EMBARAÇOSO

Em 22 anos de "Clássicos" na Luz para o Campeonato, apenas 4 vitórias! 
Como benfiquista, confesso que tenho vergonha destes números.
Houve, neste período, jogos com clara influência das arbitragens. Mas é preciso reconhecer que, sobretudo na Luz, o Benfica tem também muitas razões de queixa de si próprio.
Destaco três aspetos que sempre condicionaram estas partidas:
1) Maior capacidade física e atlética do FC Porto, que nos confrontos diretos faz dano (sobretudo, lá está, se a agressividade mais extrema for tolerada pelos árbitros);
2) Grande rigor tático e defensivo do FC Porto, por contraponto com um jogo mais aberto do Benfica, que o expõe sistematicamente ao cinismo do rival - algo que, desde o Brasil-Itália de 1982, acontece em todo o mundo, em todos os campeonatos, e, gostemos ou não, define o futebol moderno;
3) Mentalidade guerrilheira do FC Porto, face ao cândido #pelobenfica da equipa encarnada.
O problema 1) é difícil de resolver com o atual plantel do Benfica, onde, por exemplo, o único "6" é Florentino, faltando músculo e altura em muitas posições, sobrando arte e os correspondentes salários noutras.
O problema 2) é difícil de resolver com Roger Schmidt, adepto de um futebol ofensivo, algo romântico, e muito exposto ao risco...e ao erro.
No imediato é preciso, pois, trabalhar o ponto 3), sobretudo dentro das paredes do balneário, sobretudo dentro da cabeça dos jogadores.
Com a mentalidade certa, com uma arbitragem isenta, com alguma dose de sorte e com a maior capacidade técnica dos seus jogadores, talvez o Benfica possa inverter, por uma vez, a tendência. Talvez possa fazer um bom resultado. Mas terá de se mentalizar de que, primeiro, tem de lutar contra si próprio.
Ao contrário do que se apregoa, a matriz identitária do Benfica não é a do futebol de veludo. Foi com suor, lágrimas e talvez algum sangue, que uma equipa operária de gente humilde com o campo às costas acabou com o domínio dos "Violinos", e poucos anos depois se tornou campeã europeia em Berna - lembremos, ainda sem Eusébio. 
Gostava que, um dia, o Benfica e os benfiquistas (sim, também os adeptos, que aplaudem as chicuelinas e assobiam o combate) resgatassem esse espírito. E, enquanto não o fizerem, temo que os números do quadro acima se vão agravando.

CONFIANÇA REPOSTA

É verdade que este Portimonense é muito mais suave do que era há uns anos, mas tem de se dizer que o Benfica também não lhe deu grandes hipóteses de levantar as orelhas.
Dois golos bastante cedo, pareciam ditar desde logo a distribuição de pontos. E se Rafa tivesse convertido uma das duas soberanas ocasiões de que dispôs até ao intervalo, a segunda parte podia ter sido um passeio. Não foi.
Dois minutos de desconcentração, e os algarvios quase podiam ter chegado ao empate. Valeu Trubin, reencontrado consigo próprio depois da desastrada exibição europeia. Defendeu o penálti (foi muito mal marcado, mas...foi defendido, o que pode ser extremamente importante para a confiança do jovem ucraniano e para a solução do problema que Schmidt criou na baliza), manteve o Benfica na frente do resultado, manteve o Portimonense aberto, e permitiu a Neres resolver de vez a partida. 
Vitória justa da (muito) melhor equipa.
Se o FC Porto continuar sucessivamente a marcar golos depois dos noventa minutos, vai acabar por fazer 90 pontos, e não dará hipóteses à concorrência. Como acredito que esta sequência não passe de uma infeliz coincidência, talvez um dia chegue a hora de perder pontos. Já na sexta-feira? Veremos.
Nem tudo era muito mau após a derrota com o Salzburgo. Nem todos os problemas estão resolvidos após a vitória em Portimão. Este Benfica tem alguns equívocos de base, que terá de resolver, ou pelo menos disfarçar. Já na sexta-feira!

O MESMO ONZE!

Os jogadores correram e lutaram, não havendo nada a apontar-lhes. António Silva tem crédito e merece desculpa. Trubin precisa de recuperar confiança. Bernat e Jurasek ainda não estarão a 100%, pelo que, à esquerda, não há alternativa a Aursnes. A minha maior dúvida era entre Di Maria e Neres, mas que avance o argentino: jogarem ambos, saindo João Mário, deixaria as alas demasiado permeáveis.
 

NÃO! OS ASSOBIOS NÃO ERAM PARA TRUBIN!

Eu estava lá, e a coisa não foi demasiado grave, devendo ser entendível no contexto de um jogo que o Benfica perdia em casa por 0-2. Mas é verdade que, em alguns momentos, Trubin foi assobiado.
Foi cruel para um jovem lançado (desnecessariamente) às feras, que, aos 22 anos, se estreava em casa do seu novo clube, num novo país e numa partida da Champions. 
Acredito, porém, que os assobios não eram para ele. Eram, sim, para quem, sem necessidade, queimou e despediu em público um guarda-redes campeão - e que seria o escudo onde a carreira imediata de Trubin se podia ancorar. Os assobios eram, pois, para Roger Schmidt, que andou a brincar aos guarda-redes neste início de época, com consequências que, temo, venham a ser devastadoras.

NOITE DE BRUXAS

Em apenas quinze minutos, o Benfica deixou-se enrolar num nó que, depois, lhe foi impossível desatar. Dois penáltis, uma expulsão, e vários erros individuais e coletivos, perante um adversário que não é tão frágil como alguns imaginavam, cedo deitaram tudo a perder.
A reação foi a possível. Viu-se empenho total dos jogadores até ao último suspiro, mas muita desorganização, muito voluntarismo estéril, e algumas lacunas de que falei aqui durante semanas a fio - e que, obviamente, só os jogos grandes ("clássicos" e champions) iriam expor na plenitude. Também faltou sorte, numa noite em que tudo o que podia correr mal, correu.
Uma vez mais não percebi o que quis Roger Schmidt da equipa e do jogo. Certamente por insuficiências minhas, mas o que é factual é a derrota. Por exemplo, porquê mais de meia segunda parte com Di Maria a arrastar-se em campo? Porquê Neres só a 15 minutos do fim? Para o queimar, como a Vlachodimos?
Não quero alongar-me muito sobre o jovem Trubin - que é isso mesmo, um jovem, como Samu e outros -, nem chorar sobre o leite derramado com o despedimento de Odysseas, patrocinado pelo próprio treinador. Mas fico curioso de saber o que pensam agora aqueles que exigiam ao grego este mundo e o outro. Infelizmente, estou convencido de que o tempo irá chamá-los à razão. Tarde demais.
Ainda não vi imagens televisivas, e dou benefício da dúvida à arbitragem nos lances capitais. Mas quanto à gestão do jogo, pareceu-me claro tratar-se de um árbitro sem personalidade e sem nível para a Liga dos Campeões. Irritou as bancadas, irritou os jogadores, perturbou o espetáculo. 
Voaram três pontos importantíssimos na configuração do grupo. E logo no jogo, de entre os seis, em que a vitória era, digamos, mais obrigatória. Veremos se é possível recuperá-los.
Segue-se Portimão, e depois o FC Porto em casa. Testes de fogo para este Benfica 2023-24, que, pese embora o avultado investimento, ainda não me deixa nada tranquilo.

ENTRAR A GANHAR


 

ENTÃO...VAMOS DAR O DINHEIRO AOS OUTROS


Centralização de direitos televisivos é roubar os verdadeiros adeptos do futebol para dar a investidores externos de honorabilidade duvidosa. É roubar os clubes que prestigiam o futebol português e fazem entrar dinheiro no país. É cortar a sua competitividade internacional, para dar empregos a treinadores e árbitros medíocres (os jovens jogadores portugueses emigram), e lugar a equipas sem história, sem identidade, sem massa crítica e até sem estádios - que semanalmente se limitam a praticar o anti-jogo para o pontinho.
Querem competitividade e equilíbrio: então venha de lá uma 1ªdivisão com 8 ou 10 clubes. O resto? fora!
Solidariedade é com pessoas. Não com SADs de capital estrangeiro a circular por off-shores para lavagem de dinheiro, que não valorizam em nada o campeonato português, nem sequer representam a diversidade geográfica do país.

SIGA

Por motivos velocipédicos (deslocação a Espanha para acompanhar a Vuelta na zona de Madrid), não pude ver o Vizela-Benfica sequer na TV (algo que não me acontecia há já bastante tempo). 
Fui acompanhando o resultado com sofrimento, sofrimento esse que percebi, ao ver mais tarde um resumo, não ter grandes motivos que o justificassem: a superioridade encarnada terá sido clara, e os números podiam ter sido outros. A verdade é que a vantagem era tangencial e o jogo nunca mais acabava. No futebol português o tempo de descontos parece cumprir um padrão: até o FC Porto marcar, e/ou até o Benfica sofrer.
O livre de Di Maria foi magistral. Gostei de ver Musa anotar mais um golo (e se um ponta-de-lança vale pelos números, a titularidade é sua). E Trubin terá tido uma estreia tranquila, sofrendo apenas de penálti.
Não poderei alongar-me muito mais sobre um jogo que não vi, lamentando apenas que os adversários não tenham perdido pontos. A propósito, o único golo do FC Porto na Amadora, sancionado pelo VAR Fábio Melo (um nosso velho conhecido) - e isso vi -, deixa-me bastante inquieto quanto às próximas jornadas.
Uma nota final para felicitar as modalidades do Benfica, que em menos de 24 horas conquistaram cinco (!) troféus oficiais.

MULHERES COM GARRA

Vitória sofrida mas merecida, de uma equipa que perdeu duas das suas maiores individualidades (Lacasse e Ana Vitória), e tem outras duas lesionadas (Jéssica e Pauleta). Parabéns ao Sporting pela luta que deu, e pelo desportivismo manifestado no fim.
O futebol feminino continua à espera do FC Porto, que é o único clube da Champions League que apenas tem equipa masculina. Ao que parece, na Torre das Antas, o pensamento predominante é que o lugar das mulheres é nos bares de alterne.

