AS LESÕES NOS OUTROS SÃO REFRESCO

Quem leia ou ouça os comentários desportivos das últimas semanas, ficará a pensar que só o Sporting tem lesionados. Quase ninguém se refere à equipa de Rui Borges sem fazer notar as baixas por lesão. O que até é pertinente. Mas...e os outros? O Benfica tem neste momento seis lesionados, o FC Porto cinco. Aliás, este está a ser o novo normal por essa Europa fora, bastando olhar para equipas como Real Madrid, Manchester City ou Arsenal para entender um fenómeno que não pode deixar de inquietar a UEFA.
Além dos seis no estaleiro do Seixal, recordo que também Tomás Araújo, Aursnes, Barreiro, Kokçu, Arthur Cabral e Schjelderup tiveram problemas físicos no último mês, obrigando a ausências ou utilizações condicionadas. Aursnes, por exemplo, anda a jogar com uma perna ligada.
Portanto, meus amigos, isto toca a todos. Se uns têm plantéis mais vastos e mais equilibrados do que outros, essa é a história do futebol. Não foi o Benfica, nem os árbitros, que construíram um plantel do Sporting com apenas três médios de raiz. Nem que deixaram passar o mercado de Janeiro sem o reforçar, quando já havia sinais dessa necessidade.
No fim se verá quem ganha. Mas a desculpa das lesões é ostensivamente omissa, e insuficiente para explicar a queda abrupta de uma equipa que, com Ruben Amorim parecia imbatível, e desde que ele saiu apenas ganhou um terço dos jogos disputados, há cinco consecutivos que não ganha, e, com Rui Borges, ainda não ganhou dois seguidos.

O JAMOR ESPERA POR NÓS

O Tirsense que me perdoe, mas podemos hoje afirmar que, em condições normais, o Benfica estará no Jamor - e, parafraseando o José Mourinho dos velhos tempos, em condições anormais, também.
O jogo valeu essencialmente pela primeira parte, em que os encarnados se apresentaram a alto nível. Rapidez, intensidade, confiança. Faltaram mais golos, a uma exibição que merecia menos sofrimento.
Na segunda parte o Braga reagiu. Também joga à bola, tem os mesmos pontos que o Porto no Campeonato, e tinha ambições de ganhar a Taça. O Benfica retraiu-se, mas ainda assim criou as melhores oportunidades, que foi desperdiçando, ora por Bruma, ora por Pavlidis, ora por Schjelderup. No fim, a vitória da melhor equipa não sofre contestação.
Confesso que não compreendi a saída de Tomás Araújo (tendo em conta que Carreras tinha amarelo, e havia outro lateral-esquerdo (e bom) em campo. Também preferia ter mantido Bruma e ter tirado Akturkoglu - que estava manifestamente mais desgastado e é opção na Champions. E teria metido logo Schjelderup e não Belotti, evitando partir demasiado um jogo que se estava a ganhar. Poderá haver razões que de fora desconhecemos, nomeadamente de ordem física. Se Lage pretendia fazer uma experiência, então, diante do Braga, e com margem tangencial, não era com certeza o momento mais adequado. Mas confio no treinador do Benfica, e tenho a certeza que não fez as substituições por capricho. Nem quero sobrevalorizar esse aspecto de um jogo em que, globalmente, a equipa esteve bem.
Individualmente destacaria Pavlidis. Não só pelo golo, mas pelo que trabalha para a equipa. Recordo-me de o ver, em sprint, recuperar uma bola no seu meio-campo. É um avançado completo, coisa de que nunca tive dúvidas. Precisa, como todos, de confiança. E, com ela, é um dos dois melhores pontas-de-lança da Liga. Está anos-luz acima de Arthur Cabral, Tengstedt ou Musa, com os quais o Benfica enfrentou a temporada passada. Aliás, também Belotti é melhor que qualquer um desses.
Destacaria ainda Bruma e Dahl. O primeiro não me surpreende - era o melhor jogador do Braga, e presumível jogador de selecção. Já o segundo está a ser uma agradável surpresa. Esperava um jovem imberbe a ser preparado para a sucessão a Carreras, aparece um jogador feito, com grande critério de movimentos e de passe, com capacidade técnica, e que permite que toda a equipa possa jogar de forma diferente. A sua afirmação (e a cada momento que passa ganha pontos quanto à titularidade) faz lembrar a de Aursnes, também nórdico, também versátil, também pouco conhecido, e que pegou de estaca na equipa, sendo hoje, indubitavelmente, uma das suas figuras. E já que falo de Aursnes, aproveito para dizer que, ao contrário de toda a gente, sempre gostei de o ver a lateral-direito. Aliás, gosto de o ver em quase todas as posições onde já actuou.
O Benfica pode ter conquistado esta temporada no mercado de Inverno. Face às inúmeras lesões que afectam, sobretudo, os dois primeiros classificados, o rival de Alvalade, praticamente sem se reforçar, ficou exposto a problemas gritantes na construção do seu onze. O Benfica, com um investimento moderado, reforçou verdadeiramente o plantel. No fim se verá, mas se a equipa de Bruno Lage vier a ser campeã (como espero e desejo), estou certo de que o mercado de Inverno vai ser lembrado. A quem tanto critica a Direcção por tudo e por nada, eis um momento em que trabalhou bastante bem - independentemente daquilo que venha a acontecer até final da época.
Agora, finalmente uma semana inteira para preparar o próximo jogo. E que jogo...

