ATÉ BREVE

Pois é. Chegou a hora. VEDETA DA BOLA vai entrar de férias, tendo regresso previsto para o início da Liga.
Para que os visitantes não fiquem totalmente privados da leitura do seu blog preferido, deixo aqui a reposição integral da rubrica "Jogos para a Eternidade", que poderão ler ou reler durante este período de ausência.
Então até fins de Agosto. Bons mergulhos e boas contratações !

Nº 1 BENFICA-STEAUA DE BUCARESTE, 2-0 (1988)

Nº 2 PORTUGAL-INGLATERRA, 2-2 (2004)

Nº 3 F.C.PORTO-BENFICA, 0-2 (1991)

Nº 4 SPORTING-BENFICA, 3-6 (1994)

Nº 5 BENFICA-ALTAY IZMIR, 4-0 (1981)

Nº 6 A ROTA DO TÍTULO 2004-05

Nº 7 ITÁLIA-BRASIL, 3-2 (1982)

Nº 8 SPORTING-BENFICA, 7-1 (1986)

Nº 9 OS MEUS DERBYS

Nº 10 AS ROMA-BENFICA, 1-2 (1983)

Nº 11 BENFICA-MANCHESTER UNITED, 2-1 (2005)

Nº 12 OS MEUS CLÁSSICOS BENFICA-PORTO

Nº 13 JUVENTUDE DE ÉVORA-ESTORIL, 1-2 (1981)

Nº 14 PORTUGAL-GRÉCIA, 0-1 (2004)

Nº 15 FRANÇA-PORTUGAL, 3-2 (1984)

MERCADO

SIDNEI – Nunca ouvi falar nele, mas sendo internacional pelas camadas jovens do Brasil e titular do Inter de Porto Alegre com apenas 19 anos, terá seguramente alguma qualidade. A dúvida que fica é se, dispondo já de David Luíz e Miguel Vítor no plantel, o Benfica não necessitaria antes de um central experiente, capaz de assegurar a titularidade no imediato com mais valias para a equipa.O clube da Luz, se quer mesmo ganhar títulos, não pode ser uma equipa de sub-23. O passado recente demonstra que este tipo de jogadores acaba invariavelmente emprestado e dispensado, sem glória nem proventos. Binya, Sepsi, Halliche, Coentrão, Dabao, Adu, Urreta etc, são jovens talentosos - uns mais que outros -, mas já ficou demonstrado não serem o tipo de jogador que um clube com as características do Benfica necessita, particularmente num momento em que a sede de títulos começa a fazer-se sentir de forma dramática.
O que a SAD encarnada pretende é, acima de tudo, contratar promessas que possam, num ou noutro caso, render bom dinheiro no futuro. É a lógica do director financeiro a construir o plantel, contra a qual me tenho manifestado em diversas ocasiões, e que tem sido responsável pela perda de competitividade de Sporting e Benfica na última década. Não é assim que se ganha dinheiro no futebol, e já era tempo de alguns dirigentes perceberem isso.
LUÍS GARCIA – É um bom avançado, mas tem fama de indisciplinado e problemático. Os 15 milhões de euros pedidos são um absurdo, mas se o Benfica o conseguir contratar por 7 ou 8 milhões, tomando em conta que Quique o conhece bem e saberá como lidar com ele, talvez possa ser uma boa solução para o ataque encarnado. Preferia Saviola, Soldado ou mesmo Miccoli. Se todos estes falharem (e os dois primeiros creio já terem falhado), que venha Garcia.
MANTORRAS – As últimas notícias dão conta da possibilidade de ser cedido ao Sp.Braga. Ao contrário de Nuno Assis ou Makukula, que considero serem mais valias no plantel do Benfica, gostaria de ver Mantorras jogar uma época noutro clube, preferencialmente onde fosse titular e pudesse enfim demonstrar aquilo que a sua condição física efectivamente permite. Há muito tempo que o Benfica deveria ter tomado a decisão de o emprestar, mas a amizade do presidente, e a admiração do “terceiro anel” foram impedindo aquilo que, futebolisticamente, há muito era óbvio.
HULK – Segundo a comunicação social, poderá ser esta a surpresa que Pinto da Costa se prepara para apresentar no sábado aos portistas. Com nome de banda desenhada, quase que, fazendo humor negro, podia dizer tratar-se de uma aquisição à…Benfica. Por muito incrível que seja este Hulk, não é certamente por ele que adeptos de Benfica e Sporting deixarão de dormir descansados nas próximas noites.
QUARESMA – Não tem manifestamente condições para ficar no Porto. Não quer ficar nos dragões e já o assumiu com clareza, dando mostras de esticar a corda até onde lhe seja possível para ver os seus intentos realizados. Sorte para José Mourinho, que o vai acabar por ter a um preço substancialmente menor que os 39.999.999,00 euros apontados por Pinto da Costa como valor mínimo para a transferência se concretizar. Deverá sair por menos de 25 milhões, afinal de contas um valor mais compatível com um jogador que nem é titular da selecção nacional.
LUCHO GONZALEZ – Outro que já mostrou interesse e vontade de sair. Contudo, uma vez que o seu valor de mercado é substancialmente inferior ao de Quaresma – vá lá a gente perceber estas coisas… - muito dificilmente o F.C.Porto quererá abrir mão de um jogador muito mais importante na estrutura da equipa que o próprio extremo português (que de resto até já está substituído, e bem, por Rodriguez). Mas Atlético de Madrid e Villareal não desistem.
MIGUEL VELOSO E JOÃO MOUTINHO – Chega a ser penoso ver a forma como o Sporting procura desesperadamente vender um dos seus principais talentos, e não aparece nenhum grande clube interessado. Moutinho pelo seu físico pluma, Veloso por ter “falhado” o Europeu, não parecem cativar tanto as atenções do mercado como os responsáveis leoninos se terão convencido que iria suceder.
Talvez Jorge Mendes pudesse ajudar, mas o Sporting tem trabalhado preferencialmente com outros.
Se desportivamente o clube fica a ganhar com a presença dos dois jovens jogadores no plantel, a verdade é que os investimentos feitos supunham a fácil e rápida transacção de um destes jogadores (ou mesmo de ambos), pelo que deve haver quem não durma descansado em Alvalade por estas horas.
STOJKOVIC – Este é que ninguém quer mesmo. Para quem se auto-intitula o “melhor guarda-redes da Europa”, o vexame a que se tem sujeito nos últimos dias não deixará de custar um pouco. O que terá ele feito no Everton para ser sumariamente dispensado ainda antes de assinar contrato ? Ter-se-á apresentado como “o melhor do mundo” ? Quais os seus outros pecados ?

A DESPEDIDA DE UM CRAQUE

Pode ter sido campeão pelo Sporting, pode ter jogado no Boavista e no Sp.Braga, pode mesmo ter sido adepto do F.C.Porto, mas foi no Benfica que passou indiscutivelmente os melhores anos da sua carreira.
Foi quase sempre capitão de equipa, e tido por treinadores e colegas como um excelente profissional. Brilhou em 1994 - quem não se lembra dos 3-6 ? -, e ao longo das temporadas seguintes lutou, muitas vezes sozinho, contra a descaracterização do futebol benfiquista levada a cabo por Artur Jorge e Manuel Damásio. Saiu contra a sua vontade, empurrado por Vale e Azevedo e Heynckes, numa das decisões mais incompreensíveis de sempre do futebol português - recordo que se estava à porta de um Europeu, no qual Portugal brilhou e João Pinto marcou.
Chocou-me profundamente vê-lo ser assobiado na Luz quando lá regressou com a camisola do Boavista numa das últimas temporadas (e nessa ocasião fiz questão de o aplaudir de pé diante dos que, estupidamente, o vaiavam). Afinal de contas trata-se de um dos melhores jogadores do Benfica de toda a década de noventa, e de alguém que, noutro contexto, podia ter ficado a marcar, ainda mais, a história do clube.
Põe hoje ponto final na sua carreira. Se calhar já o deveria ter feito há uma ou duas épocas atrás, mas nada fará esquecer o perfume e a classe dos seus melhores momentos.
Adeus João Pinto, e muito obrigado pelos dois mundiais de sub-20, pelos 3-6 de Alvalade, pelas taças de 1993 e 1996, pelos golos no Benfica (mais de 60) e na selecção nacional (mais de 20), e por muitos momentos de bom futebol.
FOTO: "Vedeta ou Marreta"

35+3-26=12

Tendo em conta que são anunciadas mais três aquisições, e que o plantel pretendido por Quique Flores, na sua versão final, não deverá englobar mais de 26 elementos, doze dos jogadores constantes da figura terão de sair.
Na minha perspectiva deverão ser os seguintes: Luís Filipe, Zoro, Miguel Vítor, João Pereira, Sepsi, Binya, Felipe Bastos, Miguel Rosa, André Carvalhas, Yu Dabao, Urreta e Nélson Oliveira.
Não é difícil.
Resta saber quem serão as três novas contratações: Codina ? (a ser assim sairia Bruno Costa), Ricardo Rocha ?, Beletti ?, Sereno ?, João Pereira ?, Miccoli ?, Luís Garcia ?, Smolarek ? outros ?
Entretanto Freddy Adu já foi cedido ao Mónaco. A cedência parece-me apropriada, mas desconheço o clausulado da mesma, designadamente que direitos terá o clube monegasco sobre o jogador no final da época. Espero que a última palavra possa ser sempre do Benfica, até porque para um jovem de 18 anos, o que fez nos poucos jogos em que participou justifica claramente uma outra oportunidade.

