UM BOM TREINO

É assim que eu gosto: jogo resolvido nos primeiros minutos, e segunda parte tranquila até a sonolência.

O jogo com o Chaves não foi só isso. Houve bom futebol e mais algumas jogadas maravilhosas. Houve cinco golos, poderiam ter sido oito.

Este Benfica seduz, empolga e faz sonhar qualquer um. Até agora é dos melhores do meu tempo, e a cada jornada que passa mais me convenço de que será assim até ao fim. Veremos. 

Pena não haver ali um Cardozo, ou um Mitroglou (já nem peço um Jonas...) , que materialize muitas das oportunidades desperdiçadas. Ainda assim Ramos é o melhor marcador do campeonato - e é também um jovem com muito futuro, que não devia ter ainda tamanha responsabilidade sobre as costas. Talvez Janeiro traga uma surpresa. 

COM O CHAVES - atenção à ressaca

Na ressaca de uma épica noite europeia, o perigo vem da ressaca. É preciso mudar o chip e descer à terra, para defrontar uma equipa que venceu em Braga e em Alvalade.
Neres será importante neste jogo, e como Aursnes parece cada vez mais difícil de tirar do onze, e Enzo descansa em Israel, o sacrificado seria desta vez Florentino. Bah não está na sua melhor forma, pelo que se espera o regresso de Gilberto, mais fresco, à posição. Quanto ao ponta-de-lança (ponto fraco desta equipa), daria descanso a Ramos e apostaria em Musa - é o que há.

RENOVAÇÃO PARA ONTEM - o melhor salário para o melhor jogador

Rafa é neste momento, argumentavelmente, o melhor jogador português. É também, talvez, o melhor jogador português do Benfica deste século. E, seguramente, o melhor jogador deste Benfica de Roger Schmidt - que, diga-se, é um Senhor Benfica.
Há notícias de que está em processo de renovação. Espero que seja verdade, e aconselho Rui Costa a ser generoso: Rafa merece, sem sombra de dúvida, o melhor salário do plantel.
Seria fastidioso procurar, mas há neste espaço vários textos, fundamentalmente desde 2019, a chamar a atenção para o talento que ali estava. Muitos discordavam (nunca percebi porquê), mas já nessa altura, foi ele, mais do que Félix ou outro qualquer, a grande figura do último campeonato ganho pelos encarnados. E mesmo na temporada passada foi rei das assistências em Portugal, e senhor de grandes exibições na Champions.
Chalana foi o meu ídolo de infância. Por vezes vejo em Rafa reminiscências do "Pequeno Genial". E gostaria bastante que fosse ele a vestir a sua camisola dez, que também foi a de Rui Costa, Valdo, Aimar ou Jonas. É esse o número que veste. Esta época talvez já seja impossível, mas a partir de Julho, o próprio Chalana, esteja lá onde estiver, aplaudirá.
Quanto à Selecção, espero que Rafa não volte atrás com a palavra, até para não o ver sentado no banco à espera que o "dono daquilo tudo" entenda ser altura de o deixar jogar uns minutinhos.
A renovação, essa é para ontem.

M E M O R Á V E L !!!

