O CÓDIGO DE QUIQUE ; O que está a mudar no Benfica

As figuras aqui apresentadas espelham bem as diferenças entre o Benfica do ano transacto, e a equipa que Quique Flores, em poucas semanas, já foi capaz de pôr a jogar futebol.A um onze estendido no campo, Quique contrapôs um bloco sólido, com as linhas muito bem definidas, e muito mais subidas, povoando o sector intermédio, fazendo “campo curto”, cortando assim linhas de passe, e dificultando a circulação de bola do adversário. Ao invés de uma pressão anárquica e individualizada, o espanhol propõe agora uma pressão de cariz colectivo, com toda a equipa a bascular no sentido da bola, facilitando a recuperação da mesma e a posterior transição ofensiva. Enquanto antes, a cada momento, a cada movimento do adversário, apenas um, dois ou, no máximo, três jogadores do Benfica reagiam, agora toda a equipa reage em bloco, e de forma solidária.Eis o Benfica a apontar para um futebol moderno, e de acordo com os cânones que orientam os grandes emblemas da Europa.
Eis Quique a demonstrar ter sido uma excelente escolha.

NEM SÓ O QUE LUZ É DERBY

Não foi apenas na Luz. No Alentejo também houve derby.
Em Évora, o Juventude venceu o Lusitano por…2-0, ultrapassando o rival na classificação no nacional da 3ª divisão série F.
Apesar do tempo chuvoso, assistiu-se a um jogo bastante agradável, com constante sinal mais dos juventudistas, que demonstraram mais e melhores argumentos que o adversário.
O resultado poderia ter sido ainda mais pesado, caso não tivesse sido injustamente anulado um golo ao Juventude, na sequência de um livre indirecto em que a bola raspou claramente a cabeça de Márcio Madeira antes de se anichar na baliza verde e branca.
Com duas vitórias consecutivas, a equipa orientada por Miguel Ângelo trepou vários lugares na classificação, encontrando-se já entre os seis primeiros, que disputarão o acesso à subida.
NOTA: Foto retirada do site oficial do Juventude

EIS O MOMENTO DA JORNADA

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Ao contrário do que seria de supor, esta acabou por ser uma jornada em que as arbitragens ficaram em plano secundário, não necessariamente pela inexistência de erros, mas sim porque eles não se chegaram a reflectir nos resultados dos jogos.

BENFICA-SPORTING:
Aos 44 minutos ficou por assinalar uma grande penalidade a favor do Benfica, quando Hélder Postiga impediu Yebda de saltar à bola. No estádio confesso que não me apercebi, mas vendo pela televisão a falta é clara.
Para além desse lance, há que dizer que Duarte Gomes se acabou por salvar graças ao resultado final, pois a sua linha de actuação foi sempre tendenciosa e protectora da equipa leonina.
Várias posses de bola foram decididas ao contrário – nomeadamente em lançamentos laterais -, e diversas faltas, ou não foram assinaladas, ou foram-no indevidamente, quase sempre em prejuízo do Benfica. Recorde-se a propósito um corte com a mão de Polga a cruzamento de Nuno Gomes, que daria livre e cartão amarelo.
A dualidade de critérios em relação aos cartões amarelos foi aliás gritante. Ficaram-me na retina as cargas de Rochemback e João Moutinho sobre Reyes, em que o cartão ficou incompreensivelmente no bolso.
Uma arbitragem demasiado verde, que não chegou todavia para alterar o rumo do jogo.
E vão três jornadas consecutivas com erros graves a favorecer o Sporting…
Resultado Real: 2-0

F.C.PORTO-PAÇOS DE FERREIRA:
O caso da partida verificou-se na área portista, onde ficaram dúvidas sobre uma eventual carga de Bruno Alves a um avançado pacense, ainda na primeira parte. Depois de rever o lance, terei de dar o benefício da dúvida ao juiz, ainda que o esclarecimento não seja total.
Ficaram por mostrar cartões amarelos a Fernando e a Lino, entre os portistas, bem como a Filipe Anunciação do lado dos pacenses.
Resultado Real: 2-0

CLASSIFICAÇÃO REAL
F.C.PORTO 10
Benfica 8
Sporting 7

NOITE DE LUZ

Com uma exibição deveras convincente, o Benfica venceu com toda a justiça o derby lisboeta, e aproximou-se do topo da tabela classificativa da Liga, ficando inclusivamente em condições de tomar de assalto o primeiro lugar já na próxima semana.
Mais do que a vitória e os importantíssimos três pontos, a equipa encarnada demonstrou uma força colectiva e uma solidez de jogo que ainda não lhe tinham sido vistas esta temporada. Com as linhas muito bem desenhadas e juntas entre si, com basculações rigorosas, com um sentido de entreajuda constante, o Benfica foi na noite de hoje efectivamente uma equipa de futebol, acabando por se superiorizar com clareza a um Sporting muito menos audacioso do que se esperaria.
Já na primeira parte o Benfica tinha sido, no meu entender, a melhor equipa em campo. Uma ou outra falha defensiva não ofuscavam uma exibição colectiva muito bem conseguida, quase sempre por via de uma maior agressividade sobre a bola, e de uma movimentação bastante mais harmonizada do que seria de supor nesta fase da época, atendendo à quantidade de alterações que o plantel encarnado sofreu no último defeso - neste particular não se viu qualquer diferença entre as duas equipas, o que abona muito em favor de Quique Flores, e o que terá desde logo começado a escrever o destino do jogo.
Desde cedo se percebeu alguma fragilidade do Sporting pelos corredores laterais, onde, sobretudo um super-Reyes, mas também Ruben Amorim e Maxi do lado oposto, iam conseguindo gerar desequilíbrios sem que contudo Nuno Gomes e Cardozo se mostrassem capazes de lhes dar continuidade dentro da área. Mais ao centro, Yebda ia recuperando bolas sucessivas, o que permitia um domínio territorial que, sem ser asfixiante, não deixava de ser evidente.
Foi contudo na segunda parte que os encarnados alcançaram os golos, a vitória e mesmo algum brilhantismo exibicional. A entrada de Katsouranis fortaleceu e disciplinou o meio-campo, e depois de um curto período de maior controlo de jogo por parte do Sporting, a equipa da Luz partiu para uma recta final empolgante, capaz de vulgarizar em certos momentos um adversário que, não o esqueçamos, partia para este jogo com algum favoritismo do seu lado.
Os golos acabaram por surgir em apenas cinco minutos, colocando logo aí um ponto final nas hipóteses leoninas de discutir o resultado. Primeiro um remate fulminante de Reyes, e pouco depois um cabeceamento imparável de Sidnei, precisamente dois dos melhores jogadores em campo – Yebda também esteve muito bem -, selaram o triunfo encarnado, reflectindo no marcador a incontestável superioridade da equipa da Luz.
Paulo Bento fez o que tinha a fazer, com as entradas de Derlei e Liedson, mas o sentido do jogo não se alterou muito. Nem o Sporting conseguia fazer perigar de forma efectiva a baliza de Quim, nem o Benfica deixava de lançar venenosos contra-ataques que, mesmo já com Carlos Martins – muito voluntarioso mas pouco feliz - fora do campo, sempre foram ameaçando a eventual goleada, algo que, diga-se, também não seria fidedigno face ao que se passara em campo até então.
2-0 é assim o resultado que espelha bem o que aconteceu na Luz. É o resultado que permite ao Benfica vencer o seu primeiro clássico em dois anos, e que lhe dá uma nova alma, tão necessária para o confronto da próxima quinta-feira diante do Nápoles.
A equipa de Quique cresce a olhos vistos, e mesmo privada de alguns elementos importantes dá sinais de confiança a todos os benfiquistas em relação a um futuro que, se calhar, até pode ser mais próximo do que se pensaria. O trabalho táctico está à vista de todos, e uma ou outra individualidade vai revelando categoria, sendo talvez os casos de Yebda e Sidnei os mais surpreendentes.
Do Sporting esperava-se mais. Pareceu sempre uma equipa acomodada ao empate, e quando se viu em desvantagem não demonstrou qualquer capacidade de reacção. Mas, claro está, uma equipa joga o que a outra lhe permite. E o Benfica esteve muito bem.
A arbitragem foi algo tendenciosa, equivocando-se na marcação de faltas, e perdoando alguns cartões amarelos. Houve um lance de penálti dentro da área do Sporting, que face ao resultado final não teve consequências, mas não deixa de ser importante de referir. Até porque de um juiz que assinala penáltis como o de 2001 sobre Jardel, não se pode aceitar que, diante do seu nariz, deixe passar uma falta como a de Postiga sobre Yebda, quando ainda havia 0-0, e a história do jogo podia tomar todos os rumos.
Na próxima jornada, em caso de empate no clássico de Alvalade, e vitória benfiquista em Matosinhos, aí teremos a equipa de Quique Flores a comandar o campeonato. Algo que se me afigurava extremamente difícil de imaginar há umas semanas atrás.