OS SCHJELDERUPS DA VIDA

Andreas Schjelderup fez 19 anos em Junho. Veio para o Benfica, aos 18, por alguns (demasiados?) milhões, e talvez tivesse achado que isso bastava para ter lugar cativo no onze titular - de uma equipa que, recordemos, na altura estava a ganhar praticamente todos os jogos a nível nacional e internacional. 
Vi-o jogar algumas vezes na equipa B, e pouquíssimos minutos na equipa principal. Sempre me pareceu um...júnior. Com talento, sim, mas sem capacidade atlética, nem maturidade, nem discernimento para assumir responsabilidades numa equipa como a do Benfica. A precisar de muito trabalho, e a espalhar mais incerteza do que magia.
Foi emprestado, e bem, para ganhar tudo aquilo que lhe falta, e poder eventualmente voltar por outra porta. Mas em vez de agradecido, já começou a falar demais. Enfim, é um jovem. Enfim, é imaturo, como se percebeu em campo. Espero que, pelo menos, seja melhor aconselhado.

Não era apenas dele que eu queria falar. É de todos os jovens que, aos 18, aos 17, aos 16 ou até antes, acham que vão ser (ou, pior ainda, que já são) o Maradona.
Diego Moreira, por exemplo. Até se chama Diego, o apelido começa por M (acabam ai as semelhanças com o astro argentino), e talvez por isso não tenha aceitado uma boa proposta para renovar pelo Benfica - que lhe acompanharia a carreira, que o protegeria durante anos, até fazer coincidir o talento natural com tudo o resto que falta para se ser profissional de futebol de alto nível. Foi para o Chelsea ganhar mais dinheiro. Quase me disponho a cortar uma orelha se alguma vez chegar a titular do clube londrino. Já foi emprestado, assim vai continuar, provavelmente em sentido descendente e até acabar o contrato. Aos 27 anos (numa qualquer liga turca, romena ou cipriota) irá estar a auferir um salário menor do que se tivesse ficado cá, e saído apenas aos 22 ou 23, depois de passar pela equipa principal, se afirmar, e, ai sim, se fazer à vida.
Cher Ndour, outro exemplo. Também não aceitou renovar pelo Benfica. Enfim, não se chama Diego e tem um pouco mais de cabedal. Mas...
Mas... há mais. Até Renato Sanches ou João Félix (vamos ver Gonçalo Ramos...), são exemplos de como saídas prematuras para contextos diferentes e mal escolhidos, com responsabilidades enormes, com o peso dos milhões às costas, e onde não são apaparicados como no Seixal, podem comprometer carreiras que podiam, e deviam, ter outras dimensões. Nem vou falar de Rodericks, de Nélsons Oliveiras ou de Josés Gomes, que infelizmente nem sei por onde andam. Recordo, a propósito, que Nélson Oliveira chegou a ser considerado o melhor jogador de um Mundial Sub-20.
Em sentido contrário, Ruben Dias. Fez três épocas como titular do Benfica, ganhou maturidade, e só depois, quando era quase capitão de equipa, fez as malas para a Premier League. Saiu com experiência, com títulos, também com fracassos, com vários jogos na Champions e titular da Selecção. Enfim: maduro. Chegou a Inglaterra e pegou de estaca, sendo considerado o jogador do ano. Acaba de ganhar a Champions, e se não tiver lesões fará uma carreira notável. Ganha, e continuará a ganhar até depois dos trinta, além de títulos, rios de dinheiro. Merece-o. Tomou as decisões certas, no momento certo. 
Para o Benfica, e enquanto benfiquista, tanto me faz. Desde que paguem as transferências, está tudo certo. Este texto é sobre os jovens futebolistas e a gestão das suas carreiras.
É em tudo isto que gente como António Silva e João Neves têm de pôr os olhos - e no caso deles parece-me que põem. Não só eles, como todos aqueles (e os pais deles) que, nos Iniciados ou nos Juvenis, acham que, por terem bons pezinhos, logo vão ter o mundo aos ditos.
Volto a Schjelderup. Ainda acredito que cresça e apareça. Um bom princípio será trabalhar mais e falar menos. 

BASTOU TIRAR O MONO E....9-0!

Só não vê quem não quer. E percebe-se porque motivo a FPF não quer ver: Ronaldo é uma fonte inesgotável de receitas, e a tentação de as espremer até ao fim é grande. Com isso, hipoteca-se a competitividade de um conjunto de talentos impar na história do futebol português. Vende-se a possibilidade de conquistas desportivas, mas ganha-se (alguém ganha) muito dinheiro.
Em campo, o óbvio. Sem um ponta-de-lança acabado e a arrastar-se, que exige que todos joguem para os seus registos pessoais e não aceita sequer ser substituído, a "Equipa das Quinas" solta o seu talento é é capaz de esmagar qualquer um. Bem... "qualquer um" será liberdade de linguagem, mas que Portugal liberto de amarras vence e convence, e assim seria candidato a tudo, isso ninguém poderá negar.
Martinez foi contratado para manter em campo uma galinha, que ainda dá ovos de ouro, mas já não dá futebol nem golos - excepto no meio de árabes medíocres, a quem qualquer Alverca dá luta, e a quem um Benfica a meio gás é capaz de golear. Se um dia a retirar da equipa, o mais certo é ser despedido como todos os outros que afrontaram o seu círculo de poder. Aliás, assim de repente não me recordo de um único seleccionador com quem a antiga estrela do Real Madrid não se tenha, a dada altura, incompatibilizado.
Apesar de toda a sua fabulosa carreira, apesar da sua reluzente fortuna, de todos os seus carros e suas jóias, confesso que começo a ter pena dele. Lamento que alguém, com quase 40 anos, não perceba quem é, quem foi, nem onde está, e com essa crua e básica ignorância manche uma imagem que podia ser eternamente dourada. 
"Crepúsculo dos Deuses" ("Sunset Boulevard", no título original) é um fantástico filme de 1950, do genial Billy Wilder. Aconselho vivamente. Tem tudo a ver com Cristiano Ronaldo.
Quanto a Selecção, espero que CR7 continue a ver alguns cartões amarelos. Não lhe desejando nenhuma lesão, parece ser a única forma de podermos desfrutar do bom futebol de Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Rafael Leão, João Félix e companhia.

A RAFA O QUE É DE RAFA

Não tenho medo das palavras: é o melhor jogador do Benfica dos últimos cinco anos.
E, ou me engano muito ou voltará a sê-lo nesta temporada.
Acaba contrato em Junho, e a cada semana que passa (a menos que se lesione, o que ninguém deseja), tornar-se-á mais difícil convencê-lo a ficar.
Há uns tempos falei aqui de valores. Percebi depois que estava algo desactualizado com os salários dos futebolistas. Talvez tenha sido a inflação... 
Ofereça-se pois ao homem tudo aquilo que ele pedir (10, 12, 15...), e ainda mais umas botas novas. Se há jogador que justifica uma loucura é este: um craque, que decide jogos e campeonatos, e vale cada euro que ganha.
Com o mercado fechado, talvez seja o momento certo para avançar com tudo. Afinal de contas, trata-se de Rafa, uma lenda!

DEPOIS DAS EXPLICAÇÕES

VLACHODIMOS por TRUBIN: Já falei abundantemente de Vlachodimos, e percebo que Rui Costa não queira alongar-se sobre o assunto. Mas, até por uma questão de princípio, não pode ser o treinador, unilateralmente, a decidir quem fica ou quem sai do plantel. Recordo-me de Artur Jorge (que decidiu dispensar todo um plantel campeão para contratar quilos de mediocridade, o que resultou, pouco depois, no seu próprio despedimento, e em onze anos de sucessivos fracassos), ou, em sentido contrário, do caso Cardozo/Jesus, que culminou com a permanência dos dois, e um "Triplete" de títulos. Se Trubin vai ser dos melhores da Europa (oxalá que sim), então que seja rapidamente titular. Cá estarei para o aplaudir;

GILBERTO por JOÃO VICTOR: Naturalmente Gilberto pretendeu sair, o que se compreende. Do que vi de João Victor à direita, até nem desgostei. Mas ainda temo que uma ausência de Bah em jogos de Champions ou nos "Clássicos" possa ser complicada de gerir, e, com um Galeno qualquer pela frente, ter efeitos devastadores. Enfim, resta Aursnes. Mas confesso que gostava que o Benfica, à semelhança do critério seguido noutras posições, tivesse contratado um competidor para a titularidade do dinamarquês;

LUCAS VERÍSSIMO por TOMÁS ARAÚJO: Todos sabemos o que aconteceu a Lucas Veríssimo, e nesse sentido percebe-se que deva sair, para jogar com regularidade, e eventualmente voltar na próxima época (fim de carreira de Otamendi?, venda de António ou de Morato?);

GRIMALDO por BERNAT: Se Grimaldo queria mesmo sair, pois não havia muito a fazer. Cheguei a assustar-me com a posição, mas penso que Bernat, em princípio, dá garantias. Aliás, há que dizer que o Grimaldo da última temporada não foi o das anteriores - em que mostrava, reiteradamente, bastante permeabilidade defensiva;

RISTIC por JURASEK: Sempre que vi Ristic jogar, gostei. Mas haverá razões que a razão desconhece, ou que apenas Schmidt conhece. Quanto a Jurasek, a única coisa que questiono é o preço de luxo pago por um presumível suplente - pois pelo que já se viu, não dará, pelo menos no imediato, para muito mais do que isso;

ENZO FERNANDEZ por KOKÇU: Na verdade Enzo já tinha saído, e por um valor irrecusável. Nesse sentido, jogador por jogador, parecia-me uma substituição criteriosa. Acontece que entretanto "nasceu" João Neves. Enfim, vamos ver como corre a interacção entre ambos, e se a ausência de Florentino (ou o tal gorila que eu preferia ver no plantel) nas costas dos criativos não será um problema em jogos de maior pressão;

SCHJELDERUP por TIAGO GOUVEIA; Gostei da explicação, sobretudo na parte em que se percebe que o empréstimo abateu o preço do jovem nórdico. Do que vi, Schjelderup pareceu-me sempre um...júnior. Com talento, sim, mas jamais uma opção imediata. Gouveia terá pouco espaço, e talvez devesse rodar mais um ano, mas percebo e saúdo a vontade de ficar; 

DRAXLER por DI MARIA: Draxler, infelizmente, não contou, pelos motivos conhecidos. Gostei de saber como Di Maria chegou, e as exigências que (não) fez. Não há dúvidas de que, neste caso, se trata de um imenso upgrade;

GONÇALO RAMOS por ARTHUR CABRAL; Pelo contrário, na importantíssima posição de ponta-de-lança, não me parece que o Benfica tenha colmatado a (esperada e inevitável) venda de Ramos. Até ver, Arthur Cabral não me convenceu, tal como o seu relativamente modesto currículo já evidenciava. Ainda espero uma agradável surpresa. A acontecer, será isso mesmo: uma surpresa.

