DÉFICE DE ORGANIZAÇÃO, CRISE DE ESCLARECIMENTO, AUSTERIDADE ANGUSTIANTE

Perante as derrotas, os analistas tendem normalmente a procurar uma explicação única, uma razão que, em poucas palavras, resuma cada desfecho negativo. As primeiras reacções ao desaire do Benfica em Gelsenkirchen mostraram já uma escolha clara: erros individuais. Terão sido erros individuais, e, por consequência, pontuais, que determinaram este resultado, e complicaram a vida do Benfica na Liga dos Campeões.
Creio que esse discurso é redutor, e não explica o que se passou em campo.
Ainda decorria a primeira parte, e (mesmo cm uma ou outra oportunidade perdida) já eu pensava para com os meus botões que só por milagre o Benfica conseguiria vencer este jogo. Não percebia os generosos comentários televisivos feitos durante esses primeiros quarenta e cinco minutos, nem entendia como a equipa insistia num tipo de futebol que potenciava claramente as características do adversário, oferecendo-lhe aquilo que ele talvez nem fosse capaz de conseguir por si próprio.
Os erros individuais foram, de facto, determinantes, mas o Benfica revelou nesta partida gravíssimos problemas de organização global, e, no meu ponto de vista, também de estratégica de jogo.
Comecemos justamente pelos aspectos estratégicos. Os encarnados entraram no campo do vice-campeão alemão, num jogo importante da Liga dos Campeões, como se estivessem a jogar na Luz com o Paços de Ferreira. Procuraram fixar-se no meio campo contrário sem acautelarem minimamente as transições defensivas. Deixaram partir o jogo, quando – sendo o empate um excelente resultado – o deveriam ter tentado fechar. Eu também gosto de futebol de ataque, e compreendo que uma grande equipa não pode alicerçar o seu jogo no medo. Mas creio, por outro lado, que todas as grandes equipas começam a sê-lo precisamente na segurança com que vestem o seu futebol. O Benfica - que, a quem não soubesse, parecia precisar de recuperar de uma larga desvantagem (um exemplo: para quê tantos homens na frente nos lances de bola parada?) - nunca, nesta partida, se mostrou uma equipa segura. Nunca soube perder a bola, deixando que cada transição ofensiva adversária causasse o pânico perto da baliza de Roberto. Nunca conseguiu controlar os ritmos do jogo, deixando-o transformar-se numa roleta que dificilmente o poderia favorecer. Assim, torna-se relativamente natural que os erros aconteçam, e, pior que isso, que sejam fatais. O primeiro passo para se ser forte é ter-se noção das próprias fraquezas. O Benfica, em Gelsenkirchen, não conseguiu conviver com as suas debilidades, nem pareceu entender as virtudes de um adversário (com talento individual e muito poder atlético) que talvez tenha subestimado.
Há também aspectos organizativos que não estão bem nesta equipa. Os jogos com Hapoel, Sporting e Marítimo deixaram a sensação de que o modelo de jogo da temporada passada estava de volta à eficácia, mas, após esta noite, é de suspeitar que tenha sido apenas a fragilidade desses adversários a iludir a realidade. Se na direita o fantasma de Ramires continua a conviver com a incapacidade de todos os possíveis substitutos darem, por um lado, o apoio de que Javi Garcia necessita, e por outro, conferirem a acutilância ofensiva que o queniano ainda assim garantia, na esquerda, Fábio Coentrão, sendo (desafortunadamente) apenas um, não é suficiente para fechar o corredor, sobretudo quando não tem nas costas um defesa seguro e consistente, como, no plantel, só ele próprio poderia ser. Ruben Amorim talvez representasse, no primeiro caso, uma solução interessante para esta partida. Infelizmente, estava em Lisboa. Quanto ao segundo caso, Jorge Jesus tem de decidir se quer Coentrão como defesa (e aí há que encontrar uma solução para o ataque, que até podia ter sido Urreta), ou como extremo (sendo então urgente a contratação de um lateral já em Dezembro). É que o jovem vila-condense, embora por vezes pareça, nem sempre consegue valer por dois.Deixo para o fim as questões individuais, se bem que algumas delas convirjam em tudo o que já ficou dito. Há, de facto, jogadores em gritante má forma na equipa do Benfica. David Luiz e Javi Garcia, por exemplo, que nem estiveram no Mundial, ainda parecem estar de férias. Saviola tem sido demasiado intermitente, tal como, de resto, Óscar Cardozo. César Peixoto nunca foi muito melhor do que aquilo que mostrou nesta noite: um jogador capaz de disfarçar as insuficiências em jogos de ritmo mais baixo, totalmente contra-indicado para partidas de Liga dos Campeões, ou de grau de exigência mais elevado. Sem Di Maria e Ramires, sobra assim muito pouco da exuberância individual e colectiva da época passada. Só Luisão fez um jogo digno de Liga dos Campeões. Só Carlos Martins o tentou acompanhar.
Não irei criticar a política desportiva seguida no defeso, até porque na altura a elogiei, e gosto de manter alguma coerência. Mas não deixa de ser interessante verificar que o Schalke 04, à semelhança de quase todas as equipas participantes na Liga dos Campeões, investiu fortemente nesta participação, reforçando o seu plantel para uma prova que, directa e indirectamente, proporciona receitas de milhões. A excepção foi o Benfica, que, precisamente em nome dos milhões (neste caso imediatos), vendeu os seus dois melhores jogadores. Este Benfica 2010-11 é, aliás, o paradigma, de como a perda de jogadores fundamentais pode pesar nos alicerces de uma equipa. E tanto que eu falei nesses riscos...
Ainda acredito, contudo, neste plantel, e ainda acredito no apuramento. Há que recuperar rapidamente David Luiz, Javi e Saviola, caso contrário Sidnei, Airton e Jara, ou um, ou dois deles, devem ter a sua oportunidade. Há que trabalhar afincadamente as transições defensivas (fixar Ruben Amorim na direita, pode ser o princípio da solução), sem as quais a equipa não pode atacar com segurança e eficácia, sobretudo diante de adversários mais cínicos. Há que recuperar o 4-3-3 como sistema alternativo para algumas partidas, ou, pelo menos, alguns momentos de jogo. Só não há é tempo para nada. Já no domingo, provavelmente sem Cardozo (um azar nunca vem só), o Benfica volta a jogar a vida no campeonato.
Quanto à Champions, será agora imprescindível pontuar com o Lyon. Um empate na Alemanha teria sido um passo determinante. O Benfica não o soube dar.
O árbitro esteve ao nível do jogo: fraquinho.
Uma nota final para o ambiente. Mesmo com a equipa em penúltimo lugar no seu campeonato, os adeptos encheram o estádio e não regatearam um apoio incessante, e impressionante, aos seus jogadores. Que inveja...

MATAR O BORREGO

"A partida de amanhã, na Arena de Gelsenkirchen, pode vir a revelar-se decisiva para o desfecho do grupo B da Liga dos Campeões.
Uma vitória do Benfica no terreno do adversário mais directo, deixará este em sérias dificuldades, e embalará os encarnados para a discussão de um dos dois primeiros lugares do grupo, esboçando desde logo um horizonte de fortes hipóteses de qualificação para a fase seguinte.
Em mais de cinquenta anos de competições europeias, nunca o Benfica conseguiu vencer em território germânico. Umas vezes por falta de sorte, outras por fraquezas próprias ou méritos alheios, a verdade é que a malapata foi perdurando no tempo, ainda que episodicamente disfarçada por alguns empates saborosos - à cabeça dos quais, uns célebres 4-4 em Leverkusen, com João Pinto e Rui Costa a conduzirem a equipa então orientada por Toni para uma exibição de gala, que valeu, na altura, uma passagem às meias-finais da já extinta Taça das Taças.
O jogo de Gelsenkirchen constituirá, agora, uma excelente ocasião para romper com essa negra tradição. Enquanto o Benfica está a crescer, o Schalke 04 não vive dias felizes, e tem-se deixado afundar na tabela da Bundesliga. Aparentemente, este pode ser o momento mais apropriado para o defrontar.
Não nos iludamos, porém, com classificações domésticas. O Benfica terá pela frente uma equipa forte, cujo plantel é constituído por grandes jogadores, dirigidos por um treinador experiente, e que tentará alcançar nesta participação europeia o sucesso que parece estar a fugir-lhe na frente interna. Tendo perdido na primeira jornada, e jogando agora em sua casa, certamente tudo fará para ganhar, assumindo-se, com toda a certeza, como um adversário capaz de criar enormes dificuldades ao conjunto de Jesus. Só o melhor dos Benficas pode vencer este jogo, e é esse mesmo, o melhor, que espero ver subir ao relvado nesta quarta-feira.
Repostos os níveis de confiança, é agora altura do Benfica pôr o ponto final nas amarguras do início de época. Nada melhor do que fazê-lo com uma grande, e inédita, vitória na Alemanha."
LF, Jornal "O Benfica"

EQUIPAS PROVÁVEIS
19,45, Veltins Arena -Gelsenkirchen (Sport Tv1)
SCHALKE04 - Neuer, Sarpei, Metzelder, Plestan, Schmitz, Matip, Jones, Rakitic, Jurado, Raul e Huntelaar.
BENFICA - Roberto, Maxi Pereira, Luisão, David Luiz, César Peixoto, Javi Garcia, Carlos Martins, Aimar, Fábio Coentrão, Cardozo e Saviola.

NOVES FORA, NADA!