ESTORIL, 1 - CAMISOLAS DO BENFICA, 1

A estreia do Benfica 2008-09 despertou-me a curiosidade, e acabei por me ver no Estoril no último sábado. Com concertos em Lisboa a 35 euros, optei por gastar apenas 5, e ver as novas camisolas do glorioso ao vivo, numa noite agradavelmente fresca.
Camisolas, digo bem, pois jogadores também os vi, mas sentados em redor do relvado (entre eles Aimar), pois dos que lá andaram dentro, a maioria nem sequer fará parte do plantel de Quique Flores para a nova época. Estimo que, de entre os mais de vinte que actuaram, apenas Léo e Balboa – eventualmente também Carlos Martins ou Yebda – possam fazer parte das escolhas iniciais do técnico espanhol quando a competição a sério espreitar. Na parte final do desafio aconteceu-me, pela primeira vez na vida, estar perante um jogo do Benfica e nem sequer saber o nome de alguns dos jogadores. Ainda me lembrei de Lou Reed e Leonard Cohen, mas já era tarde…
Enfim, num jogo desta natureza poucas conclusões se poderão tirar, a não ser no plano individual. Alguns jogadores terão começado a escrever a história da sua dispensa, enquanto outros marcaram pontos junto de técnico e adeptos. Entre os primeiros destacaria Luís Filipe (com a mesma falta de confiança que exibiu na temporada passada), Yu Dabao e Urreta, além de quase todos os outros jovens que entraram na segunda parte. Nuno Assis, pelo contrário, mostrou que pode vir a ser útil, Moreira esteve seguro, enquanto que Makukula mostrou força, empenho e luta. Os reforços estiveram em plano razoável, com destaque para Yebda que surpreendeu pela positiva – para quem não viu, trata-se de uma espécie de Fernando Aguiar mais tecnicista.
De resto nada mais há a dizer. Saí antes do apito final, e só tive a certeza que o empate se mantivera, no dia seguinte…
E de jogos particulares fico-me por aqui. Só voltarei a um estádio no dia 31 de Agosto para o Benfica-F.C.Porto da segunda jornada.

UMA MENTIRA REPETIDA MUITAS VEZES (3)

Nos últimos tempos tem sido comum encontrar espalhada pela blogosfera uma redonda e persistente mentira, segundo a qual o Benfica seria um clube conotado com o antigo regime ou protegido pelo mesmo.
Em cerca de trinta anos de adepto de futebol nunca tinha ouvido tal coisa, e foi preciso aparecerem uns iluminados, fanatizados e instrumentalizados por um certo poder, para ver lançada no ar essa atoarda, como se se tratasse da mais cristalina das evidências.
A afirmação é tão absurda que não mereceria mais que o silêncio. Mas ainda assim, não gostaria de perder a oportunidade de deixar aqui algumas notas, para que os mais novos não se deixem enganar, e a partir das quais se pode ver o ridículo em que caem aqueles que, por fraqueza de espírito, ingenuidade ou ignorância, se deixam manipular e fanatizar por quem deles se serve e assim perpetua um poder bem mais absoluto do que devia, e para o qual a ética e a justiça estão, não na ponta da espingarda como diria Mao-Tse-Tung, mas sim numa qualquer comemoração triunfante na Alameda das Antas. Vejamos:

1 - Será o menos importante, mas para começar, a cor vermelha diz bastante. Salazar, que nem sequer gostava de futebol, nunca patrocinaria um clube com as cores da sua figadal inimiga União Soviética. A comunicação social até foi forçada a utilizar a palavra “encarnados” para descrever o Benfica, de modo a não conjugar “vermelhos” com “vencedores”, o que poderia ser dramático para o regime. Ao contrário do Real Madrid – que usava cores queridas aos falangistas de Franco -, o Benfica usava as cores da revolta. Diria até que, por exemplo, o azul e o branco ficariam esteticamente bem melhor com toda a simbologia salazarista.
2 - O Estado Novo teve início em 1926 e começou a desintegrar-se em 1961 com as crises estudantis e a guerra colonial. Pois foi precisamente na fase decadente do antigo regime que o Benfica emergiu como força dominante do desporto português.
Nos primeiros vinte e cinco campeonatos nacionais (entre 1934 e 1959, ou seja o período mais relevante do Salazarismo), a lista de vencedores é encabeçada pelo Sporting com 10 títulos, seguindo-se o Benfica com 9, o F.C.Porto com 5 e o Belenenses com 1. O Benfica tinha portanto vencido 36 % dos campeonatos – em 2008 tem 42%...
3 - O 25 de Abril foi, como todos sabem, em 1974. Pois nas três épocas seguintes o Benfica foi tri-campeão !. Nos vinte anos a seguir à revolução o clube da Luz, não parecendo sentir nada o fim da ditadura, venceu 10 campeonatos, 7 taças, e foi a 3 finais europeias. No mesmo período o F.C.Porto conquistou 8 campeonatos, 5 taças e foi a 2 finais europeias. O Sporting venceu 2 campeonatos e 2 taças.
A crise benfiquista, e a consequente hegemonia portista, deu-se apenas devido às sucessivas má gestões de Jorge de Brito (neste caso mais de quem o acompanhava), e sobretudo, Manuel Damásio e Vale e Azevedo que, paralelamente a outros aspectos, abriram campo aos triunfos portistas das últimas decadas.
4 - Por falar em presidentes, o Benfica foi ao longo da sua história, e enquanto durou o regime anterior, quase sempre presidido por ilustres oposicionistas. Félix Bermudes foi perseguido pela PIDE, e no consolado de Tamagnini Barbosa o clube chegou a correr o risco de ser encerrado pelo governo por alegadamente estar tomado por “conspiradores”. Um outro presidente (Júlio Ribeiro da Costa) teve mesmo de se demitir para que o clube não fosse mais penalizado pelo regime, dada a sua forte conotação política com a oposição. O Benfica chegou a ter um presidente operário (Manuel Afonso, também, naturalmente, oposicionista), e foi, de longe, o clube desportivo que mais problemas criou a Salazar, como de resto seria de esperar numa agremiação tão marcadamente popular desde a sua fundação.
5 - Os órgãos sociais do Benfica sempre foram eleitos democraticamente, o que por diversas vezes foi alvo do olhar recriminador da PIDE, que acompanhou os actos eleitorais e assembleias-gerais bem de perto. Durante muitos anos foi o Benfica a única das grandes instituições do país onde o poder era escolhido através de voto livre e democrático. Nem o Jornal do clube escapou à perseguição, sobretudo quando tinha à sua frente José Magalhães Godinho.
6 - Os poderes públicos apoiavam tanto os “encarnados” que em 1956 escolheram o Sporting – por convite - para participar na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, apesar do campeão da época anterior ter sido o Benfica.
7 - O Estádio das Antas, construído com fortíssima ajuda do regime, e financiado por gente a ele ligada, foi inaugurado num dia 28 de Maio, data em que Gomes da Costa havia partido do norte em direcção a Lisboa para instalar a ditadura em Portugal, 26 anos antes. Curiosamente, o Benfica estragou a festa e venceu por…2-8 !!
Pelo contrário, o Estádio da Luz foi construído (muitas vezes literalmente) pelos sócios do Benfica, sem recurso a quaisquer subsídios, e permitiu ao clube acabar com os sucessivos despejos a que foi sujeito e a que foi estoicamente resistindo. Curiosamente, o estádio que o Benfica utilizava antes tinha sido arrendado pelo Sporting (clube da aristocracia lisboeta), que então lhe chamava Estádio 28 de Maio. O Benfica não só fez questão de o inaugurar num dia 5 de Outubro, como lhe mudou o nome, designando-o apenas por “Campo Grande”.
8 - No início dos anos quarenta, época dourada de Salazar, o F.C.Porto beneficiou da ajuda dos seus influentes homens do poder para, através de dois cirúrgicos alargamentos, evitar cair para a segunda divisão, após se ter classificado em terceiro lugar no seu campeonato regional, que na altura apurava as equipas (os dois primeiros) para a prova nacional. Mal se sabia que, décadas e décadas depois, seria novamente a sua influência a evitar a descida, agora por motivos bem diferentes, e bem mais nebulosos.

9 - Como referiu Manuel Alegre – insuspeito de salazarismo – os relatos dos jogos do Benfica, e as suas vitórias, eram motivo de grande regozijo entre os exilados políticos. O Benfica era mesmo, para alguns deles, o único motivo de orgulho no seu país.
10 - O Benfica foi campeão europeu com jogadores que faziam parte dos movimentos de libertação das colónias, como Santana e Coluna. Obviamente que Salazar não teve alternativa senão engolir o sapo e colar-se ao êxito do clube, aproveitando-se dele para efeitos políticos.
11 - Nas comemorações da vitória aliada na segunda guerra mundial, toleradas por Salazar apenas por receio de represálias dos vencedores – sobretudo a tradicional aliada Inglaterra – viram-se nas ruas bandeiras de França, dos Estados Unidos, de Inglaterra e…do Benfica, estas naturalmente substituindo as da URSS, e utilizadas por oposicionistas comunistas.
12 – O hino do Benfica (“Ser Benfiquista”) cantado por Luís Piçarra não é o original do clube. O primeiro hino, composto por Félix Bermudes, chamava-se “Avante Benfica” e foi silenciado pelo regime.
13 –
O Estádio da Luz passou 17 anos, desde a sua fundação, sem ser utilizado pela selecção nacional. Só já nos anos setenta se disputou o primeiro jogo de Portugal num estádio benfiquista. Nunca se jogou a final da taça na Luz ou em qualquer outro estádio utilizado pelo Benfica, ao contrário do que aconteceu nas Antas, onde o F.C.Porto disputou (em casa) nada menos que três finais, antes e depois do 25 de Abril.
14 - O primeiro grande escândalo de arbitragem na história do futebol português valeu um título ao F.C.Porto. Estávamos em 1939, no auge da ditadura salazarista, e no jogo decisivo os “vermelhos” viram um golo anulado nos últimos instantes, que valeria a vitória e o título. Também a história Calabote (que foi irradiado) está mal contada – e em breve poderei falar dela -, e de resto redundou num outro título para o F.C.Porto, que aliás já na altura demonstrava uma propensão enorme para se envolver em questões desta natureza.
15 – Ao longo dos anos do regime ditatorial, as situações em que os poderes públicos e federativos prejudicaram o Benfica administrativamente sucederam-se. Uma das mais conhecidas foi a não autorização para adiar o jogo da Taça de Portugal frente ao V.Setúbal, marcado para o dia seguinte à final de Amsterdão em 1962. Mas houve outras, como a marcação da repetição de um jogo para três dias antes da tal jornada de Calabote, obrigando o Benfica a um desgaste adicional que lhe poderá ter custado o título.
16 – Nunca em tempo algum o Benfica teve um seu sócio, ou mesmo adepto, como presidente de organismos ligados à arbitragem do futebol. O F.C.Porto é o que se sabe, e o Sporting também não se pode queixar pois tem agora lá um “emblema de ouro”.
17 - O Benfica conquistou mais títulos nacionais nas modalidades extra-futebol em democracia (57), do que em ditadura (44). Ao contrário, por exemplo, do F.C.Porto, que à excepção do caso específico do hóquei em patins, tem mais títulos antes da revolução de Abril do que depois (25 antes -19 depois).
18 - O Benfica tem entre os seus adeptos gente de todos os estratos sociais e sectores políticos. Mas convenhamos que Álvaro Cunhal, José Saramago, Xanana Gusmão, António Guterres, Jerónimo de Sousa, António Vitorino de Almeida, Artur Semedo, Manuel Alegre, Miguel Portas e muitas outras figuras da esquerda portuguesa, simpatize-se mais ou menos com elas, nunca seriam seguramente adeptos de um clube de algum modo relacionado com o regime fascista.
19 – É curioso que o Benfica, tendo adeptos espalhados pelo país e pelo mundo, tem maior expressividade precisamente nas zonas mais conhecidas pelo seu combate ao fascismo, ou seja Alentejo – onde a percentagem de benfiquistas é absolutamente esmagadora - e cintura industrial de Lisboa, nomeadamente a margem sul do Tejo. Pelo contrário, o F.C.Porto tem a grande maioria dos seus adeptos concentrados na região norte, pouco conhecida pelo combate democrático – pode ser injusto para muitos dizê-lo, mas a verdade é que a maioria dos agentes da PIDE eram nortenhos, e a maioria dos detidos eram provenientes justamente das zonas onde existe maior expressão do benfiquismo.
Nos anos quentes da reforma agrária, no pós-revolução, sei de pessoal das UCP’s alentejanas que se organizava em excursões para os jogos internacionais do Benfica.
20 – Seria interessante também fazer a contabilidade dos adeptos e sócios do Benfica nas ex-colónias. Como seria possível haver tantos benfiquistas, por exemplo, em Angola e Moçambique, se o clube tivesse alguma conotação com o regime que durante anos lhes negou a independência e lhes deu a guerra ?