OS TRÊS MELHORES GUARDA-REDES DO BENFICA NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS

AS CORES DE UM PAÍS (2)

Amanhã é dia de derby.
Só esta palavra é suficiente para pôr em sentido todos os amantes do desporto-rei, sobretudo quando está em causa aquele que é o mais tradicional confronto do futebol português.

Desde 1908 que os dois principais emblemas de Lisboa, e do país, alimentam uma rivalidade sem tréguas, e que mais do que meramente futebolística, tem sido de certo modo representativa da cara e da coroa da portugalidade, ou não fossem justamente as cores dos dois clubes a pintar a bandeira do país. Ao longo de mais de duzentos desafios, as paixões por leões e águias transformaram um relvado no epicentro da nação, mesmo em tempos em que esta tinha problemas bem mais graves com que se defrontar.

O Benfica ganhou mais vezes. Estou certo disso, mesmo sem as contar. Ganhou 7-2, ganhou 5-0, ganhou 6-3. Também perdeu 7-1. De tudo aconteceu nos derbys. Grandes golos, grandes casos, atribuição de títulos, à chuva, ao sol, de noite, de dia. Invasões de campo, expulsões, e até o drama de uma morte no estádio.

Cada derby deixa atrás de si um rasto de histórias para contar. Para além do que acontece dentro do campo, cada adepto fica sempre com episódios dos “seus” derbys guardados na memória. Recordei aqui, há já algum tempo, na rubrica respectiva, algumas das minhas melhores (e piores) recordações de Benficas-Sportingues e Sportingues-Benficas.
Permitam-me que hoje, porque me apetece fazê-lo, destaque um dos mais antigos de que me recordo, lembrando o que aqui escrevi sobre ele, e apresentando um vídeo do mesmo – mais uma excelente produção do Bakero .
Estávamos na temporada 78-79, e o Benfica ganhou por 5-0. Que seja inspirador.
“Em Novembro de 1978 teve lugar um dos derbys que recordo com mais entusiasmo. Numa bela tarde de domingo martinheiro, na presença do General Eanes – numa altura em que os políticos ainda olhavam o futebol de cima - o Benfica chegou ao intervalo a vencer por 5-0 (!). Conta-se que o presidente Ferreira Queimado terá, ao intervalo, oferecido um prémio suplementar por cada golo adicional. Mas os jogadores não corresponderam, o Sporting tentou dar alguma dignidade ao momento, e na segunda parte nada mais aconteceu. Apostara com o meu avô sportinguista – é verdade, tinha um avô adepto moderado dos leões -, suponho que vinte escudos, acerca do vencedor deste jogo. Ou seja, se o Benfica ganhasse eu ganhava vinte escudos, se perdesse a coisa era esquecida. Passei toda a primeira parte de volta dele, lembrando-o com um entusiasmo esfusiante, a cada golo, da tendência da aposta. Ele nem queria acreditar no que íamos ouvindo pelo rádio. Mais do que os vinte escudos, quase chorava a humilhação do seu clube perante o rival. À noite recordo-me de a RTP2 ter transmitido um resumo de vinte minutos dessa partida, o que à época era um luxo. Os comentários eram do improvável Joaquim Letria. Julgo ter sido o primeiro derby do qual vi imagens televisivas. Nené e Alves bisaram, Reinaldo marcou o outro golo.”

Benfica-Sporting, 5-0 - 1978-79
Retirado der MemoriaGloriosa

AS CORES DE UM PAÍS (1)

Quis o destino que logo à quarta jornada, e já depois de um Benfica-FC Porto, os dois grandes rivais lisboetas se defrontassem na Luz. Será amanhã.
Benfica e Sporting partem para esta partida com a expectativa de sempre. Qualquer que seja a classificação, qualquer que seja o estado de forma das equipas, um jogo desta natureza oferece sempre um grau de imprevisibilidade acima do comum, pelo que se torna especulativo identificar favoritos. Ainda que, aparentemente, o colectivo do Sporting se apresente, neste momento, mais maduro, o Benfica dispõe também de jogadores capazes de resolver o jogo em qualquer altura, e contará com o factor casa a seu favor, o que não sendo determinante, não deixa no entanto de ter alguma influência.Se para o Sporting o resultado nunca será dramático, para o Benfica, uma derrota vai de certo complicar as contas no que respeita ao título. Ter de recuperar uma desvantagem de sete pontos na Liga Portuguesa não é tarefa fácil, e o passado recente demonstra que as diferenças pontuais cavadas nas primeiras jornadas se tornam muitas vezes inultrapassáveis quando, mais à frente, as equipas entrarem em velocidade de cruzeiro.
Qualquer resultado que não seja a derrota dos encarnados deixará o campeonato mais ou menos como está, e para uma equipa a necessitar ainda de muito trabalho, de ganhar rotinas, de conquistar confiança em si própria – como é o caso deste Benfica – até se pode dizer que um empate não seria coisa de deitar fora.
Este vai ser também, infelizmente, um derby de ausências. Do lado do Sporting Caneira, Izmailov, Liedson e, provavelmente, Vukcevic, não farão parte das escolhas de Paulo Bento. No Benfica, Luisão, Suazo e David Luíz também não podem dar o seu contributo. Veremos no fim quem mais sentiu as faltas.
Da arbitragem espera-se sempre que não dê nas vistas. Embora seja tradição cada derby ter os seus casos, é desejável que os mesmos, a acontecerem, sejam bem julgados, e não interfiram no resultado final. Duarte Gomes tem um passado sombrio na história dos derbys, dispondo amanhã de uma boa oportunidade para limpar a sua imagem. Que tenha sorte.
Segundo os últimos dados disponíveis, as equipas deverão alinhar da seguinte forma:

ENGARRAFADOS

Serão certamente todos muito mais inteligentes que eu, mas não consigo entender a lógica da CML e das autoridades em complicar o trânsito e o estacionamento em dias de jogo nas imediações dos estádios, quando deveriam ter por missão precisamente o oposto, ou seja, facilitar a vida aos cidadãos que pacatamente se deslocam para assistir a um espectáculo desportivo.
Choca-me ver os clubes, em particular o meu, a participar neste folclore, que suspeito apenas pretende rentabilizar os parques de estacionamento pagos, nomeadamente os do Centro Comercial Colombo - por mim, prefiro dar dois euros a um arrumador, que cinquenta cêntimos à EMEL. Ou então a mensagem será "vão todos de transporte, para nós não apanharmos trânsito"...

GOLO DO SPORTING

A nomeação de Duarte Gomes para o derby da Luz deixou-me perplexo, e só pode ser entendida como uma provocação ao Benfica.
Entre todas as competições e em todos os locais, recordo-me de - contas por alto - cerca de noventa jogos entre os rivais lisboetas , e não me lembro de uma arbitragem tão má, tão influente e tão prejudicial ao meu clube como a de Duarte Gomes em Dezembro de 2001, numa partida em que estava em causa a liderança do campeonato, e a partir da qual o Sporting embalou para o seu último título nacional. Foram justamente esta e a do célebre Benfica- FC Porto de Benquerença, as duas piores e mais revoltantes arbitragens que alguma vez presenciei na Luz, e das quais, por muitos anos que viva, nunca me esquecerei.
Todos se lembram certamente do “penálti” (mal) simulado por Jardel, e a que o apito de Duarte Gomes correspondeu de pronto, mas esse jogo não é o único que liga este juiz a uma certa protecção ao Sporting, sendo eventualmente, logo após Lucílio Baptista, o árbitro que em Portugal mais tem beneficiado os leões ao longo dos anos.
Quem não se lembra de uma expulsão de Alcides em Alvalade, com o resultado em 1-1, sem que o defesa benfiquista tivesse sequer tocado em Liedson ? Quem não se lembra de um golo obtido por Carlos Bueno às cavalitas de um defesa do Nacional da Madeira, e que abriu caminho a uma reviravolta que terminou em 5-1 ? Quem não se lembra de um jogo em Barcelos, onde ficaram por assinalar duas claras grandes penalidades por faltas cometidas sobre Karadas e Sokota ?
Quem era o árbitro em todas estas ocasiões ? Duarte Gomes !
As estatísticas não mentem. Com Duarte Gomes o Sporting venceu 71 % dos jogos que disputou (12 vitórias em 17 partidas), enquanto que o Benfica, com o mesmo árbitro, apenas ganhou 36 % dos jogos (4 em 11), ou seja cerca de metade. Quase se poderia pois afirmar que, com Duarte Gomes em campo, o Sporting tem, estatisticamente, o dobro das possibilidades de ganhar este clássico. É obra.
Há bastante tempo que o Benfica não via este senhor pela frente. Pensei mesmo que estaria definitivamente livre dele. Volta agora, uma vez mais num momento determinante, e em que pode fazer estragos.
Tenho Vítor Pereira por uma pessoa séria, mas estranho bastante que, enquanto sócio efectivo e emblema de ouro do clube de Alvalade, o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga insista num estilo de nomeações que deixa invariavelmente a porta aberta à suspeição. Aliás, desde que esta CA está em funções, o Sporting tem sido claramente o clube mais beneficiado pelas arbitragens. Como à mulher de César, a Vítor Pereira também não deveria bastar ser sério…
Para quem não se recorde, aqui vai o filme da arbitragem de Duarte Gomes em 2001-02. Vejam com atenção:



Já agora atente-se também à estatística das grandes penalidades assinaladas nos últimos dez anos a favor e contra ambos os clubes:

FIM DE SEMANA DE DERBYS

Benquerença na Luz ?

Afinal é Duarte Gomes. "Diz o tacho para a sertã..."

SACO DE GATOS

ESTE QUER JOGAR MAS NÃO JOGAESTE QUER SER CAPITÃO MAS NÃO ÉESTE QUER SAIR MAS NÃO SAIESTE QUER DINHEIRO MAS NÃO TEMESTE QUER SER A ESTRELA MAS NÃO ÉESTE QUER MARCAR PENÁLTIS MAS NÃO MARCAESTE DEVIA ESTAR CALADO MAS NÃO ESTÁ
ESTE SÓ QUER DESCANSAR MAS NÃO O DEIXAM

REVEJA O GRANDE GOLO DE NUNO GOMES

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

SPORTING-BELENENSES:
Se a grande penalidade assinalada no início da segunda parte se aceita como uma decisão correcta, já o primeiro golo do Sporting está claramente ferido na sua legalidade.
Hélder Postiga, no momento em que a bola é passada, tem apenas entre ele e a linha de baliza um único jogador do Belenenses. Uma vez que o guarda-redes está adiantado, o avançado leonino parte de posição irregular, e o golo deveria ter sido anulado.
A dúvida que poderia oferecer a colocação de um terceiro defensor azul junto à bandeirola de canto fica totalmente dissipada pela imagem parada, onde se vê que a sua sombra.
Não se sabe como seria o jogo a partir daí, caso o Sporting não se visse tão cedo em vantagem. Mas para efeitos “reais” o resultado que contará é o 1-0, não havendo assim lugar a subtracção de pontos.
Como tem sido habitual, aqueles que se queixam são os mais protegidos. O Sporting viu ser assinalado um penálti contra si, num jogo que estava resolvido, desenvolveu uma implacável campanha – em que já se vai tornando especialista – contra a arbitragem, e eis que nas duas jornadas seguintes, dois erros clamorosos a seu favor o empurram para a liderança da tabela, perante o silêncio e a passividade de todos.
Veremos se Paulo Bento tem coragem (ou desplante ?) de falar de arbitragem antes do derby. Tenho-o por uma pessoa inteligente, e estou certo de que não o fará.
Resultado Real: 1-0