VALE IDA AO JAMOR

Com todo o respeito pelo Tirsense, acho que, a duas mãos, não tem qualquer hipótese de eliminar Benfica ou Braga. Assim sendo, este jogo é, objectivamente, a verdadeira meia-final. Quem vencer estará no Jamor. Nos últimos 29 anos o Benfica ganhou apenas três Taças de Portugal. O registo começa a ser embaraçoso. Digamos que está a dever algumas aos adeptos. É uma boa altura para pensar nisso.
Segue o histórico entre os dois clubes na competição:

VAR(IEDADES)

A cada dia que passa, e já com o tempo suficiente para uma avaliação criteriosa, mais me convenço da ineficiência do VAR.
Se o objectivo era acabar com a discórdia, estamos conversados. Se era acabar com o erro, o que me parece é que apenas o torna mais absurdo e injustificável.
As linhas de fora-de-jogo são uma mentira bem contada. Não é possível, através de uma filmagem recolhida a cinquenta metros de distância, identificar três ou quatro centímetros no frame certo, que provem sim ou sopas que existe ou não um offside. Se um avançado não cortar as unhas estará sempre sujeito à anulação de um bonito golo. Se calçar o número 45 tem de ter mais cuidado nas desmarcações. A regra que sempre conheci, e ao que sei ainda está em vigor, é a de, em caso de dúvida, beneficiar o atacante. O que acontece agora é, em caso de dúvida, o VAR coloca as linhas onde lhe apetece e decide uma coisa qualquer. Isto fazendo uma interpretação benigna da sua idoneidade.
Depois há os videopenáltis. O protocolo fala em faltas claras e óbvias. Aquilo a que assistimos é a um festival de penaltizinhos por pequenos e acidentais toques com a mão na bola dentro da área, festinhas nas costas ou abraços em pontapés de canto que, ora são marcados, ora não, conforme a disposição de quem, sentado longe do estádio, e sem qualquer tipo de responsabilização, decide numa espécie de cara ou coroa.
As comunicações audio para todo o estádio são apenas ridículas. E os golos deixaram de poder ser comemorados com espontaneidade.
Ora nada disto protege os árbitros. Muito menos protege o futebol. 
Que tal assumir que o erro é humano, como sempre foi e sempre será, que o árbitro em campo é responsável pela gestão do jogo, reduzirmos as pausas, deixarmo-nos de geometrias de taberna, e podermos festejar como sempre festejámos?  

GOLO? (o bandeirinha assinalou, e bem, o offside)


NÃO GOLO? (o bandeirinha deixou, e bem, prosseguir o lance)

PS: Dito isto, é espantosa a forma como o Sporting, mesmo marcando dois golos irregulares, mesmo vendo um jogador expulso por duplo amarelo quando ambos os lances eram para vermelho directo, ainda se vitimiza, e consegue inundar a comunicação social com essa narrativa.

PASSEIO NO PARQUE

Uma grande exibição do novo guarda-redes do Boavista, e alguma falta de pontaria, impediram aquela que seria, com toda a naturalidade, a maior goleada do campeonato.
O jogo foi um massacre. O Boavista ainda tem muito trabalho a fazer, nomeadamente quanto à integração dos novos reforços. E o Benfica mostrou uma atitude competitiva inatacável, bem como uma frescura física de algum modo surpreendente, face às circunstâncias actuais (lesões, europa, desgaste).
Em alguns momentos, parecia estarmos a assistir a uma sessão de tiro ao boneco. Três entraram. Cinco, seis, ou sete, não. Enfim, chegou para cumprir o objectivo do dia: pelo menos, dormir em primeiro lugar.
Individualmente, e num plano mais global, destacaria os reforços do Benfica no mercado de Inverno. Houve a infelicidade de Manu. Mas quer o pouco que pôde mostrar, quer o que têm mostrado Bruma, Dahl, e hoje também Belotti, provam a pertinência das suas  contratações. Aliás, não fossem eles e, neste momento, com esta onda de lesões, a situação do Benfica poderia não ser a mesma - nem no campeonato, nem na Champions.
A equipa terminou com Samuel Soares, Leandro Santos, Diogo Prioste e Nuno Félix no relvado, o que também dá alguma confiança para o futuro próximo. 
Venha o Braga. 

PARA DORMIR NA LIDERANÇA

PEDAÇOS DE HISTÓRIA

1961 Benfica-Barcelona 3-2
1991 Benfica-Barcelona 0-0
1992 Barcelona-Benfica 2-1
2006 Benfica-Barcelona 0-0
2006 Barcelona-Benfica 2-0
2012 Benfica-Barcelona 0-2
2012 Barcelona-Benfica 0-0
2021 Benfica-Barcelona 3-0
2021 Barcelona-Benfica 0-0
2025 Benfica-Barcelona 4-5
10 jogos, 2 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 11 golos marcados, 13 golos sofridos. Assisti ao vivo a seis destas partidas, uma delas em Camp Nou. É a equipa estrangeira que mais vezes vi jogar, seguida do Bayern e Anderlecht com cinco jogos cada uma. Stoichkov, Ronaldinho Gaúcho, Xavi, Iniesta, Messi, Yamal, Lewandowski. Enfim, muita história, muitas histórias.

PREPAREM OS ARGUMENTOS

E pronto. Lá calhou o pior Barcelona de todos os tempos, o que obriga o Benfica, não só a chegar tranquilamente aos Quartos-de-Final, como a golear nas duas mãos.


