ao seu lugar, o desvio de Aursnes para o meio-campo, e a titularidade de Musa. E assim acredito numa vitória - da qual, creio, depende o título. 
Fábio Veríssimo trocou os lances no penalti. A falta era sobre Otamendi, e daria segundo amarelo ao defesa do Gil. A mão que considerou é, digamos, duvidosa, e apenas serve para alimentar especulações -  como o previsível O Jogo se apressou a mostrar. 

ONZE PARA BARCELOS


 

CAÇA AO BENFICA?

Já estava à espera disto. Quando as coisas apertassem, as nomeações, e as respectivas arbitragens, entrariam na luta pelo título.
Ora aí está: Fábio Veríssimo para tirar pontos (e cartões amarelos) ao Benfica.
Independentemente da (im)parcialidade do leiriense (que a história nos lembra ser muito duvidosa), é um facto, que até o próprio assumirá, tratar-se de um árbitro com critério apertadíssimo na mostragem de cartões. O homem certo, pois, para dizimar a defesa do Benfica, com António Silva, Otamendi e Grimaldo à bica. O jogo seguinte é com o Braga.
No dérbi portuense, o VAR nomeado, Cláudio Pereira também tem que se lhe diga.
Sejam quais forem os resultados, quem parece querer levar já uma faixa de campeão é Fontelas Gomes.
Depois das queixas sobre Sérgio Conceição e Pinto da Costa, o Benfica tem de comer e calar, sob pena de fazer aquilo de que se queixou.
Mas fora do plano institucional há forma, e gente, para denunciar este caldinho. Depois, pode ser tarde demais.

MUITO AINDA PARA SOFRER

Era imperioso ganhar: o Benfica venceu, e manteve distâncias para a concorrência, ficando a faltar menos uma jornada.
Era conveniente fazer uma boa exibição e afastar todos os fantasmas: nesse sentido, perante um adversário frágil (e amputado do seu melhor jogador), a prestação encarnada foi intermitente. A primeira parte foi prometedora, mas de grande ineficácia ofensiva, e a segunda marcada pelo baixo ritmo que a partida tomou, com a pressão encarnada a léguas daquilo que se viu na primeira metade da temporada. Se João Mário e Rafa mostraram ligeiros sinais de melhoria, já Gonçalo Ramos “não esteve” em campo. E Otamendi, mau grado o golo, voltou a evidenciar falhas gritantes na abordagem a alguns lances.
Além da vitória, há que destacar as excelentes exibições de Neres e João Neves, as duas novidades no onze. O brasileiro foi determinante no lance que decidiu o jogo, e esteve nos melhores momentos do Benfica na primeira parte. O jovem médio confirmou as boas indicações que já havia dado, sendo titular pela primeira vez, e realizando os noventa minutos. Com ele, o meio-campo flui com maior rapidez e verticalidade. Uma alternativa a considerar no imediato.  Musa marcou um belo golo, anulado por um fora-de-jogo no início do lance, e também ele mostrou que afinal há banco.
O árbitro apitou demasiado, como é seu timbre. Terá ficado um penálti por marcar, sobre Aursnes. E aceitaria que Otamendi tivesse visto o segundo amarelo já no fim da partida.
Percebo o que diz Schmidt sobre o VAR. De facto, é preciso perceber-se se apenas intervém em lances claros (como diz o protocolo), ou se esmiúça pequenos toques que por vezes até passam despercebidos aos próprios jogadores em campo. É que o critério umas vezes é um, e noutras vezes é outro. Se se marcam penáltis como o do último Benfica-Sporting, ou o do Benfica-Inter, ou o do Paços-FC Porto, tem de se marcar também os de Braga-Benfica e Inter-Benfica. Ou então não se marca nenhum. Tem é de haver um critério que todos os intervenientes entendam.
Globalmente, o Benfica melhorou, subiu mais um degrau da escada que tinha começado a subir em Milão, e creio que uma vitória em Barcelos porá um ponto final na crise, trazendo de volta a normalidade – com vista às últimas e decisivas quatro jornadas. Barcelos (fora de casa, campo difícil, adversário aguerrido) será pois mais um teste de fogo. O próximo.
A menos que o FC Porto entretanto escorregue, creio que o caminho do título passa por chegar a Alvalade com estes quatro pontos de vantagem. Para isso é preciso vencer em Barcelos e em Portimão, bem como o Braga na Luz. Para o Benfica do último Outono, era canja. Para este, uma tarefa difícil e exigente.