Não tenho nada contra a cidade de Braga (embora, honestamente, goste muitíssimo mais de Guimarães), nem reconheço ao Sporting Clube de Braga um estatuto que o faça rivalizar com o Benfica, pelo que, em condições normais, olharia para ele como para qualquer outro dos clubes portugueses que me são indiferentes (V.Setúbal, V.Guimarães, Marítimo, Nacional, P.Ferreira etc), e aos quais não me custa desejar sorte nas competições internacionais. Aliás, no passado já o fiz.
Porém, quando me lembro de algumas declarações de Mesquita Machado, António Salvador, Domingos Paciência ao longo da última temporada; quando vejo a hostilidade com que jogadores como Miguel Garcia, Vandinho, Luís Aguiar ou Mossoró (entre outros) encaram os jogos com o Benfica; quando recordo o episódio do túnel; quando oiço os cânticos da sua claque, não posso deixar de sentir uma profunda antipatia pelo caminho que este clube tem percorrido de há uns tempos para cá, e que, entre outras coisas, fez sentar, com frequência, um criminoso na sua tribuna presidencial.
Deste modo, o destino do Sp.Braga na Champions League não me torce nem me amolga. E as suas copiosas derrotas, se não me fazem comemorar, também não me envergonham, pois não me sinto, enquanto português, minimamente representado por elas.
Lamento a perda de pontos para o país, num momento em que pode estar em causa o regresso ao sexto lugar no ranking (e à qualificação de três clubes para a prova principal). Mas não sou capaz de chorar uma lágrima por aquela gente.
O meu único desejo é que, no próximo domingo, levem da Luz uma dose idêntica.

TIRO ÀS ÁGUIAS

CITAÇÃO DA SEMANA

“A minha simpatia pelo Benfica é, como se sabe, nula. Mas temos que manter alguma coerência. Isto é, de facto, escandaloso! Não sei qual seria a minha reacção se isto se passasse com o Sporting!”
Dr. Eduardo Barroso, adepto fanático do Sporting, e confesso anti-benfiquista, no programa Prolongamento da TVI24, a propósito das arbitragens, quando se analisava o penálti cometido (e não assinalado) sobre Saviola no Funchal.

OS EPISÓDIOS DUMA FARSA

PENÁLTIS POR MARCAR A FAVOR DO BENFICA (6):

# Empurrão sobre Javi Garcia dentro da área, e já nos últimos dez minutos de jogo, quando o resultado era de 1-1 (1ª Jornada – Benfica-Académica, 1-2, árbitro: Cosme Machado)

# Rasteira sobre Fábio Coentrão, já no interior da área, com o resultado em 1-0 (2ª Jornada – Nacional-Benfica, 2-1, árbitro: Pedro Proença)

# Corte com o braço de um defesa madeirense, dentro da área, na ponta final do jogo (2ª Jornada – Nacional-Benfica, 2-1, árbitro: Pedro Proença)

# Aimar pontapeado na área, ainda na primeira parte, com o jogo empatado a uma bola (4ª Jornada – V.Guimarães-Benfica, 2-1, árbitro: Olegário Benquerença)

# Rasteira sobre Carlos Martins, já na segunda parte, com o árbitro a poucos metros do lance (4ª Jornada – V.Guimarães-Benfica, 2-1, árbitro: Olegário Benquerença)

# Entrada no pé de Saviola, na primeira parte, com o resultado em branco (6ª Jornada – Marítimo-Benfica, 0-1, árbitro: João Capela)

# Agressão com o ombro no queixo de César Peixoto, dentro da área, já na segunda parte (6ª Jornada – Marítimo-Benfica, 0-1, árbitro: João Capela)


PENÁLTIS POR MARCAR CONTRA O FC PORTO (3):

# Dupla falta de Álvaro Pereira sobre um avançado do Rio Ave, com o árbitro por perto, e a valer um cartão amarelo ao jogador vila-condense (3ª Jornada – Rio Ave-FC Porto, 0-2, árbitro: Jorge Sousa)

# Carga de Belluschi sobre Paulo César, impedindo-o de rematar nas melhores condições à baliza, no último minuto do jogo (4ª Jornada – FC Porto-Sp.Braga, 3-2, árbitro: Pedro Proença)

# Corte com a mão de Rolando no interior da área, com o resultado em 0-1 (5ª Jornada – Nacional-FC Porto, 0-2, árbitro: Bruno Paixão)

Acrescem a estes lances o penálti mal assinalado por Paulo Baptista na 1ª Jornada na Figueira da Foz, que deu a vitória ao FC Porto a poucos minutos do fim do jogo; e o golo irregular que inaugurou o marcador em Vila do Conde na 3ª Jornada; para além de um livre inacreditável de que resultou o 2º golo frente ao Beira Mar, assinalado por João Capela a um minuto do intervalo; e do número verdadeiramente insólito de cartões amarelos mostrados a jogadores do Benfica em quase todos os jogos.

Lourenço Pinto, entretanto, continua a homenagear árbitros (Benquerença), a jantar com árbitros (Bruno Paixão), e, provavelmente, também ele a dar conselhos matrimoniais a árbitros (quantos?).

UM CRAQUE PARA MUITOS MILHÕES

O aumento de salário é mais do que merecido, mas, pela qualidade e margem de progressão do jogador, temo que a manutenção da cláusula de rescisão em 30 milhões se venha a tornar um mau negócio para o Benfica.
Fábio Coentrão é inegavelmente uma das estrelas do campeonato, uma das figuras da selecção nacional, e um craque fadado para os mais altos voos. Talvez seja mesmo, já hoje, o segundo melhor jogador português da actualidade. 40 milhões seria um número, eu diria, mais prudente.

O DRAMA DA DECADÊNCIA

Vi integralmente o jogo Sporting-Nacional, e se aquela foi a melhor exibição do Sporting no campeonato (como já ouvi por aí), muito mal vai a equipa de Alvalade.
O golo de Saleiro foi um grande golo, Vukcevic fez um grande jogo, mas de resto…nada. Foi até o Nacional que, depois do empate, esteve mais perto do 1-2. Já contra o Benfica a exibição leonina tinha sido medíocre, e sinceramente não vejo esta equipa como candidata a coisa nenhuma.
Mas o que se passa com o Sporting está muito para além daquilo que, conjunturalmente, se vê nos relvados. Não há “um” problema do Sporting. Há vários, e muito difíceis de resolver.
Á cabeça de tudo creio que existe uma completa assimetria entre as aspirações dos adeptos e a história do clube, por um lado, e o seu potencial presente (quer económico, quer desportivo), por outro. Isto ultrapassa a própria equipa, o treinador, e os jogadores, que acabam por ser mais vítimas do que culpados de um grau de exigência para o qual não têm, nem podem ter, resposta.. Na verdade, o Sporting já não é um clube grande, já não está no mesmo plano que Benfica e FC Porto, e muitos dos sócios ainda não assimilaram essa nova e triste realidade. Qual o caminho para recuperar a grandeza? Mesmo que o soubesse, não o dizia. Mas, honestamente, não me parece fácil.
Em segundo lugar, José Eduardo Bettencourt é um homem sério, será com certeza um gestor de empresas competente, mas não tem manifestamente perfil para liderar um clube de futebol. Está a revelar-se um flop total, e desde que assumiu a presidência, o Sporting não para de cair. Consequentemente, as escolhas feitas não têm sido as melhores, ninguém compreendendo, por exemplo, o que tem Costinha de experiência directiva, ou de sportinguismo, para assumir o futebol do clube.
Entalado entre esta realidade, e um plantel sofrível (Nuno André Coelho, por exemplo, nem era convocado no FC Porto, sendo agora titular indiscutível no Sporting), e para mais afectado por algumas lesões de jogadores nucleares, Paulo Sérgio (como antes Paulo Bento, ou Carlos Carvalhal) será quem menos culpas tem neste cartório.
Desde os tempos de José Peseiro (final da Taça Uefa, e quase, quase, título nacional) que não me recordo de ver um plantel minimamente credível em Alvalade. Curiosamente, foi nessa altura também que, institucionalmente, o Sporting perdeu a oportunidade histórica de, aliando-se ao Benfica, desferir o golpe de morte no FC Porto de Pinto da Costa, então de gatas na sequência do eclodir do processo Apito Dourado. O ódio ao rival lisboeta falou mais alto, e o manifesto que Dias da Cunha assinou com Luís Filipe Vieira acabou queimado pela contestação ao próprio presidente sportinguista, e pela azia causada pelo título de Trappatoni. Daí para cá - com Pinto da Costa irradiado, com o FC Porto despromovido, com uma limpeza total no futebol português (à semelhança do que aconteceu em Itália) só possível nessa conjuntura peculiar, e utilizando a força conjunta dos dois rivais lisboetas - o Sporting até podia ter sido campeão 4 vezes, tendo o Benfica conquistado precisamente os mesmos dois títulos que conquistou. E com outra gestão desportiva podiam estar em Alvalade: Varela, Carlos Martins, João Moutinho e até…Fábio Coentrão, que como se recordam chegou a ser dado como certo no Sporting, mas alguém achou que um milhão de euros era demasiado dinheiro pelo vila-condense.
Hoje temos um FC Porto com toda a sua força renovada, quer nos relvados, quer, sobretudo, nos bastidores. Temos um Benfica forte e afirmativo, que só factores subterrâneos têm impedido de atingir a bitola da época passada. E temos um Sp.Braga emergente, presente na Champions League, a desafiar o Sporting como terceiro candidato ao título. A este último, já nem o pontinho de vantagem que tinha sobre o Benfica lhe vale de consolo.
A chamada crise de militância (resultante de tudo isto) esconde uma realidade ainda mais dura: a perda efectiva de adeptos, bastando uma visita a uma qualquer escola para perceber que Benfica (claramente maioritário) e FC Porto (muito mais expressivo que há uns anos atrás) dividem as simpatias dos mais jovens.
É esta a verdade de um clube que foi grande e deixou de o ser.
Para os adversários, há muito que o Sporting deixou de meter medo, e passou a despertar pena - sobretudo para aqueles que, como eu, ainda o tiveram, em tempos, como um grande e temível rival.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Já falei da arbitragem de João Capela na Madeira. Dos jogos do FC Porto e do Sp.Braga, que não vi, não tive notícia de qualquer caso relevante. Em Alvalade há um lance duvidoso na área do Sporting, mas é precedido de fora-de-jogo, pelo que não entra nas contas. Os resultados reais correspondem assim aos verificados.