RIO AVE-F.C.PORTO:
À excepção dos mais facciosos (eventualmente a maioria…), os leitores sabem que na elaboração da classificação “real” normalmente não confundo desejos com realidade. É verdade que há lances que se podem ver sob diferentes pontos de vista (por exemplo, o suposto penálti sobre Aimar em Vila do Conde), mas aquele que eu adopto, tenta ser, por norma, independente daquilo que eu desejaria que fosse a realidade (como foi o caso do exemplo que recordei).
É difícil fazer este exercício, mas só com ele é possível ter, lá mais para o final da época, conclusões efectivas sobre quem é mais ou menos favorecido, sobre quem tem mais ou menos razões de queixa.
Seria fácil optar por, na dúvida (já nem digo mais), defender o próprio clube. Mas isso é o que toda a gente faz, sem que se chegue, obviamente, a qualquer conclusão.
Não é isso que tento fazer, e decerto que os leitores mais ponderados o reconhecerão sem dificuldade.
Lembro tudo isto a propósito do lance ocorrido na área vila-condense já na segunda parte do jogo de ontem, em que na sequência de um livre apontado por Bruno Alves, a bola ressalta do poste para o braço de Gaspar. Por mim bem gostei que Pedro Proença não assinalasse nada, mas em consciência, e seguindo o princípio acima enunciado, mesmo não se tratando de um lance de análise óbvia e rectilínea, devo dizer que, ignorando as camisolas, a grande penalidade deveria ter sido assinalada.
Análise diferente faço do lance também reclamado pelos portistas na primeira parte, no qual Sílvio também toca a bola com o braço, mas desta vez sem qualquer intenção de o fazer, até porque está de costas para a bola no momento do remate.
Deste modo há pois que restituir dois pontos à equipa azul e branca.
Resultado Real: 0-1

PAÇOS DE FERREIRA-BENFICA:
Antes de mais há que dizer que foi um jogo duríssimo. Do mais duro que vi em Portugal nos últimos tempos.
Perdi a conta aos jogadores de um lado e de outro que ficaram estatelados no relvado em resultado de entradas violentas, a roçar a agressão. Só do Benfica recordo-me de Carlos Martins (duas vezes), Cardozo, Aimar, Reyes e Jorge Ribeiro.
Pode-se dizer que Nuno Gomes deveria ter sido expulso. E é verdade. Mas se puxarmos o filme atrás vemos duas entradas absolutamente assassinas de Filipe Anunciação, em lances imediatamente anteriores, e que terão eventualmente feito perder a cabeça ao avançado encarnado.
O lance do cartão amarelo a Maxi Pereira, é outro dos que poderia merecer uma punição maior, apesar de, neste caso, falta ser cometida na disputa de bola, e de frente para o adversário. O critério do árbitro foi o de tentar levar o jogo só com amarelos, e acabou por conseguir. Podia ter expulso Maxi, Nuno Gomes, Filipe Anunciação e mais uns quantos. Decidiu optar por alguma permissividade. O espectáculo ganhou com isso.
Sob o ponto de vista técnico Bruno Paixão esteve quase perfeito. A grande penalidade assinalada é indiscutível, e o lance reclamado pelos pacenses (Ruben Amorim sobre um avançado do Paços), só por fanatismo pode ser entendido como penálti – no máximo jogo perigoso, e consequente livre indirecto, mas quanto a mim nem isso. O livre que dá origem ao segundo golo do Paços também está a ser questionado mas, com franqueza, precisaria de ver de novo a lance para o analisar devidamente, ficando assim o benefício da dúvida para o árbitro.
Seja qual for o critério a utilizar para os lances mais duros, as expulsões não são passíveis de alterar o resultado “real”.
Tratou-se, em suma, de uma arbitragem muito boa em termos técnicos, e assim-assim em termos disciplinares. Erro grave de Bruno Paixão, interferência de Bruno Paixão na classificação, aconteceu em Braga, onde transformou um penálti contra num livre a favorecer o Sporting.
Resultado Real: 3-4

CLASSIFICAÇÃO REAL
SPORTING 7 (- 2 pts pelo penálti de Braga)
F.C.PORTO 7 (+2 pts pelo penálti de Vila do Conde)
BENFICA 5 (sem qualquer erro de prejuízo ou benefício objectivo em termos de golos ou penáltis)