MUDAR, MEXER, AGITAR, SURPREENDER

No "Leopardo", de Lampedusa, a dada altura dizia-se que era preciso mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma. No Benfica, de Schmidt, parece-me que neste momento também será preciso mudar alguma coisa para que, neste caso, a classificação fique na mesma. Otamendi tem cometido erros a mais, e vem de dois jogos ao nível do lixo (que podem ser o seu fim de linha no clube). Chiquinho perdeu o estado de graça, embora a sua saída do meu onze tenha mais a ver com questões tácticas. Rafa precisa de banco. Neres precisa de ser titular. E toda a equipa, que me parece algo cristalizada, precisa de surpreender o adversário - sendo a colocação de dois pontas-de-lança uma forma de o fazer. Para mim é fácil, pois ninguém me vai pedir responsabilidades se correr mal. Em todo o caso, arrisco lançar esta proposta.

ÚLTIMOS DEZ JOGOS FORA

10 jogos, 6 vitórias, 4 empates, 0 derrotas, 23-10 em golos. Passagens incólumes por Camp Nou, Amsterdam Arena, Anfield Road, Turim, Parque dos Príncipes e San Siro, entre outros. Continua em Setembro...

MELHORES ATAQUES -CHAMPIONS 22-23


 

RANKING UEFA

A sombreado as equipas ainda em prova (azul Champions, rosa Europa, verde Conference).

FOI EM LISBOA...

E o milagre não aconteceu.
Era disso que o Benfica precisava para passar uma eliminatória que (irremediavelmente, viu-se agora) comprometera em Lisboa, mas do outro lado estava uma equipa experiente, cínica, com grandes executantes, particularmente talhada para defender resultados, e que nunca deixou que houvesse discussão sobre quem chegaria às meias-finais.
Três golos marcados, uma bola no poste, uma grande penalidade sonegada, são dados suficientes para não desmerecer da exibição encarnada, sobretudo ao longo da segunda metade. O Benfica correu muito, lutou muito e, mesmo sem deslumbrar, fez o melhor jogo dos últimos cinco (incluindo aqui o de Vila do Conde).  O empate obtido naquele forcing final de dignidade premiou esse esforço - que, mau grado a já esperada eliminação, deixa uma janela de esperança para as próximas partidas.
Há de facto jogadores nucleares em má forma (identifico Otamendi, João Mário, Rafa e Ramos), mas Schmidt ficou a saber que afinal tem banco. Neres, Neves e Musa entraram muito bem. Guedes está à procura da melhor forma, mas é um jogador experiente e de grande qualidade. Não é preciso insistir sempre nos mesmos. É possível fazer substituições.
Já mencionei a grande penalidade sobre Aursnes. É inconcebível o VAR não assinalar aquele lance. Na altura poderia dar o 1-2, e ninguém sabe o que mais. Manteve-se a tradição: sempre que o Benfica chega aos quartos-de-final da Champions há alguém que diz “já chega”. Assim é (ainda mais) difícil.
Fica uma eliminação decepcionante (sobretudo pelas expectativas criadas), definida na primeira mão, mas as notícias da morte deste Benfica talvez tenham sido exageradas. O que jogou, correu e lutou em San Siro, dará, em princípio, para bater o Estoril, o Gil Vicente, e enfrentar o Braga já noutro contexto temporal e desportivo.
Como balanço, há que sublinhar uma grande Champions dos encarnados (a segunda consecutiva), desde as catacumbas das pré-eliminatórias, até aos oito melhores do mundo. O sorteio criou a ilusão de que seria possível ir ainda mais longe. A verdade é que o orçamento do Inter é muito superior. E nestas fases isso (que se traduz em qualidade individual e experiência) é muito importante.
Findo o sonho, agora há que despertar com todas as forças para a realidade, e vencer o 38.