+

RENOVAÇÃO DE OTAMENDI: Continuo a achar que era evitável, e preferia, cem vezes, renovar com Rafa. Não sei qual o salário do central argentino, mas suponho que esteja no topo do plantel. Não vai para novo, comprometeu em vários jogos, está a tapar a evolução de Morato, mas, enfim, talvez tenha uma importância no balneário que o torne imprescindível neste momento (embora, se era só para o balneário, já chegasse...Luisão).

RAFA: Gostava de perceber se o Benfica pretende mesmo abrir os cordões à bolsa por aquele que é, de há alguns anos para cá, o seu melhor jogador. Dar-lhe 10 milhões, quando se pagaram 14 por Jurasek e 20 por Cabral, parece-me uma pechincha. Avancem lá já com a renovação antes que seja tarde, dando ao homem tudo aquilo que ele quiser, pois merece-o;

CUSTO DO PLANTEL: Gostei de saber que não fica mais caro que o do ano anterior. Gostava também de ter a certeza de que não há demasiados desequilíbrios salariais. Obviamente que Di Maria não pode ganhar o mesmo que Tiago Gouveia. Mas há situações e situações.

O QUE MUDOU:

VLACHODIMOS por TRUBIN

GILBERTO por JOÃO VICTOR

LUCAS VERÍSSIMO por TOMÁS ARAÚJO

GRIMALDO por BERNAT

RISTIC por JURASEK

ENZO FERNANDEZ por KOKÇU

SCHJELDERUP por TIAGO GOUVEIA

DRAXLER por DI MARIA

GONÇALO RAMOS por ARTHUR CABRAL

Ficou melhor? Ficou pior?


OBRIGADO ODY

A gratidão e o reconhecimento fazem parte da identidade do Sport Lisboa e Benfica. Mas nem dois Campeonatos Nacionais (com duas fantásticas exibições nas respectivas e decisivas vitórias no Dragão), duas Supertaças (5-0 ao Sporting e 2-0 ao FC Porto), duas presenças nos Quartos-de-Final da Champions League (em que foi protagonista central, quer nos apuramentos, quer nas fases subsequentes, e em que nenhum guarda-redes da história do clube jogou mais vezes, ou obteve mais vitórias), um total de 225 jogos pelo Benfica (sexto guarda-redes de sempre com mais jogos, e quanto a mim, o melhor desses seis), ou a titularidade absoluta desde 2018 com cinco diferentes treinadores (Vitória, Lage, Jesus, Veríssimo e Schmidt), criaram unanimidade dos adeptos do em torno de Odysseas Vlachodimos.
Uma parte, na qual me incluo, sempre o achou um excelente guarda-redes, que pagou o preço de suceder a Oblak e Ederson (ambos do top 5 mundial), como se o Benfica tivesses jogadores de top 5 mundial em todas as posições, ou tivesse tido sempre na sua baliza guarda-redes desse nível (só me recordo de mais um: Michel Preud'Homme, se descontar um Júlio César já em final de carreira).
Para a outra parte, foi sempre um mal-amado. Queixavam-se de não agarrar as bolas aéreas (como se algum guarda-redes hoje em dia o fizesse, como se tal não fosse, por vezes, um enorme e desnecessário risco), e de não ser bom com os pés. Ora eu pertenço à velha escola segundo a qual um guarda-redes tem de ser, antes de mais, bom com as mãos - coisa que, por exemplo, o da Selecção Nacional não mostrou no último Mundial, arrastando a "equipa das quinas" para uma eliminação escusada diante de Marrocos, já depois de um erro ridículo no jogo com o Gana. E até me arrepio quando vejo trocas de bola entre centrais e guardiões, por vezes dentro da pequena área, sob intensa pressão de adversários, e cuja utilidade não entendo senão à luz do exibicionismo táctico de alguns treinadores. Se é para isso que interessa jogar assim tão bem com os pés, acho que se deveria antes começar por pontapear alguns treinadores para fora dos bancos - e aqui não falo de Roger Schmidt, mas de coisas que vejo, até em ligas de escalões inferiores.
Ouvindo ou lendo alguns comentadores e adeptos, o grau de exigência e a quantidade de valências que que se colocam hoje em dia aos guarda-redes (ou a alguns deles, ou a todos menos a Diogo Costa) raia o absurdo. Com aquilo que se poderia apelidar de critério-Odysseas, nem Manuel Bento, nem Vítor Damas, nem Vítor Baía, para não falar em Yachine, Maier, Zoff ou Dasaev, resistiriam, ou sairiam da mediocridade. Acresce que, na liga portuguesa, onde a quantidade de trabalho de um guarda-redes de clube grande é quase sempre diminuta, a posição nem sequer é assim tão importante. O Benfica foi campeão com Moreira, com Quim, com Silvino (para falar apenas nos vivos), e ia sendo com Artur Moraes e Bruno Varela. No contexto dos clássicos ou dos jogos internacionais, aí sim se vê a qualidade: e nesses momentos foi precisamente onde Ody sempre brilhou.
Não sei o que se passou no balneário do Seixal entre o grego e Roger Schmidt, cidadãos que não conheço pessoalmente. Pode haver questões que me escapem, nomeadamente de carácter ou falta de respeito. Falo apenas do que vejo, e Vlachodimos foi sempre titular na época passada, a do 38 (como, de resto, na do 37), ganhando a Supertaça já na corrente. E não gostei, não gosto, e não quero ver mais, um treinador do Benfica destruir publicamente um seu pupilo numa conferência de imprensa. A velha máxima, elogios públicos/criticas privadas, é uma das bases para uma liderança sólida, respeitada e respeitável. Se havia algo a apontar (e, naquele caso, admito que houvesse, e eu próprio aqui o escrevi), tal tinha de ser feito dentro das paredes do balneário - a partir daí, o treinador tomava as opções que queria, mas pelo menos não desvalorizava o jogador. Se o critério era o dos erros cometidos, ou o da responsabilidade numa derrota, Otamendi não mais vestiria o Manto Sagrado depois do último Chaves-Benfica. Mas, como disse, só falo do que vejo, e poderá haver situações que desconheço.
O que passou, passado é. Agora não há nada a fazer senão despedirmo-nos de um guarda-redes do qual, espero, não tenhamos demasiadas saudades a muito breve trecho. Não conheço Trubin, que é da idade do Samuel Soares, ou seja, dois rapazitos. Dizem que é o novo Courtois. Tanto que eu gostava que fosse... Mas na última ocasião em que vi o Benfica, muito apressadamente, substituir um guarda-redes campeão que não cumpria os finos critérios de alguns, veio de lá Roberto - que também era, na altura, a última Coca-Cola do deserto.
Enquanto fã do grego, resta-me a consolação de o ver partir para um clube e uma cidade que me dizem muito no plano pessoal e familiar, e defender as balizas do City Ground, onde ainda há pouco mais de um mês andei a passear em pleno relvado.
Tudo de bom para o futuro, e obrigado pelos cinco anos em que dormi sempre descansado com a baliza do Benfica.

DESCONTOS? SÃO NO DRAGÃO

Não se trata de um novo supermercado. É mais uma espécie de casino, para não lhe chamar outra coisa (bordel?).
1) Em quatro jornadas, os jogos do FC Porto tiveram 78 (!?!?!?!) minutos de tempo adicional acumulado;
2) Na 2ª jornada, o resultado do FC Porto-Farense aos noventa minutos era 1-1, na 3ª o Rio Ave-FC Porto estava 1-0 (com Eustáquio em campo), e na 4ª, o FC Porto-Arouca 0-1. Ou seja, em nenhuma das últimas três rondas, no fim do chamado tempo regulamentar, o FC Porto se encontrava em vantagem (o que explica o ponto 1);
3) No tempo extra dessas três partidas o FC Porto beneficiou de dois penáltis, marcou quatro golos, empatou um dos jogos que perdia, e ganhou os outros dois, conquistando assim seis pontos (é fazer as contas, como um dia alguém sabiamente disse);
4) O FC Porto-Arouca teve mais de 22 minutos de descontos, apenas na segunda parte. Recordo que, no futebol, cada parte tem 45 minutos. Não houve nenhuma invasão de campo, a tempestade foi em Madrid, e felizmente Christian Eriksen está vivo;
5) Entre o minuto 89 e o minuto 113 (!), em duas das várias ocasiões em que Taremi se atirou para o relvado, o árbitro apontou de pronto para a marca de grande penalidade. Numa delas, alguém viu a repetição e rapidamente desligou os cabos do vídeo (valeu que havia por ali um telemóvel), noutra o guarda-redes do Arouca (que podia estar no plantel do Benfica) defendeu com categoria. 
Tendo em conta o exposto, não me apetece dizer mais nada. 
    

BEM DISPOSTO

O jogo com o Vitória de Guimarães deixou-me bem disposto.
O mais importante era ganhar, mas além de o fazer com estilo, e de goleada, o Benfica deu vários sinais que me tranquilizaram - pelo menos para já.
Desde logo, a adaptação de Aursnes (o melhor em campo) ao lado esquerdo da defesa, mostrou, primeiro que o norueguês é de facto pau para toda a obra e uma das melhores contratações do Benfica dos últimos anos, depois que Roger Schmidt não é parvo de todo, e vê, nos treinos, algumas coisas que nós não vemos, e - faço um "mea culpa" - por vezes me intrigam e me levam a desabafar por aqui, mesmo correndo o risco de escrever disparates sem conhecimento de causa - como ninguém me paga por isto, faço e digo o que quero, e tenciono continuar a fazê-lo e a dizê-lo.
Mas, voltando ao jogo, gostei também, pela primeira vez, da dupla João Neves-Kokçu, que à partida, e até agora, me parecia uma sobreposição de talentos a carecer de alguém nas costas. O jovem algarvio é um craque da cabeça aos pés, e encarrega-se de cobrir as costas de si próprio, do colega do lado, e de quem mais for preciso, sobrando-lhe tempo para soltar um talento que muito estranho ainda não ter sido alvo de apetites milionários. Gostei igualmente da titularidade de Musa, que, mesmo não marcando, mesmo não sendo um Haaland, realizou um excelente jogo, deixando claro que, neste momento, não há melhor na casa.
Depois...existem Rafa e Di Maria. E se o argentino é consensualmente tido como um dos melhores jogadores do mundo, em quem só as condições físicas, no decorrer de uma longa época, podem deixar saltar alguma dúvida, o português parece não ser ainda devidamente valorizado (nem pela SAD, nem, diga-se, no coração de alguns benfiquistas). Por mim, dava já os tais dez milhões ao homem, pois não há, no mercado, por esse preço, um jogador tão bom, tão importante e tão decisivo como ele tem sido, parecendo empenhado em voltar a sê-lo.
É claro que toda esta análise não pode deixar de parte o facto de tudo ter começado com um auto-golo e uma expulsão, que facilitaram sobremaneira a tarefa dos encarnados.
De qualquer forma, termino como começo: gostei e fiquei bem disposto.

