COMEÇO A ACHAR GRAÇA A ESTE MIÚDO

O Benfica não ganhou este jogo, mas também ainda não perdeu em toda a pré-temporada. Pavlidis marcou em todas as partidas, o que demonstra aquilo que sempre tenho defendido: um jogador maduro, e com qualidade, não necessita de qualquer período de adaptação. Jonas, na estreia a titular, fez um hat-trick. Obviamente não acho que Pavlidis seja Jonas (bem gostaria que fosse...), mas é um avançado, um bom avançado.
É fantástico voltar a ver um ponta-de-lança no Benfica. E é uma pena que não se tenha saltado directamente de Gonçalo Ramos para este grego. No ano passado, volto a dizer, o problema (ou, pelo menos, o maior problema) residiu precisamente nessa posição, onde quase sempre faltou qualidade e eficácia. Qualidade a Tengstedt e, vamos ser simpáticos, eficácia a Arthur Cabral. Quanto a Marcos Leonardo, além de muito jovem, parece funcionar até melhor no apoio a um verdadeiro "9" - como se tem visto nestes jogos.
Mas a grande surpresa (ou semi-surpresa, porque já se tinha mostrado em Águeda) foi a exibição de Prestianni. Que tinha bom toque de bola, já toda a gente suspeitava. O que se viu esta noite não foi propriamente um "brinca na areia" (como eu temia), mas um verdadeiro jogador de futebol, com técnica, garra, velocidade e critério no passe. É claro que tem muito para crescer, e não sei se na sombra de Di Maria, Neres e, eventualmente, Félix, terá espaço para o fazer. Mas que está ali uma pérola, parece ser um facto. Que tenha juízo e humildade, pois talento não lhe falta. Começo a achar-lhe graça. Muita graça.
Ficam pois boas indicações. Faltam dois jogos de preparação, falta chegar quem ainda está de férias, falta um médio (para o lugar de Neves, pois Barreiro parece mais outro Florentino, o que não é uma crítica) que bem poderia ser Renato Sanches. Se também vier Félix, melhor ainda.
Falta sobretudo união e apoio dos adeptos. A época passada foi muito complexa nesse aspecto, e não pode repetir-se, sob risco de se acentuar um ciclo negativo em torno do clube e da equipa.
Como disse Schmidt, quem não apoia devia ficar em casa. O Benfica não aguenta a turbulência que alguns "pseudo-adeptos" "pseudo-exigentes" têm lançado sobre ele - quer nas plataformas digitais, quer, pior ainda, dentro dos estádios.
Fica o meu apelo aos benfiquistas mais descontentes: quem não gosta da direcção, quem não gosta do presidente, trabalhe serenamente, intensamente até, se quiserem, e de preferência na sombra evitando o espalhafato mediático, para encontrar uma alternativa credível para as próximas eleições. Esse sim, seria um bom serviço prestado ao clube e à sua democracia interna, e uma excelente forma de manifestar o tal descontentamento ou a tal "exigência" por mais e melhor. Esse sim, será o momento certo para avaliar Rui Costa e a sua equipa dirigente, e para aparecerem as verdadeiras alternativas visando o futuro. Não é com insultos e veneno, ou com a crítica mais destrutiva, que o Benfica irá ser mais forte.
Aos que só sabem dizer mal de tudo e de todos (menos deles próprios, claro), lançando veneno e insultos, aos que só buscam protagonismo e visualizações, aos que estão ressabiados por terem sido corridos do clube, aos que estão ressabiados porque queriam entrar no clube e não entraram, para esses não tenho nenhum conselho. Espero apenas que não se lhes dê a importância que não têm. O Benfica não é deles. É nosso. De todos nós.

O QUE SE DIZ...DE BADAJOZ PARA LÁ

Nada como um olhar externo para, friamente, sem manias nem complexos, analisar o que é realmente o Benfica de hoje.
Já tive esta experiência pessoal. A de, no estrangeiro, ao afirmar o meu benfiquismo, não me falarem apenas de Eusébio, mas também de uma gestão desportiva de excelência, de um clube que forma bem e vende caro, que investe o dinheiro nas suas próprias infraestruturas e vai mantendo, contra todas as previsões, um desempenho internacional que impressiona a Europa - com três quartos-de-final  consecutivos (dois deles na Champions), coisa única fora dos chamados "Big Five".
Eis um artigo do Às, que creio não carecer de tradução:

"Ante el rápido crecimiento de los grandes clubes europeos en los últimos años, algunos equipos han tenido que ingeniárselas para seguir siendo competitivos al más alto nivel en Europa. Probablemente, el club que mejor ha sabido moverse en los mercados de fichajes recientemente ha sido el Benfica, pues no solo se ha convertido en un gran destino para comprar jugadores prometedores , sino que también vende a precios muy elevados y siempre lleva la delantera en las negociaciones.
Así, el equipo portugués, que el año que viene jugará la Champions League, se ha convertido en especialista en comprar o formar a jóvenes talentos para luego venderlos por grandes cantidades. En esta línea, el club portugués ya está rentabilizando a su última ganga: Vangelis Pavlidis, delantero del AZ Alkmaar que se convirtió en el máximo anotador de la pasada liga holandesa, por el que el club lisboeta pagó 18 millones de euros.
Por menos de 20 millones, el Benfica ha demostrado que sigue siendo, un mercado de fichajes más, el más listo de la clase. En sus filas ya milita un delantero autosuficiente para encontrar situaciones de disparo e inteligente a la hora de recibir balones al espacio. Un ariete técnico en espacios reducidos, con buena definición e intensidad en cada acción. El proceso es siempre el mismo. Solo el tiempo dirá si se trata de otro de esos jóvenes que el equipo retiene poco tiempo, para luego negociar su venta por cifras millonarias o si desarrolla su carrera en las filas de los de Roger Schmidt. Aprieten sus carteras porque su valor de mercado ya está en alza."

VITÓRIA NATURAL

Como já disse das partidas anteriores, estes jogos de pré-época, sobretudo com metade dos titulares em férias, valem sobretudo para ver os reforços, e para perceber, de entre os mais jovens, quem tem eventualmente condições para permanecer no plantel principal.
Nesse sentido, posso dizer que gostei, uma vez mais, de Pavlidis. Parece-me, de facto, a peça que faltava durante toda a temporada passada. Mas também gostei de Marcos Leonardo, e da dupla entre ambos, responsável pelos melhores momentos da primeira parte do jogo.
Barreiro parece-me novamente uma espécie de Florentino 2 - o que não é mau de todo, mas não assegura, de modo algum, a substituição de João Neves.
Beste fez uma assistência. Enfim, não vou dizer muito mais do que já disse sobre ele: é uma contratação que não me entusiasma nada. Vamos ver. Oxalá me engane.
Quanto aos jovens, gostei em particular de Diogo Spencer. João Rêgo pareceu-me demasiado verde, embora estivesse deslocado da sua posição natural, o que lhe vale o benefício da dúvida. E não gostei mesmo nada de Martim Neto - lento, pesado e desconcentrado. Bajrani e Gustavo Marques são fortes, intensos, e merecem alguma atenção. Mas com Otamendi, António Silva, Morato e Tomás Araújo, não vejo muito espaço para eles. Prestianni mostra talento, mas o seu espaço na equipa estará certamente dependente de terceiros- sendo que, para não jogar, ou jogar pouco, talvez não fosse má ideia emprestar durante um ano.
Quinta-feira há mais.

FUTEBOL MODERNO / JOGADOR MODERNO

Para quem ainda não percebeu, tenho uma má notícia: o futebol, em 2024, é uma indústria.
Não adianta perguntarem-me se gosto. Não perco tempo a discutir inevitabilidades. É assim, e não podemos fazer nada para o evitar. Quem não gosta, não veja.
No chamado futebol moderno, a tal indústria, também o jogador se "modernizou". Longe vão os tempos em que o sonho de qualquer criança que entrava nos iniciados do Benfica (não havia escolinhas) era fazer carreira na equipa principal do seu clube do coração. Hoje, o sonho de qualquer jovem minimamente talentoso das escolinhas do Benfica, do FC Porto, do Sporting ou do Moimenta da Beira, e dos papás desse jovem, é simplesmente... enriquecer. Enriquecer o mais possível e o mais depressa possível, que a carreira é curta e incerta.
Não coloquemos as coisas numa perspectiva moral. Se em 1980 os mais talentosos tivessem a chamar por eles ordenados estratosféricos nas principais ligas do continente, também sonhariam de forma diferente. É da natureza humana.
João Neves até pode gostar muito do Benfica. Acredito que goste, embora, confesso, e sem o conhecer pessoalmente, me pareça um jovem de emoções bastante, diria, controladas. João Félix, Ruben Dias, Gonçalo Guedes, Renato Sanches, Gonçalo Ramos ou Nélson Semedo também talvez gostassem. Todos eles naturalmente saíram, para ir à sua vida e assim que houve hipótese, de forma a garantir a independência financeira deles próprios e das suas famílias. Todos eles cumpriram o seu sonho de criança. E até a Kika Nazareth já se foi embora...
Acredito que alguns deles, em final de carreira, como fez Rui Costa, e como espero que faça Bernardo Silva, depois de acomodarem a vida possam, então sim, ter condições para prescindir de um ano ou dois de salário e fazer uma perninha com a camisola do clube do coração vestida.
Mas enquanto são jovens, enquanto não têm o futuro salvaguardado, não adianta esperar outra coisa: todos querem sair rapidamente.
Até porque quem fica demasiado tempo, corre o risco de causar algum cansaço nos próprios adeptos. Veja-se Pizzi, veja-se Rafa. É que o futebol também é ingrato. Muitos adeptos também o são. Não nos queixemos pois. 
Adeus João Neves, boa sorte para tudo, e que um dia, daqui a dez ou doze anos, já com a conta bancária bem composta, possas voltar a vestir a camisola do Glorioso.

