UM, DOIS, TRÊS

Sexta, BASQUETEBOL 73-63
Domingo, FUTEBOL INICIADOS 1-0
Domingo, BASQUETEBOL 63-53

OS MEUS PREÇOS

Independentemente de aspectos que não conheço em pormenor (nomeadamente quanto a eventuais exigências criadas pelo fundo de investimento), e independentemente das opiniões nada inocentes de José Mourinho (que pouco me interessam), estes seriam os valores pelos quais aceitaria negociar dois (APENAS DOIS!) jogadores do actual plantel encarnado:
Todos os restantes são inegociáveis, pois o peso na equipa suplanta claramente o respectivo valor de mercado (falo de nomes como Saviola, Javi, Aimar ou, sobretudo, Luisão).
Se nenhuma proposta atingir os valores que proponho, encantado da vida - não saindo ninguém, o Benfica conseguiria muito provavelmente o bi-campeonato, poderia até talvez apontar para uma aventura europeia, e dentro de um ano cá estaríamos de novo a contar milhões.
Libertar mais do que dois jogadores, isso sim, pode tornar-se perigoso para o futuro próximo da equipa, e consequentemente do clube.

RESPEITO...MAS NÃO ENTENDO

A menos que exista qualquer problema extra-futebolístico que me escape, não percebo como se deita para o lixo aquele que ainda é, quanto a mim, o melhor guarda-redes português.
Jorge Jesus tem crédito para tomar as decisões que quiser, e não falarei muito mais vezes no assunto. Mas não podia deixar de expressar a minha perplexidade por esta sua opção, e, já agora, também pela forma como a tornou pública.

UM CAMPEÃO, DEZ MATRAQUILHOS E UM IDIOTA

A campanha de preparação da selecção portuguesa para o Mundial começou como se esperava, ou seja, de forma decepcionante.
Não fosse a excelente prestação do campeão Fábio Coentrão (quão maior seria o dinamismo desta equipa com Ruben Amorim do outro lado?) a mediocridade teria sido absoluta, como, de resto, o próprio resultado expressa.
Cristiano Ronaldo passou, uma vez mais, ao lado do jogo, Liedson e Deco estão (definitivamente?) irreconhecíveis, Nani limitou-se a uns fogachos, Pedro Mendes e Miguel Veloso revelaram-se apostas furadas (e não deixa de ser curioso ver três sportinguistas no onze inicial, após a "espantosa" época conseguida pelo clube de Alvalade). Em suma, dez matraquilhos (mais os que se lhes juntaram depois) que pareciam pedir, a cada minuto que passava, que os deixassem em paz.
O que mais preocupa nesta equipa é a total ausência de uma ideia colectiva de jogo, dando a impressão que não treina. É claro que o trabalho numa selecção não tem a regularidade e a consistência que o dia a dia de um clube permite, mas as constantes invenções, e a irritante lógica experimentalista que este seleccionador implementou, em nada ajudam a contornar esse obstáculo. E quando olhamos para o banco e vemos Zé Castros, Dudas, Ricardos Costas, Danieis Fernandes, Betos, Rolandos e Dannys, percebemos que a estrada é demasiado estreita para nela podermos passar. Só falta mesmo recolocar Duda no lugar de Coentrão (apeteceu-me pedir-lhe para se vir embora), para termos uma verdadeira equipa à Queiroz.
Faltam mais dois testes até se iniciar a competição. Espero estar enganado, mas temo um fracasso total ao velho estilo de Saltillo e da Coreia.

RANKING TAÇA/LIGA DOS CAMPEÕES (actualização)


REAL DESPERDÍCIO

Este é um onze formado apenas por jogadores dispensados do Real Madrid nos últimos anos. Ainda sobram nomes como Huntelaar, Van Nistelrooy, Júlio Baptista, Robinho, entre outros, para além de treinadores como Del Bosque ou Fábio Capello.
Nunca percebi o que procura o Real Madrid, mas se quiserem dispensar ao Benfica Van derVaart e Benzema (já agora, não custa pedir...), até podem levar o Di Maria, que continuarei a simpatizar com eles.

SEM ESPINHAS

Não sou fã de Mourinho, mas não me custa a reconhecer a qualidade do seu trabalho.
A vitória de sábado foi justíssima, e o Inter já merecia viver este momento.
Destaque para a tremenda eficácia de Diego Milito, um dos jogadores que o Mundial poderá fazer destacar.
E já agora, quem será o próximo gigante europeu a regressar aos títulos?

EMBLEMAS COM HISTÓRIA

...e um palpitante duelo entre uma criatura e um dos seus principais criadores.

UMA INSUPORTÁVEL MANCHA AZUL

Quando poderemos voltar a ver um equipamento do Benfica livre deste horrível anúncio?

QUEM FALA A VERDADE NÃO MERECE CASTIGO

Talvez na próxima semana já tenha maior disposição para escrever sobre o Mundial, e sobre a "nossa" selecção.

UM ESBOÇO PARA 2010-2011

Partindo do princípio que a perda de Di Maria é inevitável (o seu valor de mercado está em alta, vai ser titular da Argentina, tem meia Europa atrás dele, e uma cláusula de rescisão acessível aos grandes tubarões), e que será possível manter todos os restantes (o que duvido, mas para já aceito como hipótese de base), o quadro de saídas e entradas na equipa do Benfica poderia ser o seguinte:
Lamento mas continuo a ver Fábio Coentrão como um fantástico extremo-esquerdo, pelo que o substituto de Di Maria estaria, à partida, encontrado. De entre os actuais emprestados, apenas faria regressar Urreta, que seria a alternativa perfeita ao internacional português.
Quanto aos jogadores a contratar apenas posso dizer que no mercado nacional não vislumbro absolutamente ninguém (talvez apenas Evaldo, para o lado esquerdo da defesa). Mas aceitam-se sugestões.
Posto isto, reservando 5 milhões para abater passivo, o plantel para atacar o Bi-Campeonato, a Champions League (até onde for possível), e todas as outras competições, ficaria assim esquematizado:
Embora desconheça o valor de Gaitán e Jara, acredito que este plantel seria ainda mais forte do que o anterior.