ESTE CONTINUA A SER O MEU ONZE...UM ONZE DE CAMPEÕES

 

ES LO QUE HAY...

Tivesse saído um Antuérpia qualquer em vez da Real Sociedad, e o sorteio até nem tinha sido mau de todo. Com a equipa basca no pote 4, o grupo fica demasiado incómodo para o meu gosto.
Desde logo, não queria outra vez o Inter, de tão má e tão recente memória (mas no pote 2, de facto, não havia grandes alternativas). O Salzburgo foi sem dúvida o melhor pote que calhou ao Benfica, embora houvesse escolhas ainda mais apelativas (Copenhaga, por exemplo). Agora a Real Sociedad...francamente não! Pior? Só mesmo o Newcastle.
O Benfica terá pela frente dois adversários (Inter e Real Sociedad) justamente do perfil táctico com o qual tem maiores dificuldades em lidar: equipas muito rigorosas defensivamente, fortes fisicamente, e cínicas na abordagem aos jogos. Na época passada viu-se. E a agravar, nem sequer pode puxar pelos preços dos bilhetes, sob pena de não encher o estádio, pois o único nome apelativo seria o Inter, não fosse o caso de....
Enfim, é o que temos. Trata-se de um grupo que pode dar para tudo. Não vejo o Salzburgo vencer na Luz, nem o Benfica em San Siro. De resto, todos os resultados são possíveis. E todas as classificações também - do primeiro ao quarto lugar.
Quanto ao FC Porto, que dizer? É um clube que nasceu com o dito cujo virado para a lua, ou então tem grandes cunhas junto do divino. Shakhtar e Antuérpia, partindo de um pote 2, é absolutamente pornográfico (a agravar, nenhum dos três adversários jogará no seu estádio...). O Braga fará o que pode, sendo realista apontar ao terceiro lugar.
Ao Sporting, não sei quem calhou :)


SEMÁFORO EUROPEU


 

SCHMIDT AO ESPELHO

Será normal um treinador que se sagrou campeão nacional logo na primeira época em Portugal, atingiu os Quartos-de-Final da Liga dos Campeões depois de uma carreira com momentos notáveis, e ainda adicionou uma Supertaça logo a abrir a nova temporada, ser tão questionado como tem sido Roger Schmidt nas últimas semanas? A resposta óbvia é: não! Mas permanece uma pergunta: então porque motivo é isso mesmo que está a acontecer?
Há que puxar o filme atrás. 
De facto, o Benfica fez uma primeira metade da temporada 2022-23 esplendorosa. Apurou-se brilhantemente no 1º lugar de um grupo da Champions onde estavam PSG e Juventus, venceu praticamente todos os jogos do Campeonato (apenas um empate, em Guimarães), e cavou desde logo uma distância considerável para os principais rivais que, por contraponto, entraram mal na temporada, escorregando sucessivamente em terrenos inesperados. À 7ª jornada o Benfica já tinha 5 pontos de vantagem para o FC Porto e 11 para o Sporting. À 11ª, levava 8 para os portistas e 12 para os rivais lisboetas. Como se sabe, isso veio a revelar-se determinante.
Se, por outro lado, isolarmos o que se passou desde a pausa para o Mundial do Catar, verificamos que o Benfica, daí em diante, perdeu 13 pontos, o Sporting 14, o Braga 11, e o FC Porto apenas 7. Não se superiorizou a nenhum deles no confronto directo. Com isso, colocou em risco um Campeonato em que chegou a ter, virtualmente, 13 pontos de vantagem (a meio da primeira parte do "clássico" da Luz, onde, diga-se, acabou por ser claramente manietado pela equipa de Sérgio Conceição, como o foi em alguns momentos dos dois "dérbis" lisboetas, nenhum deles ganho, em nenhum deles tendo estado, um minuto sequer, em vantagem). Não fosse uma surpreendente vitória do Gil Vicente no Estádio do Dragão, e não se sabe (mas calcula-se) o que teria acontecido. E seria catastrófico. Ainda no plano nacional, os encarnados foram eliminados da Taça da Liga por uma equipa que então militava no segundo escalão (Moreirense), e da Taça de Portugal pelo SC Braga. Os dragões venceram ambas as competições.
No plano internacional, depois de uma fase de grupos impressionante, o Benfica beneficiou de um sorteio extremamente simpático, que lhe pôs por diante um Club Brugge mergulhado numa crise gravíssima. Passou facilmente, mas caiu de seguida, dando menos luta ao Inter de Milão do que havia dado o FC Porto na ronda anterior.
Ou seja, desde o Mundial (Novembro/Dezembro de 2022), e, coincidentemente ou não, desde a saída de Enzo Fernandez, e porventura desde o memento em que a equipa deixou de ser capaz de surpreender, não se pode dizer que o Benfica tenha sido brilhante, e muito menos que se tenha superiorizado a um FC Porto com muito menores recursos. E já então se falava da teimosia de Roger Schmidt em insistir no mesmo onze, em desgastar, por vezes de forma desnecessária e incompreensível, alguns jogadores nucleares (não dando oportunidades a outros), e em fazer substituições que só ele parecia entender. Como tudo fica bem quando acaba bem, e o Benfica foi campeão, Schmidt pôde passar umas férias descansadas.
Não terá sido a derrota do Bessa a mudar a perspectiva dos adeptos. Na verdade, essa derrota (com traves, postes, erros individuais de jogadores e árbitros) teve uma componente de infelicidade enorme, bastando dizer que aos 89 minutos o Benfica vencia por 1-2, tendo chegado à vantagem já em inferioridade numérica. E, há que o dizer (e eu disse-o), Vlachodimos não esteve bem nessa partida, realizando a sua pior exibição pelos encarnados.
É precisamente o guarda-redes grego, ou melhor, o modo como Schmidt lidou com o assunto (na praça pública e de uma forma totalmente inusitada numa pessoa inteligente e sempre ponderada nas declarações que faz), que trouxe inquietação ao universo benfiquista, e mais reticências na sua (nossa) identificação com o técnico germânico.
Terá sido uma espécie de gota de água num processo que, como referi, já vinha da fase final da temporada anterior, e que passou também por uma gestão do plantel e dos reforços (a acreditar que as opções foram suas) no mínimo duvidosa, de onde ressalta a insistência num caríssimo Kokçu que não era prioritário, e na renovação de um Otamendi veterano e decadente, a escolha dos duvidosos (e também caros) Jurasek e Arthur Cabral, as dispensas dos razoáveis, mas seguros, Gilberto e agora Ristic, e uma composição de onze que sacrifica desnecessariamente Aursnes (um dos pilares do último campeonato...no meio-campo), deixa de fora sistematicamente Neres, também Morato (e sempre Musa), e, por fim, sacrilégio dos sacrilégios, neste último jogo, o jovem João Neves - que salvou o campeonato passado com um punhado de extraordinárias exibições num momento de grande pressão e em que uma equipa manifestamente extenuada precisava da sua energia como de pão para a boca.
Não defendo, de forma alguma, o despedimento de Roger Schmidt. Acho que só um louco o faria neste momento. Tive dúvidas, isso sim, numa renovação porventura precipitada e que, até ver, não acrescentou nada ao Benfica a não ser uma folha salarial mais generosa. Já foi feita, feita está.
Entendo, porém, que a crítica é livre, e até saudável. Quando os adeptos não puderem criticar as opções dos treinadores, o futebol terá morrido.
Nesse sentido, tenho sido uma das vozes que se junta à daqueles que, ao contrário do que seria de supor após um ano vitorioso seguido de um investimento avultado, não olham com grande entusiasmo para a nova época. E não o fazem, eu pelo menos não o faço, exclusivamente por receio e desconfiança no caminho que está a ser seguido por Schmidt - que, é preciso lembrar, nunca tinha treinado em países latinos, e também, diga-se, aos 56 anos nunca tinha vencido grande coisa. Temo que o balneário esteja a ser minado por opções duvidosas, por simpatias (Otamendi, Di Maria, João Mário, Kokçu) e antipatias (Ody, Gilberto, Morato, Ristic, Florentino, Neres, Musa...), por diferenças salarias substantivas e não sustentadas no rendimento desportivo, e por um técnico de perfil obstinado, pouco focado nos adversários e na forma de os bloquear (ou desbloquear), e que vive muito à custa de uma excelente preparação física do plantel (aí tiro-lhe o meu chapéu). Além de que (isso acontece com todos os treinadores, eu diria mais, com todas as lideranças), o tempo vai causando desgaste: um dia zanga-se com um, na semana seguinte com outro, e se as coisas não são muito bem acauteladas, se não há uma preocupação séria com isso (não estamos na Holanda, e muito menos na China), é fácil perder o controlo total do grupo. Isto não é apenas no futebol, a aí já sei bem daquilo que falo.
O que mais desejo é estar enganado. É concluir, em Maio de 2024 (preferencialmente vivo e de boa saúde), que mesmo após quase 50 anos a ver futebol, não percebo nada disto. E que Roger Schmidt é, afinal tão bom treinador como parecia em Novembro de 2022, que o Arthur Cabral é um craque, que o balneário (depois de tantas torturas) ficou coeso e solidário, e, sobretudo, que o Benfica é campeão. 

E O MEU PLANTEL SERIA:

Caso não tivesse mesmo sido possível chegar a Santiago Gimenez, teria tentado Pavlidis, Beltran ou um outro ponta-de-lança bom. Em qualquer dos casos, sem Trubin, Jurasek, Kokçu, Schjelderup, Tengstedt e Cabral, o volume total investido seria sempre muito menor, e, quanto a mim, o plantel ficava bastante mais equilibrado. Em vez de ter renovado com Otamendi, renovava com Rafa, seis anos mais novo, e que parece continuar, mais uma época, a carregar a equipa ao colo (para já, três jogos, três golos). 

ERROS DELES, MÁ FORTUNA

Numa jornada, o Sporting é claramente favorecido pelo VAR Hugo Miguel, e o Conselho de Arbitragem reage, reconhecendo o facto.
Noutra jornada, o FC Porto é claramente favorecido pelo árbitro Fábio Veríssimo, e o Conselho de Arbitragem não reage, ignorando o facto.
Com ou sem reacção do CA, a verdade é que, em três jornadas, já ambos foram escandalosamente beneficiados. Além de que, uns e outros vão ganhando jogos que só terminam quando, finalmente, conseguem marcar. Seja aos 90+9, seja aos 90+10, seja, se necessário, aos 90+854.
E o Benfica? Também perdeu o seu jogo aos 90+9, e está a três pontos, quando deveria estar, no máximo, a um. E sem este autêntico casino dos descontos, poderia até já ir destacado em primeiro lugar.
Confesso que estou cada vez mais farto do futebolzinho português, que é um esgoto a céu aberto e cheira mal que tresanda.