LA LIGA


RESULTADOS 2025

TOP GOLEADORES SLB - LIGA DOS CAMPEÕES

 

MAIS ALGUMAS PÉROLAS

Isto até é divertido. Joaquim Rita, um dos velhos marretas da SIC Notícias, não disfarçando a azia, largou as seguintes pérolas sobre o jogo de ontem:

"O Benfica era um grande clube europeu, hoje é dos subúrbios da Europa"  -    onde estarrá o clube dele?
"O Benfica fez uma primeira parte medíocre, e na segunda também entrou mal" - enfim, pelo menos saiu bem.
"O Benfica não se pode queixar da sorte" - sobretudo na primeira mão, em que podia ter ganho por 0-3 ou 0-4.
"Ouviram-se muitos assobios na Luz" - bem...eu estive lá. De facto houve alguns assobios no fim da primeira parte, não mais do que isso.
"O Mónaco é uma equipa muito ingénua, parece que estão a jogar no liceu"  - está em 3º lugar da quinta melhor liga do mundo, o Dortmund, está em 11º da quarta. Ficou em 17º na fase regular, o clube dele em 23º.
"Bruno Lage vive numa realidade paralela. O Benfica só fez quatro bons jogos nesta época, de resto tem sido medíocre" - não sei se se pode incluir a Taça da Liga, ou as quatro vitórias em cinco jogos fora de casa na Champions. Também não sei quantas grandes exibições fez o clube dele (talvez apenas contra o melhor Manchester City de todos os tempos).
"O futebol da equipa não corresponde à capacidade do plantel" - como se sabe, só o clube dele tem lesões.
"O Benfica apurou-se pela oitava vez para os oitavos-de-final" - não, camarada, falta um "2" aí atrás. Foram já 28 vezes! O teu clube apenas 5...


O QUE SÃO MÍNIMOS?

Benfica e Sporting nos oitavos-de-final da principal prova de clubes do mundo:

Ou seja, o Benfica cumpriu os "mínimos" que são "exigidos" a uma equipa portuguesa. Como a seguir jogará com um Barcelona "inconstante" ou com um Liverpool no "pior momento da época", está pois obrigado a chegar aos quartos-de-final.

UM VISIONÁRIO


 

NO TOP 16 DA EUROPA

Saí do Estádio da Luz feliz com o resultado e com a passagem, tendo a exibição sido a possível face às muitas condicionantes que envolviam este jogo. Ao chegar ao carro e ligar o rádio, não queria acreditar no que ouvi: os comentadores da TSF começaram por elencar as “enormes” fragilidades do Mónaco, depois passaram aos onze golos sofridos pelo Benfica na Luz, lembraram que o Benfica cumpriu “os mínimos” na prova, e, preparando o futuro próximo, foram já adiantando que o Liverpool está na pior fase da temporada, e o Barcelona é uma equipa muito inconstante. E Lage, claro, não explicou os motivos de mais uma exibição tão pouco conseguida.
Isto está a atingir o absurdo. Desde a saída de Ruben Amorim, e dos sustos proporcionados pelas goleadas ao Atlético de Madrid e ao FC Porto, há uma campanha que visa descredibilizar a equipa do Benfica e o seu treinador. Sabendo-se que o Sporting tem um peso desproporcionado na comunicação social, com o qual acaba por impor narrativas, por vezes, bastante imaginativas, isto acaba também por influenciar os benfiquistas menos prevenidos.
A verdade é que o Benfica passou a fase regular, passou o playoff e está nos oitavos-de-final da Champions, já venceu a taça da liga, se ganhar o próximo jogo dorme, pelo menos, na liderança do campeonato, e se ganhar o seguinte estará no Jamor. Não querendo ser brejeiro, apetece-me citar Diego Maradona: “que la sigan chupando”. Já agora, quantas vezes na história foi o Sporting aos oitavos da Champions?
Vamos então ao jogo, ao verdadeiro.
Foi mais uma noite de emoções fortes, de incerteza no resultado até ao último segundo, com muitas falhas individuais pelo meio – como acontece sempre em qualquer partida que tenha seis golos.  No meio de erros e virtudes, acabou por ser um excelente espectáculo de futebol.
O Benfica entrou algo passivo, o que se compreende dado o contexto físico do plantel - quer pelos muitos ausentes, quer pelos vários presentes a meio-gás. Além do mais estava em vantagem, e cabia aos franceses tomar a iniciativa do jogo. Ainda assim foram os encarnados a abrir o marcador, após uma excelente recuperação de Barreiro (gosto cada vez mais deste rapaz), seguida de um excelente lance de Pavlidis finalizado por Akturkoglu (que assim regressou aos golos). António Silva podia ter dobrado a vantagem, mas o seu cabeceamento saiu ao lado.  A segunda metade da primeira parte foi do Mónaco, que chegou ao empate num lance com culpas repartidas entre Otamendi e Trubin (não seria último), e podia ter voltado a marcar em mais do que uma ocasião, sempre liderado pelo extraordinário Akliouche (que, ou me engano muito, ou não tarda estará no PSG).
Na segunda parte os monegascos estraram com tudo, determinados a virar o resultado e a eliminatória. Mais uma vez, Akliouche e as suas movimentações interiores levaram pânico à área do Benfica, e o segundo golo surgiu com alguma naturalidade. Temeu-se o pior.
Desta vez as substituições foram certeiras, e graças à frescura física de quem entrou (Dahl está a sair melhor que a encomenda), equilibraram o Benfica. O penálti devolveu a vantagem na eliminatória.
Novamente Otamendi, novamente Trubin, comprometeram, e o Mónaco aproveitou. Mas tudo acabaria em bem com o golo de Kokçu.
É verdade que o Benfica tem sofrido muitos golos. Mas também é verdade que marcou quatro ao Atlético, outros tantos ao Barça, e agora três ao Mónaco. Pavlidis é já um dos melhores marcadores da Champions. Houve alguma sorte neste jogo, como houve algum azar para não sair da primeira mão com um 0-2, ou um 0-3.
Parece-me extremamente difícil que a caminhada do Benfica vá além da próxima eliminatória. Mas a obrigação já foi cumprida.  Não os “os mínimos”, como dizem na TSF. Sim, uma prestação ao nível do Benfica europeu nas suas circunstancias actuais – que ainda assim se situam num plano bem superior ao de outros clubes portugueses.
Esta é a 28ª vez que o Benfica chega aos oitavos-de-final da competição. O FC Porto chegou 24 vezes. O Sporting 5.

