ENFIM 3 PONTOS


Havia um mês que o Benfica não ganhava um jogo para o Campeonato, e como tal, uma vitória, qualquer que ela fosse, já era motivo de alguma descompressão.
A exibição foi boa nos primeiros 10 minutos (o que mostra vontade), razoável até final da primeira parte, e medíocre em toda a segunda. Sentiu-se, aliás, que se o Famalicão fizesse o 2-1 (que esteve várias vezes para acontecer), o mais certo era o Benfica voltar a colapsar e perder ainda mais pontos. Não aconteceu, ainda bem.
No início da época os encarnados demoraram até estabilizar o processo defensivo. O que é certo é que, mesmo longe da perfeição, a defesa é hoje, ainda assim, o sector mais consistente da equipa. O meio-campo não foi reforçado e tem um enorme défice de qualidade (Weigl, Gabriel e Taarabt são, todos eles, jogadores de menos). E o ataque, mesmo com fortíssimo investimento, está a revelar-se um fiasco, fiasco esse que tem nome próprio: Darwin.
É decerto injusto crucificar um jovem com 21 anos, que tem talento, e está pela primeira vez num clube com tamanho grau de exigência. Mas a verdade tem de ser dita: o uruguaio tem futuro, mas ainda não terá grande presente, à semelhança de um qualquer Gonçalo Ramos da vida. Sobretudo, não tem estofo para assegurar nas suas espaldas o ataque do Benfica, faltando-lhe inúmeras coisas, das quais a mais visível é a ineficácia em frente da baliza, mas que se estendem à incapacidade de segurar a bola, de jogar de costas para a área, de definir o último passe ou o remate, de ganhar bolas de cabeça, de pressionar a saída de jogo contrária, etc, etc. Mostra disponibilidade, força física e talento, mas tem tudo a aprender sobre o jogo - o que naturalmente não deveria ser feito à custa de maus resultados. E recordo que havia quatro jogos consecutivos do campeonato em que nenhum avançado do Benfica marcava qualquer golo...
Mas a grande nota da noite vai para o regresso de Jorge Jesus. Ao banco e à sala de imprensa, onde o seu discurso foi notável.
Não interessa agora distinguir o que foi Covid e o que foram outras coisas que já se notavam antes. O que interessa é que o treinador encontrou forma de fazer deste jogo um ponto de inflexão, de mexer com a confiança dos jogadores, e de lhes limpar a cabeça. Os próximos jogos vão ditar se valeu a pena, e se se justificava.
Enfim, eu sou do Benfica e quero que o Benfica ganhe sempre. Quero acreditar que este seja, de facto um ponto de inflexão na época (pode não dar para o título, mas há mais objectivos). O que é certo é que o mercado está fechado e não adiantará muito chorar pelo que quer que seja. A equipa é esta, a situação é esta, e quem quer que o Benfica ganhe deve fazer agora um esforço para não contribuir para uma maior desestabilização. Há de facto muitas atenuantes (covid, calendário, integração de reforços, arbitragens, algum azar). Vamos acreditar que tenham tido um peso maior do que os erros cometidos. 

1 comentário:

Brytto disse...

Ainda ontem estava a dizer isso ao meu irmão. O pior de tudo ainda é a linha avançada. Como foi possível confiar que um jogador com 21 anos seria o avançado para uma época, apesar do talento (mais força do que talento) que apresenta. Não se compreende ainda a cedência do Vinicios, se fosse com compra obrigatória, enfim... ainda por cima a um clube onde era bom de ver não se ia valorizar, paralelamente a esta opção, deixou-se ir o Taremi para o rival, só asneiras. Agora se percebe bem a diferença que faz ter-se um Jonas, mas claro, há mais deficiências (muitas) na equipa, mas essa é a principal. Agora também não se pode escamotear o peso que a covid teve no desempenho da equipa bem como a quantidade estupida de jogos, e já agora, a falta de adeptos...