À BEIRA DO PRECIPÍCIO

Depois da primeira vitória da temporada, seria lógico e natural que qualquer adepto do Benfica se sentisse feliz no final do jogo de ontem na Mata Real. Contudo, após minutos de grande sofrimento, de quase auto-flagelação colectiva, apesar da satisfação da vitória, felicidade não foi seguramente a palavra correcta para definir o meu estado de espírito naqueles momentos enquanto benfiquista.
Ao último apito de Bruno Paixão a primeira sensação que tive foi de alívio, profundo alívio, e logo de seguida fui tomado por um doloroso sentimento de inquietação. O Benfica vencera, mas não convencera, e até preocupara. Preocupara assustadoramente.
Depois de uma primeira parte bastante bem conseguida, onde se viu um futebol rápido e agradável, com Carlos Martins na batuta de uma orquestra que chegou a parecer afinada, com Reyes a mostrar a sua melhor cara e Nuno Gomes o seu reaparecido faro pelas balizas, nada fazia prever que, com 1-3 no marcador ao intervalo, o Benfica quase se viesse a suicidar para o jogo, deixando a vitória e os três pontos, durante largos minutos, pendentes nos cabides da fortuna e do azar.
Muitos erros defensivos – não necessariamente do quarteto defensivo, coisa bem diferente -, desorientação na hora de recuperar a bola e depois de a ter, falhas clamorosas nos lances de bola parada, faltas infantis cometidas próximo da área, incapacidade total para controlar o jogo e os seus ritmos, e até um frango do improvável Quim, de tudo se viu numa parte final de desafio verdadeiramente penosa para as cores encarnadas. Mais três golos sofridos – seis em dois jogos – e notas de muita preocupação para as importantes partidas que se avizinham, onde parte das aspirações da temporada poderá ficar desde logo comprometida.
O figurino táctico implementado pelo técnico espanhol, e inspirado justamente na selecção do país vizinho, recente campeã europeia, exige ao meio-campo uma capacidade defensiva que este Benfica ainda não consegue apresentar. A equipa aparece muitas vezes partida em dois (os que atacam e os que defendem), e as falhas de compensação são inúmeras, ficando então a linha defensiva muito mais exposta ao adversário e ao erro. Mesmo na hora de construir, o número inusitado de passes errados, a precipitação nas opções de jogo, as dificuldades de harmonização entre quem tem a bola e quem se desmarca para a receber, são nota dominante, e revelam o muito trabalho que esta equipa ainda tem pela frente.
Tudo isto é consequência natural da revolução a que o Benfica foi sujeito no último defeso - por exemplo, nos catorze jogadores utilizados ontem, nove (!) foram contratados esta época – pois no futebol de altíssima competição não basta pegar num grupo de talentos e pô-los em campo para se ter uma equipa ganhadora. Trata-se de um desporto colectivo, cuja mecanização e automatização de processos é fundamental para o sucesso, e não se consegue da noite para o dia, nem que se disponha de onze Maradonas. Veja-se como o F.C.Porto também está a sentir os efeitos das mudanças operadas, e como o Sporting está a colher os louros da estabilidade. Não há milagres, e o timing de construção de uma grande equipa de futebol não é tão célere como os adeptos – neste caso, em particular, os do Benfica – desejariam.
Já disse o por diversas vezes, mas não será demais repeti-lo: é muito importante que os sócios e adeptos do clube encarnado redimensionem as suas expectativas para a presente temporada, pois o tempo que ainda vai demorar até que a equipa esteja em condições de interpretar as ideias do seu técnico será, muito provavelmente, fatal em termos de aspirações ao título nacional, bem como – esperemos que não, esperemos uma noite de sorte no próximo dia 2… - de uma carreira europeia de sucesso. Este Benfica está claramente apontado para o futuro, e é nessa perspectiva que deve ser entendido. Se assim o for, haverá tempo para Quique Flores desenvolver o seu trabalho, e provavelmente na próxima época, esta mesma equipa – com um ou outro retoque - poderá aparecer com uma face dominadora, confiante e capaz de vencer. Até lá, resta aos benfiquistas sofrer, ter paciência. Muita paciência. Ignorar as provocações adversárias e interiorizar que sem este processo não há alternativa – sob pena de ter de se voltar uma vez mais atrás para recomeçar tudo de novo, afinal de contas aquilo que se tem feito ao longo de quinze anos, com os resultados conhecidos.
Há sobretudo que apoiar. Apoiar muito. Apoiar incondicionalmente, concorde-se ou não com algumas das opções tomadas no passado. Os próximos dois jogos, de extrema importância para o futuro próximo da equipa, serão também um teste aos verdadeiros adeptos do clube da Luz, e à sua vontade de ajudar a crescer a equipa, e de lhe abrir as portas do futuro. É também por eles (nós) e sua atitude que passa o sucesso deste novo Benfica.
Em termos individuais há que destacar na noite de ontem a eficácia de um renascido Nuno Gomes – com umas semanas de banco fica como novo, já havia sido assim com Koeman -, o perfume ofensivo de Reyes, a classe de Carlos Martins, a segurança de Ruben Amorim e a entrega de Jorge Ribeiro (que golaço !). Com sinal menos há que salientar o desgraçado momento de forma de Quim - que continuando a ser o melhor guarda-redes português, talvez precisasse de descansar um pouco -, a exibição menos conseguida de um Yebda muito trapalhão e pouco criterioso na sua movimentação, e um Balboa desconcentrado, que entrou para ajudar a segurar o jogo e com dois erros sucessivos quase o ia entregando ao adversário.
Sobre o árbitro falarei na rubrica respectiva, mas devo dizer desde já que, num jogo bastante difícil de dirigir, acabou por realizar, globalmente, um bom trabalho. Principalmente sob o ponto de vista técnico, em que esteve irrepreensível.

REGRESSO ÀS VITÓRIAS

Permitam-me que, num apontamento mais intimista, deixe aqui uma palavra de saudação para o clube da minha terra, que ontem venceu brilhantemente no histórico estádio Alfredo da Silva no Barreiro o Fabril local por 0-1, mesmo depois de se ter visto reduzido a dez unidades ainda na primeira parte.
Depois de uma série de maus resultados, espero que esta vitória possa ser um tónico para as próximas semanas, em particular para a próxima, na qual os azuis e brancos recebem o eterno rival Lusitano em mais um derby eborense, ao qual espero poder assistir.
Ontem o Juventude alinhou de início com: Tiago, Farinha, Paulo Martins, Viúla, Paulo Letras, André Xavier (irmão de Abel Xavier), Cissé, Zezinho, Márcio Madeira (filho de Vítor Madeira), Nuno Gaio e Dieng. Entraram ainda Cainó, Costinha e Luís Barreiros.

SPORTING ADIANTA-SE; PORTO MARCA PASSO

Ajuda aqui, ajuda ali, o Sporting lá vai trilhando o seu caminho.
Quando estamos ainda na terceira jornada, os leões dispõem já de uma vantagem relevante sobre a concorrência – quatro pontos para o F.C.Porto, e quatro, seis ou sete, conforme o resultado de hoje, para o Benfica. Se vencer na Luz, o Sporting começa a cavar um fosso difícil de superar, pois ao contrário do que defende Quique Flores, a história recente dos campeonatos portugueses permite afirmar que os mesmos se têm decidido justamente na sua fase inicial.
Deixando de lado os erros de arbitragem que a têm favorecido nas últimas semanas (a classificação “real” será publicada amanhã), a equipa de Paulo Bento apresenta-se neste momento como o grande favorito ao título, até porque o F.C.Porto, outro dos favoritos à partida, tarda em encontrar a rota de consistência e eficácia que foi o seu padrão dos anos anteriores. O Benfica, em ano de transição, mantém-se à espreita, tendo no derby da próxima semana a oportunidade de ouro para se aproximar do topo da tabela, não sem que antes tenha de cumprir esta noite a sua obrigação em Paços de Ferreira, jogo em que terá necessariamente de conquistar os primeiros três pontos da época.
Apenas vi os resumos dos jogos de Alvalade e Vila do Conde (pensei ir a Alvalade, mas o bilhete mais barato custava…35 euros !!!!), pelo que não me poderei alongar acerca dos jogos em si. Contudo, desde a pré-temporada que digo que o Sporting tem diante de si uma soberana oportunidade de conquistar o tão ansiado título, que lhe foge há sete anos, precisamente desde a época dos 17 penáltis de Jardel.
Ao manter os seus principais jogadores, reforçando-se cirurgicamente com elementos identificados com o futebol português, o Sporting tem sobretudo um modelo de jogo bem definido e estabilizado desde há três épocas. É cada vez mais uma equipa adulta, que joga de olhos fechados, e que tem, quando necessita, um ou outro elemento capaz de desequilibrar. Tem um banco fortíssimo, com opções para todos os gostos. Não se tem dado bem diante de adversários mais fortes, mas para ser campeão nacional não vai precisar de vencer o Real Madrid nem o Barcelona. Vai precisar de demonstrar, isso sim, semana a semana, a eficácia e a solidez de que tem dado sinais até agora perante a oposição interna - em cinco jogos contra adversários lusos nesta época, o Sporting apenas encaixou um golo, e de penálti.
Veremos se o caso Vukcevic (depois do caso Stojkovic e do caso Moutinho), agravado pelas declarações de Derlei, será ou não revelador de alguma perturbação dentro do balneário leonino, e até que ponto isso pode ou não reflectir-se no rendimento da equipa dentro do campo. Uma primeira derrota dará provavelmente a resposta, pois enquanto o Sporting for à frente, tudo se vai dissipando. Se o factor disciplina/coesão de grupo não os comprometer - e se o factor arbitragem os continuar a favorecer – os leões têm efectivamente tudo para ser os próximos campeões nacionais.
O F.C.Porto está a sofrer as consequências das alterações que foi forçado a fazer no plantel. Saíram três dos seus melhores elementos (um de cada sector), e os jogadores que entraram ainda não demonstram a necessária interligação com os colegas, fragilizando a movimentação colectiva da equipa. Recorde-se que o F.C.Porto terá de jogar em Alvalade dentro de duas semanas, e caso perca essa partida, ficará também desde logo numa situação complicada, até porque já se vão vislumbrando sinais evidentes de insatisfação interna, perfeitamente natural num clube habituado a vencer quase sempre nos últimos anos.
É altura de Jesualdo Ferreira ter finalmente de demonstrar o que vale. Até aqui tinha uma equipa já construída e recheada de estrelas. Agora terá de ser ele, com jogadores menos experientes, a formar um novo F.C.Porto.