Tivesse o jogo terminado aos 77 minutos e não teria dúvidas em afirmar: era esta a melhor exibição da história do Benfica no novo estádio.
De facto, foi um regalo, e por momentos tive de me beliscar para ter a certeza de que não estava a sonhar:  Benfica a golear e a vulgarizar a Vecchia Signora, com apontamentos de classe só ao nível das super-equipas. Antevia-se o quinto golo. Quem sabe o sexto, num espectáculo que já não era bem futebol – era música, da melhor.
Aqueles dois golos da Juventus vieram em contra-corrente, e causaram uma tensão final de já ninguém estava à espera. Uma partida que merecia ter terminado 5-1 ou 6-1, acaba num 4-3, que não lhe retira espectacularidade, mas a cujo resultado tangencial não será permitido entrar na galeria dos mais históricos.
Ficou o essencial: a vitória, a passagem, e também 77 minutos de arte pura. Quem viu, não esquecerá jamais.
Agora vou falar de Rafa. Por fim a Luz está a reconhecer um talento ímpar, que cada vez mais se estranha não ter feito a carreira internacional, por exemplo, de um Bernardo Silva. Neste jogo esteve a um centímetro da perfeição (que seria um hat-trick, na bola que enviou ao poste). E começo a ficar preocupado com a possibilidade de ainda vir a acabar por sair do clube, pois, mau grado os 29 anos, a cegueira dos olheiros não durará eternamente.
Por mim, Rafa renovava hoje, por mais 4 anos, com o salário mais alto do plantel, e a partir da próxima época com o número dez – que lhe assentaria perfeitamente nas costas.
É ele quem mais me faz lembrar outro mágico: Fernando Chalana.
E não há muito mais a dizer. É ver, rever e emoldurar. Aquilo que se passou na Luz acontece poucas vezes na vida.
Deixo talvez apenas uma última palavra, dirigida aos jogadores, técnicos e dirigentes do meu clube: obrigado!

PARA GANHAR

Que me perdoe o Aursnes, mas não vejo quem tirar, e Neres mostrou no Dragão que tem de jogar. O empate, em princípio, basta, o adversário tem individualidades que podem aparecer de um momento para o outro, mas há que jogar para ganhar.

SEM ESPINHAS

Pode dizer-se que a expulsão precoce de Eustaquio condicionou o jogo. Mas sendo ela indiscutível, tratou-se tão somente de um momento de sorte, que o Benfica acabou por merecer.

As mexidas ao intervalo, depois de uma primeira parte pouco conseguida, deram luz ao Benfica. Sobretudo por via da entrada de Neres, que deu posse de bola e acutilância. O Porto teve dez minutos de pressão entre os 75 e os 85, e com excepção desses momentos, a segunda parte foi do Benfica.

Rafa decidiu, mas foi Neres a chave que abriu as portas da vitória. Abaixo deles houve algumas exibições boas, outras razoáveis, e algumas menos felizes. Isso agora pouco interessa. Os três pontos é que contam, e venha a Juve.

O árbitro teve uma actuação imaculada, surpreendendo pela coragem que teve ao resistir a todas as pressões, simulações e provocações que são habituais naquele estádio. 

RECEITA PARA O DRAGÃO

O QUE O BENFICA VAI ENCONTRAR: Onze halterofilistas de faca nos dentes, sangue nos olhos, movidos a turbo e com impunidade absoluta, dispostos  a tudo (provocações, simulações, agressões, insultos) para fazer o jogo do ano e esmagar o odiado rival.
RECEITA PARA VENCER: Serenidade, futebol rápido de primeiro toque e variações de flanco, fazendo-os correr, e libertando-se das zonas de pressão. Aproveitar as oportunidades.

RAZIA

Não sei se é record, mas não me lembro de coisa assim. Quase metade da primeira divisão foi à vida logo na primeira eliminatória da Taça. A maioria dos casos contra equipas da Liga 3. Acresce que Benfica e Vizela só passaram nos penáltis, o Braga com um golo no último minuto, e Famalicão e Estoril com vitórias tangenciais. Motivos para profunda reflexão.

JÁ PASSOU

Os jogos de Taça são cada vez mais complicados. A velha estratégia de "esperar que se cansem" já não resulta, pois a preparação física das equipas dos escalões secundários aproxima-se cada vez mais da das equipas profissionais. Quando estamos perante um conjunto de atletas dispostos a fazer o jogo da vida deles, e não se entra com o ritmo adequado, corre-se riscos.
O Benfica correu riscos. Correu demasiados riscos. Mas passou a eliminatória, que era o mais importante.
Não fosse o erro de António Silva (todos os cometem, veja-se Cancelo) e tudo seria mais ou menos normal. O empate, naquele momento, deu suplemento de ânimo os jogadores da casa, que apoiados por um público entusiasta deram a vida para fazer história. Não custa admitir que o mereciam. Mas na hora das decisões, pesou a experiência e a frieza dos mais capazes.
Agora, venha o "clássico".

