MAIS PERTO

Os deuses devem estar loucos. Ou então, e talvez seja antes isso, há uma campanha de um conjunto de comentadores e cronistas visando tirar Bruno Lage do Benfica, virar os adeptos contra ele, ou simplesmente causar instabilidade - sabendo que há franjas de sócios receptivos a tudo quanto seja partir, destruir, demitir, não interessa como, nem porquê. O que, diga-se, não acontece hoje apenas no futebol, mas em todos os planos de todas as sociedades ocidentais, em que aparentemente há gente cansada de estar bem, de ser livre e de poder escolher os seus caminhos, dispondo-se a embarcar em qualquer canto da sereia, com os resultados que, em algumas latitudes, se começam a perceber, e que mais tarde ou mais cedo se irão revelar dramáticos - infelizmente não só para aqueles que os causaram.
Voltando ao Benfica, não queria acreditar quando ouvi num comentário televisivo, um jovem comentador da Sport Tv afirmar que Lage tentava iludir mais uma exibição "medíocre" do Benfica.
Ora o que eu tinha acabado de ver era um excelente jogo de futebol, com uma boa primeira parte do Benfica, uma segunda mais em registo de gestão - que, é verdade, podia ter corrido mal em virtude da capacidade do Moreirense de chegar rapidamente à área adversária, e de alguns problemas defensivos que o Benfica ainda não conseguiu debelar.
Com jogo da Champions dentro de poucos dias, com duas saídas por lesão durante a primeira parte, era cruel pedir mais.
Os benfiquistas são exigentes, e querem sempre tudo. Aursnes já percebeu isso, e bem. Mas falar de exibição medíocre é patético. Que mais não seja porque não sobram adjectivos para o que se viu nas segundas partes das Aves e de Rio Maior.
O Benfica tem sido irregular. Como os outros. Lage pegou na equipa a 5 pontos, agora está a 4, depois de já ter ido a Alvalade, tendo pelo meio conquistado a Taça da Liga, ultrapassado a fase liga da Champions, e estando a uma vitória na Luz sobre o Braga de chegar ao Jamor, realizando algumas exibições inesquecíveis como as goleadas ao Atlético de Madrid e ao F. C. Porto. Podia ser melhor? Sim, por exemplo ganhando nas Aves e em Rio Maior, o que valeria agora a liderança. Muito mau? Nem por sombras.
Enfim, o que interessa é sublinhar que esta jornada foi favorável aos encarnados, e que restam mais 14 para recuperar o que falta. E que em todos os jogos tem havido um estádio cheio para apoiar a equipa, indiferente a tudo o que se diz dela nas tvs e nas redes sociais - cada vez mais conspurcadas com mentira, manipulação e ódio, enquanto continua a haver quem diz, como também ontem ouvi: "se está no tik-tok é porque é verdade". 
Enquanto tiver voz, aqui estarei a defender o Benfica que em criança aprendi a amar: o dos jogos, dos golos, das vitórias, dos jogadores. O das "politiquices", como diz Bruno Lage, só interessa a dois ou três mil dos seis milhões de adeptos do maior clube português. Neste, como noutros planos, o barulho não me entra no ouvido. Venha de dentro ou venha de fora. 

ONZE PARA SÁBADO


 

PENA O CAMPEONATO NÃO COMEÇAR AGORA...

PARECE-ME BEM





Um lateral, um médio, um extremo e um ponta-de-lança, três deles internacionais A pelos respectivos países, cada um deles com diferentes graus de maturidade, e a custos, digamos, moderados. Ao que parece, não sai nenhum dos titulares. A confirmar-se, trata-se pois, aparentemente, de um bom mercado. 
Acho que fica a faltar um jogador para a posição de Kokçu - quanto a mim, sem dúvida, o elo mais fraco do onze encarnado -, e tenho receio que aconteça alguma coisa a Trubin. De resto, creio que o plantel fica bastante bem composto. Sem dúvida o mais forte do país. Veremos se ainda a tempo de recuperar os seis pontos de desvantagem...

NO FIO DA NAVALHA

Sem margem de erro na Liga, após uma noite europeia de grande desgaste, numa sequência de jogos de três em três dias, com toda a desestabilização feita a partir de fora (e por vezes também de dentro), num campo difícil perante um adversário arreganhado, a partida da Reboleira tinha vários condimentos para poder correr mal.
Dois golos esquisitos nos primeiros dez minutos pareciam ser o golpe de sorte de que o Benfica precisava para se pôr a salvo. E mesmo perante o golo (também esquisito) do Estrela, a pronta resposta de Pavlidis levou-nos para um intervalo sereno e tranquilo.
Esperava-se uma segunda parte de controlo, provavelmente pouco vistosa, mas segura. Outro brinde colocou o placard num tangencial 2-3, e num plano de sofrimento que só um eventual quarto golo do Benfica podia dissipar. 
Esse golo não apareceu, e o fantasma da Vila das Aves foi-se adensando à medida que os minutos passavam, e a equipa da casa acreditava que podia chegar ao empate.
O penálti teria sido uma oportunidade de ouro para fechar o resultado, mas Arthur Cabral quis deixar o seu autógrafo antes de (espero eu) partir para outras paragens. E os últimos instantes foram mesmo de aflição.
Ficam os três pontos - que era o mais importante. Fica o regresso aos triunfos fora de casa no campeonato. Fica uma excelente exibição do caloiro Manu Silva (mesmo em Rio Maior, nos poucos minutos em campo, já me havia deixado boas sensações). Fica a preocupação com a lesão de Di Maria. Ficam também mais alguns aspectos a rever, sendo que neste tipo de jogos o Benfica já viu voar dez preciosos pontos (Famalicão, Moreira, Aves e Rio Maior), que fazem toda a diferença na classificação. Mais do que golear ou deslumbrar, nestas deslocações é necessário ter consistência e solidez para não deixar os adversários criarem perigo. Isso não tem acontecido. Mas se o Benfica quiser ser campeão,  terá forçosamente de ganhar, pelo menos, nos Açores, em Barcelos, em Vila do Conde, em Guimarães e no Estoril (sendo que também tem de ir ao Dragão e a Braga, jogos em que se pode aceitar um eventual empate). 
Bruno Lage já falou muitas vezes, e com razão, de consistência. Esta equipa já provou ser capaz de jogar bem. Falta fazê-lo com a regularidade que define os campeões. Como é que isso se consegue? Não sei. É Lage que tem de o descobrir. Acredito que o consiga, e espero que seja a tempo.

