O F.C.Porto-Benfica do próximo domingo não é decisivo mas… quase.
Terminar esta jornada na liderança da tabela com dois pontos de avanço é, como diria La Palisse, totalmente diferente do que concluí-la a quatro de distância (na prática cinco) do primeiro lugar. Mas se tomarmos em consideração que no domingo à noite ficarão a faltar apenas treze jogos para o fim da Liga, que o F.C.Porto já se deslocou à Luz, a Alvalade, a Braga e à Choupana, e avaliarmos tudo o que uma vitória num jogo desta natureza envolve, particularmente no aspecto anímico, teremos a rodear este clássico um grau de importância que vai muito para além dos três pontos em disputa.
Se me desafiarem a apontar favoritismo, pelo facto de jogar em casa, de ser campeão, de estar em primeiro, e de ser uma equipa com um processo de maturação mais desenvolvido, terei de apostar no F.C.Porto. Mas se me perguntam se acredito numa vitória do Benfica, respondo convicta e afirmativamente que sim.
A equipa de Quique Flores tem-se definido pela irregularidade. Ora faz exibições promissoras, ora desencanta tudo e todos, ainda que, globalmente, os resultados não sejam, para já, negativos. Nessa instabilidade competitiva conseguimos todavia identificar um padrão a que as prestações benfiquistas raramente têm fugido ao longo do que já lá vai de temporada: bons jogos contra equipas tecnicamente evoluídas, ofensivas e abertas, grandes dificuldades contra adversários mais pequenos, mais fechados e pressionantes - a excepção terá sido a derrota de Atenas.
O jogo do Dragão parece pois, no plano meramente técnico-táctico, corresponder à tipologia que mais confortável se tem revelado para os encarnados. Um adversário tecnicamente forte, a jogar em casa, a dar velocidade ao jogo e a querer atacar, deixando certamente alguns espaços na sua retaguarda, nos quais jogadores como Aimar, Reyes e, sobretudo, Suazo, se sentem como peixe na água.
Mas esta partida tem, como grande parte dos clássicos, muito mais conteúdo do que a simples análise táctica às equipas em presença. É jogada num ambiente extremamente hostil, onde o Benfica tem sentido grandes dificuldades nos últimos anos para sequer conseguir pontuar - para o F.C.Porto este jogo representa normalmente muito mais do que uma simples partida de futebol, e a agressividade competitiva que é posta em campo revela-se quase sempre muito difícil de contrariar.
Um jogo como este é pois, antes de tudo o mais, um desafio à coragem dos jogadores, à sua força mental e sua capacidade de superação, condimentos que, afinal de contas, costumam temperar os campeões É justamente neste particular que os jogadores do Benfica terão de mostrar o que valem. Será por aqui que o Benfica pode mostrar neste domingo se tem ou não condições para merecer o título nacional, se tem ou não aquilo a que se costuma chamar “estofo”.
Com um onze recheado de experientes internacionais habituados a todos os palcos – de Luisão a Katsouranis, de Aimar a Reyes – os encarnados podem, devem, e têm de saber resistir ao ambiente, fazendo-o reverter a favor da sua força anímica, da sua concentração competitiva, e da sua vontade de vencer. Têm sobretudo que acreditar em si próprios, convencer-se que podem ser melhores, que as bancadas não marcam golos, e que a vitória está ao seu alcance. Creio que a equipa do Benfica, esta equipa do Benfica, já estará em condições de o poder fazer - se assim for, pode muito bem sair desta partida embalada rumo ao título.
É claro que o factor sorte pesa muito neste tipo de jogos, cuja decisão se prende por vezes num simples detalhe. Mas com uma atitude de grande coragem e total concentração, o Benfica tornará bastante mais difícil um desfecho negativo, ou não fosse a sorte proteger habitualmente os audazes.
Quando falo em coragem, não me refiro necessariamente a uma equipa com quatro avançados. Penso que o Benfica deve primeiro que tudo fechar a sua baliza, e esperar pelo adversário. A coragem exige-se é a cada jogador no exercício das suas funções dentro do campo – sem hesitações, sem medos, sem desconcentrações, com confiança, eu diria mesmo, com a arrogância de quem sabe ter argumentos para poder ser melhor.
Creio ser esta a chave para um bom resultado. E um bom resultado será uma vitória, na qual francamente acredito.
Força Benfica!
Estádio do Dragão, domingo, 19.45 h (Sport Tv)
Árbitro: Pedro Proença
Equipas:
F.C.PORTO – Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Cissoko, Fernando, Raul Meireles, Lucho, Lisandro, Hulk e Rodriguez
BENFICA – Moreira, Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, David Luíz, Katsouranis, Yebda, Ruben Amorim, Reyes, Aimar e Suazo.