O ONZE POSSÍVEL

Não arriscar com Tomás, muito menos com Aursnes (até porque com o Boavista nem haverá Barreiro). Este onze pode dar para um empatezito - que é o que o Benfica necessita deste jogo. Depois? Logo se vê. 

OBVIAMENTE, SILÊNCIO!

Acredito, honestamente, que nem os portistas, ou pelo menos alguns deles, percebam inteiramente o que representou Pinto da Costa para o Benfica. Só por isso (ou por má fé) alguém poderá estranhar o silêncio do clube da Luz para com a morte de um cidadão - que já nem sequer era o presidente do FC Porto.
Não é por ter ganhado muitas vezes. Sim pelos métodos com que o fez (todos os imagináveis), e, talvez ainda mais, pela atitude ostensivamente provocatória e cínica que sempre manifestou para com aqueles que, ele próprio, considerava seus inimigos - e que nunca se cansou de tentar humilhar e espezinhar.
Quando morreu Manuel Fernandes, escrevi um texto de saudade no jornal do Benfica. Era um adversário. Marcou golos e golos ao meu clube. Fez-me sofrer, mas era um homem digno. Um rival, jamais um inimigo. O mesmo poderia dizer do "Bibota" Fernando Gomes. Outro que, em campo, fez a vida negra ao Benfica. Foi um adversário temível, mas sempre respeitável.
Não é a instituição centenária FC Porto que está em causa. Pinto da Costa podia ter vencido ainda mais vezes. Fosse uma pessoa cordata, digna, elevada, respeitadora, honesta e desportivista, e não haveria vitórias nem títulos (do meu lado, derrotas) que me impedissem agora de me curvar perante a sua memória.
Como todos sabemos, não foi o caso. E nem é preciso ir ao Apito Dourado e a todo um sistema podre e corrupto que ele arquitectou ao longo de quarenta anos, e que depois fez escola no futebol português. Nem à conflitualidade, violência e intimidação que ele trouxe para o desporto. Basta lembrar os e-mails, que ele patrocinou, e que foram um acto de terrorismo comunicacional como não há memória. E estaria aqui o dia inteiro a recordar episódios de provocação insultuosa e insidiosa de quem, verdadeiramente, nunca soube ganhar.
Como é óbvio, os benfiquistas não admitiriam outra coisa a Rui Costa que não fosse ignorar a morte deste indivíduo - que, para mais, chega num momento em que já é completamente insignificante.

O LUGAR DO MORTO

Não festejo a morte de ninguém, respeito a dor das famílias. 
Também não contem comigo para branquear comportamentos ou legados de conflitualidade, provocação e falcatrua - que poluíram durante décadas o desporto português. 
Por isso, espero que não se lembrem de fazer minutos de silêncio ao pé de mim. Aliás, o próprio morto fez questão de separar as águas ainda em vida e, com alguma lucidez, renegar hipocrisias no seu funeral. 
Certamente morreram outros cidadãos no dia de ontem (muitos deles estimáveis, alguns possivelmente mais jovens). Morrerão outros hoje, outros amanhã, e um dia vai chegar a nossa vez. Como entenderá quem leu "As Intermitências da Morte" do grande José Saramago, ainda bem que assim é. 

PRECIOSOS PONTOS

Dadas as circunstâncias que o rodeavam, este era um daqueles jogos para ganhar por meio a zero. Inúmeras lesões, eliminatória europeia, viagem, relvado horrível, adversário forte, motivado e defensivo.
Lage arriscou, ao fazer descansar alguns dos poucos titulares disponíveis, e apresentou um onze revolucionário, mas fresco. 
A primeira parte não foi brilhante nem tranquillizadora. Ainda assim, deu para criar algumas boas oportunidades.
Na segunda, o Benfica apareceu mais afirmativo. Empurrou o adversário para trás, e acabou por chegar ao golo. A expulsão limitou a resposta açoreana. E o apito final foi ouvido com alívio. 
Como disse, a única coisa importante deste jogo eram os três pontos. Cá estão eles. 
Individualmente destacaria Bruma. Também não desgostei de Dahl - que não conhecia e me pareceu opção válida. Leandro Santos teve uma ou outra falha, saiu esgotado, mas não comprometeu. E Amdouni, mesmo sem brilhar, mostrou vontade de aproveitar a oportunidade - tal como Barreiro. 
Terça feira será outro dia. Além de todas as lesões, também Florentino e Bruma estão impedidos de jogar. Não queria ser eu a fazer a equipa. Mas uma coisa é certa: o Benfica entrará em campo com onze jogadores profissionais. 

UMA FINAL NOS AÇORES

O jogo com o Santa Clara é importantíssimo. Depois de recuperar dois pontos na semana passada, seria um rude golpe voltar a perdê-los nesta. Trata-se de um terreno difícil, e de um adversário que tem feito uma época fantástica. Num momento em que o plantel está dizimado por lesões, e a meio de uma eliminatória da Champions. Enfim, tem tudo para correr mal, e vai ter de ser a equipa a contrariar o destino.
Dando prioridade a este jogo e ao campeonato, escolheria um onze o mais próximo possível daquela que tem sido a equipa-tipo. Sabendo que não jogará um dos melhores defesas, o melhor médio e o melhor avançado. E que praticamente não haverá banco do meio-campo para trás.
Para terça-feira, logo se vê. Veremos também quem mais se lesiona até lá. Agora só interessa garantir os três pontos nos Açores.

É DEMAIS!