CONTAS POR ALTO...UNS 90 MILHÕES

Nunca por menos...

PEDRO, O INGRATO

Já que estou em maré de citações, aqui vai mais uma. Escrevi isto na caixa de comentários de um dos últimos posts, em resposta a uma questão colocada por um leitor, relacionada com a ausência de Pedro Mantorras da festa do título:
Como qualquer benfiquista, tenho a maior simpatia por Mantorras. Foi um jogador carismático, e poderia ter sido uma estrela de nível mundial não fosse a dramática lesão que desde cedo o condicionou. Compreendo que, durante estes anos, o Benfica o tenha mantido no plantel, até como forma de o ressarcir por eventuais erros cometidos na altura pelo seu próprio departamento médico (embora ele próprio, ao que sei, também não tenha tido os cuidados que então lhe foram pedidos).
Posto isto, entendo também que o Benfica, um Benfica altamente profissional, um Benfica campeão e que se pretende de cariz europeu, não possa continuar a dar-se ao luxo de ocupar uma vaga do seu plantel com um jogador que não tem condições físicas para jogar mais do que quinze minutos.Há que preservar a memória e os símbolos. Mas haverá outras formas de o fazer sem beliscar a coerência do plantel. Caso contrário, o Eusébio ainda faria parte dele. Suponho que Mantorras vai regressar ao seu país. Gostava que pudesse ficar ligado, de algum modo, ao Benfica. Mas como jogador, sejamos objectivos, não é já uma mais-valia. E não creio que o Benfica deva permitir que se torne um estorvo. Ele não o mereceria. Quanto à ausência em si, talvez não tenha passado de uma pequena birra por não jogar uns minutos do último jogo. Estou seguro que o teria feito, caso o Benfica tivesse conquistado o título na semana anterior, e o jogo com o Rio Ave fosse uma mera festa de consagração. Tendo que fazer pontos na última jornada, nem eu perdoaria a Jorge Jesus se ele não convocasse os jogadores que achava em melhores condições, sem qualquer tipo de sentimentalismos. O Benfica está acima do interesse de qualquer jogador, e os sentimentalismos que mais me comovem são aqueles que foram demonstrados por milhões de pessoas em todo o mundo com a vitória de domingo.”
Depois disto, o angolano borrou o resto da pintura, perdendo-se em afirmações estapafúrdias e próprias de quem não tem os pés muito bem assentes no chão. Se uma birra extemporânea era desculpável, o que ele agora disse, a frio, já é mais difícil de engolir. A um Mantorras que se tinha como a alegria do povo, contrapôs-se um Mantorras preocupado exclusivamente com o seu próprio umbigo, sem qualquer noção da sua real dimensão futebolística, e sem o sentido de gratidão que a sua insólita situação justificaria. As pessoas gostam do Mantorras porque são do Benfica, e não o contrário, como ele parece supor. Danificar a sua própria relação com o clube da Luz é destruir toda a sua ligação ao futebol profissional, e é suicidar-se enquanto figura popular.
O que cada um de nós poderia ter sido na vida dava para muitas histórias cor-de-rosa. Mas a realidade é implacável, e com todo o azar que se lhe reconhece, a verdade nua e crua é que Mantorras nunca chegou a ser um grande jogador do Benfica. E se alguma vez andou lá perto, essa esperança morreu, e está há muito tempo enterrada. É uma pena que Mantorras não o perceba.

MADEIRA NA...MADEIRA

Foi com um misto de mágoa e felicidade que tomei conhecimento da contratação de Márcio Madeira pelo Nacional. Para quem não saiba, trata-se da grande estrela do Juventude de Évora, clube da minha terra que subiu esta época à 2ªdivisão.
Tenho pena que saia, mas congratulo-me com a possibilidade que tem de voar mais alto. Não foi preciso vê-lo jogar muitas vezes para perceber que se tratava de jogador a mais para a 3ª divisão.
Irei acompanhar a sua carreira atentamente.
Que tenha muita sorte!

TAÇA DERRAMADA

"FC Porto, Rio Ave, Naval e Chaves são os semi-finalistas da Taça de Portugal. A prova tem tradições, tem história, é bonita, mas tem andado, nestas últimas épocas, ferida de morte. O motivo é só um: a ausência do Benfica (e de todo o seu peso social) das fases mais adiantadas.
Por muito que isto desagrade a alguns, sem o Benfica as competições perdem mediatismo, perdem interesse, perdem dinheiro, e acabam por definhar longe dos holofotes da ribalta. E se o clube da Luz não salvar a Taça de Portugal nas próximas épocas (vencendo-a, ou chegando, pelo menos, às finais), temo que esta se venha a tornar, a breve trecho, uma competição menor, destinada apenas às proezas ocasionais de clubes da província.
Entalada entre a última jornada do campeonato e o início do Mundial, a meio de uma tarde provavelmente soalheira e a convidar à praia, sem atribuir qualquer lugar europeu, estou certo que a outrora bela final do Jamor vai este ano (à semelhança do anterior) dar lugar a uma triste formalidade federativa, sem alma, sem cor, sem vida, e sem que a maior parte dos portugueses dê por ela.Em sentido inverso tem caminhado a jovem Taça da Liga, que, por felicidade sua, tem contado com o Benfica nos momentos de decisão. Bateu recordes de audiência (a última final foi o programa televisivo mais visto do ano), esgotou estádios, dominou as atenções dos adeptos, as conversas de café e os artigos de jornal, deliciando os responsáveis pela sua organização.
Esta reflexão faz-nos perceber a importância que o Benfica tem no contexto desportivo nacional, do qual é simultaneamente coração e pulmão, não havendo sinais de vida sem ele, nem para além dele.Qual o último grande jogo de Taça? Foi talvez o 5-3 de Alvalade, há dois anos atrás, exactamente na última ocasião em que o Benfica chegou às meias-finais.Qual será o próximo grande jogo de Taça? Provavelmente a próxima vez que o Benfica chegar a uma final.
Até lá… o vazio. Que a Taça de Portugal consiga sobreviver-lhe, são os votos que faço."