LIÇÕES DE HISTÓRIA

O passado é sempre mais romanceado por quem não o viveu, e apenas conhece os momentos heroicos (aqueles que ficam nas vitrinas da memória), ignorando o quotidiano de cada tempo histórico. Ora à excepção do tempo do Eusébio (doze anos singulares nos 120 da história do clube da Luz ou de qualquer outro clube português), não creio que o Benfica tivesse alguma vez sido aquilo que hoje dele se exige: que ganhe todos os campeonatos, que se apresente forte na Europa, que esmague os rivais, que acerte todas as contratações, que, em suma, seja perfeito.
Na velha antiguidade dos Campeonatos de Portugal, FC Porto e Sporting eram mais fortes e ganhadores. Depois, por exemplo entre 1945 e 1955, o Benfica venceu apenas um campeonato e nem sequer tinha estádio (era o clube dos pobres e desfavorecidos do salazarismo, que andava de casa às costas a mendigar ajuda aos associados). Pouco antes de Eusébio se estrear, o Sporting era dominador e tinha dez títulos nacionais para nove dos encarnados. Chegámos então ao tal período impar, com o "Pantera Negra" e sem FC Porto (entre 1959 e 1978 os nortenhos não só nada ganharam, como nem sequer davam luta, chegando a ficar em 9º lugar), que mudou toda a história do futebol português. Mais tarde, entre 1977 e 1994, o FC Porto, independentemente dos métodos utilizados, assumiu-se como mais vitorioso que os encarnados (nesse período, oito títulos para sete). Entretanto vieram sucessivamente a gestão optimista e gastadora de João Santos, a gestão desorganizada e irresponsável de Jorge de Brito e a gestão incompetente e ziguezagueante de Manuel Damásio, que deitaram o Benfica para a maior crise do seu historial e para os braços do caos, do populismo e da corrupção mais descarada personificada por João Vale e Azevedo. Foi o chamado "Vietname", cujo trauma só pode ser entendido por quem por ele passou. Infelizmente, foi o meu caso - a agravar, numa altura em que, por circunstancias da vida, vivia mesmo ao lado do Estádio da Luz.
Nesse período, que mantenho bem presente na memória, confesso que cheguei a pensar (e não só eu) que o Benfica ia a caminho de uma espécie de belenensização, e não voltaria nunca a ganhar campeonatos - tal chegou a ser a desproporção de meios, de créditos e de futuros. Não havia dinheiro, não havia instalações, não havia organização, não havia activos, não havia credibilidade, não havia modalidades, não havia mística, não havia rumo, enquanto, paralelamente, todas as estruturas subterrâneas do futebol português eram capturadas por um FC Porto organizado, metódico, laborioso, e para quem os fins justificavam todos os meios. 
Quando hoje se invoca, depreciativamente, estupidamente, ignorantemente, o termo SLV2003, é caso para dizer, como Jesus Cristo: perdoem-lhes porque não sabem o que dizem.
Foi o tal SLV2003 que modernizou o clube, o dotou de estruturas e condições para competir, o recentrou num futebol que entretanto já era outro, muito mais mercantilizado, muito mais profissionalizado, muito mais dependente da geração de receitas e de áreas como a comercial e a financeira, isto após o Tratado de Maastricht, a criação da Liga dos Campeões e a Lei Bosman, comboio que o Benfica estava em sérios riscos de perder para sempre.
A exigência é benéfica se exercida com realismo. Caso contrário torna-se contraproducente, não permitindo um crescimento sustentado, e naturalmente feito de altos e baixos, de avanços e recuos, obrigando a começar tudo do zero a cada momento, criando ruído, descrença, desunião, e potenciando um ciclo autodestrutivo utilizável por uma comunicação social também ela muito diferente, para o bem e para o mal, da do século XX, e por rivais que não hesitem em explorá-la em seu benefício.
O Benfica está bem. Mesmo muito bem. Nunca teve tantos sócios, nunca vendeu tantos lugares cativos, nunca gerou tantas receitas, nunca praticou tantas modalidades, nunca teve tão boas infraestruturas, e, que me recorde, nunca teve uma situação económico-financeira tão mais estável e robusta que a dos rivais directos - o que o dota de uma capacidade de investimento sem paralelo no país. Desportivamente, e só no futebol profissional, nos últimos onze anos o Benfica ganhou seis campeonatos, o FC Porto três e o Sporting dois; e vem de três anos consecutivos nos Quartos-de-Final da provas da UEFA, duas delas na Champions League, algo que não conseguia desde a década de sessenta. O clube da Luz tem hoje condições invejáveis face aos seus concorrentes, e essas condições, como diria António Guterres, não nasceram do vácuo.
Tudo isto tem de continuar s ser alimentado com vitórias. Mas não se pode deitar fora o menino com a água do banho. É preciso perceber, por exemplo, o que fez o Benfica efectivamente perder o último Campeonato , e não confundir razões desportivas e circunstanciais com razões estruturais ou de fundo. É preciso saudar a aposta no desporto feminino, que dá ao pioneiro Benfica um domínio esmagador numa área cuja importância só um dia mais tarde será relevada. É preciso valorizar o investimento nas modalidades de pavilhão (onde ninguém ganha mais do que o Benfica) e no projecto olímpico (praticamente só atletas benfiquistas como Pimenta, Ribeiro ou Pichardo, lutarão por medalhas em Paris). Obviamente não serão os rivais a expressar essa valorização.
Hoje há muito mais informação disponível, mas a inteligência humana é a mesma que inventou a roda. Toda essa informação, multiplicada e distorcida por variadíssimos e outrora inexistentes canais, torna-se muitas vezes mero ruído. O Benfica, como clube mais popular, acaba por ser também o mais exposto ao folclore mediático, e à estupidez natural que brota das redes sociais, bem como a um modus vivendi que se traduz em dizer mal de tudo e de todos, e exigir tudo a todos e já, excepto, naturalmente, aos próprios.
É uma pena que uma facção dos adeptos não entenda nada disto, e embarque nessa onda negativista. E se, nos tempos antigos, quando o presidente do clube ia lá uma vez por semana assinar os cheques, a retórica destrutiva, ou não existia, ou resumia-se à tasca do bairro, hoje tem um efeito potenciado e extremamente nefasto para a estabilidade presente e futura do clube. E nem falo dos casos, que também existem, de gente ressabiada por, ou ter cessado ligação ao clube, ou pretender tê-la sem o conseguir.
A mim, nunca me irá pesar a consciência. Sofro pelo Benfica desde que me conheço, já chorei pelo Benfica de tristeza e de alegria - e se chorei de tristeza por várias razões na vida (morte de familiares ou outras situações pessoais), por alegria, meus amigos, só o Benfica me fez soltar lágrimas, tal a paixão que lhe devoto. Gastei e gasto muito dinheiro para acompanhar o clube (já não vivo perto do estádio, nem sequer em Lisboa), nunca tendo dele recebido um cêntimo - embora colabore semanalmente com o jornal, desde 2008, a título 100% gracioso. Pode haver gente tão benfiquista quanto eu,. Mais do que eu, garanto a pés juntos que não há. 
Obviamente isso não faz de mim dono da razão. Mas nada faz de nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos donos da razão, pelo que todos temos o dever de respeitar as maiorias. E não tenho dúvidas que a maioria dos sócios e adeptos do Glorioso sabe valorizar o clube que tem, e, mesmo não gostando de perder um campeonato, não dispara tiros que ferem a sua própria alma - como infelizmente algumas minorias, que se julgam vanguardas esclarecidas, fazem quase diariamente por aí. Perdoem-lhes, pois não sabem o que fazem.

MAS É CLARO QUE VAI SAIR

O jogador sonha, a família aconselha, o empresário pressiona, o clube precisa. Alguém tem dúvidas que João Neves vai sair do Benfica? Alguém tem dúvidas que qualquer profissional, a quem seja oferecido um salário cinco vezes maior, sai logo a correr? Ou pensa que os clubes portugueses conseguem viver e manter-se competitivos sem a receita extraordinária da venda dos seus mais preciosos talentos (aqueles que o mercado efectivamente valoriza)? Ou que qualquer instituição portuguesa tem condições de recusar 50, 60 ou 70 milhões de euros?
Não. Não haja ilusões. As coisas são o que são, e não o que gostaríamos que fossem. Portugal é um país periférico, e tem uma Liga miserável que ninguém vê em parte nenhuma do mundo (a não ser nos PALOP's, que não têm dinheiro). Está, e vai estar sempre, exposto a este modelo, que é o único que ainda permite alguma competitividade, e é elogiado na Europa.
Até 31 de agosto, quase cortava uma orelha em como o jovem algarvio vai partir para a sua independência financeira, e o Benfica vai embolsar uns quantos milhões - que lhe permitirão manter-se economicamente saudável. E não fosse uma intervenção cirúrgica (a juntar à ausência da Champions e do Euro), diria exactamente o mesmo de Gyokeres.
Quem atacar o presidente por vender o jogador, ou é profundamente ingénuo e não percebe como funciona o futebol moderno, ou está simplesmente de má fé. Digo mais, é provável que Rui Costa diga e repita que não vende, para esticar o preço o mais possível, até chegar ao maior valor possível e voltar com a palavra atrás. É assim que se negoceia. É assim que se defende o interesse do clube, no meio deste lago de tubarões em que estamos metidos.
Quem não gosta disto, dedique-se aos Iniciados do Polo Aquático enquanto é tempo. Aí ainda não circulam milhões, não são precisos orçamentos exorbitantes, nem salários estratosféricos de fazer qualquer um perder a cabeça. 