ONZE PARA CALDAS


 

CINCO BREVES NOTAS SOBRE A JORNADA EUROPEIA

ARBITRAGENS: Fosse o Benfica-PSG uma eliminatória a dois, e a UEFA jamais permitiria uma arbitragem tão equilibrada como a que se viu em Paris. Mas a verdade tem de ser dita, e o inglês Michael Oliver mostrou como se torna fácil um jogo difícil, cujo resultado foi decidido por dois penáltis, e em que houve vários lances para cartão, sempre bem ajuizados. O VAR foi utilizado quando necessário, e no fim, pese embora todas as incidências, ninguém se lembrou do árbitro. Devia ser sempre assim, e com a possibilidade de recorrer às imagens, não há razões para que não seja.
Já em Leverkusen, o FC Porto beneficiou de duas grandes penalidades que deixam muitas dúvidas. A segunda delas, aliás, não me deixa dúvida nenhuma: simplesmente não existe. Não sei se aquele romeno recebeu algum convite, mas, com franqueza, parecia que estávamos a ver a Liga Portuguesa.
ESGAIO: Confesso que tenho pena do rapaz. Não é nenhum craque, mas também não acho que seja tão mau como o pintam. É uma espécie de Gil Dias, ou Diogo Gonçalves, ou Chiquinho. Acontece que está num clube que tem sempre de encontrar culpados para os seus fracassos, de forma a nunca admitir a verdadeira realidade: não tem estofo para estas andanças da alta roda europeia. Nunca o teve - apenas por cinco vezes na história passou da primeira ronda na Taça/Liga dos Campeões, só uma vez passou dos oitavos.
Nas provas internas o problema é sempre o Benfica. No estrangeiro, como o Benfica não compete directamente, há que crucificar alguém, quer se chame Ruben Vinagre, António Adán ou Ricardo Esgaio. Mais uma derrota e sobra para outro Ruben. 
DARWIN: No jogo em que renasceu Mo Salah, Darwin Nuñez marcou um golo, pelo segundo jogo consecutivo. Klopp não é parvo, mas os adeptos do Liverpool não sabem aquilo que nós, benfiquistas, e portugueses, sabemos: o jovem uruguaio é um portento, mas...precisa de estar muito confiante e tranquilo para render o seu máximo. Torço por ele, simpatizo com ele, e só espero é que não se lembre de atingir o pico no Mundial, contra Portugal.
BARCELONA: Pelo segundo ano consecutivo vai ficar fora da fase a eliminar. Tem tido azar com os grupos, e com os jogos, mas também está por provar que Xavi seja o homem certo para devolver os catalães ao sucesso. O plantel é muito bom, mas também muito jovem (pelo menos no que toca aos seus elementos de maior valia, com excepção de Lewandowski). Os espanhóis empataram todos, e só o Real tem o apuramento bem encaminhado.
NÁPOLES: Comanda isolado a Série A, e comanda isolado o grupo da Champions só com vitórias, à frente de Liverpool e Ajax, aos quais, de resto, goleou. É um caso sério este Nápoles de Spalletti (porventura a obra-prima da sua carreira), que joga maravilhosamente, e tem no georgiano Kvaratskhelia (perdoem-me se não se escreve assim) a figura principal. 

AS CONTAS DO APURAMENTO


Resumindo: uma vitória basta, dois empates também, um empate e uma derrota deixam as coisas dependentes de terceiros, e até duas derrotas podem dar apuramento.
Pelo contrário, ainda há uma hipótese matemática de o Benfica nem sequer ir para a Liga Europa: se Benfica e PSG perdessem os dois jogos que lhe faltam seriam ambos ultrapassados por Juventus e Maccabi (9 pontos cada), ficando então a decisão do terceiro lugar dependente da diferença total de golos. 
Ainda todas as equipas podem terminar em primeiro ou em último.

