JOGOS PARA A ETERNIDADE (9) - Os Meus Derbys

Desde que no início do século passado foram fundados, Benfica e Sporting têm protagonizado aquele que é, inquestionavelmente, o mais apaixonante derby do nosso desporto rei.
Muitas são as histórias em redor deste duelo, muitas as alegrias, muitas as mágoas, quer para um, quer para outro lado. Como qualquer adepto empenhado, também eu guardo as minhas memórias de um clássico que acompanho com fervor desde tenra idade. É delas que vou falar em mais esta viagem pelo passado, a que a rubrica “Jogos para a Eternidade” me vai regularmente conduzindo.
O primeiro derby lisboeta de que me recordo foi disputado em Alvalade em Setembro de 1976. Jogava-se a primeira jornada do campeonato 76-77, e recordo-me de, em casa dos meus avós - onde habitualmente passava férias - ter ido para a cama a ouvir o relato num pequeno transístor repousado sobre a almofada. O jogo começara bem mais tarde que a hora marcada dada a quantidade de pessoas que inundava a pista e as extremidades do relvado, terminando já a noite ia alta. Vivia-se ainda em período pós revolucionário, o generoso dinheiro gonçalvista ainda abundava nas carteiras dos anteriormente mais desfavorecidos - fruto dos bruscos aumentos de salário ocorridos nessa conturbada fase da nossa história. Depois de alguns excessos revolucionários que remeteram injustamente o futebol para o campo das alienações inconvenientes, a paixão do povo reacendia-se de novo. Com dinheiro nos bolsos, os estádios estavam novamente cheios. Mas a crise e o FMI já batiam à porta.
O Benfica perdeu por 3-0, com os golos todos marcados já na ponta final do desafio. O então jovem Manuel Fernandes, Camilo e a estrela africana Keita (recém contratado) foram os marcadores, abrindo uma mini-crise no rival da Luz, que cinco jornadas de empates e derrotas depois, arrancaria, em Outubro, para uma série de 56 jogos sem perder para o campeonato, garantindo o título dessa época com uma vantagem considerável, e perdendo o seguinte, para o FC Porto, sem qualquer derrota - caso singular na história do futebol português.
Mas nessa noite, o desencanto foi tal que propus em surdina ao meu pai, pela primeira e única vez na vida, a mudança de clube para os verde e brancos, que pelos vistos – pensava eu nesse momento – eram melhores. Ele respondeu liminarmente que não, recordou-me as Taças dos Campeões, as finais europeias e os muitos títulos conquistados. Convenceu-me até hoje. Até sempre.
Curiosamente, os dois primeiros jogos de futebol que guardo na memória – à parte os que, acompanhando o meu pai, então dirigente de um pequeno clube alentejano, me sentava no banco de suplentes com os jogadores, entregando-lhes inclusivamente garrafas de água, tarefa que me enchia de orgulho -, foram este derby e, de forma mais difusa, um Bayern de Munique-Benfica ainda na época de 1975-76 para a Taça dos Campeões, que a RTP transmitiu, e que o Benfica perdeu por 5-1. Foram pois, paradoxalmente, duas derrotas copiosas que estiveram no âmago do meu benfiquismo fiel e radical.
Depois deste, muitos outros derbys se seguiram.
Ainda na mesma temporasa, a contar para a Taça de Portugal, novo jogo em Alvalade, nova derrota por 3-0. Desta feita foi o brasileiro Manoel que marcou todos os golos, realizando provavelmente a melhor exibição da sua vida. Cheguei a supor que todos os Sportingues-Benficas terminariam com 3-0 no marcador, coisa que mais tarde vim a verificar nada ter de verdadeiro.
Na Luz jogar-se-ia em Janeiro de 1977 o encontro da segunda volta do campeonato. Vitória benfiquista por 2-1, golos de Vítor Martins e Chalana (este já perto do fim), contra o golo de Manuel Fernandes. Foi a primeira vitória sobre o Sporting de que me recordo, num jogo importantíssimo, que catapultou o Benfica para o primeiro lugar da classificação, de onde não mais sairia até final do campeonato. Ainda me lembro da capa da “Equipa” na quarta-feira seguinte – que o meu pai me comprava na altura, e que, recheada de belas fotografias, fazia as minhas delicias -, na qual surgia o Vítor Martins, com a braçadeira de capitão (Toni não jogou), a festejar o primeiro golo.
Na época seguinte, um empate a abrir o campeonato em Alvalade, na estreia dos ex-benfiquistas Jordão e Artur pelos leões, jogo que me recordo perfeitamente de ouvir pela rádio, numa noite de sábado na cozinha dos meus avós. Na segunda volta, mais do que a vitória do Benfica por 1-0, ficou para a história uma das mais caricatas situações de sempre vividas nestes jogos: a célebre rábula do brinco perdido. Vítor Baptista, já enredado nas malhas das drogas duras, era um caso bicudo no balneário encarnado. Como se tratava de um grande jogador, de características únicas no nosso país (avançado corpulento e bom cabeceador), as suas inúmeras provocações foram sendo ultrapassadas com maior ou menor tolerância. Esta era a sua última época no clube, pois meses depois, em vésperas de um Benfica-Liverpool, decidiria unilateralmente regressar a Setúbal e não mais jogar de águia ao peito. Morreu aos 50 anos, toxicodependente, vivendo numa barraca, depois de várias detenções por roubo.
Naquela tarde, ao marcar um único e fabuloso golo da partida (na foto abaixo já deixou Augusto Inácio fora da jogada, matou no peito e prepara-se para fuzilar Botelho), perdeu o brinco de brilhantes – foi o primeiro português que me lembro de ver usar tal adereço, até então exclusivamente feminino -, não hesitando em fazer parar o jogo para o procurar. Ao fim de alguns minutos, perante a incredulidade de árbitro e adversários, Vítor – que se auto-intitulava o maior jogador português a par de Eusébio – pôs Toni, Nené e alguns outros colegas de joelhos no relvado, à procura da tal preciosa peça. Diria ele depois que o prémio de jogo não dava para o pagar, e por isso se justificava a interrupção. Não mais chegou a encontrar. Nem o brinco, nem a vida.
Em Novembro de 1978 teve lugar um dos derbys que recordo com mais entusiasmo. Numa bela tarde de domingo martinheiro, na presença do General Eanes – numa altura em que os políticos ainda olhavam o futebol de cima - o Benfica chegou ao intervalo a vencer por 5-0 (!). Conta-se que o presidente Ferreira Queimado terá oferecido um prémio suplementar ao intervalo por cada golo mais. Mas os jogadores não corresponderam, o Sporting tentou dar alguma dignidade ao momento, e na segunda parte nada mais aconteceu.
Apostara com o meu avô sportinguista – é verdade, tinha um avô adepto moderado dos leões -, suponho que vinte escudos, acerca do vencedor deste jogo. Ou seja, se o Benfica ganhasse eu ganhava vinte escudos, se perdesse a coisa era esquecida. Passei toda a primeira parte de volta dele, lembrando-o com um entusiasmo esfusiante, a cada golo, da tendência da aposta. Ele nem queria acreditar no que íamos ouvindo pelo rádio.
À noite recordo-me de a RTP2 ter transmitido um resumo de vinte minutos dessa partida, o que à época era um luxo. Os comentários eram de Joaquim Letria. Julgo ter sido o primeiro derby do qual vi imagens televisivas. Nené e Alves bisaram, Reinaldo marcou o outro golo.
Na mesma época o Benfica venceu também em Alvalade. Numa tarde chuvosa, João Alves marcou de penálti o golo solitário daquela que foi a primeira vitória fora que recordo em derbys, após uma exibição que, tive oportunidade de confirmar anos mais tarde numa visita pelos arquivos do jornal “A Bola”, se situou num plano bastante frouxo.
Por falar em televisão, um dos primeiros derbys televisionados de que me recordo, teve lugar em Abril de 1982. Era a última hipótese que o Benfica tinha de discutir o título de 81-82, para o que teria de ganhar em Alvalade. Era o jogo do ano e o então presidente do Sporting João Rocha decidiu oferecer ao país a transmissão directa – longe vinham os tempos em que o futebol não passaria sem TV…Logo nos primeiros minutos Carlos Manuel marcou para o Benfica, num pontapé de canto directo que originou alguma polémica, pois nunca se chegou a ter a certeza de a bola ter mesmo entrado na baliza, uma vez que Marinho, louro médio leonino, a cortou de cabeça, aparentemente sobre a linha - ainda não se falava em chips. O Sporting empatou de penálti por Jordão, e assim se chegou ao meio da segunda parte, quando, num lance dividido, Manuel Fernandes atingiu a cabeça de Bento com os pitons. O guardião benfiquista, que não era para brincadeiras, levantou-se como uma mola, e com a bola ainda nas mãos encostou o ombro ao queixo do avançado leonino, que por acaso era seu vizinho na margem sul. Este aproveitou a dádiva, e teatralizou uma agressão que fez o árbitro expulsar o guarda-redes benfiquista e assinalar a respectiva grande penalidade. Estava decidido o campeonato. Jordão ainda voltou a marcar, fazendo assim um hat-trick frente à sua antiga equipa.
O Benfica só voltaria a vencer em Alvalade na época 1983-84. Era Eriksson o treinador, e já depois de Diamantino ter falhado um penálti, Nené converteu um segundo, já nos minutos finais. Não me perguntem se foram bem ou mal assinalados – na altura não me preocupava muito com essas coisas.
Eis-nos chegados a Abril de 1986, precisamente um mês antes do episódio Saltillo. À entrada da penúltima jornada, o Benfica tem um ponto de vantagem sobre o F.C.Porto no topo da tabela classificativa. Os portistas jogam no Bonfim e, se perderem e o Benfica vencer em casa, temos o campeão vestido de vermelho. Com quem é que o Benfica joga ? Precisamente com o Sporting, que meses antes levou mais cinco na Luz, desta vez numa eliminatória da Taça (numa quarta-feira à tarde em que faltei às aulas para ouvir o relato).
Foi o meu primeiro derby ao vivo, marcado pelo drama e pelas lágrimas.
O Terceiro Anel já estava fechado. Numa obra que custara as saídas de Chalana, Stromberg e Eriksson, o então presidente Fernando Martins transformara o Estádio da Luz num dos maiores da Europa e do Mundo, dotando-o de uma capacidade de 120.000 espectadores. Como, sem cadeiras, cabia sempre mais um, chegaram a lá estar 140.000. Eu ví ! – não os contei, é certo, mas a quantidade de pessoas em cima das escadas, apertada contra as portas, e mesmo nos corredores, sem possibilidade de cortar o bilhete, não deixa muitas dúvidas de que num célebre Benfica-Porto de 1987 - em que familiares meus ficaram no carro a ouvir o relato com o bilhete na mão -, os números não andariam longe desse impressionante record.
Neste decisivo Benfica-Sporting, não estavam 140 mil, mas estariam, seguramente, um pouco mais dos 120 mil da lotação oficial. Ou seja, o estádio estava completamente cheio. Cheio sobretudo de benfiquistas ávidos de festejar um título que na época anterior lhes escapara, em tempos nos quais isso ainda se revestia de estranheza.
Fiquei no novo terceiro anel. O sol era abrasador. Os jogadores lá em baixo assemelhavam-se aos bonequinhos do “subbuteo”, e eu, na companhia do meu pai (que muito tinha pressionado no sentido de me levar), e de mais um amigo dele, delirava com o panorama de cores que se apresentava diante de mim.