CONTAS FINAIS


Com as finais competições continentais de selecções, com o Campeonato Nacional de Atletismo ao ar livre, e com a Taça de Portugal de Hóquei feminino, pode dizer-se que terminou este domingo a temporada 2023-24.
O balanço final de vitórias é o seguinte.
MASCULINOS: Benfica 23, Sporting 18, Porto 9, Braga 3 e outros 17
FEMININOS: Benfica 36, Sporting 4, Braga 2, Porto 1 e outros 21
TOTAL: BENFICA 59, Sporting 22, Porto 10, Braga 5 e outros 38
O acumulado de títulos dita agora que o Benfica soma 1318, o Sporting 1025 e o Porto 753.
Assim se vê quem é, de facto, a maior potência desportiva nacional.

COMO EXPLICAR ISTO?

Entre Mundiais e Europeus, Ligas dos Campeões e Ligas Europa, o futebol do país vizinho venceu todas (!!) as 23 finais que disputou desde 2001. Além destas, houve mais quatro finais discutidas entre eles, pelo que totalizam, no período, 27 vitórias. Mais do que o número de triunfos e de troféus (já de si impressionante), é espantoso como não perdem uma única final. A última derrota, nestas competições, foi precisamente em 2001, cedida pelo Valência diante do Bayern, após desempate por penáltis.
Alguém um dia disse que as finais não se jogam, ganham-se. O problema é que isso valeria para ambas as equipas em campo, e só uma o consegue. Ser sempre a espanhola é já um padrão, que merece ser analisado - por exemplo, pelo Benfica, que tem um historial proporcionalmente inverso.

FEZ-SE JUSTIÇA

Num Europeu que, genericamente, foi de menos a mais, começando com futebol sonolento, maus relvados, arbitragens medíocres e problemas de segurança, terminando com bons jogos e com a vitória justa da melhor equipa em prova, a Espanha alcançou o seu quarto título continental.
Olhando para os plantéis, já houve espanhas mais impressionantes. E havia outras selecções que, à partida, pareciam mais capacitadas (entre elas, diga-se, Portugal). O que é certo é que, com um punhado de jogadores em grande forma, e uma ideia de jogo colectivo muito bem trabalhada pelo seleccionador, esta Espanha foi vencendo sucessivamente Itália, Alemanha, França e Inglaterra, sempre de forma dominante e vistosa, até erguer o troféu em Berlim.
Destaque natural para Yamine Lamal, que foi a estrela do torneio, fez lembrar os primeiros tempos de Cristiano Ronaldo, e cheira claramente a futuro "Bola de Ouro". Mas também Rodri, Nico Williams e Dani Olmo estiveram em evidência.
Pessoalmente, por motivos familiares, preferia que a Inglaterra ganhasse. Mas curvo-me perante esta equipa espanhola, que foi sem dúvida o vencedor mais justo.

JÁ TINHA SAUDADES

Já tinha saudades de ver o Benfica jogar com um ponta de lança.
Depois de uma temporada entregue a um artista de circo, um tosco e uma criança, agora parece, enfim, haver um avançado - não necessariamente um Van Basten, mas um avançado.
Como sempre defendi, a última temporada foi decidida aí, na área contrária. Uns tinham Gyokeres, e os outros... Enfim, não baterei mais no ceguinho.
O que interessa é que Pavlidis existe, e logo nas primeiras oportunidades não desmereceu a confiança. 
Como se viu também na selecção portuguesa, não adianta ter craques a construir se não houver quem finalize. O futebol são resultados, e os resultados são golos. Acredito que, depois dololorosa demonstração ao longo de um ano inteiro, o Benfica o tenha percebido. 

MUITO TRABALHO PELA FRENTE

Quando se sofrem dois golos de rajada, mas a defesa é formada por André Gomes, Leandro Santos, Bajrami, Gustavo Marques e Tiago Parente, não há muita coisa a acrescentar.
Do jogo com o Celta (já agora, porquê insistir neste maldito adversário em todas as pré-épocas?), prefiro guardar a primeira parte, os dois golos de Pavlidis (e estes começos, que dispensam fases de adaptação, são os que eu mais gosto), bem como a frescura que Neres confirmou, parecendo querer desde já assegurar o seu bilhete para a titularidade.
Fica uma nota, que aliás já vem da época passada: Trubin tem dias, mas quer Samu, quer André Gomes deixam-me muitas interrogações quanto à capacidade de serem soluções para o Benfica. Que tal pensar num guarda redes, por exemplo da liga portuguesa, sem gastar muito dinheiro, mas que tenha a experiência suficiente para garantir um eventual azar? 

BOAS SENSAÇÕES

A pré temporada é uma simples ferramenta de trabalho, e raramente permite tirar conclusões. Ainda menos nestes jogos iniciais, com meia equipa de férias.
De qualquer modo, e olhando apenas para as prestações individuais, gostei do que vi.
Rollheiser, Prestianni e Pavlidis deixaram boas notas, enquanto, dos mais antigos, Neres pareceu-me já bastante fresco, tal como Florentino.
A adaptação de Gouveia à linha defensiva também pode não ser má ideia. Para o Benfica, e para o futuro do jogador.
Enfim. Amanhã há mais. 

UMA BOA NOTÍCIA

17 golos e 13 assistências. Foram estes os números de Di Maria na última temporada. Só nas provas europeias marcou cinco vezes, ao FC Porto duas (garantindo a Supertaça e o triunfo na Luz) e ao Sporting uma (que não valeu, mas podia, e devia, ter valido uma presença no Jamor). Foi o segundo melhor goleador da equipa, mesmo sem ser ponta-de-lança, apenas atrás de Rafa, que também não o é - o que também diz muito sobre aquele que foi o verdadeiro problema dos encarnados em 2023-24.
Juntamente com João Neves, e Rafa até certa altura da época, Angelito foi um dos melhores jogadores da equipa. Por vezes, o único a remar contra uma maré de equívocos. Assumiu o seu papel de estrela, no bom sentido da palavra, resolvendo vários jogos - mesmo quando parecia adormecido. Não foi por ele que o Benfica perdeu o Campeonato.
Além disso é um peso pesado no balneário, com toda a sua experiência, profissionalismo e conhecimento dos cantos da casa.
Nesse sentido, a notícia da sua continuidade é tranquilizadora. 
Com a partida de Rafa, Di Maria restava como único criativo do plantel (enfim, para além de Neres, que tem dias). E aos 36 anos ainda pode, no Benfica, e na Liga Portuguesa, ser determinante em muitos jogos.
Já sei que vão chover críticas. Em grande parte vindas daqueles que há uns anos idolatravam Weigl, que odiavam Vlachodimos, Pizzi, Seferovic e Rafa, que toleram Arthur Cabral e Kokçu, tudo por motivos que para mim são ocultos - enfim, só se for por publicarem, ou não publicarem, fotos bonitas nas redes sociais.
Como eu s dou mais valor aos números e ao rendimento, entendo que Di Maria, sim, é um craque. E vai dar muito jeito mantê-lo.


Q.Q.QUEM?????

Beste???!??? Mas qual Beste??!!??
Falava-se de Gosens, falava-se de Tagliafico. Agora aparece um alemão qualquer, que custa 10 milhões de euros, vem de uma equipa de terceiro plano à qual chegou como avançado, e que, a caminho dos 26 anos, nunca fez um só jogo pela selecção, nem nas nas provas da UEFA?
Confesso que, antes de saber o preço e a idade, julguei que vinha para a equipa B. Infelizmente estava enganado.
Isto, obviamente, cheira-me a flop. Tal como me cheirou  Arthur Cabral, tal como me cheiraram  Jurasek, Rollheiser ou Prestianni. Com Kokçu, confesso que me enganei: pensava tratar-se de um grande jogador, coisa que não é, e provavelmente jamais será.
Enfim, entregues a este Beste e a Carreras, lá teremos de andar mais uma época a desviar Aursnes da sua posição natural. E lá vão mais 10 milhões deitados ao lixo..
E este mercado até parecia estar a correr bem...

O BENFICA REAL

Enquanto uns quantos que acham que o mundo é deles se dedicam a destilar ódio nas redes sociais, em fóruns de opinião anónimos ou em podcasts, e se juntam para gritar nas Assembleias Gerais, o Benfica real e profundo trata de renovar o seu Red Pass, ou pacientemente aguardar em lista de espera para o adquirir.
Eu já renovei o meu.

JOÃO FÉLIX? CLARO QUE SIM!