Este é o panorama que Bruno Lage vai encontrar para fazer escalar um onze na próxima terça feira. Veremos o que se passa com Tomás Araújo, mas todos os restantes são baixas certas. Ou seja, há apenas quinze jogadores do plantel principal disponíveis (veremos até lá...), dos quais apenas quatros defesas (um deles nunca jogou) e dois médios. Desde a Covid que não havia nada assim. 
É claro que há jogadores da B que podem (e provavelmente vão) jogar, como Leandro Santos, Bajrami, João Rego ou Prestianni. Mas isto é demais. E é natural que obrigue Lage a trabalhar outro sistema (eventualmente um 4-4-2).
Confesso que estou muito preocupado, sobretudo com a partida dos Açores. O Benfica devia ter pedido o adiamento, até porque, por motivos que só a UEFA poderá explicar, tendo ficado em 16º lugar vai ter muito menor período de descanso entre as duas mãos do que o Sporting, que ficou em 23º.
Tudo isto não pode ser coincidência. Olhemos para o Real Madrid, olhemos para o Manchester City (e também, sejamos justos, para o Sporting). O futebol, com estes formatos, com esta densidade competitiva, irá passar a ser um jogo para ver quem tem menos lesionados. A Liga Portuguesa podia ajudar, fazendo aquilo que há muito se impõe, e agora ainda com mais acuidade: reduzir drasticamente o número de clubes na primeira divisão. Se a Liga não o fizer (e sei que não o fará, e todos sabemos porquê), que seja o Governo a impô-lo.

TIRO AO LAGE

 ÚLTIMOS 18 JOGOS BENFICA:

ÚLTIMOS 18 JOGOS SPORTING:
ÚLTIMOS 18 JOGOS FC PORTO:

Benfica 12 vitórias, 2 empates e 4 derrotas
Sporting 7 vitórias, 4 empates e 7 derrotas
FC Porto 6 vitórias, 5 empates e 7 derrotas

Perante isto, porque não deixam Lage em paz? Afinal, um treinador que venceu um troféu (o único que disputou), que se apurou para a fase a eliminar da Champions e tem boas chances de ir ainda mais além, que está em todas as frentes, aos olhos de alguns "comentadores" parece que faz tudo mal. No Sporting, que desde Ruben Amorim ainda não ganhou dois jogos seguidos no tempo regulamentar, no FC Porto, que só venceu uma das últimas oito partidas, parece que se vive num mar de rosas.
E se no ano anterior a contestação a Roger Schmidt era, admitamos, generalizada, mesmo entre os benfiquistas, neste caso, embora não exista unanimidade (desde Eriksson, nenhum técnico do Benfica a teve), a campanha tem sido quase toda a cargo da comunicação social, e da praga de comentadores teoricamente independentes, mas na prática anti-benfiquistas, que conspurcam o espaço televisivo e jornalístico. E já começa a ser ridícula.
Os benfiquistas que não se deixem iludir. Há muita gente que quer, à força, fazer de Bruno Lage uma espécie de João Pereira ou Vítor Bruno do Benfica. Não foi, não é, nem será. E olhando para os resultados, tendo em conta que passou de fase na Champions, que ganhou a Taça da Liga e está nos quartos da Taça de Portugal, tendo perdido no campeonato frente a Sporting e Braga (o que, não sendo desejável, pode sempre acontecer, e nesses casos até foi imerecido), os únicos momentos em que o Benfica não foi, digamos, Benfica, foram as segundas partes dos jogos das Aves e de Rio Maior. Aliás, com esses cinco pontos perdidos os encarnados estariam agora isolados no primeiro lugar.
Tudo está bem? Não, há aspectos a melhorar. Mas, caramba, arrasar diariamente um treinador por ...isto??

CHAMPIONS FORA DE CASA

Nas últimas quatro temporadas, em 22 jogos longe da Luz a contar para a Liga dos Campeões, o Benfica venceu doze, empatou seis e apenas perdeu quatro. Mais um número notável, daqueles a que ninguém quer ligar. Quantas séries destas terá havido ao longo da história? Não vale contar os anos de Eusébio.

TÃO PERTO DO CÉU

Creio que a opinião será unânime: o Benfica perdeu uma excelente oportunidade de resolver a eliminatória já nesta partida.
A primeira parte foi insípida. Houve alguns momentos de domínio monegasco, e ocasião para Trubin brilhar. Mas acabou por ser o Benfica a criar, ainda assim, as melhores oportunidades: primeiro por Carreras após um belo lance de Pavlidis, e depois num calcanhar de António Silva que passou perto do poste.
A segunda parte foi de sentido único. Com um grande golo a abrir, os encarnados assumiram o controlo do jogo. E, desta vez, souberam aproveitar a superioridade numérica decorrente da expulsão de Al Musrati para exercer um domínio completo e absoluto, levar a bola para as imediações da área contrária, e criar oportunidades em série - cujo desperdício esperamos não vir a chorar na próxima semana.
Seja como for - e isto é uma questão de princípio - uma vitória fora de casa na Liga dos Campeões, sobretudo na fase a eliminar, sobretudo diante de uma equipa dos "big five", é sempre um excelente resultado. Por muito que os inúmeros profetas da desgraça, que fazem tudo para puxar os pés ao treinador e à equipa, tentem encontrar argumentos, os factos são que o Benfica deu um passo rumo aos oitavos-de-final da principal prova de clubes do mundo, e já leva quatro vitórias fora só nesta edição.
Individualmente, não há como não destacar Pavlidis. Quem pesquisar o que fui escrevendo atrás, verá que sempre acreditei no grego. Durante algum tempo, foi tendo infelicidades. Ora bolas que batiam no poste, ora belas finalizações que originavam grandes defesas dos guarda-redes contrários, ora golos anulados por foras-de-jogo milimétricos, ora auto-golos atribuídos aos defesas (e aproveito para dizer que a mania dos auto-golos só prejudica o futebol, e na liga portuguesa alguém parece empenhado em subtrair números aos avançados ao mesmo tempo que se estigmatizam os infelizes defensores, e o exemplo da Reboleira é gritante). Depois, houve um momento de natural quebra de confiança, ao qual o hat-trick ao Barcelona pôs fim. Agora é o avançado que todos esperávamos. E veremos se todos estes golos na Champions não o colocam na montra do próximo mercado.
Destaque negativo para mais duas lesões. Não sou especialista na matéria, mas pelo que tenho ouvido a quem sabe, a carga de jogos, e a falta de tempo de treino e de recuperação, poderão estar na base do que vai sendo regra no futebol europeu. Olhando para o Sporting não nos podemos queixar muito. E vendo o que se tem passado no City, no Real Madrid e noutros lados, é tempo de a UEFA e a FIFA perceberem que há aqui um padrão, e que isto pode vir a matar o futebol - se é que eles se importam com isso.
Sobre a arbitragem, queria destacar o que ouvi na SporTv+ (a única que vejo, pois já deixei de pagar àquela gente) a mais um comentador de refugo. Segundo Luís Vidigal, que não escondia o desagrado pela vitória do Benfica, o árbitro devia ter fingido que não viu Al Musrati a pedir cartão amarelo, evitando expulsá-lo. Ou seja, criticou-o por ter cumprido as regras. Já não é a primeira vez que lhe ouço comentários obtusos e ostensivamente parciais. Começa a ser penoso ouvir certos comentadores. A coisa bateu mesmo no fundo, e particularmente a SportTv + transformou-se em mera propaganda anti-benfiquista. Enfim, os cães ladram mas a caravana lá vai passando.

