FÉ EM JOSÉ

Se Mourinho não resolver os problemas da equipa, ninguém os resolverá. O plantel é curto, não fez pré-época, e tem havido azar com as lesões. Mas mesmo curto e sem tempo de trabalho, não pode perder seis pontos em casa com Santa Clara, Rio Ave e Casa Pia, sempre da mesma (terrível) forma. Não aconteceu na Reboleira porque o avançado do Estrela rematou por cima da trave.
Como dizia Lage na garagem "depois vem outro, e mais outro, e mais outro". Em relação a Lage, Mourinho tem mais estatuto, tem mais experiência e é mais respeitado dentro e fora do clube.
Se for necessário fazer uma limpeza, que a faça. Mas para isso vai precisar de tempo e da paciência dos adeptos.
Da Champions resta sair com dignidade. O Campeonato não será fácil, com o atraso que já existe e tendo ainda de mudar tanta coisa a meio caminho. Restam as duas taças, que se juntarmos à Supertaça, e a um eventual segundo lugar com direito a apuramento europeu, podem compor uma época, não boa, mas suficiente para encarar o futuro com outros olhos.
Enquanto adepto, estou disposto a colocar tudo nas mãos do treinador (um dos melhores da história), e dar-lhe o tempo que for preciso para fazer do Benfica uma equipa ganhadora. O futebol bonito, dispenso. Quero ganhar as taças deste ano, e, aí já sem margem para esperas, o campeonato de 2026-27.
Deixemos o homem trabalhar, dêmos-lhe os meios que for possível dar-lhe, confiemos nele em absoluto. Mesmo que demore, estou convencido de que, com ele ao leme, o barco chegará a bom porto. E daqui por um ano estaremos certamente a falar de outro Benfica. 

JOGO PERIGOSO

Criticar os jogadores (neste caso quase todos, ou nove deles) em público é algo que, em princípio, não gosto de ver. Aliás, o mesmo é válido para quaisquer profissionais: as críticas de um chefe devem ser sempre feitas em privado.
Mas Mourinho é Mourinho. E com uma enorme experiência,  com a inteligência que lhe é reconhecida, acredito que saiba muito bem o que está a fazer. Acresce que o seu antecessor, Bruno Lage, fizera algo parecido na garagem do Estádio da Luz - embora aí não totalmente em público,  ou pelo menos tendo essa consciência.
Lage não tem a força de Mou. E pode a dada altura ter perdido o seu próprio pé. Com o Special One sabemos que isso nunca irá acontecer. Não deixa, porém,  de ser uma estratégia perigosa.
Não deixa também de nos fazer interrogar. O que se passa efectivamente com alguns jogadores do Benfica? Será só cansaço? Será apenas a insuficiente pré-epoca e a quase ausência de férias? Mourinho chega a falar em traição - palavra bastante forte.
Recordo Lage quando gritava "e depois de mim vem outro, e vem mais outro, e vem mais outro, e fica tudo na mesma".
Não me tragam Ruis Costas, até porque Lage, enquanto pensava assim (mesmo evitando críticas públicas mais ostensivas) sempre defendeu, até para lá do que seria natural, o seu presidente.
E se recuarmos a Jorge Jesus encontramos também alguns pontos de contacto com o que acabei de escrever.
Estaremos perante casos de falta de profissionalismo dos atletas? De fora é difícil afirmá-lo. Mas Mourinho é como um antigo primeiro-ministro: nunca se engana e raramente tem dúvidas. Começa a parecer-me que nem ele, nem os antecessores, estejam enganados.
PS: dos nove, há alguns que sabem muito bem o que é o Benfica. Não acredito que Mourinho esteja a pensar em Samu, Tomás Araújo,  António Silva ou João Rêgo, todos formados no Seixal. Pavlidis é, desde que chegou à Luz, o principal goleador da equipa, e também,  quanto a mim, o seu melhor jogador. Aursnes é Aursnes. Sobram três: Dedic, Enzo e Ivanovic. Terão provavelmente as orelhas a arder.

SERVIÇOS MÍNIMOS

Eliminatória de Taça frente a uma equipa da Liga 3, entalada entre pausa FIFA e Liga dos Campeões, onze remendado, jogadores sem ritmo e/ou sem confiança. Com tal caldo, não se augurava uma exibição esplendorosa.
Mas também não era preciso descer tão baixo. E a primeira parte foi, digamos, embaraçosa. O jogo estava dividido, o que diz quase tudo.
Na segunda parte, as substituições e, eventualmente, um puxão de orelhas de José Mourinho ao intervalo, fizeram mostrar um bocadinho mais. O suficiente para marcar dois golos, vencer o jogo e passar a eliminatória.
Uma noite que não ficará na memória de ninguém,  a não ser na dos jogadores do Atlético, e na de Rodrigo Rêgo - única nota positiva de tudo o que se viu no Restelo.
Até Fábio Veríssimo aproveitou para fingir que beneficia o Benfica, assinalando um penálti, no mínimo, duvidoso, quando a partida estava resolvida, e que o guarda-redes alcantarense se encarregou de defender, repondo a justiça.

PASSAR

Ninguém se vai esquecer como foi perdida a última Taça de Portugal. Mas agora, o que há a fazer, é tentar ganhar esta. Até porque a Champions é uma quimera, e, com tantos azares (cinco lesões graves e uma ligeira neste momento, num plantel já de si curto) o Campeonato não vai ser fácil. Terminar 2025-26 com Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça é um panorama não totalmente desprezível, e será porventura mais realista. 
 

PROSTITUIÇÃO MORAL

Que dizer de alguém que, por dinheiro (e sem dele necessitar), participa numa acção de branqueamento de um regime totalitário, e se dispõe a prestar vassalagem a um líder político que representa tudo o que o mundo actual tem de pior?
É uma pena que Cristiano Ronaldo, que tem passado a vida calado acerca de tudo o que o rodeia, tome, aos 40 anos, a sua primeira posição política - e o faça por lhe pagarem para o fazer.
É uma lástima que o cidadão português mais conhecido de sempre, com todas as experiências a que teve acesso, com todos os meios que teve oportunidade de frequentar, continue a ser objectivamente um imbecil, e não tenha evoluído intelectualmente um milímetro desde o tempo do adolescente ignorante e reguila que era aos 17 anos. Então com desculpa, agora sem ela.
Prostituição do corpo por necessidade de sobreviver é algo profundamente lamentável, mas merecedor de respeito. Prostituição de ideias sem necessidade alguma, o que será? 
Parece impossível, mas CR7, com toda a sua fama, com toda a sua fortuna, com tudo o que conquistou, consegue deixar-me, ainda assim, um sentimento de pena. E isso é muito triste.

