MURRO NO ESTÔMAGO
Os cerca de quarenta anos que levo a ver futebol ensinaram-me uma
máxima, segundo a qual, uma grande equipa pode perder jogos decisivos contra
outra grande equipa, uma grande equipa pode até perder jogos não decisivos
contra equipas menores, mas uma grande equipa jamais poderá perder jogos
decisivos contra equipas que não são da sua igualha. Na Mata Real, o Benfica –
que nas semanas anteriores havia justificado o epíteto de “grande equipa” –
falhou na resposta a essa equação.
As pessoas ligadas directamente futebol (jogadores, treinadores,
dirigentes, etc) encontrarão explicações para este tipo de acontecimento.
Muitas dessas explicações resumem-se à simples e batida frase “é futebol”. Para
o adepto comum, mesmo o mais atento (como, perdoem-me a imodéstia, creio ser o
meu caso), as coisas não são assim tão fáceis de entender. E muito menos de
digerir.
Em Paços de Ferreira, a nossa equipa desperdiçou uma oportunidade
soberana para quase colocar uma pedra sobre este importantíssimo campeonato.
Não o fez, e se as consequências na moral dos jogadores encarnados estão ainda
por aquilatar, já quanto à moral dos principais adversários na luta pelo
título, tenho, neste momento, poucas dúvidas: esta generosa derrota recuperou o
ânimo do FC Porto, e reforçou fortemente o do Sporting.
Dito isto, importa não chorar mais sobre o leite derramado. Importa,
sobretudo, olhar para os próximos jogos com redobrada atenção, e redobrada
vontade de vencer. Continuamos na frente, com uma vantagem ainda considerável,
e não deixámos de ser os principais candidatos ao título.
Este sábado, diante do Boavista, temos nova “final”. É imperioso
vencer, para afastar fantasmas, e repor uma certa ordem na história deste
campeonato. É importante que os adeptos esqueçam rapidamente a frustração da
passada segunda-feira, e voltem a focar-se no apoio a uma equipa que, ainda
assim, continua a realizar uma temporada bastante acima das expectativas
iniciais.
Perdemos uma batalha, mas venceremos a guerra.