MUITA QUALIDADE, MAS ALGUNS DESEQUILÍBRIOS

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O plantel do Benfica parece estar quase definido, mas notam-se-lhe ainda algumas insuficiências, que acredito e espero que possam vir a ser corrigidas a breve trecho. Elas estão expressas nos espaços a amarelo torrado, e resumem-se a três posições:
- No meio-campo, e partindo do princípio que o losango é o sistema táctico eleito, o lugar de interior esquerdo está dependente de uma evolução táctica de Di Maria (ou Coentrão, ou Urreta), que não é, de todo, um dado adquirido. Reyes (mais experiente) seria uma opção mais segura, mas o ideal seria um médio puro (e não um extremo), que julguei poder ser Ramires, ideia que um conhecimento mais profundo do jogador (ao longo da Taça das Confederações) pôs praticamente de lado - jogou sempre pelo lado direito ou pelo meio. Jorge Ribeiro poderia ser uma alternativa, mas está em vias de ser dispensado.
- Ao centro, nem Ruben Amorim, nem Yebda deram ainda provas de suprir com êxito a vaga de pivot defensivo deixada em aberto por Katsouranis. Um e outro foram bons parceiros do grego, mas julgo não terem chegado a actuar sozinhos à frente da defesa. Tenho esperança que o tempo venha a dissipar esta dúvida.
-Para ponta-de-lança já aqui ficou dito que um jogador de segunda linha como Marcel ou Weldon cobriria a lacuna, pois os titulares estão, em princípio, encontrados. Falta apenas um quarto elemento, necessário a uma equipa que vai actuar sempre com dois homens na frente, sabendo-se que Mantorras é um caso especial.
Todos os restantes lugares parecem apetrechados com mais do que uma alternativa, havendo ainda a hipótese de uma ou outra adaptação. É pois nas posições 6, 11 e 9 que o Benfica deverá centrar as suas atenções no que resta de defeso.

SE NÃO É, PODIA TER SIDO...

Confirme-se ou não a suspensão das eleições, não retiro uma vírgula ao post abaixo editado.

POBRE BENFICA...

Com a Justiça que temos, e o apetite mediático que o Benfica desperta, era de temer uma situação deste tipo.
Um qualquer juiz, possivelmente com a mesma sede de protagonismo deste senhor Quaresma (ou com qualquer outra intenção ainda pior), achou por bem alimentar a novela eleitoral do Benfica com uma decisão ao nível das muitas a que, infelizmente, o nosso país tem assistido nos últimos anos, e que têm significado a degradação do edifício judicial para niveis absolutamente rasteiros.
Não sei quais as consequências de tudo isto, mas boas não são certamente. E será o clube, e não Luís Filipe Vieira ou outro qualquer candidato, o principal prejudicado.
Há algo pois que julgo ser de fazer a breve prazo: convocar uma assembleia-geral para expulsar este imbecil do Benfica.
Motivos seguramente não faltam. E se faltarem, haverá que encontrar forma de os estatutos permitirem ao Benfica libertar-se deste tipo de vermes, que a sua grandiosidade generosamente alberga.

BENFICA ATÉ AO FIM !


Creio que toda a gente, benfiquista ou não, simpatizará com Nuno Gomes, e terá dele a melhor impressão enquanto homem e profissional. Todavia, não é apenas por isso que a sua renovação é uma boa notícia para o povo benfiquista.

O modelo preferencial de Jorge Jesus deverá contemplar dois pontas-de-lança, e neste momento constam do plantel apenas Cardozo, Mantorras e Saviola. Nuno Gomes é um avançado experiente, que em certas ocasiões poderá ter grande utilidade, e que em condições normais -mesmo sem jogar sempre - ainda rende uns 8 ou 9 golos por época. Para além da questão técnica, Nuno é capitão de equipa, é um rosto do benfiquismo, e o clube precisa, como nunca, de manter as suas principais referências no balneário.

A sua renovação é pois uma medida óbvia, e que só peca por tardia.

PS: Mesmo com a renovação de Nuno, o ataque do Benfica ainda precisará provavelmente de mais um elemento. Partindo do princípio que a titularidade será entregue a Saviola e Cardozo, não será necessário investir muito dinheiro nesse outro ponta-de-lança. Assim sendo, seria de apostar num jogador menos oneroso, que pudesse assegurar o lugar apenas num caso de lesão ou castigo de um dos titulares. Uma das hipóteses será esperar por Marcel (em Dezembro), outra pode ser avançar para Weldon - que Jesus bem conhece. Falcão, por 5 ou 6 milhões de euros, é que me parece um absurdo. Por esse dinheiro, seria bem melhor manter Reyes, ou contratar um bom interior esquerdo.

PODE FICAR ASSIM...

Ao contrário do que alguns pensam, e do que foi de alguma forma veiculado pela comunicação social, o jogo de Alcochete não era uma final, mas sim a última jornada de um mini-campeonato a quatro. Antes dele, a classificação mostrava o Benfica isolado em primeiro lugar, e para ultrapassar os encarnados, o Sporting teria forçosamente de ganhar esta partida. Decorreram 26 minutos e não houve golos.
Por mim, muito francamente, aceitaria a proposta do Sporting para jogar o tempo em falta no mesmo local e à porta fechada (o Benfica pretende campo neutro). Mas caso não exista acordo, e a FPF se decida pela não realização do jogo (que neste momento parece o mais provável), não poderei considerar outra coisa que não a atribuição do título ao Benfica, ainda que de modo oficioso.
Assim, tudo indica que aos títulos distritais de Escolas e Infantis (escalões onde não existe competição de âmbito nacional), e ao título nacional de Iniciados, o Benfica vai também juntar o título oficioso de Juniores, naquele que terá sido a melhor temporada de sempre da Formação encarnada.

IRRESPONSABILIDADE, LEVIANDADE, INCOMPETÊNCIA

Do que estaria à espera quem marcou um derby decisivo para um batatal?
Se Alvalade não estava disponível, que se jogasse noutro estádio (Restelo?, Bonfim?, Jamor?). Infelizmente, os responsáveis do Sporting tiveram vistas curtas e procuraram tirar vantagem do factor ambiente. O resultado está à vista.
O Benfica fez todos os seus jogos da fase final no Estádio da Luz.

UMA ESTRELA !

ESCRETE COM TONS DE VERMELHO

Por volta de 1990, o Benfica colocou Mozer, Ricardo e Valdo na selecção brasileira. Creio que nunca outro clube português fornecera, simultaneamente, mais que um jogador ao Escrete Canarinho.
Passados muitos anos, Luisão e Ramires são titulares de um Brasil que vai disputar no domingo a final da Taça das Confederações frente aos EUA.
Que cheguem com a moral em alta.