CRUZ VERMELHA

Sudakov, Pavlidis, Lukebakio... A pausa FIFA está a custar caro ao Benfica.
Uma longa tradição que envolveu o fim da carreira de Humberto Coelho (num treino antes de um jogo de qualificação para o Euro 84), quase o fim de Bento (em pleno México em 1986), e mais tarde muitos outros casos bastante penalizadores, como por exemplo Simão Sabrosa (num amigável contra a Finlândia, uns meses antes do Mundial 2002).
Desta vez, ao que parece, as lesões não serão assim tão graves. Mas ninguém sabe se recuperam até ao Dérbi da Luz.
Com um plantel curto, isto pode ser um drama.
Quando uma época tem de correr mal, a Lei de Murphy consegue torná-la ainda pior. Este Benfica tem de ir à bruxa.

RAFA? SIM, MAS...

326 jogos e 95 golos de Manto Sagrado. Sexto melhor marcador de sempre do Benfica na Champions. Quatro golos ao Sporting. três golos ao FC Porto, dois deles valendo vitórias no Estádio do Dragão. Três Campeonatos, uma Taça de Portugal, quatro Supertaças. Oito troféus no total.
Quem for aos arquivos do VdB poderá ler ou reler aquilo que sempre disse de Rafa Silva: um craque!
O seu regresso ao Benfica, a ser viável, seria uma excelente notícia. Tacticamente encaixa como uma luva nas necessidades da equipa, conhece a casa, não necessita de período de adaptação.
O único problema é que o jogador tem 32 anos, não se sabe quando mais tempo de vida útil terá no futebol, e os valores de que se fala são extraordinariamente elevados. Acresce que Rafa sempre teve, como principal característica, a velocidade. Ou seja, algo que o avançar da idade condicionará sem piedade.
Um contrato de ano e meio a valores moderados, dentro do contexto salarial do Benfica, e eu trazia-o já amanhã. Investimentos loucos não se justificam.
Não sei o que está em cima da mesa, nem se poderá vir a estar alguma coisa em cima da mesa. As minhas condições seriam essas. Uma vez satisfeitas, venha de lá Rafa. Provavelmente ainda ia ser o melhor jogador do plantel.

SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER

Há muito que o problema da Selecção está identificado. Nem é sequer o que Cristiano Ronaldo joga. É o que ele não deixa jogar.
Uma equipa solta, com cada jogador.na sua posição, a tomar as melhores decisões para o colectivo, sem obrigação de procurar alguém para passar a bola,  com um ponta-de-lança que joga com, e para, a equipa, dá nisto: goleada e espectáculo. 
Os números não seriam sempre os mesmos (nem todos os adversários são Arménias), mas este podia, e devia, ser o registo habitual de Portugal. 
Não sei se já é conhecido o castigo. Espero que sejam tantos jogos quantos possível . A ausência de CR7 é a melhor garantia de entrar bem no Mundial.
É que assim, até Roberto Martinez parece um treinador.

FICOU CHATEADINHO

Enquanto muitos benfiquistas se dedicam a exercícios inúteis e autodestrutivos que só atingem os seus próprios pés, o senhor doutor do outro lado da rua desata aos gritos a querer convencer-nos de que nem sequer a relva é verde.
Não houvesse pisões na cabeça,  nem rasteiras com o ombro que compusessam o palmarés da sua agremiação, e um canto seria apenas um canto. Mas não, não foi apenas um canto. Foi antes um conto: um conto do vigário. Foi uma gota de água num garrafão a transbordar. 
Comecei por pensar que era tudo coincidência. Depois, que era clubite de alguns árbitros. A dada altura percebi que a clubite era demasiado generalizada, e partia de quem os dirige,  e de quem estabelece a relação da FPF com a Liga. Estas declarações do doutor-general fazem-me pensar que voltámos mesmo aos anos noventa, agora com outra cor.
Começa a ser óbvio que se está a instalar um sistema que mete árbitros,  vares, observadores, CA, liga e alguma comunicação social, e que mina todo o futebol português. 
Parabéns ao senhor doutor. Conseguiu montar tudo isto de fininho, e fazer os métodos de Bruno de Carvalho parecerem os de uma criança. 
NOTA: já agora, gostaria de ver a autoridade antidopagem mais activa. Ao que parece, quase deixou de existir. Gostava que justificassem os fundos públicos que recebem, e investigassem todos os clubes da Liga. Todos, todos, todos, como dizia o Papa.

PRIORIDADES PARA JANEIRO

Antes de se falar em falaciosos investimentos de 100 milhões, recordo que, da equipa da época passada, saíram Carreras, Florentino, Kokçu, Akturkoglu e Di Maria, todos titulares absolutos (praticamente metade da equipa, e três dos seus quatro melhores jogadores), e com essas vendas entraram, ou vão entrar, nos cofres da Luz, mais de 120 milhões (sem contar com mais 40M de Arthur Cabral, Gouveia, Gedson, Tengstedt etc). Infelizmente, algumas das contratações estão a demorar mais tempo do que seria suposto a afirmarem-se (Rios, Sudakov), ou não se estão a afirmar de todo (Obrador - que, ainda assim, é titular da selecção sub 21 de Espanha). Acresce que os jogadores que fizeram o Mundial e não tiveram pré-época apresentam (como era de temer) índices físicos deploráveis. Há que resistir até Janeiro, e nessa altura, conhecendo melhor quem se afirmou, quem não se afirmou, quem recuperou ou não de lesões, decidir como retocar o plantel. Olhando para quem está e para elementos da equipa B que podem eventualmente vir a ser solução, eu diria que Mourinho necessita de um lateral-esquerdo, um médio, e talvez mais um extremo (embora não conheça o tempo de recuperação de Bruma).