O QUE AINDA FALTA: AS HIPÓTESES

Num post abaixo identifiquei aquilo que, no meu ponto de vista, faz falta para o Benfica ter de facto uma grande equipa, verdadeiramente capaz de lutar pelo título, e de o vencer. Haverá dinheiro ?
Eis algumas propostas para cada um dos lugares identificados, por ordem de preferência:
LATERAL-DIREITO: Beletti, Wilhelmson, Seitaridis ou João Pereira
DEFESA-CENTRAL: Thiago Silva, Ricardo Rocha, Marcelão ou Sereno
AVANÇADO: Saviola, Soldado, Miccoli, Luís Garcia ou Weldon

A EQUIPA QUE VIEIRA DEIXOU ESCAPAR

Valor total realizado com estas saídas: 60 milhões de euros. Valor inferior ao que o F.C.Porto realizou apenas com dois defesas centrais (Ricardo Carvalho e Pepe).

A ENTREVISTA

TEMÁTICA APITO FINAL: Muito bem. Só é pena não dispôr de uma capacidade oratória que lhe permita ser mais eloquente.

TEMÁTICA GESTÃO DESPORTIVA DO BENFICA: Fraco. Hesitou, atirou culpas para outros, mostrou perturbação. Podia e devia ter assumido os erros de modo mais frontal, e mostrado mais firmeza na vontade de os corrigir.

A ENTREVISTADORA: À semelhança do que tem sido a postura da RTP, transformada quase numa espécie de JN televisivo - veja-se a cobertura da decisão do TAS, que por pouco não foi festejada em estúdio, ou o desprezo ostensivo pela chegada de Aimar, por contraposição com o destaque dado à contratação de Rodriguez -, foi mais uma vez visível um indisfarçavel anti-benfiquismo na forma como a portista Judite conduziu esta entrevista. Fossem assim as entrevistas a Pinto da Costa e outro galo cantaria.

O QUE AINDA FALTA

À BENFICA !

Depois da desilusão provocada pela decisão do TAS, Luís Filipe Vieira e a SAD benfiquista estavam absolutamente obrigados a concluir com sucesso a verdadeira novela em que se transformou a negociação por Pablo Aimar.
O último forcing de Rui Costa em Saragoça resultou na consumação da contratação do argentino, o que representa uma enorme alegria para os benfiquistas, e um novo impulso na preparação da nova época. As notícias de eventuais tentativas de sabotagem foram o sal de uma aquisição muito festejada.
Os números que vieram a público desde logo surpreenderam. Depois de se falar em oito, e até em dez, milhões, o negócio acabou por ficar pelos seis e meio. As notícias da cedência de Fábio Coentrão (definitiva?) explicam contudo alguma coisa sobre a operação.
Aimar é um jogador experiente (mais de 50 internacionalizações e vários títulos) e de classe internacional. Nas últimas duas épocas não foi feliz, sofrendo duas lesões graves que lhe condicionaram o rendimento. Procura agora, aos 28 anos, reabilitar a sua carreira. Se chegar aos níveis que demonstrou em Valência (onde foi bi-campeão) e que o levaram aos mundiais da Coreia e da Alemanha, será sem dúvida um reforço capaz de mexer com o futebol benfiquista, e mesmo com a liga portuguesa.

CONFIRMADO !

AQUI ESTÁ

Os leitores pedem, os leitores têm.
Fazendo a vontade a Jorge Vaz e a M., eis a lista de entradas e saídas no plantel do Benfica desde 2004:
ENTRADAS (82): Yannick, Amoreirinha, Everson, Paulo Almeida, Karadas, Dos Santos, Alcides, Bruno Aguiar, Carlitos, André Luíz, Delibasic, Nuno Assis, Alex, Hélio Roque, Tiago Gomes, João Vilela, Léo, Nelson, Rui Neréu, Bruno Costa, Anderson, Beto, Karyaka, Karagounis, Miccoli, Moretto, Marcel, Manduca, Marco Ferreira, José Fonte, Laurent Robert, José Rui, Ricardo Janota, Inzagi, Pedro Correia, Diego Souza, Canales, Patafta, Rui Costa, Miguelito, Katsouranis, Paulo Jorge, Manu, João Coimbra, Derlei, David Luíz, Kikin Fonseca, Hans-Jorg Butt, Sretenovic, Marc Zoro, Miguel Victor, Manuel Fernandes, Romeu Ribeiro, Andrés Diaz, Freddy Adu, Óscar Cardozo, Fábio Coentrão, Yu Dabao, Gonzalo Bergessio, Di Maria, Cristian Rodriguez, Edcarlos, Maxi Pereira, Binya, Ruben Lima, David Simão, Fellipe Bastos, Wagner, Abdoulhaye, Halliche, Sepsi, Makukula, André Carvalhas, Miguel Rosa, Luís Pereira, Javier Balboa, Carlos Martins, Ruben Amorim, Jorge Ribeiro, Urretavizcaya, Aissa e Hassan Yebda.
SAÍDAS (78): Tiago, Armando, Hélder, Fernando Aguiar, Carlos Bossio, Ednilson, Carlitos I, Argel, Zahovic, Yannick, Tomo Sokota, Amoreirinha, Paulo Almeida, Azar Karadas, Dos Santos, Fehér, Roger, Cristiano, Alcides, Bruno Aguiar, Carlitos II, André Luíz, Delibasic, Alex, Hélio Roque, Tiago Gomes, Everson, João Vilela, João Pereira, Fernando Alexandre, Rui Neréu, Marcel, Manduca, José Fonte, Laurent Robert, José Rui, Ricardo Janota, Inzaghi, Diego Souza, Canales, Patafta, Kikin Fonseca, Geovanni, Miguel, Manuel Fernandes, Fyssas, Karyaka, Ricardo Rocha, Moretto, Anderson, Pedro Correia, Marco Ferreira, Beto, Karagounis, João Coimbra, Sretenovic, Miccoli, Derlei, Paulo Jorge, Manú, Simão Sabrosa, Miguelito, Bruno Costa, Miguel Vitor, Romeu Ribeiro, Andrés Diaz, Fábio Coentrão, Halliche, Wagner, Abdouhaye, Ruben Lima, David Simão,Yu Dabao, Marc Zoro, Gonzalo Bergessio, Hans-Jorg Butt, Rui Costa e Cristian Rodriguez.
Dividindo por quatro dá aproximadamente uma média de vinte entradas e vinte saídas por ano (sem levar em conta os que entraram e saíram mais que uma vez), o que equivale, grosso modo, a um plantel novo a cada temporada. E veremos o que acontece até ao fim deste verão...
Para quem não leu, recordo também o que escrevi sobre o Benfica e a sua gestão desportiva e institucional em Maio passado: "Renascer para a Glória"

COMO VAI O DEFESO

F.C.PORTO: Com as saídas de Bosingwa, Paulo Assunção e provavelmente Quaresma (veremos se ainda Lucho), a estrutura tri-campeã sofre algum abalo. Ou os sul-americanos contratados são mesmo bons (e só conhecemos um), ou poderemos estar perante um ano de transição no dragão. Mas recordo que da última vez que utilizei estas palavras, chegaram Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez…
SPORTING: Se Paulo Bento ficar, e ficarem também Miguel Veloso e João Moutinho, o Sporting será um fortíssimo candidato ao título nacional. Reforçou-se pouco e bem, como mandam os manuais, e mantém a estrutura base de há dois/três anos. Trabalha-se bem lá para os lados de Alvalade.
BENFICA: Se as coisas continuarem como estão (sem Aimar, Miccoli, Belletti etc etc), o Benfica parte em clara desvantagem para a nova época. Em primeiro lugar porque foi o que mais alterou a sua estrutura (a começar pela equipa técnica), depois porque sofreu perdas significativas (Rui Costa e Rodriguez eram basilares), sendo manifestamente, de entre os três, aquele que dispõe do plantel mais fraco, por muito que “A Bola” nos tente convencer do contrário.