O CAMINHO ATÉ MUNIQUE

Playoff: MONACO
Oitavos: LIVERPOOL ou BARCELONA
Quartos: DORTMUND, ATALANTA, LILLE ou SPORTING 
Meias: BAYERN, ARSENAL, INTER, MILAN, A.MADRID, LEVERKUSEN, CELTIC ou FEYENOORD
Final: R.MADRID, M.CITY, PSG, LIVERPOOL, BARCELONA, ARSENAL, INTER, A.MADRID, JUVENTUS, LEVERKUSEN, ATALANTA, A.VILLA, LILLE, PSV, BREST ou BRUGGE

Eu diria que o Benfica pode passar o Mónaco (embora preferisse o Brest), mas vai esbarrar fatalmente nos Oitavos. A verdade é que se, por milagre, ultrapassasse Liverpool ou Barcelona, os Quartos seriam bem mais acessíveis.
Como diria o saudoso José Torres: "deixem-me sonhar".

FINALMENTE

A confirmar-se a venda de Arthur Cabral ao West Ham, e por um valor de 18+2, temos uma excelente notícia para o Benfica. E só é pena que não tenha acontecido mais cedo.
Não tenho nada contra o brasileiro, de quem dizem ser bom profissional. Em campo, sempre pareceu esforçado. Teve um ou outro momento de glória - como em Salzburgo, com aquele calcanhar no último minuto. Mas não é, nunca foi, e nunca seria, o ponta-de-lança de que a equipa precisava. Não tem escola, tempo de salto, sentido posicional, ataque à profundidade, velocidade, capacidade de pressão, capacidade de segurar bola, eficácia, etc, etc, etc. Nem percebo como alguém achou (e pelos vistos, felizmente, ainda há quem ache) que vale mais do que, digamos, 5 milhões.
Neste campeonato foi titular duas vezes: Aves-Benfica 1-1 e Casa Pia-Benfica 3-1. Creio que isto é revelador.
Parte dos problemas que o Benfica tem sentido nestas duas temporadas, devem-se aos (elevados) investimentos falhados do mercado de verão de 2023 - após o título de Schmidt. Para substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos, alguém (quem?) achou que podiam vir Jurasek e Arthur Cabral. Rapidamente se percebeu tratar-se de dois equívocos. Ao mesmo tempo, quando olhávamos (e olhamos) para o outro lado da Segunda Circular, víamos (e vemos) um avançado que, pelo mesmo preço, se tornou a principal figura da Liga Portuguesa.
O histórico de Arthur Cabral não era prometedor. Nem sequer era titular da Fiorentina (o titular era Jovic), e em duas épocas de Série A, só em sete ocasiões completara os noventa minutos, tendo marcado o simpático número de nove golos (dois em 2021-22 e sete em 2022-23). Às primeiras utilizações no Benfica, logo percebi não ser o avançado de que a equipa precisava - basta ver o que escrevi na altura e fui reforçando à medida que o tempo passava.
Detesto ter razão nestes casos, mas infelizmente, quanto a Arthur Cabral, estava certo. 
Finalmente alguém percebeu que ele não era jogador para o Benfica, que não valia o salário milionário que lhe era pago. Estou à espera do momento em que também se perceba que Kokçu é caso semelhante. Custou quase 30 milhões. Não vale mais do que 10. E o Benfica precisa de alguém, naquela posição, com mais fibra, com mais intensidade, com maior disponibilidade atlética, com maior sentido táctico e com maior regularidade de rendimento. Acredito que exista, e por menos dinheiro.

BOM AUGÚRIO

Benfica com equipas francesas:

VECCHIA CLIENTE

Jogos entre Benfica e Juventus:
 Em 9 partidas, o impressionante registo de 7 vitórias, 1 empate (com sabor a vitória) e 1 derrota.

CRISE? QUAL CRISE?