ESTOFO EUROPEU

 Últimos sete jogos fora de casa do Benfica na Liga dos Campeões:


PASSO EM FRENTE

Como disse Roger Schmidt, dois empates com o PSG provam a consistência deste Benfica.
Se dúvidas havia, de teste em teste os encarnados têm vindo a provar a qualidade da equipa. E se nada está ganho (nem mesmo o apuramento para os oitavos), já é seguro afirmar que estamos perante uma grande equipa, com uma ideia de jogo muito interessante, e, já agora, também perante um treinador inteligente e audacioso.
Pese embora o resultado ter sido igual, a partida de Paris nada teve a ver com a de Lisboa. Na Luz viu-se um grande espectáculo, com múltiplas ocasiões de golo numa e noutra baliza. No Parque dos Príncipes tivemos um jogo muito mais amarrado, onde escassearam remates, e em que a principal virtude dos encarnados foi precisamente a de conseguir neutralizar o seu fortíssimo opositor. Não estivesse o Benfica em campo, e o jogo teria sido aborrecido: houve intensidade, luta, mas pouco perigo dentro das áreas.
A colocação de Aursnes no flanco esquerdo surpreendeu até o próprio. Mas resultou. O norueguês já mostrou ser um excelente jogador, com alta voltagem, enorme capacidade de pressão (e de adaptação), e foi um elemento tacticamente decisivo para o ponto conquistado. No outro flanco, João Mário foi o melhor benfiquista em campo, vivendo o seu momento mais alto desde que chegou à Luz.
Faltou ao Benfica uma maior inspiração de Rafa (ainda assim foi sobre ele o penálti), e um ponta-de-lança rápido, forte e incisivo, capaz de dar sequência às muitas bolas conquistadas pelo meio-campo – e desperdiçadas logo que chegavam à zona de acção de Gonçalo Ramos.
Não quero bater mais no ceguinho. Gosto de Ramos, espero que ainda cresça como jogador, e possa fazer uma grande carreira no Benfica. Mas neste momento gostaria de ver esta equipa servida por um avançado mais consistente (um Cardozo, um Lima, um Raul Jimenez, um Mitroglou, para não falar do deus Jonas). Se ele existe no plantel? Se não for Henrique Araújo, talvez não exista, e isso pode vir a ser um problema.
O apuramento ficou mais perto, mas…uma derrota em casa com a Juventus obrigará a vencer em Israel – e pelo que se viu do Maccabi, isso não são favas contadas.

ONZE PARA PARIS

 

POUPAR É GANHAR

O onze escolhido por Roger Schmidt não foi muito diferente daquele que aqui propus. Entalado entre dois jogos intensíssimos com o PSG, utilizar os mesmos jogadores seria muito mais arriscado.
As coisas correram bem. O golo sofrido não afectou a equipa, que de imediato partiu em busca do empate e da vitória. Viu-se velocidade, dinamismo e bom futebol. Tudo muito diferente da primeira parte de Guimarães.
É verdade que o guarda-redes adversário deu uma ajuda. E o golo à beira do intervalo também veio a calhar. Mas a vitória encarnada não tem discussão. E a liderança do campeonato também não.
Segue-se PSG, depois Taça, e depois...a semana infernal, com FC Porto e Juventus. Esse duplo confronto será a derradeira prova de afirmação para o Benfica de Schmidt. Duas derrotas podem abalar a confiança da equipa, e reviver fantasmas das épocas anteriores. Duas vitórias (ou até dois empates) vão consolidar tudo o que se viu até agora.


ONZE PARA O RIO AVE

Depois da exibição de quarta-feira, não é possível, com os mesmos jogadores, apresentar a mesma intensidade com o Rio Ave e depois em Paris. Assim, e como se exige  a mesma intensidade (neste jogo, pelo menos até chegar a 2-0), resta mudar alguns jogadores. O onze que proponho refresca as alas e o eixo do ataque. Lamentavelmente não encontro alternativas para Enzo e Rafa.
Bah, Grimaldo, Neres, João Mário e Ramos, ficariam no banco, entrando se necessário na segunda-parte. Enzo e Rafa seriam substituídos se as coisas estivesse a correr bem.
Não se trata de desvalorizar o adversário, muito menos o campeonato. Pelo contrário: exige-se jogadores frescos que deixem a pele em campo, também, neste jogo.