PARA TENTAR UM MILAGRE


 

ESTADO DE CHOQUE

É inacreditável como, numa semana, o Benfica passa de uma temporada sublime, da possibilidade de fechar o campeonato com 13 pontos de vantagem, e da hipótese de fazer história na Champions, para uma caricatura de si mesmo, deixando tudo em causa, e correndo sérios riscos de perder um campeonato de forma fantasmagórica, e com isso deixar-se cair para um abismo de consequências imprevisíveis.
É preciso dizer, em nome da verdade, que a sorte também não tem ajudado. Pelo menos com o Inter e agora em Chaves, os resultados podiam ter sido um pouco menos penalizadores. As arbitragens não surpreendem, e metem o dedo, mas isso já se esperava. É preciso também notar que não parece haver menos vontade ou empenho dos jogadores. Mas quando se entra nesta espiral negativa, nunca se sabe quando, ou se, se vai sair dela.
Nem 2013, nem 2020 (campeonatos perdidos de forma dramática) se poderão assemelhar à eventualidade do Benfica deixar escapar este título. Seria algo para entrar na história, não só do futebol português, mas também do europeu.
Para já nem quero pensar nisso. É preciso manter alguma serenidade, e agarrar a vantagem que ainda existe. É preciso ganhar rapidamente (ao Estoril, depois ao Gil...) , recuperar a confiança, e os adeptos também têm um papel importante nessa matéria.
Não sei que mais escrever. Podia especular com as férias concedidas, ou com a insistência no mesmo onze, ou com substituições tardias ou erráticas. Acho extemporâneo fazê-lo. O Benfica ainda lidera a classificação, e só no fim se tiram conclusões. 

NERES? ENTÃO E EU?

Após a derrota com o Inter, David Neres saiu de campo irritado, e não quis cumprimentar ninguém.
Se eu aqui contasse como fiquei depois desse jogo e no dia seguinte, diriam que era louco ou estava doente. E no meu caso, o futebol é "apenas" um brinquedo de emoções, não a minha profissão.
Estas duas derrotas foram particularmente duras. Para mim, sobretudo a segunda, pois francamente não estava à espera que a eliminatória com o Inter, e a eventualidade de uma Champions histórica, ficassem desde logo comprometidas em Lisboa.
Neres gostava de ter sido titular, não foi. Entrou, deu tudo, tentou ajudar, não conseguiu. A equipa perdeu. Seria estranho que saísse contente. O que não suporto, nem tolero, é profissionais que, na hora da derrota, reagem com ligeireza, como se nada fosse. Esses sim, estão totalmente errados. Esses sim, estão a mais no Benfica.
Que Neres seja titular em Chaves, e reverta para campo a sua raiva. É dessa matéria que se fazem campeões. Aliás, em Chaves espero um enorme grito de revolta de toda a equipa.
Tentar transformar isto num caso disciplinar é absurdo, ou outra coisa bem pior.

NADA DE FANTASIAS

O sonho da Champions morreu. E como é óbvio, já não adianta estar a alimentar um morto.
O Campeonato, esse sim, continua bem vivo. E é nele que o Benfica deve apostar as fichas todas. Mesmo TODAS!
Faltam sete finais, que até podem ser apenas cinco (caso as ganhe). Dessas, penso que as próximas três são absolutamente fundamentais. Vencendo Chaves, Estoril e Gil Vicente, cumprindo a obrigação nessas partidas, o Benfica poderá depois gerir a vantagem de sete pontos no trio de jogos seguintes, teoricamente mais difíceis. Deixar contas por fazer com Braga e Sporting é, não só arriscado, como pode vir a ser arrasador em termos anímicos.
Esqueçam por favor San Siro. É um caso perdido. Há que agarrar com todas as forças o pássaro que ainda está na mão. E começar por ganhar, seja de que forma for, em Chaves.