Antes de qualquer consideração sobre o jogo de Turim, devo dizer que estou chocado com a vergonhosa campanha mediática que visa tirar Bruno Lage do Benfica. Também haverá benfiquistas que não gostam dele, mas estou em crer que a esmagadora maioria dos sócios e adeptos do clube, ou pretende expressamente que ele continue a dirigir a equipa (e eu sou, sem hesitar, um desses), ou, pelo menos, não acha que os problemas se resolvam com uma mudança no comando técnico. Não é, pois, dos adeptos do clube, ou da maioria deles, que parte a contestação a Lage: é mesmo de um conjunto de "jornalistas" (predominantemente anti-benfiquistas) que não descansa enquanto o Benfica não tiver o seu "João Pereira". Afirmar-se e escrever-se que a continuidade do treinador no Benfica dependia deste jogo, é (ou foi) terrorismo comunicacional, com o intuito mal disfarçado de virar os adeptos contra o técnico, caso a equipa perdesse no estádio de um clube com enormes pergaminhos internacionais e com um orçamento muito superior a qualquer emblema português - coisa que podia naturalmente acontecer, sem que a terra deixasse de ser redonda. 
Lage comunica mal (como Jesus, Schmidt e tantos outros). Fala demais nas conferências de imprensa, expõe-se a perguntas às quais não devia sequer responder, e, pelo que se (ou)viu, expõe-se também a alguns "adeptos" a quem não tinha de dar satisfações (sendo de salientar o serviço prestado ao clube pelo "exigente" que gravou e difundiu o audio, talvez amigo do outro que apedrejara o autocarro da equipa em 2020). Ora a comunicação externa (e é desta que falo, pois a interna não conheço) alimenta o debate mediático, mas não faz ganhar jogos, não passando, quanto a mim, de um detalhe na avaliação global a um treinador. Quique Flores, por exemplo, e recorrendo às sábias palavras do saudoso Medeiros Ferreira, fazia grandes exibições nas conferências de imprensa. Como se sabe, não foi exemplo a seguir. E em tudo o resto (sagacidade táctica, liderança, gestão de grupo, leitura e conhecimento do jogo e dos adversários, performance física, etc), Lage, não sendo um Guardiola ou um Ancelotti, é um excelente técnico, que acrescenta qualidade ao futebol do Benfica, é capaz de potenciar o rendimento dos jogadores, e até de contrariar alguns problemas estruturais que o clube lhe coloca - como colocou aos que o antecederam no cargo, e aos quais já aqui fiz referência. 
O jogo foi espectacular (mais um). A primeira parte podia ter terminado com um resultado de 1-4, ou coisa parecida. Se dúvidas havia sobre a união da equipa, sobre a sua vontade de vencer, elas foram dissipadas logo no primeiro minuto, ao fim do qual os encarnados já haviam criado duas boas ocasiões para marcar. O golo apareceu, e outros podiam ter aparecido. Temia-se que o desperdício viesse a cobrar o seu preço na segunda metade.
A Juventus de facto melhorou, e em certos momentos o Benfica teve de saber sofrer - nunca deixando de procurar, aqui e ali, a baliza de Perin. Desta vez as substituições resultaram, e na verdade, com elas, Lage matou o adversário e o jogo. A ponta final voltou a ser em tons de vermelho vivo, surgindo com naturalidade o 0-2. Globalmente a vitória foi justíssima, e a exibição bastante prometedora.
Em termos individuais destacaria Pavlidis (que parece ter outra cara nos jogos da Champions, e já leva mais golos europeus do que no campeonato português), Florentino, Aursnes (de regresso à sua melhor condição, e também à sua grande versatilidade), e Otamendi. Bah foi uma adaptação feliz, acabando por ter participação determinante no primeiro golo, e fechar muitas vezes a porta a Francisco Conceição - o mais inconformado jogador da Juventus.
Ao contrário da jornada anterior, desta vez o árbitro nem se viu.
Enfim, depois de grandes espectáculos de futebol (este, bem como os jogos com Atlético e Barça), com três vitórias fora de casa em quatro deslocações, o Benfica conseguiu o merecido apuramento. Fica uma pequena mágoa ao verificarmos que uma simples vitória na Luz sobre o Feyenoord teria permitido entrada directa na elite dos Oitavos-de-final. Fica também a evidência de que uma derrota em Turim teria ditado a eliminação. No meio está a virtude, e agora, enquanto cabeça-de-série no playoff, ainda há caminho para chegar um pouco mais além, pois tanto Mónaco como Brest estão longe de ser adversários inultrapassáveis.
Para já, é preciso ganhar na Reboleira. Como Bruno Lage tem dito recorrentemente, falta a esta equipa conseguir a consistência. Se jogasse sempre como nesta noite, seria certamente campeão nacional. Talvez ainda vá a tempo.
PS: Entendo a conferência de imprensa de domingo, assim como as declarações de Rui Costa no fim deste jogo, como tentativas bem intencionadas de encerrar o assunto dos audios. Eu teria seguido outro caminho: um comunicado lacónico e os "jornalistas" que se entretessem a discutir entre eles. Infelizmente, no mundo em que vivemos, ser franco e genuíno paga-se caro.  E o Benfica tem demasiados motivos de queixa da comunicação social para que lhe continue a prestar qualquer tipo de vassalagem. Aos adeptos comunica-se com golos, vitórias e títulos. Para falar, já há gente que chegue.

ONZE PARA TURIM

...e venha de lá um empatezinho.
 

COM LAGE ATÉ AO FIM

Como escrevi no texto anterior, o problema do Benfica não é o treinador. Estas quebras já se verificaram com outros, e se Lage sair e não acontecer mais nada, dentro de algum tempo estaremos aqui a pedir mais uma cabeça. E depois outra e mais outra. 
Até ver, ainda me parece que Lage pode ser parte da solução. Não esquecendo que este plantel não foi desenhado por ele. E que o único troféu que disputou, ganhou. 
Há muito a mudar no Benfica para que Lage, e os treinadores que se seguirem, tenham efectivamente condições para triunfar de modo consistente. 