UM PRIMEIRO OLHAR

FC PORTO
PLANTEL: Helton (?), Beto (ex-Leixões) e Nuno / Fucile, Bruno Alves (?), Rolando, Cissokho (?), Sapunaru (?), Maicon (ex-Nacional), Nuno André Coelho (ex-E.Amadora), Álvaro Pereira (ex-Cluj), Miguel Lopes (ex-Rio Ave) (?) e Stepanov (?) / Fernando, Raul Meireles, Lucho Gonzalez (?), Andrés Madrid (?), Tomás Costa e Guarin / Hulk, Lisandro Lopez (?), Cristian Rodriguez, Mariano Gonzalez, Farias, Silvestre Varela (ex-E.Amadora) e Orlando Sá (ex-Sp.Braga).

PONTOS FORTES: Deverá manter a sua estrutura base praticamente inalterada; reforços de qualidade e identificados com o futebol português; enorme capacidade físico-atlética; se mantiver Bruno Alves, Lucho e Lisandro, dificilmente deixará escapar novo título.
PONTOS FRACOS: Se não sair ninguém, não vejo qualquer fragilidade neste plantel; se saír Bruno Alves, o centro da defesa pode demorar a recompor-se; caso saia Lucho, toda a equipa se ressentirá (Lisandro parece ser o mais facilmente substituível).


SPORTING
PLANTEL: Rui Patrício, Tiago e Ricardo Baptista / Abel, Anderson Polga, Tonel (?), Grimi, Pedro Silva, Marco Caneira, Carriço e André Marques (ex-V.Setúbal) / Fábio Rochemback, João Moutinho, Izmailov, Vukcevic, Miguel Veloso (?), Matias Fernandez (ex-Villarreal), Adrien Silva e Pereirinha / Liedson, Hélder Postiga, Yannick Djaló e Carlos Saleiro (ex-Académica).

PONTOS FORTES: Mantém a estrutura, tem já o plantel praticamente definido e com pouquíssimas alterações; creio que Matias Fernandez é mesmo craque; a equipa está mais experiente; Liedson é, ele próprio, um ponto forte.
PONTOS FRACOS: Falta ainda um avançado, mas no geral não parece ter dado ainda aquele passo que o pudesse aproximar da força competitiva dos dragões.


BENFICA
PLANTEL: Quim e Moreira / Maxi Pereira, Luisão (?), Sidnei, Shaffer (ex-Racing Avallaneda), Patric (ex-São Caetano), David Luíz, Miguel Vítor, Sepsi (ex-Santander)(?) e Jorge Ribeiro / Hassan Yebda, Ruben Amorim, Ramires (ex-Cruzeiro), Pablo Aimar, Carlos Martins, Balboa (?), Urretavizcaya, Ruben Lima (ex-Desp.Aves) (?) e Fellipe Bastos (?) / Óscar Cardozo (?), Nuno Gomes (?), Pedro Mantorras, Angel Di Maria (?), Fábio Coentrão (ex-Rio Ave) (?) e Marcel (ex-Vissel Kobe) (?).

PONTOS FORTES: Se não vender mais ninguém (já sairam Katsouranis, Suazo e provavelmente Reyes), conseguirá manter a espinha dorsal da equipa do ano passado, coisa que não aconteceu no passado recente do clube; Ramires é mesmo reforço; acredito que possa ter resolvido o problema das laterais.
PONTOS FRACOS: É mais uma vez aquele que parte com mais indefinições; é também o único que mudou de treinador e, provavelmente, de modelo de jogo; falta mais um avançado; não está resolvido o défice atlético face aos portistas; não vejo condições (nomeadamente financeiras, o que passaria pela manutenção de todos os jogadores, e mais duas aquisições) para formar uma equipa, no imediato, ao nível da do F.C.Porto.

QUINZE MOTIVOS PARA VOTAR VIEIRA

1 – Pegou num clube descaracterizado e feito em cacos por Damásio e Vale e Azevedo, dando-lhe credibilidade e força institucional.

2 – Profissionalizou a gestão, consolidou e equilibrou as contas, alcançando resultados positivos nos últimos dois exercícios.

3 - Impulsionou o marketing do clube, lançando iniciativas comerciais pioneiras que chegaram a colocar o Benfica no top-20 mundial dos clubes com maiores receitas.

4 – Dotou o Benfica de infra-estruturas de ponta, construindo - de forma quase milagrosa - o maior estádio português, o mais moderno centro de estágio, dois excelentes pavilhões e um complexo de piscinas, equipamentos que tem sabido rentabilizar.

5 – Promoveu o associativismo, lançando uma campanha que transformou o Benfica no maior clube do mundo em número de sócios.

6 – Fez crescer o universo benfiquista através de um apoio incessante às Casas do Benfica espalhadas pelo país e pelo mundo.

7 – Dinamizou fortemente a componente comunicacional do clube, edificando a Benfica TV (caso singular no desporto português), criando a revista “Mística” e recuperando o jornal.

8 – Criou a Fundação-Benfica, em mais uma iniciativa inovadora que leva o nome do Benfica a outros sectores de actividade.

9 – Lutou sozinho pela verdade desportiva no futebol português, denunciando corajosamente práticas e hábitos de compadrio e corrupção.

10 – Fez do Benfica um dos clubes mais eclécticos da Europa, promovendo a prática de dezenas de modalidades. Dotou-as de forte competitividade, enchendo os pavilhões, e fazendo deles locais de culto e fervor benfiquista.

11 - Apostou fortemente na Formação, fazendo o clube regressar aos títulos nas camadas jovens. O Benfica voltou, muitos anos depois, a ter jogadores na equipa principal formados na casa (ex: Miguel Vítor).

12 – Concretizou um projecto olímpico que valeu três medalhas em Pequim, vários títulos europeus e mundiais (Nelson Évora, Vanessa Fernandes e Telma Monteiro) e, seguramente, bastantes receitas publicitárias.

13 – Representa a segurança de um modelo institucional associativo, em que a maioria do capital da SAD nunca sairá das mãos dos sócios.

14 – É quem dá garantias de protecção dos interesses do clube na renegociação dos direitos televisivos, aspecto que pode marcar uma nova era no desporto português.

15 – Nos seus seis anos de mandato, o Benfica foi campeão nacional de Futebol (após 11 anos de jejum), conquistou a Taça de Portugal (após 8 anos), a Supertaça (após 16 anos) e a Taça da Liga, além de chegar aos quartos-de-final da Liga dos Campeões e da Taça Uefa; foi campeão de Basquetebol (após 14 anos de jejum), Andebol (após 18 anos), Futsal (nunca tinha sido) e Voleibol (após 13 anos); e no futebol jovem foi campeão de Juniores, Juvenis (após 7 anos) e Iniciados (após 20 anos). Conquistou ainda 3 Taças de Portugal e 3 Supertaças de Futsal, 3 Taças de Portugal de Voleibol e 2 Taças da Liga de Andebol, para além de inúmeros títulos nos sectores feminino e juvenil de todas as modalidades. Neste fim-de-semana pode ainda conquistar mais 3 troféus (Futebol Junior, Futsal e Taça de Andebol).