LF em "O Benfica", dia 9 de Abril de 2010.
Escrevi isto antes das meias-finais. Podia ter sido ontem, ou anteontem, a propósito de uma final de tristes (nem o Chaves tinha motivos para festejar a ocasião, pois acabara de ser despromovido) à qual, obviamente, ninguém ligou.
De que se queixa afinal Jesualdo? De que se queixam portistas e sportinguistas, que constantemente confundem a muito maior dimensão social do Benfica (que, manifestamente existe, e se faz sentir nos estádios, nos cafés, nos empregos, na rua, ...nas vendas), com insinuações sobre um alegado proteccionismo subterrâneo, ou, por outro lado, com uma alegada perseguição às suas cores, coisas que, de todo, não existem?

CHAMPIONS 2010-11

Terminados que estão a maioria dos campeonatos europeus, é já possível definir com alguma precisão o perfil da Liga dos Campeões da próxima temporada.
Vejamos o quadro dos apurados:
Partindo do princípio que as equipas melhor classificadas no ranking ultrapassam os seus adversários nas pré-eliminatórias, chegamos então ao sorteio da fase de grupos com a seguinte configuração:
Um grupo englobando Sevilha, Benfica, Basileia e Copenhaga era deveras apetitoso. Já um outro contendo Barcelona, Benfica, Tottenham e Spartak de Moscovo, causaria maiores dificuldades.
A título de curiosidade diga-se que os adversários do Sp.Braga no sorteio da pré-eliminatória poderão ser os seguintes: Celtic de Glasgow, PAOK de Salónica, Gent, Unireia Urziceni e Young Boys de Berna. Passando uma destas equipas chegará ao play-off, onde poderá ter pela frente: Sevilha, Werder Bremen, Tottenham, Zenit ou Ajax. Só então poderá aceder à fase de grupos.

ACTUALIDADES

JESUS – A renovação do contrato de Jorge Jesus adivinhava-se desde há algum tempo. O timing foi o mais natural, após a conquista do título.
As provas da sua qualidade são eloquentes, o seu excepcional trabalho está à vista. Tal como diz Ricardo Araújo Pereira, por mim também renovava com o técnico até 2050.
Como o mundo não é perfeito, creio contudo que mais uma época como esta e Jesus acabará por voar para outros campeonatos.
Bem… venha lá outra época como esta, que depois se verá.
CARDOZO – Por entre a incompreensível incompreensão de alguns adeptos mais desatentos, o paraguaio acaba de se sagrar melhor marcador também da Liga Europa (juntamente com Pizarro do Werder Bremen), tendo ainda fortes possibilidades de se tornar o artilheiro máximo de todas as provas da UEFA. Talvez só o Mundial tire de vez as dúvidas a quem ainda as tem.
FALCÃO – É um excelente jogador, e durante toda a temporada sempre se deu ao respeito, o que não é frequente para aquelas bandas. Também por isso, tenho alguma pena que não esteja no Benfica. Já ele não se deve lamentar muito, pois se no FC Porto foi o segundo na lista dos marcadores, na Luz dificilmente passaria do banco, enquanto suplente de Cardozo e Saviola.
EDUARDO – Se alguma vez fosse contratado, passaria a ter o meu apoio, como qualquer outro. Mas, se me perguntassem opinião, jamais Eduardo vestiria a camisola do Benfica. Primeiro porque não tenho memória curta, e não esqueço o seu comportamento no túnel de Braga, depois porque não o acho tão bom como dizem.
QUIM – Pelo contrário, Quim é, para mim, o melhor guarda-redes português, e como tal, espero bem que chegue rapidamente a acordo com o clube para renovação do contrato. Não podendo, obviamente, ambicionar um Casillas ou um Buffon, não me parece que seja fácil ao Benfica encontrar no mercado um guarda-redes melhor que o actual.
TAÇA – O comunicado do Benfica sobre a final da taça fez-me lembrar que ela de facto existe. Com este documento, a direcção encarnada deu uma vez mais mostras de um nível superior, apelando ao bom senso, e lembrando aos adeptos que vingança é coisa dos fracos. Parece óbvio, parece elementar, mas infelizmente não é assim em todo o lado. Se alguma coisa acontecer, o Benfica, enquanto clube, jamais poderá ser responsabilizado - coisa que o FC Porto não soube, nem quis evitar, há duas semanas atrás.
EQUIPAMENTOS – São bonitos como todos os anteriores, mas, desta vez, tenho um reparo a fazer. Porquê uma só estrela sobre o emblema, quando o Benfica irá jogar a Liga dos Campeões, prova que venceu…duas vezes? Já não concordava com as três estrelas (a haver estrelas teriam sempre de ser duas), mas só uma é que não faz mesmo qualquer sentido. Talvez ainda haja tempo para corrigir este pormenor.

PARABÉNS !