FALTA DE SENSO

Um VAR holandês no Benfica-Inter, quando Portugal discute com a Holanda o lugar no ranking da UEFA, não lembra a ninguém. Só a uma UEFA perdida no seu labirinto.
Michael Oliver esteve mal, em campo. Mas o VAR mostrou clara parcialidade, o que não espanta. Afinal estava ao serviço dos interesses da sua Federação.
As arbitragens da Champions até tinham sido boas até agora. Esta foi claramente a pior, no momento em que tal menos devia acontecer.

PESADELO

 

Não tenho ilusões: a oportunidade de fazer história na Champions caiu por terra com esta derrota.

Seria preciso realizar a melhor exibição do século (e encontrar um Inter bastante ensonado) para reverter, em Milão, uma desvantagem de dois golos. Matematicamente é possível. Futebolisticamente, não. Estamos a falar de uns Quartos-de-Final da Champions, onde ninguém dorme, muito menos em sua casa, e quando se tem jogadores como Brozovic, Barella, Mkhitaryan, Di Marco ou Lautaro.

Esta era uma oportunidade que dificilmente se irá repetir nos tempos mais próximos. O Inter confirmou na Luz que não é um papão, e com um pouco de sorte o resultado teria sido diferente – os italianos marcaram no melhor momento dos encarnados, que depois viriam a desperdiçar dois lances flagrantes diante da baliza. O resultado justo talvez tivesse sido o empate. Nunca uma derrota por dois golos de diferença.

Mas não foi só o azar a determinar o resultado. Creio que o desaire começou a desenhar-se antes do jogo. Começou na sexta-feira quando o Benfica desperdiçou também, e neste caso com muito mais culpas próprias, a possibilidade de resolver o campeonato e, então sim, abraçar o sonho europeu com ânimo e determinação, dando desde logo um sinal de força a todos os adversários.

Não fez tudo o que podia para ganhar ao rival. Obviamente perdeu. Expôs debilidades. Deixou entrar fantasmas em casa. Agora apareceu em campo descrente, desconfiado de si próprio, a hesitar nos seus processos, e acabou estendido no chão. Até o ambiente no estádio se ressentiu. Foi diferente e mais impaciente. Era de esperar, ou não Roger Schmidt?

Os jogadores correram, lutaram, mas sentiram o peso das circunstâncias. E o Inter tentou, com sucesso, fazer o que o FC Porto fez – sobretudo no plano defensivo. Uma derrota levou a outra, e se não houver cuidado, Chaves pode abrir caminho a uma total debacle emocional, com custos que nem quero, por ora, imaginar.

Individualmente não me apetecia destacar ninguém. Talvez apenas Vlachodimos, que evitou uma goleada (que seria, porém, extremamente injusta). Queria também sublinhar que não entendo como, a perder, com uma equipa a dar sinais evidentes de cansaço físico e emocional, apenas se faz uma substituição. Todos os treinadores têm as suas pancadas. Roger Schmidt teve, até há poucos dias, todos os benefícios das dúvidas e das certezas, ao ponto de renovar o contrato, ficar a auferir o dobro, mesmo sem sequer ter conquistado um troféu. Agora começa a mostrar teimosia, para além das reiteradas manifestações de desconfiança nos jogadores que se sentam ao seu lado no banco. As próximas semanas ditarão o real valor do alemão, designadamente sob o ponto de vista estratégico. Preparar equipas fisicamente, e criar situações bonitas de jogo, não é suficiente. É preciso ser sagaz. Só assim se ganham títulos (e ele tem poucos, muito poucos).