VITÓRIA (À) JUSTA

O triunfo do Benfica em Barcelos foi justo, inequívoco, mas podia ter sido mais tranquilo. 
Sobretudo após o 1-2, houve momentos de alguma tensão e algum descontrolo, numa partida que, até aí, tinha pouca história para contar.
Uma vez mais, só Roger Schmidt entende o onze que colocou em campo. Mas quando se ganha, tudo está bem. Não estou a ser irónico: para mim, desde que as vitórias pinguem, está mesmo tudo bem.
Não posso porém deixar de estranhar a ausência de João Neves - um dos melhores, senão o melhor jogador da equipa nas últimas partidas. De Neres, já falei o quanto baste. Por mim, era ele e mais dez. Neste caso, eles os dois e mais nove. Frente ao Gil Vicente, estiveram outros nove, mas Neves e Neres ficaram de fora. No caso do jovem médio, quase me deu para rir.
Aursnes a lateral...enfim.
Em sentido contrário, Di Maria, que durante a semana afirmou publicamente não gostar de ser substituído, tendo feito saber isso mesmo ao treinador, permaneceu em campo os noventa minutos. Inclusivamente quando o jogo ficou partido, e ele, com as suas características e com a sua idade, obviamente já não se mexia muito.
Percebo que não possam jogar todos. Percebo que o plantel está sobredimensionado em certas posições. Mas continuo a não entender os critérios de escolha dos onzes, nem das substituições. Como disse atrás, só quero que o Benfica ganhe. E não tenho sombra de dúvidas de que Roger Schmidt percebe infinitamente mais de futebol do que eu. Desejo, ardentemente que tudo isto tenha uma lógica, e que no fim seja ele a ter razão. Entretanto vou dizendo e escrevendo o que penso, que é para isto que serve um blogue. Por vezes também para desabafar, mesmo correndo riscos de cair em exageros ou mesmo divagações, mas sempre de acordo com o que a cada momento vou sentindo. Nada me move contra o treinador benfiquista (pelo contrário, já lhe devemos um campeonato e uma supertaça), até parece simpático, é inteligente e educado. Por vezes não o entendo, e, com quase cinquenta anos que levo a ver futebol, tenho algum receio que isso seja um sinal de perigo.
Quanto aos que jogaram, Rafa foi o melhor. Já leva três golos, e espero que a boa forma seja para manter (o futuro... logo se vê). Musa entrou e marcou, o que tem sido hábito. Mostrou, sobretudo, que neste momento merece a titularidade. Até porque Arthur Cabral está longe de me convencer.
Em relação aos guarda-redes já não tenho muito mais a dizer: Odysseas foi lamentavelmente queimado, Trubin é uma incógnita, e Samuel Soares (que, enquanto for titular, é obviamente o meu guarda-redes) continua a parecer-me um pouco verde, e sinto que corre riscos de um destes dias se vir a svilarizar. Mais uma vez, desejo estar enganado.
Que o Benfica continue a ganhar, pois isso é a única coisa que verdadeiramente me interessa.

O MEU ONZE PARA BARCELOS


 

O QUE EU TERIA FEITO

O mercado ainda não fechou. Ainda pode haver desagradáveis surpresas de última hora (Morato? Ristic? Florentino? Rafa? Neres? outro?). E é mais fácil suceder algo assim, do que vir algum reforço de monta - dado o dinheiro já consumido.
O que está feito, feito está. E mesmo sabendo que o futebol profissional não é propriamente o "Championship Manager", faço aqui um exercício daquilo que, fosse eu a decidir, teria acontecido, ou teria tentado que acontecesse:
1) Não contratava Trubin por 10 milhões. O Benfica precisava de um suplente para Vlachodimos, e não de um guarda-redes tão caro que, até agora, mesmo sem ter jogado, mesmo sem qualquer culpa, parece ter já causado problemas. Os guarda-redes de Arouca, Famalicão ou Gil Vicente eram boas opções para servir de "Heltons Leites", dando espaço e tempo a Samuel Soares para amadurecer. Odysseas não é Courtois, como Rafa não é Mbappé. Infelizmente, o Benfica só pode ter jogadores de nível mundial, ou no início das carreiras (antes de explodirem), ou no fim (como é agora o caso de Di Maria). O grego pagou sempre o preço de ter sucedido a Ederson e Oblak que, esses sim, foram a excepção. Além de que o grau de exigência que alguns adeptos e analistas hoje em dia colocam nos guarda-redes raia o absurdo. Fossem Costa Pereira, José Henrique ou Bento (como Damas ou Vítor Baía, como Yachine Maier ou Zoff)) avaliados pelos mesmos critérios, e nenhum passava da mediocridade.
Um guarda-redes, no campeonato português, numa equipa grande, nem sequer é assim tão importante. Até com Bruno Varela o Benfica ia sendo campeão, como aliás foi com Quim. No Sporting já vi Adán fazer exibições miseráveis, e quanto ao tão idolatrado Diogo Costa, basta recordar o Mundial, onde enterrou a selecção portuguesa (algo que, diga-se, tem sido silenciado como se não tivesse realmente acontecido). Para o Benfica ser campeão e fazer uma boa Champions, Vlachodimos é mais do que suficiente. Temo que já tenha sido queimado - a começar pelo próprio treinador.
2) Tinha mantido Gilberto no plantel. O titular é Bah, e Gilberto era o suplente perfeito, tratando-se de um jogador aguerrido, comprometido, identificado com o clube e com o país. Um campeão. Não sei se se encontrará muito melhor para o banco, e sem gastar mais dinheiro.
3) Não tinha renovado com Otamendi. Trata-se de um veterano, com um salário elevadíssimo, que disfarça com a experiência as claras lacunas de velocidade que vai apresentando. Não me esqueço de Chaves, de Milão e de muitos outros jogos em que se percebeu que o seu tempo passou. Fosse o apertadíssimo critério-Odysseas aplicado ao central argentino e já tinha sido sumariamente despedido. António Silva e Morato seriam a dupla perfeita para a titularidade, com João Victor, Tomás Araújo e, eventualmente, mantendo também Lucas Veríssimo, como opções de banco.
4) Partindo do princípio que não era mesmo possível segurar Grimaldo (nem oferecendo-lhe os 14 milhões gastos em Jurasek),para discutir o lugar com Ristic contratava um lateral-esquerdo verdadeiramente bom. Não sei se o checo o é, ou vai ser. Até agora não gostei nada. Mesmo nada. Além de que estou farto de defesas que não são assim tão fortes a...defender.
5) Jamais gastaria 25 milhões em Kokçu. Parece bom jogador, mas não era, de todo, aquilo que o Benfica, a meu ver, precisava para o meio-campo. O verdadeiro substituto de Enzo Fernandez emergiu na fase final da época passada, e chama-se João Neves. A alternativa era Chiquinho, que também cumpriu aquando da sua comissão de serviço. A posição estava mais do que acautelada, e o turco acaba por ser, pelo menos por enquanto, mais problema do que solução. O salário (bem como as respectivas consequências no balneário), prefiro nem saber. Mas, reafirmo, parece ser, de facto, bom jogador.
6) Contratava, sim, um trinco para competir com Florentino pela posição "seis". De preferência um "gorila", forte, alto e agressivo. Em jogos grandes, e na Champions, o Benfica vai precisar de músculo. E este plantel carece bastante de altura e de largura.
7) Em vez de Otamendi renovava, isso sim, com Rafa. É cinco anos mais novo, e tem sido a estrela do Benfica nas últimas épocas. É o melhor jogador da equipa desde o tempo de Jonas, conquistou vários títulos, e aparece sempre nos momentos importantes, a decidir (veja-se, por exemplo, as duas últimas vitórias do Benfica no Estádio do Dragão, que, aliás, valeram os dois últimos campeonatos ganhos pelos encarnados). O meu Benfica seria sempre Rafa e mais dez, pelo menos por mais duas ou três temporadas. É o jogador mais subvalorizado do clube, e até do futebol português. Talvez a sua personalidade contribua para isso. O empresário também não ajuda. Mas é um craque dos pés à cabeça.
8) Schjelderup, até ver, não tem nada a mais do que jovens que o Benfica tem emprestado ou mesmo dispensado. A diferença é que custou muito dinheiro. Aliás, ele e Tengstedt, terão sido precipitações do último mercado de Inverno - que é um mercado particularmente propício a enfiar barretes. Apostava em Tiago Gouveia, e.. confesso que não sei o que se passa com Henrique Araújo (em quem, há pouco mais de um ano atrás, depositava infinita confiança).
9) Gosto muito de Di Maria. Foi dos maiores craques que passou pelo Benfica. Acontece que vai a caminho dos 36 anos, e duvido seriamente (espero estar enganado), que faça toda a época sem lesões ou grandes oscilações de rendimento. No contexto do plantel do Benfica, tem um estatuto estratosférico, que obrigará o treinador a colocá-lo sempre, independentemente do rendimento desportivo. Tem também um salário elevadíssimo, que além de pesar no cofre, também pesa num balneário onde Grimaldo já não quis renovar, e Rafa pediu uma fortuna para o fazer. Quando se é argentino, e o empresário é Jorge Mendes, tudo se torna diferente. Este é, de tudo o que escrevi neste post, o ponto em que tenho mais dúvidas. Só no fim da época poderemos saber se este Di Maria, aos 35 anos, vindo de uma época atribulada na Juventus, é mesmo o Di Maria, e equivale mesmo ao salário que aufere. Eu teria duvidado, e aproveitado o dinheiro noutras coisas. Mas até ao momento não posso dizer que tenha razões de queixa - a não ser talvez a menor utilização de outro craque, Neres (que com Rafa, João Mário e Aursnes chegava para assegurar o meio-campo ofensivo).
10) Uma dessas coisas podia ser convencer Gonçalo Ramos a ficar mais uma temporada. Entre Trubin, Otamendi, Jurasek, Kokçu, Di Maria e Arthur Cabral, juntando tudo (passes, salários, comissões etc), não estão menos de 100 milhões. É verdade que eu não era o presidente do clube de fãs do jovem avançado algarvio, mas, honestamente, estava convencido de que nesta época ia crescer bastante, e explodir como grande goleador. E estou plenamente convencido de que é melhor (muito melhor) do que o brasileiro contratado à Fiorentina por mais de 20 milhões. Com um salário generoso (dado ser o jogador mais valioso no mercado, não me chocava ter o salário mais elevado do plantel) e algumas promessas (sair daqui a um ano), talvez o rapaz pudesse ficar, pelo menos esta temporada. Ou então é apenas fantasia minha, e resta-me acreditar que Arthur Cabral (suplente da Fiorentina) seja, no mínimo, melhor que Musa. Se assim for, já fico consolado.