MUITO QUE SOFRER...

Quem leia apenas o título deste texto, será de imediato levado a pensar no jogo da segunda mão, dentro de quinze dias na Luz.
É um dado praticamente adquirido que essa será uma noite de sofrimento, qualquer que venha a ser o desfecho final do jogo e da eliminatória. Contudo, o título que escolhi para esta prosa deverá ser entendido num sentido mais lato, isto é, não relativo a um jogo, nem a uma eliminatória, mas a toda uma época ou, pelo menos, a grande parte dela.
Ficou ontem uma vez mais demonstrado que o Benfica é uma equipa em construção. É todo um edifício novo, cujos traços ainda estão longe, muito longe, de estar definidos. Como qualquer projecto em fase embrionária, a equipa de Quique Flores apresenta fragilidades gritantes, e é preciso que os benfiquistas se comecem a convencer daquilo que eu disse aqui antes ainda de se iniciar a competição: esta época só por milagre trará algum título, devendo ser entendida como um ano de transição, sob pena de no final da mesma se colocar novamente tudo em causa, se querer revolucionar tudo outra vez, e dentro de um ano eu ter de estar aqui a dizer o mesmo.
Percebe-se o que Quique Flores pretende, e isso por si só já é um bom princípio. À semelhança do que se vê nas grandes equipas europeias, o técnico espanhol quer um Benfica com os sectores muito juntos, bastante subidos no terreno, e a funcionar como um bloco homogéneo, que ataca e defende de forma compacta e harmoniosa.
Para alcançar esse objectivo há todavia um longo caminho a percorrer
. Há vários jogadores no plantel encarnado com um perfil pouco colectivista, há médios e alas que só jogam com a bola no pé, há falta de velocidade na defesa para poder subir o bloco sem correr riscos de ser batida em contra-ataque. E há, sobretudo, uma ainda total falta de organização colectiva face a um modelo ao qual a maioria dos jogadores não estava habituada. Na noite de Nápoles, todas estas carências foram postas a nu, tal como de resto já o haviam sido, em parte, diante do F.C.Porto. Em três jogos oficiais, este Benfica, obviamente, ainda não ganhou.
Os encarnados entraram bem no jogo, com confiança, a procurar ganhar metros de terreno e assim mostrar que estavam ali para discutir o jogo. Percebe-se que, a jogar fora, e nas suas circunstancias actuais – leia-se incapacidade de impor ritmos a seu jeito - o Benfica tivesse mais a ganhar em abrir a partida, no sentido em que um 1-1, ou um 2-2 seriam bem melhores que o 0-0, e talvez por aí se perceba o onze inicial escolhido pelo técnico espanhol. Os primeiros minutos deram disso sinal, com oportunidades de golo para ambos os lados, acabando inclusivamente por ser o Benfica o primeiro a marcar, por intermédio do estreante Suazo. Tudo parecia correr pelo melhor.
Foi então dado um primeiro e dramático sinal de imaturidade. À semelhança do que ocorrera com o F.C.Porto, e que na altura aqui referi, o Benfica pareceu sentir o seu próprio golo de forma mais negativa que o adversário, desconcentrando-se, parecendo mesmo deslumbrar-se, e permitindo uma reacção fortíssima, neste caso acompanhada de imediata reviravolta no marcador.
Nunca se saberá o que aconteceria ao jogo se o Benfica se mantivesse em vantagem, pelo menos, mais alguns minutos. Talvez o vulcão de San Paolo se silenciasse, talvez o Nápoles se enervasse, perdesse confiança e motivação. Assim sucedeu o contrário, e o jogo pôs-se de cara muito feia para os encarnados, que só por milagre não saíram para intervalo com um resultado ainda mais pesado, nomeadamente através de um lance em que Quim voltou a errar (isso há de passar…), e foi Léo a evitar o golo sobre a linha.
Para a segunda parte a toada de jogo diminuiu um pouco de ritmo, mas sentia-se que o Nápoles estava mais perto do terceiro golo, que o Benfica de empatar. Quique fez entrar Balboa para o lugar de um ainda demasiado verde Urreta, mas nem assim conseguiu estancar o caudal ofensivo desenvolvido pelo flanco esquerdo do ataque napolitano, fruto também de uma exibição muito pouco conseguida de Maxi Pereira. Paradoxalmente, o golo acabaria por surgir do flanco oposto, através de um desvio infeliz de Léo, que traiu Quim e deu a sensação de poder acabar com a eliminatória. Com todas as suas insuficiências, com toda a natural intranquilidade, e ainda com a pouca sorte de ter sofrido dois golos de ressalto, o Benfica teria que ir buscar o resultado, num ambiente tremendamente hostil, e diante de uma equipa, senão brilhante, pelo menos organizada, amadurecida e confiante.
Entrou Katsouranis para o lugar de um pouco visto Carlos Martins, pouco depois Luisão marcou, e viu-se então um Benfica substancialmente melhor, até porque o Nápoles, satisfeito ou desgastado, baixou o seu bloco, abandonando a pressão alta com que manietou e retirou discernimento aos encarnados durante largo período de jogo. O grego entrou bem no jogo, tal como mais tarde também Nuno Gomes entraria (numa equipa tão imatura, nota-se a falta do experiente avançado). O Benfica parecia novamente em condições de discutir a possibilidade de alcançar o empate a três, o que, então sim, se traduziria num excelente resultado.
Como um azar nunca vem só, após dois golos sofridos de forma infeliz, num lance apenas, ao invés de poder ficar em vantagem numérica, o Benfica viu Suazo – seu melhor jogador até então, e grande esperança para eventual novo golo - ficar inferiorizado até final, fruto de uma bárbara entrada de um jogador napolitano que nem cartão amarelo levou. A jogar com dez e meio, a equipa encarnada foi forçada a desistir de procurar o empate, e tentou apenas que o tempo passasse, deixando assim, a decisão da eliminatória para a Luz – prescindindo dos anéis, ficaram os dedos.
Não vai ser fácil. Esta equipa napolitana tem avançados rápidos e habilidosos, e é bem provável que consiga marcar em Lisboa. Só um grande Benfica poderia resolver a contenda, mas tenho sérias dúvidas que dentro de apenas quinze dias ele já se possa dar a conhecer. Talvez um estádio cheio, um ambiente como aqueles de 2005 – Manchester, Liverpool… - possa ajudar.
Se tudo acabar mal, e o Benfica for eliminado, não deverá haver lugar a dramas. O sorteio foi cruel (nem todos têm a sorte de apanhar Deportivo da Corunha e Mónaco em meias-finais e finais da Champions...), e uma eliminação diante de uma forte equipa italiana não envergonha ninguém. Mas creio que todos os benfiquistas deveriam ficar, no fim desta eliminatória, com a tranquilidade de consciência de terem ajudado tanto o seu clube como os adeptos do adversário o fizeram.
Falta apenas dizer que a arbitragem esteve mal. Foram perdoadas duas expulsões a jogadores napolitanos, e ficaram-me dúvidas num lance sobre Sidnei (mais uma bela exibição), dentro da área, já na ponta final do desafio. Desde aquele célebre Portugal-Holanda no Mundial que torço o nariz a árbitros holandeses para equipas portuguesas. E infelizmente tenho tido razão.
PS: Relativamente às restantes equipas portuguesas, tudo decorreu como se previa e temia. Só o Sp.Braga deverá passar à fase de grupos.