Tudo parecia correr bem, mas o Sporting não estaria de acordo com a festa. Enquanto Futre, -com um grande golo, em que correu quase 50 metros com a bola dominada - dava a vitória ao F.C.Porto em Setúbal, uma equipa de leões onde avultavam Jaime Pacheco, Sousa, Manuel Fernandes, Jordão, Oceano, e o inspiradíssimo guarda-redes Vítor Damas, adiantava-se rapidamente no marcador pelo avançado de Sarilhos, e pouco depois aumentava a vantagem pelo defesa central Morato. O Benfica, com um bom onze mas com um plantel limitado, apresentava-se na fase final da temporada com grande desgaste físico e anímico, sobretudo sentido a partir do momento em que se despediu da Taça das Taças, em casa frente ao Dukla de Praga, sofrendo um golo nos últimos minutos depois de se colocar em vantagem, jogo que me causou uma das maiores amarguras da minha infância desportiva, e que me fez, à revelia de todos, associar ao clube por minha conta e risco.
A segunda parte foi dramática. Ainda no primeiro quarto de hora, Manniche – o dinamarquês de quem o médio do Atlético de Madrid retirou a alcunha - de cabeça, a cruzamento de Diamantino, reduzia a diferença. Nos últimos 30 minutos assistiu-se a um vendaval de ataque benfiquista, à procura do golo que permitisse manter de pé a hipótese de depender de si próprio na última jornada, em que se deslocava ao Bessa – anos mais tarde passar-se-ia algo parecido, mas com final bem diferente. Vítor Damas estava no entanto em grande forma e foi negando, uma após outra, todas as ocasiões de golo criadas pelo Benfica.
No final, um terrivelmente decepcionante 1-2, e o quase adeus ao título – que seria confirmado na semana seguinte com derrota no Bessa, e nova vitória portista, agora diante do Sp.Covilhã. As escadarias do estádio eram um desolador e fúnebre espectáculo. Gente, pequena e grande, a chorar, grande consternação, o drama do futebol na sua mais dolorosa faceta.
Aprendi nessa tarde que nem todas as belas histórias terminavam com um final feliz. Fica o onze encarnado, que ainda hoje sei de cor: Bento, Veloso, Oliveira, Samuel, Álvaro, Carlos Manuel, Sheu, Diamantino, Wando, Rui Águas e Manniche.
Quem disse que a história não se repete ? Um ano depois, eis-me no mesmo local, e na mesma situação. Depois de ter perdido 7-1 em Alvalade – jogo que mereceu já mereceu especial destaque nesta rubrica -, o Benfica chegava à penúltima jornada novamente com hipótese de se sagrar campeão. Bastava vencer o rival, pois uns minutos antes o F.C.Porto, em vésperas da valsa argelina de Viena, perdia em Portimão e entregava todo o ouro ao (seu) bandido.
Era com expectativa de vingar o ano anterior, de vingar os 7-1, mas acima de tudo de comemorar o meu primeiro título em pleno estádio. Já um pouco mais crescidote – sem o meu pai, e com amigos mais velhos – vivi esta jornada num Maio quente e bonito, perante mais uma das grandes enchentes da história do antigo Estádio da Luz - já depois do terceiro anel fechado, e antes do Mundial de sub-20 (que obrigou a reduzir ligeiramente a lotação, para construir novos camarotes de imprensa), e da aplicação de cadeiras que pôs alguma ordem na coisa.
Desta vez, o final foi mesmo feliz. Chiquinho e Nunes adiantaram o Benfica ainda na primeira meia-hora. O golo de Marlon Brandão perto do fim, apenas serviu para dar mais emoção a uma enorme festa, que começou com a invasão do relvado, e terminou, para mim, num belo cherne grelhado, regado com um fantástico vinho rosé (a primeira vez que bebi tal coisa), num restaurante setubalense chamado “O Quintal”, que não faço ideia se ainda é vivo ou já entregou a sua alma ao criador.
A partir daqui, já mais independente, senão no aspecto económico, ao menos no plano formal, comecei a marcar presença amiúde nestes grandes momentos, sozinho ou acompanhado, de boa saúde, ou saído da cama, como veremos mais adiante.
Na mesma época vi ainda pela televisão a final da Taça de Portugal, que pôs os rivais lisboetas de novo diante um do outro, agora no Jamor. Foi uma sobremesa na vingança já de certo modo servida com a conquista do título. Uma exibição esplendorosa de Diamantino chegou para liquidar uma vez mais os leões. 2-1 novamente, e dobradinha para John Mortimore.
Em 1987-88, em jogo com poucas implicações num campeonato já decidido a favor do eficaz Porto de Ivic, assisti a uma das melhores exibições do Benfica em derbys. Aos 50 minutos de jogo já havia 4-1 (bis de Magnusson e Rui Águas), pouco depois Mozer atirou à barra na sequência de um livre, e em poucas ocasiões a vingança dos 7-1 terá estado tão próxima. Esse Benfica, com Toni ao leme, chegaria à final da Taça dos Campeões em Estugarda. O Sporting vivia dias difíceis, com uma equipa descaracterizada e recheada de brasileiros de qualidade duvidosa. Desse jogo recordo ainda uma longa caminhada pedestre desde a Estefânia até à Luz, e respectivo regresso. À excepção de uma ocasião em que, em Madrid, já pela noite dentro, percorri um trajecto desde para lá de Castilla até à Porta del Sol, não me recordo de alguma vez ter andado tanto a pé.
Em Dezembro de 1988 novo derby, nova enchente, nova vitória. Perante um leão eivado de unhas gonçalvistas (Douglas, Silas, Carlos Manuel, Ricardo Rocha, Eskilsson), Magnusson e Pacheco resolveram um jogo também marcado pelo caso Hernâni, médio que acusou a presença de cocaína no controlo anti-doping, que dava na altura os primeiros passos na modalidade. Foi suspenso, mas na época seguinte ainda voltaria a tempo de disputar a final da Taça dos Campeões, em Viena frente ao Milan. Nunca se chegou a saber se era culpado, como as evidências pareciam demonstrar, ou inocente, como ele insistia em clamar. A sua carreira e a sua vida, daí em diante, seriam normais, e julgo que ainda joga futebol de praia.
O primeiro derby a que assisti em Alvalade disputou-se nas primeiras jornadas da temporada seguinte - a da final de Viena, portanto. Foi a única vez que me sentei na bancada central daquele estádio, pois as companhias com que fui ao jogo eram influentes e endinheiradas, e arranjaram-me um convite. O Benfica triunfou com um golo solitário de César Brito a cruzamento do extremo angolano Abel Campos. Entre os leões havia grande expectativa para essa temporada, fruto de aquisições como a de Fernando Gomes, o bi-bota de ouro que saíra a mal das Antas, ou do central internacional brasileiro Luisinho. Mas na equipa de Eriksson, um Ricardo Gomes na defesa, um Valdo no meio campo, e um Magnusson na frente -todos no auge das respectivas carreiras - davam poucas hipóteses à concorrência e tornavam o futebol encarnado verdadeiramente demolidor. Esse início de época foi marcado por várias goleadas e exibições espectaculares, embora posteriormente a aposta europeia tenha acabado por deixar cair o título nacional para um F.C.Porto de transição, onde agora actuava …Rui Águas (não me esqueci, nem me esqueço !).
Após três anos de ausência, voltei a um derby em Dezembro de 1993. Estava-se na famosa temporada do título de Toni, que durante longos onze anos foi o “último”. O famoso verão quente – não o gonçalvista, mas o benfiquista – tinha feito sair da Luz Paulo Sousa e Pacheco a caminho do Sporting de Sousa Cintra. João Pinto por pouco não lhes fez companhia, acabando resgatado em Torremolinos por Jorge de Brito.
Ao contrário do que se terá pensado no reino do leão, essa humilhação foi a força maior do Benfica ao longo de toda essa temporada, que culminou com os 3-6, também já aqui destacados. Antes, na primeira volta, já com as duas equipas a disputar o primeiro lugar, e na semana seguinte ao terrível acidente que roubou uma promissora carreira ao russo Cherbakov, ao incompreensível despedimento de Bobby Robson na sequência de uma eliminação europeia em Salzburgo, e à contratação de Carlos Queiroz, o Benfica serviu a primeira dose da sua vingança. Venceu por 2-1, depois de Figo (a primeira vez que o vi jogar) ter aberto o placar na sequência de um canto – as bolas paradas eram então o ponto fraco dos encarnados -, de Yuran ter empatado no início da segunda parte, e Isaías, com um forte remate de meia distância, ter assegurado a vitória e a prenda de Natal dos benfiquistas. Não foi pois o regresso que Paulo Sousa e Pacheco desejavam, numa equipa que tinha também Paulo Torres, Peixe, Nelson, Cadete e Balakov.
Este jogo foi para mim inesquecível - pela primeira vez (não única) vi um jogo do Benfica directamente saído da cama, onde combatia uma terrível gripe e ardia em febre. Perante a estupefacção e mesmo indignação da minha mãe, arranquei sozinho de Évora para Lisboa, com muita roupa em cima, e os bolsos carregados de analgésicos e antipiréticos, para não deixar de apoiar a equipa em tão delicado momento. Valeu a pena, e até a doença me passou. Acabei na Portugália da Almirante Reis – então única - a comemorar a vitória.
Depois desse episódio, e dos 6-3, algumas épocas menos empolgantes fizeram-me falhar cinco derbys seguidos na Luz. Nem por isso deixei de ir ao futebol, acabando curiosamente por, neste período, assistir a alguns Sporting-Benficas em Alvalade. Foi o caso do de 1994-95, em que um golo de Amunike afastou o Benfica da corrida ao título, numa noite (1 de Dezembro de 1994) em que Preud’Homme fez a melhor exibição que alguma vez vi a um guarda-redes, evitando uma humilhante goleada. Fui ao jogo pelo simples motivo de, por razões profissionais, ter ido esperar uns ingleses ao aeroporto, e não saber o que fazer com eles até à hora de um jantar que estava marcado para Cascais, no qual, mau grado a derrota, nos banquetearíamos com um repasto de luxo - por conta de outrem, claro. Eram judeus, e adeptos do Manchester United. Torceram pelo Benfica – ai deles se assim não fosse…- mas não gostaram de um jogo cheio de paragens e mau futebol. Desse Benfica conheciam, além do guardião belga, o avançado argentino Cláudio Cannigia.
Não arranjei bilhetes para a célebre final do "Very-Light". Disputou-se no Jamor em Junho de 1996. Benfica e Sporting tentavam desesperadamente salvar a época, pois o F.C.Porto arrancara firmemente para a sua caminhada rumo ao penta. Quando Mauro Airez (argentino que não fez história na Luz para além desse momento) marcou o primeiro golo do Benfica, Hugo Inácio, membro (que se tornou famoso) dos No Name Boys, atirou um very-light (expressão até aí praticamente desconhecida), que por fatalidade, incúria ou descuido, aterrou na bancada dos adeptos do Sporting, atingindo mortalmente um deles. Pintou-se de luto o derby nesse dia . O Benfica venceu por 3-1, com mais uma grande exibição de João Pinto, mas nem sequer houve entrega de taça. Eu dessa vez não estive lá, mas pode ver aqui os videos deste e de outros derbys.
Voltei a Alvalade duas épocas depois, numa derrota tangencial com um golo do então estreante Beto, numa partida marcada pelas expulsões de Jamir e Hélder. Era Autuori o treinador benfiquista, e a equipa até ia bem no campeonato. Semanas mais tarde acabaria no entanto por derrapar, terminando muito mal a temporada já sob o comando de Manuel José. Neste jogo, tive de fugir de uma tremenda confusão à saída, tendo sido essa a única ocasião em que senti problemas de segurança em jogos com o Sporting – já com o Porto a história foi fértil em acidentes, que talvez um dia aqui vos conte.