AS CONTAS DO APURAMENTO

Ainda há 729 combinações possíveis de resultados até ao fim do grupo. Todavia, não é novidade dizer-se que o jogo com a Juventus, a disputar dia 25 deste mês, quatro dias depois da deslocação ao Dragão, será, muito provavelmente, a chave da qualificação para os Oitavos-de-Final.
Assim:
-Vitória sobre a Juventus na Luz, independentemente de tudo o resto, garante matematicamente o apuramento;
-Empate com a Juventus e vitória em Israel, também. 
-Derrota com a Juventus em casa, a menos que haja surpresas nos jogos da próxima jornada (exemplo: vitória do Benfica em Paris, ou derrota da Juve em Haifa), deixaria os encarnados dependentes de um triunfo do PSG (então já apurado) em Turim.  Ou seja, neste caso as contas complicar-se-iam demasiado.


TANTO BENFICA!

Este sim, foi um ponto ganho.
Ganho com brilhantismo, com abnegação e com classe, perante uma das melhores equipas do mundo.
O espectáculo começou nas bancadas, com a maior assistência desde 2019, e um apoio frenético e incessante. Prosseguiu com um excepcional jogo de futebol, onde os dois melhores em campo foram os guarda-redes. Uma verdadeira noite de Champions.
O Benfica podia ter ganho (continua a faltar o matador que Gonçalo Ramos não é). Também podia ter perdido. O resultado justo seria talvez 3-3, ou até 4-4. A primeira parte foi portuguesa. A segunda, francesa. Faltou uma arbitragem mais equilibrada, nomeadamente no plano disciplinar.
Tivesse o Benfica jogado assim em Guimarães e teria tranquilamente goleado o Vitória. Nunca fui jogador profissional de futebol, e escapa-me o motivo pelo qual estes contrastes acontecem, nomeadamente quando há momentos de gala pelo meio. Receber Messi, Neymar e Mbappe na Luz foi, sem dúvida, um momento de gala. Mas ganhar em Guimarães teria sido, talvez, mais importante.
Voltando ao jogo da Champions, destacaria, além de Odysseas, também António Silva (que pérola!!), Florentino, João Mário e Neres. No PSG, além de Donnarumma, impressionou-me a frescura de Messi (sobretudo se o compararmos com as prestações recentes de Cristiano Ronaldo), a intensidade de Verratti e a classe de Vitinha. Neymar resumiu-se a detalhes, e Mbappé praticamente não se viu (excepção feita a um remate perigoso a que Vlachodimos correspondeu com uma das suas grandes defesas).
Apesar desta primeira volta triunfante, a qualificação está longe de garantida, e passará sempre pelo Benfica-Juventus. Certamente com o factor casa, e presumivelmente com a vantagem de um eventual empate. Mas uma derrota na Luz com a Vecchia Signora pode complicar tudo. E uma vitória garante matematicamente o apuramento, aconteça o que acontecer nos restantes jogos.
Em Paris espera-se apenas mais um bom espectáculo. Se pingar um pontinho, tanto melhor. Mas o principal foco de interesse da jornada será a eventualidade de a Juve não vencer em Israel - e, isso sim, seria uma grande notícia para as contas do grupo.