Ainda que com uma pontinha de inveja, fiquei bastante satisfeito com a vitória do Atlético de Madrid na Liga Europa.
Trata-se de uma equipa recheada de boa gente, onde, para além de Simão Sabrosa, figuram também jogadores como Reyes e Tiago (embora este não tenha participado na prova). Todos eles, em diferentes medidas, deixaram saudades na Luz. Gosto de os ver felizes.
Independentemente da opinião que, tecnicamente, se possa ter sobre o trabalho de Quique Flores no Benfica (onde teve mais baixos do que altos), a verdade é que, também ele, deixou atrás de si uma imagem de respeito e integridade, que não podemos, nem devemos, esquecer. O seu trabalho no Atlético tem sido notável - partiu de posições de descida, recuperou na tabela classificativa, ganhou a Liga Europa, e está na final da Taça do Rei. Provou que, num contexto adequado às suas características, é um excelente treinador, e também ele merecia este sucesso.
Quanto à participação do Benfica, tendo em conta tudo o que hoje se sabe, reforço a ideia de que, ultrapassando o Liverpool e disputando umas meias-finais intensas e desgastantes, talvez tivesse chegado à final, talvez a ganhasse, mas provavelmente o campeonato teria fugido para Braga.

O NÚMERO

50.066 (a média de espectadores no Estádio da Luz no campeonato de 2009-10)

RETRATOS DE GLÓRIA

NOTAS SOBRE UM TÍTULO

O MENTOR:
Quando, na sequência da sua retumbante vitória eleitoral, disse que este mandato seria dedicado à vertente desportiva, houve talvez quem não acreditasse.
O que é facto é que, mesmo sem Liga dos Campeões, mesmo sem venda de jogadores, o Benfica surgiu fortíssimo no mercado, conseguindo, fruto de uma gestão inovadora e corajosa, construir um plantel como há muito tempo não se via. Se foi um risco, há que dizer que resultou em petisco.
A escolha do treinador, da sua responsabilidade pessoal, foi o golpe certeiro que restava para que o Benfica dispusesse, enfim, de todas as condições para se tornar campeão.
Este título tem pois o seu dedo, e a sua marca. Se apenas faltavam sucessos desportivos para colorir a sua presidência, ora aí estão eles.

O OBREIRO:
O que mais impressiona em Jorge Jesus é a tremenda confiança que consegue transmitir a todos (equipa e adeptos). Exemplo disso foi a afirmação, categórica, de que iria ser campeão nacional, e que, com ele, os jogadores do Benfica renderiam o dobro. Disse-o na conferência de imprensa de apresentação, e não foi preciso esperar muito tempo para se perceber que falava a sério.
Soube organizar rapidamente a equipa, dotá-la de um modelo de jogo, construir um onze-base (que depois se foi abrindo a mais dois ou três jogadores), e pô-la a praticar um futebol espectacular. Tudo o que Quique Flores não conseguira.
Recuperou jogadores caídos na apatia (Aimar, Carlos Martins), fez explodir jovens talentos (Di Maria, David Luíz), e até de nomes improváveis como Weldon conseguiu extrair futebol e golos.
Com uma pré-época impressionante (já nem me lembro da quantidade de troféus conquistados), este seu Benfica impôs-se com grande rapidez e autoridade, deixando antever, desde logo, grandes conquistas. O título acabou por ser o corolário natural de todo um processo quase perfeito.

A FIGURA:
A escolha é difícil. A época foi longa, e com distintos e variados protagonismos (Ramires nas primeiras jornadas, Saviola a meio do campeonato, David Luíz em muitas ocasiões, os golos de Cardozo etc).
Mas se atendermos à preponderância na equipa, à regularidade exibicional ao longo de todos estes meses, e aos momentos singulares de classe proporcionados, creio que não será errado considerar Di Maria como a figura cimeira deste Benfica e, consequentemente, do campeonato.
Em grande parte dos jogos foi um autêntico diabo à solta, que nenhuma defesa conseguia segurar.
Confesso que cheguei a duvidar da sua capacidade, mas esta época mostrou finalmente o nível que o seu talento anunciava. Infelizmente, é já jogador demais para o futebol português. Poderá em breve tornar-se num dos quatro ou cinco melhores do mundo.

O MOMENTO:
Uns referem o jogo com o Sp.Braga, outros a vitória sobre o FC Porto na primeira volta, Jorge Jesus falou também do difícil triunfo na Choupana. Todos esses foram naturalmente momentos chave da prova, até porque, nos dois primeiros casos, estávamos perante confrontos directos que poderiam ter alterado substancialmente o rumo dos acontecimentos.
Embora tenha acreditado neste Benfica desde os jogos da pré-temporada (e escrevi-o aqui na altura, chamando a atenção para a grande equipa que se estava a formar), houve contudo uma jornada a partir da qual passei a ter a convicção plena que este seria mesmo o ano da águia. Falo do fim-de-semana em que, vencendo em casa o Paços de Ferreira, os encarnados viram o Sp.Braga empatar no Bonfim, passando assim para uma distância de 3 pontos, e o FC Porto empatar em casa com o Olhanense, ficando a 11 pontos e praticamente fora da corrida pelo primeiro lugar.
Foi aí o meu clique do título. Até aí, ganhar o campeonato seria um sonho, a partir daí, perdê-lo seria uma tremenda desilusão.

É TÃO BOM VÊ-LOS ASSIM...

Só para ver a cara de Guilherme Aguiar no “Dia Seguinte”de ontem, e imaginar a de Miguel Sousa Tavares quando escrevia o inenarrável artigo de hoje para ”A Bola”, já valia a pena ter sido campeão.
Que azia…