AGORA É QUE SÃO ELAS

A equipa feminina tem um jogo importantíssimo, na Luz, diante do Twente (20.00h), em que só a vitória interessa. Começando a prova com duas derrotas naturais - em Turim, onde esteve muito perto de fazer pontos, e na Luz, dando boa répica às campeãs europeias do Arsenal - o Benfica tem de contar com três dos próximos quatro jogos para conseguir o apuramento (em Barcelona a derrota é certa). Desses três compromissos, este representa, digamos, o Qarabag, embora o equilíbrio neste caso seja bem maior. Uma vitória sobre as holanndesas é fundamental para depois, com as duas equipas de Paris (PFC fora, PSG em casa), compor a classificação da melhor forma possível. Numa fase em que o futebol masculino não está a correr como os benfiquistas desejavam, o feminino pode ser um excelente escape para as angústias. Até porque no campeonato nacional, mesmo sobrevivendo a várias lesões, a equipa de Ivan Baptista já vai disparada a caminho do "Hexa" - não fosse a pandemia e poderiamos estar perante um "Hepta".
Recordemos os registos do futebol feminino do Benfica na Liga dos Campeões, onde há a destacar os Quartos-de-Final alcançadoss em 2024:
 
BALANÇO: 42 jogos, 21 vitórias, 5 empates, 16 derrotas, 91 golos marcados, 79 sofridos. 
Goleadoras:


Para enquadrar os menos conhecedores, aqui fica também o top15 do ranking da UEFA:

COMO É POSSÍVEL? parte 2

Em lances que não deixam dúvidas, numa mesma jornada, Sporting viu serem-lhe oferecidos dois pontos, e o Benfica, pelo contrário, viu serem-lhe sonegados outros dois pontos.
Na 29ª jornada da época passada aconteceu algo de muito parecido: o Benfica vinha de vencer 1-4 no Dragão e era líder isolado do campeonato, parecendo caminhar para o título. Recebeu o Arouca na Luz, e o Sporting deslocava-se aos Açores (como desta vez).
O Benfica também teve culpas próprias (como desta vez) e deixou-se empatar 2-2 no tempo extra (como desta vez). O primeiro golo do Arouca nasceu de um penálti (como desta vez) que, nesse caso, até o VAR reverteu, mas António Nobre (e é bom pormos nomes aos...) insistiu em marcar - o lance de Otamendi  (rasteira com a cabeça ?!?) de que todos nos lembramos. Na mesma ronda, na véspera (como desta vez), ficara um penálti claro contra o Sporting por assinalar (o VAR era Hélder Malheiro). Os leões (como desta vez) venceram tangencialmente. Na classificação o Benfica podia ter ficado então com quatro pontos de vantagem (a cinco jogos do fim, sem precisar sequer do dérbi). Ficou em igualdade pontual e desvantagem no confronto directo - obrigado, portanto, a vencer o dérbi. Essa jornada subverteu o campeonato.
Ora agora, mesmo com todas as insuficiências que quisermos apontar à exibição do Benfica, a verdade desportiva colocaria os encarnados em segundo lugar, à frente do rival lisboeta. Ficou em terceiro, a três pontos do Sporting e a seis do FC Porto.
O VAR na Luz era um tal João Bento - que não sei de onde vem, nem ao que vem. Nos Açores o fiscal-de-linha, maior responsável pelo erro, era um tal Ângelo Carneiro - que também não sei de onde vem, nem ao que vem.
Nem vale a pena falar da Taça de Portugal. Mesmo no Campeonato, o que se passa é muito grave e está à vista de quem quiser ver. Há um "Manto Verde" a condicionar resultados, que adulteram classificações, o que depois provoca crises nos clubes.

Agora digam-me como é que Rui Costa pode evitar isto. Desde 1983 até 2013, com vários presidentes, levámos com décadas de roubos, então a favorecer descaradamente o FC Porto. E talvez os métodos de Luís Filipe Vieira, só esses, tão questionados e tão questionáveis, fossem os únicos capazes de reverter a situação - como de resto aconteceu, durante um certo período, até ao caso dos e-mails.
A verdade é que vivemos na lama, e não é honesto, nem justo, exigirmos ao presidente do Benfica que se meta nela. Na época passada pode alegar-se que a comunicação pecou por tardia. Nesta já se comunicou, já se barafustou, e continua tudo igual. Varandas aproveitou um período em que o Benfica estava envolvido em processos judiciais, e o FC Porto perdia dinheiro e influência, para encher os orgãos de decisão de acólitos do Sporting. Estes Joões Bentos e Ângelos Carneiros, que ninguém conhece, foram promovidos por quem? Pelo Rui Caeiro? 
É preciso ir ao fundo da questão, e não é fácil resolvê-la.

COMO É POSSÍVEL?

Como é possível que, já no tempo extra, uma equipa que está a ganhar tangencialmente, em sua casa, frente a um adversário inferior, sofra um golo nestas circunstâncias? São cinco jogadores do Casa Pia para três do Benfica!!!! Porque está o lateral-direito tão longe? Onde estão os extremos que ainda por cima entraram frescos no início da segunda-parte (Prestianni) e durante a mesma (Rêgo) ? Há um erro individual grave, do Rios, mas há uma total ingenuidade colectiva, para não lhe chamar outro nome. Assim não dá.
Isto já aconteceu três vezes neste campeonato, e custou seis pontos - exactamente aqueles a que o Benfica está do primeiro lugar. Os outros marcam golos nos descontos. O Benfica sofre-os. Neste caso de forma completamente amadora, principiante, desconcentrada, enfim, não sei mais que dizer. Já com o Rio Ave também foi num contra-ataque, com uma avenida aberta na ala esquerda da defesa (e Dahl já não estava em campo). Com o Santa Clara foi o Otamendi que escorregou ao tentar cabecear quando podia simplesmente ter enviado a bola para a bancada. No ano passado, na final da Taça, foi o Florentino que não fez falta no Trincão a meio-campo. Com o Arouca foi o Schjelderup que não acompanhou o adversário directo. Foi-se assim uma "dobradinha". Noutros anos houve o Catamo, o Matheus Nunes, o Kelvin, o Ivanovic, eu sei lá mais quem. Custa assim tanto gerir o jogo nos minutos de compensação quando se está em vantagem? Para quê continuar a tentar jogar bonito, e tentar marcar mais golos? Aos 91 minutos não há que tentar marcar mais, há que garantir que não se sofre. E com um Casa Pia, com um Rio Ave ou com um Santa Clara, há que não sofrer mesmo. Não há perdão.
Não vejo isto acontecer com mais ninguém. E espero que José Mourinho, no balneário, tenha gritado bem alto aos ouvidos de profissionais altamente bem pagos que parecem infantis.