RANKING EUROPEU OFICIAL (actualização)


ADENDA: De modo a esclarecer algumas dúvidas, fica a evolução comparativa de F.C.Porto e Benfica desde o ano de 2004

UM DESAFIO À CORAGEM

O Benfica de Quique Flores tem em Nápoles, no majestoso e infernal San Paolo, uma bela oportunidade para mostrar o que vale.
Sabe-se que em termos técnico-tácticos os encarnados ainda terão muito que trabalhar até ser aquilo que pretendem: uma grande equipa. Mas amanhã podem e devem mostrar a sua determinação em conseguí-lo, bem como a raça, o empenho e a força mental com que estão dispostos a encetar o seu caminho.
Não vai ser nada fácil. O mítico estádio onde Maradona se fez rei vai estar cheio, o ambiente vai ser extremamente pesado - a própria cidade, quando lá estive, há mais de dez anos, já toda ela era algo pesada -, e este jogo, bem como a própria Taça Uefa, estão a ser encarados em Nápoles como uma prioridade absoluta, ou não se tratasse do regresso da equipa às provas internacionais, depois de longos anos de ausência, ou não se tratasse de uma competição que, com El Pibe, venceram.
Se o Benfica for eliminado, não deverá por isso ter de tapar a cara de vergonha - o campeonato italiano é muito mais forte que o nosso, e o Nápoles faz claramente parte da sua metade superior. Todavia, uma eliminação precoce numa prova onde as possibilidades de chegar longe são sempre algumas, deixará um travo muito amargo, e pintará desde já a cores sombrias este princípio de temporada, com tudo o que isso acarreta de desestabilização e intranquilidade.
É importante que os benfiquistas perceberem o quão importante pode ser esta eliminatória, o quão importante é a Taça Uefa - este ano conta com oito ex campeões europeus, e no próximo será reforçada pela alteração regulamentar - e, até porque, por ora, poucos têm o canal TV do clube, pensem desde já em retribuir a enchente dentro de dias na Luz, para aí resolver esta complicada questão que um sorteio impiedoso veio colocar.
Por agora, e para a primeira mão, deixo uma proposta para o onze inicial. Deixo também a nota sobre o que considero um bom resultado neste jogo: Não perder!

PIOR QUE A ENCOMENDA

Esperava-se um Barcelona em crise, vimos uma super-equipa renascida das cinzas. Esperava-se um Sporting confiante e determinado, surgiu um leão amorfo e temeroso. Deste modo, e olhando à diferença de qualidade dos interpretes, seria difícil a equipa de Paulo Bento trazer alguma coisa de Camp Nou.
A primeira parte foi uma repetição do jogo de há uns dias em Madrid, com a diferença a residir apenas na menor eficácia dos catalães. Um meio-campo pouco pressionante, com três unidades pouco dadas a trabalho defensivo (Izmailov, Rochemback e Romagnoli), deixou o Barcelona dominar por completo os acontecimentos, fazendo sobressair, a seu bel prazer, a enorme qualidade técnica dos jogadores com que conta.
Na segunda parte, depois do 2-0, o Sporting ainda fez algumas cócegas aos anfitriões, muito fruto da entrada de Miguel Veloso para o meio-campo, dado que reequilibrou bastante o conjunto. Mas uma incompreensível alteração táctica – que colocou o jovem médio como lateral esquerdo – acabou por se revelar fatal, pondo ponto final na discussão do jogo. O Barça fez o 3-1, e nos momentos finais ameaçou a goleada.
A arbitragem esteve mal no penálti assinalado, estranhando-se bastante a reacção pacífica e resignada de Paulo Bento, sempre tão enérgico em situações semelhantes na Liga Portuguesa.
Este jogo era à partida o mais difícil para o Sporting. A qualificação está pois em aberto, embora a vitória do Shakhtar na Suiça em nada tenha favorecido os leões.

À CONQUISTA DA EUROPA

O Sporting tem hoje uma oportunidade histórica para triunfar em Barcelona.
A equipa catalã está mergulhada numa crise profunda e nunca pareceu tão acessível, mesmo jogando em sua própria casa. Guardiola está-se a revelar um erro de casting, e em duas jornadas da Liga, outras tantas desilusões para os culés.
Os leões, por seu turno, não perdem nem empatam desde o já remoto dia 20 de Abril, o que significa que contam por vitórias todos os jogos oficiais disputados nos últimos cinco meses. Há anos que não surgiam tão fortes.
Este é pois o momento para o Sporting começar a desenhar o seu apuramento.

Sendo a única equipa portuguesa cuja presença em prova não oferece dúvidas quanto à sua legitimidade, sendo um dos dois grandes clubes de dimensão nacional cuja trajectória desportiva não está enlameada pelo crime, VEDETA DA BOLA deseja a melhor sorte ao Sporting para o jogo de hoje em Camp Nou.

SICÍLIA À PORTUGUESA ?

Mais do que as arbitragens, ou mesmo o próprio futebol, o que me começa a preocupar profundamente enquanto cidadão português - e que já justificava uma investigação implacável - é porque razão na cidade do Porto, do Ministério Público à PSP, da Judiciária aos tribunais, todos parecem actuar invariavelmente com a camisola do F.C.Porto vestida.
Serão todas estas entidades constituídas por adeptos fervorosos do clube ? Ou será o caso ainda bem mais grave ?