Como não há duas sem três, no sábado de Carnaval de 1998 lá estava eu de novo em Alvalade para mais um clássico. Eram os melhores tempos de Souness, e a equipa encarnada levava várias vitórias consecutivas, sonhando ainda com uma aproximação ao F.C.Porto que não se chegaria a concretizar. Como à terceira é de vez, depois de duas derrotas seguidas, esta noite reservava-me uma retumbante vitória por 1-4, acompanhada de fantástica exibição. Poborsky (a estrela daqueles tempos), Sousa, Brian Deane e João Pinto (saído do banco após lesão) fizeram os golos - durante a segunda parte cheguei a pensar novamente nos 7-1. O médio Calado fez o jogo da sua vida e foi o melhor em campo, lembro-me também que o treinador do Sporting era Carlos Manuel – um dos meus ídolos de infância -, e um dos seus comandados era um ainda muito jovem Simão Sabrosa, que vi jogar nesse dia pela primeira vez. Tinha ficado em Lisboa à espera do jogo, mas ia passar o Carnaval a Évora, para onde me dirigi de imediato. A viagem, apesar de solitária, foi inesquecível, tal a enorme felicidade que juntava o início de um fim-de-semana prolongado, com uma tão robusta vitória do Benfica em Alvalade. Até cantei…
Como muitas vezes acontecia em jogos fora de casa, assisti à partida no meio dos No Name Boys. A intensidade com que se vive o jogo no meio das claques é incomparável. Por vezes, ainda hoje gosto de o fazer.
Este jogo abriu uma sequência de três vitórias consecutivas (e cinco vitórias em sete anos) do Benfica em Alvalade. Seguir-se-iam uma vitória por 1-2 com dois auto-golos de Beto em noite de denso nevoeiro, em jogo a que não pude assistir nem na televisão, e o célebre 0-1 em que um livre de Sabry adiou a festa de um ansiado título, que o Sporting conquistaria na semana seguinte em Paranhos. Este apenas vi pela televisão, tal como o de 2002 em que aconteceria precisamente o mesmo, não fosse um penálti arranjado por Martins dos Santos proporcionar a Jardel, no último minuto, o empate a um golo, depois de Jankauskas ter aberto o activo para o Benfica já em plena segunda parte. Curiosamente seria o Benfica, na semana seguinte, a devolver o título que tinha retirado ao rival, vencendo o ainda campeão Boavista na Luz por 2-1, permitindo ao Sporting festejar no hotel o seu segundo título em três anos.
O destino tem destas coisas. Estive seis anos sem ver um derby na Luz, e depois, em apenas um mês, vi…dois. Para o campeonato, um lisonjeiro 0-0, para a taça uma derrota por 1-3, num jogo em que a chuva foi visita, e em que uma polémica qualquer inviabilizou a transmissão televisiva. Estávamos em Janeiro de 2000, e meses depois, esse forte Sporting (de Acosta, Di Franceschi, André Cruz, Duscher, Vidigal etc) conquistaria o tal título que via fugir-lhe havia dezoito penosos anos.
Os dois últimos derbys a que assisti no antigo estádio da Luz foram, cada um de sua maneira, absolutamente inesquecíveis. Um determinou a saída de Mourinho do Benfica para não mais voltar – ao vencer por 3-0, com uma grande exibição, e com uma proposta do Sporting no bolso, exigiu, sem sucesso, a Manuel Vilarinho a renovação do contrato, batendo assim com a porta. Acabaria por não entrar em Alvalade pois, sabe-se-lá porquê, num impressionante serviço prestado ao clube, a claque Juve Leo boicotou-o, mobilizando-se para inviabilizar a sua contratação. Foi para Leiria e o resto da história é conhecido.
Nessa noite, numa equipa onde despontavam Fernando Meira, Marchena, Miguel, Maniche entre outros, mas que ficaria pela primeira e única vez na história do clube em 6º lugar, depois de somar três treinadores, João Tomás por duas vezes e Van Hooijdonk de penálti (que teve de ser repetido) marcaram os golos. Foi o regresso de João Pinto à Luz, e tal como Paulo Sousa e Rui Águas alguns anos antes, foi objecto de impressionante vaia sempre que tocava na bola.
No último derby da velhinha Luz, foi o árbitro o protagonista. Duarte Gomes expulsou de forma exagerada o médio Andrade, assinalou um penalti duvidoso a favorecer o Benfica, perdoou um cartão vermelho a João Pinto, mas pior que tudo isso, quando, já nos minutos finais, o Benfica vencia por 2-0, viu algo que mais ninguém conseguiu ver: Jardel saltou com Marco Caneira (então de águia ao peito) e lançou-se espalhafatosamente para o relvado. Em vez de lhe mostrar o respectivo cartão amarelo, apontou para a marca de grande penalidade perante a indignação geral. Jardel marcou, e dois minutos depois, em posição duvidosa, faria de cabeça o golo de um empate com sabor a derrota, e das amargas. Quem vencesse nesse dia dobraria o natal na frente. O empate favoreceu os leões (também de Quaresma, Hugo Viana, João Pinto e…Paulo Bento), que se sagrariam campeões após 42 golos - dos quais 17 de penálti (!!!) - do então ainda Super, Mário Jardel.
Esta foi a época da “equipa maravilha” de Luís Filipe Vieira, que chegado à Luz, contratou, em colaboração com José Veiga, e quase simultaneamente, Simão Sabrosa, Mantorras, Zahovic, Drulovic, Argel, Caneira entre outros. Mas só três anos depois o sucesso chegaria.
Nessa partida, perante o fecho das portas das bancadas de sócios (já lotadas), tive de entrar para o terceiro anel, do lado que nunca deixou de ser "novo". Vi-me aflito para conseguir lugar, e foi já muito perto do apito inicial que me sentei na bancada. Vi o jogo rodeado de sportinguistas, mas nem mesmo assim essa deixou de ser uma das raríssimas ocasiões em que não resisti a lançar alguns impropérios ao juiz da partida. Saí do estádio como se me tivessem roubado a carteira.
Já que estive na despedida dos derbys na antiga Luz, não seria cortês não o fazer em Alvalade. Foi em 2002, também em Dezembro – muitos foram os Sportings-Benficas natalícios – mas desta vez saí com uma vitória por 0-2, golos ainda na primeira parte de Zahovic e Tiago. Foi o segundo jogo de José António Camacho no Benfica – recebera o Sp.Braga uma semana antes – e o último de Pedro Mantorras antes de um longo calvário de dois anos sem jogar. Julgo ter sido a primeira vez que vi jogar Cristiano Ronaldo mas, verdade se diga, não me impressionou muito. Demoraria a fazê-lo, mas a partir do Euro 2004, obviamente rendi-me.
Na mesma época, enquanto na Luz decorriam as obras, o Benfica recebeu os leões no Jamor. Perdeu por 1-2 um jogo que pouco contava para o desfecho da Liga. Marcaram Quaresma e João Pinto para o Sporting, enquanto Sokota reduziu para os encarnados já perto do fim. Fui assistir ao jogo, e esse foi, sobretudo, um dia para recordar todas as histórias que em criança o meu pai me contava sobre os grandes jogos então disputados no Estádio Nacional, tendo assim a oportunidade de viver um pouco dessas reminiscências.
Este jogo abriu também uma sequência de maus resultados do Benfica em casa (ou casa emprestada) diante do vizinho e rival. Em Janeiro de 2004, no primeiro derby da nova Luz, e também em Janeiro, mas de 2006, o Sporting ganharia na Luz, em ambas as ocasiões por 3-1. A primeira dessas derrotas deu-se com grande ajuda de Pedro Proença, que descobriu dois penáltis – um claramente inexistente, o outro duvidoso -, transformados por Rochemback e Sá Pinto, que, com golos de Silva e Luisão pelo meio, selaram o resultado, no dia em que o Benfica estreou o bonito equipamento centenário, do qual aliás guardo uma réplica.
Em 2006, com Koeman, Simão ainda abriu o activo de penálti. Na segunda parte foi o descalabro: após uma falta de Tonel sobre Nuno Gomes que Pedro Henriques não viu, Sá Pinto, também de penálti, e Liedson por duas vezes, viraram o jogo do avesso. Num sábado de chuva diluviana, estávamos nos primórdios do Sporting de Paulo Bento, e era o tempo de um Benfica mais preocupado com as andanças europeias - venceria em Anfield Road pouco depois.
Mas no meio destas duas derrotas, muita coisa se passou. Em Alvalade, na estreia do novo estádio do Sporting em derbys, um golo de Geovanni nos últimos instantes colocou o Benfica no segundo lugar e na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Grandes alegrias tive eu nesses meses. Seguiu-se a vitória na Taça diante do Porto campeão europeu, e depois o inesquecível Euro 2004. Em Maio de 2005 o título. Treinava o Sporting …Fernando Santos, e Moreira foi o melhor em campo. Ao golo seguiu-se uma invasão de campo da claque leonina, que dirigentes do Sporting e as forças policiais conseguiram a custo controlar. Lamentavelmente, não arranjei bilhete para este jogo, e vi-o pela televisão.
Mas a minha época mais profícua em derbys foi a de 2004-2005. Assisti a três. O primeiro em Janeiro de 2005, em Alvalade a convite de um amigo que detinha dois cativos. Ganhou o Sporting por 2-1, com dois golos de Liedson - regressado depois de um polémico cumprimento de castigo frente ao Pampilhosa para a Taça, em jogo propositadamente antecipado para as vésperas do derby. Foi o dia em que Mantorras também regressou, curiosamente, quase no mesmo local onde tinha feito o seu último jogo (o estádio é que já era outro).
Ainda nesse mesmo mês de Janeiro, calhou em sorteio de Taça mais um Benfica-Sporting, agora na Luz.
O Benfica, com muitas lesões, vinha de uma série de derrotas, a última das quais com o Beira Mar em casa. Seria campeão nesse ano, mas na altura poucos apostariam em tal. Sentindo a importância da ocasião, e do meu apoio, repeti o que fizera em 1993 e no meio de uma virose, a poder de Brufens e Ben-u-rons, lá fui com falhas respiratórias para a Luz, onde nessa noite deveriam estar não mais de dois graus de temperatura. Deus recompensou-me e assisti a um dos melhores derbys da minha vida: 3-3, após prolongamento, um espectáculo empolgante, grandes golos e um happy-end no desempate por penáltis – Miguel Garcia atirou à barra, dando a passagem ao Glorioso. Não serviria de nada, pois meses mais tarde, no Jamor, um Benfica a ressacar do título conquistado, seria ultrapassado por um Vitória de Setúbal aguerrido, em jogo que também presenciei.
Duas semanas antes, em Maio, dia de aparições, foi Luisão a lançar a mais profunda loucura que alguma vez vi num estádio de futebol, marcando o decisivo golo que viria a valer, uma semana depois, um sofrido e ansiado título. Desse jogo já falei em pormenor neste espaço. Repito apenas que o mesmo me proporcionou, talvez, a maior alegria da minha vida desportiva. Até agora...
Ao todo vivi de perto mais de vinte derbys entre Benfica e Sporting. Pelas minhas contas, recordo-me de mais de oitenta, contando todas as competições, e jogos particulares entre ambos. Cada um tem uma história, cada um tem os seus heróis, os seus casos. Sempre assim foi e sempre assim será. Aqui ficaram os resumos-video de alguns deles, apenas de entre aqueles em que estive presente.
No sábado se escreverá mais uma página desta bela história, que constitui indubitavelmente um dos baluartes do desporto no nosso país. Como um Lazio-Roma, um Inter-Milan, um Boca-River ou um Celtic-Rangers, este é um daqueles confrontos que faz perceber o significado da palavra rivalidade, que faz sentir que vale a pena ser adepto do futebol, e vibrar com estas emoções que nos manipulam, que nos agarram a alma.
Que em campo os jogadores saibam merecer o peso deste confronto, é aquilo que se pode desejar. Depois...que ganhe o Benfica...
Viva o Derby !Viva o Futebol !