Também não gostei de Michael Oliver. Um dos árbitros mais conceituados do mundo esteve mal em diversas situações, parecendo exibir um gostinho especial em irritar as bancadas. Critério desigual na amostragem de cartões, e porventura – confesso que não vi os lances na televisão – um penálti por marcar a favor do Benfica. Também sem ver todas as repetições, o penálti de João Mário ainda não me convenceu totalmente, isto se tivermos em conta os critérios que normalmente são aplicados no futebol europeu, e em…Inglaterra. Em qualquer caso, culpas maiores para o VAR holandês, que assim se viu livre de um país concorrente no rankings.

Para mim, agora é simples: o Benfica tem de se agarrar ao campeonato e aos sete pontos que ainda tem de vantagem. Vitórias com o Chaves, o Estoril e o Gil Vicente poderão recompor o moral da equipa. São absolutamente fundamentais. Depois…faltarão quatro jornadas.

Dando tudo o que tem, colocando aí todas as fichas, o Benfica tem obrigação de vencer estes três jogos. É esse o desafio imediato, de modo a não estragar totalmente uma época que chegou a fazer sonhar bem alto.

Enfim, deixo uma só palavra: Chaves!

ONZE PARA O INTER

Nunca pensei fazer um onze para um jogo importante, e deixar o Rafa de fora. Infelizmente, a exibição fantasmagórica frente ao FC Porto obriga-me a tal. Apetecia-me deixar outros também, mas Neres está a pedir a titularidade, e noutras posições não há alternativa.

RIDÍCULO. VERGONHOSO. INSULTUOSO. PATÉTICO.

Ganhar ao FC Porto tem-se tornado extremamente difícil. Há razões tácticas, físicas e mentais, que explicam tantas derrotas (quase sempre jogo bonito e aberto contra parede defensiva, bailarinas contra gladiadores, #pelobenfica contra ódio), e estranho nunca terem sido devidamente analisadas e corrigidas, algo que começa a ser embaraçoso para o clube. O Benfica, ano após ano, continua a investir em Schelderups, quando precisava claramente de dois ou três gorilas para o meio campo e para as laterais, deixar-se de chicuelinas e aprender a defender com rigor, a bloquear adversários, e, mais do que querer ganhar, jogar também pelo prazer de ver os rivais perderem - indo de encontro ao espírito desses mesmos adversários e dos próprios adeptos, que, infelizmente, não se vê em campo, nem no banco, nem na tribuna. Já escrevi muito sobre isso, parece-me algo bastante óbvio, e estou farto. 
Partindo já com essa inferioridade táctica atlética e psicológica, entrar em campo apenas a passear as camisolas e a pensar no jogo seguinte, deixa as probabilidades de surpreender perto de zero. Lamentavelmente, foi isso que aconteceu.
Senti-me insultado. Não vi grande vontade de ganhar ao Porto, a não ser nos 60 mil das bancadas. Foi uma exibição própria dos desenhos animados. E o pior é que esta derrota e a Champions e esta derrota e a Champions e esta derrota e. ..enfim, pode vir a correr bastante mal. O Benfica arrisca deixar fugir todos os pássaros. 
Aliás, houve jogadores que, por mim, não entrariam em campo frente ao Inter. Não o merecem. Fiquem no banco, ou mesmo em casa, a pensar no... Chaves. 
Do lado de lá estas coisas não acontecem. Eles sabem fazer contas. E odeiam-nos. No Benfica, aparentemente, pensa-se mais nos contratos que um jogo europeu pode proporcionar.
E não digo mais nada até terça. Já que, em campo, e no banco (?), apenas se preocuparam com esse dia, dando uma vez mais oxigénio a um rival moribundo - que, mesmo com pouco talento, costuma saber como o aproveitar. 