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 16 (1+3+3+3+3+3)
FC Porto 12 (1+3+1+1+3+3)
Sp.Braga 10 (3+1+1+1+1+3)
Sporting 5 (0+3+1+0+0+1)

Também o top-erro se mantém inalterável:
TOP-ERRO
1º RIO-AVE-FC PORTO (3ª jornada) Rasteira clara de Á.Pereira a um avançado do Rio Ave dentro da área, a que Jorge Sousa fez vista grossa. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
2º NACIONAL-FC PORTO (5ª jornada) Murro de Rolando na bola dentro da área, que Bruno Paixão não quis ver. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
3º V.GUIMARÃES-BENFICA (4ª jornada) Rasteira de um defesa vimaranense a Carlos Martins, já bem dentro da área, com Olegário Benquerença a mandar seguir. Resultado na altura: 1-1 Resultado final: 2-1

UMA ILHA NUM OCEANO DE DESPERDÍCIO

A generalidade dos treinadores diz, com frequência, que se preocupa muito mais quando a sua equipa não constrói situações de golo, do que quando as constrói e as falha sucessivamente. Tomando isto como uma verdade do futebol, Jorge Jesus deve sentir-se bastante tranquilo face ao que se passou nos Barreiros: muitas ocasiões criadas, e, sobretudo, três pontinhos arrecadados.
Seis. Contei seis momentos de golo cantado, que Saviola e Cardozo se foram encarregando de desperdiçar, ora por mérito das intervenções do guardião contrário, ora por inépcia (neste caso do paraguaio) junto das redes. Um dos lances fez-me inclusivamente recordar dos tempos de escola, quando num daqueles torneios entre turmas, eu próprio falhei um golo semelhante, facto que na altura me atormentou durante dias.
Nem nesses, nem em quaisquer outros tempos, cheguei a ser um ponta-de-lança minimamente convincente. Não é o caso de Óscar Cardozo, e há até quem diga – com alguma razão – que quem falha muitos golos nunca pode ser um mau avançado, pois os méritos de aparecer em zonas de finalização, de saber fugir aos defesas, de estar no local e no momento exactos não são coisa do somenos. Não valerá para todos, mas vale seguramente para Tacuára, que ainda uma semana antes fizera, como nos lembramos, uma exibição portentosa diante do Sporting, e pelas minhas contas, mais jornada, menos jornada, atingirá os 100 golos com o Manto Sagrado vestido.
A história deste jogo é a história dos golos falhados. O final poderia ter sido inglório, pois como usualmente se diz “quem não marca, arrisca-se a sofrer”. O risco existiu, mas não se consumou. E que cruel teria sido um eventual empate…
O Benfica podia, pelo contrário, ter repetido as goleadas dos últimos anos nos Barreiros. E também disso esteve muito perto. O destino assim não quis, mas os sinais de retoma são por demais evidentes, havendo até possibilidades (mais do que matemáticas) dos encarnados saltarem para o segundo lugar já na próxima jornada.
Destaque para as exibições de Fábio Coentrão e Gaitán, e para a firme indicação de que pode residir nesta dupla a alternativa ideal às saídas de Di Maria e Ramires respectivamente. Tal como sempre defendi, Coentrão é o extremo-esquerdo ideal para o Benfica. Pode não ser a melhor opção para ele e para a sua carreira, mas é seguramente a melhor para uma equipa que tinha, há poucos meses atrás, a sua maior estrela justamente nessa posição, e que se habituou a um modelo de jogo onde a velocidade dos extremos é fundamental para causar os necessários desequilíbrios nas linhas defensivas adversárias.

Resta falar do árbitro. E João Capela fica para o fim apenas porque o Benfica acabou por ganhar, e as vitórias sempre esbatem as revoltas (é humano, é da vida). Mas custa a acreditar como, mesmo após toda a polémica em redor dos jogos anteriores, mesmo após a conferência de imprensa de Vítor Pereira, não se marca um penálti como aquele cometido sobre Saviola.
Dir-me-ão que há outro lance na área do Benfica. Mas se este segundo é muitíssimo menos claro (nenhuma repetição o prova, não passando por isso de uma simples suspeita), também ocorre num momento posterior, ou seja, numa altura em que, se o árbitro, Deus e Cardozo quisessem, já o Benfica estaria a ganhar por 0-1.
Ainda irá o Benfica a tempo de revalidar o título? Talvez sim. É necessário, primeiro que tudo, que não se repitam as farsas de arbitragem das primeiras jornadas.
Se um sopro de isenção surgir, há ainda outra condição que me parece fundamental: ganhar no Dragão no dia 7 de Novembro, e ganhar, naturalmente, os três jogos que faltam até lá, dois deles em casa, mas um deles (já no próximo domingo), contra outro candidato ao título. Com estas quatro vitórias o Benfica poderia estar, nessa noite de Novembro, com 4 ou 6 pontos de atraso, com vinte jornadas para jogar, com o FC Porto a ter de visitar a Luz (e também Alvalade, e também Braga), ou seja, com quase tudo em aberto. É pois até ao dia 7 de Novembro que se vão decidir grande parte das ambições do Benfica na prova. Que sejam decididas pelos jogadores, e por mais ninguém.

PS1: Não posso deixar de destacar e saudar a excelente entrada do meu Juventude de Évora no campeonato nacional da 2ª divisão, com duas vitórias em dois jogos a valerem a liderança da Zona Sul. Lutando praticamente sem apoios, mantendo o treinador há seis épocas consecutivas, a equipa eborense tem sido um verdadeiro modelo daquilo que ainda se pode fazer no depauperado futebol das divisões secundárias.

PS2: Sendo este um espaço exclusivamente de futebol, não deixo também de manifestar a minha enorme alegria pela expressiva vitória do Hóquei em Patins benfiquista na Supertaça diante do FC Porto (8-4), que espero possa significar o princípio de uma nova era na modalidade. Gosto de Hóquei desde a mais tenra infância, e ainda mais do que os crónicos triunfos do FC Porto, têm-me magoado as constantes notícias acerca do eventual fim da secção no clube da Luz. Para além de uma vitória contra o FC Porto e contra o sistema que domina totalmente a modalidade, esta foi também uma vitória pela afirmação do Hóquei no Benfica, clube mundial que há mais tempo, ininterruptamente, o pratica.

PARA O FUNCHAL

UM CAMPEÃO!

Passou três épocas no Benfica, em todas foi campeão, somando ainda duas presenças em finais da Taça dos Campeões Europeus (na última das quais apenas orientou a equipa até aos quartos-de-final).
Só isso chegaria para lhe tirar o chapéu.
Não sei muito mais sobre ele. Apenas que era um cavalheiro, e que orientou clubes como Boca Juniores, Nacional de Montevideo, Corunha, Everton e Marselha para além de FC Porto, Sporting e Belenenses. Levou ainda a selecção do Chile ao terceiro lugar do Campeonato do Mundo que organizou em 1962, naquela que foi a melhor classificação de sempre do seu país em mundiais.
Partiu aos 90 anos, deixando o seu nome gravado na história do Benfica, do futebol português e do futebol internacional.

DUAS NOTAS

1) Vítor Pereira fez bem em falar, e só é pena que os próprios árbitros não tenham, à semelhança dos restantes intervenientes no jogo, a obrigação de o fazer após os jogos. As suas palavras não vão devolver pontos ao Benfica, mas fica-lhe bem, pelo menos, reconhecer alguns dos erros cometidos pelos seus comandados.
2) André Villas-Boas perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado. Não sei como foram formuladas as perguntas, mas um técnico que vê a sua equipa sistematicamente levada ao colo rumo a uma liderança que ainda não provou merecer, devia, em nome do decoro, no mínimo, evitar o assunto.

A MINHA SELECÇÃO

Empossado um novo seleccionador, aproveito para deixar desde já a minha sugestão com vista à próxima convocatória:
GUARDA-REDES - Eduardo e Rui Patrício
DEFESAS - Ruben Amorim, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão, João Pereira e Rolando
MÉDIOS - Pepe, Raul Meireles, Tiago, Miguel Veloso, João Moutinho e Carlos Martins
AVANÇADOS - Cristiano Ronaldo, Hugo Almeida, Nani, Quaresma, Liedson e Varela

O HOMEM CERTO

Ao longo dos quatro anos em que orientou o Sporting, Paulo Bento assumiu demasiadas vezes, e com demasiada veemência, as dores do clube - esquecendo-se que era um simples profissional -, e excedeu-se frequentemente nas declarações sobre arbitragem, mesmo quando não tinha manifestamente a razão do seu lado. São esses os pecados que lhe aponto.
Do outro lado da balança sempre vi um homem sério e vertical, e um treinador exigente, rigoroso e competente. Não necessariamente um mago da táctica, mas antes um líder, um disciplinador e um motivador, dono de um discurso inteligente e determinado, aspectos que foram sustentando a minha profunda admiração por ele, a qual nunca aqui escondi.
O seu trajecto em Alvalade foi brilhante. Com plantéis medíocres, conseguiu presenças sucessivas na Champions League, vitórias na Taça de Portugal, na Supertaça, e por pouco não chegou ao título nacional. Estranhamente foi objecto de uma contestação interna que acabou por tornar inevitável a sua saída - momento que, enquanto benfiquista, vivi com alívio e satisfação.
No pós-Scolari, foi precisamente o seu nome que eu apontei para a equipa das quinas. Antes de Jorge Jesus, cheguei também a sugeri-lo para o Benfica. A escolha agora assumida pela FPF vai pois totalmente de encontro ao meu agrado.
Não espero milagres. A situação da selecção nacional é aflitiva, e não existe nenhum treinador no mundo que possa, num passo de mágica, garantir o apuramento para o Euro 2012. Acredito, todavia, que a partir de agora a equipa “de todos nós” terá condições para se tornar mais coesa e mais competitiva, podendo assim voltar a dar-se ao respeito e à admiração dos portugueses.