MAU DEMAIS

Até aceito perder com o Barcelona como na quarta feira. Não aceito perder com o Casa Pia como hoje.
Uma equipa de 150 milhões de euros tem obrigação de fazer mais. Muito mais. E temo que tenha hipotecado em Rio Maior a luta por um título que estava inteiramente à sua disposição. 
Houve desorganização, até mesmo desnorte. Houve pouca vontade, pouca concentração, pouco estofo. Em campo, e no banco. Uma atitude miserável. 
No campo, confesso que já não consigo olhar para Kokçu e Arthur Cabral (e só aqui estão, fora salários, mais de 50 milhões). Um não quer. Outro não sabe. Nenhum deles tem lugar no plantel, quanto mais no onze. António Silva estava, de facto, melhor no banco. Carreras esgotou-se na Champions. Di Maria desapareceu com a lesão. Enfim, gente a mais, em muito baixo nível.
Tirar da equipa jogadores que acabam de fazer hat-tricks também não me parece a melhor ideia. Barreiro entrou mal com o Barcelona. Pavlidis entrou mal hoje. Eis uma forma de matar o estado de espírito de um e de outro, desaproveitando todo o potencial de confiança que pudessem ter alcançado. Tal como, de resto, tirar a titularidade a Schjelderup - que estava em super forma, e agora... vamos ver. 
Mas o problema do Benfica está longe de se esgotar no treinador. Desde Rui Vitória, passando por Lage, Jesus e Schmidt, já não me apanham nessa. 
Há algo de estrutural que tem de ser revisto. O Benfica, ano após ano, gasta dinheiro demais e joga futebol de menos. Investe em artistas de qualidade duvidosa, por vezes imberbes, quase sempre de perfil aveludado, amontoa esses investimentos (sempre de olho na venda e na potencial mais-valia), e esquece-se de construir uma verdadeira equipa de atletas unidos - um exército que, com maior ou menor brilhantismo (isso é secundário), lute bravamente, em conjunto, todos os jogos, cada minuto e cada lance desses jogos, sempre com sentido de urgência, pela vitória. Não interessa dar espectáculo. No Benfica, a única coisa espectacular é ganhar. E as receitas conseguem-se com títulos e presenças europeias de qualidade. É preciso critério, e não propriamente tanto dinheiro (que quando o bolso não é o nossso, é fácil de gastar, e quando sem critério, vai directamente para o lixo). O Benfica tem tido, de longe, os plantéis mais caros do país, e raramente tem mostrado ser a melhor equipa. Gasta muito e mal. Mas não só. 
Qualquer treinadorzeco da miserável liga portuguesa, com jogadores de refugo, põe o Benfica em sentido, sem que alguém, em campo, no banco, na tribuna, ou nos gabinetes pareça preocupar-se em demasia. Isto é cultural, é estrutural, e vai-se repetindo à velocidade com que se queimam treinadores.
A estrutura do Benfica, dentro no campo, no banco, na tribuna e nos gabinetes, está acomodada. Está aburguesada. Há pessoas que andam lá há vinte anos, sem que se perceba se fazem alguma coisa de útil. Estão simplesmente lá. Não sentem pressão, nem exigência (e exigência não é agredir ou insultar, e deve ser exercida por quem está mandatado para tal). Não sofrem como os adeptos. Quantos alguma vez choraram após uma derrota? Perder? É mais um dia no escritório. 
Falta paixão, rigor, ódio à derrota, ou até espírito de trincheira. Há muito pavoneamento snob e perfumado tipicamente lisboeta, e pouco sangue, pouco suor e poucas lágrimas, ao contrário do que ditaria a raiz popular histórica e sociológica do clube, e daquilo que seria fundamental num projecto ganhador. Isto reflecte-se nas equipas, nos profissionais que nos representam em campo, e nem só no futebol. 
O Benfica tornou-se demasiado "corporate" e menos focado no jogo de domingo (neste caso, sábado) que deveria ser o foco absoluto de toda a sua estrutura e de toda a sua actividade, o único motivo da sua existência, o único desígnio de todos os que o servem ou nele trabalham. E tudo o que no Benfica não sirva, directa ou indirectamente, para ganhar títulos, não serve para nada, está a mais. Quem no Benfica não esteja neste momento revoltado, quem consiga dormir bem esta noite, não pode lá estar - nem sequer como empregado de limpeza. 
Rui Costa tem de dar um murro na mesa, fazer sangue se necessário, mas impôr-se, e, de uma vez, limpar a casa (não para a imprensa ver, mas para muitos, dentro do clube, sentirem que, ou dão mais, ou estão a mais). É porventura a sua última oportunidade. Caso contrário as circunstâncias e o desencanto dos adeptos tornar-se-ão um peso demasiado grande para aquilo que ele pode suportar.
A vontade de me entusiasmar com esta equipa é agora quase nula. Ou as coisas correm muito bem em Turim, ou toda a temporada pode estar, mais uma vez, comprometida. E se se pensar que é lançando mais 100 milhões para cima que se resolve o problema, dentro de pouco tempo, nem vitórias nem dinheiro. 

ONZE PARA RIO MAIOR

Otamendi, Aursnes e Di Maria em repouso para Turim. Onze com média de idades 23.

ORA BOLAS, JOÃO NEVES MAIS GONÇALO RAMOS!