UMA CONVOCATÓRIA À QUEIROZ

Não me apetece muito escrever sobre a selecção. O título conquistado pelo Benfica ainda me ocupa a mente e a alma, e só mais perto do Mundial me irei preocupar com a equipa de Queiroz.
No entanto, como a actualidade o impõe, faço desde já um comentário à convocatória. E esse comentário poderia resumir-se a uma simples palavra: patética.
Eu diria mesmo que esta foi uma convocatória à Queiroz, como tudo o que isso significa de mau, de hermético, de incompreensível, de experimentalista.
Vejamos ponto por ponto:
1) Começando pela baliza, e embora não goste do personagem, entendo e aceito a convocatória de Eduardo. O que de todo não se compreende é como Quim, titular indiscutível da equipa campeã nacional, é preterido em função do suplente do FC Porto (que, estranhamente, jogou os últimos jogos, o que faz supor que a decisão da sua chamada não tenha sido tomada apenas pelo seleccionador). Por outro lado, convocar Daniel Fernandes (que eu nem sei bem quem é) e deixar de fora Rui Patrício e Hilário é coisa que também só lembraria a este professor. Enfim, inacreditável.
2) Pelas minhas contas estão dez (!!) defesas na lista, e apenas dois pontas-de-lança. Se, por infelicidade, um deles se lesionar, o esquema táctico de Portugal ficará desde logo limitado a uma opção, salvo recorrendo a desnecessárias adaptações. Sempre pensei que entre Nuno Gomes, Edinho, Makukula ou Yannick, alguém mais fosse convocado para a frente de ataque. Queiroz acha que Liedson e Hugo Almeida, ambos longe da melhor forma, são suficientes. Oxalá o sejam.
3) Ricardo Costa e Zé Castro (para já não falar de Duda) não têm categoria para representar a selecção portuguesa. É claro que, com Queiroz, já lá vimos Antunes, Eliseu, Gonçalo Brandão, Orlando Sá, e outros, pelo que nada mais nos pode surpreender. Brincar as selecções é um passatempo que nos vai sair caro.
4) Com ironia, quase seria capaz de estranhar a ausência de Miguel Lopes da lista. É que para Queiroz basta ser português e jogador do FC Porto para ter lugar assegurado nas convocatórias. Só lá não estão Varela e Ruben Micael porque se lesionaram, senão veríamos uma selecção à base da equipa que ficou em terceiro lugar no campeonato, e levou 5-0 do Arsenal. Se Rolando nunca percebi o que tinha feito para ser seleccionável (a não ser talvez umas exibições mais dóceis quando estava no Restelo e enfrentava a futura equipa), para convocar Beto as razões encontram-se provavelmente num célebre Leixões-FC Porto da época passada. Já agora, pois, porque não o Miguel Lopes, que até jogou mais minutos que o Paulo Ferreira? Ninguém lembrou isso ao professor?
5) A exclusão de João Moutinho é estapafúrdia sob o ponto de vista futebolístico (até porque também não está Maniche), mas é também mais um rude golpe na popularidade desta equipa. Depois de afrontar os adeptos do Benfica, deixando de fora Quim, Carlos Martins, Ruben Amorim e Nuno Gomes, Queiroz parece pretender fazer o mesmo aos do Sporting, não convocando o seu capitão. Pode argumentar-se que Scolari também chocou de frente com o FC Porto. Acontece que se tratava de uma minoria. Não sei que representatividade terá uma selecção sem o apoio de grande parte de benfiquistas e sportinguistas. E Fábio Coentrão ainda pode ser o excluído.

Em suma, este seleccionador conseguiu a extraordinária proeza de me fazer desinteressar quase por completo da campanha portuguesa no Mundial. Não do Mundial em si, que esse está bem gravado no mapa das minhas paixões (desde o Argentina 78, e do Espanha 82, curiosamente, ambos sem Portugal), mas da prestação de uma equipa pela qual não aposto um pau de fósforo queimado.
Não deixarei, obviamente, de desejar a vitória portuguesa, mas, pelo menos por agora, não sinto qualquer tipo de entusiasmo com esta pseudo-selecção (na qual, somando todos os jogadores, treinadores e dirigentes, apenas sete figuras me são minimamente simpáticas).
Não acredito na maioria dos convocados (muitos sem qualquer qualidade, e alguns escolhidos por critérios extra-futebol), e muito menos neste medíocre treinador, que só um golo da Dinamarca à Suécia salvou de nos conduzir a uma tremenda humilhação, e que seria a sua terceira qualificação falhada.

DIGAM 32!

Ninguém terá dificuldade em acreditar que, nos quatro anos que “Vedeta da Bola” leva de vida, este será provavelmente o post que mais prazer me dá a escrever. Paradoxalmente é também um dos mais difíceis de articular, pois as emoções são muitas e ainda estão à flor da pele, após uma noite mal dormida mas inesquecivelmente bela.
O Benfica é campeão. É um justíssimo campeão, a quem só o fanatismo mais radical poderá retirar mérito.
É campeão porque tem a melhor equipa, tem os melhores jogadores, tem o melhor treinador, jogou o melhor futebol, marcou mais golos, venceu mais jogos, fez mais pontos e até conseguiu vencer o duelo dos goleadores. Não há um único aspecto futebolístico neste campeonato em que o Benfica não se tenha superiorizado a todos os adversários. E fê-lo quase sempre de forma clara e inequívoca.
Só a surpreendente carreira do Sp.Braga evitou que esta competição cedo se tivesse tornado um passeio benfiquista. A qualidade do futebol e a consistência revelada pelo conjunto de Jesus (15 vitórias nos últimos 17 jogos) justificavam uma consagração menos sofrida, mas o futebol vive também das suas circunstâncias, e este fortíssimo Braga surgiu (para sua própria infelicidade) precisamente nesta época, e não numa das anteriores, nas quais, com os pontos agora obtidos, teria conquistado o título.
Temia este último jogo, e disse-o aqui. Surpreenderam-me portanto algumas manifestações de festa antecipada com que deparei à chegada ao estádio, onde percebi que a família benfiquista estava com a confiança em alta. Foram essas manifestações de confiança que contribuíram para aliviar a minha tensão. O golo de Cardozo logo aos dois minutos, seguido da expulsão de Wires, representaram o golpe quase definitivo na ansiedade – na minha e, seguramente, na dos jogadores.
Só na segunda parte, com o inesperado golo vilacondense, o nervosismo voltou. Contudo, novo golo de Cardozo, garantindo-lhe a “Bola de Prata”, devolveu de pronto a festa à Luz. O dia era mesmo do Benfica, que não precisou de uma grande exibição para escrever uma das mais belas páginas da sua história recente.
No fim foi o que se viu, mas sobretudo o que se sentiu. E isso, caros leitores, eu não consigo descrever. Mas muitos de vós sabem bem do que se trata.
A postura de Luís Filipe Vieira após o jogo mostra a elevação com que também se pode saber vencer (algo que, em Portugal, há algum tempo não se via). Não é um título ganho contra ninguém, disse. A mim, pessoalmente, custa-me bastante a esquecer tudo o que foi feito, e foi dito, para perturbar a caminhada benfiquista. Custa-me desde logo a esquecer o que se passou na semana passada (e a espaços repetido na noite de ontem), mas custa-me também a perdoar as infelizes declarações de Domingos Paciência, que desde a pré-temporada até à conferência de imprensa final, nunca perdeu uma ocasião para destilar veneno sobre o Benfica.
Mas, enfim, tudo está terminado, e terminado em bem. Deixemos para trás as menoridades. Pensemos no futuro.
O desafio para a próxima época é enorme. Para além presença na Liga dos Campeões, o Benfica tem pela frente a responsabilidade de alimentar o novo ciclo que acredito ter agora iniciado. Só ganhando mais campeonatos poderá cumprir o verdadeiro objectivo que persegue: recuperar a hegemonia no futebol português. Por isso, o próximo campeonato será ainda mais importante que este. Por isso, a gestão deste defeso terá de ser extremamente cuidadosa.
Para já, ainda é hora de continuar a festejar.
Viva o Benfica !