ONZE PARA O MÓNACO

Juro que não tenho nada contra turcos. Estive na Turquia duas vezes, e adorei. Simplesmente, entendo que neste momento Schjelderup está em melhor forma que Akturkoglu, e que Di Maria é indispensável. Kokçu, esse sim, ainda não percebi o que é, ou o que pode ser - parecendo-me claramente o ponto mais débil do onze base, o que contrasta com o custo da sua contratação (o jogador mais caro da história do futebol português). Barreiro não é craque, mas corre, e muito.
No jogo será preciso cuidado especial com as saídas desde trás sob pressão (para quê insistir sempre nisso?), com as bolas paradas defensivas, e evitar contra-ataques. Nos últimos 14 jogos o Benfica sofreu 17 golos - onze deles por uma destas três vias e outros três de penálti. Os problemas estão identificados, sobretudo agora que Pavlidis começou a marcar golos.

O MELHOR DORTMUND DE TODOS OS TEMPOS E MAIS ALGUNS

Não me interpretem mal. O Sporting perdeu com o Dortmund, tal como o Benfica pode perder com o Mónaco. São adversários dos chamados "big five", com orçamentos muito superiores aos de qualquer clube português. E na Europa estamos sempre demasiado próximos de poder ser goleados em qualquer estádio. O Benfica é obrigado a vencer o Aves e o Casa Pia, não o Mónaco. Assim como o Sporting não tem o dever de ganhar ao Dortmund.
O meu ponto é a forma como alguns comentadores (e a representatividade do Sporting na comunicação social é sempre deveras inflacionada) iludem a realidade, transformando todos os adversários dos leões em super-equipas imbatíveis, e os do Benfica sempre em conjuntos que se arrastam penosamente por crises dramáticas, vivendo os piores períodos das suas histórias, ou apresentando-se em poupança de recursos.
Quando o Benfica ganhou categoricamente 3-0 a um Barcelona com Ter Stegen, Piqué, Busquets, Sergi Roberto, Pedri, De Jong, Gavi etc, lembro-me bem do que foi dito. Quer sobre o momento do clube "blaugrana", quer sobre o onze que apresentou na Luz. É certo que esse Barcelona não foi campeão de Espanha (ficou em 2º), e não passou da fase de grupos da Champions (passaram Bayern e...Benfica), mas pouco tempo depois aplicou 0-4 no Bernabéu. Na época seguinte ganhou La Liga.
Também me recordo do que ouvi quando o Sporting de Amorim foi goleado em casa pelo Ajax por 1-5. Tantas vezes nos tentaram fazer crer, até quase parecer verdade, que se tratava de um todo poderoso adversário, e que era um dos favoritos à conquista do título europeu. Ora poucos meses mais tarde esse mesmo Ajax foi eliminado pelo benfiquinha de Nélson Veríssimo. E nunca mais o vimos.
Já nesta temporada, também o Atlético de Madrid foi arrasado por comentários análogos. Era o pior Atlético da década. Era um clube em decadência. O próprio Simeone já não se parecia consigo próprio. Uma equipa descaracterizada e longe dos melhores tempos. E que vinha em regime de poupanças (?!?). Ora acabou por se apurar directamente para os oitavos da Champions, e está a um ponto da liderança do seu campeonato. Nem vale a pena falar muito da Juventus, a quem o Benfica tem ganhado repetidamente, e a quem o Sporting nunca ganhou. Muito menos do contexto em que o nosso rival de Alvalade venceu o City. Para não dizer, do diferente grau de dificuldade dos calendários, e ainda assim de um 16º lugar do Benfica para um 23º do Sporting.
Isto por vezes até se torna divertido. Esta noite, o mesmo rapazola da Sportv que tinha classificado a última exibição do Benfica como medíocre, e que não se cansa de disparar tiros a Bruno Lage, unhava-se e desunhava-se para tratar o Dortmund como um poderosíssimo adversário, omitindo olimpicamente aquilo que a classificação da Bundesliga friamente reflecte.
Mas se todo o esforço é para desvalorizar as vitórias europeias do Benfica, há que dizer que tem sido razoavelmente bem sucedido: poucos adeptos, mesmo entre os benfiquistas, valorizam as três presenças consecutivas do clube em quartos-de-final europeus, duas deles na Champions (onde os encarnados já chegaram vinte vezes e o Sporting ...apenas uma, há mais de 40 anos). Por outro lado, nunca ouvi ninguém falar do facto de só por seis vezes na história os leões terem ultrapassado, ou a primeira eliminatória, ou a primeira fase da principal competição europeia de clubes. Para não haver dúvidas digo já quais foram: 1963 Shelbourne, 1971 Floriana, 1983 D.Zagreb e CSKA Sofia, 2009 2º no grupo à frente de Shakhtar e Basileia, 2022 2º no grupo à frente de Dortmund e Besiktas, e agora, em 2025, 23º lugar da fase Liga. Mesmo nesses casos, acabaram quase sempre goleados. Um historial embaraçoso para quem anda em bicos de pés.
Se em Portugal se fala em três grandes, é preciso dizer que no plano internacional só há dois grandes (vá lá...médios) portugueses: Benfica e FC Porto. É esse o drama que esta gente quer à força esconder.

