PISTAS PARA PERCEBER A CRISE
- A seguir ao empate com o Tondela em casa, e antes do autocarro ser apedrejado (coisa que ajudou imenso, como se viu…), Vieira terá gritado no balneário, chamando ingratos aos jogadores. Constou que, ao contrário do FC Porto, o Benfica tinha mantido os salários integralmente, e daí a acusação;
- A prestação de André Almeida nos jogos com Santa Clara e Marítimo foi inquietante (veja-se o 4º golo do Santa Clara e o 1º do Marítimo). Tal como havia sido a de Pizzi, primeiro no Dragão, com uma exibição miserável, depois com três penáltis falhados nos jogos com Moreirense e Setúbal. Almeida disse que não percebia o que estava a acontecer, e que os jogadores faziam o que se lhes pedia;
- Bruno Lage, mesmo perante uma intrigante sequência de apenas 2 vitórias em 13 jogos (isto depois de, com praticamente a mesma equipa, ter batido recordes de pontos, vitórias e golos) afirmou que os jogadores estavam com ele. Mas quando saiu, a equipa soltou-se um pouco, realizando um final de campeonato, digamos, normal;
- Na final da Taça o Benfica volta a baquear, mesmo jogando toda a segunda parte com mais um jogador;
- Para a nova época, o Benfica voltou a investir forte, e a contratar atletas internacionais de vários países com salários elevadíssimos. Recorde-se que chegaram a ser oferecidos a Cavani qualquer coisa como 6M por ano. É provável que os capitães do plantel não tenham visto com bons olhos tanto desafogo para quem acabava de (ou estaria para) chegar;
- Em sentido oposto, Jorge Jesus logo na apresentação falou de construir uma grande equipa, e de arrasar. Na altura dizia-se que o Benfica, para além de Cavani (e daí ter recusado… Taremi), pretendia também Gerson, Arão e Bruno Henrique do Flamengo, mais um guarda-redes, Garay, William Carvalho, João Mário, Enzo Perez e até James Rodriguez, entre outros possíveis reforços. Ruben Dias parecia de pedra e cal na Luz. A verdade é que, com a eliminação em Salónica, essas ideias parecerem ficar a meio caminho, e por exemplo o meio-campo, como as laterais, não saíram reforçados. Quem saiu foi Ruben, tal como Vinicius – melhor marcador do campeonato anterior. A equipa ficou algo desequilibrada (no valor desportivo, e presumivelmente também nos salários);
- No Bessa, poucos dias depois das eleições, e após uma sequência de sete vitórias, o Benfica perde estrepitosamente. Foi o primeiro jogo em que Rafa foi suplente. Grimaldo estava indisponível, assim se mantendo na derrota seguinte, com o Braga na Luz. Pelo meio um empate milagroso com o Rangers, obtido no último segundo. Numa semana, nove golos sofridos. Era tempo de se questionar Otamendi;
- Otamendi, esse mesmo, tornado capitão do Benfica ao terceiro jogo de águia ao peito. Na altura, em Poznan, não estava nenhum dos capitães em campo. Mas depois, em Liége, até Vertonghen chegou a usar a braçadeira, aí com Jardel a seu lado no onze;
- Quem também não cumprimentou Jesus, mas no jogo com o Standard na Luz, foi Gabriel, após ser substituído, ocasião em que não escondeu total desagrado, ignorando a abordagem do treinador. A situação foi desvalorizada, e o brasileiro foi titular no Bessa. Mas desde então, em 14 jogos de campeonato só entrou de início em três deles;
- Jesus não é um hábil comunicador. Mas terá passado as marcas quando comparou Pizzi com Taarabt, dizendo que a atacar eram iguais (Pizzi havia marcado 30 golos na época anterior, e era rei das assistências), e que a defender o marroquino era superior. De resto, o transmontano tem perdido influência no onze, sendo suplente nos últimos jogos.
- O técnico substituiu com frequência também Rafa, por vezes sem razão aparente, e chegou a criticá-lo numa conferência de imprensa. Culpou Vlachodimos por golos sofridos, quando tal nem acontecera nos dois jogos anteriores à perda da sua titularidade. Acusou os centrais de lentidão. E também responsabilizou os avançados pelo zero no último jogo;
- Darwin é o jogador mais caro da história do clube. Mas o rendimento tem sido intermitente: começou bem, mas a pouco e pouco tem vindo a apagar-se, evidenciando enorme ansiedade em frente das balizas. Em Faro foi substituído bem cedo, mesmo com o nulo no marcador, e não escondeu a frustração ao chegar ao banco. Manifestou insatisfação também nas redes sociais;
- Rui Costa falou após a derrota de Alvalade, e não escondeu as críticas aos jogadores a quem, segundo ele não bastava fazer um carrinho ou um malabarismo em campo, sendo preciso também treinar no duro todos os dias. A reacção da equipa foi absolutamente inexistente, e seguiu-se um tristonho empate com o Guimarães na Luz;
- João de Deus, quando confrontado com essas declarações, e questionado sobre quais seriam os jogadores em causa, respondeu “perguntem ao Rui Costa”, como que desautorizando o vice-presidente, em mais um episódio desta saga.
Agora, como num filme de David Lynch, cabe ao leitor filtrar o que interessa, e tirar as suas conclusões.