UM LÍDER PRÉ-FABRICADO

André Villas-Boas não disfarça algum constrangimento a cada vez que é instado a comentar a vantagem pontual do FC Porto nesta edição da Liga.
Compreende-se que assim seja: ninguém melhor que ele entenderá as ajudas com que o seu clube tem contado, e que depressa transformaram uma equipa em formação e à deriva, num líder destacado e muito gabado por uma comunicação social que continua a ter medo de dizer a verdade com todas as suas letras.
Vejamos então como chegou este FC Porto à situação privilegiada em que está:
1ª JORNADA:
NAVAL-FC PORTO, 0-1 O golo solitário da vitória portista foi obtido através de um penálti mais do que duvidoso assinalado por Paulo Baptista, num lance de bola na mão de um defensor figueirense, quando faltavam menos de dez minutos para o fim da partida.
2ª JORNADA:
FC PORTO-BEIRA MAR, 3-0 O segundo, e importante, golo na vitória frente ao Beira-Mar, nasceu a um minuto do intervalo, na sequência de um livre inexistente, inventado por João Capela, e cobrado por Belluschi. O 2-0 decidiu o jogo, libertando o FC Porto para uma segunda parte tranquila.
3ª JORNADA:
RIO AVE-FC PORTO, 0-2 O primeiro golo portista é precedido de duas intervenções faltosas de Falcão. Uma sobre um defensor, carregando-o pelas costas, outra sobre o guarda-redes, não lhe permitindo fazer-se à bola. Jorge Sousa apontou para o centro do terreno. Alguns minutos mais tarde há um penálti claríssimo cometido por Álvaro Pereira (duas faltas no mesmo lance, a segunda das quais mais do que evidente) que ficou por sancionar, e que poderia ter dado o empate. Posto isto, tudo se facilitou.
4ª JORNADA:
FC PORTO-SP.BRAGA, 3-2 No último minuto do jogo, Belluschi empurra Paulo César no ar, impedindo-o de rematar à baliza de Helton. Pedro Proença mandou jogar. Estranhamente (ou talvez não) ninguém protestou.
5ª JORNADA:
NACIONAL-FC PORTO, 0-2 Mais um penálti flagrante por marcar contra o FC Porto (o terceiro em três jornadas consecutivas), desta vez por corte com a mão de Rolando, que Bruno Paixão não quis marcar. Daria o empate, e complicaria a vida à equipa portista.
Com uma trajectória destas qualquer Paços de Ferreira ou Olhanense seria líder isolado.
Juntando isto aos graves prejuízos que o Benfica tem sofrido, temos o campeonato mais subvertido de que há memória em muitos anos.
As semanas vão passando, e a falta de vergonha evidenciada pela gente do apito mostra que as coisas não acontecem por acaso. Não me entra na cabeça que uma equipa seja beneficiada em cinco jogos seguidos, e o seu principal adversário seja prejudicado gravemente em três deles, sem que tal corresponda a um plano de acção preconcebido.
Esse plano é simples: o Benfica não pode ser bi-campeão, e o FC Porto, dê por onde der, tem de voltar a sê-lo, sob pena de ver esfumar-se a hegemonia que, por portas e travessas, foi conseguindo ao longo dos últimos vinte anos. Em Junho ninguém se irá lembrar, e todos concederão justiça a mais um título azul-e-branco.
Provavelmente comunicados não chegam. Provavelmente serão necessárias atitudes ainda mais drásticas, pois esta gente, está visto, não brinca em serviço.

PS: Repare-se nas feições de João Moutinho agora, e compare-se com os tempos do Sporting. Com a cara chupada, olhar agressivo e distante, o médio parece outra pessoa, totalmente diferente do miúdo que conhecíamos.
Que lhe terão feito? Que suplementos vitamínicos lhe terão dado? Que se passa no FC Porto?

CLASSIFICAÇÃO REAL

A farsa continua.
Não foi na Luz, foi na Choupana. Mais um penálti por assinalar contra o FC Porto, e de facto começam a escassear palavras para descrever um campeonato em que um dos candidatos ao título é gravemente prejudicado em três das cinco jornadas, e o outro é descaradamente beneficiado em TODAS elas (penálti fantasma na Figueira da Foz, livre fantasma com o Beira Mar, golo irregular em Vila do Conde, penálti por marcar em Vila do Conde, penálti de Belluschi com o Braga, e agora, penálti de Rolando na Choupana).
Na Luz, mais cartão menos cartão, mais fora-de-jogo, menos fora-de-jogo (e aqui o maior erro foi num lance de Carlos Martins já perto do final), a arbitragem acabou por não influir no resultado. Influiu, isso sim, na qualidade do jogo, transformando uma boa partida de futebol num concerto de apitos.
Apenas vi um breve resumo do jogo do Sp.Braga, não me apercebendo de nenhum caso grave.
Resultados reais:
Nacional-FC Porto 1-2
Benfica-Sporting 2-0
P.Ferreira-Sp.Braga 2-2

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 13 (1+3+3+3+3)
FC Porto 9 (1+3+1+1+3)
Sp.Braga 7 (3+1+1+1+1)
Sporting 4 (0+3+1+0+0)

Segue-se também uma nova rubrica, que passará a constar do post semanal sobre arbitragem. Trata-se do top-3 dos maiores escândalos do campeonato. Para já, escolhi estes:

TOP ERRO
1º RIO-AVE-FC PORTO (3ª jornada) Rasteira clara de Álvaro Pereira a um avançado do Rio Ave dentro da área, a que Jorge Sousa fez vista grossa. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
2º NACIONAL-FC PORTO (5ª jornada) Murro de Rolando na bola dentro da área, que Bruno Paixão não quis ver. Resultado na altura: 0-1 Resultado final: 0-2
3º V.GUIMARÃES-BENFICA (4ª jornada) Rasteira de um defesa vimaranense a Carlos Martins, já bem dentro da área, com Olegário Benquerença a mandar seguir. Resultado na altura: 1-1 Resultado final: 2-1

DOIS GOLOS PARA MANDAR CALAR A CRISE

A entrega do troféu relativo ao título nacional, os cânticos entoados aos campeões, e as bancadas mais ou menos repletas, terão dado o mote para um regresso do Benfica àquilo que foi a normalidade da temporada passada.
A vitória era imprescindível. Qualquer outro resultado podia significar o adeus definitivo ao sonho do bi-campeonato, pelo que este jogo trazia associado o dramatismo das grandes ocasiões. E, como tantas vezes aconteceu no último ano, a equipa de Jorge Jesus, perante o desafio, gritou “presente!”.
Se os dois golos de Óscar Cardozo, um em cada uma das partes, fizeram lembrar o jogo da última jornada com o Rio Ave, a atitude global da equipa encarnada, a raça com que abordou os lances de princípio a fim, a capacidade de choque e de luta postas sobre o relvado, trouxeram à memória o Benfica-FC Porto das vésperas do último Natal (o do túnel), quando, também sob pressão, e com a equipa dizimada por ausências importantes, os jogadores do Benfica deixaram a pele em campo para alcançar a vitória que os embalou para a grande conquista.
Foi pois de fato de macaco que o Benfica começou a desenhar a vitória neste dérbi. Foi recorrendo à coragem, à valentia, e até ao orgulho ferido, que a equipa da Luz deu um pontapé na ansiedade com que teve de conviver nos últimos tempos. Foi também, ironicamente, pelos pés de Cardozo que a águia começou a caminhar: depois de três minutos iniciais de domínio sportinguista, uma bola ao poste e, pouco depois, um golo, foram resposta para a qual os leões não mais encontraram argumentação. Coragem e Cardozo, poderiam resumir assim, em duas palavras começadas pela mesma letra, a vitória do Benfica no dérbi.
É importante dizer-se que o Sporting desiludiu. Depois daquela entrada de leão, foi-se percebendo, à medida que os minutos passavam, que seria difícil ao conjunto de Paulo Sérgio escapar a uma saída de sendeiro. A discussão sobre o mérito de uns face ao demérito de outros seria interminável. Mas se o Benfica revelou, neste jogo, e porventura pela primeira vez nesta temporada, alguns dos tópicos futebolísticos que o levaram ao último título, também teremos de dizer que o Sporting não foi uma equipa à altura de um momento em que poderia, caso vencesse, colocar o rival directo fora da corrida pelo primeiro lugar.
Aliás, este Sporting é um caso curioso. Todos se recordam da contestação que na época passada, por esta altura, grassava em Alvalade. Pois olhando para a situação actual da equipa, e comparando-a com a de há um ano, vemos que o Sporting, entrando igualmente com uma vitória fora de casa na fase de grupos da Liga Europa (na altura sobre o Heerenveen da Holanda), tinha então 10 pontos no campeonato, enquanto agora tem apenas 7. Explicação para a diferença de atitude dos adeptos? É simples, agora mantém-se (ainda) à frente do Benfica, enquanto no ano passado estava já a 3 pontos dos encarnados, que na altura iam maravilhando com um futebol de excepção e goleadas em série.
Voltando ao jogo, diga-se que, para além de Cardozo, outro C, o de Coentrão (de regresso ao seu lugar de origem), esteve em grande plano. Creio que para o jogador, e para a sua carreira, talvez fosse preferível mantê-lo como lateral, lugar que o deu a conhecer ao mundo na África do Sul. Mas, pelo contrário, para a equipa, e para o desenho táctico que possa aproximar um Benfica sem Di Maria daquele que, com o extremo argentino, encantou o país durante o último ano, julgo que a colocação de Fábio Coentrão como extremo se torna quase imperativa. Foi pois bastante feliz a opção de Jesus, retirando Gaitán - talentoso mas ainda em fase de crescimento – para cobrir, com Peixoto, as costas do vilacondense, dando a este a liberdade para criar a maioria dos desequilíbrios que abriram a defesa adversária.
Como balanço diga-se que a vitória do Benfica foi justa e não sofre qualquer contestação. O futuro próximo dirá até que ponto ela pode ser, ou não, o trampolim para uma recuperação classificativa na qual, além de si próprios, os encarnados terão de contar com o desempenho de terceiros.
Carlos Xistra esteve mal, apitando demais, mostrando cartões demais, e prejudicando, sobretudo, o espectáculo. A dada altura da primeira parte pareceu querer inclinar o campo, como outros tão eficazmente fizeram nas últimas semanas. O jogo acabou por não proporcionar “casos” em nenhuma das áreas, o que não deu azo a qualquer influência no resultado final. Mas não há motivo nenhum para pensarmos que os problemas da arbitragem portuguesa tenham ficado diluídos por um dérbi sem grandes polémicas.