Raios partam os golos dos dois jogadores formados no Benfica. Sem esses golos, que deram três pontos ao PSG, a vida do Benfica na Champions estava agora bem mais facilitada.
Se o PSG tivesse apenas oito pontos (os nove do City seriam irrelevantes), a partida entre Estugarda e PSG da última ronda ditaria, desde logo, mais uma equipa atrás do Benfica nas contas finais. Assim, um empate na cidade da Mercedes põe ambos com onze pontos, ambos apurados. Ora Benfica tem dez...
O ponto de situação é o seguinte:
Deixando de lado goleadas históricas - que no limite até podiam qualificar o Shakhtar (teria de golear em Dortmund e esperar por uma carambola de outros resultados), as hipóteses reais do Benfica são:

1) EMPATAR - pontuando em Turim, o que também significaria manter a diferença de golos, o Benfica estaria matematicamente apurado. Aí, com mais um ponto, já podia contar com a partida entre Estugarda e PSG, bem como com o City-Brugge (jogos que, com Shakhtar, formariam um trio que deixava o Benfica a salvo);

2) PERDER E ACONTECEREM DUAS DAS SEGUINTES CONDIÇÕES -  a) Sporting perder, b) City não ganhar, c) Zagreb não ganhar, d) PSG não empatar.
Digamos que uma delas é lógica (c)), uma bastante improvável (b)) e as outras duas teoricamente possíveis (a) e d)). 
João Neves e Gonçalo Ramos podiam assim ainda dar o que nesta jornada tiraram - embora, se houver empate, se apurem as duas equipas (Estugarda e PSG), o que significa que...
Sérgio Conceição também tem de ajudar, impedindo uma vitória do Dínamo Zagreb. Mas para simplificar tudo, o melhor é mesmo o Benfica pontuar em Turim.

QUE CRUELDADE!

Nunca como hoje fez tanto sentido usar o velho chavão do futebolês: "levantar a cabeça e pensar no próximo jogo".
Viveu-se na Luz, de facto, uma verdadeira noite de bruxas (si, las hay!). Agora é preciso reagir, e ir buscar às lágrimas a coragem e a força para enfrentar o que aí vem - e que ainda é quase tudo.
A consolação de termos assistido a um dos melhores jogos de Champions dos últimos anos é parca face ao desencanto sentido após o apito final do árbitro. Uma derrota como esta traz consigo um mar de desilusão. E com 4-2 a doze minutos do fim, seria difícil engolir até o empate, quanto mais a derrota. 
Num carrossel de emoções, acabou por triunfar a melhor equipa, face a um Benfica que realizou 75 minutos fantásticos. Os encarnados têm todas as razões para sair deste jogo de consciência limpa pelo seu desempenho, e até com o orgulho de terem sido capazes, durante grande fatia da partida, de encostar o poderoso Barcelona às cordas - conjunto que já nesta temporada deu 4-0 e 5-2 ao Real Madrid. O resultado foi um castigo demasiado duro, numa partida que poderia ter terminado 6-6 ou 7-7. Pelo inglório esforço, os jogadores bem mereceram os aplausos que ouviram no final.
Houve, de facto, muitos aspectos positivos a retirar do jogo. Desde logo a exibição colectiva, a forma como o Benfica soube ferir tantas vezes a equipa adversária (mérito a Lage), mas também o regresso aos golos - e logo três - de Pavlidis, as prestações de Carreras, Florentino e Schjelderup, bem como os sinais de que Akturkoglu poderá estar de volta à sua melhor forma. 
De negativo confesso que só tenho de apontar um momento, que acabou por decidir o resultado: a empatar com o Barcelona a 15 segundos do fim, e com um livre a favor, jamais se poderia sofrer um golo em contra-ataque. Aliás, se o resultado fosse 0-0 e não 4-4, estou certo de que aquela bola já não saia do meio-campo catalão. As circunstâncias conduziram a equipa a um entusiasmo que se revelou fatal. Até porque, nas contas do apuramento, um pontinho faria, neste momento, toda a diferença.
Globalmente não podemos deixar de atribuir mérito à recuperação do Barcelona, que é aquilo o que a imprensa internacional irá destacar. Foi um grande jogo, protagonizado por duas grandes equipas, em que a sorte acabou por bafejar a mais forte delas. Pena que a terceira equipa talvez não tenha estado à altura da ocasião.
Não tendo ainda visto os lances na televisão, não poderei falar demasiado do árbitro. Mas quando percebi que havia possibilidade de reverter um golo num penálti (virando um 4-5 para um presumível 5-4), no último lance de um jogo, contra o...Barcelona, rapidamente me ocorreu que, fosse como fosse a falta, tal não iria acontecer. A UEFA é a UEFA, e já estamos habituados. E devo dizer também que nomear um árbitro holandês, quando a Holanda disputa lugar no ranking com Portugal (sem falar de Cruyff, Neeskens, Koeman, Van Gaal, De Jong etc), revela, ou má fé, ou incompetência.
Agora há que resgatar o ponto perdido em Turim. Mas antes, e bem mais importante, há que vencer o Casa Pia, e seguir com a luta pelo título nacional - maior objectivo de qualquer temporada benfiquista. 