O DIA DO PENÁLTI

Foi através de penáltis que se decidiu grande parte da 3ª eliminatória da Taça da Liga. Cinco dos oito jogos necessitaram de recorrer a esse método de desempate, e nalguns casos, só após uma segunda série encontraram o vencedor.
Foi também através de uma grande penalidade – bastante polémica, por sinal – que o Benfica evitou, no último minuto da partida da Reboleira, uma eliminação que quase parecia desejar, tal foi aquilo que (não) fez durante todo o jogo. O onze inicial foi desenhado com o propósito claro de poupar alguns jogadores e rodar outros, e obviamente que o entrosamento nunca existiu. Butt, Nelson, Dabao, Miguelito, Nuno Assis e Diaz desperdiçaram a oportunidade que esta prova lhes concedeu, realizando exibições sofríveis. Binya decepcionou face às prestações anteriores, e os habituais titulares Rodriguez, Di Maria e Pereira mantiveram um registo de treino, seguramente a pensar mais no derby do próximo sábado. Salvaram-se Fábio Coentrão e, sobretudo, Freddy Adu que, sem deslumbrar – longe disso -, mostrou todavia que, tal como se suspeitava, é credor de mais oportunidades na equipa principal. De saudar os regressos de Zoro e Luisão ao centro da defesa, talvez preparando o jogo de sábado, sendo que a exibição de Edcarlos em Braga justificaria, no meu ponto de vista, a manutenção da titularidade.
Mas é necessário reforçar a ideia de que foi um erro clamoroso do árbitro (e do seu assistente) – Duarte Gomes conseguiu a proeza de, com este, e depois de um célebre teatro de Mário Jardel na Luz há seis anos atrás, assinalar os dois mais absurdos penáltis que me lembro no futebol português - que permitiu ao Benfica manter-se em prova. Manifestamente, pelo que fez em campo, a equipa de Camacho não o merecia, se bem que o Estrela também tenha feito pouco pela sua sorte.
Uma palavra final para a reacção de Daúto Faquirá ao lance do penálti. Um senhor ! Tanto que o futebol português precisa de homens assim.
O Sporting teve também a sorte do seu lado, quer na arbitragem – que mau seria para esta jovem competição, e para a Liga, os três grandes saírem de cena logo à primeira ronda, e para bom entendedor… -, quer depois na lotaria do desempate, onde esteve à beira de ser eliminado, acabando por levar a melhor perante o desespero dos vimaranenses que pareceram quase sempre mais empenhados em seguir em frente. Paulo Bento estava tão pouco preocupado com o jogo, que nem seguiu com atenção a sequência de penáltis, equivocando-se nas contas, e chegando mesmo a dirigir-se perto de Manuel Cajuda para o felicitar por uma vitória que ainda não estava – nem veio a estar – confirmada. Curiosamente foi dos pés de João Alves, ainda jogador dos quadros do Sporting, e dispensado por Paulo Bento, que se decidiu esta eliminatória a favor dos leões…
Ainda assim, diga-se que terá sido este o melhor dos jogos desta eliminatória, e terá sido o Sporting aquele que, dos três grandes, mais a sério terá levado esta nova competição.
Ao F.C.Porto saiu a fava. Jogando tão pouco como os rivais, e deixando, tal como eles, a decisão para os penáltis, acabou eliminado de forma humilhante por uma equipa do escalão secundário. Deste jogo ficou também a evidência de que os titulares em que Jesualdo tem apostado são, por agora, bem mais fiáveis que a maioria dos novos reforços, alguns dos quais longe de corresponderem às expectativas (Lino, Gonzalez, Bolatti, Farias...). Não foi pois necessário qualquer milagre para o Fátima seguir em frente, diante de uma quase caricatura do campeão nacional.
Belenenses, Nacional, Paços de Ferreira, Sp.Braga e Leixões também ficaram pelo caminho, três deles diante de equipas da Liga de Honra.
Os apurados são então: Benfica, Sporting, V.Setúbal, U.Leiria, Beira Mar, Portimonense, Penafiel e Fátima.
Em suma, pode dizer-se que esta Taça da Liga não correu, para já, lá muito bem. A generalidade das principais equipas apresentou jogadores menos utilizados, a qualidade dos jogos foi sofrível, das arbitragens é melhor nem falar mais, e por pouco não ficaram os três grandes desde já eliminados, o que seria o golpe de misericórdia no sucesso desta primeira edição da prova. Pior que tudo isto foi a clara sensação que ficou de, mormente para os clubes envolvidos em provas europeias, pouco ou nada interessar fazer carreira nesta Taça da Liga que, recorde-se, exige até à final mais seis compromissos. Sobretudo Benfica e F.C.Porto, fizeram aparentemente o que podiam para se ver airosamente livres deste encargo. A arbitragem não deixou o Benfica sair de cena, enquanto os dragões terão conseguido o que pretendiam (?) na lotaria final. É pena, pois a ideia até é boa, embora se dirija claramente mais aos interesses de outros emblemas, mais carecidos de receitas do que de descanso. Talvez uma final Benfica-Sporting possa vir a salvar esta Carlsberg Cup.