Classificação da Bundesliga:

Classificação de La Liga:

Sequência de resultados do Manchester City em Novembro e Dezembro:

PENÁLTIS PARA QUEM OS QUER

Quando o Sporting não ganha, sabemos que, quer os seus adeptos, quer, sobretudo, o exército de comentadores e jornalistas que inunda a comunicação social, se atiram ferozmente à arbitragem.
Não é de agora. Já quando jogavam com Onyews, Rinaudos, Saleiros, Sinama-Pongolles, Bojinoves e Bouhlarouzes, achavam que só não eram campeões, ou Bi-campeões, ou Tri-campeões, ou Tetra-campeões, porque os malandros dos árbitros, a soldo do tenebroso Benfica, não permitiam.
Quem tenha a possibilidade de assistir a um jogo do Sporting em Alvalade ficará impressionado: a cada queda na área, ou mesmo fora dela, os gritos de penálti são tão estridentes quanto, na maioria dos casos, ridículos. Enfim, uma estranha forma de vida. 
Nesta jornada, em que o Sporting empatou e o Benfica ganhou, logo se apressaram: 1) a inventar um penálti sobre Quenda no último minuto do jogo do Dragão; 2) a lançar suspeitas sobre a transmissão da BTV que teria ocultado um alegado corte com a mão de Florentino, também na fase final da partida da Luz.
Se olharmos para a Premier League (reconhecidamente a melhor do mundo) sabemos que nenhum árbitro decente marcaria penáltis daqueles. Vou ainda mais longe: abstraindo-me da cor da camisola, nem o lance de Carreras, e a consequente "mão" que deu origem ao primeiro golo do Benfica, merecia, fosse eu árbitro, o castigo máximo. São precisas três repetições para ver o toque (que de facto existe), mas o protocolo do VAR remete para situações claras e óbvias. Ora não houve nenhum penálti claro, nem na Luz, nem no Dragão, nesta jornada.
Aliás, falando de VAR, a cada dia que passa me convenço mais da sua inutilidade. O erro continua, a discussão continua, e a pressão sobre os árbitros é ainda maior. As linhas de fora de jogo são uma mentira bem contada (uma câmara de filmar a cinquenta metros do pé de um jogador em movimento jamais pode descortinar, com rigor, dois ou três centímetros para lá ou para cá), e a desresponsabilização de um indivíduo que está confortavelmente sentado, lá bem longe, na "Cidade do Futebol", não ajuda. Há países que já o abandonaram, outros preparam-se para o abandonar. A própria Liga Inglesa já discutiu o assunto. Em Portugal será difícil, pois há ainda muita gente que gosta mais de arbitragem, ou de polémicas com arbitragem, do que de futebol propriamente dito.
Houve um período negro. As décadas entre 1990 e 2010, as do "Apito Dourado", foram de facto marcadas por situações escandalosa e sistematicamente tendenciosas, sempre a favor do FC Porto - enquanto a instituição Sport Lisboa e Benfica se mantinha em coma profundo. Mesmo aí, não identifico mais do que um ou dois campeonatos que pudessem ter desfecho diferente quanto ao vencedor final. Hoje em dia a arbitragem portuguesa não é pior que a europeia - como, de resto, se tem visto nesta edição da Champions. 
O principal problema do futebol português já não está, pois, nos árbitros. Está, sim, no número inusitado de entidades fantasma que polui a primeira liga, ao passo que emblemas históricos e com massa crítica, como Académica, Belenenses, Vitória de Setúbal ou Marítimo (o Boavista vai a caminho), se afundam em divisões secundárias. Para este problema, ninguém olha. Mas, como dizia a canção, "se outros calam cantemos nós".

DRAMA

Nunca vi algo assim: num mesmo jogo, no período de quatro minutos, duas roturas de ligamentos de gravidade máxima em lances aparentemente inócuos.
Resta-nos desejar as melhoras a Bah e Manu - que provavelmente só voltaremos a ver nos relvados em 2026. E desejar ardentemente que não aconteça nada a Tomás Araújo (ou a qualquer central) e a Florentino.
Para reflexão fica a quantidade inusitada de lesões que tem afectado muitas equipas, não apenas em Portugal, o que poderá estar relacionado com o estúpido acréscimo no número de jogos. Mas, como bem sabemos, quem poderia mudar as coisas não quer saber delas, mas tão somente do dinheiro que mete ao bolso.