ONZE PARA A CHAMPIONS


 

SHOW DE BOLA

Se era necessário demonstrar que a "crise" tinha ficado definitivamente para trás, a goleada aplicada ao Famalicão (que vencera o Benfica na primeira jornada) deixou isso bem claro. O herói foi Leandro Barreiro - jogador que se tem afirmado a pulso na equipa, não é de encantar as bancadas, mas revela uma utilidade crescente, sendo hoje uma espécie de Aursnes, com menos perfume mas, pelos vistos, mais golo.
Se o luxemburguês foi o homem da noite, a verdade é que toda a equipa esteve bem, impondo desde cedo um ritmo que a pôs a coberto de qualquer contrariedade - como por exemplo uma arbitragem tendenciosa, que irritou o estádio e só não inclinou mais o campo porque não conseguiu.
A quem apontar a ausência de Di Maria como razão para o brilhantismo, recordo que nos melhores jogos da temporada (creio ser consensual terem sido contra Atlético e Porto), o argentino não só estava, como foi o melhor em campo.
Aliás, se as observações valem o que valem, também é altura de dizer que, as derrotas contra Braga e Sporting, vistas a frio, foram de alguma forma injustas - pois em qualquer das duas partidas, mesmo sem jogar bem, o Benfica merecia, pelo menos, o empate.
Ou seja, a "crise", ou lá o que foi que aconteceu, terá sido episódica, exponenciada pela doentia voragem dos tempos que vivemos, mas longe de determinar fosse o que fosse - como a Taça da Liga, a segunda parte de Faro, e todo o jogo desta noite vieram demonstrar. E se alguns jogadores desceram de forma, outros apareceram em grande. Para o Barcelona fica desde já uma nota: serão Barreiro, Schjelderup e mais nove.
Palavra final para Pavlidis. Em crise de confiança quase penosa, continuo a acreditar no potencial do grego. Também precisa de alguma sorte para fazer sair o ketchup. Não é um Van Basten, mas é o mais completo avançado do plantel, e sobretudo tem capacidade para muito mais do que aquilo que tem mostrado. 

ONZE PARA O FAMALICÃO

NÃO FOSSE TRÁGICO E ERA RIDÍCULO

Deixo aqui dois artigos tirados de "A Bola", sobre aquilo que a oscilação de rendimento dos candidatos ao título tem tornado recorrente e já quase caricatural. Sempre que alguém perde, temos tochas, insultos, agressões,  produzidas por grupos minoritários com capacidade para ser ruidosos, e as televisões a aproveitar o folclore (afinal de contas, dois homens e uma tocha colorida enchem um ecrã).
Porém, isto não me dá grande vontade de rir. É que não acontece apenas no futebol, antes sendo um reflexo da sociedade em que vivemos, das redes sociais, das manifestações e contramanifestações, dos discursos de ódio normalizados, de todas as intolerâncias, cujo caminho parece cada vez mais conduzir ao abismo. Hoje, se uma pequena minoria de estúpidos consegue fazer ruído, é premiada pelas circunstâncias e bem sabemos que a iliteracia generalizada vai atrás de qualquer demagogo. Isso é perigoso, muito perigoso.

"As gentes e os agentes do futebol português são reflexos da sociedade deste país: altamente suscetíveis, intolerantes e com opinião e decisões baseadas em critérios casuísticos e liminares.
As lideranças nos clubes – de presidentes a treinadores - estão sob fortíssimo escrutínio, sob mira de contestação e em causa à primeira série de maus resultados. É um estado transversal, não se resume à massa adepta (não a maioria) permanentemente irada contra presidente, treinador e jogadores.
Começa no primeiro, o presidente, exposto a intensa pressão do exterior (e amiúde do interior) do clube, que, muitas vezes, por fragilidade e inoperância, decide pelo mais fácil, a dispensa do técnico, que neste estado de permanente instabilidade não tem condições para exprimir competências.
Treinadores que trabalham sob pressão inaceitável de adeptos e dirigentes, forças de bloqueio que não ponderam nas críticas a limitação dos plantéis, em qualidade, nalguns casos sem responsabilidade direta do treinador em funções, herdada de antecessores; noutros casos, condicionados por lesões (em número e/ou de jogadores fundamentais); ou tão-só pela competitividade: porque as outras equipas também jogam e não se pode ganhar sempre. (…)
Mas não é um problema (só) do futebol, insista-se, é da sociedade em geral"
RICARDO JORGE COSTA
 
"Começa a ser recorrente, tanto que quase se normalizou: basta um dos chamados clubes grandes perder um jogo e depois da primeira manifestação de desagrado no estádio seguem-se outras. E se no estádio o assobio e o apupo até serão normais – o que não acho normal é muitas vezes a embaraçosa forma como os jogadores, treinadores e staff se desdobram em justificações fora de lugar e a quem não as merece pela forma como se comporta nas bancadas –, não consigo compreender a condescendência que há para arruaceiros da palavra, do gesto e da violência gratuita que vão depois esperar a equipa na chegada ao estádio ou ao aeroporto, quando a viagem é de avião.
Aquilo que acontecia amiúde quando as crises se alongavam nos maus resultados sistemáticos, acontece agora com a regularidade de qualquer derrota ou empate. Já o vimos em Alvalade, já o vimos na Luz, vimo-lo mais recentemente e mais insistentemente no Dragão.
Sim, o FC Porto perdeu com o Nacional e com isso perdeu a oportunidade de ultrapassar o Sporting e de se isolar no comando da Liga no final da 1.ª volta – com toda a simbologia que tem dobrar o cabo do campeonato com esse estatuto. Não, o FC Porto não viu com essa derrota na Madeira hipotecar o título ou ficar em zona periclitante na tabela. Porém, à chegada ao aeroporto e ao Dragão lá estavam os do costume, de lábia afiada e mão leve para atirar tochas e rebentar petardos.
Polícia chamada, a um e a outro local, e a ver aqueles gatos pingados enraivecidos a insultar tudo e todos, a espumar da boca como não espumam por coisas bem mais importantes e a explodir a cólera em mais um petardo ou a acendê-la noutra tocha atirada ao autocarro.
As televisões correm para mais um espetáculo de luz e cor, com banda sonora de rebentamentos e insultos. A polícia afasta-os, a caravana passa e para a próxima há mais. É só haver mais uma derrota e a festa está garantida."
NUNO RAPOSO