PUXÃO DE ORELHAS

Uma equipa ganhadora não se coaduna com vedetismos, nem com qualquer tipo de laxismo face ao trabalho diário.
Óscar Cardozo tem um talento extraordinário – há anos que o Benfica não tinha um ponta de lança assim -, mas tem de perceber que, face ao trabalho, não é mais do que os outros, e que só com sentido de responsabilidade, de colectivismo e de conquista, poderá representar uma verdadeira mais valia para a equipa, e consequentemente se poderá valorizar enquanto jogador.
As birras aquando das substituições, uma irritante passividade na procura da bola e nos duelos individuais e, pelo que se percebe, uma atitude pouco profissional nos treinos, são aspectos que o paraguaio terá de corrigir rapidamente, sob pena de comprometer a sua carreira no clube, e mesmo no futebol europeu.
Gosto de futebolistas em geral, e particularmente dos do Benfica (entre os quais Óscar Cardozo). São eles que me fazem adorar o desporto-rei, e são eles, muito mais que treinadores ou dirigentes, os verdadeiros interpretes das minhas emoções, e os merecedores da minha estima e admiração. Mas, talvez por isso mesmo, não lhes perdoo faltas de rigor profissional. Não admito sentir-me enganado por aqueles que julgo e acredito estarem a fazer tudo em nome do meu clube e da minha paixão.
Ainda bem que Quique Flores dá mostras de querer cortar pela raiz qualquer tipo de atitude deste género (que no ano passado foram frequentes), ganhando desde já o respeito do restante plantel, e conquistando a confiança dos adeptos. Só assim se poderá fazer uma verdadeira equipa.
Doa a quem doer, há que colocar o interesse colectivo acima de tudo. Se necessário for usar o chicote, pois que seja usado.

"Tenho consciência que os anos (e resultados) de Scolari dificilmente se irão repetir no futuro próximo, seja qual for o seleccionador"
LF, 3 de Julho de 2008

EFEITO QUEIROZ

Várias horas depois do jogo, ainda me custa a acreditar no que aconteceu em Alvalade.
Diante de um adversário acessível, com vantagem no marcador por duas vezes, Portugal acaba derrotado após sofrer três golos nos últimos seis minutos, naquilo que foi um verdadeiro colapso colectivo de consequências ainda por apurar em termos de classificação.
A selecção não jogou bem. Jogou um futebol vistoso e plasticamente bonito (quase sempre fruto das acções individuais de Deco), mas jogar bem não pode andar de braço dado com os erros defensivos mais infantis, com a insegurança revelada desde o primeiro minuto – e em particular na ponta final do jogo -, nem mesmo com uma ineficácia a roçar o surreal. Se há jogos em que se pressente que a vitória, com maior ou menor dificuldade, com mais ou menos sorte, irá acabar por sorrir – e com Scolari isso era frequente -, nesta partida, a meio da segunda parte, começou-se a sentir que tudo poderia acabar mal. Portugal desperdiçava ocasiões flagrantes, os nórdicos são frios, jogam até ao fim, e com bolas bombeadas para a área poderiam causar danos. O volte-face no marcador acabou por ser uma fiel representação da lei de Murphy, onde nem sequer faltou um Quim disfarçado de Ricardo.
Portugal foi uma equipa ingénua e inconsequente. Preocupou-se mais em jogar para as bancadas do que em segurar um resultado precioso. Faltou-lhe alma, faltou-lhe capacidade de sofrimento. Foi uma equipa com floreados, mas de atitude competitiva circunspecta. Tão circunspecta como o seu sorumbático e monocórdico treinador, que dizia querer espectáculo na véspera da partida – e como eu me arrepio quando oiço um técnico dizer tal coisa…
Os que falavam de uma nova aragem na selecção, os que rejubilaram com as vitórias diante das Ilhas Faroé e de Malta, tiveram ontem uma resposta tristemente eloquente. Ficou bem patente neste jogo, pelo défice de força mental revelado pela equipa, a falta que Luíz Felipe Scolari faz à selecção nacional.
Carlos Queiroz é um técnico cientificamente competente, conhece e domina os princípios do futebol, é um excelente formador de jovens, mas não creio que seja verdadeiramente um treinador de top - o seu currículo, enquanto técnico principal de equipas principais, fala por si. Ontem lembrei-me dos 3-6 de 1994, lembrei-me das qualificações falhadas para o Euro 1992 e o Mundial 1994, lembrei-me do ingénuo Real Madrid dos Zidanes e Pavones, dos seus vários despedimentos. Lembrei-me sobretudo que Portugal, nos últimos dez anos, quer em casa quer fora, apenas havia perdido um jogo de qualificação (na Polónia). E não me quis eu lembrar das histórias em volta da utilização de Cristiano Ronaldo num jogo frente ao Azerbaijão…
Depois de alguns anos atípicos, temo bem que Portugal volte às oportunidades perdidas, às vitórias morais, às matemáticas quase sempre fatais. O futebol é tácticas, é treino, mas é sobretudo alma, sentido colectivo, espírito. Uma actividade humana, em que onze homens actuam sem qualquer instrumento técnico ou científico, só pode ser gerida e orientada com uma grande sabedoria daquilo que é a natureza dos seus intervenientes - sobretudo quando os dias de trabalho escasseiam, como acontece com as representações nacionais. Precisamente por isto, Scolari foi o melhor seleccionador nacional de todos os tempos. Precisamente por isto, duvido bastante do sucesso desta campanha.
Que seja eu a enganar-me…

PS: O público, ao alhear-se desta partida, deu o primeiro sinal de uma nova era na selecção nacional. Houve quem ridicularizasse as bandeiras nas janelas. Seria isto que queriam ?

O VIDEO

É este o video que incrimina Cristian Rodriguez.
Será que é desta que temos um sumaríssimo para um jogador não benfiquista ? Ou é preciso ainda mais ?

O MUNDO PINTADO DE VERMELHO



QUIM - titular na selecção de Portugal














MAXI PEREIRA - titular na selecção do Uruguai










LUISÃO - titular na selecção do Brasil









ZORO - suplente não utilizado na selecção da Costa do Marfim








KATSOURANIS - titular na selecção da Grécia









BINYA - titular na selecção dos Camarões










CARLOS MARTINS - titular na selecção de Portugal











DI MARIA - titular na selecção da Argentina









SUAZO - titular na selecção das Honduras










CARDOZO - titular na selecção do Paraguai











NUNO GOMES - suplente utilizado na selecção de Portugal






NENHUM DELES PERDEU !!!!


NOTA: Léo, Jorge Ribeiro, Pablo Aimar, Reyes, Mantorras e Makukula, todos igualmente internacionais A pelos respectivos países, não foram desta vez convocados.