LIGA EUROPA

Fazendo uma pequena pausa no tema dominante (eleições), importa lembrar que ontem começou formalmente a nova Liga Europa, com o sorteio das primeiras pré-eliminatórias.
O Paços de Ferreira irá jogar contra moldavos ou cazaques, parecendo assim ter algumas chances de seguir em frente. O Benfica entrará em campo apenas no play-off, onde poderá ter por diante um dos seguintes possíveis adversários:
Alguns destes nomes terão de confirmar a sua presença ultrapassando as eliminatórias prévias, mas o panorama geral não deverá fugir muito disto.
Como se percebe, será totalmente diferente jogar com o Aktobe do Cazaquistão ou com o Génova de Itália que, ao contrário do Benfica, não deverá ser cabeça-de-série.
O sorteio tem lugar no dia 7 de Agosto, e os jogos disputar-se-ão a 20 e 27 do mesmo mês.

PS: Uma das declarações que mais me agradou na apresentação de Jorge Jesus foi a de que tinha por objectivo chegar à final desta competição. Trata-se de algo que depende muito da sorte, mas também do grau de empenho que se depositar na prova, pelo que a frase é importante.
Também eu, cuja paixão pelas provas europeias é conhecida dos leitores, já sonho com uma viagem a Hamburgo...

ERREI

Disse aqui, antes mesmo da decisão ser tomada, que não concordava com a antecipação das eleições.
Penitencio-me.
Pelo que se vai vendo, lendo e sabendo, talvez tenhamos de agradecer a Luís Filipe Vieira por uma segunda salvação do Benfica.

ASSUSTADOR...MAS NÃO SURPREENDENTE

"Entre 1580 e 1640, o reino de Portugal foi dirigido pela dinastia dos Felipes, ao mesmo tempo reis de Espanha. Quase cinco séculos volvidos, do lado de lá da fronteira o alvo não foi o comércio das especiarias nem a criação da Invencível Armada, mas a entrada, pela porta dos fundos, no Sport Lisboa e Benfica.
Agora que a poeira vai assentando começam a ficar mais nítidos os contornos que estiveram por de trás do aparecimento de José Eduardo Moniz como candidato à presidência do Benfica. Fontes altamente colocadas no clube da Luz contaram a A BOLA pormenores de uma operação bem gizada, que apenas não se concretizou por não ter sido reunido, em tempo útil, o dinheiro pedido pelo Grupo Prisa, detentor de parte do capital da Mediacapital/TVI, para vender as acções que detém, avaliadas em 500 milhões de euros.
A Prisa, grupo de comunicação espanhol com ligações ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) tem atravessado grandes dificuldades em virtude da crise mundial, facto que a levou a ver com bons olhos a alienação de parte importante da TVI. A Prisa em processo de fusão consumado com a Mediapro, outra entidade espanhola com interesses particulares nos direitos dos jogos de futebol, está a criar uma empresa mais dinâmica e vocacionada para este rentável nicho de mercado.
Há uns meses, a Prisa, numa fase aguda de dificuldades, aceitou vender por um valor ligeiramente mais baixo as acções avaliadas em 500 milhões de euros à Cofina, um dos principais grupos de media portugueses. A Cofina (que viu chumbada a sua pretensão de deter um «quinto canal»), para proceder a esta operação pediu um financiamento no valor total à Caixa Geral de Depósitos (CGD), que viria a chumbá-lo. Mais recentemente, a CGD fixou em 200 milhões de euros a verba com que estava disposta a financiar a operação da Cofina. Perante este cenário, esteve em cima da mesa a possibilidade do restante dinheiro ser suportado quer pela Prisa (ficando assim a Cofina com uma participação menor) e uma outra empresa nacional com interesses televisivos, que não a Olivedesportos.
Perante a possibilidade de José Eduardo Moniz vir a ser presidente do Benfica neste quadro, tornar-se-ia muito fácil à TVI adquirir os direitos televisivos dos jogos do Benfica, vendidos à Olivedesportos, até 2013, pela irrisória quantia de oito milhões de euros/época.
Desta forma, ao mesmo tempo que a Cofina ficava numa posição de força na TVI, a nova empresa Prisa/Mediapro poderia tomar conta da marca-Benfica, a mais cobiçada, em Portugal.
Aliás, a mesma fonte do Benfica que colocou A BOLA a par destes desenvolvimentos que a direcção encarnada vinha a monitorizar há algum tempo, revelou que o boss da Cofina, eng. Paulo Fernandes, através da Tvtel, que detém, fez uma proposta de exploração, antes do arranque da Benfica TV, pela qual pagaria aos encarnados um milhão de euros líquidos por ano. O Benfica recusou esta possibilidade e aí se encontra a explicação, segundo a mesma fonte, para o facto de Luís Filipe Vieira não ter falado nos jornais mais representativos do grupo (Correio da Manhã e Record) e ter referido expressamente o nome do eng. Paulo Fernandes, quando revelou alguns ataques que o Benfica estaria a sofrer e uma perseguição pessoal que lhe estava a ser feita.
Assim, e para encerrar este capítulo, fontes benfiquistas não têm dúvidas em afirmar que o clube esteve em risco de ser «tomado de assalto» pelos espanhóis, desejosos de deitar mão aos direitos televisivos do Benfica, o que viria alterar o panorama das tv’s nacionais, com prejuízo da RTP, da SIC e da SportTv.
A SAD DO BENFICA
Paralelamente a este objectivo referente aos direitos televisivos, havia outro, segundo as mesmas fontes, de ordem desportiva. Podia ser feito por duas vias, partindo sempre do princípio de que o Benfica, ao contrário do que actualmente sucede, passaria a estar disposto a alienar a maioria que detém na SAD.
Assim se explicariam os contactos feitos por José Veiga (que ficaria com o futebol) junto de um grupo asiático com ligação indirecta a Stanley Ho e de um outro grupo angolano. Seria, no fundo, abrir a ‘privatização’ ao futebol do Benfica, colocando–o nas mãos de investidores puros e duros e retirando-o de todo e qualquer controlo dos sócios.
Caso as eleições fossem em Outubro, esta estratégia teria pernas para andar, mais a mais se fosse complementada com uma acção concertada de desgaste da Direcção, junto dos sócios, até esse momento, muito fácil de fazer — tocando nos pontos certos e catequizando cirurgicamente alguns elementos… — mais a mais se os resultados desportivos não fossem satisfatórios.
PROCESSO EM MARCHA
Porém, apesar do anúncio de José Eduardo Moniz de sair de cena, não se pense que este é um processo acabado. Há uma providência cautelar colocada (de um alegado apoiante de Bruno Carvalho que, entretanto, diz não saber de quem se trata nem estar interessado em que as eleições sejam adiadas) em tribunal pedindo o adiamento do acto eleitoral para Outubro.
Neste momento algumas coisas parecem absolutamente claras:
a) A enorme apetência pelos direitos televisivos do Benfica;
b ) a vontade da Cofina entrar na TVI;
c ) o interesse no negócio da Prisa/Mediapro;
d ) um projecto bem articulado, que entregaria a marca Benfica maioritariamente aos espanhóis e possibilitaria a venda da SAD a investidores externos.
As fontes contactadas por A BOLA garantem que, apesar de todo este esclarecimento, susceptível de explicar aos sócios o que realmente se terá passado, ainda há mais pormenores que poderão, em breve vir a lume."
José Manuel Delgado em "A Bola" de hoje