UM BENFICA PARA A REBOLEIRA

Tendo em conta que o regulamento da Liga obriga à utilização de cinco titulares nos jogos anteriores, o onze a escalar terá então que ser algo como este.

CLASSIFICAÇÃO "REAL" - Correcção

Expressei aqui ontem a opinião de que Carlos Carvalhal não tinha motivos para se queixar da arbitragem de Paulo Baptista em Alvalade. Estava errado.
Não me apercebi do lance na altura, mas ontem, ao vê-lo repetido várias vezes no programa "O Dia Seguinte" da SIC Notícias, fiquei com a ideia clara de que ficou por assinalar uma grande penalidade sobre Matheus, cometida por Gladstone ainda na primeira parte.
Sendo assim, e pedindo naturalmente desculpa aos leitores, sou forçado a corrigir a classificação, subtraindo um ponto aos leões.
A classificação fica pois assim ordenada:
F.C.PORTO 13
Benfica 11
Sporting 10

...E VÃO 26 !

Empate aqui, vitória ali, mesmo sem deslumbrar, a verdade é que o Benfica não perde há 26 jogos (!!) para a Liga Portuguesa, sendo preciso recuar até 1991, com Eriksson no comando técnico, para encontrar semelhante sequência - então de 28 jogos. Em 1983, também com o treinador sueco, o Benfica esteve 36 jogos sem perder, e em 1977 e 1978 com Mortimore, permaneceu invicto 56 (!!) partidas, sendo este o record dos últimos 35 anos que, convenhamos, vai ser muito difícil de igualar.
Grande parte do mérito da corrente série vai naturalmente para Fernando Santos, mas diga-se que com Camacho, em quatro jogos, o Benfica não sofreu sequer um golo.
Confira toda esta série:

EVIDÊNCIAS

Pode ter passado despercebido a muita gente, mas José António Camacho, na conferência de imprensa após a partida de Braga, assumiu textualmente como objectivo da temporada para o Benfica, não o título, como seria natural, mas sim a presença na Liga dos Campeões do próximo ano, para o que será suficiente um segundo (ou mesmo terceiro) lugar.
Gostava de saber o que aconteceria no país desportivo se tivesse sido Fernando Santos a fazê-lo. Seja como for, parece óbvio que Camacho já percebeu a dificuldade que este Benfica, mexido e remexido, terá para se bater com uma equipa feita, madura, sólida e com uma dinâmica competitiva incomparável no nosso país, como é o caso do F.C.Porto, seja o técnico Jesualdo ou outro qualquer.
O Benfica iniciou a sua preparação com um plantel que, então sim, parecia capaz de se assumir como forte candidato, ou até favorito ao título. Tinha Simão, Karagounis, Manuel Fernandes, Anderson e ainda se falava de Miccoli. A um bom onze que já vinha da época anterior, o Benfica somava também algumas opções de banco, como Zoro, Coentrão ou Butt. Acima de tudo, tratava-se de uma equipa já trabalhada, com rotinas de jogo adquiridas, e que poderia, em poucas semanas apresentar um nível competitivo forte.
Tudo isso foi desmantelado por uma direcção precipitada, irresponsável e incompetente, que deixou sair jogadores sem alternativas, em timings tardios e desadequados, acabando por, numa clara fuga para a frente, oferecer a cabeça de um treinador mal amado pelos sócios, e assim pôr termo a uma crise da qual acabou milagrosamente por quase sair incólume. Mas o mundo não para, a concorrência também não, e eis o Benfica com seis pontos perdidos em cinco jogos, e o F.C.Porto isoladíssimo na frente.

Dispondo de um lote de jogadores interessante sob o ponto de vista técnico, o Benfica não conseguiu ainda – nem vai conseguir tão depressa, nem se esperaria que o fizesse – edificar uma equipa coesa, equilibrada e que faça valer, mais do que argumentos individuais, a força de um conjunto. Camacho sabe-o melhor que ninguém, e vendo a eficácia patenteada pelos portistas, coloca água na fervura do tradicional optimismo benfiquista, chamando a atenção para a verdade dos factos: muito dificilmente o Benfica será campeão este ano. Nada de mais natural portanto. Reconhecer as limitações, contrariar um discurso megalómano, retirar pressão dos ombros dos jogadores e preparar os sócios.
O Benfica tem andando, desde há anos, em termos desportivos, um passo atrás do F.C.Porto. Teve uma oportunidade de dar esse passo este verão. Não quis ou não pôde dá-lo, voltando a uma estaca zero, de onde recorrentemente vai, ano após ano, tentando iludir-se a si próprio e aos seus seguidores.
Será Camacho a pôr fim a este ciclo ? Se lhe derem tempo e condições, talvez. Na sua primeira passagem pelo clube encontrou o caos (com Jesualdo Ferreira, justamente…) e foi a partir dele que preparou uma equipa para ser campeã, muito embora não tenha ficado para festejar esse título. A matéria prima que tem agora à disposição é melhor, e o Porto de Jesualdo, apesar de tudo, não é o de Mourinho. Mas este será (mais) um ano de transição, e é bom que os benfiquistas vão interiorizando isso, abandonando de vez as suas habituais megalomanias saudosistas de uma grandeza de outros tempos, que por vezes apenas parece subsistir fora dos relvados.
A vida nunca anda para trás. A situação do Benfica é a de uma equipa talentosa, mas jovem e ainda em fase de formação. Não interessará muito mais discutir porque se chegou aqui, mas sim partir daqui para um futuro onde erros crassos como os dos últimos anos se não repitam mais.
Camacho já percebeu tudo. E Vieira ? Será que entendeu ?

REVEJA O GOLO DE PUROVIC

CLASSIFICAÇÃO "REAL"

Em Braga e na Mata Real não ocorreram quaisquer incidências susceptíveis de influir nesta classificação. Em Alvalade, mau grado os protestos de Carlos Carvalhal, não me pareceu que houvesse grandes motivos de queixa. A grande penalidade foi bem assinalada, pois a linha limite faz parte da área – Abel teatralizou, é verdade, mas quem não o faz ?
F.C.PORTO 13 pontos
Sporting 11 “
Benfica 11 “

VEDETA DA JORNADA

LISANDRO LOPEZ: Podia ter destacado Binya ou Quim. Mas o Benfica empatou, enquanto o F.C.Porto venceu com dois golos de um grande jogador.
Lisandro custou bem menos que Cardozo, e leva nesta liga o dobro dos golos do paraguaio. É um jogador de grande generosidade, remate pronto, razoável jogo de cabeça, sentido de oportunidade, e capaz de preencher várias posições no ataque. Marcou todos os golos da sua equipa nos últimos três jogos.
Não fossem algumas lesões nas temporadas anteriores, e teriam já certamente atingido o mediatismo de outros colegas.

OBVIAMENTE: ZERO A ZERO !