DERBY É DERBY!

...e este é decisivo!

VOTO CONTRA

Nenhum português desdenharia a hipótese de ver José Mourinho como seleccionador nacional. Nem mesmo eu, que apesar de não simpatizar com o personagem, não deixo, obviamente, de reconhecer a sua enorme capacidade técnica e profissional.
Coisa totalmente diferente é esta ideia de Gilberto Madaíl, de pretender contratá-lo em part-time, não se sabe bem para que funções.
Não me parece que o Real Madrid (que tem desafios extremamente exigentes pela frente) vá aceitar de bom grado a possibilidade de ver o caríssimo treinador perder o seu precioso tempo a orientar uma selecção de outro país – que por pouco trabalho que dê, exige decerto alguma energia, alguma atenção e algumas ausências. Mas independentemente desse (decisivo) aspecto, não creio que um seleccionador “a meias” seja a melhor opção para Portugal, nem me lembro de ver algo idêntico em selecções de topo, como queremos que seja a nossa.
Até porque Mourinho, por muito bom que seja, não faz milagres. Sobretudo se tiverem de ser feitos à pressa, e à distância.

XISTRA: um cadastro preocupante

2009-10
p.ferreira-porto 1-1
Fora-de-jogo mal assinalado no último minuto dos descontos, quando Carlitos seguia isolado para a baliza de Helton
nacional-porto 0-4
Penalti por marcar para o Nacional por agarrão claro de Fucile a Edgar; penálti inventado no lance seguinte, e expulsão, a favor do FC Porto
academica-benfica 2-3
Golo irregular da Académica, após domínio de bola com a mão; expulsão perdoada a Sougou

2008-09
rio ave-benfica 1-1
penálti por assinalar sobre Aimar
guimarães-benfica 1-2
penálti escandaloso por assinalar sobre Aimar; 3 expulsões perdoadas a vimaranenses; Reyes expulso de forma exagerada; fora-de-jogo mal tirado a Suazo em situação de golo

2006-07
benfica-amadora 3-1
Miccoli expulso sem fazer nada, e impedido de jogar no Dragão; penálti por marcar sobre Miccoli; expulsão perdoada a Jordão

2005-06
porto-academica 5-1
Golo fantasma de César Peixoto (então no FCP)
benfica-naval 0-0
2 penáltis por assinalar em empurrão a Ricardo Rocha, na primeira parte, e rasteira a Léo, este perto do final

2004-05
maritimo-porto 1-1
Golo do empate, comLuís Fabiano dois metros fora-de-jogo
sporting-estoril 4-0
3 golos irregulares: 2º golo com 2 bolas em campo, 3º em fora-de-jogo, e 4º de penálti inexistente
COMENTÁRIO: Com o árbitro mais sportinguista da Liga em campo, nomeado pelo "Leão de Ouro" Vítor Pereira, creio que Rogério Alves (que aproveita todos os instantes da vida para aparecer na televisão ou nos jornais a dizer aquilo que for preciso) não tem muito com que se preocupar.

CABEÇA QUENTE E PÉ DIREITO

Estou em crer que muitas das insuficiências reveladas pelo Benfica nos últimos jogos advêm do caldo psicológico provocado pelas derrotas. O Benfica perde porque é prejudicado pela arbitragem, e, consequentemente, joga pior porque sente a pressão das derrotas. É este o ciclo - que, naturalmente, contempla também o sentido inverso (veja-se o FC Porto). É isto que tem sido frequentemente iludido por aqueles que tentam desviar as atenções das arbitragens, argumentando com a falta de plasticidade das exibições encarnadas.
Se alguém tinha dúvidas sobre os efeitos das derrotas na cabeça, e nas pernas, dos jogadores, a partida desta noite terá sido um documento perfeito para as dissipar. O jogo com o Hapoel mostrou-nos (como, de resto, seria de esperar) um Benfica nervoso, ansioso, intranquilo e pouco seguro das suas capacidades. Teve desta vez a sorte do seu lado (o primeiro golo surge num excelente momento), e contou ainda com uma arbitragem amiga (creio que Luisão fez mesmo penálti), o que também é demonstrativo de como a simples análise de um lance - e aqui estamos perante apenas um lance, num jogo, sendo certo que o Benfica não vai ser beneficiado com múltiplas decisões de arbitragem em quatro partidas seguidas da fase de grupos - pode condicionar o livre curso de um resultado.
Não significa isto que a vitória não tenha sido merecida. Foi-o. Mas há que dizer que, noutras circunstâncias (por exemplo, o Hapoel ter marcado primeiro), o jogo poderia ter-se complicado bastante para o conjunto de Jorge Jesus, que raramente mostrou segurança de processos capaz de matar o adversário e a partida, mau grado a fantástica exibição de Pablo Aimar enquanto brilhante e zeloso maestro de uma orquestra pouco afinada.
O que mais lamento na noite da Luz é, contudo, que poucos benfiquistas tenham percebido o momento da equipa e aquilo que o explica.
Na sequência do jogo de Guimarães falei aqui abundantemente de unidade, de apoio, de amor clubista. Disse que era importante que os benfiquistas interpretassem devidamente o que estava em cima da mesa. Esperava que dessem uma resposta à altura, mas, honestamente, fiquei desolado quando, ao entrar no estádio, deparei com as bancadas semi-desertas. Provavelmente não será um problema exclusivo do clube - há uma gritante falta de cultura desportiva no país, que põe sistematicamente rivalidades acima de paixões -, mas com o mal dos outros posso eu bem. Quando se pedem acções concertadas aos sócios, quando se clama pelo peso social do clube da Luz, quando se fala do “maior clube do mundo” e depois se percebe que, em toda a primeira jornada da Champions League, só o estádio do Benfica não encheu, há algo que tem de ser reequacionado. O pior é que alguns dos que lá estavam deviam, também eles, ter ficado em casa (já lá irei). E já nem falo da deplorável tarja exibida pelos Diabos Vermelhos.
Entrar a ganhar na Liga dos Campeões é motivo para festejar. O adversário não tem nome sonante, mas os três pontos valem tanto como se fossem conseguidos perante o Real Madrid. Se havia jogo importante nesta fase, se havia jogo que não podia, de modo algum, ser desperdiçado, era este: era o primeiro da prova, disputava-se em casa, perante o adversário teoricamente menos cotado, e num contexto interno muito problemático. A vitória seria, como foi, preciosa. Por todos os motivos, incluindo como calmante lançado em cima da efervescência dos últimos tempos.
Já destaquei Aimar, claramente o melhor em campo. Poderia também falar de Luisão, de Roberto (enfim transformado, pelo menos, e para já, num guarda-redes… normal), e, a espaços, também de Carlos Martins. Com nota baixa saíram aqueles que têm dado mostras de maior quebra de forma relativamente à temporada passada: Ruben Amorim, David Luíz, Javi Garcia, Saviola e Cardozo.
Fábio Coentrão esteve intermitente, mas não jogou mal. E Nico Gaitán prossegue o seu caminho de integração no futebol europeu, ora com acelerações, ora com um ou outro abrandamento (como foi, de certo modo, o caso deste jogo).
O árbitro apenas pecou no tal lance de Luisão. De resto esteve perfeito.

Deixei para o fim o caso protagonizado por Óscar Cardozo, após marcar o segundo, e decisivo, golo do jogo.
Não posso deixar de considerar que o paraguaio podia, e devia, ter evitado o gesto que fez. Mas também não posso deixar de o compreender, e direi até que, no lugar dele, dificilmente teria resistido a fazer o mesmo.
Na verdade, ao ouvir os primeiros assobios, também eu tive vontade de mandar calar aquela gente. Não era muita gente. Não tenho como avaliar a questão, mas parece-me que num estádio com 30 mil pessoas, se mil assobiarem e 29 mil estiverem em silêncio, a vaia soa a monumental. Não era pois a mim (que nunca seria capaz de assobiar um jogador do Benfica), nem à maioria dos benfiquistas que Tacuára mandava calar. Era antes a um número reduzido de auto-intitulados "adeptos", que teriam feito melhor em ficar em casa a ver o jogo pela TV, em vez de se deslocarem ao estádio para intranquilizar ainda mais uma equipa, já toda ela sob brasas.Cardozo fez bem em pedir desculpas. Mas a mim, enquanto sócio do Benfica, nem precisava de as pedir. Quem fez mal ao clube nesta noite europeia não foi quem marcou um golo decisivo. Foi quem, primeiro o assobiou prejudicando o seu trabalho (e acrescentando ansiedade também aos colegas), e depois “conseguiu” ignorar o festejo de um importantíssimo golo europeu para continuar a assobiar com disparatada indignação.
Não irei discutir novamente os méritos de Cardozo. Já o fiz muitas vezes, aqui e noutros locais. O que me parece estranho é haver benfiquistas que assobiam o seu grande goleador, como assobiavam Nené, como assobiavam Nuno Gomes, mesmo nos seus melhores tempos (será algum trauma com o golo, ou simplesmente não perceber nada de futebol?). Provavelmente, muitos deles são os mesmos. Provavelmente são também os que agora vaiaram César Peixoto antes sequer de ele pisar o relvado (David Luíz, por exemplo, por mais asneiras que faça merece sempre aplausos). Ou os que, no passado, fizeram a vida negra a vários guarda-redes do Benfica. Provavelmente são também os que gritavam histericamente quando Mantorras, a coxear, entrava em campo.
O Benfica ganhou o jogo. Mas alguns dos seus adeptos (quero acreditar que uma inexpressiva minoria), mereciam perdê-lo. Esperava, pelos vistos em vão, que todos percebessem o que se passava, e estivessem incondicionalmente com a equipa. Espero agora, por outro lado, que os dirigentes encarnados percebam que alguns destes adeptos não são mesmo para levar a sério.