Estou plenamente convencido que o potencial de João Félix ainda está por explorar. É verdade que depois de fracassar (enfim, a partir de certa altura) no Atlético de Madrid, também não brilhou no Chelsea, e só a espaços o fez no Barcelona. Mas Félix tem 24 anos e um enorme talento. Se Deus lhe der saúde, tem uma longa carreira pela frente, e está bem a tempo de mostrar tudo o que vale...desde que, no contexto adequado.
Qual o contexto adequado? Sem dúvida um Benfica onde seria ele e mais dez, onde seria ele a estrela, o criativo, o condutor de todos os ataques, e onde, após as saídas de Rafa e Di Maria, podia soltar-se pelo campo para fazer explodir o seu talento, causar desequilíbrios, fazer a diferença, brilhar na Champions e no Mundial de clubes, tornando-se, de caminho, titular indiscutível da selecção portuguesa. Tudo isso perante adeptos que gostam dele, que sabem o que ele vale e o iriam acarinhar até ele devolver, com exibições, golos e vitórias, todo esse carinho de volta.
Mau profissional? Não acredito. Génio incompreendido? Também não. Apenas um jovem que saiu da sua zona de conforto demasiado cedo e pagou o preço das altíssimas (e exageradas) expectativas que puseram sobre ele. Sejamos francos: João Félix nunca valeu, e dificilmente valerá 120 milhões. Na verdade, nenhum jogador os vale, mas mesmo olhando para o mercado dos últimos anos, talvez seja lícito dizer que Félix apenas valia metade ou mesmo um terço (em todo o caso, montantes para um grande jogador). Além disso, foi para uma equipa que lhe exigia aquilo que tacticamente não era capaz de dar, e em que tecnicamente lhe pediam este mundo e o outro - que é como quem diz, que fosse o novo Cristiano Ronaldo. Talvez também não tivesse a maturidade física e mental para tão grande desafio. Não sendo capaz de corresponder na plenitude, terá entrado num ciclo negativo de falta de confiança, alimentado por uma crescente pressão exterior em seu redor.
O que Félix agora precisa é de inverter esse ciclo, voltar a ganhar confiança, voltar a sentir-se importante, voltar a ser feliz... com z.
Não sei se o Benfica tem dinheiro para o contratar, ou - mais difícil ainda - para lhe pagar mensalmente um salário muito acima da média do futebol português. Se tal for possível, penso que valerá o esforço. Seria um investimento que até poderia ainda vir a trazer retorno. Talvez seja igualmente de pedir ao jogador para fazer a sua parte, dispondo-se a reduzir o salário até ao limite de o Benfica o poder pagar. Perdia dinheiro no imediato, talvez o recuperasse no futuro, e com juros.
Não sei quanto ganha João Félix, nem quanto ganha o jogador mais bem pago do plantel do Benfica (e essa era a diferença a resolver). Também não sei quanto exigiria o Atlético de Madrid, perante outras propostas que possa vir a ter para compra total ou de metade do passe. Neste texto, falo apenas do jogador, e daquilo que eu gostava que acontecesse. Compreendo que não venha a ser possível. Mas, até ao fim do mercado, deixem-me sonhar com João Félix na Luz, de águia ao peito e camisola "dez" como Chalana, Valdo, Rui Costa, Aimar e Jonas.
PS: Muitas destas palavras aplicar-se-iam também a Renato Sanches. Mas o médio vem de um ciclo de lesões preocupante, e tenho mais dúvidas sobre o seu rendimento futuro. Teria mesmo de vir em saldo.

E AFINAL ERA POSSÍVEL...

Portugal não estava a fazer um bom Europeu. A França também não. E o que se viu foram duas equipas com medo uma da outra, 120.minutos à espera de um erro. 
Confesso que estava bastante pessimista. E a forma mais viável que via para a equipa portuguesa seguir em frente era precisamente um desempate por penaltis. Nesse sentido, não me posso queixar muito da exibição nem do 0-0 final. 
Mas os penaltis são cruéis. E percebeu-se que os jogadores franceses estudaram Diogo Costa.
Enfim, pode dizer-se que este Portugal não merecia mais (370 minutos sem um golito) . O que é certo é que esta França também não. E se houve jogo em qie se viu alguma solidez na equipa nacional até foi este.
Resta a pobre consolação de verificar que a meia-final seria frente a Espanha - essa sim, a melhor equipa em prova.
Quanto a João Félix, tem um clube que o estima à sua espera. É só voltar.
De Ronaldo não digo mais nada, por respeito ao seu passado. 

MONEY TALKS

Beijam o emblema, declaram amor eterno, mas quando o dinheiro fala, tudo o resto se cala.
Atenção, isto não é uma crítica aos atletas. Eu no lugar deles faria o mesmo. É uma crítica a alguns adeptos, que teimam em não querer entender o óbvio: um futebol moderno altamente mercantilizado e uma vida moderna também ela mercantilizada - que, quer gostemos ou não, existe e está para ficar.
Se alguém oferece um salário cinco vezes maior, não há nada a fazer. E à pressão dos próprios, da família e dos empresários, junta-se a necessidade dos clubes fazerem receitas para continuar a pagar salários milionários. Talvez no feminino esta última parte ainda seja um pouco diferente, mas o resto é igual ao masculino, a todas as modalidades e a todas as profissões. O que faria o caro leitor se uma outra empresa ou instituição lhe oferecesse um salário cinco vezes maior?
A declaração de Kika Nazareth resume tudo com uma simplicidade desarmante: "era uma proposta irrecusável...".
Propostas irrecusáveis vão surgir até ao fim do mercado para João Neves, que obviamente aceitará a melhor. Para o Benfica, se for por 100 é excelente, mas por 50 ou 60 também se faz. É tentar esticar ao máximo, mas a saída é inevitável. Do João Neves ou de qualquer outro que tenha mercado e valha dezenas de milhões de euros. Aliás, um dirigente português que recusasse 50 milhões por qualquer jogador, devia, esse sim, ser imediatamente destituído por gestão danosa - embora, obviamente, tenha de dizer o contrário para fazer aumentar a parada, como em qualquer negociação.
A verdade é esta, quer queiramos, quer não. Tudo o resto é pura fantasia, areia para os olhos - como quiserem interpretar. Ou aceitamos, enquanto adeptos, viver com esta realidade, ou o melhor é deixar de ver futebol. 
Eu, por enquanto, vou aceitando resignado. Um dia talvez mude de ideias. Mas longe de mim condenar os interpretes por fazerem algo que, eu próprio, no lugar deles, também faria. E digo isto dos jogadores mas também dos dirigentes - que, como disse, todos os meses têm milhões de euros a pagar em salários.
PS1: Não esqueçamos que até Eusébio só ficou no Benfica porque não o deixaram sair.
PS2: As maiores felicidades à Kika, desejando que um dia, depois de ganhar a sua vida, possa regressar ao clube de coração, como Rui Costa fez, e como Bernardo Silva espero ver fazer.

ERA BONITO DE SE VER...

Haverá dinheiro para tudo isto? Pagar os salários de Di Maria, Félix e Gosens, e manter João Neves? Duvido, mas que gostava de ter esta equipa, lá isso gostava.

BONS PRINCÍPIOS

Via-se logo que o guarda-redes da selecção nacional tinha começado pelo caminho certo. Depois desviou-se. Mas deve ter ficado lá alguma coisa.

FALTA DE GOSTO, FALTA DE SENSO

Quando vi, pensei que fosse montagem. Infelizmente parece que é mesmo verdade.
Não sei se a culpa é da Adidas ou do Benfica. Seja de quem for, estas camisolas têm de ir rapidamente para o lixo. É inaceitável que o símbolo do Benfica seja tratado desta forma. No marketing não pode valer tudo. Além do mais, o efeito estético é horrível.
Aliás, os equipamentos, de treino ou de jogo, são das piores coisas que existem no futebol moderno. Criou-se a "necessidade" de inventar novidades todos os anos, e quando não há mais ideias (que obviamente se esgotam), resta a estupidez. Vemos imagens do futebol dos anos sessenta e setenta, e ficamos deliciados a olhar para aquelas cores, aqueles tecidos, aquela simplicidade. Agora, só falta equiparem-se de astronautas. Mas pintar o emblema do Benfica de verde, acho que é ir longe demais. 

NOMES OU EQUIPA?

Roberto Martinez tem, num dos pratos da balança, uma qualificação imaculada só com vitórias e algumas boas exibições. Dir-me-ão que os adversários eram frágeis, mas com outros seleccionadores - por exemplo Fernando Santos - mesmo com adversários frágeis, Portugal poucas vezes evitava os playoffs, ou qualificações apertadas de calculadora na mão.
O espanhol tem também do seu lado uma simpatia natural, que o fez integrar-se muito bem no país, falar um português perfeito e até cantar o hino. Vale o que vale, mas é bonito de se ver.
Porém, nesta fase final, na hora da verdade, está a mostrar insuficiências tácticas e de leitura de jogo confrangedoras. Afinal, lembremos, é um técnico cujo palmarés se resume a uma Taça de Inglaterra à frente do Wigan.
As exibições da equipa, salvo alguns momentos do jogo com a Turquia, têm sido medonhas. E não fossem o golpe de sorte de Francisco Conceição aos 95 minutos diante da República Checa, e a estrondosa exibição de Diogo Costa com a Eslovénia, a selecção nacional já teria regressado a casa, sem honra nem glória - e até mesmo coberta de vergonha, dado o potencial que todos lhe reconhecem.
Este é talvez o melhor plantel de sempre de uma selecção portuguesa. Mas, por isso mesmo, não pode, nem deve, ser gerido em função do estatuto das individualidades. Ora é isso que Roberto Martinez está a fazer.
Os jogadores da Premier League, em particular os do Manchester City (não só os portugueses, à excepção de Rodri, todos eles), apresentaram-se neste Europeu verdadeiramente de gatas. Na parte que nos toca, vemos por exemplo uma sombra de Bernardo Silva. Mas também Bruno Fernandes, não do City, mas igualmente da Premier, anda manifestamente esgotado.
Não sei o suficiente da matéria para poder apontar a fase preparatória pré-Europeu como causa agravante (ou não desagravante) do estado físico destes atletas. O que sei, porque vejo, como todos vemos, é que eles estão a léguas da sua melhor forma. e no banco há muitas e variadas alternativas.
Depois há o caso Ronaldo, que aos 39 anos ainda julga que é o melhor do mundo, faz birra quando é substituído (viu-se na partida com a Geórgia, em que só pela busca de mais recordes individuais terá alinhado de início), e exige que todos joguem para ele. CR7 até podia ser útil à selecção se, com humildade, reconhecesse as suas limitações actuais, e se dispusesse a ser lançado apenas nos últimos minutos de algumas partidas mais fechadas, podendo, com os adversários desgastados, e com a sua experiência, fazer a diferença dentro da área. Ter marcado 50 golos a árabes tê-lo-á convencido que ainda estava em 2014 - mas se fosse para o Juventude de Évora marcaria talvez 80, pois tudo é relativo. Tal como Joe Biden nas eleições americanas, se não partir dele próprio esse entendimento, será difícil alguém tomar a decisão de o afastar. Não esqueçamos, também, que se trata de uma gigantesca máquina de facturar para a FPF.
Ora tudo isto seria assunto para Roberto Martinez gerir. Infelizmente, o técnico espanhol está a optar pelo caminho mais fácil: manter todas as estrelas satisfeitas, e esperar que individualmente se resolvam (nos detalhes, como ele próprio diz) as gritantes lacunas colectivas que a equipa apresenta. O resultado para já é, no mínimo, preocupante.
Nada está perdido, a França também padece de problemas parecidos, em quatro jogos ainda não marcou um golo em bola corrida, e Mbappé e o seu nariz têm estado demasiado acinzentados.
Para chegarmos mais longe, é preciso que Martinez dê um murro na mesa, e assuma (para isso é pago a peso de ouro) decisões difíceis. Por exemplo, tirar Pepe, Ronaldo, Bernardo e Bruno de um onze onde, para além de, por diferentes motivos, não renderem, a sua presença acaba por torturar tacticamente a equipa e impedi-la de explodir em toda a sua plenitude.
No próximo jogo, o onze de Portugal podia ser algo como isto: D.COSTA, CANCELO, G.INÁCIO, R.DIAS, N.MENDES, PALHINHA, J.NEVES, VITINHA, NETO, JOTA e LEÃO. Uma equipa mais fresca, mais jovem, mais disponível, e porventura mais solidária. Talvez as coisas corressem um pouco melhor. Fica o desafio.