Esperava-se que Sp.Braga e Benfica pudessem proporcionar um bom espectáculo de futebol, jogado entre duas equipas à procura da vitória, como de resto tem sido habitual nos últimos anos. Não foi nada disso que se viu ontem.
Para ambas as equipas, ainda em processo de construção de automatismos (mais o Benfica, diga-se), no meio de um calendário apertadíssimo, com lesões importantes, e com alguns jogadores completamente fora de forma, foi mais forte o medo da derrota do que ambição da vitória. Resultado final, um óbvio e natural zero a zero.
Ao longo de três quartos do desafio, nenhuma equipa se superiorizou à outra, sendo que as poucas oportunidades de golo que foram existindo, ocorreram principalmente na baliza do Benfica e foram salvas por um super-Quim, no melhor momento de toda a sua carreira. Do lado benfiquista, apenas uns ameaços, um remate cruzado de Rui Costa, uma perdida de Rodriguez, um pontapé de bicicleta de Edcarlos ao lado, e…nada mais.
Na fase final da partida, fez-se sentir a diferença de dois dias de repouso após os jogos internacionais a meio da semana. O Benfica assumiu o meio-campo, controlou o jogo mas, além da inoperância atacante que Nuno Gomes parece ter contagiado também a Cardozo, a equipa de Camacho não se terá sentido suficientemente segura para dar o passo em frente, o golpe fatal em busca a conquista de três pontos que seriam de grande importância nas contas que o campeonato já vai deixando fazer.
Este é um Benfica ainda à procura da sua nova identidade. É uma equipa recheada de talentos, mas ainda muito longe de se tratar de um conjunto articulado e no qual a força colectiva se sobreponha à soma das individualidades. É uma equipa ainda, e compreensivelmente, com algum medo de si própria, e em que apenas Rui Costa, com a sua larga experiência, parece assumir o risco. Para os lados da Luz está-se agora a sair de uma espécie de segunda pré-época, e se é verdade que as coisas mostram tendência para melhorar, também se tem de lembrar que já lá vão seis pontos perdidos, sabe-se lá com que consequências.
Todavia, nem tudo foi mau na noite benfiquista. Já me referi à grande forma do guardião Quim, que é neste momento, e de forma incontestável, o melhor guarda-redes a jogar em Portugal – e não tendo assistido a jogos do Betis, não me admira que seja também o melhor português. Também Rui Costa parece determinadamente apostado em desmentir aqueles que o davam por acabado. Mas ontem foi dia de revelações.
Edcarlos, depois de um jogo em que não foi posto à prova (com a Naval), e uma primeira parte sofrível em San Siro, mostrou ontem bons argumentos, solidez, segurança, tranquilidade, capacidade no jogo aéreo, parecendo capaz de formar com Luisão uma dupla de grande qualidade. Estando o internacional canarinho já clinicamente recuperado, havendo ainda Marc Zoro à espreita, o panorama defensivo dos encarnados mostra-se agora bem mais desanuviado.
Luís Filipe, talvez por pisar terrenos onde foi bastante feliz, terá realizado a sua melhor exibição desde que veste a camisola do Benfica. Esteve irrepreensível a defender, e incorporou-se bem nas acções ofensivas. Para já, deve ter conseguido manter a titularidade.
Mas a grande relevação da tarde foi o camaronês Gilles Binya. Já nos poucos minutos que esteve em campo em Milão, me tinha deixado a melhor das impressões. Ontem confirmou plenamente tratar-se de um jogador refinadíssimo, com boa técnica individual, capacidade recuperadora, capacidade de choque, e bom sentido posicional. Mais do que um elemento a ter em conta para os próximos jogos, julgo podermos estar perante um jogador de grande futuro, capaz de se afirmar como sucessor de Petit no Benfica, ou mesmo de poder pensar em mais altos voos. A seguir com muita atenção.
A arbitragem de Paulo Costa não foi brilhante, mas não influiu no resultado.

CURTO-CIRCUITO EM ALVALADE

Depois da derrota caseira para a Champions, e antes de um difícil ciclo de deslocações (Guimarães, Luz e Kiev em menos de uma semana) Paulo Bento decidiu refrescar a sua equipa com as entradas de Gladstone, Farnerud, Purovic e Vukcevic para o onze inicial.
A aposta, embora compreensível, revelou-se um fracasso. Toda a primeira parte foi desastrosa, revelando uma equipa lenta, abúlica, sem saber o que fazer em campo, e algo surpreendida pela audácia do adversário. Ao intervalo justificava-se plenamente a vantagem sadina.
Para a segunda parte, com Romagnoli e Izmailov, o Sporting voltou diferente. Imprimiu grande velocidade ao seu jogo, procurou abri-lo pelos corredores, e com isso empurrou um cada vez mais desgastado Vitória para zonas bem recuadas, criando lances de perigo de forma sucessiva.
O golo acabou por surgir, na sequência de um penálti - a meu ver, bem assinalado, por falta sobre Abel -, e com quase meia hora para jogar pensou-se que se tratava apenas de uma questão de tempo até os leões voltarem a marcar e assim assegurar os três pontos.
Quando se procura desesperadamente um golo e uma vitória há que correr certos riscos. Naturalmente o Sporting correu-os, sendo possível observar em certos lances quatro, cinco e mesmo seis jogadores dentro da área sadina, partindo assim o jogo, e deixando enormes espaços atrás de si. Foi aproveitando esses espaços que o V.Setúbal acabou por gelar Alvalade, quando já no último quarto de hora marcou o segundo golo, em lance no qual Stojkovic foi bastante infeliz – já não é a primeira vez… -e que parecia então condenar o Sporting à sua segunda derrota consecutiva em casa.
Os leões sentiram o golo, e a sua pressão esfriou por momentos. Contudo, na sequência de um excelente cruzamento de Abel – mais uma vez na origem do golo - Purovic, muito apagado até então, elevou-se mais alto que os centrais sadinos, e cabeceou para o fundo da baliza de Eduardo. Faltavam cerca de cinco minutos para jogar, e Alvalade voltou a acreditar. Seria novamente Purovic a ter nos pés a possibilidade de resolver a partida, mas o seu remate saiu ligeiramente ao lado do poste. O tempo passou e o empate prevaleceu.O Sporting foi claramente penalizado pela sua obscura primeira parte, acordando tarde para o jogo. Ficou também provada a limitação do plantel sportinguista, do qual se consegue extrair um excelente onze, mas ao qual faltam claramente segundas opções, o que para um conjunto ainda envolvido em quatro competições – já disputou e venceu a Supertaça – é francamente preocupante. Mas seria injusto retirar mérito a este Vitória de Setúbal, que está a fazer um campeonato muito interessante, tem excelentes jogadores, e certamente não passará pelas dificuldades que teve na época transacta para se manter no principal escalão do futebol português.

RUMO AO TRI ?

O F.C.Porto segue imparável na Liga Portuguesa. Cinco jogos – entre os quais três deslocações a terrenos de equipas europeias e recepções ao Sporting e a um forte e renovado Marítimo -, cinco vitórias. Quatro jogos sem sofrer qualquer golo.
Quando a época teve início, e se verificou que Lucho Gonzalez, Bosingwa e Quaresma permaneciam no Dragão, assim como quase toda a equipa bi-campeã nacional, enquanto Sporting e, sobretudo Benfica, procediam a autênticas revoluções nos seus plantéis, cedendo aos caprichos e ás pressões de alguns dos seus mais significativos elementos, de imediato se percebeu –disse-o aqui - como lhes seria difícil evitar que os portistas cavassem, desde logo, alguma distância nesta fase inicial, que muitas vezes, como se sabe, determina implacavelmente o destino dos campeonatos. Ora aí estão os números desta evidência: cinco pontos já de diferença para Sporting, e seis para Benfica, que se defrontam no próximo sábado.
Muitos têm questionado o facto de Jesualdo Ferreira não apostar nos novos reforços. Pois, pelo contrário, parece-me que esse tem sido justamente o principal trunfo dos dragões nesta fase, permitindo-lhe potenciar automatismos e rotinas adquiridas na época anterior enquanto, por exemplo, o Benfica utilizava ontem no onze inicial seis novos jogadores, entre os quais quatro que chegaram já com o campeonato a decorrer e na sequência da substituição de treinador. Enquanto uns, levianamente e com gastos significativos, constroem e destroem plantéis, outros vão vencendo jogos e títulos.
Na Mata Real, o F.C.Porto beneficiou de algum desgaste pacense, e teve a sorte de marcar em momentos cruciais. Em algumas fases do jogo, a generosa equipa de José Mota ameaçou a linha defensiva portista, parecendo ter condições para discutir o resultado. Mas na hora da verdade, Lisandro (em grande forma) resolveu mais uma vez a questão, garantindo os três pontos para os azuis e brancos.

UEFA DE MAIS PARA FUTEBOL PORTUGUÊS DE MENOS

Como era de esperar, a jornada europeia não correu nada bem às equipas portuguesas presentes na Taça Uefa. Já não bastavam as derrotas de Benfica e Sporting, e o empate caseiro de F.C.Porto na Champions, e ontem Sp.Braga, Belenenses, U.Leiria e P.Ferreira saíram todos eles derrotados. Total: 7 jogos, 6 derrotas e 1 empate !
É bom dizer que, se na Liga dos Campeões os adversários foram os cabeça-de-série dos respectivos grupos, também na Uefa a missão não era nada fácil. Diga-se mesmo que o Belenenses fez bastante melhor do que se esperava ou temia, perdendo por apenas 1-0 na Arena de Munique – diante do Bayern de Ribery, Toni, Podolski, Schweinsteiger, Kahn etc -, realizando uma muito agradável exibição, e deixando em aberto, pelo menos, uma ténue esperança de poder sonhar com uma noite de glória no Restelo. O Paços de Ferreira foi bastante infeliz, ao sofrer um golo no último minuto, depois de ter atirado duas bolas aos postes da baliza do AZ. Muito dificilmente a equipa de José Mota seguirá em frente, até porque os holandeses são bem mais experientes nestas andanças.
Se o União de Leiria – com uma derrota por números bem mais simpáticos que o massacre de futebol que sofreu poderia traduzir -, não fez mais do que seria de supor, já do Sporting de Braga – também algo azarado -, diante de uma equipa teoricamente menor, se esperaria um pouco mais. Ambos podem ainda dar a volta à eliminatória, mas no caso dos leirienses isso apenas será possível num dia de grande acerto colectivo.
Dentro de duas semanas espera-se (exige-se?) que, pelo menos, uma equipa chegue à fase de grupos (Braga?), e que, se mais nenhuma o conseguir, deixem no mínimo uma boa imagem, numa Europa do futebol onde, parece ficar provado, não termos condições para apresentar tão opulenta participação.