Enfim, estão aqui descritas algumas das razões pelas quais não estou particularmente optimista. A Supertaça surpreendeu-me, e no Bessa houve demasiado azar. Mas vejo muita coisa com potencial para correr mal. Obviamente que seguirei atentamente todas estas situações ao longo da temporada. Se pelo menos em metade delas tiver de dar o braço a torcer, já ficarei bastante feliz. Fazer o Totobola à segunda-feira é fácil. Estou a fazê-lo antes, tal como o teve de fazer a estrutura da SAD benfiquista. Há muita coisa que não domino (personalidades dos jogadores, relacionamentos entre eles, relações com empresários, etc), mas por norma gosto de seguir a velha máxima segundo a qual "em equipa que ganha, não se mexe". Ora parece-me que neste Benfica, que foi campeão há três meses, e fez uma belíssima carreira europeia, ter-se-á já mexido porventura demasiado.

QUE FIQUE POR LÁ

Não me interessa quanto vai lucrar o FC Porto com a venda de Otávio. Enquanto adepto do futebol, agrada-me ver o campeonato português livre do seu elemento mais tóxico, e espero ardentemente que o seleccionador nacional também se esqueça dele - caso contrário serei eu, e muitos outros, a esquecerem-se progressivamente da Selecção.
Houve jogadores de clubes rivais que me irritaram pela sua enorme qualidade, pelas exibições e pelos golos que marcaram ao Benfica. Lembro-me, por exemplo, de Fernando Gomes, no FC Porto, e Manuel Fernandes, no Sporting. Ambos me magoavam bastante no plano desportivo, mas sempre se deram ao respeito dentro e fora do campo. Temia-os enquanto adversários, mas, terminadas as respectivas carreiras, não pude deixar de os aplaudir como desportistas exemplares que sempre foram. A Gomes, infelizmente, já não o poderei fazer, mas a Manuel Fernandes ainda gostava de um dia lhe dar um abraço e, pessoalmente, "pedir-lhe satisfações" pelo poker de 1987. São nomes fortes da minha infância e adolescência. Grandes jogadores de um tempo em que a rivalidade desportiva era apenas... rivalidade desportiva. Homens que conquistaram títulos para os seus clubes, marcaram centenas de golos (só ao Benfica, em conjunto, foram 26!!), sem precisarem de achincalhar ninguém. Engrandeceram o desporto português, e, à sua maneira, do lado de lá do campo, também contribuiram para a minha paixão pelo futebol.
Otávio é o contrário de tudo isso, e, diga-se, nunca marcou um golo ao Benfica. 
Admito que até tenha alguma qualidade técnica, não o conheço pessoalmente (nem quereria jamais conhecer), mas simboliza em campo tudo aquilo que é mais desprezível no futebol, e em particular no futebol português. As constantes provocações, as simulações teatralizadas, os protestos por tudo e por nada, a falta de respeito por adversários, árbitros e adeptos, no fundo, uma chico-espertice do mais alto nível levada para os relvados, alimentando o ódio e, em última análise, a própria violência  - que nasce de elementos e comportamentos nocivos como estes.
Prefiro, honestamente, ver o Porto embolsar 40, ou 50, ou lá quantos milhões são (nem que fossem 100), e nunca mais ver este indivíduo nos relvados portugueses.
Não tem a ver com o FC Porto. Tem a ver com dignidade e com cultura desportiva.
Adeus, que fique lá para sempre e nunca mais volte a este país.


NERES CONTRA O MUNDO

E desse mundo, além dos adversários e do azar que surgiu no Bessa (por contraponto com a sorte que outros candidatos vão tendo), fazem também parte as opções de Schmidt, cuja teimosia e personalidade cada vez me irritam mais - mesmo com todo o crédito que o título 38 lhe conferiu.
Desta vez, de uma cajadada, pode ter matado dois jogadores campeões. Na época passada vi Bah, Otamendi (enterrou a equipa em Chaves, em Milão etc, e ainda lhe renovaram o contrato milionário, queimndo também Morato), João Mário, Gonçalo Ramos e até Rafa fazerem alguns jogos miseráveis. O técnico alemão foi insistindo até à náusea em mantê-los, e a coisa acabou por corer bem, embora com sustos desnecessários pelo caminho, e uma eliminação talvez evitável na Champions.
A Vlachodimos bastou uma exibição negativa para merecer estúpidos reparos publicos e perder logo o lugar para um jovem da equipa B (para mais, com o ucraniano de 10M no banco).
Já a David Neres não bastam sucessivas grandes exibições para justificar a titularidade, sobretudo em partidas desta tipologia. Foi ele a resolver um jogo que podia e devia ter sido resolvido mais cedo. E quanto a Ristic, também ainda não entendi a resistência em utilizá-lo, quando me parece o menos mau lateral do Benfica, e neste caso pontual sem sequer ter concorrência à esquerda. Desperdiçou-se Aursnes. Uma vez mais.
Florentino também não tem suplente no plantel, mas nem assim joga de início. Nem assim se acautelou a posição seis no mercado, desconfio que também por capricho de Schmidt.
Quanto a Arthur Cabral, vamos ver quantos golos marca. 
Enfim, mais coisa haveria para dizer sobre tudo isto. O resultado, hoje, foi uma vitória de aflitos contra um adversário de segunda divisão, com o risco, que chegou a ser real, de ficar já a cinco ou seis pontos da liderança.
Veremos os próximos capítulos. Mas há muita coisa a rever. A Supertaça disfarçou erros e insuficiências, que começam na abordagem ao mercado, e continuam na teimosia de um treinador demasiado obstinado para o meu gosto, e no receio que tenho de ver comprometer tudo o que se alcançou na época passada em termos de coesão de grupo e consequente dinâmica de vitória. 
Oxalá o tempo desminta o meu pessimismo.
Para já, não estou a gostar muito. E duvido da renovação do titulo - que só acontecerá por eventual inépcia dos rivais. 

ENTRADA EM FALSO

Muitas incidências. Muito azar (nos lances, nos momentos, nos cartões, nas traves, nas substituições, nas decisões do árbitro, nos descontos... ) . A história do Boavista-Benfica podia, e devia, ter sido totalmente diferente. Ganhou quem não merecia, perdeu quem cometeu alguns erros graves e não teve a mínima sorte do seu lado. No fundo, aconteceu futebol, e, numa jornada em que os encarnados até podiam ter conquistado pontos a todos os rivais, acabam por perdê-los de forma inglória 
Sempre defendi Odysseas. Desta vez não só não o posso fazer, como tenho de o apontar como o pai, ou pelo menos um dos pais, desta derrota. Dois erros clamorosos, que deitaram abaixo um Benfica que lutou, mas não resistiu ao desastre total do seu guarda-redes.
Acontece a todos. Vi Bento fazer o mesmo. Mas a verdade é para se dizer: hoje Vlachodimos não esteve à altura. Terá sido, porventura, a sua pior exibição de sempre em Portugal. 
De resto, também ainda não gostei de Jurasek, nem de.. Kokcu. Só entre eles estão 40M, e até agora, salvo a assistência do turco na Supertaça, pode dizer-se que a equipa passava muito bem sem eles.
Tudo o mais foi azar. Muito azar. Sobrando exibições positivas de Rafa e, uma vez mais, João Neves -  cuja saída de campo não entendi. 
Enfim. Que dizer mais? Nada. Apenas esperar que a equipa supere este choque, e as próximas 33 jornadas sejam bem mais felizes. Esta foi para esquecer. Tudo o que podia correr mal, correu. Não acredito que seja sempre assim, mas três pontos já voaram. 

SEM ESPINHAS

Ah, como eu gosto de me enganar quando a realidade supera as expectativas... 
E se a primeira parte foi exactamente o que eu esperava (Porto intenso e agressivo, Benfica macio e sem saber lidar com a pressão contrária, onde só João Neves parecia saber o que fazer em campo) , na segunda aconteceram duas coisas que me surpreenderam: uma firme reacção de um Benfica revitalizado e reorganizado pelas substituições, e um inusual esgotamento físico do FC Porto.
Então emergiu Di Maria, que foi soltando o talento que tem nos pés, e, com ele, dando o grito que virou definitivamente a contenda. 
No balanço final, a segunda parte do Benfica foi bastante melhor do que a primeira dos portistas, ficando por explicar o que levou Schmidt a tomar algumas opções iniciais que francamente não se entenderam, e podiam ter custado um ou dois golos, e com eles o troféu.
Tudo está bem quando acaba bem. Fica uma saborosissima vitória, que, confesso, não esperava, mas que a dada altura até ameaçou ser mais expressiva. 
O árbitro mostrou amarelos a mais e a menos. Pepe, por exemplo, esteve seis minutos a mais em campo. E quanto a Conceição, o juiz alentejano só tinha de deixar os elementos da PSP retirarem o treinador, não lhe devendo satisfações. Mas não houve, isso é factual, qualquer influência no resultado.

Sobre o técnico portista tem de haver decisões: nem devia ter estado no jogo, soma 25 (!!!) expulsões e começa a estar a mais no futebol. A fita que protagonizou tem de ter consequências. Já deixou de ser trágico. Começa a ser cómico. 

ONZE PARA AVEIRO...SEM RAMOS


 ...e à espera de um milagre.

E OS HORÁRIOS?

A apenas duas semanas de distância, e numa altura em que os portugueses que podem, marcam férias, ainda se desconhecem os horários, e os dias dos jogos da segunda jornada da liga portuguesa. Por exemplo, não sei se o Benfica recebe o Estrela da Amadora na sexta-feira dia 18, no sábado dia 19, no domingo dia 20, ou na segunda-feira dia 21, às 15h, às 17h, às 20h ou a outra hora qualquer. Não sei nada, nem sobre esse, nem sobre nenhuma das outras partidas. Se quisesse reservar um hotel para a próxima quinzena, ou ignorava o futebol, ou esperava que tudo esgotasse. Só se sabe (o que é absolutamente fantástico!!) que nesta temporada não haverá jogos a começar após as 20.45h (!!!) em dias úteis. Muito obrigado Sr. Pedro Proença, por essa extraordinária decisão. Espero que na próxima época, com a evolução que a liga tem trazido ao futebol português, o impedimento seja a partir da 20.44h... Só a título de exemplo, a Premier League está toda calendarizada até Outubro, com pouquíssimos agendamentos depois das 17.30h, e jamais depois das 20.00h, mesmo aos fins de semana.
Vale-nos que, à semelhança do que faz com a Selecção Nacional, um supermercado agora dispõe-se a ajudar a encher estádios como os do Arouca, do Portimonense ou do Casa Pia (se é que existe). Mas se para verem o Cristiano Ronaldo a coisa ainda pega, neste caso, se não for em jogos com o Benfica, talvez seja necessário, além do bilhete, oferecerem também lombo de porco à borla para convencer alguém a ir ver este miserável campeonato ao vivo.