PS: O Benfica sagrar-se campeão nacional já seria motivo de sobra para um estado de euforia total. Juntar a isso a subida de divisão do Juventude de Évora, consumada no mesmo dia (vencendo o Farense no Estádio do Algarve), é algo de absolutamente extraordinário, e que dificilmente se irá repetir na minha vida.
Deixo uma foto da equipa eborense, em homenagem aos jogadores que materializaram este sucesso.

CARTA ABERTA AOS JOGADORES DO BENFICA

A ti, Quim,
És o melhor guarda-redes português, e nem precisas de o voltar a mostrar. Não terás muito trabalho, mas sei que estarás, a cada segundo do jogo, esperando que a bola chegue até ti para a agarrares com o íman que pareces ter nas luvas.
Tens experiência, já foste campeão. Pela tua qualidade, e pela tua frieza, nenhum benfiquista se preocupa contigo.

A ti, Maxi,
Tens a raça dos campeões. Levas já um campeão dentro de ti, pela forma como te entregas ao jogo. Só tens de fazer o que sabes, com a alma de sempre. Com o ritmo de sempre. És dos que nunca falham. Todos o sabemos.
Cuidado com as faltas. O árbitro não é de confiança.

A ti, Luisão,
De um grande capitão, de um dos melhores centrais do mundo, de um jogador da selecção brasileira, espera-se liderança, tranquilidade e classe.
Já foste campeão, já ganhaste troféus, já escreveste história neste clube. Este será mais um jogo importante na tua carreira, como aqueles que farás no Mundial, como outros que já fizeste no clube. E até talvez marques o habitual golinho dos grandes momentos…

A ti, David,
Foste dos melhores do campeonato, és dos centrais mais cobiçados na Europa. Sei que respiras confiança. Que estás desejando que o jogo comece.
Sei que não tens medo de nada, mas…olha, não precisas de te entusiasmar muito pelo campo fora. Lembra-te que até nos chega o empate, e se não sofrermos golos, seremos campeões.
Cuidado com as faltas. Toma atenção ao Bruno Gama.

A ti, César,
Todos os benfiquistas confiam em ti. És internacional, já foste até campeão da Europa. Jogaste uma enormidade contra o FC Porto, na primeira volta. Só tens de fazer o mesmo, dando tudo, em raça, e em concentração, para fechares bem o teu corredor.
Este pode ser o jogo da tua vida. Agarra-o com força.

A ti, Airton,
És o rapaz das finais. No Flamengo, depois no Algarve, agora na Luz. Ganhaste as outras duas, e vais ver que ganhas esta também.
Todos confiamos absolutamente em ti. Trazes a marca dos campeões.
Sempre que jogaste ninguém se lembrou do Javi. É simples, não é? Basta fazeres o que sabes. E já sabes muito.
Cuidado com as faltas.

A ti, Ramires,
Estás cansado de dezenas de jogos sucessivos. Mas este é um dia especial. É só mais um jogo, só mais noventa minutos. São os últimos. Depois terás tempo para descansar até ao Mundial.
Jogues à direita, ao meio ou à esquerda, sei que vais cumprir a tua missão. Sem o Di, serás ainda mais importante neste jogo.
És um jogador para os grandes momentos. Este é um grande momento.

A ti, Pablo,
A ti quase não precisava de dizer nada. És um craque, habituado a grandes jogos, a títulos, a tudo. Sabes tudo da tua função.
Pressão? Qual pressão? Pressão foi na semana passada, quando quase levaste com uma pedra em cima. Agora estás em casa.
Já ganhaste na Argentina, em Espanha, este poderá ser apenas mais um ponto alto da tua carreira.
É a última partida da época, não tens de te poupar a nada.
Creio que vais brilhar, e vais ser o homem do jogo. Este jogo é para ti.

A ti, Ruben,
Tens o Mundial à porta, e a oportunidade de seres convocado.
Pensa nisso. Pensa em fazeres o teu trabalho com o maior rigor possível, como fazes sempre que és chamado. Lembra-te também que podes ficar na história do nosso Benfica.
É nestes momentos que os verdadeiros craques se assumem. E todos sabemos que tu és um craque à procura de títulos.