CINCO MINUTOS BASTARAM

Não estava fácil a partida para o Benfica. 
Perante um adversário fechadíssimo - que, a agravar, teve a felicidade de marcar logo à primeira oportunidade -, e com o desgaste natural de uma final jogada (e festejada) não muitas horas antes, a equipa encarnada sentiu grandes dificuldades para encontrar o caminho da área. Assim foi decorrendo quase toda a primeira parte. Ao intervalo, confesso que temia o pior.
O início da segunda metade não foi muito diferente. A primeira grande ocasião até foi do Farense. Só que, a dada altura, lá apareceram as individualidades (curiosamente, já sem Di Maria em campo). Schjelderup com um magnífico golo alcançou o empate, e no minuto seguinte um passe magistral de Carreras encontrou Arthur Cabral em boa posição para finalizar. Pouco tempo depois Bah fechou o resultado, e fechou a porta a qualquer ambição do conjunto algarvio.
A partir de então o jogo não teve mais história. O Benfica passou com merecimento aos Quartos-de-Final, e agora irá encontrar, presumivelmente, o Braga - jogo que, também presumivelmente, valerá a presença no Jamor.
A nota de preocupação é para Di Maria. Neste jogo acabou por não se sentir a sua falta. Nos próximos será extremamente importante que esteja presente. Schjelderup está a afirmar-se, mas ainda longe de garantir aquilo que o craque argentino garante. Akturkoglu atravessa uma acentuada quebra de rendimento. E não há muitos mais extremos no plantel.
Enfim, uma coisa de cada vez. Com três vitórias consecutivas (e um título) em três partidas difíceis, a crise já lá vai. Agora, venha de lá o Famalicão.

ONZE PARA FARO

Dado que o principal problema desta deslocação será, a meu ver, o desgaste acumulado, e o pouco tempo de descanso, há que fazer alterações e correr alguns riscos. Se isto não funcionar, haverá sempre um banco de suplentes recheado com Trubin, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu. 

SLB - DESEMPATES POR PENÁLTIS

Eis a lista de todos os desempates por panáltis na história do Benfica:
Ao contrário do que o senso comum ditaria, o histórico de desempates por penáltis em todas as competições é pois favorável ao Benfica (12 vitórias, 9 derrotas). Talvez a importância das derrotas (desde logo duas finais europeias) tenha criado uma ilusão que não corresponde aos números.
Há porém uma vitória que... não deveria ter acontecido. Se o Benfica tivesse perdido o desempate com o Paok em 1999, tinha evitado a humilhação de Vigo, semanas depois. Ironias do destino.
É curioso olhar também para o histórico dos guarda-redes envolvidos neste tipo de desempate:
Quem diria que Quim, que nem sequer era muito alto, tinha 100% de sucesso (tal como Helton Leite, embora este com menos um jogo)?  E é preciso notar que numa das derrotas do Benfica, na Taça da Liga de 2013, Quim estava do outro lado, vencendo esse desempate. Um especialista que passou despercebido nos livros de história...
Trubin, por seu lado, com duas derrotas na temporada passada, ainda tem saldo negativo.

BENFICA NA TAÇA

OS TÍTULOS EM 30 ANOS

De 1995 a 2003 tivemos o "Vietname". De 2004 a 2013, o regresso a pouco e pouco do Benfica ganhador. De 2014 a 2019 o domínio absoluto. Depois uma quebra. E agora....vamos ver.

PALMARÉS TAÇA DA LIGA


 







DEPOIS DE REVISÃO

A ideia formada acerca da Final da Taça da Liga é a de que o Benfica fez uma boa primeira parte e o Sporting foi melhor na segunda. E que qualquer um deles seria um vencedor justo. Talvez o evoluir do resultado tenha apontada para tal, mas ao rever o jogo (tive tempo e gosto para o fazer), conclui rapidamente que não foi bem assim.
Na verdade, o Benfica foi quase sempre superior, foi quase sempre dominador. O Sporting conseguiu esticar o jogo algumas vezes, e com isso também criar perigo, mas o domínio foi invariavelmente encarnado. Isto até aos 75/80 minutos, quando se fez sentir o desgaste físico da meia-final, e as menos 24 horas de repouso. Como as últimas sensações são as que prevalecem, e nesses últimos minutos o Sporting estava, naturalmente, mais fresco, ficou uma ideia de equilíbrio que até aí nunca existiu.
Muitos criticam a substituição de Schjelderup. A verdade é que a ala esquerda da defesa do Benfica estava a ficar muito desprotegida, e quer Quaresma, quer Catamo, tiveram ocasiões de a percorrer como uma auto-estrada (o que Bruno Lage obviamente não pôde dizer aos jornalistas). Akturkoglu está em má forma, mas em 45 minutos conseguiu estancar esse corredor, depois de uma curta incursão pelo lado contrário nos primeiros instantes da segunda parte - troca com Di Maria, que também não seria viável com o jovem nórdico em campo.
De resto, foi interessante observar a utilização de Aursnes (depois Barreiro) quase como um segundo avançado, responsável pela pressão sobre a saída de bola do Sporting. E certificar a extraordinária exibição de Florentino - jogador, a meu ver, imprescindível, pelo menos nos jogos grandes.
Mais uma vez Kokçu não justificou valer 30 milhões. Foi a unidade mais apagada da equipa.
Quanto à arbitragem, diga-se que o penálti assinalado não o seria em mais nenhuma liga europeia. E o braço de Simões, na segunda parte, até foi mais expressivo que o pé de Florentino, na primeira. Eu não marcaria nenhum deles. João Pinheiro marcou um e ignorou outro. Erro ainda mais grave foi perdoar uma entrada assassina de Catamo - que nem cartão amarelo viu. E uma palmada na cara de Otanendi, essa sim amarelada, pareceu-me merecer outra cor. Enfim, nenhuma das situações de dúvida foi decidida a favor do Benfica.