PIADAS DE MAU GOSTO

Não há ruis costas, não há noronhas nem há mourinhos que resistam a isto. Foi assim a época passada, está a repetir-se o filme.
Aliás houve uma jornada no último campeonato, que se revelou fatal, e foi igualzinha a esta: Sporting levado ao colo nos Açores, e Benfica a ceder um empate em casa nos últimos instantes, então com o Arouca, num jogo com intenso perfume da arbitragem. Na altura foi uma rasteira com a cabeça de Otamendi. Agora um penálti com o peito de António Silva. O campeonato de 24-25 foi-se. Este vai pelo mesmo caminho.
Mais do que um manto verde, estamos a assistir a uma roupagem completa, com erros anedóticos sempre para os mesmos lados, e desde que Rui Caeiro está na arbitragem. Quem não se lembra, com outra cor, era mais ou menos assim o Apito Dourado. Como chamar a este?
Mas o resultado desta noite tem de ser visto em duas dimensões.  Uma é essa, que acabei de referir, e exige uma tomada de posição muito dura por parte do Benfica. Outra, é preciso dizer, é futebolística. 
O Santa Clara marcou na Luz aos 92 minutos. O Rio Ave marcou na Luz aos 91. Agora o Casa Pia também marca na Luz aos 91. Estão aqui 6 pontos (seis!), com os quais o Benfica seria líder do campeonato. Estão aqui metade dos jogos em casa. Já no tal jogo com o Arouca da época passada, o golo do empate fora sofrido aos 94. Também no ano passado, nas Aves, creio que foi aos 96. E no Jamor aos 99. Estava aí uma "dobradinha".
São demasiadas situações para se tratar de mera coincidência.  Há aqui um padrão de erros individuais e colectivos, de desconcentrações, e total incapacidade para segurar resultados. Os outros garantem vitórias nos descontos (Sporting agora e muitas  outras vezes, FC Porto em Moreira e na Liga Europa). O Benfica cede pontos e mais pontos. Empates e mais empates contra adversários que nem sequer fazem nada para os conseguir. 
Não é de agora. É assim há anos, foi com o Eduardo Quaresma, foi assim inúmeras vezes com o Coates, foi com o Kelvin, e até numa final europeia. Foi em inúmeras ocasiões, e devo confessar que já começo a ficar arrepiado quando a placa do tempo de compensação é levantada. Nos jogos do Benfica e nos jogos dos rivais. Neste campeonato estão a passar-se, também neste plano, os limites do ridículo. 
São duas dimensões desta jornada, na qual o Sporting podia, e devia, ter menos dois pontos, e o Benfica podia, e devia ter mais dois.
A primeira dimensão exige uma resposta para o exterior. A segunda exige uma reflexão no interna. 
Por vários motivos, este era um jogo que o Benfica tinha de vencer. Mas é bom que os adeptos não se esqueçam de todas as razões pelas quais isso não aconteceu. E a principal não reside nos jogadores,  nem no treinador, nem no presidente. 

A VITÓRIA DA ESTABILIDADE

Há algo fundamental na eleição de Rui Costa que os seus adversários e aqueles que se lhe opunham - que afinal não eram assim tantos como um passeio pelas redes sociais indiciaria (e nesse campo, a maior surpresa aconteceu logo na primeira volta) - nunca conseguiram  ou quiseram perceber: ninguém estava ou está satisfeito com o mandato que terminou, porém, uma eleição não é apenas a avaliação do passado (nessa, em sentido estrito, Rui Costa perderia), mas sobretudo uma escolha para o futuro. Enquanto Noronha Lopes repisou o passado e insistiu na ausência de títulos, nunca conseguiu ser claro quanto à forma como iria fazer do Benfica campeão. Manifestação de vontades todos temos, mas apresentar apenas a figura de Nuno Gomes e um projecto um tanto ou quanto atabalhoado, e achar que com isso seria convincente perante um universo alargadíssimo de sócios, foi um buraco de onde o candidato nunca conseguiu sair, mais a mais por lhe faltar alguma capacidade de comunicação, e, deve dizer-se, ter sido muito mal assessorado nessa área (os debates foram um calvário para Noronha, e houve falhas a todos os níveis nos temas que escolheu abordar e noutros em que podia ter marcado pontos e não o fez). 
Rui Costa, pelo contrário, além de ser genuíno e falar bem, é amplamente conhecido de todos os benfiquistas quase desde criança. Com maior ou menor competência,  toda a gente sabe com o que contar, toda a gente conhece a sua paixão pelo clube, toda a gente o vê como alguém conhecedor do meio - e cujo mandato, para quem viveu Vietnames e outras geografias, não foi assim tão dramático ou devastador como para os jovens que pensam que o Benfica viajou directamente de 1962 para 2021.
Creio que muitos benfiquistas perceberam porque motivos o clube não ganhou mais nos últimos anos, e que alguns desses motivos estavam, e estão, muito para além da competência de um presidente. O Benfica perdeu o último campeonato por uma bola ao poste no jogo do título, e se nenhum adepto se satisfez com isso, de uma forma fria não é preciso muito esforço para perceber que podia muito bem ter sido campeão com o mesmo presidente, com o mesmo trabalho de base, com o mesmo planeamento. Da Taça nem é preciso falar. Ora quando se analisa o trabalho realizado, isso não é, não pode ser, indiferente. Há que dar, pelo menos, o benefício da dúvida. 
Acho que os benfiquistas deram uma tremenda prova de maturidade ao eleger um presidente depois de dois campeonatos perdidos, e após uma derrota em casa no jogo imediatamente anterior às eleições. Souberam separar a instituição da bola que entra ou não na baliza, e acreditaram - como eu acredito - que Rui Costa é a pessoa mais preparada, neste momento, para fazer melhor do que ele próprio conseguiu fazer até aqui.
Deixo algumas palavras para Noronha Lopes. Temia que fosse pior presidente que Rui Costa, por isso não votei nele, mas entendo que era, e foi, um grande candidato, valorizando muito este processo eleitoral. Não é nenhum Vale e Azevedo (nem por sombras), e se ganhasse eu dormiria descansado, tal como aqui escrevi mais de uma vez. É honesto, é benfiquista, é um bom gestor, e não tenho dúvidas que achava genuinamente que podia fazer melhor. Não soube explicar como. E com o Benfica, como com um filho, não se dá espaço à aventura ou à incerteza (outra coisa que talvez os sócios mais antigos percebam melhor).
Agora acabaram-se as eleições. Não há parlamento, nem oposição. Só existe um Benfica que escolheu, num processo democraticamente exemplar, quem queria para o liderar durante os próximos quatro anos, quem devia ter mais uma oportunidade para fazer melhor do que fez até aqui. Cabe ao vencedor assumir, com humildade, essa responsabilidade acrescida e esse desafio. Cabe aos derrotados darem-lhe espaço e estabilidade para o fazer.
Viva o Benfica!
E agora, como diria José Mourinho,  "vão dormir pá!".