SÓ UMA VITÓRIA, MAS QUE VITÓRIA!

Portugal jogou 7 vezes com a França. Só ganhou uma: precisamente... aquela.
Até lá, muito drama, com três eliminações em meias-finais, a cargo de Platini (1984) e Zidane (2000 e 2006), as duas primeiras após prolongamentos agónicos. 
Dos golos de Jordão com assistências de Chalana, passando pelo penálti de Abel Xavier e até ao golo de Eder, este é um confronto com história.
Nenhuma das equipas está a jogar bem. Só que uma tem Mbappé, e a outra já não tem o verdadeiro Ronaldo.
Enfim, é preciso sorte, muita sorte.

OBRIGADO, PÁ

Não há como não agradecer ao homem do jogo. 
Diogo Costa salvou Portugal, salvou Pepe (que não se chama António), salvou Ronaldo (que já não devia andar ali), e salvou... Martinez - que, com substituições incompreensíveis, desorganizou a equipa a um nível preocupante. O guarda-redes do FC Porto limpou também a imagem que deixara no Mundial, quando um erro seu ditou a eliminação da equipa lusa. 
Enfim, por portas e travessas, estamos nos Quartos. Mas contra a França há muito a rever. A selecção não pode ser gerida em função de nomes e estatutos. E tem plantel para muito mais. 

ONZE PARA OS OITAVOS


 

UM SENHOR

Não há desporto sem adversários. E se existe exemplo de adversário forte mas leal, diabo dentro do campo cavalheiro fora dele, espelho de uma paixão que não se faz só de um lado, esse exemplo podia ser personificado por Manuel Fernandes (como, mais a norte, por Fernando Gomes). 
Marcou vários golos ao Benfica. Fez-me sofrer a bom sofrer. Mas se Bento, Chalana ou Nené eram os "meus", o goleador de Sarilhos era "os outros", e todos eles constituiam o olimpo dos deuses da minha infância. Por isso, mesmo do outro lado do campo, Manuel Fernandes também alimentou a minha paixão pelo futebol. 
Fica a minha vénia e o meu profundo respeito por uma figura maior do futebol português. Paz à sua alma! 

TÍTULOS 2023-24 - atualização

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BALANÇO:
Masculinos SLB 19 SCP 17 FCP 8
Femininos: SLB 33 SCP 1 FCP 1
Total SLB 57 SCP 18 FCP 9

BONS SINAIS

GOSENS: o lateral esquerdo de qualidade de que a equipa precisava, com experiência e robustez.

LEANDRO BARREIRO: pode ser o médio de combate que há tanto tempo faltava ao plantel.

PAVLIDIS: acredito que vai ser o grande goleador da equipa.
 

Concretizando estas três aquisições (Barreiro é certo, Pavlidis depende de pormenores, e Gosens está a ser negociado), o Benfica faz o mercado que eu esperava e que se exigis. Ao contrário da época passada, estas parecem ser apostas cirúrgicas. Só o futuro dirá se certeiras. Mas dificilmente seria possível encontrar melhor, dentro das limitações orçamentais do futebol português.
Acrescento: se os principais jogadores se mantiverem (excepto, naturalmente, Rafa), penso que não é preciso mais nada. As lacunas do plantel eram exactamente estas. E nem Gosens é Jurasek, nem Pavlidis é Arthur Cabral.

PELO CAMINHO DAS PEDRAS

 

Em 2016 Portugal ficou em terceiro lugar do seu grupo sem vencer um único jogo. Teria ficado em segundo não fosse um golo da Islândia à Áustria, numa outra partida, no tempo de descontos. Como terceiro classificado, num golpe de sorte irrepetível, apanhou Croácia, Polónia e País de Gales, até chegar à final de Paris.
Em 2024 já garantiu o primeiro lugar no grupo e, mesmo passando os oitavos (com Hungria ou Eslovénia), a equipa das quinas terá pela frente, previsivelmente, França, nos quartos, Alemanha ou Espanha, nas meias, Inglaterra ou Itália, na final. 
Ou Roberto Martinez dá largas a todo o potencial do seu talentoso plantel, ou só com tanta sorte nos jogos como Fernando Santos teve nos adversários, Portugal poderá almejar a alguma coisa de relevante neste Europeu.

MAIS PORTUGAL

Com uma exibição mais atraente,  e também alguma sorte (sobretudo, fruto dos erroa alheios) a selecção nacional venceu a Turquia e carimbou o passaporte para os oitavos.
Viu-se mais do que na partida anterior, embora o adversário também fosse diferente e muito maia exposto do que o autocarro checo.
Agora, frente à Geórgia, há que dar.minutos aos menos utilizados e preparar a fase seguinte - na qual, para Portugal, o Europeu vai realmente começar. 

LINHAS VERMELHAS

Antecipando desde já a discussão em torno dos estatutos (por agora, apenas foi aprovada a metodologia), deixo aqui os pontos que me parecem de acautelar numa eventual revisão:
-Naturalmente as cores, os símbolos e todas essas coisas que penso serem unânimes;
-A maioria do capital da SAD manter-se na posse do clube;
-Manter-se a segmentação quanto ao número de votos, sendo que a antiguidade é um garante de benfiquismo a que todos podem almejar;
Podem acabar com os votos das Casas do Benfica, e quanto à limitação de mandatos não tenho opinião fechada (se um presidente se revelar fantástico, tirá-lo só porque sim, não me parece adequado, embora perceba que a limitação pode evitar alguns vícios).

VOLTANDO AO BENFICA

"As estimativas, mais a olho, mais a intuição ou mais a partir de sondagens e inquéritos, dizem-nos que existem espalhados pelo Mundo seis milhões de benfiquistas.
Os números estimados nas duas assembleias gerais que decorreram na Luz — primeiro no pavilhão, depois no estádio, com ida intermédia ao pavilhão para se votar o orçamento — dizem-nos que estes eventos mobilizaram entre quatro e cinco mil sócios durante longuíssimas horas" ALEXANDRE PEREIRA em "A BOLA"

Eu acrescentaria, predominantemente lisboetas (ou de perto), predominantemente jovens (digamos, sub 40), e predominantemente oposicionistas (quase todos os que falaram).
É dos livros que quem está contra se mobiliza mais facilmente, seja para o que for. Quem é jovem também tem, em princípio, mais tempo e energia. Quem é de Lisboa...é de Lisboa. E depois há as redes sociais, que é onde toda essa malta vive se encontra. Sem falar das claques ou afins, que gritam muito alto que o Benfica é deles.
Parece fácil de ver que há uma certa clivagem. 
De um lado, quem apoia o Benfica Rui Costa, quem pretende serenidade em torno do clube e das suas equipas, quem acha que os mandatos são avaliados no fim, quem olha para os números na globalidade e não para o instante, quem percebe que o presidente não pode mudar tudo de uma vez, tendo de se suportar em quem já lá estava para aspectos que não domina, quem reconhece a obra feita e os títulos alcançados no período de Luís Filipe Vieira (independentemente do triste fim que teve), quem, em suma, já viveu o suficiente para perceber que estas ondas são mesmo assim e não podemos mergulhar em todas elas. 
Do outro lado, quem não sofreu com o "Vietname", quem mitifica tudo o que ficou para trás de Vieira (não sabendo relativizar ou contextualizar períodos), quem confunde futebol moderno com Benfica moderno (achando que este pode, de alguma forma, por magia, sair daquele), quem acha que despindo na praça pública todos os problemas internos (por mais complexos que sejam) o clube sairá reforçado (como se não houvesse rivais, como se não houvesse comunicação social), quem parece por vezes mais interessado em derrubar uma direcção do que em ver a sua equipa ganhar.
Não tenho dúvidas nenhumas onde se situa a maioria do universo benfiquista espalhado pelo país e pelo mundo. Também não tenho dúvidas que há boa vontade e benfiquismo nos dois lados da barricada. 
Os mais antigos não têm talvez tanta informação digerível, mas têm mais sabedoria e prudência. Os mais novos e impacientes, estão porventura mais informados, mas têm menos equilíbrio, sensatez, pragmatismo, tolerância e sentido analítico, desconhecendo que a busca pela perfeição é quase sempre inútil.  Depois, para além destes, há também os que queriam tachos e não os tiveram ou perderam-nos e ficaram ressabiados, os que queriam poder e não o têm, os que queriam sentar-se à mesa das decisões, mas não se sentam, e também alguns que só querem protagonismo pessoal.
É no meio de tudo isto que está o Benfica. 
Resta esperar que no dia 10 de Agosto haja alguma paz, para que não sejam os próprios sócios (ou alguns deles, pois a mim não me pesa a consciência) a impedir a equipa de trabalhar com serenidade e começar bem o campeonato.