ACTUALIDADES

AIMAR: Já se vai tornando um hábito começar por este nome. Trata-se de uma verdadeira novela de verão, fazendo de certa forma lembrar o que se passou há uns anos com Tomasson, com muitas culpas para a comunicação social.
Duvido cada vez mais que o jogador venha para a Luz, e caso Lucho seja mesmo negociado com o Atlético de Madrid (ou Valência), já estou mesmo a ver onde vai acabar Pablo Aimar.
É importante que o Benfica não se deixe cair em loucuras financeiras, mas mais importante ainda é que de futuro saiba blindar melhor as suas negociações. É que há clubes que parecem existir apenas para tentar destruir o Benfica.
CARDOZO: Tem um problema familiar grave e pediu uns dias suplementares de licença. O Benfica não concedeu.
Se lá para o final da época, depois de ter marcado mais vinte ou trinta golos, aparecer algum clube interessado nele, não será de admirar que faça tudo para sair.
Não é assim que se tratam profissionais. Um pouco de humanismo fica bem e acaba normalmente recompensado.
PAULO JORGE, JOÃO COIMBRA E MANÚ: Não cabem no plantel e serão cedidos. Até aqui tudo bem, mas… porquê rescindir os contratos ? João Coimbra, por exemplo, é um jovem com vinte anos, foi internacional em todas as camadas jovens, pode de um ano para outro explodir. Além disso poderiam ser nomes a jogar como moeda de troca, através de empréstimo, em futuras transferências.
Oxalá daqui por uns anos não sejam de novo desejados na Luz, como Ruben Amorim, Jorge Ribeiro ou João Pereira, depois logicamente com muito maiores custos.
LUÍS FILIPE E NUNO ASSIS: Diz-se que poderão ser cedidos ao V.Guimarães, na sequência do estreitar de relações entre os dois clubes. Nuno Assis cabia, quanto a mim, no plantel. Será Ruben Amorim muito melhor que ele ? Será Yebda ? ou Urreta ?
A BOLA: Estou francamente desiludido com um jornal que para mim sempre foi uma referência. Neste defeso, sobretudo no caso Aimar, mas não só (Apito Final, Quaresma etc), o rigor, a verdade e a certeza têm dado lugar ao rumor, à especulação e à mentira. A cobertura da pré-época do Benfica chega a ser deprimente, tal a forma como pretendem induzir a ideia de tudo ser maravilhoso (Urreta, Yebda, Carvalhas, todos são grandes estrelas…). Não sei quem ganha com isto - o Benfica, os benfiquistas e os leitores em geral, seguramente que não.
PAULO BENTO: Ouviu-se falar na possibilidade de rumar a Manchester para substituir Queirós. Tratar-se-ia de um reconhecimento pela sua enorme capacidade e competência, como de resto sempre aqui tenho defendido. Tratar-se-ia também de uma generosa prenda para Porto e Benfica, pois o Sporting sem ele iria demorar algum tempo a reencontrar-se.

UMA TAÇA UEFA À ANTIGA

Quis o destino que a última Taça Uefa a disputar antes das alterações regulamentares propostas por Platini englobasse um lote de participantes invejável, como há muitas épocas se não via nesta competição. Será a forma de os adeptos do futebol se habituarem a uma Taça Uefa rejuvenescida, que a partir da próxima temporada contará certamente com as presenças de clubes que têm andado regularmente pela Champions.
Oito ex-campeões europeus, responsáveis por 18 títulos (!!), estão garantidos para 2008-09 (Milan, Benfica, Feyenoord, Estrela Vermelha, Borussia Dortmund, Ajax, Aston Villa e Hamburgo) e outros poderão juntar-se-lhes, caso não ultrapassem a pré-eliminatória da prova principal (de onde os casos mais verosímeis poderão ser Steaua de Bucareste, Celtic ou Marselha, se bem que Juventus, Liverpool, Barcelona ou Arsenal também por lá andem). Se acrescentarmos emblemas como CSKA Moscovo, Estugarda, Everton, Dinamo Kiev, Galatasaray, Manchester City, P.S.G., Sampdória, Sevilha, Tottenham, Valência, Udinese, Napoles, Portsmouth ou Deportivo da Corunha, temos matéria prima para uma autêntica mini-Champions League.
Se a lógica das pré-eliminatórias e da Taça Intertoto imperar, o Benfica, como cabeça-de-série, poderá ter pela frente na primeira eliminatória (sorteio a 29 de Agosto) uma das seguintes equipas:
Aalborg, Aris, Artmedia, Dortmund, B.Ostrava, Brondby, Brann, D.Zagreb, Debrecen, E.Vermelha, FC Moscovo, Gant, H.Split, Grasshopper, Hapoel, Lillestrom, L.Poznan, Litex, L.Sofia, Metalist, Motherwell, Napoles, NEC, R.Viena, Salzburgo, Slovan, S.Etienne, S.Liege, Timisoara, Twente, Viking, Vojvodina, Wisla, Wolfsburgo, Young Boys e Zurique.
É importante realçar que - ao contrário do que teria sucedido com o F.C.Porto se a decisão do TAS fosse outra - o Benfica não fica fora da Europa. Tem a oportunidade de disputar uma competição que garante a mesmíssima pontuação para o ranking da Uefa, dispondo assim de uma boa hipótese para sedimentar a sua posição nessa tabela, onde é o clube português melhor classificado (17º) à partida para a nova época.

SEM SURPRESA

Com todas as convulsões criadas nos orgãos de justiça desportiva portugueses, seria de estranhar que a UEFA tivesse coragem para afastar das suas provas um recente campeão europeu, por muito que a razão para isso apontasse.
O F.C.Porto deve agradecer a sua presença na Champions às manobras dilatórias de João Leal, primeiro, e Gonçalves Pereira, depois, que demonstram cabalmente a podridão em que cairam os sistemas jurídicos portugueses, e como chafurdar com sucesso nessa lama - afinal vale ou não a pena ter homens de confiança nos lugares de decisão ?
Trata-se de uma vitória da corrupção. Trata-se de uma vitória da chico-espertice. Uma vitória de quem não olha a meios para alcançar os fins.
Como já se sabia, o mundo não é dos justos.
PS: Como sempre defendi, para o Benfica será melhor, em termos desportivos, centrar as suas atenções no campeonato, onde não pode correr o risco de repetir a pobre performance da temporada passada.
O derrotado de hoje não é o clube da Luz, mas sim o próprio futebol, e sobretudo a justiça, que se vai a pouco e pouco transformando numa utopia cada vez mais distante do mundo dos homens.

BALANÇO E CONTAS

Muito embora o mercado de transferências ainda esteja longe do encerramento, importa verificar como vão os investimentos dos três maiores clubes portugueses. Para já é o F.C.Porto o campeão:
-F.C.Porto...... 20,0 milhões de euros
-Sporting........ 11,0 milhões de euros
-Benfica.......... 9,3 milhões de euros
Quanto a vendas, estão por agora limitadas a Bosingwa (20 milhões), para além naturalmente do negócio Hélder Postiga (2,5 milhões).

F.C.P(AMPAS)

Repare-se o contingente latino-americano que o F.C.Porto juntou esta época no seu plantel:
DEFESAS: Jorge Fucile (Uruguai) e Nélson Benitez (Argentina)
MÉDIOS: Mario Bolatti (Argentina), Freddy Guarin (Colombia), Lucho Gonzalez (Argentina), Cristian Rodriguez (Uruguai), Tomás Costa (Argentina) e Mariano Gonzalez (Argentina)
AVANÇADOS: Lisandro Lopez (Argentina), Ernesto Farias (Argentina) e Renteria (Colombia)
Se a estes somássemos os brasileiros Helton, Lino, Fernando e Alan, quase que daria para disputar uma Copa América no Estádio do Dragão...
Será este um Porto celestial ?