INEVITÁVEL

O mundo é o que é, e não o que gostaríamos que fosse. Gostemos ou não, o futebol moderno transformou-se numa máquina de fazer girar dinheiro. 
Criam-se sad's, abre-se capital a investidores incertos (e tantas vezes obscuros), mudam-se estádios de local e de tipologia, alteram-se emblemas para, segundo especialistas em marketing, se tornarem mais globais, multiplicam-se os equipamentos alternativos e a sua frenética variação (um para casa, outro para fora, um para as provas europeias, outro para quando chove ou faz sol) somente para fazer render as marcas (vendendo por cem, camisolas que neo-escravos produzem no sudeste asiático por cinco), rodam-se jogadores que aos quinze anos já só pensam em ser ricos, tiram-se comissões por intermediação numa cadeia sequencial de múltiplos agentes por cada negócio, vende-se merchandising, desenvolve-se o branding, transformam-se adeptos em customers e clubes em plataformas comerciais corporate (só as próprias palavras já me irritam), publicitam-se lugares premium para conforto de algumas carteiras, e no fim há ainda um speaker (que eu simplesmente despedia, pondo apenas música nos intervalos) a agradecer a presença no estádio do infeliz adepto que, ingenuamente, pensava que a alma de tudo aquilo era ele e os outros como ele que enchem as bancadas, e não uma qualquer empresa abstracta que lhe pretende vender tudo, e tudo, e tudo, como se estivesse num shopping qualquer, onde após lhe apresentarem a conta dizem "muito obrigado". 
Cada vez rola mais dinheiro, e roda, e roda, e rende, e rende, e gira, e gira, até que um dia tudo isto vai esbarrar numa parede - quando se perderem os últimos vestígios de identidade e paixão que, na base, alimentaram o fenómeno, e sem o que este se tornaria absolutamente fútil e inútil. Quem vai enriquecendo está-se nas tintas. É sacar enquanto dá. E agora, com os árabes, ainda vai dar mais, pelo menos até esse tal dia em que chocar de frente com a sua vazia realidade e a bolha rebentar. Talvez seja o reflexo da decadência da sociedade ocidental - que ainda assim, como diria Churchill, é a pior à excepção de todas as outras.
O que vale é que ao futebol podemos virar costas assim que quisermos, e confesso que já estive mais longe de o fazer. A pandemia também nos ensinou que podemos muito bem viver sem ele, que não é assim tão importante para o nosso quotidiano, e que se não for bem tratado por quem tem poder e obrigação de o fazer, irá direitinho para o cano de esgoto junto com a água do próprio banho.
De tudo isto, confesso que já só gosto mesmo do "meu" (enquanto me permitirem senti-lo assim) Benfica. Tudo o resto, no mínimo enjoa-me, no máximo enoja-me. Mas é no meio desse "tudo o resto" que o "meu" Benfica está metido.
E a verdade é que, qualquer clube que pretenda manter-se vivo, aspirar a ser vencedor, tem necessariamente de entrar neste carrossel. Se esse clube for de um país periférico, e estiver encurralado numa liga miserável, atafulhada de equipas-fantasma e que ninguém vê em parte nenhuma do mundo, a única via será vender, ano após ano, o mais caro possível, os seus anéis, e adquirir (ou formar) outros que possam ser rentabilizados para mais tarde serem, também eles, vendidos. Se as coisas forem bem feitas e correrem bem, entretanto ganham-se uns campeonatos nacionais, e de vez em quando consegue-se uma participação honrosa na Liga dos Campeões - que muito dificilmente irá além dos quartos-de-final das duas últimas temporadas.
Não há outra via. O mundo do futebol profissional é isto. A menos que queiramos disputar apenas torneios amadores, estamos condenados a aceitar (ou abandonar) esta realidade. 
Por tudo isto, já se sabia que Gonçalo Ramos ia sair do Benfica. Sobretudo a partir do "hat-trick" do Mundial, a sua cotação atingiu um nível insustentável para o futebol português. De certo ia ter propostas salariais quatro, cinco, sete ou nove vezes mais altas (o que, convenhamos, para qualquer profissional, de qualquer área, como eu ou como o estimado leitor, se tornariam dificilmente recusáveis).  E o clube tinha nele o "ativo" (outra expressão aterradora quando aplicada a jogadores de futebol) mais valioso, cuja receita seria fundamental para novos investimentos, ou meramente para manter os imperiosos equilíbrios financeiros.
Pensei que Ramos ficasse até à Supertaça. Infelizmente, parece que nem isso é possível.
Resta desejar boa sorte ao rapaz, e partir para outra - neste caso, para outro. Gimenez ou Beltran? Talvez preferisse o primeiro, por já estar adaptado ao contexto europeu. Mas o preço também é diferente - e entretanto até renovou contrato com o Feyenoord, o que dificultará ainda mais uma negociação.

Quando pagamos impostos, a melhor estratégia é fazê-lo e evitar pensar muito no assunto. Neste caso é igual. Tinha de ser, pois que seja. Havendo saúde, a vida vai continuar. Com ou sem Gonçalo Ramos, com ou sem futebol.

O MEU ONZE PARA AVEIRO

Não havendo lesões, não havendo mais jogos, e como não posso assistir aos treinos, antecipo desde já o meu onze para a Supertaça:
Isto mesmo: com Otamendi, Jurasek, Kokcu, Di Maria e Rafa no banco.


ENTRE ROUBOS E OFERTAS, O PANORAMA É ESTE

 Todas as Supertaças disputadas entre Benfica e FC Porto:


AI A SUPERTAÇA...

Será normal que uma equipa que acabou de se sagrar campeã nacional, manteve quase todo o plantel, e ainda se reforçou com três jogadores de nomeada (entre eles, o mais caro de sempre em Portugal), enfrente outra equipa que ficou em segundo lugar, perdeu um titular absoluto e se reforçou muito menos, e não seja favorita? É possível, pois trata-se de um Benfica-FC Porto, e infelizmente, independentemente do local, do valor dos plantéis, dos jogadores em campo, ou dos treinadores (e recentemente, até dos árbitros), nos clássicos Benfica-FC Porto o favorito é o FC Porto.
Há várias razões para isso. Tácticas, físicas e mentais. A algumas das quais não são alheios os próprios adeptos do Benfica, com a sua proverbial mania das grandezas e do futebol artístico, tido como uma espécie de matriz identitária - mas que nem sequer está nas raízes de um clube que se fez grande com atletas operários e de combate, enfrentando com garra os Violinos, ou o super Barcelona em Berna, na altura ainda sem Eusébio nem Simões. Jogadores como Guarín, Mbemba, Marega ou Zaidu (e trago nomes ao calhas), no Benfica seriam assobiadíssimos. No FC Porto... só interessa ganhar. E enquanto uma equipa do Benfica não conseguir ser, em campo, um carro de combate compacto e inexpugnável (mesmo se assobiado), até pode ser campeão (ganhando os outros 32 jogos no meio de aplausos e olés), mas terá muitas dificuldades, com os seus toques de calcanhar, as suas verónicas e chicuelinas e uma crónica suavidade defensiva, em ganhar no confronto directo a um FC Porto sempre de faca nos dentes, sangue nos olhos, e rigor táctico à prova de bala na hora de defender. Com um treinador que olha pouco para os adversários, e para como os bloquear, a coisa agrava-se. A menos que Stefan Eustáquio dê dois pontapés na perna de Bah logo nos primeiros minutos de jogo...
Já se percebeu que a minha confiança para a Supertaça não é muita. E se já não o era no final da temporada anterior (pelos motivos acima invocados), depois de ver o Feyenoord-Benfica ainda piorou.
Até porque, além de algumas coisas que esta equipa tem a menos (lá está: músculo, altura, agressividade, rigor...), agora parece-me ter também outras ...a mais.
À parte Jurasek - que ainda não mostrou absolutamente nada, mas cuja posição era imprescindível reforçar - os outros reforços estão a parecer-me, além de (muito) caros, também inúteis ou até mesmo inconvenientes. Di Maria e Kokçu provavelmente vão colocar David Neres e João Neves no banco, por uma mera questão de estatuto. Em termos de rendimento, e pelo que vi até agora, não justificam a entrada no onze. Veremos, ao longo da época, se justificam o avultadíssimo investimento. E já agora, também Otamendi - que deverá remeter Morato para o banco - renovou contra-corrente por mais duas épocas depois de ter mostrado claro défice na ponta final desta última (Chaves, Milão etc). Ou seja, sem Otamendi, Kokçu e Di Maria, talvez o Benfica fosse neste momento melhor, mais compacto e seguramente muito mais barato - e com margem para investir forte no substituto de Gonçalo Ramos, que bem poderia ser, desde logo, o ponta-de-lança do Feyenoord.
Enfim, é cedo para tirar conclusões definitivas. Depois de uma derrota olhamos sempre para o copo meio-vazio. E não está em causa o valor em abstrato de nenhum dos jogadores nomeados, mas sim o momento, e o contexto de um plantel que já tinha Neres, Aursnes, João Mário, Rafa, Schjelderup, Gouveia e mais tarde Guedes para as alas, já tinha António Silva, Morato, João Victor, Tomás Araújo e ainda Lucas Veríssimo para o eixo da defesa, e viu nascer em João Neves o substituto natural de Enzo Fernandez, depois da bem sucedida comissão de serviço de Chiquinho como alternativa válida para o lugar. Já Florentino continua a ser apenas um, e tem ido para o banco.
Que eu esteja enganado. Que sejam as obsessões de Roger Schmidt a vingar. Mas tenho de confessar que, para mim, se o Benfica ganhar esta Supertaça, será uma enorme surpresa. A vantagem é que, se por milagre acontecer, saberá melhor, pois a derrota, essa tenho-a quase por garantida. Aliás, nem sequer lá vou.