FESTA ADIADA

Nem a presença de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus nas bancadas inspirou os jovens benfiquistas para uma vitória que valeria o título nacional de Juniores.
Quem assistiu ao jogo perceberá facilmente que o Benfica perdeu uma hipótese soberana para selar a sua conquista, frente a um F.C.Porto muito modesto, no qual só o guarda-redes Ruca deixou nota de saliência. O Benfica dominou toda a partida, atirou duas bolas aos ferros, proporcionou belas defesas a Ruca, e só por manifesta infelicidade não arrecadou os três pontos.
E a crueldade do futebol chegou mesmo a ameaçar uma derrota, quando, a um minuto do fim, com o Benfica totalmente balanceado para a frente, o F.C.Porto se adiantou na transformação de uma grande penalidade. Roderick empataria no lance seguinte, e Yartey (na foto) ainda teve nos pés a possibilidade da reviravolta, mas o 1-1 permaneceu até ao último apito do árbitro.
Curiosamente, a cinco minutos do final, com o resultado em branco, chegaram notícias do empate que também se registava em Alcochete entre Sporting e V.Guimarães. Dois empates davam o título ao Benfica, mas o Sporting marcou pouco depois, obrigando novamente os encarnados a chegar ao golo.
Com estes resultados, o Sporting-Benfica do próximo sábado decidirá o título. Aos comandados de João Alves basta um empate.

VENCER E VENCER!

Enquanto a actualidade vai sendo dominada pelas eleições, o Benfica continua em campo a disputar e a vencer títulos.
Esta época, para além da Taça da Liga de Futebol, o clube da Luz já se sagrou campeão nacional de Basquetebol e de Judo, venceu a Taça de Portugal de Futsal e a Taça da Liga de Andebol; conquistou todos os troféus de Raguebi Feminino (campeonato, taça e supertaça); e, por intermédio de Telma Monteiro, ganhou um título europeu e duas Taças do Mundo.
No âmbito das camadas jovens de futebol esta pode mesmo vir a tornar-se uma temporada histórica para o Benfica.
Os encarnados são já campeões nacionais em Iniciados, e também campeões distritais de Escolas e Infantis (não existem provas nacionais nestas categorias). Amanhã na Luz (17.00h, Benfica TV), caso batam o F.C.Porto, podem selar o título nacional de Juniores a uma jornada do fim. Desde 1989 que o Benfica não conquista duas competições nacionais de jovens na mesma época, pelo que a performance actual, aconteça o que acontecer, será sempre digna de nota.
Esta será também a oportunidade para rever alguns dos talentos que se têm revelado ultimamente no Seixal - e desta equipa creio que o médio Leandro Pimenta será provavelmente o caso mais sério.
Pouco depois, pelas 19.00h (SIC Radical), inicia-se, mesmo ao lado, a final de Futsal frente ao Belenenses, que pode ser o ponto de partida para a conquista do tri-campeonato. O Belenenses é vice-campeão nacional, finalista da Taça e tem sido a equipa que ultimamente mais luta tem dado o super-Benfica. Prevê-se por isso um jogo equilibrado e emotivo, com o pavilhão completamente cheio.
Um sábado cheio de mística, a não perder. Pela minha parte conto estar presente em ambos os jogos.

SURPRESA, OU TALVEZ NÃO

Eis o Ranking dos jogadores mais valiosos do futebol português elaborado pela Frontier Economics:
1. Óscar Cardozo (Benfica) 22 milhões de euros
2. Bruno Alves (FC Porto) 18 milhões
3. Lucho González (FC Porto) 17 milhões
4. João Moutinho (Sporting) 17 milhões
5. Lisandro López (FC Porto) 16 milhões
6. Di Maria (Benfica) 16 milhões
7. Hulk (FC Porto) 16 milhões
8. Luisão (Benfica) 15 milhões

ESFUMOU-SE...

Quando vi José Eduardo Moniz de ar sorridente e gravata vermelha, iniciando uma conferência de imprensa convocada especificamente para o efeito, pensei que o anúncio da sua candidatura seria um facto daí a breves instantes.
Já imaginava a Prisa a manter-lhe o principesco salário que aufere na TVI, de modo a que, mais tarde, a negociação dos direitos televisivos do Benfica pudesse favorecer o grupo espanhol, que assim recuperaria o investimento. Enfim, ideias que me vêm à cabeça…
Após um discurso extremamente crítico, após uma afirmação de um benfiquismo que poucos lhe conheciam (diz-se que deixou de pagar quotas durante um tempo, recuperando depois o número fruto de alguma benevolência administrativa), o director da TVI acabou no entanto, de forma algo surpreendente, por recuar, deixando o “Movimento Vencer, Vencer” (do qual, aliás, pareceu procurar distanciar-se) totalmente esvaziado.
O que pretendeu Moniz com este número? Não sei. Talvez posicionar-se para 2012, talvez outra coisa qualquer. O que me parece é que para recusar a hipótese de candidatura bastaria um simples comunicado. E não precisava de enunciar ameaças, que são certamente actos isolados, que até eu já sofri, e cujo significado não pode se valorizado.
Da noite de ontem resulta que a oposição a Luís Filipe Vieira irá ficar, muito provavelmente, entregue a Bruno Carvalho. Se este não desistir entretanto…

PS1: A retirada de Manuel Vilarinho dos órgãos sociais do Benfica era algo que se impunha depois da sua fantasmagórica prestação televisiva. Com Luís Nazaré o Benfica terá um presidente da Assembleia-Geral seguramente capaz de saber interpretar o sentimento da maioria dos sócios.
PS2: A saída de Braz Frade (desconhecendo eu os motivos) também me satisfaz, pois independentemente das suas qualidades profissionais, foi ao lado de João Vale e Azevedo que o vi pela primeira vez.