HOJE SOUBE-ME A POUCO

Se Roberto Martinez tiver a sorte de Fernando Santos, seremos campeões da Europa. Nós, a França, a Alemanha, a Albânia ou a Eslováquia. Qualquer equipa, com os deuses da fortuna tão bem alinhados como em 2016, pode ganhar qualquer prova, a qualquer momento, em qualquer lugar.
Meter em campo dois jogadores aos noventa minutos, um deles fazer o golo da vitória com assistência do outro, cheira a Fernando Santos. E se assim for, vamos no bom caminho.
Mas a sorte não dura sempre, nem bafeja todos em igual medida. E a exibição de Portugal diante da República Checa (não vejo motivo para deixar de a chamar assim) foi pobre e parca de ideias.
A espaços, parecia uma partida de Andebol, mas sem limite para jogo passivo. A equipa portuguesa trocava a bola, e não conseguia entrar no ferrolho checo. O único que por vezes o fazia, Rafael Leão, acabou substituído (enfim, tinha cartão amarelo...).
Confesso que também não entendi a missão atribuída a João Cancelo, nem porque motivo foi adaptado Nuno Mendes a central (ou algo parecido com isso), com António Silva e Gonçalo Inácio no banco. Sobre Pepe e Ronaldo não vou dizer mais nada.
Enfim, Portugal ganhou e isso é o que mais interessa. E em condições normais tem ainda dois jogos para afinar a estratégia. Depois, espero que jogue bem melhor, pois tem plantel para isso. Desde 2016  desperdiçámos demasiadas competições com uma geração brilhante de jogadores. Espero que esta não seja mais uma.

EU E O EUROPEU

É inegável que o futebol de selecções já viveu melhores dias. Não falo de um ponto de vista comercial (Ronaldo e a selecção portuguesa, por exemplo, são poderosas máquinas de facturar). Falo do ponto de vista desportivo, que entronca com a globalização, a Lei-Bosman, e a consequente acumulação de talento em multinacionais de ponta e de orçamento quase ilimitado - que fizeram da milionária Champions League o palco que a estrelas escolhem para brilhar.
A forma como se vive o futebol é hoje muito diferente. Ainda me lembro de tempos em que a generalidade dos jogadores actuava nos seus países, os principais clubes eram espelho das respectivas selecções, e era nos Europeus e nos Mundias que se viam os melhor es jogos, que apareciam as inovações tácticas, e se revelavam os novos talentos. Diria mesmo que era quando se viam jogos, tout court, pois a televisão portuguesa não transmitia o campeonato nacional, mas tão somente finais europeias, finais de taça e uma ou outra partida da selecção, fazendo dos Europeus e Mundiais a verdadeira festa do futebol televisivo. Se durante toda uma temporada se viam cinco ou seis jogos na TV, durante o mês do Mundial ou do Europeu viam-se dezenas. Isso, por si só, tinha um efeito mágico.
As provas de selecções das décadas de oitenta, e princípio de noventa, pré-Lei Bosman, pré-televisões privadas em Portugal, apanhando a minha infância e adolescência, foram verdadeiros sonhos de Verão, mesmo sem que a “Equipa das Quinas” participasse na maioria delas. Era um regalo, durante um mês, ter futebol diariamente, colecionar os cromos, ler e reler os guias (não havia Internet, e os dados apenas estavam disponíveis nessas autênticas bíblias), e viver momentos que só quem os partilhou poderá entender.
Não consigo estabelecer com exactidão a fronteira entre aquilo que é do âmbito meramente pessoal (próprio da infância, adolescência e juventude mais precoce), e o que tem a ver com um tempo e um mundo em que a imaginação era muito mais estimulada, sem as doses massivas de futebol e informação futebolística que existem hoje. O que é facto é que, pelo menos para mim, os Europeus e Mundiais foram progressivamente perdendo o seu fascínio. Houve daí para cá fases intermédias, já na idade adulta, em que quase me obrigava a ver os jogos numa espécie de respeito pelo meu próprio passado (o Euro 2004 tem de ser colocado numa prateleira à parte, e fez-me, por exemplo, andar de estádio em estádio a longo de uma semana de férias), até aos dias de hoje em que nem sequer me apetecia que o Europeu tivesse começado.
O ponto mais baixo terá sido o Mundial 2022, que nem devia ter ocorrido naquele local e naquela altura. Mesmo assim, ao fim de uns dias, acabei por entrar na onda e vibrar com alguns jogos.
E eis que aqui chegámos. Ao Euro 2024, cujo principal aliciante é ver a equipa portuguesa com o melhor plantel de que me recordo, e ser claramente - talvez pela primeira vez na história - uma das mais fortes candidatas ao título.
As próximas semanas dirão o que vai ser este Europeu, e o que ele significará para mim e para os portugueses. Será, com certeza, algo muito diferente do passado mais remoto. Mas poderá ser uma história bonita de se seguir.

A MINHA SELECÇÃO

 

O ESTADO EM QUE ESTÁ O BENFICA...

SLB últimos 15 anos:
7 Campeonatos
2 Taças de Portugal
6 Taças da Liga
5 Supertaças
2 finais europeias
1 meias finais europeias
7 quartos de final europeus
161 títulos nas principais modalidades
148 títulos nas principais modalidades femininas
18 títulos no futebol formação
47 títulos nas modalidades formação

SLB 15 anos anteriores:
1 Campeonato
2 Taças de Portugal
1 Taça da Liga
1 Supertaça
0 Finais Europeias
0 meias finais europeias
4 quartos de final europeus
50 títulos nas principais modalidades
15 títulos nas principais modalidades femininas
7 títulos no futebol formação
15 títulos nas modalidades formação

SEJA BEM APARECIDO

A notas positivas da AG foram a aprovação dos documentos em causa e a presença de João Noronha Lopes.
Ao contrário do que alguns possam pensar, o que me move não são os dirigentes do Benfica (quando me fizeram benfiquista, nem sabia quem era o presidente), mas sim a estabilidade do clube que amo e pelo qual tantas vezes já chorei de tristeza e de alegria.
Não devo nada a Rui Costa. Nem a nenhum dirigente do Benfica. De uns gosto mais, de outros menos. Mas acho absolutamente fantasmagórica a campanha que alguns sectores, julgando-se uma vanguarda iluminada, têm feito contra ele, confundindo uma série de coisas, misturando outras, sempre com uma gritaria insuportável e inconsequente, a fazer lembrar outros clubes e outras situações - do desporto e não só. 
O Benfica está bem, e se tivesse contratado Gyokeres em vez de Arthur Cabral era campeão e não havia contestação nenhuma. 
Não sendo campeão de futebol, mesmo estando financeiramente sólido, mesmo tendo as melhores estruturas e infraestruturas do país, mesmo sendo ganhador nas modalidades, no desporto feminino e de formação, mesmo tendo estado por três anos seguidos nos quartos de final das provas europeias, a arruaça faz-se sentir, muito fruto do efeito das redes sociais - sobretudo em gerações onde há muito mais informação, mas não mais inteligência para a filtrar e evitar que se torne apenas ruído. 
Neste sentido, acho positivo que, pelo menos, apareça alguém capaz de polarizar e personificar esse descontentamento. 
Noronha Lopes é da minha terra. Nunca falei com ele, mas temos amigos em comum. Sei que se trata de uma pessoa honesta e de um fervoroso benfiquista. O mesmo que penso de Rui Costa. A diferença é que que um está no futebol desde os 9 anos de idade, e o outro nunca esteve. Mas, acima de tudo, um apresentou-se às últimas eleições e o outro não.
Aparecer novamente não deixa de ser motivo da minha saudação e de alguma tranquilidade. Se uns quantos querem destruir tudo, pelo menos haverá alguém para apanhar os cacos - coisa que não era evidente há 48 horas atrás.
Há outro aspecto que queria salientar: este modelo de AG devia ser repensado. Não agora, que a arruaça não permite. Mas serenamente, num futuro próximo.
Estas AG não oferecem nada a não ser  barulho e protagonismos pessoais. São manipuláveis por pequenos grupelhos organizados e com grande capacidade de mobilização na grande Lisboa, e prestam-se mais à avidez mediática do que ao esclarecimento e debate sereno.
Se me perguntarem como resolver isto sem perder o cariz democrático do clube, pois não sei. Sei é que os quase 300 mil sócios espalhados pelo país e pelo mundo não são, nem podem ser, representados por 70 ou 80 que, juntos e com voz grossa, se filmam a gritar "demissão" para um presidente a meio do seu mandato, que foi eleito de forma legítima com uma maioria expressiva, tem títulos conquistados, e não é suspeito de nenhum crime.
A parte boa é que uma nova época vai começar, e se, como espero, o Benfica entrar a ganhar, a barulheira passa, e todos estaremos no estádio a gritar, sim, mas golos. 

AO QUE ISTO CHEGOU...




Que a esrupidez não tem clube, todos sabemos. Mas com o mal dos outros podemos bem. Na nossa casa custa a aceitar que exista gente assim.

Enfim. Sinal dos tempos. 

Cosme Damião deve estar a dar voltas no túmulo. 

PRESO POR TER CÃO, PRESO POR NÃO TER

Revelada a auditoria aos negócios do Benfica podemos ter uma de duas posições: saudar a transparência de colocar tudo aos olhos dos sócios (e não só) mesmo sabendo que há (como em todos os clubes) negócios difíceis de explicar, ou achar que este striptease era evitável.
Tendo a optar pela segunda hipótese. O que não se pode é querer que fosse tudo publicado e ao mesmo tempo condenar quem decidiu publicá-lo.