COMBATER O ÓDIO

Tenho reflectido algumas vezes sobre o tema, e a conclusão a que chego é inquietante: terá o Benfica forças para combater e vencer todo o ódio e fanatismo que os adversários lhe destinam ?
Devido ao seu passado e brilhante palmarés, devido ao seu elevado número de adeptos, ou a outra circunstância qualquer, o Benfica é, mesmo sem ganhar quase nada há vários anos, o clube mais odiado do país. F.C.Porto e Sporting, seus adeptos (no primeiro caso também os dirigentes e todo o staff), mas também outros clubes portugueses de menor dimensão, vêm estranhamente no Benfica o grande alvo a abater, o inimigo a destruir, aquele que importa derrotar a qualquer custo, de qualquer forma e por qualquer método, mesmo nos momentos em que a sua fragilidade é evidente.
Tudo começou com Pedroto, numa altura em que tal ainda podia fazer algum sentido, e depois, ao longo dos anos, Pinto da Costa pegou na bandeira tornando-se o expoente máximo dessa campanha, dedicando a sua vida à destruição do Benfica como maior clube português. Tal parece ter feito escola e o que se assiste hoje é inacreditável.
Ouvem-se e lêm-se os adeptos de F.C.Porto e Sporting, e o ódio que destilam, a agressividade que colocam na sua atitude, foge a qualquer compreensão sociológica racional. O que se ouviu e leu no ano em que o Benfica foi campeão nacional, ao longo das várias semanas em que os encarnados comandaram a classificação, foi uma pequena amostra do que seria o país desportivo caso a hegemonia do futebol nacional morasse na Luz. Artigos inflamadíssimos, comentadores cirurgicamente desestabilizadores, uma pressão inusitada sobre todos os agentes, uma campanha de condicionamento das arbitragens como não há memória, tentativas constantes de descredibilização de jogadores e técnicos, enfim, um autêntico manual de como, fora do campo, se pode fazer por evitar que um clube ganhe uma competição, felizmente sem consequências nessa temporada.Particularmente no Porto, mesmo num triénio totalmente vencedor para os dragões, a atitude de fanatismo cego e absoluto na protecção do seu clube, e no ataque ao Benfica - oportunisticamente transformado em símbolo de um poder central a combater – tem sido incessante, e não encontra paralelo na história do desporto da Europa ocidental, se descontarmos a histórica rivalidade entre alguns clubes italianos das mesmas cidades.
A minha grande dúvida reside em como poderá o Benfica preparar-se para enfrentar toda esta hostilidade.
Até agora a resposta tem sido marcada pelo desânimo, a indiferença e o voltar de costas ao clube. Foi chocante ver o contraste que, por exemplo, se verificou nos jogos da final do play-off de hóquei em patins, em que a um pavilhão de Fânzeres a abarrotar e a transpirar ódio, provocação, intimidação, se contrapunha um pavilhão da Luz à meia casa, e praticamente silencioso. Esta tem sido a imagem da relação de forças entre Porto e Benfica nos últimos anos: uns empenhadíssimos numa guerra que tomaram como razão da sua existência, outros hesitantes e vacilando entre apoiar ou dividir-se em contestações internas estéreis e inconsequentes, e sobretudo deixando-se tomar pela apatia e o conformismo.
É evidente que existem questões culturais a diferenciar Porto e Benfica, a distinguir norte e sul. No sul as pessoas são genericamente mais calmas e tranquilas, mais pacificadoras, mais magnânimes, menos conflituosas, menos afirmativas. Eu diria também que não vivem o futebol como se da sua vida se tratasse, ao contrário do que acontece a norte. Tomam, em suma, uma postura mais distante - seria por exemplo impensável ver ser defendido um dirigente de um clube de Lisboa envolvido em corrupção com a militância e cegueira com que os adeptos portistas o fazem com Pinto da Costa.
Depois há também as questões simbólicas, que fazem do F.C.Porto um elemento aglutinador de uma cidade e de uma região, até em termos históricos e políticos, enquanto o Benfica, mesmo com toda a sua dimensão, não passa de um simples clube desportivo. Estas são pois armas com que na Luz não se pode contar. São fragilidades das quais o Benfica tem de partir, para perceber o que lhe aconteceu nos últimos anos, e como poderá inverter a situação nos próximos.
No futebol português dos anos sessenta e setenta, menos mediatizado e logo muito mais desligado dos grandes fenómenos sociais e sociológicos, era possível vencer apenas com bons jogadores e um bom treinador, e sem uma estrutura envolvente capaz de travar os combates que o futebol ultra-mediatizado e ultra-mercantil das últimas duas décadas exige, e ao qual o Benfica, e seus adeptos, nunca se chegaram a adaptar devidamente. Os benfiquistas continuam à espera que uma grande equipa caída do céu os leve a “fazer o favor” de irem à Luz ver uns jogos, pois enquanto assim não for não se dão a esse trabalho, preferindo ficar diante do sofá a criticar tudo e todos e a carpir as mágoas das sucessivas desilusões. Neste sentido se percebe que de um universo de seis milhões de adeptos (ou quatro que sejam) o Benfica venda menos lugares cativos que o F.C.Porto que dispõe de menos de metade dos adeptos.
Ora a única via para o clube da Luz travar este combate é, para além de uma política desportiva compatível e orientada para a luta (conforme escrevi em 2006), apostar na sua própria dimensão, e fazer valê-la. É imprescindível transformar "cabeças em ouro", isto é, fazer com que cada adepto, cada sócio represente uma firme receita para o clube. É imprescindível que o apoio não cesse, sobretudo nos momentos em que ele mais falta faz– veja-se o exemplo do V.Guimarães, que despromovido à segunda divisão tinha semanalmente o estádio cheio.
É necessário que os sócios e adeptos benfiquistas acordem para esta realidade. Que mais do que se interrogarem sobre o que o Benfica pode fazer por eles, pensem antes o que podem eles fazer pelo Benfica.
O Benfica ficou em quarto lugar ? Pois então será necessário ir ao futebol ainda mais vezes, gritar ainda mais alto, será necessário regularizar as quotas com ainda maior urgência, comprar cativos etc. Desde que o estádio existe que tenho um lugar cativo. Para a próxima temporada comprei…dois.
Como já escrevi aqui uma vez, a contribuição de cada um está obviamente relacionada com as suas possibilidades, e a altura é de crise. Mas não consigo entender como muitos benfiquistas são por exemplo assinantes da SportTv, e não são sócios do clube, ou outros que sendo-o, não têm lugar no estádio - a assinatura do canal televisivo de desporto custa sensivelmente o dobro de um lugar cativo na Luz.
É esta a única ferramenta que os benfiquistas têm para fazer valer o seu poder. Só utilizando e fazendo render a sua dimensão os benfiquistas podem equilibrar as forças diante de um país desportivo que, de faca nos dentes, fará tudo para destruir o clube de que dizem gostar. Não vejo outro caminho. Ou o empenho fervoroso de todos, ou a condenação à derrota eterna.

BREVES

PABLO AIMAR – Dia após dia, em quase todas as primeiras páginas dos jornais desportivos surge o nome de Pablo Aimar, dando conta de que estará cada vez mais próximo de se tornar jogador do Benfica, sem que, dia após dia, tal aconteça. A única vez que ouvi um responsável do clube da Luz falar do assunto foi Rui Costa a dizer que se tratava de uma contratação muito difícil de concretizar.
Das duas uma, ou Aimar vem mesmo para o Benfica e fica toda a gente feliz, ou então haverá que responsabilizar os jornais por andarem a mentir todo este tempo. Não se critique portanto o Benfica, sua direcção ou política de comunicação neste caso, que revela bem como o facto de fazer muitas primeiras páginas nada beneficia o clube, mas sim quem dele se serve para vender.
O jogador ? Era uma estrela há dois anos atrás, e se voltar a ser o de Valência tratar-se-á de um grande reforço para o nosso campeonato. Se for o da última época em Saragoça… não vale os oito milhões.
NUNO GOMES – Com as saídas de Simão e Rui Costa, o Benfica vai tendo cada vez menos referências de balneário. Neste sentido, e apesar das muitas críticas que lhe tenho feito (por achar que pode e deve render mais) julgo ser de preservar o avançado internacional, agora que, depois de um Europeu bem conseguido, terá uma motivação adicional para concluir a sua carreira em grande.
QUIQUE E ADJUNTOS – Não me espanta que o técnico espanhol queira trabalhar com homens da sua confiança. Além do mais, Chalana e Diamantino foram dois grandes jogadores, dois ídolos de infância para mim, mas como treinadores nunca provaram grande qualidade. Se era imprescindível ter um português na equipa técnica, não percebo porque motivo a escolha não incidiu por exemplo em João Alves, que também faz parte dos quadros do clube e é um técnico com muito maior experiência e qualidade.
APITO FINAL – Está bom de ver que a estratégia portista, de manobra dilatória em manobra dilatória, de adiamento em adiamento, de providência cautelar em providência cautelar, levará a água ao moinho e os dragões à Champions League. Mas a verdade é como o azeite, e se a justiça desempenhar o seu papel, o F.C.Porto estará fora da prova em 2009-10. Para o Benfica talvez até seja melhor…
CARLOS QUEIROZ – Parece estar por horas o seu anúncio como novo seleccionador nacional. Desejo ardentemente que tenha mais sorte do que na outra passagem pela selecção principal.
CRISTIANO RONALDO – Espero bem estar enganado mas já o vejo, dentro de um ou dois anos, a transformar-se numa esperança adiada. Com todo este mediatismo, uma transferência precipitada, uma mulher perigosa, noites mal dormidas, tentações à frente do nariz, um Europeu mal conseguido, uma lesão mal explicada, um estrelato precoce, Cristiano corre sérios riscos de vir a passar ao lado de todo o potencial que demonstrou até agora, e que lhe permitiria aspirar a tornar-se no melhor jogador de todos os tempos. Torço por ele, e desejo-lhe sobretudo cuidado, muito cuidado.
DESPORTO ESPANHOL – Campeã da Europa de futebol sénior, a Espanha é também bi-campeã europeia de sub-19 e bi-campeã europeia de sub-17.
Noutras modalidades o panorama é este: campeã da Europa e do Mundo de Hóquei em Patins; campeã da Europa e do Mundo de Futsal; campeã do Mundo e vice-campeã da Europa de Basquetebol; campeã da Europa de Voleibol; foi campeã do Mundo em 2005 e vice-campeã da Europa em 2006 em Andebol; é espanhol o vencedor do último Tour de France e do último Giro d’Itália em ciclismo(Alberto Contador); é espanhol o vencedor do último Roland Garros e do último Wimbledon em Ténis (Rafael Nadal); Fernando Alonso foi campeão do Mundo de Formula 1 em 2005 e 2006; Dani Pedrosa é figura cimeira do Moto GP, para além de outras grandes figuras do Golfe e outras modalidades.
É impressionante o palmarés desportivo do país nosso vizinho nos últimos anos, resultado de um trabalho global desenvolvido a partir dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, e continuado nos anos seguintes. Um exemplo a seguir, e aqui tão perto…

UMA MENTIRA REPETIDA MUITAS VEZES...(2)

Por exemplo Miguel Sousa Tavares repete-a semana sim, semana não. A Pinto da Costa também já a ouvi várias vezes.
Segundo eles, os jogos que o F.C.Porto está acusado de ter tentado manipular na época de 2003-04 não contariam para nada, pois os portistas já teriam o título no bolso. É mentira !
Na véspera de jogar nas Antas com o Estrela da Amadora, e de Jacinto Paixão e seus assistentes jantarem regaladamente à conta de Reinaldo Teles, e depois participarem numa orgia a expensas de Pinto da Costa num hotel portuense, o F.C.Porto comandava a classificação da Liga com cinco pontos de vantagem sobre o Sporting. Estávamos na segunda jornada da segunda volta, e na terceira os dragões teriam de se deslocar a Alvalade (onde vieram a empatar, no célebre jogo da camisola rasgada).
Significa isto que um eventual empate nesse jogo com o Estrela deixaria os portistas com a liderança em jogo na ronda seguinte. Perdendo em Alvalade o Sporting de Fernando Santos - que vinha de oito vitórias consecutivas, uma delas na Luz - assumiria a liderança.
No caso do jogo de Aveiro a situação era precisamente a mesma (cinco pontos de diferença), embora neste caso com vantagem no confronto directo e apenas a quatro jornadas do fim. Perdendo em Aveiro o F.C.Porto podia pôr em risco o título, pois ficaria com a sua vantagem reduzida para dois pontos, e três jornadas para disputar. Tendo que preparar a final da Liga dos Campeões (e a final da Taça de Portugal com o Benfica), seria um risco demasiado grande, que obviamente Pinto da Costa não queria correr.
Nessa jornada o Sporting viria no entanto a perder com o Boavista, e então sim as coisas ficaram decididas. Mais duas derrotas dos leões num final de época penoso, deram a sensação final de o campeonato ter sido um passeio para o F.C.Porto, o que não foi bem verdade.