MILHÕES A VOAR...

CONVICÇÃO

"Vou ser campeão nesta casa!"

A carreira de Jesus
Nada de equívocos. A foto a azul e branco tem uma águia ao peito, data de 1979 e a camisola é a do Juventude de Évora.

APROVADO COM DISTINÇÃO

A notável entrevista de Luís Filipe Vieira ao “Trio d’Ataque” foi o golpe de misericórdia numa oposição que não chegou ainda verdadeiramente a encontrar-se enquanto tal.
No seu estilo simples mas escorreito, respondeu, uma por uma, a todas as questões mais melindrosas, e deixou uma imagem de grande segurança no projecto que tem em mãos.
Tivesse explicado cabalmente a venda de Simão – coisa não fez essencialmente por culpas do moderador - e teria sido uma prestação perfeita, naquela que foi uma das suas entrevistas televisivas mais conseguidas de sempre.
Vieira tem algo que ninguém mais no actual Benfica pode ostentar: obra feita. E contra isso há poucos argumentos que resistam. Enquanto outros se limitam a falar dos golos que não entram, ele mostra infra-estruturas de ponta, credibilidade institucional, estabilidade financeira, eclectismo, formação, comunicação, associativismo, vitalidade e esperança no futuro.
Não vão ser “nove a um” porque os resultados do futebol pesam muito na insatisfação de alguns sócios. Mas, à medida que a rama assenta e se percebe tudo o que está em causa, o Presidente do Benfica vai avançando tranquilamente para um novo mandato.

MUITA PARRA, POUCA UVA

O movimento “Benfica, Vencer, Vencer” apresentou-se ontem formalmente ao grande público.
O nome é bonito e a estratégia de comunicação também não está a ser má (tenho recebido mails todos os dias). Falta-lhe tudo o resto.
Criado há mais de um mês, na sombra de José Veiga – que se suspeita seria o seu candidato presidencial caso as eleições não tivessem sido antecipadas -, de todas as suas intervenções na comunicação social não saiu uma ideia, uma proposta, um projecto, uma simples sugestão. Tem-se limitado a criticar o futebol encarnado, apontando-lhe alguns dos seus problemas, coisa que qualquer adepto faz numa mesa de café, e a dizer que quer ganhar, como também penso ser comum a todos os apaniguados de todos os clubes do mundo. Mas tem servido também como uma espécie de albergue espanhol para os deserdados do vieirismo (Fernando Tavares, Vítor Santos, João Carvalho e o próprio Veiga, entre outros), e de palco para o ressurgimento de sinistras figuras da era damasiana (Manuel Damásio é, ele mesmo, uma das caras do movimento, o que de pronto o descredibiliza) e mesmo valeeazevedista (por exemplo, Vasco Pinto Leite).
O rosto escolhido (Rui Rangel) foi o de alguém de poucas simpatias, e que nem sequer tinha por benfiquista. Sobre outro dos promotores do movimento (Varandas Fernandes, de quem nunca tinha ouvido falar) ficámos ontem a saber ter sido recentemente descartado da Fundação Benfica, a qual tencionava dirigir. Como flores na lapela, aparecem também algumas figuras da história do futebol do Benfica, como José Augusto, que muito respeito mas não esqueço ter apoiado Vale e Azevedo; António Veloso que foi dispensado do Benfica por Vieira e provavelmente ainda não lhe perdoou; Carlos Mozer que foi adjunto na era Vale, sendo depois também dispensado; ou Artur Correia, que me só me recordo de ver jogar no...Sporting. Para completar o ramalhete, não poderiam faltar aqueles tradicionais críticos em permanência, desta e de todas as direcções, que não sei porque se julgam notáveis, e no fundo apenas parecem pretender tempo de antena – o maior exemplo é certamente o eterno Jaime Antunes.
Quando estamos a 16 dias do acto eleitoral é já um dado adquirido que deste movimento não irá sair nada de jeito. Tudo soa a vinganças pessoais, ajustes de contas, e críticas populistas, no meio de algumas boas intenções inconsequentes.
São benfiquistas? A maior parte são.
São bem intencionados? Alguns serão, outros nem por isso.
Mostram condições para resolver os problemas do Benfica? Manifestamente não!

PS: Bruno Carvalho tem 5 anos de sócio, José Veiga tem 4, Varandas Fernandes tem 7.
Tenho 39 anos de idade e 23 de sócio (eu mesmo decidi associar-me, assim que o pude fazer). Choca-me ver estes novos benfiquistas - a quem ainda falta, como diria o outro, comer muita papa Maizena - pretenderem já apresentar-se como putativos candidatos à presidência do clube.
Seria interessante que, assim que houvesse oportunidade, os estatutos pudessem ser alterados no sentido de aumentar para dez anos o tempo mínimo para alguém se candidatar.

NOVIDADE (2)

A única dúvida que subsistia acerca da transferência de Jorge Jesus para o Benfica era o momento em que a mesma se concretizaria. Parece que vai ser hoje.
Jesus não é um técnico que me entusiasme particularmente (ao contrário de muita gente, acho que a sua prestação no Sp.Braga esteve longe de ser brilhante), mas a contratação de um português identificado com as particularidades do nosso campeonato é sem dúvida um bom princípio. E olhando em redor, não há efectivamente muitos técnicos portugueses disponíveis com condições para orientar o Benfica. Jorge Jesus tem também a vantagem de ser (pelo menos por agora) relativamente consensual, o que não é despiciendo num clube com tão grande mediatismo.
A partir de agora, este será o “meu” treinador. Mas é bom que os benfiquistas estejam preparados para as dificuldades que Jesus vai enfrentar, diante de uma estrutura de futebol que ainda revela muitas carências. É bom também que saibam aligeirar a pressão em torno da equipa, partindo do princípio que muito dificilmente o clube da Luz poderá ser campeão já em 2009-10.
F.C.Porto e Sporting vão manter os treinadores, vão manter a estrutura base do plantel, e, sobretudo os dragões, têm revelado grande superioridade sobre o Benfica nos últimos anos. Como não acredito em milagres, não me parece possível – mais a mais sem dinheiro - inverter essa tendência de um ano para outro, pois nenhum dos rivais ficará à espera de ser ultrapassado.
A minha expectativa é pois que Jesus, e o plantel que vai ter à disposição, trabalhem com tranquilidade e permitam ao Benfica, primeiro aproximar-se dos rivais, e numa fase posterior (dois anos? três anos?) lançar-se então para o título. Espero sobretudo ver aquilo que se não viu com Quique Flores: uma equipa a crescer e a melhorar competitivamente.Exigir mais do que isto será enterrar mais um treinador no já denso cemitério da Luz.