DE REGRESSO À ELITE

Empurrado para uma posição extremamente difícil no campeonato, o Benfica tem hoje, na frente externa, a oportunidade soberana de regressar às vitórias, e reconquistar a tranquilidade que, por cá, outros lhe retiraram.
O momento não será o ideal, mas tem a virtude de permitir, num jogo diferente, numa competição diferente, a recuperação de alguma da auto-confiança que ditou leis na temporada passada. Com uma arbitragem neutra, com o apoio do público da Luz, o Benfica pode vencer. E uma vitória terá também o condão de afastar do horizonte os laivos de instabilidade que já vão sendo criados a partir do exterior, e ao qual alguns benfiquistas mais permeáveis acabam por ser sensíveis. Esse é, de resto, o meu maior receio para os tempos mais próximos.
Não que um empate ou uma derrota neste jogo retirem um pingo de razão aos encarnados em tudo o que tem estado em causa no campeonato nacional. Mas percebe-se que uma vitória europeia reforçará essas razões, e esse tem de ser um factor acrescido de motivação para jogadores, e também para adeptos.
Ao contrário do que se possa pensar, o Hapoel não é um adversário fácil. É uma equipa com experiência europeia, que vai deixar a pele em campo para fazer um bom jogo e conseguir um bom resultado. É previsível que venha jogar com muitas cautelas defensivas, o que ainda dificultará mais a vida ao Benfica. Só um colectivo forte será capaz de ultrapassar estes israelitas.
Apesar de tudo, esta é a equipa teoricamente menos cotada do grupo, o jogo disputa-se em casa, e é da primeira jornada. Juntando estes factores, acrescentando-lhes a conjuntura nacional, estamos perante uma partida em que o Benfica é praticamente obrigado a ganhar - talvez a única, das seis, em que tal se poderá dizer. Ou seja, este é provavelmente, por isso mesmo, o jogo mais importante de toda a fase de grupos.
Ninguém deve deitar a toalha ao chão relativamente ao campeonato. Mas há que admitir que a situação não é nada favorável, pelo que a presença na Taça dos Campeões ainda pode fazer alterar a hierarquia de prioridades para a temporada benfiquista. Afinal de contas trata-se da maior competição de clubes do mundo, e na qual os encarnados escreveram as mais belas páginas da sua história.
O onze deve ser o mesmo de Guimarães. Não foi por aí que o Benfica perdeu.

DETERMINAÇÃO E UNIÃO: OS LEMAS PARA OS TEMPOS QUE CORREM

O comunicado que resultou do plenário dos órgãos sociais do Benfica vai de encontro àquilo que a maioria dos sócios exigia, e responde à onda de indignação que tem varrido o país de norte a sul.
Direi mesmo que, por mim, poderia ter ido ainda mais longe nalguns dos pontos considerados, designadamente naquilo que diz respeito à arbitragem. Há árbitros que têm de ser banidos do futebol, e seria uma boa altura para o Benfica exigir publicamente a não nomeação de alguns deles para os seus jogos, quaisquer que fossem os efeitos conseguidos.
Subscrevendo tudo, o único aspecto do comunicado que me deixa algumas dúvidas é o da ausência dos adeptos nos jogos fora de casa. Irei cumpri-lo escrupulosamente, e aconselho todos os benfiquistas a fazê-lo, mas, olhando ao calendário próximo, custa-me que o primeiro penalizado seja o Marítimo, justamente um dos poucos clubes que ultimamente tem tomado atitudes corajosas – estando a pagar um elevado preço por isso, como se viu na grotesca arbitragem de Cosme Machado este fim-de-semana. Tenho também para mim que a estratégia do Benfica não deve passar pela hostilização dos clubes mais pequenos, mas antes pela sua sedução para a causa da verdade desportiva. Entendo, contudo, os argumentos invocados, e, como disse, apesar das dúvidas, irei cumprir este ponto sem hesitações.
É natural que qualquer benfiquista, ao ler o comunicado, acolha algumas das medidas com maior entusiasmo do que outras. Mas o que me parece mais importante salientar neste momento é a necessidade de todos os benfiquistas apoiarem globalmente esta tomada de posição, e apoiarem, sem reservas, os seus órgãos sociais, o seu treinador e os seus jogadores. É aí, na união, que começa o combate. E este comunicado é – pelo menos entendo-o como tal – apenas o princípio desse combate.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Não sei o que mais me chocou: se as duas grandes penalidades claras não assinaladas, se os foras-de-jogo mal tirados a Saviola e Cardozo, se os festival de cartões amarelos com que Benquerença manietou o Benfica, e lhe retirou agressividade e clarividência.
Tiro, aliás, o meu chapéu aos profissionais do Benfica, pela forma como conseguiram manter a cabeça fria perante tão ostensiva e reiterada manifestação de parcialidade. Alguns deles, decerto, nunca haviam passado por nada igual. Quase todos eles foram provocados, gozados, e espezinhados na sua dignidade profissional, por um árbitro corrupto, que foi a Guimarães para ajudar o FC Porto a ser campeão. Eu, confesso, não teria tão grande capacidade de resistência.
O pior é que isto não se tratou de um caso isolado. Desde o dia 15 de Agosto que o Benfica é sistematicamente perseguido pelas arbitragens, enquanto outros são, cirurgicamente, ajudados a ganhar. Nem mesmo nos negros anos noventa me lembro de uma coisa assim. Esta época está a ser um verdadeiro compêndio de como aniquilar uma equipa, e de como subverter um campeonato.
Agora cantam-se loas a André Vilas-Boas. Criticam-se as opções de Jesus. Teoriza-se sobre as saídas de Ramires e Di Maria e o seu efeito no novo Benfica. O que não se diz é que uma sequência de arbitragens como esta (Académica, Choupana e Guimarães) deita toda a moral e auto-confiança de uma equipa abaixo. E os auxílios ao FC Porto (Figueira da Foz e Vila do Conde) provocam-lhe o efeito inverso.
Tal caldo chega e sobra para considerar este um campeonato totalmente adulterado, sem valor, fora-da-lei, e criminoso. Não reconheço qualquer mérito aos líderes, pois não me esquecerei de como lá chegaram. Abstenho-me de qualquer crítica à equipa do Benfica, porque também sei como tem sido puxada para baixo.
Nunca, como nestas semanas, se pôde perceber tão bem o peso que a arbitragem pode assumir no futebol. Talvez por a vergonha ter sido tão pouca que até se esqueceram de disfarçar.

V.GUIMARÃES-BENFICA
Amarelos ridículos, dois penáltis por marcar, um golo mal anulado, uma expulsão perdoada ao Vitória, um fora-de-jogo mal tirado quando Saviola seguia isolado, dualidade de critérios, e um campo inclinado como nunca se vira. Numa palavra: um roubo!
Resultado Real: 2-4

FC PORTO-SP.BRAGA
Tenho muitas dúvidas acerca de um empurrão de Belluschi a um avançado bracarense já perto do fim do jogo. Como não revi as imagens, vou dar, provisoriamente, o benefício da dúvida ao árbitro. Ainda que tenha a certeza de que, mesmo havendo falta, Proença não a assinalaria.
Resultado Real: 3-2

SPORTING-OLHANENSE
Depois do que se passou na Figueira da Foz (pobre Naval…), a arbitragem voltou a favorecer escandalosamente o Sporting.
Talvez estes benefícios estejam incluídos no pacote João Moutinho. Quem sabe?
Razão para invalidar o golo do Olhanense é que eu não vejo.
Resultado Real 0-1

CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA (1+3+3+3) = 10
FC Porto (1+3+1+1) = 6
Sp.Braga (3+1+1+1) = 6
Sporting (0+3+1+0) = 4
Mais palavras para quê?
PS: Depois de ver as repetições do lance de Belluschi no último minuto, particularmente uma delas (atrás da baliza), cheguei à conclusão que existe mesmo falta, e como tal ficou uma grande penalidade por marcar.
A classificação já está corrigida.

ATÉ À MORTE!