A ti, Carlos,
Pode ser esta a tua consagração. Depois de tantos anos, podes enfim tornar-te o campeão que o teu talento sempre justificou.
Tens magia nos pés, e estou certo de que, se jogares, vais deixar a tua marca de classe.
Ainda há esperança de ires ao Mundial. Joga concentrado, e com a calma dos campeões. Lembra-te também que o jogo tem 90 minutos, e que todos eles, até final, são importantes.

A ti, Weldon,
Não sei se vais jogar, mas sei que se jogares, vais com certeza marcar um golito, vais fazer aquelas arrancadas junto à linha, vais fazer vibrar as bancadas que soubeste conquistar com o teu trabalho.
Estão 65 mil contigo. Depois dos golos da Figueira e de Coimbra, já ninguém tem dúvidas sobre o teu valor. Ninguém te exige nada, mas este pode ser o grande dia da tua carreira.

A ti, Javier,
És, provavelmente, o melhor jogador da Liga. Mostraste-o antes de te lesionares.
Tens experiência de selecção, de River, de Barça, de Real. Tenho a certeza de que para ti, disputar um título, será como beber um copo de água.
Este é o último jogo da época. Aproveita-o para mostrar que és o melhor. Aproveita-o para deixares a tua marca final. O Benfica precisa muito de ti. Os adeptos adoram-te. Esta é a tua família. Ajuda-a a vencer.

A ti, Óscar,
Por favor, esquece completamente a lista dos marcadores. Ela não vale nada se comparada com a conquista de um título. Ninguém te dará sequer os parabéns se o título nos escapar. Se fores campeão, aí sim, serás um herói, mesmo que alguém marque mais um golo do que tu.
Sei que ainda tens dores. Mas este é o último jogo, o último sacrifício. Depois poderás recuperar tranquilamente até ao Mundial.
Já sabes que, mesmo que falhes um ou dois, marcarás o terceiro (já lá vão 87, eu contei-os). Sempre foi assim. E assim será. E se não marcares nenhum, outro marcará por ti.
E se houver penáltis, contamos contigo. Desde que estás cá, em 25 converteste 21.

A todos vós,
Vocês são uma grande equipa. Das melhores da história recente do futebol português. Aconteça o que acontecer, não deixarão de a ser. Aconteça o que acontecer, ninguém vos irá acusar de nada. Fizeram uma grande época, um excelente trabalho, que agora pode ter a sua consagração final. A consagração que só se alcança com a tranquilidade e a confiança própria dos grandes campeões, como vocês.
Estão perante a hipótese de entrar para a imortalidade deste grande clube. Estão perante a hipótese de se tornarem os heróis de seis milhões de pessoas. Vale a pena aproveitá-la.

FRASE DA SEMANA

"Aquilo foi um frango, um Coelho ou um polvo?"
Do meu amigo Pedro F.Ferreira, na Benfica TV, referindo-se ao golo do Sp.Braga na última jornada.

BALANÇO INCOMPLETO

UM ÚLTIMO OBSTÁCULO

Tinha aqui escrito que temia a nomeação de Jorge Sousa. Pois inacreditavelmente, será ele mesmo o árbitro do jogo que decide o título.
Esta nomeação é indecorosa, e deixa claramente a ideia de que a Comissão de Arbitragem não quer ver o Benfica campeão. Junta-se-lhe, aliás, uma outra: a de Carlos Xistra para o Nacional-Sp.Braga, o que significa que por lá, na Choupana, o assunto está desde já arrumado, com uma mais do que certa vitória do clube de Mesquita Machado e Carlos Freitas.
Se perguntassem ao universo benfiquista qual seria o árbitro que não queriam mesmo ver na Luz, estou em crer que 90% responderia, sem hesitar, Jorge Sousa. Isso, por si só, seria suficiente para que o bom senso desaconselhasse tal escolha, quando estamos em face de tão importante jogo.

Vítor Pereira deixou cair a máscara justamente no momento da despedida. Se dúvidas haviam, estas nomeações provam, no mínimo, um desnorte completo. Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, e o presidente da Comissão de Arbitragem acaba de a enfiar até ao pescoço.
Acontecerá uma de duas coisas: ou Jorge Sousa, antigo membro dos Super Dragões, é realmente desonesto (coisa que não posso afirmar com segurança, embora reserve opinião sobre o assunto), e tudo fará para complicar a vida aos encarnados; ou, pelo menos, vai entrar sob grande pressão nesta partida, tendo muito mais condições para errar do que, arrisco a dizer, qualquer outro árbitro do quadro principal. Tanto uma como outra hipótese são de susto.
Como esquecer o golo anulado a Luisão em Braga? Ou o penálti de Evaldo no mesmo jogo? Como esquecer os penáltis por assinalar no Bonfim? Ou a impunidade de que gozou Bruno Alves na final da Taça da Liga? Como esquecer o histórico do Benfica com este senhor (3 vitórias em 14 jogos nas últimas três épocas, 9 penáltis por assinalar nesse período)? Como é possível vê-lo num jogo destes?
Resta ao Benfica fazer o seu papel, e superiorizar-se a todas as contrariedades. Depois de se ver privado de três titulares, vai agora ter de enfrentar o adversário que mais pontos lhe retirou neste campeonato. Além das ausências, além do Rio Ave, eis agora este perigoso opositor, justamente aquele que os benfiquistas mais temiam.
Domingos Paciência lá saberá porque ri. Se calhar ri de todos nós.

O MEU ONZE, A MINHA ESPERANÇA

…e faltam ainda três dias, três longos dias.
Avanço com aquele que me parece ser o melhor onze para disfarçar as ausências, com Ramires a tentar fazer de Di Maria - o caso mais bicudo, pois o substituto natural, Fábio Coentrão, também fica de fora (que pena Urreta estar tão longe).
De Airton não creio virem problemas de maior. De Peixoto temo alguma falta de ritmo, e o facto do irrequieto Bruno Gama cair nesse flanco. Mas David Luiz dará certamente uma ajuda, até porque não me espanta se Carlos Brito não colocar nenhum ponta-de-lança de início, optando por reforçar o meio-campo.