NOVIDADE (1)

Luís Filipe Vieira anunciou ontem a sua recandidatura à presidência do Benfica. Não se esperava outra coisa, sobretudo a partir do momento em que as eleições foram antecipadas em nome da estabilidade.
Daqui até ao dia 3 de Julho haverá tempo para falar de Vieira, da sua obra, do que ainda se espera dele, e dos seus eventuais adversários. Por agora interessa sobretudo registar o momento, e esperar que outros se cheguem também à frente, mostrando mais do que até aqui.
Para hoje está anunciada a apresentação de uma nova candidatura, promovida pelo movimento “Benfica, Vencer, Vencer”, que todavia – tal como aliás Bruno Carvalho, este já candidato assumido - não apresentou até agora uma única ideia, uma única proposta, uma única alternativa. Identificar problemas qualquer um faz. Resolvê-los, ou pelo menos apresentar ideias para o fazer, não é tão fácil.
Para já estas eleições parecem não ter muito que contar.

A SEMANA QUE PASSOU

Após pouco mais de uma semana de ausência, VEDETA DA BOLA volta hoje ao seu convívio.
Muita coisa se passou entretanto no mundo do futebol, pelo que, antes de partir para a actualidade, há que fazer referência aos principais casos da semana finda. A saber: eleições antecipadas no Benfica, declarações de Manuel Vilarinho e, fora da órbita benfiquista, a transferência recorde de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid.
Comecemos pelo princípio.

ANTECIPAÇÃO DE ELEIÇÕES

Já aqui havia expressado a minha opinião sobre a antecipação das eleições, antes de tal se tornar uma realidade.
Embora mantenha tudo o que disse – alertando inclusivamente para as interpretações que poderiam ser feitas em redor do caso, coisa que está já a acontecer -, devo reconhecer que também existem bons argumentos para esta tomada de posição.
Dada a clivagem existente no seio do clube, seria efectivamente muito mau entrar na nova época com esta situação por resolver, com a direcção sob críticas violentas e constantes, com – sabe-se lá – benfiquistas a torcerem pelas derrotas do próprio clube, num mar de instabilidade total e absoluta. Se fosse eu a decidir, tinha, mesmo assim, mantido a data. Mas aceito e respeito os propósitos de quem optou por esta via.
Veiga fica de fora? Azar. Fosse sócio desde a adolescência como eu, e não teria qualquer problema em candidatar-se.

DECLARAÇÕES DE MANUEL VILARINHO

Custei a adormecer naquela segunda-feira, e ainda hoje, passada mais de uma semana, tenho dificuldade em acreditar no que ouvi.
Uma das mais altas figuras do clube, representante máximo de todos os sócios, disse num programa de televisão que “está farto de benfiquistas”, que “benfiquistas são ele e mais dez ou vinte”, que o título de Basquetebol “não lhe diz nada” e que as modalidades são “um sorvedouro de dinheiro”. Não foi numa conversa de café perante amigos, foi na televisão. Não foi um qualquer sócio do Benfica, foi o Presidente da Assembleia-Geral. Assim sendo, estas palavras, pela sua desfaçatez, pela sua irresponsabilidade, não têm perdão possível.
É verdade que o Benfica deve muito a Manuel Vilarinho – tal como ele deve ao Benfica, sem o qual não passaria de um cidadão anónimo. Mas nem a Eusébio eu admitiria o direito de insultar, ofender e magoar os benfiquistas, acima dos quais ninguém no clube se pode pretender colocar.
Como Vilarinho não me conhece de lado algum, certamente não serei um dos “dez ou vinte” que ele considera. Não deixo todavia de lembrar que as modalidades consomem pouco mais de 10% do orçamento do futebol, são âncoras de um benfiquismo carente de títulos, constituem hoje o maior motivo de orgulho do Benfica, e fazem parte integrante da história e da cultura do clube, que infelizmente Vilarinho parece desconhecer e desprezar. Tratá-las como ele as tratou é ultrajante e ofensivo para todos os que, como eu, pertencentes aos “dez ou vinte” ou não, vibram e sofrem, semana a semana, com os jogos e os resultados de todos os estádios, pistas ou pavilhões onde esteja uma camisola do Benfica.
Já que, até agora, o próprio ainda não teve uma palavra de arrependimento, resta a Luís Filipe Vieira deixar a amizade de lado e retirar o nome do ex-presidente da sua lista eleitoral.

TRANSFERÊNCIA DE CRISTIANO RONALDO

Esta foi a notícia desportiva da semana, em Portugal e no Mundo.
Seria redundante dizer que os valores envolvidos são exagerados – ainda que a mim em particular me choque mais o salário do presidente da EDP, empresa monopolista que poderia ser gerida por dezenas de outros gestores com os mesmos resultados -, que nada justifica um só homem, mesmo tratando-se de um artista singular, valer tanto dinheiro, e que os 94 milhões da transferência poderiam ser utilizados de forma muito mais interessante. Ficar-me-ei por aquilo que Cristiano Ronaldo é hoje, e aquilo que pode ser (ou não) no futuro.
De há sensivelmente um ano para cá, o madeirense não tem passado de um jogador vulgar, à semelhança de outros 20 ou 30 espalhados pelos campeonatos de Inglaterra, Itália e Espanha (só no Barcelona há uns 3 ou 4). Conquistou o prémio da FIFA pelo que fizera na época anterior (essa sim, de altíssimo nível), mas as suas últimas prestações, há que o dizer, têm ficado longe, muito longe, de um jogador que dizem ser o “melhor do mundo”. E nem falo do que (não) tem feito na selecção, onde desde o Euro 2008 não marca um só golo.
Cristiano Ronaldo tem um talento incomum. Tem também condições físico-atléticas de excepção. Estes dois vectores, conjugados com a ambição e a vontade de vencer, poderiam fazer dele um nome para a eternidade do futebol, onde poderia figurar ao lado de Cruyff, de Eusébio ou Di Stéfano. Mas é justamente na ambição e na vontade de vencer que a sua carreira parece estar a esbarrar.
As suas milionárias férias americanas são o espelho daquilo em que Ronaldo se está a tornar: uma pop-star, que se comporta como quem já não precisa do futebol para nada. E Madrid não o irá ajudar muito a inflectir um caminho que, uma vez iniciado, raramente tem retorno.
Quem sou eu para atirar pedras a um jovem de 24 anos, que tem tudo quanto quer, e é livre de escolher a forma de vida que mais prazer lhe dá. Enquanto adepto do futebol, lamento todavia que Ronaldo, em vez de procurar entrar para a história como um dos melhores de sempre na sua actividade, em vez se concentrar nesse objectivo e trabalhar arduamente para ele, em vez de recriar e buscar novos objectivos competitivos, e depois, uma vez terminada a carreira, viver então todos os prazeres do dinheiro ganho, queira desistir já, aos 24 anos, de uma história e de uma carreira que, temo bem, poderá ficar aquém das suas reais possibilidades.
À semelhança de Beckham, Ronaldo (“Fenómeno”), Ronaldinho e outros, Cristiano Ronaldo, a prosseguir neste caminho, pode até vir a ganhar muito mais dinheiro, poderá viver rodeado de luxos e opulências o resto da sua vida, mas não creio que volte ao nível que exibiu há dois anos, nem volte a ser “Bola de Ouro” de coisa nenhuma. Ficará provavelmente por saber, como em muitos outros casos, até onde poderia ele ter chegado. É pena.