Nove anos depois do 11 de Setembro, o Benfica está, salvaguardando as distâncias, a ser, também ele, alvo de um atentado.
Um atentado ao respeito. Um atentado à verdade. Um atentado ao futebol.
As forças do sistema corrupto que vigorou em Portugal desde 1983 até 2004, estão de volta. Os Osamas Bin Ladens do futebol português estão aí, em força, na tentativa de matar o maior clube português, de aniquilar o campeão nacional, de destruir a maior força do desporto luso.
É o que dá a impunidade. É o que dá um sistema de justiça decadente, permeável e ineficaz. Em Portugal, lamentavelmente, o crime compensa. E é de criminosos que estou a falar.
Os benfiquistas têm um enorme desafio pela frente. Um desafio à sua coragem e ao seu amor clubista, pois o tempo não pode voltar para trás. Não vai voltar para trás!
Nos próximos dias vamos assistir a análises sobre Roberto, sobre os reforços, sobre David Luiz, sobre as saídas de Ramires e Di Maria, sobre tácticas, sobre Jorge Jesus. Tudo tretas!
O que se passa está à vista de todos, e ninguém pode deixar-se iludir. Os responsáveis pela classificação do Benfica são Cosme Machado, Pedro Proença, Jorge Sousa, Olegário Benquerença, Lourenço Pinto, Vítor Pereira, Fernando Gomes e Pinto da Costa. É este bando que está por trás do filme pornográfico a que estamos a assistir, e ao qual é preciso por termo. São estes energúmenos, estes criminosos, estes ladrões, estes corruptos (e é preciso não ter medo das palavras) que pensam que podem abater um clube centenário, um clube campeão, um clube grandioso como o Sport Lisboa e Benfica. Pensam eles que podem gozar connosco, benfiquistas, rir-se de nós, achincalhar-nos. Mas estão enganados! A bem ou a mal, custe o que custar, vamos acabar com isto!
É em momentos como este que se vê a raça e o querer de quem ama um clube. E juntos os benfiquistas são muitos, e podem muito. Nos estádios, nos jornais, nas televisões, nas rádios, nos fóruns de opinião, nos blogues, e até nas ruas se preciso for.
Comigo, Luís Fialho, o Benfica pode contar, incondicionalmente, para tudo. Tudo mesmo, pois sinto-me hoje, dia 11 de Setembro de 2010, mais benfiquista do que nunca.
E vocês?

PORNOGRAFIA!
Basta!
É preciso dizer chega! É necessário um grito de revolta!
Eu tinha avisado. Era fácil de prever, mas o que aconteceu esta noite superou as piores expectativas.
Desde que escrevo sobre futebol nunca se vira nada igual. Preciso recuar até aos anos noventa para me recordar de tanta pouca vergonha. Três derrotas, três roubos descarados, enquanto outros vão sendo ajudados e levados aos triunfos.
Este noite ultrapassaram-se todos os limites. Um árbitro que marca 50 faltas por jogo, que assinala todos os toques, todos os espirros, nunca vê o que acontece na área dos adversários do Benfica. Não é uma questão de critério, não é por achar que não deve marcar, nem por falta de vista. Não marca porque não quer marcar. Não marca porque alguém lhe disse que o Benfica não podia, de modo algum, ser bi-campeão.
E não vai ser. Conseguiram! Só assim conseguem. Há trinta anos que só assim conseguem.
Já nem falo dos foras-de-jogo. Os cartões amarelos são um tratado de como condicionar uma equipa. Não houve futebol em Guimarães. Houve fraude. Houve um ROUBO! Interpretado por um personagem que já há muitos anos deixou cair a máscara, e se arvorou em zeloso defensor dos poderes da corrupção, o que, de resto, lhe tem valido uma carreira internacional de sucesso.
Este campeonato está podre. Está inquinado. Não vale. Voltámos aos negros anos do “penta”.
Não basta à SAD do Benfica denunciar a situação. É preciso agir. Agir implacavelmente, e por todos os meios. Com coragem. O Benfica tem uma força social incrível. Tem de a usar. Não pode continuar a ser um cordeirinho perante os lobos mais obscuros do futebol português. Tem de ser um monstro capaz de aniquilar a corrupção e os seus lobos.
O sistema voltou, mais firme que nunca, mas tem de ser derrotado. A bem ou a mal. Custe o que custar. E os benfiquistas, todos os benfiquistas, têm de estar preparados para esse combate.
Não há como falar de futebol numa situação destas. É a terceira derrota do Benfica, todas com claríssima influência dos árbitros. Nem o Barcelona ganharia assim, pelo que não faz qualquer sentido criticar jogadores, debater opções técnicas, nem falar das transições defensivas ou dos estados de forma de Cardozo, Javi Garcia e David Luiz.
Parabéns a Pinto da Costa. Parabéns a Lourenço Pinto. Parabéns a Fernando Gomes. Conseguiram o que queriam. O Benfica está praticamente afastado do título.
Na terça-feira será importante que os adeptos compareçam em peso. A equipa merece todo o apoio em face daquilo que lhe estão a fazer. Toda a família benfiquista terá de se unir, ao lado da sua equipa, do seu treinador e dos seus dirigentes. E ninguém pode calar a revolta. É nestas alturas que é preciso saber ser benfiquista.

OBRIGATÓRIO GANHAR!

Sálvio lesionou-se, mas eu até já tinha feito o quadro antes, com Carlos Martins no onze.
Não creio que seja de arriscar Coentrão, a menos que a recuperação esteja totalmente consumada. O que duvido.

UM SUSTO PELA MANHÃ

Que seja apenas um susto. Que as coisas não fiquem ainda piores do que estão. Que o mais reles da política não venha sujar ainda mais o futebol.

TEMOS DECISÕES! ALELUIA!

71 dias depois de Portugal ter sido eliminado do Mundial, Gilberto Madaíl e a FPF lá tomaram uma decisão. Dir-se-á que mais vale tarde do que nunca, e é verdade. Mas os cinco pontos perdidos na qualificação para o Euro 2012 já ninguém põe na tabela classificativa.
Queiroz saiu tarde demais. Aliás, quanto a mim nunca deveria ter entrado, pois não só não tomo como provada a sua competência técnico-táctica para orientar equipas profissionais, como, depois deste triste período de dois anos, creio ter ficado também demonstrada a sua total inabilidade para lidar com a pressão emocional da alta competição. O futebol não se joga em gabinetes, joga-se nos relvados, à vista de adeptos, televisões e jornalistas. Toda essa moldura faz parte do fenómeno, e quem não souber interagir com ela (como é manifestamente o caso de Queiroz) deve procurar outra actividade.
Madaíl pediu eleições antecipadas. Fez aquilo que se lhe impunha. Espero que não se recandidate, e leve com ele toda a equipa que o acompanhou nos últimos anos. O futebol (seja o de selecção, seja o juvenil, seja, sobretudo, o das divisões secundárias) agradece.
O ainda presidente da FPF anunciou também a contratação para breve de um novo seleccionador. Acredito que seja dada uma oportunidade a Paulo Bento, o que, como aqui fui dizendo, me agrada bastante. Trata-se de alguém que se excedeu muitas vezes – designadamente quando falava, sem razão, de arbitragem -, mas cujo perfil técnico e, sobretudo, a capacidade de liderança, sempre me impressionaram pela positiva. Fez milagres no Sporting, com plantéis fraquíssimos, e soube lidar muito bem com as situações de pressão. É jovem, conhece a selecção, conhece os jogadores, pelo que, no contexto actual, seria a melhor hipótese.
Acredito pois que estejam, finalmente, a ser dados passos no sentido de inflectir este caminho de total decadência em que o futebol português se deixou mergulhar. Nem podia ser de outra forma, ultrapassados que estavam todos os timings razoáveis para uma mudança indolor.
Para completar esta fase faltará rolar mais uma cabeça. Laurentino Dias é o tipo de indivíduo que nunca sairá pelo seu pé. É preciso que alguém o empurre. Tenhamos esperança.

CRIME, DIGO EU!

O árbitro que, em Maio passado, no Estádio do Dragão, tudo fez para retirar o Benfica da rota do título; o árbitro que há poucos dias foi ao beija-mão do sinistro e obscuro Lourenço Pinto na A.F.Porto; o árbitro que tem uma história negra em jogos do Benfica (desde o célebre golo de Petit, a uma eliminatória da Taça em Matosinhos); esse árbitro vai ser o juiz do importantíssimo jogo de Guimarães.
Olhando para tudo o que se passou nas primeiras jornadas, olhando para estas nomeações, percebendo uma clara mudança de agulhas nos órgãos da Liga, não posso deixar de expressar o meu maior cepticismo quanto ao desfecho deste campeonato.
O presidente Luís Filipe Vieira já percebeu que não pode ficar calado. Espero que, no previsível caso do Benfica voltar a ser prejudicado, ninguém se cale amanhã à noite. A competição está a ser totalmente adulterada, e por muito desportivismo ou cortesia que se queira ter, há momentos em que é preciso dar um violento murro na mesa.
O que está em causa ultrapassa os limites. Trata-se, já, de uma questão de dignidade. E o Benfica não pode pactuar com fraudes que todos julgávamos enterradas no passado.

GIRAFA ATÉ AO FIM

Luisão não será o mais tecnicista dos jogadores do Benfica, mas é, para mim, o mais importante de todos eles.
A liderança que impõe dentro e fora do campo – sobretudo junto da extensa colónia sul-americana -, a sua preponderância no espaço aéreo, a sua experiência, o seu profissionalismo, a empatia que cedo estabeleceu com o clube e com os adeptos, são aspectos que fazem dele figura cimeira do universo encarnado na actualidade.
Trata-se de um jogador cujo peso na equipa e no clube suplanta largamente o respectivo valor de mercado, pelo que uma alienação do seu passe seria um tremendo erro.
As notícias dando conta das intenções da SAD em renovar-lhe o contrato, colocando o seu vencimento ao nível dos mais elevados do plantel, e segurando-o, provavelmente, até ao final da carreira, merecem pois o meu total aplauso.
Luisão pode assim reforçar o seu nome na história do Benfica, tornando-se o mais relevante jogador estrangeiro de sempre no clube da Luz.
Aliás, com estrangeiros destes, ninguém precisaria de portugueses.

BASTA!