O PRESIDENTE DE TODOS OS BENFIQUISTAS

Quando houver oportunidade,  quero ainda falar destas eleições, e desta campanha, numa mera perspectiva de análise às causas da derrota de um e da vitória de outro.
Mas a eleição, de facto, acabou. Até aqui havia dois candidatos. A partir de agora há apenas um presidente. 
Tenho a certeza que esse vai ser o entendimento,  não apenas da larga maioria que votou Rui Costa, mas de todos os benfiquistas - ou, enfim, numa óptica mais realista, de quase todos.
O Benfica precisa de união. Só será verdadeiramente gigante dentro do campo, se estiver unido fora dele.
É sabido quem apoiei. E também por isso, quero agora felicitar todos os candidatos, e em particular João Noronha Lopes, sem os quais, sem o qual, todo este mar de benfiquismo, toda esta vitalidade democrática, não teria sido possível. Deixando de parte alguns excessos, que considero naturais, a campanha e o acto eleitoral fortaleceram o clube, e valorizaram a vitória de Rui Costa.
Só não estou mais satisfeito porque o que se passou nos Açores estragou-me a noite. 

DEVER CUMPRIDO

DIA B

E pronto, terminada a campanha chegou a hora da verdade.
Os sócios do Benfica vão ter de escolher uma de duas opções: dar mais uma oportunidade ao actual presidente para continuar o trabalho encetado; ou deitar já tudo abaixo e começar outra vez de novo. Votar em quem conhecem bem e ainda assim ganhou alguma coisa - ficando muito perto de ganhar bem mais; ou arriscar em quem de quase nada sabem, e que não apresenta nenhuma estratégia convincente para obter melhores resultados. Basicamente, é isto que está em causa. É esta a reflexão que os benfiquistas terão de fazer.
Não há presidentes perfeitos. Não há mandatos perfeitos. E o de Rui Costa, naturalmente, não o foi. Faltou mais um ou dois campeonatos de futebol. Por exemplo, o da época passada, aquela em que, no jogo do título, Pavlidis atirou ao poste já nos minutos finais. Podia ter sido um golo com significado equivalente ao de Luisão em 2005. Ou, em sentido contrário, ao de Kelvin em 2013. Ambos decisivos, e nas respectivas penúltimas jornadas. Não aconteceu. O futebol não é justo nem linear. E se em termos emocionais a frustração de perder é sempre a mesma (ou até maior quando se chega mais perto), a racionalidade obriga a olhar para o trabalho que se fez até chegar aos momento de decisão. 2005 foi uma grandé época? 2013 foi uma péssima época? Uma deu-me a maior alegria desportiva da minha vida. Outra deu-me a maior tristeza. No entanto, racionalmente, afirmo que a equipa de 2013 era infinitamente melhor que a de 2005. Que o Benfica em 2013 estava muito melhor do que em 2005. Todos concordarão comigo.
Houve erros nas contratações? Há sempre erros nas contratações. Lembro-me de muitos erros nas contratações, quer do Benfica, quer dos seus rivais, ou de todos os clubes do mundo, em todas as temporadas. Lembro-me, noutros tempos, do Folha, do Cláudio Adão, do Paulo Nunes, do Jorge Gomes, do Nivaldo, do Augusto, do Erwin Sanchez, do Stanic, do Paulão. A lista é interminável e a soma faz-se desde que existe mercado de transferências, ou até em tempos mais remotos. Se olharmos com atenção para o vizinho agora bicampeão, é fácil descobrir entre os seus restos nomes como Sotiris, Rochinha, Arthur Gomes, Kovacevic, Tanlongo, Bellerin, Marsá, Kauã, Biel, Ruben Vinagre, Gonzalo Plata, Tabata, Sporar, Koindredi, Rafael Camacho, Portelo etc, isto para nos resumirmos às últimas temporadas. Ninguém se lembra deles? Pois não. A equipa foi campeã. Tivesse a bola ao poste de Pavlidis entrado na baliza e eram estes os nomes de que agora se falava, ou de que falavam aqueles que há uns anos atrás enchiam as redes sociais com o lema #varandasout.
Rui Costa pegou num Benfica acossado por processos judiciais, com um plantel descaracterizado e envelhecido, sem ganhar absolutamente nada nos três anos imediatamente anteriores e na ressaca dos efeitos do Covid. Foi campeão, fez duas Champions que nos fizeram sonhar. Com Rui Costa como presidente, vi algumas das melhores exibições do Benfica de toda a minha vida: por exemplo, as vitórias ao Barça por 3-0 com Jesus, à Juve por 4-3 com Schmidt, ao Atlético por 4-0 com Lage, ou a dupla goleada ao FC Porto no último campeonato. Já que falo em FC Porto, e depois de perdemos anos a fio em casa e fora, seguimos agora com uma série absoluta de cinco vitórias, um empate e duas derrotas, nos últimos oito jogos.. Terá sido tudo um acaso? Ou a bola de Pavlidis foi, ela sim, uma infelicidade? Qualquer que seja a resposta, não há lugar a conclusões precipitadas. Os troféus não fizeram justiça à qualidade das equipas do Benfica nos últimos anos.
Cinco treinadores? Bem, uma vinha já de Vieira, outro foi interino. Na verdade houve uma aposta em Roger Schmidt, que foi campeão (e por isso percebo bem a resistência, mais tarde, em demití-lo), e depois em Lage (que também já tinha sido campeão e entrou com excelentes resultados). Depois do Mundial de clubes, sem férias, com pré-eliminatórias e Supertaça, com o que se sabia na altura não era aconselhável o despedimento de Bruno Lage. E ele até recomeçou bem, com várias vitórias seguidas, sem sofrer golos, cumprindo os dois grandes objectivos de início de época (qualificação europeia e Supertaça frente ao Sporting).
A equipa tem estado a pagar o preço do Mundial, da falta de férias e de uma pré-época inexistente. Há jogadores em claro sub-rendimento físico. Vão estar melhor. É preciso tempo. Há também contratações de qualidade que ainda não se afirmaram, como por exemplo Sudakov. Não tenho tantas certezas mas ainda não perdi a esperança em nomes como Rios ou Ivanovic. Lukebakio já mostrou qualidades. Nas provas nacionais a equipa encarnada realizou treze jogos e ainda não perdeu nenhum. Empatou no Dragão, ganhou ao Sporting. Dois golpes de crueldade, aos 94 minutos das partidas com Santa Clara e Rio Ave, subtraíram quatro pontos - com os quais o Benfica partilharia nesta altura o primeiro lugar da liga com o Porto (que, tal como o Sporting, está bastante forte, e a nível nacional ambos estão quase imbatíveis, e isso também não é indiferente)