UMA MENTIRA REPETIDA MUITAS VEZES... (1)

Parece uma inevitabilidade. Sempre que se fala em arbitragens nos últimos anos e alguém fica sem argumentos, lá vem à baila o campeonato de 2004-05, ganho pelo Benfica in-extremis após uma das melhores temporadas futebolísticas de que tenho memória em Portugal.
Dizem então que os encarnados terão ganho graças a favores de arbitragem, e repetem-no tantas vezes que até chega a parecer verdade, deixando eventualmente alguns benfiquistas, com a memória menos fresca, na dúvida se afinal não terá sido mesmo como tantos dizem tantas vezes.
Importa desmistificar de uma vez por todas essa farsa. O Benfica, jogando bem ou mal (isso é outra questão), foi um justíssimo campeão nessa época, por ter sido a menos irregular das equipas em prova. Superiorizou-se a uma concorrência forte (F.C.Porto campeão europeu e Sporting finalista da Uefa), e com uma alma de gigante, e um apoio imenso, festejou no Bessa e em todo o país uma das maiores alegrias da sua longa e gloriosa história. Uma vitória "contra tudo e contra todos"... Uma vitória "à Benfica"!
Quem se recordar bem dessa época, lembra-se certamente do nervosismo e do ódio que o facto de o Benfica andar em primeiro lugar durante dois terços do campeonato gerou em algumas almas, e que foram utilizados todos os meios de pressão - não só em termos de arbitragem - passíveis de condicionar o desempenho da equipa encarnada. Eu não me esqueço, e tenho consciência de que, se o Benfica quiser ser campeão outra vez, terá de se preparar para enfrentar nova onde de hostilidade semelhante a essa.
Mas importa verificar os factos, jornada a jornada, e ver quem foi ou não beneficiado com as arbitragens dessa já saudosa temporada. Não há surpresas, o mais favorecido foi o mesmo dos últimos vinte anos, o que tem ganho mais títulos, e aquele que está a ser investigado por corrupção - recorde-se que Pinto da Costa foi detido em Dezembro, portanto já a meio daquela época.
Vejamos:
JOGOS DO BENFICA
1.F BEIRA MAR V 3-2
2.C MOREIRENSE V 2-0
3.F ACADÉMICA V 1-0 Penalty sobre Sokota por marcar, faltou vermelho no Penalty sobre Simão
4.C BRAGA E 0-0 Golo mal anulado a João Tomás, Penalty não assinalado sobre Sokota
5.F GUIMARÃES V 2-1 Penalty fantasma assinalado a Luisão, que deu o empate a nove minutos do fim
6.C PORTO D 0-1 Dois Penaltys não assinalados sobre Karadas, num deles Seitaridis seria expulso. Golo de Petit não validado. Expulsão excessiva de N.Gomes
7.C NACIONAL V 2-1 Golo do Nacional marcado directamente em livre indirecto
8.F GIL VICENTE E 1-1 Dois Penaltys não assinalados sobre Sokota e Karadas
9.C SETÚBAL V 4-0 Penalty no lance em que Nuno Gomes se lesionou gravemente com Marco Tábuas, não assinalado
10.F MARITIMO E 1-1
11.C RIO AVE E 3-3 Golo de Simão em fora de jogo
12.F LEIRIA D 0-1 Penalty não assinalado sobre Sokota
13.C ESTORIL V 2-1 Penalty mal assinalado sobre Karadas. Expulsão de M.Fernandes exagerada
14.F BELENENSES D 1-4 Penalty não assinalado sobre Zahovic
15.C PENAFIEL V 1-0 Fora de jogo mal tirado a Sokota que ficaria isolado ainda com 0-0
16.F SPORTING D 1-2 Expulsão de Alcides exagerada
17.C BOAVISTA V 4-0 Penalty sobre Miguel no primeiro minuto não assinalado
18.C BEIRA MAR D 0-2
19.F MOREIRENSE V 2-1
20.C ACADÉMICA V 3-0
21.F BRAGA E 0-0
22.C GUIMARÃES V 2-1
23.F PORTO E 1-1
24.F NACIONAL V 1-0 Penalty cometido por Dos Santos não assinalado
25.C GIL VICENTE V 2-0 Penalty sobre Karadas não assinalado ainda com 0-0
26.F SETÚBAL V 2-0 Penalty sobre Geovanni não assianlado ainda com 0-0
27.C MARITIMO V 4-3 Golo limpo anulado a Nuno Gomes com o resultado em 3-3 aos 70 minutos
28.F RIO AVE D 0-1
29.C LEIRIA E 1-1 Golo do Leiria em falta de João Paulo sobre Ricardo Rocha
30.F ESTORIL V 2-1
31.C BELENENSES V 1-0 Penalty sobre Nuno Gomes não assinalado com 0-0. Penalty mal assinalado ao Belenenses de que resultou o golo
32.F PENAFIEL D 0-1 Três penaltys sobre Geovanni, Mantorras e Simão não assinalados. Expulsão perdoada a Wesley
33.C SPORTING V 1-0
34.F BOAVISTA E 1-1

PONTOS PERDIDOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 3 (c.Porto) + 2 (Barcelos) + 1 (Leiria) + 3 (Penafiel) = 9
PONTOS GANHOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 1 (c.Rio Ave) + 2 (c.Estoril) + 2 (choupana) = 5

SALDO......................................Prejuízo de 4 pontos

JOGOS DO F.C.PORTO
1.C LEIRIA E 1-1 Penalty por assinalar contra por falta de Jorge Costa
2.F BRAGA E 1-1 Penalty por assinalar a favor, por mão na bola
3.C ESTORIL E 2-2 Falta por trás não assinalada a Seitaridis, no último minuto, sobre avançado do Estoril que seguia isolado
4.F GUIMARÃES V 1-0 Golo mal anulado a Jorge Costa
5.C BELENENSES V 3-0 Expulsão errada de Juninho Petrolina aos vinte minutos de jogo
6.F BENFICA V 1-0 Dois penaltys contra não assinalados, com expulsão de Seitaridis poupada. Golo contra não validado
7.C PENAFIEL V 2-0 Golo em fora de jogo validado a McCarthy
8.F NACIONAL E 2-2 Golo validado com fora de jogo de Derlei a interferir na jogada
9.C SPORTING V 3-0 Golo validado com falta de Jorge Costa sobre Ricardo
10.F GIL VICENTE V 2-0 Penalty não assinalado contra com o resultado em 1-0
11.C BOAVISTA D 0-1 Fora de jogo mal assinalado ao ataque do Boavista em jogada de golo. Golo do Boavista em fora de jogo.
12.F SETÚBAL V 1-0 Único golo resultante de canto inexistente
13.C BEIRA MAR D 0-1
14.F MARITIMO E 1-1 Golo do empate marcado por Luís Fabiano completamente deslocado
15.C MOREIRENSE V 1-0
16.C RIO AVE E 1-1 Penalty não assinalado a Jorge Costa
17.F ACADÉMICA E 0-0 Agressão de McCarthy ignorada (deu origem a sumarissimo)
18.F LEIRIA 1-0 Único golo resultante de canto inexistente. Agressão de Fabiano punida apenas com amarelo
19.C BRAGA D 1-3
20.F ESTORIL V 2-1 Penalty inexistente assinalado contra, já com 2-0
21.C GUIMARÃES E 0-0 Penalty cometido por Ricardo Costa junto à linha final não assinalado, a dez minutos do fim
22.F BELENENSES V 1-0 Penalty claro não assinalado sobre Lourenço a cinco minutos do final
23.C BENFICA E 1-1
24.F PENAFIEL V 2-1
25.C NACIONAL D 0-4 Penalty não assinalado a favor
26.F SPORTING D 0-2 Expulsões duvidosas de McCarthy e de Seitaridis
27.C GIL VICENTE V 1-0 Um penalty não assinalado para cada lado por mão de Jorge Costa e Carlos Carneiro
28.F BOAVISTA D 0-1
29.C SETÚBAL V 2-1 Golo do Setúbal obtido em fora de jogo
30.F BEIRA MAR V 1-0 Penalty não assinalado sobre Diego
31.C MARITIMO V 1-0 Golo da vitória claramente em fora de jogo. Penalty a favor inexistente. Expulsão exagerada de um madeirense. Duvidas num golo anulado ao Porto
32.F MOREIRENSE E 1-1
33.C RIO AVE V 2-0 Primeiro golo após domínio com a mão de McCarthy
34.F ACADÉMICA E 1-1

PONTOS PERDIDOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 2 (Braga) + 1 (c.Boavista) = 3
PONTOS GANHOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 1 (c.Leiria) + 3 (Luz) + 1 (Choupana) + 2 (Setúbal) + 1 (Barreiros) + 1 (c.Rio Ave) + 2 (Leiria) + 1 (c.Guimarães) + 2 (Restelo) + 2 (c.Marítimo) = 16

SALDO..............................Benefício de 13 pontos

JOGOS DO SPORTING
1.C GIL VICENTE V 3-2
2.F SETÚBAL D 0-2
3.C MARÍTIMO D 0-1 Golo limpo anulado ao Marítimo
4.F RIO AVE E 0-0
5.C LEIRIA E 2-2
6.F ESTORIL V 4-1
7.C BELENENSES V 2-0 Primeiro golo na sequência de canto inexistente
8.F PENAFIEL V 3-0
9.F PORTO D 0-3 Primeiro golo após falta sobre Ricardo
10.C BOAVISTA V 6-1
11.F BEIRA MAR E 2-2
12.C MOREIRENSE V 4-1
13.F ACADÉMICA V 3-2 Penalty assinalado contra inexistente. Golo ilegal do Sporting validado
14.C BRAGA E 0-0 Golo limpo anulado a Hugo Viana. Golo limpo anulado a Wender
15.F GUIMARÃES V 4-2 Primeiro golo obtido em carga sobre o guarda-redes vimaranense
16.C BENFICA V 2-1 Expulsão de Alcides exagerada
17.F NACIONAL D 2-3 Expulsão exagerada por pretensa falta sobre Liedson
18.F GIL VICENTE V 3-0 Penalty de Pedro Barbosa não assinalado com o resultado em 0-0
19.C SETÚBAL E 1-1
20.F MARÍTIMO D 0-3
21.C RIO AVE V 5-0
22.F LEIRIA E 0-0
23.C ESTORIL V 4-0 Segundo golo com duas bolas em campo, terceiro golo fora de jogo e quarto de penalty inexistente
24.F BELENENSES D 0-1
25.C PENAFIEL D 0-2
26.C PORTO V 2-0 Expulsões duvidosas de McCarthy e Seitaridis
27.F BOAVISTA V 4-0
28.C BEIRA MAR V 1-0 Golo limpo anulado ao Beira Mar
29.F MOREIRENSE V 3-1
30.C ACADÉMICA E 0-0 Expulsão perdoada a Polga
31.F BRAGA V 3-0 Penalty cometido por Tello não assinalado com o resultado em 0-0
32.C GUIMARÃES V 1-0 Penalty não assinalado sobre Liedson
33.F BENFICA D 0-1
34.C NACIONAL D 2-4 Primeiro golo do Nacional em fora de jogo