O ONZE ÓBVIO


DADOS PESSOAIS

 CLÁSSICOS BENFICA-FC PORTO A QUE ASSISTI AO VIVO (34):

TODAS AS VITÓRIAS DE QUE ME RECORDO (40):


O "MEU" CLÁSSICO:

Foi o primeiro clássico a que assisti ao vivo. Nele se registou a maior assistência de sempre num jogo de futebol em Portugal (os jornais falaram em 140 mil pessoas acotoveladas no antigo Estádio). Foi a última vez que o meu pai foi ao Estádio da Luz (ainda conseguiu entrar, comigo, enquanto outros familiares não sócios, que iam para outra bancada, ficaram cá fora com o bilhete na mão, sem sequer se conseguirem aproximar da porta, tal a enchente).
Vi o jogo na última fila do velho Terceiro Anel. Era o único lugar disponível, num espaço minúsculo onde dois adeptos jogavam às cartas. Quase tivemos de pisar cabeças para lá chegar. Empurrão para cá, empurrão para lá, lá nos acomodámos.
O Benfica vinha de perder 7-1 em Alvalade, o FC Porto ia sagrar-se campeão europeu nessa temporada (estava em alta e trouxe mais de 40 mil pessoas a Lisboa, que enchiam o novo Terceiro Anel). Um Hat-Trick de Rui Águas deu uma vitória (3-1) que poderia até ser mais expressiva, e foi nessa partida, primeira jornada da segunda volta, que os encarnados, comandados por John Mortimore, arrancaram para o título.
Podia escolher o jogo dos Eusébios, em 2013-14. Ou o do golo de Saviola com chuva diluviana, em 2009-10. Mas este, de 1987, por todas as vicissitudes que referi, é o "meu" clássico.
No Benfica, Veloso, Álvaro, Shéu, Diamantino e Rui Águas. No FC Porto, João Pinto, Jaime Pacheco, Futre, Madjer e Gomes. Um jogaço!

COMO SEMPRE

Antes do jogo da primeira volta, escrevi isto. Mantém-se actual:

O QUE O BENFICA VAI ENCONTRAR: Onze halterofilistas de faca nos dentes, sangue nos olhos, movidos a turbo e com impunidade absoluta, dispostos  a tudo (provocações, simulações, agressões, insultos) para fazer o jogo do ano e esmagar o odiado rival.

RECEITA PARA VENCER: Serenidade, futebol rápido de primeiro toque e variações de flanco, fazendo-os correr, e libertando-se das zonas de pressão. Aproveitar as oportunidades.

SÉRGIO QUER VITÓRIA AVASSALADORA!

Mais do que ganhar, quer ferir, desestabilizar, destruir. E já o transmitiu aos capitães.
Veremos se consegue.
Recordo como ficará a classificação em caso de vitória "avassaladora" do FC Porto:
BENFICA 71
FC Porto 64
Quanto ao histórico de triunfos do Porto na nova Luz, dos oito, pelo menos três foram negra e diretamente influenciados pela arbitragem (Benquerença 04-05, Proença 11-12, três centímetros 21-22). Ou seja, mais do que um terço. Quase metade, se preferirem. Aqui sim, uma influencia "avassaladora" nas estatísticas.


ISTO SIM, É UM NOJO!

Já em 2019 eu escrevia isto. Nada mudou, nada se passou, aparentemente ninguém investiga.
O Portimonense jogou 23 vezes no Porto, perdeu todas, marcou dez golos, sofreu...oitenta.
O que é certo é que o FC Porto continua, época após época, a começar os campeonatos com seis pontos, enquanto a Justiça e a Comunicação Social (agora também o Varandas) continuam a entreter-nos com suspeitas de 2016. Em 2022, a SAD de brasileiros que se chama Portimonense chegou a apresentar um onze sem qualquer defesa central no Estádio do Dragão (perdeu 7-0...), cereja sobre um bolo que nos continua a ser servido duas vezes por ano, e que mete vários negócios entre ambos, penáltis atirados por cima da barra por jogadores transferidos entre si, dinheiro a rodar, etc, etc. 
Nada como recordar os resultados dos últimos Portimonenses-FC Portos e FC Portos-Portimonenses:
O Algarve merecia melhor do que uma equipa subsidiária, financiada e mantida por gente obscura, que está manifestamente a mais na Primeira Liga, subvertendo a verdade desportiva.