Não era de esperar outra coisa. A selecção nacional, sem rei nem roque, fracassou por completo em Oslo, deixando o apuramento para o Europeu bastante comprometido.
Mais do que voltar a chafurdar no lodo em que o poder do futebol português tem vivido nos últimos tempos, interessa olhar para o futuro, e para aquilo que deve ser feito, sem hesitações nem demoras.
Os passos são simples:
Gilberto Madail deve despedir Carlos Queiroz, de forma frontal, sem subterfúgios nem esquemas obscuros. Agostinho Oliveira termina o contrato, e também não deixará saudades.
Deve ser contratado, imediatamente, Paulo Bento, para tentar salvar a qualificação. O contrato não se pode estender para lá do Europeu.
O primeiro-ministro deve demitir Laurentino Dias e escolher outro secretário de estado. Alguém que decida, e não se perca em birras estéreis de consequências desastrosas.
O novo secretário de estado deve forçar, por todos os meios ao seu alcance (e ainda são alguns), as associações a convocar uma assembleia-geral da FPF e marcar eleições para derrubar a actual direcção – caso esta não se demita, como seria desejável.
Deve ser eleita uma equipa liderada por Fernando Seara, da qual façam parte figuras como Vítor Baía ou, se possível, Luís Figo.
A prioridade da nova direcção deve ser a adequação dos estatutos à nova lei de bases, tarefa para a qual é indispensável um apoio governamental forte, nomeadamente na pressão que será necessário exercer sobre o monstro que são as associações.
Seguindo este guião – de forma tão veloz quanto possível - poderíamos por um ponto final na balbúrdia que se tem vivido, alimentar alguma esperança na presença no Europeu, e criar condições para um futuro mais tranquilo no futebol português.
PS: Imagine-se que Eduardo era espanhol, que se chamava Roberto, e a selecção era (cruzes canhoto) o Benfica. Imagine-se que os jogos com Chipre e Noruega tinham sido com a Académica e com o Nacional. Imagine-se quantas capas de jornal teriam sido feitas acerca do tema.

O COMBOIO FANTASMA

Sem dirigentes, sem treinador, sem a principal estrela, sem grande parte dos titulares, sem adeptos, sem alma, a pobre Selecção Nacional tem amanhã um compromisso de extrema importância na Noruega. Uma derrota em Oslo, e estará fortemente comprometida a presença no Campeonato da Europa, algo que não acontece desde 1991 – na altura, curiosamente, com Queiroz como seleccionador.
Se tal acontecer, a culpa não pode morrer solteira. Não havendo inocentes, creio que há duas figuras que mostraram, nesta triste história, a sua total incompetência, e que não podem passar ao lado das responsabilidades como, infelizmente, tantas vezes têm feito. Falo de Laurentino Dias e Gilberto Madaíl. São eles, quanto a mim, os rostos principais, não dum polvo, mas daquilo que o nosso país tem de pior, e que no passado tantas vezes nos penalizou: leviandade, irresponsabilidade, falta de preparação, birras pessoais, jogos de interesses e incapacidade total para decidir.
Uma derrota com a Noruega (e, por arrastamento, uma provável ausência no Euro 2012) será injusta para os portugueses, será cruel para um lote de jogadores de eleição, mas será merecida para os poderes do futebol português. Pode até significar a oportunidade para uma enorme vassourada em toda esta gente - céus!, como foi possível arranjar toda esta situação sem ter em conta o calendário do Europeu?!? -, e uma janela única que permita, enfim, colocar a FPF dentro da legalidade, acabar com o monstruoso polvo (esse sim, no sentido mafioso do termo) das associações, encontrar um presidente e uma equipa dirigente à altura (Fernando Seara com Vítor Baía e Figo, por exemplo), substituir o secretário de estado por alguém que perceba de desporto e saiba tomar decisões, encontrar um verdadeiro seleccionador nacional (Paulo Bento seria a minha escolha), e recolocar a Equipa das Quinas na rota que trilhava há um par de anos atrás, quando, com Scolari ao leme, fazia parar o país.
Nem por isso desejo que Portugal perca amanhã à noite. Os pontos são demasiado importantes, e, já que não se fizeram antes, espero que todas as mudanças possam ainda ser feitas com a esperança do Europeu no horizonte.
Deixo aqui a minha selecção. Não a selecção dos Queirozes, nem dos Agostinhos, mas a minha, independentemente dos convocados e tendo em conta as muitas ausências forçadas:

NOTA1: Como é possível que um jogador como Miguel ainda seja titular da equipa nacional, quando, a olhos vistos, lhe apetece fazer tudo menos jogar futebol? Deixem o homem curtir a vida, a noite, o dinheiro, as bebedeiras, as aventuras no mundo do crime, e não o convoquem mais. Ele até agradecerá.

NOTA2: No tempo de Scolari, mesmo sem se ligar patavina à selecção Sub-21, ela sempre esteve presente nas fases finais. Agora, com o grande organizador, com o homem do "projecto", o que aconteceu afinal aos sub-21? Quem teve a "brilhante" ideia de escolher Oceano? O que vai agora dizer o Luís Freitas Lobo?

FANTOCHADA

Lamento, mas não me apeteceu escrever nada sobre isto.
Nunca o destino de uma selecção nacional me foi tão indiferente. Os que a mataram, que a enterrem.

ATÉ SEMPRE!

Morreu José Torres. Morreu uma lenda do Benfica e da Selecção Nacional.
Ainda me lembro dele jogar, já não de águia ao peito, mas com a camisola do Estoril-Praia, aos 40 anos, em fim de carreira, depois de ter passado também pelo Vitória de Setúbal.
Mais tarde, enquanto treinador, ficou marcado pelo caso Saltillo, onde terá sido mais vítima do que culpado. Mas a mais grata memória que tenho dele vem das histórias que o meu pai me contava na infância, acerca dos seus golos, acerca do ar desengonçado que tantas desconfianças causou no Terceiro Anel - rapidamente dissipadas pelas suas capacidades ímpares.
Foi um dos mais marcantes avançados de sempre do nosso futebol, estando ligado ao melhor período da história do Benfica e da Selecção portuguesa.
É de lamentar que os seus últimos anos de vida tenham sido tão difíceis, mas fica o consolo de saber que o Benfica tudo fez para lhes proporcionar a dignidade possível, mesmo tendo de lutar contra incompreensões de terceiros.
Até sempre, Bom Gigante!

EQUILÍBRIO

Finalmente o mercado fechou.
Tal como sempre aqui defendi, o Benfica apenas vendeu dois jogadores – à semelhança, de resto, do que FC Porto (Bruno Alves e Raul Meireles), Sporting (João Moutinho e Miguel Veloso) e Sp.Braga (Eduardo e Evaldo) fizeram.
Cheguei a temer o pior, mas a verdade é que o plantel encarnado acabou por manter a sua espinha dorsal quase intacta, sendo este, em muitos anos, o defeso em que menos alterações se registaram na casa.
Luisão, David Luíz, Fábio Coentrão e Óscar Cardozo permaneceram na Luz, o que não pode deixar de justificar uma saudação especial àqueles que, na administração da SAD, souberam resistir aos impulsos mais imediatistas. O Benfica encaixou, mesmo assim, mais de 40 milhões, e mantém uma equipa quase tão competitiva como a anterior, continuando a ter, quanto a mim, o melhor plantel do futebol português.
Agora, só falta ganhar, para o ciclo não ser quebrado.

OBVIAMENTE DEMITAM-SE! TODOS!

Todas estas figuras são um problema para o futebol português. Todas revelam total incompetência para as funções que desempenham. Todas se movem por interesses que não coincidem com o bem do futebol e, em particular, da selecção. Embora algumas nem o percebam, todas elas estão a mais.
Façam, por uma vez, algo de útil: demitam-se!

O D.QUIXOTE DA TV

Provavelmente este homem quer ser um herói.
Está empenhado, quixotescamente, numa missão hercúlea, e condenada ao fracasso: acabar com o mediatismo do Benfica.
Sempre que modera ou apresenta um programa de televisão faz questão de remeter o clube da Luz para o fim, não lhe deixando mais do que breves e apressados minutos (quando deixa). Foi sempre assim no programa das quintas-feiras (que, em muitas das suas edições, sobretudo antes de emergir o Sp.Braga, caberia bem numa espécie de FCPorto TV), e é também assim quando, por acidente, surge noutros contextos.
Depois de na passada quinta-feira levar longos minutos a discutir, com Luís Freitas Lobo, os adversários do Braga no sorteio da Champions League, e mal ter falado nos do Benfica (como sempre, remetido para os últimos cinco minutos do programa), ainda esta noite, no Trio de Ataque (com ele a moderar), falou-se do Sporting das 23.17 às 23.32, do FC Porto das 23.32 às 23.49, e do Benfica das 23.49 às 23.56, ou seja, 15 minutos para leões, 17 minutos para dragões, e somente 7 minutinhos ratados para a discussão do Benfica-V.Setúbal - que além de envolver o campeão nacional era, à partida, o jogo que maior curiosidade despertava, até mesmo para os rivais dos encarnados.
Manuel Fernandes Silva (assim se chama o personagem) insiste pois em utilizar a antena para discutir aquilo que lhe interessa a ele, desprezando o que interessa à maioria dos portugueses que, através dos impostos, lhe paga o ordenado.
A programação desportiva da RTPN sempre foi tendenciosa (embora tenha de fazer uma ressalva para Carlos Daniel). Como tudo o que é feito no Porto, nunca soube manter a independência (e jamais me esquecerei os noticiários da meia-noite, na estação, aquando dos momentos mais delicados do Apito Dourado), naquilo que é uma manifestação de subserviência saloia e provinciana aos obscuros poderes da paróquia. Mas Manuel Fernandes Silva abusa. Já foram feitas queixas à RTP, a que ele foi forçado a responder, mas depois de algumas semanas de maior equilíbrio, este princípio de época está mostrar-nos novamente um Manuel Fernandes Silva em todo o seu esplendor.
O homem tenta, tenta, esforça-se, esforça-se, mas, para mal dos seus pecados, nada mais vai conseguir do que diminuir as audiências dos programas que apresenta. A menos que o objectivo seja seguir os passos de Rui Cerqueira, e ir para onde, efectivamente, há já muito tempo, devia estar.