PONTOS PERDIDOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 0
PONTOS GANHOS DEVIDO A ERROS DOS ÁRBITROS: 2 (c.Beira Mar) = 2
SALDO................................Beneficio de 2 pontos

CLASSIFICAÇÃO FINAL: BENFICA 65, F.C.Porto 62 e Sporting 61
CLASSIFICAÇÃO "REAL": BENFICA 69, Sporting 59 e F.C.Porto 49

O LEÃO QUE NÃO QUIS APITAR

Ao longo de todos os desenvolvimentos do processo Apito Dourado, depois desgraçadamente apelidado de Apito Final, o Sporting, e a sua actual direcção, têm tido uma posição bastante difícil de entender e de aceitar.
O Dr. António Dias da Cunha passou anos a denunciar o sistema. Teve a coragem de pôr os nomes aos bois, e enquanto esteve à frente do clube de Alvalade este manteve-se na primeira linha do combate à corrupção e ao desvirtuamento da verdade desportiva. Promoveu inclusivamente um manifesto conjunto com o Benfica, que podia muito bem ser uma cartilha para um novo futebol português, e que só o fanatismo de alguns - juntamente com a revolta de o Benfica ter sido ocasionalmente campeão nesse ano - fez com que fosse internamente tão contestado. Arrastado para a demissão pouco tempo depois, Dias da Cunha não teve tempo de levar avante o que se propunha. Foi pena.
Desde que foi substituído por Soares Franco o Sporting demitiu-se de todas estas questões, adoptando uma posição indolente, expectante e complacente com tudo o que se foi passando, como se o processo não lhe dissesse também respeito enquanto grande clube nacional, e um dos dois grandes, eu diria, do arco da respeitabilidade.
Houve momentos em que ficou a clara sensação de que a força do Sporting, em conjunto com a do Benfica, teria varrido de vez todo o lixo que o futebol português ainda mantém debaixo das suas mesas. Ficou a clara sensação também de que o Sporting nada fez para que isso acontecesse, promovendo lamentavelmente, por actos e sobretudo omissões, uma política de terra queimada face ao rival Benfica, que ou me engano muito ou será a médio prazo ainda mais prejudicial aos leões do que aqueles a quem eles não quiseram dar a mão. A menos que se tenham dado por satisfeitos de verem um adepto seu em presidente da Liga, e sobretudo um "Leão de Ouro" a dirigir a comissão de arbitragem, e com isso tenham vendido o seu silêncio.
Com vários processos e acusações a decorrerem nos tribunais e nas instâncias desportivas, foi penoso ver Pinto da Costa sentado ao lado de Soares Franco nos camarotes de Alvalade nestas últimas temporadas, incorrendo na triste figura a que também alguns deputados da nação se prestaram recentemente. Como sempre fez, o hábil presidente portista soube aproveitar com mestria a eterna divisão dos rivais lisboetas – quase sempre acentuada desde Alvalade – para ressuscitar de um túmulo no qual por pouco não se chegou a deitar, e depois aparecer de novo com a imagem arrogante e cínica dos fanfarrões.
Certos sectores do Sporting, cegamente anti-vermelhos, nunca disfarçaram o seu enorme desejo, sempre frustrado, de ver (sobretudo) o Benfica envolvido em processos de corrupção desportiva. Para esses o Apito Dourado sempre soube a pouco, se me é permitida a expressão. Fosse o presidente do Benfica a distribuir "fruta" pelos árbitros, ou a recebê-los em casa em vésperas de jogos, e outro galo cantaria em Alvalade. Como tal nunca se verificou, o Sporting e muitos sportinguistas tomaram este caso como algo alheio e longínquo, deixando as dores da luta exclusivamente nas costas de Luís Filipe Vieira – que se há coisa em que lhe tiro o chapéu é precisamente neste estóico combate que tem levado a cabo – e aliados ocasionais, como agora é o caso do Vitória de Guimarães.
Está claro que o Sporting tem de reflectir e decidir de uma vez por todas se quer lutar de forma efectiva e irredutível pela verdade desportiva e com ela passar a vencer mais campeonatos, ou se simplesmente pretende evitar que o rival Benfica os vença. Se escolher o primeiro dos caminhos terá todas as condições para, a médio prazo, recuperar o seu estatuto de segundo maior clube português, e bater-se com o Benfica pela hegemonia no desporto nacional. Se optar pelo segundo, apenas lhe restará o prazer de ver o rival ano após ano em dificuldades, sem que objectivamente beneficie alguma coisa com isso, nem saia de um terceiro posto hierárquico a que parece já se ter habituado, contribuindo com a sua inacção para a manutenção do futebol português no esgoto em que tem vivido desde que Pinto da Costa a ele chegou.
Se eu fosse sportinguista a minha opção era óbvia. A dúvida que me fica é se a maior oportunidade não terá já sido perdida.

MUITAS INDEFINIÇÕES

Arrancou a época do Benfica, mas o plantel encarnado apresenta ainda muitas indefinições.

Não há meio de se concretizarem as contratações de Pablo Aimar e de um ponta-de-lança (Miccoli ? Sobis ? Garcia ? Soldado ? Saviola ?), enquanto que para a defesa, estranhamente, não se ouve falar de ninguém, quando são evidentes as faltas de um central e de um lateral direito.
O panorama actual é o seguinte, sabendo-se que alguns destes nomes (quatro de entre os sete com pontos de interrogação) acabarão necessariamente cedidos a outros clubes:
GUARDA-REDES - Quim, Moreira e [Codina]
DEFESAS - Nélson, Luisão, David Luíz, Léo, Maxi Pereira, Edcarlos, Miguel Vítor, Jorge Ribeiro e Sepsi (?)
MÉDIOS - Petit, Katsouranis, Balboa, Carlos Martins, Ruben Amorim, Nuno Assis (?), Yebda, Binya (?) e [Pablo Aimar]
AVANÇADOS - Nuno Gomes, Óscar Cardozo, Di Maria, Makukula (?), Mantorras, Urreta (?), Freddy Adu (?), Fábio Coentrão (?) e [Saviola, Soldado, Sobis, Luís Garcia ou Miccoli]
Entretanto serão hoje apresentadas as novas camisolas. A secundária será branca, com publicidade à Sapo ADSL. A principal é naturalmente vermelha e é bastante bonita. Só é pena o Benfica permitir publicidade em azul (neste caso à TMN) o que desfigura a tonalidade geral do equipamento. Porque não publicitar a MEO, que tem logotipo preto, e é dos mesmos donos ?

BOMBA !

Diz-se nas ruas do rumor, que muito em breve poderá ser lançada mais uma bomba sobre o mercado de transferências nacional.
Provavelmente mais um golpe do F.C.Porto sobre o Benfica, como que a tentar, por um lado, exercer a sua vingança pelo zelo dos da Luz na reposição da justiça e da verdade, e por outro, desviar atenções dos casos bem mais graves que têm sido protagonizados por adeptos seus bem colocados.
Será Fabrizio Miccoli ?
Será Pablo Aimar ?
Será mesmo Simão Sabrosa ?
Ou será simplesmente Sinama-Pongolle ?
Eu, não sei porquê, apostaria no argentino...
A expectativa está criada, e um qualquer Maniche, um qualquer Pauleta, ou mesmo um Thiago Neves, não devem ser suficientes para contentar certos espíritos sedentos de sangue.

QUANTO MAIS FALAS...

...mais te afundas. Eis a personificação do caciquismo, do compadrio, da influência subterrânea, do golpismo rasteiro, da chico-espertice, enfim, de tudo o que a sociedade portuguesa menos precisa.
É importante que os portugueses reflictam, e não deixem que o nosso país se assemelhe ainda mais às práticas sicilianas com que o nosso dia a dia se vai, cada vez mais, confontando. É imprescindível que certo tipo de personagens seja banido, sob pena de tudo se afundar em seu redor. A lógica dos fins justificarem os meios não pode ser aceite por quem preza a verdade e a justiça, ainda que em certas zonas do nosso país tal não pareça, por vezes, merecer qualquer tipo de preocupação.
Enquanto indivíduos do calibre deste Gonçalves Pereira se mantiverem em orgãos de poder, Portugal será um país adiado. E o pior é que eles não andam só pelo futebol.
Importaria também perceber como foi ele parar ao Conselho de Justiça, quem lá o colocou, porquê e para quê.

DESCARAMENTO

Ouvindo o Presidente do Conselho de Justiça da F.P.F. na RTP, devo dizer que senti algumas náuseas.
Como é possível tanta falta de vergonha ? Como é possível tanto descaramento ?
Um homem que é vereador da C.M. Gondomar, que se acha no direito de julgar em causa própria, diz que o Dr. João Abreu está a mais no processo por parcialidade ? E ele próprio ? Estará a gozar com quem ?
O que me preocupa mais neste episódio é a evidência de haver cargos importantes no futebol português entregues a autênticos gangsters, como, a avaliar pelo seu comportamento, parece ser o caso deste doutor Gonçalves Pereira.
Outro aspecto me inquieta particularmente, e sobre o qual tenho reflectido a propósito deste e de outros casos: haverá uma ética no sul e outra, muito mais gelatinosa, no norte (onde desde tribunais a Ministério Público, passando pela PJ e por outras forças policiais, tudo parece submerso e constrangido perante uma poderosa teia de poder, influência, intimidação e medo) ?
Se no meio de tudo isto subsistir algum assomo de justiça, é caso para dizer que há também heróis neste - cada vez mais - submundo jurídico com que nos confrontamos.

CASA ONDE NÃO HÁ PÃO...

Não pude estar na AG de ontem. Fica aqui o testemunho de quem esteve.
Entristece-me o comportamento de alguns sócios. Não é com insultos que se faz oposição e se encontram alternativas.
De positivo apenas que o orçamento das modalidades, grosso modo, se vai manter.