ATÉ JÁ !

Aproveitando os feriados, VEDETA DA BOLA vai estar uns dias ausente do convívio dos leitores.
O regresso está marcado para dia 16.
Até já !

LUZ AO FUNDO DO TÚNEL

Um golo providencial de Bruno Alves, já no período de descontos, permite a Portugal continuar a alimentar o sonho de marcar presença no Mundial da África do Sul.
Até esse momento, a exibição da equipa nacional não foi nem pior nem melhor que as dos jogos anteriores (sobretudo após a partida de Alvalade com a Dinamarca). A mesma falta de chama, a mesma tristeza em campo, o mesmo sentimento de impotência. Desta vez a sorte acabou por sorrir, mas as indicações para o futuro próximo estão longe de ser estimulantes.
Carlos Queiroz decidiu surpreender, uma vez mais, lançando Luís Boa Morte – jogador que andava já há muito afastado, mas que reapareceu no melhor sítio: a festa de comemoração do tetra portista -, e deixando Simão Sabrosa no banco. É claro que, como quase todas as outras invenções criativas do professor, esta ideia não funcionou. A exibição de Boa Morte foi sofrível, e só com a entrada de Simão Portugal melhorou um pouco.
Em toda a primeira parte foram poucas as vezes em que a equipa portuguesa se conseguiu soltar das amarras da sua clara crise de identidade e confiança. O golo albanês, minutos depois do de Hugo Almeida, contribuiu ainda mais para esse défice, e chegou a temer-se o pior.
A segunda parte foi de maior luta, de mais vontade, mas também de pouca inspiração. O resultado parecia caminhar para um decepcionante empate, que comprometia fortemente as aspirações portuguesas, até que o golo de Bruno Alves salvou os pontos, as esperanças e, quem sabe, a própria cabeça de Carlos Queiroz.
A selecção vai ter agora um Verão um pouco mais tranquilo. Depois será o tudo ou nada.
Que a sorte a continue a acompanhar, tal como hoje aconteceu em Tirana.

CAMPEÕES !

14 anos depois o Benfica voltou a sagrar-se campeão nacional de Basquetebol.
43 jogos, 40 vitórias, foi este o impressionante percurso dos homens de Henrique Vieira, que na final do play-off aplicaram um inédito 4-0 à Ovarense, anterior campeã.
Venha o Futsal e o Futebol Jovem (onde os encarnados comandam destacados duas das três classificações). Sem esquecer as Taças de Portugal de Andebol e Hóquei.

DANÇAS COM LOBOS

Ouve-se, lê-se e não se acredita.
Como é possível que o desespero benfiquista chegue ao ponto de sequer pensar na hipótese de uma figura como José Veiga vir alguma vez a presidir ao clube.
Aparentemente é mesmo disso que se trata, e não, como seria natural, de uma candidatura presidencial de um qualquer benfiquista apostar em Veiga para, enquanto profissional (e só isso), exercer as funções de director desportivo. O que parece é que é mesmo o próprio Veiga a pretender avançar para a cadeira presidencial, perante os aplausos de benfiquistas de memória curta e tolerância longa (dispostos a trocar a história do Benfica por um prato de tremoços), e perante a estupefacção de todos os que, como eu, amam demais o Benfica para o entregar nas mãos do acaso, dos interesses privados e da aventura.
É importante perceber quem é António José da Silva Veiga, e o que pretende ele do Benfica.
O ex-empresário é um portista (embora há cinco anos se tenha feito sócio do Benfica à pressa), foi presidente da Casa do F.C.Porto no Luxemburgo, e rezam as crónicas que terá festejado com champanhe a derrota do Benfica na final de Viena com o Milan em 1990. Regressou a Portugal pelas mãos de Joaquim Oliveira e Pinto da Costa, e através deles entrou no mundo do futebol profissional como empresário de jogadores, trabalhando desde sempre com o filho do presidente portista, Alexandre Pinto da Costa. Tirou Paulo Sousa do Benfica (como mais tarde roubaria Luís Figo ao Barcelona), levou Jardel e João Pinto para o Sporting, mas foi com (e para) o F.C.Porto que fez os principais negócios no nosso país.
Uma birra causada pelo pagamento (ou falta dele) de uma comissão relacionada com a transferência de Zahovic do F.C.Porto para o Olympiacos, fez esfriar a sua relação com Jorge Nuno Pinto da Costa (zanga sempre mal explicada), e o Benfica foi o instrumento de que ele se serviu para a vingança.
Ajudou Luís Filipe Vieira a contratar Simão Sabrosa, Nuno Gomes, Zahovic, Drulovic entre outros, acabando pouco mais tarde por entrar no clube como director-desportivo. Com Trappatoni foi campeão, numa época totalmente atípica, mas onde ninguém lhe nega os méritos (alguns deles fruto de uma metodologia desprezível face ao historial do Benfica). Granjeou admiração de algumas franjas de benfiquistas, mas devo dizer que, pela minha parte, nunca confiei nele (não lhe compraria um carro em segunda mão), nem na maioria das pessoas (muitas) que pela sua mão vieram para a Luz. Alguns ainda por lá andam.
Como já aqui mostrei, as suas contratações e dispensas vão muito para além da imagem de eficácia que ele soube explorar, com a ajuda de um império mediático-jornalistico que sempre o apoiou. Enquanto exerceu funções, só Miccoli e Karagounis foram contratações consensuais, mesmo essas bastante caras, e de resultados práticos aquém do esperado (sobretudo no caso do grego). Mas o que marca o seu período foram os constantes atritos com jogadores, treinadores e dirigentes, de Tiago a Ricardo Rocha, de Simão Sabrosa a Rui Cunha, de Álvaro Magalhães a José António Camacho, de Luís Filipe Vieira a Rui Costa, de Domingos Soares de Oliveira a Manuel Fernandes. Acabou saindo pela porta pequena, a braços com dívidas ao fisco, processos em tribunal, penhora de bens, e guerras com tudo e todos à sua volta.
O que poderá querer ele do Benfica passados estes anos?
Como se sabe, o contrato com a Olivedesportos termina dentro de aproximadamente três anos. O próximo mandato presidencial vai ser marcado por esse dado, que pode representar um novo tempo para um clube que tem na sua popularidade e nas suas audiências a sua principal força. O montante pago por Joaquim Oliveira ao Benfica está – como se sabe - muito aquém daquele que o mediatismo do clube da Luz justificaria, e se compararmos, de uma forma geral, aquilo que a SportTv lucra com o futebol com o que os clubes portugueses auferem, face ao que se passa nos outros países da Europa, perceberemos as razões para salários em atraso, prejuízos de milhões e toda a ruína generalizada de que a última temporada foi bem exemplo. Obviamente que Joaquim Oliveira não pode perder o Benfica, pois isso significa a perda de parte significativa dos seus lucros com o futebol, pondo inclusivamente em causa a sustentabilidade da Sport Tv. Mas, com a Benfica TV no ar, o risco é real.
José Veiga sempre foi um homem de Oliveira (tal como são alguns dos seus principais apoiantes). Ele seria a cartada ideal para assegurar a continuidade da exploração a que o Benfica tem sido sujeito. Com ele na Luz, a Sport Tv teria o seu império garantido. É esse provavelmente o verdadeiro propósito da sua candidatura, para a qual o Benfica não passará - uma vez mais - de um mero instrumento. Isto na hipótese mais benigna, evitando entrar em teorias de conspiração mais complexas.
E quanto ao Benfica? Apenas interrogações.
Qual o modelo de sustentabilidade financeira que Veiga – um homem a braços com inúmeros problemas na justiça – garantiria para o clube ?
Qual a sua experiência e credibilidade como gestor, face a um grupo empresarial da dimensão do Benfica ?
Qual o seu pensamento para as modalidades - nas quais nunca o vi, aparecendo agora, oportunisticamente, em pré-campanha numa final de Futsal ?
Qual o modelo institucional que ele preconiza, nomeadamente em relação ao capital da SAD ? Seria privatizado ? Vendido a Joaquim Oliveira ?
É nestas questões, e não a contratação de A ou B, ou na vitória V ou N, que os benfiquistas têm que ponderar antes de escolher um presidente.
Luís Filipe Vieira cometeu erros (particularmente no âmbito da gestão desportiva), e eu nunca deixei, nem deixarei, de os denunciar. Não sei sequer se é candidato, nem se aparecerão outros candidatos – e se aparecerem espero que, a bem da democraticidade do clube, sejam fortes e credíveis. Coisa diferente é entregar o clube à aventura, à imagem e semelhança do que muitos milhares de benfiquistas fizeram em 1997, então paradoxalmente face a um discurso anti-olivedesportos (o que são as coisas…).
À primeira caem todos (embora deva fazer saber que nunca, em momento algum, acreditei em Vale e Azevedo, que inclusivamente me fez ir a Assembleias Gerais pela primeira vez na vida, para, em ambientes escaldantes onde se arriscava a própria pele, votar contra todas as loucuras que ele propunha). À segunda só cai quem quer. E é estranho que existam aparentemente tantos "benfiquistas" dispostos a repetir um erro que custou décadas de sofrimento.
Admito que existam diferenças entre Vale e Azevedo (criminoso e condenado) e José Veiga/Joaquim Oliveira (astutos, interesseiros, e substancialmente mais inteligentes). Mas tal como não deixaria dormir um estranho em minha casa, nunca seria capaz de deixar o meu Benfica em tão perigosas mãos.
José Veiga na presidência do Benfica? NUNCA!