NOTAS SOBRE A PRÉ-ÉPOCA

Antes de mais, devo dizer o que vi, e o que não vi.
Estava no estrangeiro e não vi, de todo, o jogo com o Basileia. Vi a espaços partes do Al Nassr, pela TV. Assisti, ao vivo, ao Benfica-Celta no Estádio do Algarve. E vi na TV o jogo desta noite com o Burnley.
De tudo isto, as ideias com que fiquei são as seguintes, sector a sector:

BALIZA - Quem frequenta este espaço sabe que sou fã de Vlachodimos. É claro que gostava mais de ter o Courtois. Mas para a realidade do Benfica, acho que só circunstancialmente (como foram os casos de Oblak e Ederson) podemos ter um guarda-redes muito melhor do que o grego. E para pior (Moreira, Quim, Roberto, Artur Moraes, Bruno Varela, etc), antes assim.
Acho porém - e isso ficou hoje bem claro - que o jovem Samuel Soares ainda está demasiado verde para número dois, e a dada altura ter de assumir subitamente (pode acontecer...) a titularidade. Deve continuar a crescer na Equipa B, e como terceiro guarda-redes da A, ou então ser emprestado. Fica, portanto, a faltar alguém, nem que seja um Helton Leite qualquer. Ou seja, alguém minimamente experiente para, se houver necessidade, suprir as ausências (lesões, cartões) de Ody.
Investir 12 milhões em Bento, apesar do nome sugestivo, não me parece ponderado para quem não venha para a titularidade absoluta - e, como disse, não é bem disso que o Benfica precisa. Na Liga Portuguesa até há dois ou três guarda-redes que cumpririam o papel, poupando-se o dinheiro para a mais do que provável necessidade de vir a ter de substituir Gonçalo Ramos.

DEFESA - Otamendi ainda não foi utilizado, e isso condiciona um pouco a análise. A verdade é que não tenho gostado da solidez defensiva da equipa, ainda que tal não se deva apenas aos elementos do respectivo quarteto. Aí, falta claramente uma alternativa a Bah (tanto João Victor como, sobretudo, João Neves, rendem muito mais nas suas posições, e nenhum me convenceu como lateral), enquanto no lado esquerdo Jurasek ainda não mostrou as credenciais - aliás, se fosse eu a fazer o onze, neste momento preferia Ristic (que defensivamente, diga-se, também deixa muito a desejar). Quanto a centrais, o plantel está bem servido, embora António Silva não tenha ainda regressado totalmente das férias.

MEIO-CAMPO - As alternativas são muitas, mas o que me parece é que apenas há um Florentino. Dito de outra forma, de todos os médios, ele é o único verdadeiramente recuperador - e não está ainda em grande forma, longe disso. Kokcu, João Neves, Aursnes e Chiquinho são, todos eles, cada um a seu modo, mais criadores do que que equilibradores. E se Aursnes também está longe dos mínimos físicos, mas já mostrou o que vale, Kokcu ainda não mostrou praticamente nada face ao preço que custou. Neste momento, o melhor é mesmo João Neves. Tino-Neves seria a minha dupla nesta altura.

EXTREMOS - É certamente o ponto mais forte da equipa, e nem sequer conto com Rafa, Chiquinho ou Guedes para as alas. Neres entrou bem na pré-época, Di Maria é...Di Maria (a não ser que as lesões o venham a trair), João Mário vai ser...João Mário, e ainda há Aursnes. Schjelderup evidenciou alguns pormenores de talento, mas muito pouca substância prática, sendo mais um jogador de futuro do que de presente.

ATAQUE - Não fosse Gonçalo Ramos estar em vias de ser vendido (não tenhamos ilusões quanto a isso), e, com ele, Rafa e Musa (mais tarde, também Guedes) eu dormiria descansado. Infelizmente, numa das próximas semanas, o Benfica ficará sem o seu ponta-de-lança titular, justamente na temporada em que acho que ele vai explodir definitivamente - o problema é que outros também acham, e têm dinheiro para achar.
Se vier Santiago Gimenez, a coisa compõe-se. Mas vai ser exigida uma pipa da massa pelo mexicano, e não é fácil encontrar finalizadores do mercado (por isso são tão valorizados). Temos pois aqui um grande desafio de mercado.
Rafa ficar, pelo menos este ano, é uma excelente notícia. Musa ainda está longe do que pode fazer. Já quanto a Tengstedt, confesso que ainda não vi nada que tivesse justificado a contratação (e a ideia já vem de há vários meses). Nem talento, nem capacidade física, nem eficácia. Espero que ainda me possa fazer mudar de opinião, e tornar-se uma espécie de Musa 2. Jamais será titular indiscutível do Benfica, isso parece-me claro.

CONCLUSÃO - O plantel é forte, precisando apenas de pequenos ajustes na baliza e laterais, e de tratar (bem) a questão do ponta-de-lança, quando Ramos sair. As dinâmicas de Schmidt estão para manter, mas há ainda elementos demasiado longe da melhor forma para poder aplicar a receita, tendo em conta que a Supertaça já não tarda. A construção de jogo ofensivo tem sido o ponto forte, a eficácia e a solidez defensiva, os pontos fracos. Jurasek e Kokcu terão de mostrar muito mais. Se isto dá para ganhar ao FC Porto? Ao do ano passado, até pelas características tácticas de ambas as equipas,, temo que não. Mas não vi, nem tenho qualquer ideia de como está a equipa de Sérgio Conceição neste momento, e muito menos como estará daqui a duas semanas.

O ONZE NO MOMENTO: Ody, Bah, António, Morato, Ristic, Tino, Neves, Di Maria, Rafa, Neres e Ramos.

COMEÇAR A GANHAR

Estes amigáveis de pré-temporada, sobretudo os primeiros, têm pouco que contar. Na prática são apenas treinos mais intensos. Ferramentas de trabalho para o treinador e para os jogadores.
Da partida com o Southampton, registo apenas a boa forma de Neres e a certeza de que o 4-2-3-1 de Schmidt é para manter. Tudo o resto seriam considerações inúteis e talvez até injustas para este o aquele elemento do plantel.
No domingo, novo teste frente ao Basileia.

RIDÍCULO

O castigo aplicado a Neres é absolutamente ridículo, e esbarra numa tremenda falta de critério do CD da FPF. Coisas graves são ignoradas e branqueadas. Um comentário totalmente inócuo nas redes sociais, que até pode ser entendido com algum humor (quando o futebol não tiver este tipo de picardia entre adeptos e intervenientes, perde a graça) é castigado com ausência numa partida que decide um troféu.
Ou me engano muito, ou também estão a preparar o caldinho para Odysseas - pasme-se, por ter dito um palavrão no balneário !!!???!!!
Gostava de ver o dia em que a pandilha que constitui este CD (quase todo com geografia a norte) fosse varrida para longe do futebol. Se procuraram a isenção de quem vinha de fora, encontraram incompetência, absoluto desconhecimento do fenómeno...e a mesma falta de isenção de sempre.
O futebol português está doente. Tanto Liga como FPF estão pejadas de mediocridade. A primeira vive à conta de resultados de uma ou duas equipas nas provas europeias (pois do quarto lugar para baixo, o campeonato é absolutamente miserável, e cada vez pior). A segunda, à conta de uma geração excepcional de jogadores, formados nos clubes (e não pela FPF), que vão criando expectativas (também quase sempre defraudadas) nas competições de selecções.
E depois, ainda colocam gente desta (com lábia, ambição, oportunismo, mas total impreparação) em cargos de decisão.
Pobre futebol.

PONTO DE SITUAÇÃO

GUARDA-REDES: Bento, não só pelo nome, parece-me uma boa opção para discutir a titularidade com Odysseas. Dependerá do preço. Um dos três jovens será terceiro guarda-redes, sendo que André Gomes vai estar parado alguns meses. E Samuel Soares talvez devesse ser emprestado a clube da primeira liga, para mais tarde poder voltar em grande. Resta Kokubo.
DEFESAS: Espero que António Silva fique, mas... Disso depende a constituição do lote final de centrais, sendo que ainda há Otamendi, Morato, Tomás Araújo, João Victor e também Lucas Veríssimo. Se o jovem português ficar, Lucas Veríssimo deve ser o sacrificado - pela lesão, da qual não mais recuperou na plenitude, e por ter mercado no Brasil. Entre Tomás Araújo e João Victor, também não me admirava que um deles acabasse emprestado, pois não sei se Schmidt quer 4 ou 5 centrais.
Nas faixas, ou ficam Gilberto e Ristic e então a contratação de Jurasek (Kerkez está fora de hipótese) resolve tudo, ou se algum deles sair, terá(ão) de ser acautelada(s) a(s) rectaguarda(s) da(s) posição(ões). Não creio que os jovens João Tomé e Rafael Rodrigues estejam preparados para se assumir desde já como verdadeiras alternativas às laterais. 
MÉDIOS: Espero ardentemente que Rafa fique, renove e termine a carreira no Benfica. Acho que merecia um esforço do clube, pois é claramente um craque, que muito admiro. Se é irregular? Então e Otamendi? Então e João Mário? Então e Ramos? Enfim, mais vale cair em graça do que ser engraçado. Os valores pedidos (10M à cabeça, e 3,5 limpos por mais 4 épocas), a serem verdadeiros, parecem-me, porém, claramente exagerados. Eu tentaria baixar alguma coisa. E se as exigências exorbitantes se mantivessem, o melhor talvez fosse mesmo vendê-lo para o Médio Oriente, antes que, dentro de um ano, ainda vá parar ao FC Porto. Com o empresário que tem, nunca se sabe.
Não me passa pela cabeça que Aursnes ou João Neves (nesta fase) possam ser vendidos. E gostava que também Florentino ficasse. Não sei qual a arrumação do meio-campo que Schmidt pretende face à contratação de Kokçu. Mas entre estes quatro nomes, talvez haja um a mais. Esse, naturalmente, será Florentino - com valor de mercado bastante razoável.
Duvido que haja espaço para Paulo Bernardo ou Martim Neto (que acabou de renovar). Tiago Gouveia talvez mereça uma oportunidade no plantel principal, pelo menos até Janeiro. Já Schjelderup, ou evolui rapidamente, ou terá de ser emprestado. Di Maria parece confirmado.
AVANÇADOS: Sinceramente não acredito que o Benfica segure Gonçalo Ramos. Até porque o modelo de negócio prevê vender, pelo menos, um jogador por ano. Se António Silva e João Neves ainda estão a maturar, Ramos já está no ponto (embora eu ache que ainda pode, e deve, evoluir mais). O Benfica pede 80M. Acredito que acabe por vender acima de 60M. Seja como for, caso saia, é imprescindível contratar o ponta-de-lança para ser titular de caras. Castellanos? Gimenez? Quanto a Henrique Araújo e Tengstedt, julgo que pelo menos um deles deva ser emprestado. Do português esperava francamente que tivesse crescido mais depressa. Do nórdico, temo que não passe do pouco que já mostrou.