Ao longo deste período foram vendidos jogadores. Noronha Lopes insiste em João Neves. Ora o jovem saiu por 65M mais objectivos, e ainda nem era titular da selecção. Foi ganhar porventura dez vezes mais do que ganhava na Luz, e duas ou três vezes mais do que aquilo que o Benfica lhe poderia pagar para se manter. Não queria saír? João Félix queria voltar? Acredito que sim, como Nélson Semedo, como Bernardo Silva, seja qual for o presidente. O problema é o salário que auferem, e que está muito acima da fasquia que a liga portuguesa permite. De resto o Benfica vendeu sempre muito bem os seus jogadores, bastando recordar Enzo Fernandez, Darwin Nunez ou Gonçalo Ramos - todos eles vendidos, na minha opinião, acima do seu real valor desportivo. Enquanto a liga portuguesa for miserável como é, com cinco clubes e mais de uma dezena de figurantes fantasma, o Benfica, como o Sporting e o FC Porto vão ter de vender jogadores. E naturalmente os melhores, pois são os que têm procura e mais dinheiro rendem. Não há qualquer possibilidade de competir com as cinco principais ligas europeias, com orçamentos estratosféricos, e agora com os árabes a inflacionar ainda mais os valores.
Comprou sempre bem? Não. Mas comprou bons jogadores como Aursnes, Bah, Neres, o próprio Enzo, Carreras, Pavlidis, Trubin, Dedic, Akturkoglu, para além de jovens como Prestianni ou Schjelderup que ainda têm muito para mostrar. Terá cometido um erro grave quando permitiu a ida de Gyokeres para Alvalade e trouxe para a Luz Arthur Cabral. Mas quem imaginava o impacto que ia ter Gyokeres, que vinha da segunda divisão? Enfim, não deixa de ser, quanto a mim, o maior erro destes quatro anos.
Critica-se também o apoio a Pedro Proença (partilhado entusiasticamente, aliás, por Nuno Gomes). Sou insuspeito para falar de Pedro Proença. Escrevi sobre ele inúmeras vezes, quer aqui, quer no jornal do clube, quer noutros espaços onde participei. Critico-o veementemente desde 2002 e de um célebre Boavista-Benfica com que se apresentou ao mundo. Acho-o uma figura detestável a todos os níveis. Também critiquei Rui Costa por apoiá-lo. Mas percebo que, com as promessas que ele fez aos clubes (e que agora se revelam impossíveis de cumprir), fosse prudente dar-lhe algum tempo. A real politik do futebol obriga a cedências e a consensos. O Benfica tem força, mas não tem "toda" a força. Os adeptos têm dificuldade em perceber isso, mas quem toma decisões sabe-o bem. Embora fosse menino para o fazer, não foi Pedro Proença que não quis ver o pisão de Matheus Reis na final da Taça. Ligar arbitragem a direitos televisivos e a apoios a presidentes da FPF é um caminho demasiado escorregadio para tirarmos conclusões que vão para além de meras teorias da conspiração. Não deixo de achar que foi um erro. Mas de alguma forma percebo-o, sendo que nenhum de nós, adeptos, de fora, conhece todos os dados da equação.
Há ainda todo um universo benfiquista muito para além da equipa principal de futebol. Nas modalidades o Benfica venceu mais do que os rivais (27 troféus), conquistou um importante título europeu no Andebol, e participações prestigiantes nas provas internacionais de quase todas as equipas. No sector feminino esmagou, sendo tetra-campeão no futebol. Na formação conseguiu feitos inéditos como a Youth League, e o bingo nos campeonatos de juniores, juvenis e iniciados, nunca antes alcançado em toda a história do clube.
Institucionalmente, o número de sócios disparou, assim como a procura de Red Pass - coisas que jamais aconteceriam num clube gravemente doente como alguns pretendem fazer crer. O estádio está muito mais bonito como sabem todos os que o frequentam.
Rui Costa prometeu uma auditoria forense e uma revisão de estatutos (eu não teria prometido, nem feito, nenhuma das coisas), cumpriu, mesmo se uma e outra se tornaram, ou poderiam ter tornado, armas de arremesso contra ele.
Financeiramente o Benfica continua sólido, e é, de longe, o mais saudável dos três grandes do futebol português. Apresentou contas com um lucro de trinta milhões, que alguns sócios insatisfeitos com o futebol podiam ter chumbado, coisa que Noronha Lopes, gestor profissional, nunca podia ter feito. E fez.
Enfim, Rui Costa é genuíno, é profundamente benfiquista, é honesto, é inteligente, conhece o futebol e o clube quase desde que nasceu. Pegou no Benfica numa altura difícil em que não apareceu mais ninguém. Em que outros andavam a tratar da sua vidinha. Devolveu-lhe credibilidade. Estabilizou-o. Revitalizou-o. Não ganhou tantos campeonatos de futebol como queria, como queríamos. Tenho a certeza absoluta de que os vai ganhar no próximo mandato.
Viva o Benfica!

324 VITÓRIAS INTERNACIONAIS

324 vitórias internacionais do universo Benfica desde 2021. Certamente me escaparam algumas. Estas são as que constam dos meus registos. Para um clube morto, não está nada mal:


Mas se nos cingirmos apenas ao futebol profissional, temos um volume de 30 vitórias, das quais 25 na Champions. Que outro quadriénio da história do cllube registou 25 vitórias internacionais na maior competição de clubes do mundo? Pesquisem e respondam, por favor:
Se tudo isto, por não serem troféus para o Cosme Damião (e estão por aqui alguns), não interessa, então uma derrota com uma equipa alemã com um orçamento muito superior também não deverá interessar muito (não se ia ganhar a Champions). Até porque umas horas antes, ali ao lado, a equipa de Basquetebol vencera o líder da liga francesa - mas, claro, já sei que isso não interessa. Aliás, nada interessa a não ser atirar pedras ao Rui Costa, como a seguir as irão atirar a outro presidente qualquer que não seja campeão de futebol todas as épocas. Apedrejar tudo e todos, por vezes no sentido literal (já aconteceu) é que é ser exigente.