É NOSSA!!!

Contra ventos e marés. Contra o cansaço. Contra a arbitragem. O Benfica regressou aos títulos, com total mérito (sobretudo pela excelente primeira parte, quando o nível físico de ambas as equipas se equivalia) . 

Braga e Sporting estão vingados. Agora vamos ao campeonato. 


ONZE PARA LEIRIA

Digo uma vez mais que esta proposta teria de ter sido, obviamente, trabalhada nos treinos. Mas era isto que eu propunha para a final de Leiria. Um sistema bastante flexível, com Aursnes e Beste a proteger os laterais, permitindo que, ora de um lado, ora do outro, a defesa pudesse ser feita a três - evitando desde logo situações como a do golo de Catamo no último dérbi, e possibilitando uma marcação mais assertiva em cima de Gyokeres. Amdouni seria lançado no apoio a Pavlidis com bola, e na pressão à saída do Sporting sem ela. Di Maria com liberdade para criar. Florentino como pêndulo de equilíbrio. Sacrificava os turcos, um porque não está em forma, outro porque nunca está em forma. Quanto a Bah, creio que anda com alguns problemas físicos.

DÉRBIS EM FINAIS

 Todas as finais de provas de âmbito nacional disputadas entre Benfica e Sporting:

16 finais, 10 triunfos, 6 desaires.

RUMO À 8ª

 2009

2010

2011

2012

2014

2015

2016

ASSIM, SIM!

Como diria Mark Twain, as notícias da morte do Benfica de Bruno Lage eram manifestamente exageradas. Assim se viu nesta meia-final, inversamente proporcional ao jogo do fim-de-semana passado. O Braga está vingado. Falta o próximo.
E foi na primeira parte que os encarnados resolveram a contenda, marcando três, como podiam ter marcado cinco. Aliás, o resultado final, depois de tudo o que se passou em campo, peca claramente por escassez. 6-0 não seria demais.
Tal como em todos os bons momentos do Benfica na última época e meia, o protagonista foi Di Maria. É, de longe, o melhor jogador desta equipa, e, com Gyokeres, um dos dois melhores a actuar em Portugal. Espanta-me como alguém pode considerá-lo um problema: é que, não só resolve jogos, como demonstra uma vitalidade notável para a sua idade e para o seu estatuto. E até o medo que havia das lesões (batam na madeira...) se tem dissipado. É um exemplo de classe e de profissionalismo, pois só um grande profissional apresenta esta forma física, e esta generosidade competitiva, aos 37 anos, depois de ganhar tudo e já não precisar do futebol para nada. Se a equipa depende dele, pois atire a primeira pedra quem acha que o Sporting não depende do seu avançado sueco, o Barcelona de Guardiola não dependia de Messi, ou, para ficar em casa, o Benfica da década de sessenta não dependia de Eusébio. Os craques têm esta característica: fazer jogar em seu redor e à sua imagem. O inacreditável talento de El Fideo, vale bem que a equipa do Benfica seja montada à sua volta, de forma a potenciá-lo ao máximo.
Mas a vitória foi também do colectivo. E aqueles que nos últimos dias têm tentado derrubar Bruno Lage, agora agarram-se exclusivamente às individualidades para justificar a vitória e a exibição. O que se viu foi um grande Benfica, que reduziu o adversário à vulgaridade, ficando a dever a si próprio uma goleada histórica. Florentino entrou bem, Tomás Araújo realizou uma exibição fantástica a lateral-direito, mostrando que talvez não seja preciso gastar muito dinheiro num suplente para Bah, Carreras esteve ao seu melhor nível, Pavlidis não marcou mas assistiu e esteve sempre envolvido na manobra ofensiva da equipa, e Schjelderup revelou-se uma opção válida para a ala esquerda.
A arbitragem passou despercebida - que é o que dela se pretende.
Agora venha a final. A primeira final da temporada. E como era importante erguer um troféu nesta altura...

NOTA: Otamendi, que tantas vezes tenho criticado por  exibições menos conseguidas, teve uma atitude de grande nível perante um jovem adversário cujo entusiasmo, aliado à imaturidade, o fizera expulsar pouco tempo depois de entrar em campo. Foi uma atitude à "Capitão", e na qual, como benfiquista, me revejo totalmente. Eu próprio tive pena do rapaz, e desejo-lhe uma longa e brilhante carreira.

ONZE PARA LEIRIA

Provavelmente isto não foi treinado, pelo que não poderá ser levado à prática. Mas era um modelo que eu já teria tentado aplicar.

O BENFICA NA TAÇA DA LIGA