NÃO SEI

Vejo e leio tantas opiniões definitivas sobre a demissão de Luís Mendes, que quase não resta nada para acrescentar. Até porque...não sei.
O meu sentido de responsabilidade enquanto benfiquista impede-me de dar aqui palpites, ou de fazer julgamentos precipitados sobre factos que não conheço com exactidão. Nesta e noutras situações.
Até prova em contrário, apoio sempre todos os que representam o clube aos mais diversos níveis (no campo, no banco, nos gabinetes). Se isso é confundido com outra coisa, o problema será de quem confunde. Eu vou continuar a apoiar os meus, os do Benfica, chamem-se eles como se chamarem.
Há porém algo que não posso deixar de referir. O timing para esta demissão é estranho. Pode ser coincidência, pode não ser. Mas era dispensável abrir uma crise desta natureza, com todo o folclore mediático que ela fatalmente traz, em vésperas de uma importante Assembleia Geral.
Não conheço Luís Mendes. Recordo-me apenas de uma entrevista, que não foi, digamos, espectacular. Se queria cortar custos de funcionamento, provavelmente até tem razão. Não creio que seja só essa a razão da demissão e do alegado conflito com outros membros dos órgãos sociais, nem provavelmente a principal.
Desses, dos alegados "vieiristas", lembro-me de serem ferozes críticos de Vieira durante muito tempo, e até participaram em listas de oposição, antes de serem integrados pelo ex-presidente. Estou a falar, por exemplo, e de acordo com o que diz a imprensa, de Jaime Antunes e Fernando Tavares. Independentemente da opinião que se tenha sobre eles, há duas certezas: são benfiquistas, e não são, nem foram, os maiores "vieiristas" do mundo.
Já o disse aqui, e isso parece-me inelutável: ainda há muita coisa a mudar no Benfica. Percebo que Rui Costa tenha começado pelo futebol, e nas outras áreas tenha optado por manter o suporte de pessoas que as conheciam melhor do que ele - não fazendo revoluções, nem abrindo guerras que não conseguiria vencer. 
Neste momento, talvez já o possa fazer. Talvez já possa, e deva, mudar algo mais, em áreas que ficaram paradas no tempo, que se acomodaram. Se quer ou não quer, não sei. Mas que não há nenhum nome credível como alternativa ao seu, isso é óbvio. E a ser assim, se é para desestabilizar só por desestabilizar, se é para descredibilizar só por descredibilizar, se é para protestar só por protestar, não contem comigo. Sei que isso está na moda, no desporto e na política. Num e noutro caso, não traz nada de bom.
Já agora, se ser "vieirista" é entender que o Benfica melhorou imensamente desde 2003, então eu também sou. Se é defender um regresso do LFV ao clube, não creio que subsistam muitos "vieiristas". Aliás, foi o próprio LFV, com um terrível último mandato, com a forma obtusa como saiu, e com o que disse e escreveu depois, que se auto afastou de qualquer futuro no Benfica. Tendo o ex-presidente, para o bem e para o mal, o seu lugar na história, esqueçamos pois o "vieirismo", pois ele já não existe.

CONTABILIDADE

Segue actualização do número total de títulos dos três principais clubes portugueses, em todas as modalidades e todos os escalões:

BASTANTE VERMELHO

A pedido de várias famílias, cá vai o quadro provisório de títulos, temporada 2023-24.
Atenções focadas, para já, no Hóquei em Patins masculino, cujo favorito não consigo prever. As restantes competições que ainda estão em aberto têm favoritismo demasiado claro (Sporting no Futsal, no Ténis de Mesa e no Atletismo feminino, FC Porto no Bilhar, Benfica no Hóquei feminino e no Atletismo masculino). 
Por agora, Benfica 43 (eventualmente 45), Sporting 10 (eventualmente 13) e FC Porto 6 (eventualmente 7).

VENDER

Parece-me inacreditável que, em pleno 2024, ainda existam adeptos/sócios do Benfica, ou de outros clubes, a criticar violentamente direcções/presidentes por venderem os seus principais jogadores.
Amigos, quer queiramos quer não, o futebol é um negócio. Os clubes transformaram-se em SAD (na altura, diga-se, por pressão do poder político), e como qualquer empresa ou organização, precisam de financiamento.
Há que pagar milhões de euros em salários. E num campeonato totalmente periférico como o português, não é com receitas correntes que isso se consegue. 
A única forma de manter alguma competitividade na Europa passa por conseguir receitas extraordinárias, quer das participações na Champions, quer da venda, ano após ano, dos principais activos.
Por outro lado, e como não estamos no "Football Manager", os próprios jogadores (que são pessoas, com ambições), as suas famílias e seus empresários, fazem enorme pressão para sair. Batam com a mão no emblema ou não, todos querem, sobretudo, ganhar o máximo de dinheiro possível numa carreira que é curta e incerta. E o Benfica não pode pagar o que se paga nos principais campeonatos europeus.
As coisas são o que são. Não o que gostaríamos que fossem.
Neste contexto, pedir a Rui Costa, ou a outro qualquer, que não venda os melhores jogadores é como pedir para acabar com o calor, com o frio ou com a chuva. 
João Neves vai sair. António Silva vai sair. E se não for agora, será em Janeiro ou no próximo ano. Isto se as coisas correrem bem. Pois se correrem mal, se não saírem, é porque algum deles se lesionou gravemente, ou baixou muito de rendimento, ficando sem mercado - o que seria o pior dos dois mundos.
Neste contexto, o importante é pois vender o mais caro possível (Félix, Ruben, Enzo, Ramos etc), e reinvestir o dinheiro comprando barato e bom, além, naturalmente, da formação. Na última parte (compras) admito que existam críticas - e eu próprio as fiz (Jurasek, Arthur, etc). Quanto à primeira (vender), só por ingenuidade (infantilidade), estupidez, ou má fé, se poderá condenar qualquer presidente de qualquer clube português.

A EFICÁCIA

Eficácia junto das balizas adversárias. Solidez na defesa das nossas. No fim do dia, o desporto, os seus resultados e classificações, resumem-se a números. No futebol, os números são golos.
O Benfica, não só no futebol, nem sempre tem sabido lidar com isso. Enchem-se os plantéis de artistas de perfil aveludado, constroem-se equipas macias, capazes de dar espectáculo nos melhores dias, demasiadas vezes incapazes de ser eficazes perto das duas balizas do campo - sobretudo se perante adversários fechados e cínicos.
É um problema que vem de longe, e ao qual os adeptos não são alheios. É toda uma cultura de clube, que nasceu, justificadamente, nos anos sessenta (com o brilhantismo de uma das melhores equipas do mundo da altura), mas da qual o Benfica não soube libertar-se nunca mais - não mais tendo, infelizmente, as estrelas de então. Na verdade, não soube regressar às suas origens mais profundas, quando ex-casapianos jogavam de fato macaco e em campos emprestados, quando depois se bateu de forma aguerrida com os "Cinco Violinos", e conseguiu chegar ao topo da Europa com uma equipa predominantemente operária e ainda sem Eusébio.
Lembrei-me disto várias vezes ao longo da última época. Tenho-me lembrado também ao ver os mais recentes jogos de Hóquei e Futsal - em que as equipas encarnadas criaram imensas oportunidades de marcar, batendo repetidamente em paredes defensivas (no Hóquei valeram os penáltis, o Futsal acabou em absoluto fracasso).
É importante que na construção dos novos plantéis - à cabeça dos quais o de Futebol - este aspecto seja bem ponderado. Entre outros factores que não são aqui chamados, o FC Porto venceu anos a fio, muito devido a linhas defensivas de ferro e meios-campos musculados, combativos e agressivos (desprezando notas artísticas inúteis). O Sporting conquistou o último título graças a um ponta-de-lança extraordinariamente robusto e eficaz.
Espero que Leandro Barreiro (confesso que conheço mal, mas parece fisicamente forte) e, se vier, Pavlidis, contribuam para a resolução de um problema que contratações como Schjelderup, Prestianni, Carreras ou Rollheiser apenas acentuaram. 
Mas é preciso também que os próprios benfiquistas percebam que as suas equipas não precisam de pesos pluma, nem de toques de calcanhar, verónicas ou chicuelinas. Precisam "apenas" de marcar golos e evitar sofrê-los. Lembro-me de Óscar Cardozo ser assobiado porque "só sabia marcar golos", ao passo que um jogador como Pablo Aimar (com todo o respeito, bastante dado a lesões, de rendimento irregular e inexistente sem bola) sempre foi idolatrado como artista - que de facto era - mas com muitíssimo menor rendimento desportivo que o paraguaio e outros maus da fita.
Não me lembro quem afirmou pela primeira vez que as equipas se constroem de trás para a frente. É verdade. Há que ter uma linha defensiva sólida, um meio-campo robusto e laborioso, e um ataque eficaz. Artistas? Talvez um, para criar desequilíbrios com bola. Sem ela, é preciso força, rigor e organização. Talvez o efeito não seja tão esplendoroso, mas certamente os resultados vão ser compensadores, além de se gastar muito menos dinheiro, pois na maioria das posições do campo, o músculo fica bem mais barato do que o suave talento.
Também não me lembro quem disse que "ganhar não é o mais importante, é a única coisa!". Quem quer que tenha sido, tinha toda a razão.

PAVLIDIS? SIM!

Se um ponta de lança se mede por números, o grego do Alkmaar parece uma boa opção. Marcou até mais do que Gimenez na Eredivisie - e o mexicano teria sido a "minha" aposta no verão passado.
O Benfica precisa de alguém com crédito firmado e que traga rendimento imediato. Para o futuro já há Marcos Leonardo. 
Uma olhadela pela lista de marcadores das principais ligas periféricas não mostra muito mais hipóteses de escolha. O avançado togolês do Cercle Brugge, Denkey, tem também excelentes números, mas tendo eu visto o derbi da cidade na semana passada, e que também decidiu o título belga, confesso que não gostei assim tanto da mobilidade, ou falta dela, do goleador africano.
Única nota de preocupação: Pavlidis não foi titular nas últimas partidas da selecção grega, em detrimento de... Ioannidis (que parece estar a chegar ao Sporting).
Mas, volto a dizer, não vejo muito melhor que estes gregos para o alcance das bolsas portuguesas.
Ou seja, voto a favor. 