MAIS PERTO

Os deuses devem estar loucos. Ou então, e talvez seja antes isso, há uma campanha de um conjunto de comentadores e cronistas visando tirar Bruno Lage do Benfica, virar os adeptos contra ele, ou simplesmente causar instabilidade - sabendo que há franjas de sócios receptivos a tudo quanto seja partir, destruir, demitir, não interessa como, nem porquê. O que, diga-se, não acontece hoje apenas no futebol, mas em todos os planos de todas as sociedades ocidentais, em que aparentemente há gente cansada de estar bem, de ser livre e de poder escolher os seus caminhos, dispondo-se a embarcar em qualquer canto da sereia, com os resultados que, em algumas latitudes, se começam a perceber, e que mais tarde ou mais cedo se irão revelar dramáticos - infelizmente não só para aqueles que os causaram.
Voltando ao Benfica, não queria acreditar quando ouvi num comentário televisivo, um jovem comentador da Sport Tv afirmar que Lage tentava iludir mais uma exibição "medíocre" do Benfica.
Ora o que eu tinha acabado de ver era um excelente jogo de futebol, com uma boa primeira parte do Benfica, uma segunda mais em registo de gestão - que, é verdade, podia ter corrido mal em virtude da capacidade do Moreirense de chegar rapidamente à área adversária, e de alguns problemas defensivos que o Benfica ainda não conseguiu debelar.
Com jogo da Champions dentro de poucos dias, com duas saídas por lesão durante a primeira parte, era cruel pedir mais.
Os benfiquistas são exigentes, e querem sempre tudo. Aursnes já percebeu isso, e bem. Mas falar de exibição medíocre é patético. Que mais não seja porque não sobram adjectivos para o que se viu nas segundas partes das Aves e de Rio Maior.
O Benfica tem sido irregular. Como os outros. Lage pegou na equipa a 5 pontos, agora está a 4, depois de já ter ido a Alvalade, tendo pelo meio conquistado a Taça da Liga, ultrapassado a fase liga da Champions, e estando a uma vitória na Luz sobre o Braga de chegar ao Jamor, realizando algumas exibições inesquecíveis como as goleadas ao Atlético de Madrid e ao F. C. Porto. Podia ser melhor? Sim, por exemplo ganhando nas Aves e em Rio Maior, o que valeria agora a liderança. Muito mau? Nem por sombras.
Enfim, o que interessa é sublinhar que esta jornada foi favorável aos encarnados, e que restam mais 14 para recuperar o que falta. E que em todos os jogos tem havido um estádio cheio para apoiar a equipa, indiferente a tudo o que se diz dela nas tvs e nas redes sociais - cada vez mais conspurcadas com mentira, manipulação e ódio, enquanto continua a haver quem diz, como também ontem ouvi: "se está no tik-tok é porque é verdade". 
Enquanto tiver voz, aqui estarei a defender o Benfica que em criança aprendi a amar: o dos jogos, dos golos, das vitórias, dos jogadores. O das "politiquices", como diz Bruno Lage, só interessa a dois ou três mil dos seis milhões de adeptos do maior clube português. Neste, como noutros planos, o barulho não me entra no ouvido. Venha de dentro ou venha de fora. 

ONZE PARA SÁBADO


 

PENA O CAMPEONATO NÃO COMEÇAR AGORA...

PARECE-ME BEM





Um lateral, um médio, um extremo e um ponta-de-lança, três deles internacionais A pelos respectivos países, cada um deles com diferentes graus de maturidade, e a custos, digamos, moderados. Ao que parece, não sai nenhum dos titulares. A confirmar-se, trata-se pois, aparentemente, de um bom mercado. 
Acho que fica a faltar um jogador para a posição de Kokçu - quanto a mim, sem dúvida, o elo mais fraco do onze encarnado -, e tenho receio que aconteça alguma coisa a Trubin. De resto, creio que o plantel fica bastante bem composto. Sem dúvida o mais forte do país. Veremos se ainda a tempo de recuperar os seis pontos de desvantagem...

NO FIO DA NAVALHA

Sem margem de erro na Liga, após uma noite europeia de grande desgaste, numa sequência de jogos de três em três dias, com toda a desestabilização feita a partir de fora (e por vezes também de dentro), num campo difícil perante um adversário arreganhado, a partida da Reboleira tinha vários condimentos para poder correr mal.
Dois golos esquisitos nos primeiros dez minutos pareciam ser o golpe de sorte de que o Benfica precisava para se pôr a salvo. E mesmo perante o golo (também esquisito) do Estrela, a pronta resposta de Pavlidis levou-nos para um intervalo sereno e tranquilo.
Esperava-se uma segunda parte de controlo, provavelmente pouco vistosa, mas segura. Outro brinde colocou o placard num tangencial 2-3, e num plano de sofrimento que só um eventual quarto golo do Benfica podia dissipar. 
Esse golo não apareceu, e o fantasma da Vila das Aves foi-se adensando à medida que os minutos passavam, e a equipa da casa acreditava que podia chegar ao empate.
O penálti teria sido uma oportunidade de ouro para fechar o resultado, mas Arthur Cabral quis deixar o seu autógrafo antes de (espero eu) partir para outras paragens. E os últimos instantes foram mesmo de aflição.
Ficam os três pontos - que era o mais importante. Fica o regresso aos triunfos fora de casa no campeonato. Fica uma excelente exibição do caloiro Manu Silva (mesmo em Rio Maior, nos poucos minutos em campo, já me havia deixado boas sensações). Fica a preocupação com a lesão de Di Maria. Ficam também mais alguns aspectos a rever, sendo que neste tipo de jogos o Benfica já viu voar dez preciosos pontos (Famalicão, Moreira, Aves e Rio Maior), que fazem toda a diferença na classificação. Mais do que golear ou deslumbrar, nestas deslocações é necessário ter consistência e solidez para não deixar os adversários criarem perigo. Isso não tem acontecido. Mas se o Benfica quiser ser campeão,  terá forçosamente de ganhar, pelo menos, nos Açores, em Barcelos, em Vila do Conde, em Guimarães e no Estoril (sendo que também tem de ir ao Dragão e a Braga, jogos em que se pode aceitar um eventual empate). 
Bruno Lage já falou muitas vezes, e com razão, de consistência. Esta equipa já provou ser capaz de jogar bem. Falta fazê-lo com a regularidade que define os campeões. Como é que isso se consegue? Não sei. É Lage que tem de o descobrir. Acredito que o consiga, e espero que seja a tempo.