O D.SEBASTIÃO

Nada me move contra o Professor Carlos Queirós. Pelo contrário, tenho o maior respeito pelo trabalho que desenvolveu com as camadas jovens nos anos oitenta, considero-o um técnico competente e, ainda que não o conheça pessoalmente, até simpatizo com a figura. Acho que é uma aposta respeitável para o cargo de seleccionador nacional.
À semelhança do que alguém já escreveu, não compreendo porém a unanimidade que se criou em seu redor, como se de um D.Sebastião se tratasse, como se dele dependesse todo o futuro do futebol português, como se só ele o pudesse salvar.
Recordo que Carlos Queirós, enquanto técnico principal de uma equipa sénior, tem o seu palmarés reduzido a uma Taça de Portugal e uma Supertaça de Espanha. Não conquistou mais nada. Falhou enquanto técnico do Sporting, acabando despedido, falhou enquanto treinador do galáctico Real Madrid (de Zidane, Figo, Raul etc), despedido sendo. Na selecção nacional A orientou duas campanhas de qualificação (para o Euro 1992 e Mundial 1994) não conseguindo nenhum apuramento, mesmo dispondo de Rui Costa, Paulo Sousa, Figo, Rui Barros, Rui Águas, Futre, Vítor Baía entre outros. Foi ainda despedido da selecção da África do Sul, e o resto da sua carreira, entre os títulos de sub-20 e os últimos anos como adjunto em Manchester, foi passada em clubes dos Estados Unidos, do Japão e afins.
Trata-se de um cientista do futebol, de um cientista da formação – onde lhe reconheço todos os méritos -, de um homem sério, trabalhador, metódico e disciplinado. Daí a ser um treinador de top internacional vai alguma distância. Daí a ser uma espécie de homem providencial para o futuro da selecção nacional maior distância irá.
Conforme aqui escrevi, a minha escolha seria outra. Embora Queirós faça parte do lote de cinco ou seis técnicos portugueses com perfil para a função (juntamente com Jesualdo, Humberto, Fernando Santos, Peseiro, Paulo Bento, para além, naturalmente, de Mourinho), optaria por alguém com maior faro de balneário, preferencialmente jovem e afirmativo. Um ex-internacional como Paulo Bento, de forte personalidade, capacidade de liderança e motivação, e com melhor palmarés enquanto técnico principal do que Queirós, apesar de muito mais jovem.
Aceito no entanto a escolha de Queirós, e obviamente que a selecção nunca deixará de contar com o meu incondicional apoio. Mas tenho consciência que os anos (e resultados) de Scolari dificilmente se irão repetir no futuro próximo, seja qual for o seleccionador. Mesmo sendo o adjunto do Manchester United que, estranhamente, parece ser objecto de um consenso jamais visto no nosso país.

UMA LUTA DESIGUAL

Marco Caneira, Codina, Albelda, Sinama-Pongolle, Pablo Aimar, Fabrizio Miccoli, Djebbour, Geromel, João Pereira, Desmarets, Ricardo Rocha, Tiago Gomes, Tiago, Gilberto, Simão Sabrosa, Zé Castro, Luís Garcia, Reyes, Euller, Dica, Thiago Neves, Thiago Silva, Renato Augusto, Rafael Sobis, Djibril Cissé, Soldado, Jonas, Buonanotte, Escudero, Valdivia, Paulo Assunção, Djalma, Ayala, Pauleta, Cohene, Golanski, Hugo Viana, Zoltan Gera, Gouffran, Wesley e Guerrero. Quarenta nomes, quarenta jogadores. Todos eles foram nos últimos dois meses apontados pela imprensa, de forma directa ou indirecta, de modo claro ou subtil, como possíveis, nalguns casos prováveis, reforços do Benfica para a temporada que se avizinha. Juntamente com os já oficializados, mais os que transitam do plantel anterior, quase haveria aqui matéria-prima para formar um candidato à vitória na Champions League.
Desde Ronaldinho Gaúcho a Robinho, passando por Tomasson, Lisandro Lopez, Diego, D’Alessandro, Riquelme, Saviola, Fred, Rochenbach, John Carew, Beletti, todos estiveram “a um passo” de jogar no Benfica se olharmos à imprensa dos últimos verões. Se compararmos estes nomes com a realidade das aquisições encarnados veremos que o contraste é gritante.
É vulgar condenar-se o clube e a sua própria estrutura por toda esta agitação, criticando-se a fraca blindagem das negociações, as fugas de informação, o pouco profissionalismo colocado nas acções de mercado. Tenho para mim contudo que grande parte destes nomes, provavelmente a grande maioria, nunca foi sequer equacionada pela SAD encarnada. Sem querer inocentar os responsáveis benfiquistas deste verdadeiro folclore anual – o amadorismo tem de facto sido a nota dominante dos últimos defesos -, a verdade é que o clube da Luz é mais vítima do que culpado desta situação.
O Benfica é o maior clube português. Tem mais adeptos, tem mais sócios, concentra mais atenções - serão necessários muitos mais anos de crise profunda para que assim deixe de ser. Naturalmente é também o clube cujas notícias prendem maior número de audiências, e numa altura em que os plantéis se constroem, um novo craque anunciado para a Luz é capaz de fazer disparar as vendas de qualquer pasquim da nossa praça. Acresce a este facto que o Benfica, atravessando a maior crise da sua história, tem frustrado os seus adeptos ano após ano, criando neles um sentimento de esperança constantemente adiada, que remete as suas atenções justamente para o defeso - altura em que todos os sonhos são permitidos e a classificação ainda não se tornou madrasta.
Há três diários desportivos em Portugal, mais algumas cadeias de televisão, e um sem número de sites sobre desporto na Internet. Toda esta gente tem de viver. Nada como o Benfica, concretamente as esperanças e os sonhos da sua gigante massa adepta, para conseguir manter milhares de olhos colados às suas páginas ou às suas emissões.
É assim que surgem as manchetes anunciando este mundo e o outro, convencendo-nos de que fulano está preso por detalhes, que sicrano está por horas, que beltrano afirmou estar ansioso por representar o clube. É também assim que surgem as grandes frustrações, como uma que se diz por aí possa vir a acontecer em breve. O Benfica é pois aqui, como em muitos outros aspectos, vítima da sua própria dimensão, tendo que se haver com uma pressão mediática em seu redor que, ao contrário do que dizem adversários, apenas o prejudica.
É difícil combater este fenómeno. Não há como desmentir uma a uma todas as notícias, e por maior blindagem que se faça há sempre quem seja capaz de inventar uma boa história.
Isto conduz-nos a uma reflexão acerca das vantagens e desvantagens de um clube ter tão grande dimensão. Numa sociedade oito-oitentista como a portuguesa, onde os adeptos gostam mais de dizer mal dos seus e dos outros do que verdadeiramente acompanhar e apoiar o clube, não seria mais benéfico dispor de um número mais limitado de adeptos (apenas os que vão aos estádios, pagam quotas e ajudam de uma ou outra forma o clube), evitar a pressão mediática exacerbada, e passar por entre as gotas da chuva da especulação jornalística como acontece com F.C.Porto e Sporting ? Não será a dimensão desproporcionada do Benfica um dos seus problemas face ao futebol deste século XXI amplamente rendido ao mediatismo mais cruel e tirano ?

UM OLHAR SOBRE O PLANTEL DO NOVO BENFICA

Quando falta menos de uma semana para o plantel do Benfica versão 2008-09 se apresentar ao trabalho no Seixal, quando algumas importantes aquisições já estão feitas, mas permanecem ainda várias arestas por limar, importa avaliar o potencial da equipa para a nova época e identificar as suas principais lacunas. O ponto de situação por sectores é o seguinte.

GUARDA-REDES: Com a dupla Quim-Moreira no plantel desde 2004, não se entende muito bem a obsessão que, ano após ano, os responsáveis encarnados tem manifestado na contratação de guarda-redes. Foi Moretto, foi Butt, agora Codina. Com o melhor guarda-redes português recuperado, o jovem espanhol será certamente mais um para aquecer o banco e sair no final da temporada insatisfeito. Enfim, mais vale a fartura…
DEFESAS: Se na baliza parece haver sempre alguém a mais, na linha defensiva, pelo contrário, desde a saída simultânea de Ricardo Rocha e Alcides (que custou o campeonato de 2006-07) que tem faltado sempre alguém. De entre todos os defesas do plantel do Benfica apenas Luisão e Léo têm categoria e experiência para assegurar os respectivos lugares sem discussão. Nelson, David Luíz, Miguel Vítor e Sepsi são jovens com diferentes graus de imaturidade, Jorge Ribeiro ainda tem de provar a sua valia, e Edcarlos já mostrou não ter argumentos para ser titular num clube com as ambições do Benfica.
No meu ponto de vista faltam claramente um lateral direito e um central, ambos de categoria suficiente para assumirem de imediato a titularidade. João Pereira e Ricardo Rocha, até por serem portugueses e terem sido campeões no clube, seriam os meus preferidos.
MÉDIOS: Se Katsouranis ficar e Aimar chegar, o meio campo do Benfica resultará claramente fortalecido para a próxima temporada, mesmo levando em conta as saídas de Rui Costa e Rodriguez (dois artistas, mas por diferentes razões com limitações em termos defensivos).
Com Petit, Balboa, Katsouranis, Aimar, Di Maria, Ruben Amorim, Yebda, Nuno Assis, Maxi Pereira, Carlos Martins, Binya, Fábio Coentrão e Felipe Bastos, o Benfica terá centrocampistas suficientes para formar dois bons quartetos e ainda dispensar alguns elementos. Resta saber se o grego e o argentino farão mesmo parte do plantel encarnado. Albelda parece fora de questão, o que é pena.
AVANÇADOS: Eu preferiria Soldado, mas se vier Miccoli também será interessante verificar a ligação do “pequeno bombardeiro” com Cardozo. Sobram ainda o renascido Nuno Gomes, e os internacionais Makukula, Freddy Adu e Mantorras. Com Soldado, Miccoli ou mesmo Sobis o ataque será forte e terá obrigação de render golos.

Em resumo, caso Rui Costa consiga convencer Saragoça (Aimar), Palermo (Miccoli) e Katsouranis, o plantel do Benfica ficaria ainda necessitado de um lateral-direito e um defesa-central. Com João Pereira e Ricardo Rocha, além de qualidade, o clube adquiria mais alguma dose de mística.
Espera-se agora é que, no momento em que as coisas estiverem relativamente bem definidas, a SAD benfiquista não decida fazer aquilo que fez nos últimos dois anos: desbaratar a equipa vendendo os seus melhores jogadores. Cardozo e Luisão, por exemplo, são absolutamente imprescindíveis, e se o Benfica sonha mesmo formar uma equipa campeã não pode em caso algum dar-se ao luxo de os deixar partir. Provavelmente até mereciam era ver os seus salários devidamente actualizados.