LAMENTÁVEL

O último debate entre os dois candidatos à presidência do Benfica,, teve mais interrupções e acusações (e mesmo gritos e insultos) do que esclarecimento. Ninguém sai inocente, nem o pobre moderador, mas o pecado original do tipo de debate a que assistimos é a total ausência de propostas concretas por parte de Noronha Lopes - cuja estratégia de campanha podia ter sido desenhada por alguns dos comentadores deste blogue: acusar Rui Costa, culpar Rui Costa, criticar Rui Costa, responsabilizar Rui Costa, sem nunca explicar como faria melhor, nomeadamente no que diz respeito ao futebol profissional. 
Mas também na parte financeira (e nessa com menos desculpa) Noronha tenta baralhar as cartas antes de as distribuir. Lá acabou por assumir que o Benfica está numa situação mais saudável do que a dos rivais, dizendo depois que isso não lhe chega (queira lá isto o que quiser dizer).
Depois...Pedro Ferreira afinal sugeriu Meité (o que deveria ter inibido a candidatura de Noronha de trazer o nome do médio para a campanha). Afinal não indicou Darwin, embora já o conhecesse (?) em 2016 (que idade tinha o uruguaio nessa altura?). E apesar da gritaria, a ata (que também já aqui publiquei) é clara: em 2001 Noronha deixou o clube ao fim de 58 dias e foi à sua vida, tal como foi vinte anos depois, em 2021, num momento em que o Benfica precisava de toda a gente. Já a vida de Rui Costa foi o Benfica desde os 8 anos de idade, desde que era apanha-bolas na velha Luz. Isso vale muito junto dos benfiquistas. Isso deixa-o bastante à vontade perante aquele que o desafia.
Enfim, se Rui Costa perdeu eventualmente votos ontem no estádio, não acredito que hoje tenha perdido muitos no estúdio. Ou pelos menos, que os tenha perdido para o seu opositor directo.
Ainda menos acredito que Noronha tenho convencido alguém,  além daqueles que querem correr com Rui Costa porque sim.
O debate foi mau, e Noronha precisava mais dele. Rui Costa no fim pediu desculpa,  embora não tivesse sido dele a maior dose de responsabilidade pelo que vimos.
Não discuto, nunca discuti a seriedade e o benfiquismo do João Noronha Lopes. É natural que o seu voluntarismo e entusiasmo cative alguns jovens, que tendem a achar graça a mudanças bruscas. Mas a cada intervenção sua fico mais descrente quanto às suas reais capacidades de ser bem sucedido num meio tão específico e do qual dá tantas e tão repetidas mostras de desconhecer.
Acredito convictamente que o próximo mandato de Rui Costa será mais ganhador. É uma convicção profunda. Se quiserem, uma fé. Mas do que eu tenho certeza é de que, com Noronha Lopes, iria demorar muito muito mais tempo até que o Benfica fosse aquilo que ele diz querer que seja. Ou aquilo que todos nós queremos que seja.
Mas uma afirmação de vontades não é um programa eleitoral lá muito convincente. Querer que o Benfica ganhe mais, podia dizer eu. Acusar Rui Costa de ganhar pouco, podiam dizer vários comentadores deste espaço. Pois Noronha Lopes não vai muito além dessas duas posições.
E a verdade é que em todas as matérias que estão para lá de uma bola de Pavlidis que bateu no poste, de um pisão na cabeça de Belotti, de uma má assistência do Dahl, ou de uma escorregadela de Otamendi, como sejam as modalidades,  o desporto feminino, o associativismo, as infraestruturas, a formação e assim por diante, Rui Costa teve um mandato à prova de bala.

VALE O QUE VALE

Acho que o resultado vai ser mais aproximado. É muito importante que ninguém desmobilize por causa de uma derrota, depois de três vitórias.
A minha previsão vai mais para 55/45. Veremos...

MÁS CAMPANHAS EUROPEIAS

UM ADEUS EUROPEU

Embora matematicamente, com a prova exactamente a meio, tudo ainda seja possível, é preciso ser realista e perceber que a passagem à fase seguinte é agora uma miragem.
O jogo foi irritante, e a fazer lembrar a Liga Portuguesa. O Benfica com a iniciativa, o Bayer Leverkusen, como os aroucas desta vida, acantonado na área a defender o empate - que, num golpe de sorte (e eficácia, é justo dizer), acabou por se transformar numa vitória. 
O Benfica foi melhor durante toda a partida, pagando caro as oportunidades que foi desperdiçando, quer na primeira, quer na segunda parte, com Pavlidis e Lukebakio em noite de grande infelicidade. 
O Leverkusen teve o mérito de defender bem, e de aproveitar uma falha da defesa encarnada para levar os três pontos.
Creio que a justiça ficou a dever, pelo menos um ponto, à equipa de Mourinho.
Enfim,  o que começa mal tarde ou nunca se endireita. O Benfica começou esta Champions muito mal, perdendo logo a abrir o único jogo em que era mesmo obrigado a ganhar. Agora há que levar a prova até ao fim com dignidade, procurando pontuar tanto quanto possível, aproveitando talvez para dar minutos a um ou outro jogador menos utilizado. Ambições maiores ficaram comprometidas, e a prioridade total deve ir para o campeonato.
Individualmente nem sei muito bem o que dizer. Houve jogadores que estiveram em evidência pelo esforço, como Lukebakio, mas extremamente infelizes a definir. Pavlidis apareceu algumas vezes no sitio certo, mas surgiu sempre um qualquer obstáculo a impedir o golo. A noite das bruxas chegou com uns dias de atraso ao Estádio da Luz.
Foco total no Casa Pia.