SEM FÉ

Não tenho tido vontade de escrever sobre a Selecção Nacional.
O jogo na Albânia é de vida ou de morte, mas francamente, aconteça ou que acontecer, já perdi grande parte da esperança na qualificação. E tenho até dificuldade em reconhecer-me nesta selecção, da qual alguns dos jogadores nem a cara conheço.
Carlos Queiroz transformou uma selecção de nível europeu numa espécie de misto equipa A- equipa B, e em nome de um futuro incerto, hipotecou dramaticamente o presente.
Como não quero criticar mais, vou ficar-me por aqui, na ténue esperança que um milagre ainda possa acontecer. E como eu gostaria de ter um destes dias de engolir as críticas que fiz…

LEÃO A VOTOS

Os mais atentos devem ter estranhado o facto de ainda não me ter referido às eleições do Sporting.
A razão é simples: não tenho muito para dizer.
A vencedor já se conhece há muito tempo (vai ser José Eduardo Bettencourt, um administrador de bancos snob e com cara de jogador de Squash, que assenta como uma luva na cultura do clube), e não são de prever quaisquer mudanças na política institucional e desportiva seguida nos últimos anos em Alvalade.
Paulo Bento, Pedro Barbosa, Miguel Ribeiro Telles e até Liedson, vão continuar. E o Sporting acabará os próximos campeonatos em segundo lugar – se o Benfica continuar a cometer erros primários na sua gestão desportiva, ou em terceiro – se o rival da Luz entrar na linha. Eis a continuidade.

PS: Hoje no Jornal “O Benfica”, escrevo um artigo sobre o… Sporting. As eleições são o pano de fundo para um olhar sobre o que foram os últimos anos do clube de Alvalade, designadamente em relação ao posicionamento institucional que adoptou nas grandes lutas que se travaram. Intitula-se: “Leão Manso”

COM VEIGA SAIRAM:

JOÃO PEREIRA (dispensado)

MIGUEL (rescindiu unilateralmente)

RICARDO ROCHA (vendido ao Tottenham)

GEOVANNI (dispensado)

TIAGO (forçou a saida, incompatibilizado com Veiga)

MANUEL FERNANDES (vendida parte do passe e cedido com direito de opção ao Everton)

UM BENFICA DE CINTO APERTADO

(Clique para aumentar)
Um plantel a pensar no futuro (média de idades de 23 anos), uma diminuição da massa salarial de 28%, e um saldo positivo entre compras e vendas de 27 milhões de euros (resultante essencialmente das vendas de Di Maria e Luisão).
Haveria que admitir a não candidatura ao título na próxima época, sendo esta a semente de um Benfica para os anos seguintes.
A equipa base poderia ser: Quim, Maxi Pereira, Sidnei, David Luiz, Shaffer, Yebda, Ruben Amorim, Ramires, Aimar, Cardozo e (avançado a contratar).
Será que os sócios aceitavam isto ?
A verdade é que, se não aceitarem a bem, terão talvez de aceitar a mal...

AQUISIÇÕES DE VEIGA

AMOREIRINHA


PAULO JORGE

MARCEL


YANNICK

MIGUELITO

PAULO ALMEIDA

MANDUCA


KARADAS

LAURENT ROBERT


EVERSON

ANDRÉ LUÍZ

KARYAKA
MARCO FERREIRA
KIKIN FONSECA
DELIBASIC
CARLITOS