FIM DA LINHA PARA O "SPECIAL ONE"

Muito embora o início de época do Chelsea esteja longe de corresponder às expectativas de todos os observadores, a decisão de Abramovich (ou alguém por ele) de rescindir o contracto com o técnico português surpreende pela falta de oportunidade, e pela incompreensão acerca do trabalho de quem, em três anos, conquistou cinco títulos para um clube até então longe dos holofotes dos principais palcos do futebol inglês e europeu.
Não sou fã do temperamento, nem da polémica personalidade, de José Mourinho. Reconheço-lhe todavia - nem poderia deixar de o fazer - uma enorme capacidade de liderança, e um profundo conhecimento do jogo. Não sei o que ganhará o Chelsea com esta decisão.
Mourinho, esse fica com os bolsos ainda mais cheios, e livre para encetar outro projecto, com experiência acrescida e renovada vontade de vencer. Onde ? É a grande dúvida que fica. Não se vislumbra nos principais campeonatos do velho continente nenhuma porta por onde o "Special one" possa desde já entrar. Nem mesmo o Barcelona, que ontem venceu, e onde se percebe que mantém demasiados anti-corpos. O suave castigo que a Uefa aplicou a Scolari também parece impedir que a selecção lhe possa, por agora, ser entregue. Em Julho ? Seria logicamente uma boa opção, mas duvido que o técnico português queira, no futuro imediato, abdicar das fortes emoções semanais que só um grande clube lhe pode proporcionar.
Para já, talvez tenhamos o prazer de o ver e ouvir mais amiúde na comunicação social, a falar de futebol, o que pelas experiências anteriores se sabe constituir um verdadeiro regalo para os apaixonados do desporto-rei.

UM CASTIGO SIMPÁTICO

Os quatro jogos de castigo aplicados pela Uefa impedem Scolari de acompanhar no banco o que resta da fase de qualificação, mas fica afastado o perigo de, uma vez apurado para a fase final, Portugal não dispôr do técnico brasileiro na Áustria e Suiça em Junho próximo. Parece assim terminado este caso, de forma bem razoável face àquilo que se temia.

UCL -BALANÇO DA RONDA INAUGURAL

GRUPO A: Não houve surpresas. Porto e Liverpool, os dois favoritos, empataram. Marselha, muito instável na Liga Francesa, venceu com clareza o Besiktas, assumindo-se para já como principal outsider. Os portistas têm agora uma sequência de dois jogos fora de casa, nos quais, a pontuarem, poderão alinhavar desde logo a sua classificação. O Liverpool não deverá ter quaisquer problemas.
GRUPO B: A grande decepção da ronda foi protagonizada pelo Chelsea, que em Stanford Bridge não conseguiu vencer o Rosenborg, resultado que já teve consequências drásticas. O Valência deu um passo de gigante rumo à qualificação, triunfando em Gelsenkirchen diante do Schalke, com um golo de Villa resultante de um passe fenomenal de Miguel.
GRUPO C: O Real Madrid de Schuster continua na senda das vitórias. Desta vez a vítima foi o Werder Bremen, outro candidato ao apuramento. No outro jogo, disputado em Atenas à porta fechada, a Lázio arrancou um importante empate frente ao Olympiakos. Italianos e alemães deverão lutar pelo segundo lugar, sendo que o Real parece acima de suspeita.
GRUPO D: Se a derrota do Benfica em Milão era de esperar, já a forma clara com que o Shakhtar Donetsk se desembaraçou do Celtic indicia que a equipa ucraniana está longe de ser um mero figurante neste grupo. Com um investimento de 43 milhões de euros, jogadores como Castillo e Lucarelli, o Shakhtar tem na Luz, na próxima jornada, um teste de fogo às suas reais capacidades, do qual se poderá aferir qual afinal a hierarquia deste grupo, Milan à parte.
GRUPO E: Grande jogo do Rangers frente ao Estugarda, virando um resultado desfavorável com uma segunda parte de luxo. Em Camp Nou, Rijkaard salvou-se do despedimento, com a vitória do Barca por 3-0 frente a um Lyon bastante enfraquecido face a épocas anteriores (Tiago, Diarra, Abidal, Carew, Malouda…). Realce para o contrastante momento de forma de Ronaldinho – bastante apagado e mesmo assobiado – e Lionel Messi, autor de dois golos, e figura da partida. Theirry Henry estrou-se a marcar com a nova camisola.
GRUPO F: Manchester e Roma cumpriram o seu papel de favoritos, vencendo Sporting e Dinamo de Kiev respectivamente. Na próxima ronda, Sporting tem teste importantíssimo na Ucrânia, enquanto a Roma tem a oportunidade de se vingar dos humilhantes 7-1 infligidos na época passada pelos comandados de Alex Ferguson.
GRUPO G: O milionário Inter voltou a desiludir na estreia da Champions, perdendo na Turquia com um super-Fenerbahce por 1-0 com golo do ex-sportinguista Deivid. Os turcos tiveram oportunidades para golear, valendo o poste e o guarda-redes Júlio César para evitar uma derrota volumosa dos milaneses. Com Kezman, Alex, Roberto Carlos entre outros, a equipa de Zico parece com boas condições de discutir a passagem à fase seguinte, num grupo extremamente difícil. No outro jogo, o PSV de Koeman venceu um decepcionante CSKA de Moscovo.
GRUPO H: Enquanto num dos jogos menos mediáticos da ronda o Slávia bateu em Praga o Steaua de Bucareste por 2-1, dando um importante passo rumo ao seu objectivo natural – a continuação na Uefa -, em Londres, o Arsenal triturou um surpreendentemente dócil Sevilha. Sendo que estas duas equipas não deverão deixar fugir o apuramento, não deixa de ser notável a forma como os londrinos, mesmo sem Henry, mantêm a sua capacidade goleadora, e como os espanhóis, com vários títulos nacionais e internacionais conquistados nas últimas duas épocas, pareceram sentir a pressão na estreia na prova rainha.

... ENTÃO ISSO FAZ-SE ?

Tal como a derrota do Benfica na véspera, também o desaire do Sporting ante o Manchester United deve ser entendido como um resultado absolutamente normal e natural, na lógica das hierarquias do futebol europeu da actualidade.
Se as diferenças de orçamento, prestígio, plantel e mediatismo entre os dois conjuntos são abissais, o melhor elogio que se pode fazer aos leões é dizer que as mesmas pouco ou nada se notaram no relvado de Alvalade. Durante grande parte do encontro, foi até o Sporting a equipa que mais procurou a vitória, que melhor trocou a bola e mais se aproximou da baliza contrária.
O jogo pode ser dividido em duas partes completamente distintas: antes do golo, com um Sporting confiante, desinibido e afirmativo, e um Manchester expectante e calculista; e depois do golo de Ronaldo, momento a partir do qual a equipa de Paulo Bento se tornou ansiosa e precipitada, enquanto os britânicos se soltaram, sobretudo por via da grande exibição de Cristiano Ronaldo – que raio de jogo escolheu o puto para retornar à forma…-, para uma ponta final em que ameaçaram fortemente um dilatar de vantagem, que seria, diga-se, de todo imerecido para os leões.
Se o primeiro desses dois períodos foi mais longo que o segundo, quase se poderia dizer que a vitória inglesas pecava por injustiça. Todavia, no futebol, a eficácia é uma implacável ditadura. O Manchester marcou – numa das mais belas jogadas do encontro -, enquanto que do outro lado, em dois momentos, primeiro Liedson e depois Tonel, viram Erwin Van der Sar provar as qualidades que fizeram dele um dos melhores guarda-redes europeus dos últimos anos.
Não me parece que as mexidas que Paulo Bento operou na equipa tenham dado fruto, sobretudo quando alterou o figurino táctico, numa ousadia compreensível mas inconsequente. É verdade que o panorama do jogo se alterou profundamente com o golo de Ronaldo, mas também se tem de dizer que o Sporting – lance de Tonel à parte – praticamente morreu aí, dando a clara sensação de se sentir derrotado e sem forças para buscar o empate, que lhe faria justiça, vendo-se por outro lado bastante fragilizado nas suas transições defensivas, sobretudo nos corredores, onde o madeirense decidiu abrir o livro e semear o pânico junto da área de Stojkovic. Isto remete-nos para outro aspecto que me parece importante de referir em relação à equipa do Sporting: as suas faixas laterais revelam debilidades gritantes, o que foi visível ainda antes das substituições Abel e Ronny são jogadores empenhados, com algumas virtudes importantes, mas estão longe de corresponder ao perfil que se exige a quem queira brilhar numa Liga dos Campeões, tanto a fechar o seu sector, como em processo ofensivo, que num modelo em losango, exige a intensa participação dos laterais. São o elo mais fraco da equipa, e se em termos de campeonato nacional é uma situação passível de ser disfarçada, frente a Ronaldos, Giggs ou mesmo Nanis, o Sporting ressente-se dramaticamente dessa fragilidade.
Ao longo do melhor período do Sporting sobressaíram, a espaços Romagnoli, e de uma forma constante e reiterada Miguel Veloso, que foi, quanto a mim, o melhor sportinguista em campo. É impressionante o criterioso posicionamento, a segurança de passe curto e longo, a capacidade de antecipação, de leitura de todos os elementos de jogo que este jovem já revela. Pode-se dizer, sem exagero, que se trata neste momento da grande figura do futebol leonino, e nada me admirava que seguisse o caminho de Ronaldo e Nani num futuro muito próximo. João Moutinho esteve uns furos acima daquilo que tem feito neste início de época, enquanto Anderson Polga esteve imperial durante grande parte do jogo, não deixando no entanto de ficar ligeiramente desfocado na fotografia do golo.
No plano oposto, além dos casos já referidos, é intrigante a inibição que Liedson revela frente a este tipo de equipas. O “levezinho”, que nas competições nacionais revela uma mobilidade impressionante, na Liga dos Campeões parece permanecer bastante mais estático no centro do ataque, interpretando uma luta desigual com centrais de compleição física incomparável à sua. Em todo o jogo teve apenas um momento ao nível da sua categoria, no tal remate que Van der Sar foi buscar ao canto da baliza.
A arbitragem esteve em plano razoável.
O Sporting tem agora um jogo chave em Kiev. Se quiser pensar em seguir em frente na Champions, terá de apontar para a vitória. Em termos de Uefa, talvez o empate não seja mau.