GANHAR OU...GANHAR

Depois de três derrotas, este é um jogo de tudo ou nada. Se o Benfica não vencer, muito dificilmente vai encontrar o caminho da qualificação para a fase seguinte.
No ano passado houve muitos resultados surpreendentes nesta fase. Lembro-me de PSG, City e Real perderem partidas com equipas mais modestas, o que subverteu um pouco a ordem natural das coisas. Esta época tal não tem sucedido, pelo menos na mesma dimensão. Disso resulta que talvez não sejam necessários tantos pontos para chegar ao 24º lugar e ao apuramento para o play-off. Em 2024-25 o Dinamo de Zagreb ficou eliminado com onze pontos. Agora, se a tendência se mantiver, talvvez dez garantam o apuramento. Gannhando ao Leverkusen e ao Napoles em casa, o Benfica terá pois de vencer em Amesterdão, e obter um ponto extra nos restantes dois jogos - em Turim, ou na Luz, na última jornada, com um Real Madrid possivelmente já apurado.
Resumindo: o apuramento é perfeitamente possível. Mas para isso é imperioso ganhar ao Leverkusen.

TÍTULOS

Ninguém está satisfeito com os quatro títulos da equipa principal de futebol, até porque, deles, apenas um foi o campeonato. Não estão naturalmente contabilizadas as participações europeias, que não são títulos, mas são muito mais importantes do que muitos dos troféus que constam do quadro. E aí, como sabemos, foram dois quartos-de-final e uns oitavos-de-final da Liga dos Campeões, com muito dinheiro a entrar, e subida até ao 10º lugar do ranking da UEFA no início desta temporada (agora 13º).
Subtraíndo o futebol profissional, no restante universo benfiquista títulos não faltaram ao mandato de Rui Costa. O quadro está certamente incompleto, faltando modalidades das quais não tenho todos os registos. Estes foram os que consegui contabilizar. A soma dá 223, ou seja, uma média de quase 56 por ano.
Quanto ao futuro próximo, afirmo aqui, com toda a convicção, que tenho a certeza absoluta que, com Rui Costa na presidência, até outubro de 2029, no futebol profissional, o Benfica vai somar mais do que os quatro títulos deste mandato. Se Deus quiser, cá estaremos para tirar a limpo. Se porventura me enganar nesta afirmação (o que não acredito), fecharei o blogue.

PROVAS NACIONAIS

Até ao momento: 10 vitórias, 3 empates, 0 derrotas, 27 golos marcados, 4 golos sofridos, 1 troféu conquistado.

NUNO GOMES?

Tenho simpatia por Nuno Gomes. Foi jogador do Benfica, era ponta-de-lança,  marcou muitos golos, foi campeão em 2005 - até hoje o título que me deu maior alegria.
Parece tratar-se de uma pessoa bem formada, e nos poucos contactos pessoais que tive com ele, meramente circunstanciais, também me pareceu educado e afável. 
Embora não tenha nascido benfiquista, acredito que os anos passados no clube o tenham tornado um de nós. Não duvido.
Dito isto, e depois de assistir à sua entrevista televisiva - creio que a primeira que deu enquanto candidato a vice-presidente do clube - fiquei algo perturbado por ver o antigo jogador a tentar vestir um fato que, manifestamente, lhe fica largo.
Nuno Gomes era um razoável comentador televisivo. Podia também ter um cargo no Benfica, como de resto já teve. Podia fazer um trabalho como Simão Sabrosa, como antes Luisão, como em tempos Shéu Han, ou outro à imagem e semelhança desses. Mas se, numa perfeita aplicação do princípio de Peter, mesmo como director do centro de estágio não se mostrou totalmente à altura - e essa saída explica muito do seu posicionamento actual -, como esperar que enquanto senhor absoluto do futebol do Benfica possa vir a ser bem sucedido?
É de facto necessária uma elevadíssima dose de optimismo para esperar que, por esta via, o Benfica consiga melhores resultados.
Noronha Lopes é um gestor com curriculo noutras áreas, mas nenhum contacto com a realidade futebolística (como, por exemplo, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes também o eram antes de presidir ao Sporting, com os resultados que todos sabemos). Precisaria de uma figura de muito peso para tutelar aquilo que é indiscutivelmente o epicentro do Benfica. Nuno Gomes não é, de todo, essa figura. Já não tinha dúvidas sobre isso. A entrevista foi apenas mais uma confirmação. 

UM QUARTO DE HORA À BENFICA

Uma das coisas que mais aprecio num treinador é a capacidade de transformar um jogo durante o mesmo. Nessa medida, a intervenção de Mourinho ao intervalo,  não só pelas substituições,  mas também,  ou sobretudo,  pela dinâmica incutida, valeu uma grande segunda parte, uma importante vitória e aqueles que foram, porventura, os melhores momentos do Benfica em toda a temporada até agora. 
A primeira parte foi intensa mas globalmente desinspirada. Ao Benfica faltava claramente a capacidade de ligar o meio-campo ao ataque, muito fruto da dificuldade que Sudakov (um bom jogador, ninguém duvide!) tem sentido em entrar no ritmo necessário. Embora a equipa estivesse bem nos duelos, e não permitisse grandes veleidades ao adversário, pecava pela lentidão nos seus processos e pela pouca movimentação das suas unidades ofensivas.
Gostava de ter estado no balneário ao intervalo para perceber como se muda um jogo. A verdade é que dois minutos depois da reentrada já se tinha percebido que a história da segunda parte ia ser muito diferente, e aparecer o golo era apenas uma questão de tempo.
Apareceu um, dois, e mais tarde um terceiro. Podiam até ter sido mais. Pelo meio o Vitória ficou reduzido a dez, e a única dúvida que prevaleceu até ao fim foi quanto aos números do resultado.
O Benfica tem treinador.  Mas também tem jogadores que têm estado em sub-rendimento, e começam a aparecer. Rios já está a mostrar bem mais do que há umas semanas atrás. Enzo foi um dos melhores em campo. Schjelderup e Barreiro entraram muito bem. E até Dahl esteve uns furos acima daquilo que tem sido habitual. 
Últimos três jogos, três triunfos, 11-0 em golos.
Haja esperança. E haja novo triunfo na quarta-feira, para sedimentar aquilo que foi feito nesta segunda parte, e para manter a respiração na frente europeia.
João Pinheiro é, de longe, o melhor árbitro português. O único com coragem para tomar as decisões que se impõem seja em que campo for.
PS: Vou estar atento a este treinador do Vitória. As suas declarações na flash interview são burlescas e não enganam. Podia estar na bancada dos Super Dragões. 

OBRIGATÓRIO VENCER

 Trubin, T.Araújo, A.Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Aursnes, Lukebakio, Sudakov e Pavlidis