Acredito que o Rio Ave vá apenas jogar futebol. Não tem nada a ganhar nem a perder, e posso estar enganado mas não me parece clube, nem equipa, para servir interesses de terceiros, sejam eles quem forem. Vai naturalmente fazer o seu jogo com dignidade, o que passa por tentar pontuar. Quanto ao árbitro, só espero que não se lembrem do Jorge Sousa, nem de ninguém da AF Porto.
Tenho ainda de dizer que me enerva profundamente o sorriso ultra-confiante de Domingos Paciência, que parece sempre saber alguma coisa que mais ninguém sabe.
O Boavista foi na sua altura apontado como um caso de sucesso. Sempre desconfiei. Mais tarde veio a verificar-se que se tratava afinal de um antro de corrupção e doping.
Lamento, mas não acredito em milagres. E este Sp.Braga, mesmo que a sorte o venha a bafejar no domingo, não me convence. Em nada.

EU, BENFIQUISTA, ME CONFESSO

Passaram apenas três noites desde o jogo do Dragão. Uma eternidade.
Ainda faltam passar mais quatro até domingo. Outra eternidade.
Sete penosas noites, sete penosos dias.

Esta é, provavelmente, a mais longa semana da minha vida.
Adormeço a pensar no Rio Ave, acordo a pensar no Rio Ave.
Vivo e trabalho com um fantasma às riscas verticais verde e brancas diante de mim, a perturbar-me o espírito, a consumir-me a alma.
Não tenho fome.
Tenho sim pesadelos com o Bruno Gama, com o Bruno Moraes, e até com o Chidi.
E, sobretudo, com uma inesperada festa azul e verde a inundar o país no domingo à noite.

Não. As coisas não podem correr mal. Afinal estarão onze craques no relvado, 65 mil a gritar nas bancadas, e milhões lá fora a torcer com muita fé.
Basta um empatezinho, mesmo daqueles que normalmente nos deprimem, e satisfazem visitantes.
Desta vez chega um desses empatezinhos, como os daqueles dias em que nada bate certo, em que o raio da bola se recusa a entrar.
E, se tudo o resto falhar, se tudo desgraçadamente falhar, se até esse empatezinho nos quiser fugir, ainda sobra uma remota esperança situada lá pelo Atlântico.
Que diabo, seria preciso muito azar...Muito azar mesmo.

Mas...são onze de cada lado.
Onze profissionais de futebol, uma bola redonda, e duas balizas do mesmo tamanho. E se ela, a bola, entrar na baliza errada?
Temo uma dramática demonstração da Lei de Murphy, temo um “Maracanazzo” à portuguesa, temo os nervos a tolher as pernas dos jogadores. Temo as ausências do Fábio, do Di e do Javi, temo a lesão do Óscar. Temo a inspiração do guarda-redes adversário. Temo a arbitragem. Temo, sobretudo temo. Temo muito. Temo tudo. Aterrorizadamente.

Mas não, não pode ser.
Em catorze jogos em casa o Benfica empatou um e venceu os restantes. Foi sempre a melhor equipa. É a melhor equipa. Muito melhor que todas as outras. Quem é afinal o Rio Ave?
Não. Nada pode falhar. Nada vai falhar.

E os dias não passam.
É terrível a angústia do adepto no momento da incerteza. Sabendo apenas que, dentro de quatro dias e quatro noites, ou irá poder dançar sobre as doces nuvens do paraíso, ou cairá desamparado nos mais profundos alçapões do inferno, não havendo quaisquer terceiras vias por onde escapar.

Mas não. As coisas não podem correr mal.
O Rio Ave tem dois centrais lesionados, há oito jogos que não ganha, e nesses só marcou um golo. Há cinco partidas que não mete uma só bola dentro de qualquer baliza. Como poderá marcar a Quim, ao grande Quim? Como? Além disso nunca ganhou na Luz, e a história sempre tem algum peso nestas coisas. E os 65 mil? E os 6 milhões?
Não. Nada pode falhar.

O futebol não nos devia fazer passar por isto. Mas faz.
Aperta o coração, brinca com as nossas emoções, divertindo-se, ele, sarcasticamente, à custa do nosso sofrimento. Se os jogadores do Benfica entrarem em campo com metade desta terrível ansiedade de adepto, estaremos todos perdidos. Nós e eles, ou eles e nós, o que vem a dar no mesmo.

Mas confio naquela gente. Em todos eles. Nos que jogam sempre, mas também no Airton, no César, no Weldon, no Carlos, no Ruben, no Nuno, e até no Pedro se for preciso. Se foram capazes de coisas fantásticas, se foram intérpretes de tantas sonatas, não iriam cair do palco agora que o pano já desce e a apoteose os espera. São fortes, muito fortes, e não vão tremer. São campeões. Vão ser campeões. Vamos ser campeões.

Ainda faltam quatro noites e quatro dias.
Quatro noites e quatro dias de inquietação e agonia. E depois, mais noventa minutos de arrepiar a espinha. Como resistirei? Como resistiremos?
Tudo em noventa minutos. Uma vida em noventa minutos. Tinha razão o Shankly. Se calhar até mesmo a Florbela, quando escreveu:
Minha alma de sonhar-te anda perdida,
Meus olhos andam cegos de te ver,
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida

E a vida, essa vida, pode mesmo acabar alí. Ou não. Como numa roleta russa em que sabemos haver uma bala, mesmo que uma só bala, para nos liquidar.

Força Benfica! Que tenhas mais força do que eu para viver os dias que faltam até nos voltarmos a encontrar na tua casa. Na nossa casa.
E lá, que Deus nos ajude a agarrar aquilo que é nosso. Depois…depois não haverá amanhã que cale a nossa alegria.