LIMPAR A FACE

Ok. Talvez tenha sido demasiado duro no post anterior. Escrevi a quente, e ter um blogue também serve para aliviar a frustração dos maus resultados. Para descarregar a bílis, quando é preciso. 
E o jogo de Guimarães era mesmo para ganhar. Havia perigo e muitos avisos. Fiquei com a sensação de que os jogadores (a maioria deles depois de umas belas férias) entraram em campo já a pensar no PSG - não porventura em ganhar ao PSG, mas em brilhar individualmente com o PSG. Isso custa-me a aceitar. Como custa verificar que Roger Schmidt (como outros treinadores estrangeiros de que me lembro, Koeman, Quique, etc) ainda não percebeu que o Benfica, no campeonato português, tem de ganhar sempre, em casa e fora, e que qualquer outra coisa é um fracasso. 
Porém, devo dizer também que um empate em Guimarães, ao fim de 13 vitórias consecutivas, pode e deve ser perdoado. Perdoada também foi a derrota de há um ano em casa frente ao Portimonense (com palmas e tudo, lembram-se?), e talvez por isso qualquer gato escaldado fique agora a tremer com este balde de água fria, exactamente na mesma oitava jornada. 
Não faltam ocasiões para os jogadores se redimirem. Não necessariamente com o PSG, mas este mês ainda haverá Porto e Juventus, por exemplo. E Rio Ave já no fim-de-semana.
Com o PSG, tudo o que vier à rede é peixe. Quaisquer que sejam os outros resultados, um empate na Luz com a Vecchia Signora, e uma vitória em Israel, selam o apuramento matemático para os Oitavos. A meu ver, é por aí que passa o caminho do Benfica nesta Champions. O jogo desta quarta-feira é sobretudo para o espectáculo.
Importa ainda assim construir uma equipa que dê luta. Gonçalo Ramos está totalmente fora dela. Desde o início da temporada, sempre me pareceu o ponto mais débil deste Benfica. Na cidade-berço foi confrangedoramente débil. Não sei o que se passa com Henrique Araújo (neste jogo, sabe-se, estava castigado, mas nos anteriores nem saiu do banco, ou por vezes da bancada, coisa que me intriga). Não desgosto de Rodrigo Pinho (pelo menos na comparação com Musa). Roger Schmidt tem crédito, mas não está (ninguém está) imune à crítica. E o grupo de fãs do jovem algarvio é numeroso. Para mim, Gonçalo é ainda apenas uma promessa, e ser titular absoluto pode até queimá-lo para o futuro.
Assim, deixo aqui o onze que eu escolheria para enfrentar o touro. Com reforço do meio-campo, e sem ponta-de-lança (para quê, se o Benfica irá, quando muito, contra-atacar?).

NO BENFICA NÃO SE GANHAM PONTOS. GANHAM-SE JOGOS E TÍTULOS

Se, por milagre, na próxima quarta feira o PSG não passar de um empate na Luz, pode, aí sim, dizer-se que o Benfica ganhou um pontinho. No campeonato, salvo se, nas últimas jornadas, valer o título (já aconteceu), com excepção de numa ou noutra circunstância no Dragão ou em Alvalade (também já aconteceu), um empate é sempre uma derrota.
Qualquer treinador português o sabe. Assim como sabe que todas as equipas jogam o triplo quando têm os encarnados por diante: como os touros, quando vêm vermelho ficam bravos.
Por tudo isto, o empate e a exibição (bem como a conferência de imprensa que lhe sucedeu) foram lamentáveis. Chocantemente lamentáveis. 
Numa jornada em que podia distanciar-se do segundo classificado, o Benfica encostou, e deu vida aos principais rivais. Caiu na oitava ronda... tal como há um ano atrás. E embora se mantenha na frente, confesso que, pelo menos a mim, me deixou devastado para o que aí vem. Gato escaldado...
A pausa é uma atenuante forte. Mas aquela primeira parte, sobretudo aquela primeira parte, trouxe de volta todos os fantasmas de épocas anteriores. Céus! Nem um remate! Minutos a fio sem passar do meio-campo!!! Era contra o Real Madrid? Embora vestissem de branco, não!
Se estavam todos a poupar-se para a Champions - treinador incluído - então boa sorte. Na quarta feira, nova derrota espera-vos. Derrota essa que, ainda por cima, não condiciona minimamente a qualificação (matematicamente basta empate com Juve e vitória em Israel). E ao contrário desta, nem sequer condicionaria o moral. A ocasião serve para arranjar bons contratos, e se isso é mais importante do que ser campeão nacional, então há coisas a rever neste clube e nesta equipa. 
O jogo importante era este. E o Benfica falhou redondamente. O futuro dirá com que consequências.
Se fosse hoje, com o PSG nem punha lá os pés. Até quarta, pode ser que isto me passe.
A desconfiança, essa fica. Gato escaldado...