SABEM ONDE PODEM FICAR

Rafa e Di Maria. Por motivos diferentes viram alterados os seus planos para o futuro próximo.
Juntamente com João Neves, formam o trio de melhores jogadores do Benfica da última época. 
Fosse eu a decidir, e faria tudo para que se mantivessem em casa, onde foram e são felizes.

NA CHAMPIONS!

O que a Atalanta tirou, a Atalanta devolveu. Por portas e travessas, o Benfica está na fase de grupos da Liga dos Campeões. Muito importante para planear calendários e orçamentos. Tempo para a contestação amenizar, e entrarmos na próxima temporada unidos e em força.

MAS...ALGUÉM TEM DÚVIDAS?

...que se o Benfica tivesse contratado o Gyokeres, e o Sporting o Arthur Cabral, éramos campeões com 15 pontos de vantagem?
Basta fazer esse (triste) exercício de imaginação, para deixarmos de inventar problemas onde eles não existem.
Ao Benfica faltou "apenas" acertar nas contratações, e sobretudo na contratação de um goleador. 

A ENTREVISTA

 O que gostei mais:
- desde logo a disponibilidade para responder, de forma aberta, a perguntas de todos os órgãos de comunicação social, mesmo de jornalistas manifestamente hostis ao clube;
- o assumir que os problemas do Benfica 2023-24 não foram essencialmente de treinador, mas sim de plantel, decorrentes de contratações falhadas - como eu sempre aqui disse, desde a pré-época;
- o detalhe com que tal foi concretizado, apontando especificamente as laterais e o ponta-de-lança  (Jurasek não se adaptou e Arthur Cabral não rendeu);
- a convicção de que, identificados os erros, a próxima temporada correrá melhor;
- a ideia, que também aqui expressei, de que a substituição de treinador neste momento seria um risco maior do que a manutenção deste, no caso das primeiras jornadas do próximo campeonato não correrem bem.
O que gostei menos:
- podia ter sido ainda mais claro a identificar o mentor, ou os mentores, das referidas contratações, não para crucificar alguém, mas sobretudo para ilibar quem não tem culpas (embora tenha ficado com a ideia de que Schmidt foi mais vítima do que culpado nessa questão):
- se Schmidt era para manter, também não ficou claro porque motivo foi deixado tão sozinho nos momentos mais difíceis da época, sem sequer um comunicado de apoio e confiança. 

NOTA: Os casos judiciais não me interessam nada. Tenho Rui Costa por uma pessoa honesta, que não precisa do Benfica. Admito que, em mais de quinze anos, possa um dia ter assinado algum papel que não devia, mas se o fez tenho a certeza absoluta que não foi por má fé. A justiça portuguesa, de braço dado com o folclore mediático e com o populismo político, já deu provas substantivas da sua ineficiência (para não dizer pior), e merece-me menos confiança do que o presidente do Benfica.

PERDER, MESMO SEM JOGAR

Esta temporada parece, de facto, assombrada. Até num jogo em que o Benfica não participou, mas cujo resultado era importante para a sua entrada directa na nova Champions League, uma equipa que não perdera qualquer partida em toda a época foi estrepitosamente derrotada por 3-0, por uma surpreendente Atalanta - nas mãos de quem restam agora as últimas esperanças benfiquistas.
Para o Benfica ter entrada directa na liga (ainda mais) milionária, precisa então que o conjunto de Bergamo termine a Série A nos quatro primeiros lugares. E só depende de si para tal acontecer, tendo dois jogos em casa que, com duas vitórias, garantirão matematicamente uma dessas posições.
Os jogos que mais interessam ao Benfica são pois:
Domingo, dia 26, 17.00h: Atalanta-Torino
Domingo, dia 2, 17.00h: Atalanta-Fiorentina
Pode ser suficiente vencer apenas um deles, mas só se Juventus ou Bolonha também perderem pontos (têm um jogo por fazer). Se a Vecchia Signora perder ou empatar em casa com o Monza, ou o Bolonha perder em Génova, bastará à Atalanta somar três pontos para garantir o 4º lugar. 
Se Juve e Bolonha perderem ambos (muito pouco provável...), então a Atalanta até poderia chegar ao 4º lugar com dois empates nas suas duas partidas.
O Génova-Bolonha realiza-se Sexta-feira às 19.45h. O Juventus-Monza é no Sábado às 17.00h.
Quando a equipa de Gasperini entrar em campo já saberá todos os outros resultados. Espera-se que já curada da ressaca dos festejos. Aliás, a Fiorentina também pode ir a Bergamo em festa, caso quatro dias antes conquiste a Liga Conferência em Atenas.
Resta pois alguma esperança ao Benfica, embora o conjunto de azares ocorrido nesta temporada nos deixe a todos de pé atrás. Até porque, tanto Atalanta, como Juventus e Bolonha, têm apuramento garantido, e a dúvida é entre Benfica e... Roma. Espero bem que a seriedade competitiva impere, e não haja um complô na Série A para colocar mais uma equipa italiana na Champions.

OS ESTATUTOS

Genericamente parece-me boa. Apenas alterava um detalhe: não me parece lógico que as Casas do Benfica, enquanto instituições, tenham direito a votos. 


AOS "EXIGENTINHOS"

A história do Benfica é gloriosa. E continua a escrever-se, apesar de os saudosistas (saudosos de um passado que não viveram, nem conheceram) acharem que só antes é que o Benfica era bom e agora caminha para o abismo.
Estão aí mais alguns números para desmentir essa ideia, eu diria, estúpida: segmentando os campeonatos por décadas, e considerando a média de pontos perdidos por jogo, verificamos que a corrente década é a quarta melhor de sempre, e que a anterior (segunda deste século) é mesmo a melhor de sempre, acima dos anos sessenta e setenta. 
Ou seja, desde 2010, o Benfica perdeu, em média, menos pontos nos campeonatos do que alguma vez perdera antes. Só quando não se conhece a história, só quando não se viveu um passado que, por ignorância, se hiperboliza, é que se acha que está tudo mal.
Não vivi os anos sessenta, nem Eusébio (anos extra e sem paralelo no resto da história do clube). Quando, também é preciso lembrar, não "havia" FC Porto. Mas vivi as décadas seguintes, e sei que o mito do velho "Terceiro Anel" sempre a abarrotar, com uma equipa a deslumbrar no relvado é uma fantasia. O Benfica jogava umas vezes melhor, outras pior, tal como agora. O estádio enchia nos grandes jogos (os que hoje vemos nos vídeos), mas semanalmente não era bem assim. Também havia crises, derrotas e contestação. Não havia era claques, nem redes sociais. Conversava-se nos cafés entre amigos, e o ruído não atingia a equipa. No século XX, o Benfica venceu 30 campeonatos, mas perdeu 36 (com Schmidt ganhou um e perdeu outro). Enfim, não era tudo rosa como alguns, por ignorância, supõem ou querem fazer crer. 
Pior do que isso: há quem pense (ou pelo menos diga, e não é bem a mesma coisa) que foi precisamente em 2003 que o Benfica entrou em decadência. Meu Deus... perdoa-lhes pois não sabem o que dizem. Só quem não se recordar do chamado "Vietname" poderá afirmar tal barbaridade. Não está em causa o presidente A, B ou C. Vieira faz parte do passado e ninguém o quer de volta. Cometeu erros que condicionam, hoje, uma análise global ao seu legado. Mas o Benfica, de 2003 para diante, é não apenas melhor, mas muitíssimo melhor que o da década que o antecedeu, em todos os aspectos (desportivo, financeiro, estrutural, ecléctico, social). Com muitos avanços e poucos recuos, o clube tem caminhado de braço dado com a modernidade, ganhando títulos (ainda não há um ano que festejámos o último), e fazendo o que pode e o que não pode numa Europa que se tornou exclusiva para as principais ligas.
Não se confunda a história do Benfica com a história do próprio futebol - que se mercantilizou em todas as suas dimensões, e que concentrou recursos nos clubes mais ricos, reduzindo a competitividade das ligas periféricas como a portuguesa. 
Por tudo isto, o nível de contestação a que se tem assistido nas últimas semanas é surreal. 
O plantel foi mal estruturado. Arthur Cabral não vale 20 milhões. Trubin é pior que Vlachodimos. Schmidt faz substituições irritantes. Mas, caramba, eu lembro-me do Benfica recusar o regresso de Jordão, e perder o "Tetra", em 1978, por causa disso. Lembro-me de Fernando Martins ser Bi-Campeão, vender Chalana e Stromberg, não comprar ninguém e perder os dois campeonatos seguintes. Em 1993 o clube nem sequer pagava ordenados e Paulo Sousa, Pacheco e João Pinto rescindiram unilateralmente os contratos para assinarem pelo Sporting (JVP ainda seria resgatado). Nem sequer vou trazer aqui o que se passou entre 1994 e 2001. Erros de gestão desportiva sempre houve em todos os clubes, e perder uma temporada não é nenhuma tragédia.
Dos últimos quinze campeonatos o Benfica ganhou sete. Neste período, ninguém ganhou mais.
Será unânime que o Benfica é também o clube financeiramente mais sólido e preparado para enfrentar o futuro.
O que é necessário é que a família benfiquista se una em torno dos seus, para que a próxima temporada seja melhor. 
Esta correu mal, aos jogadores, ao treinador, ao presidente, e...aos adeptos - que demasiadas vezes não estiveram à altura das suas responsabilidades como benfiquistas, nem da história do clube. Diria que não foram exigentes consigo próprios, criando ruído e desestabilização nociva para a equipa, com efeitos óbvios em alguns resultados.
Consola-me saber que há uma maioria, mais ou menos silenciosa, que ama verdadeiramente o Benfica, sente carinho pelo clube, e respeita quem o representa. 
Como infelizmente se tem visto, é apenas com essa que o Benfica tem de contar.