VEDETA DO JOGO

CRISTIANO RONALDO: Lamentavelmente para o Sporting, foi justamente ontem o dia em que o "Puto Maravilha", depois de um período de algum apagamento, se reencontrou com as grandes exibições. Sobretudo na segunda parte, Ronaldo foi um diabo à solta no mau relvado do clube que o formou. Marcou o golo da vitória, e amavelmente pediu desculpa aos adeptos do Sporting. Uma atitude de campeão.
Saíu com o estádio de pé a aplaudir. E bem merece.

O GOLO QUE GELOU ALVALADE



REVEJA OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO DE MILÃO



PRESTÍGIO INTACTO

Perder pela diferença mínima em San Siro, diante do campeão europeu, não deslustra ninguém. Se levarmos em conta que o Benfica é ainda uma equipa em construção, que se apresentou dizimado pelas várias lesões que têm limitado o seu sector defensivo, sem dois dos principais jogadores da equipa (Luisão e Petit), com uma dupla de centrais inédita e bastante jovem, com oito jogadores no onze inicial sem qualquer experiência de Liga dos Campeões, e que mesmo assim, conseguiu criar algumas ocasiões para marcar – e se o tivesse feito mais cedo talvez dificultasse um pouco a vida do Milan -, e apresentar um ou outro momento de bom futebol, bem se pode dizer que a equipa portuguesa tem motivos para sair desta primeira jornada de cabeça bastante levantada.
O Milan entrou forte, não de forma exuberantemente ofensiva – nenhuma equipa italiana o faz – mas com a eficiência de processos suficiente para praticamente resolver o jogo na primeira meia hora. Momentos antes do segundo golo, em dois lances consecutivos, primeiro Rui Costa e depois Cardozo poderiam ter empatado, dando assim um rumo diferente à partida. Dida e o poste não deixaram a bola entrar, e Inzaghi, na sequência de um contra-ataque – como os transalpinos tanto gostam –, não perdoou, tendo a sorte deste jogo ficado aí, desde logo, decidida.
Até final da primeira parte, um Benfica atrevido e alegre no ataque, mas inconsistente e desconcentrado na defesa - Camacho arriscou bastante com Miguel Vitor, mas a verdade é que, sendo fácil agora criticar, dadas as condicionantes, se tratou de uma opção perfeitamente respeitável -, salvou-se de uma goleada. Foi Quim que a evitou, realizando duas intervenções de elevadíssimo grau de dificuldade, quando nas bancadas já se gritava golo. O mesmo aconteceria na segunda parte, o que é sintomático do extraordinário momento de forma que o guardião benfiquista atravessa, mau grado ter ficado a sensação de alguma lentidão no lance do golo de Pirlo.
Já se sabe que os italianos, uma vez a vencer – e ainda por cima com dois golos de diferença – raramente partem para o massacre do adversário, antes especulando com o jogo, e deixando o tempo correr, de forma a segurarem, sem grandes riscos, a vitória e os pontos. Foi isso que o Milan fez na segunda parte, onde ainda assim conseguiu criar algumas oportunidades flagrantes para dilatar a vantagem.
O Benfica foi tentando remar contra uma maré que cedo havia mostrado ser-lhe hostil. Lutou até ao fim, procurou - e conseguiu – deixar uma imagem positiva, de uma equipa de uma dimensão obviamente diferente do seu anfitrião, mas com condições para lutar pelo apuramento. Acabou por marcar quando já não restava tempo para esboçar qualquer tentativa de dar a volta ao resultado.
Este jogo, apesar da derrota, terá sido bastante importante para o crescimento deste Benfica enquanto equipa. Há talento no plantel, veremos como Camacho o articula e o faz evoluir. Como aqui disse ontem, agora é que a Liga dos Campeões vai começar para o Benfica. Faltam disputar quinze pontos, dos quais os encarnados terão de conquistar oito ou nove. As próximas duas jornadas caseiras são pois fundamentais.
A arbitragem foi sofrível, embora não tenha influenciado o resultado. Muitos equívocos na lei da vantagem, muitas faltas mal assinaladas, alguns foras-de-jogo mal tirados, em prejuízo de ambas as equipas.

OS ENCARNADOS INDIVIDUALMENTE

QUIM (4) Não fosse o facto de se ter lançado um pouco tarde no livre de Pirlo (erro fatal mas longe de ser tecnicamente muito grave), e teria realizado uma exibição a roçar a perfeição. Por quatro vezes evitou o golo aos italianos, duas delas com elevadíssimo grau de dificuldade. Está na sua melhor forma de sempre.
LUÍS FILIPE (1) Foi a unidade de menor rendimento da equipa, tanto em termos defensivos, onde se mostrou demasiado permeável, como na missão de dar alguma profundidade ao seu corredor, em que, por via dos inúmeros passes errados que fez, fracassou por completo. Terá sido dos que sentiu mais a atmosfera de San Siro e a responsabilidade da partida, o que é estranho dado não ser já propriamente um júnior. Precisa de apoio e de tranquilidade.
EDCARLOS (2) Começou mal, dando seguimento a algumas indecisões de que tinha dado mostras no jogo com a Naval. Na segunda parte acertou o passo, e acabou em plano razoável. Ainda é cedo para emitir uma opinião definitiva a seu respeito - principalmente se nos lembrarmos do que foram os primeiros jogos de Luisão de águia ao peito - mas para já não impressiona muito.
MIGUEL VÍTOR (2) Foi lançado às feras, e não se pode dizer que tenha estado pior que os seus parceiros de defesa. O lance do segundo golo inicia-se num passe suicida feito em processo ofensivo, que não poderá repetir no futuro. Terá sido mais um degrau importante no seu crescimento. Que o aproveite da melhor forma.
LÉO (2) Não esteve feliz, nem a acompanhar as movimentações defensivas, nem a atacar, o que praticamente não fez. Esperava-se mais da sua experiência. Na segunda parte melhorou um pouco, mas está ainda longe do Léo que todos conhecemos.
MAXI PEREIRA (2) Foi deslocado para o centro do terreno, na tentativa de, com duplo pivot defensivo, Camacho dar maior solidez ao meio campo encarnado que teria de se haver com Kaká, Seedorf e companhia. Apesar da sua entrega e combatividade, não esteve particularmente bem, denotando naturais dificuldades de articulação com Katsouranis. Parece bem melhor jogando colado à linha, mas...os adversários também são diferentes.
KATSOURANIS (3) Foi das unidades mais regulares ao longo de toda a partida. Procurou ser o bombeiro de serviço sempre que o perigo espreitava, e foi dos poucos que manteve a lucidez durante o período mais complicado do jogo. Ainda tentou aparecer nas acções ofensivas, logrando fazer o cruzamento para o golo. Já era tarde...
DI MARIA (3) Tem carradas de talento. Falta-lhe ainda algum critério na definição dos lances, parecendo por vezes demasiado empolgado com a sua própria capacidade técnica. Ontem teve um ou outro lance em que mostrou as suas qualidades, não esteve mal, mas não se pode dizer que tenha feito uma exibição de encher o olho. Para quem joga em posições ofensivas, precisa de melhorar no remate.
CRISTIAN RODRIGUEZ (4) Ao contrário de Di Maria, Rodriguez - também de elevada craveira técnica - deu mostras de se tratar de um jogador de muito maior maturidade. Em San Siro foi um dos melhores do Benfica, sendo dos seus pés que partiram grande parte das iniciativas atacantes da equipa. Na ponta final eclipsou-se um pouco, mas na sua segunda chamada à titularidade mostrou novamente argumentos que podem fazer dele um elemento chave neste Benfica.
CARDOZO (3) Lutou bravamente no meio de uma das mais experientes e qualificadas defesas do mundo. Quase marcou naquele cabeceamento ao poste, e num remate cruzado que Dida defendeu com mérito. Pedia-se contudo maior espontaneidade numa ou outra ocasião em que, conseguindo ganhar posição entre os centrais, demorou a rematar acabando por perder a bola.
NUNO GOMES (3) A nota positiva deve-se fundamentalmente ao golo. Marcar ao Milan em San Siro não é fácil, e Nuno fê-lo – marcando pelo segundo jogo consecutivo. De resto pouco ou nada se deixou ver.
GILLES (3) Uma agradável surpresa este jovem camaronês, nos poucos minutos que esteve em campo. Critério no posicionamento, classe na entrega, força no choque. Precisa de ganhar maior rapidez, mas vê-se que tem futebol nos pés.
NUNO ASSIS (2) Se com Fernando Santos era um elemento fulcral no losango intermediário, no sistema de Camacho dificilmente conquistará posição de relevo. A jogar colado à linha perde alegria, e a ausência nos últimos jogos também não o ajudou. Viu-se que tinha vontade de mostrar serviço, mas as coisas não lhe saíram de feição.