OURO NO BANCO

Foi um jogo típico de taça: poupanças no onze, os golos a tardarem e o inevitável recurso ao ouro guardado no banco. E o ouro chamou-se Di Maria e Pavlidis.
Um golo espectacular do astro argentino, dois golos e uma assistência para o ponta-de-lança grego - que parece render substancialmente mais com alguém ao lado (na pré época, recordam-se? era Marcos Leonardo, nesta segunda parte foi Arthur Cabral).
Antes disso viu-se uma equipa manca, com Amdouni fora do seu habitat natural, a deslocar-se invariavelmente para o meio, e o flanco direito a não existir.
Tudo está bem quando acaba bem e, mesmo com alguns equívocos defensivos sem consequências, o Benfica chegou tranquilamente à final-four da Taça da Liga, que era o objectivo maior da noite.
Destaque ainda para os quase 50 mil nas bancadas, num jogo a meio da semana com estas características, e depois de outros dois jogos em casa.
Seguem-se Faro, Munique e FC Porto na Luz. Emoções fortes, portanto. 

ONZE PARA A TAÇA DA LIGA

Samu; Bah, T. Araújo, A. Silva e Beste; Florentino, Renato e Rolheiser; Amdouni, Pavlidis e Schjelderup. 

VOU TORCER POR ELE

Com esta saída em grande estilo, voltei a sentir alguma da simpatia que tinha por Ruben Amorim, antes de se tornar treinador do Sporting. Afinal era mesmo tudo, apenas, profissionalismo.
Se a porta de Alvalade se fechou para sempre, a da Luz ficará aberta para um dia, daqui a alguns anos, poder enfim vir a treinar o seu clube de coração. 
As notícias de Amorim como símbolo eterno do sportinguismo eram, pois, manifestamente exageradas. E ele que me perdoe o que aqui escrevi sobre ele, em mais de uma ocasião, nestes últimos anos - designadamente sobre a atitude competitiva da sua equipa nos dérbis. 
Que seja feliz em Manchester, exepto nos jogos com o Forest, e já agora que leve Gyokeres em Janeiro. 
Quanto ao campeonato português, acende-se nova luz de esperança. Este Sporting estava, de facto, a ficar muito forte. Agora? Veremos.

COMO SE DIZ MANITA EM TURCO?

É raro, mas acontece: por motivos familiares não pude ver o jogo com o Rio Ave, nem sequer pela televisão. Daí não ter muito a dizer sobre o mesmo. 
A não ser os factos e os números, que apontam para uma vitória sólida, uma boa resposta ao desaire europeu do meio da semana, e (mais) uma prestação superlativa de Akturkoglu - que se revela, jogo após jogo como a melhor contratação do Benfica (pelo menos) nos últimos dois anos.
Agora esperam-se mais dois triunfos (Santa Clara e Farense), para esquecer de vez o Feyenoord, e limpar a cabeça para o que virá depois. 

ONZE PARA DOMINGO

BALDE DE GELO

As derrotas custam mais quando são inesperadas. Para quem viu o Benfica-Atlético de Madrid, e voltou ao Estádio da Luz esta noite, o contraste não podia ser maior.
Fosse o Sporting a perder, e já se dizia nas televisões que o Feyenoord era uma super equipa, capaz de ombrear com o Real Madrid e o City na luta pelo título europeu. Quem me conhece saberá que não entro por aí. O conjunto de Roterdão apareceu, de facto, muito bem organizado e fisicamente bastante fresco, tem um ou outro jogador que se destaca, mas estava claramente ao alcance do melhor Benfica - por exemplo, daquele que venceu categoricamente os "Colchoneros" por 4-0. E este era mesmo um dos jogos a ganhar nesta fase da prova, teoricamente o mais "fácil" dos oito.
Acontece que o melhor Benfica não apareceu em campo. 
Suspeito que Lage tenha sido surpreendido pelo treinador adversário, que soube desde cedo como bloquear os encarnados na saída do seu meio-campo, e como encontrar espaços para contra-atacar com perigo.  Foi neste bloqueio táctico que o Benfica começou a perder o jogo.
Não sei nada de preparação física e muito menos de alto rendimento, pelo que não me meto a opinar sobre os efeitos da (enorme) pausa nas pernas e nas cabeças dos jogadores, nem se alguns deles deveriam, ou não, ter sido utilizados contra o Pevidém. Apenas noto, e isso é factual, que mais uma vez o Benfica - com diferentes treinadores - se apresentou bastante mal após uma pausa competitiva. E fiquei com a sensação, sobretudo após o golo de Akturkoglu (quando se esperaria uma carga ofensiva total sobre a área holandesa), que as pernas não ajudaram, e o discernimento perdeu-se, permitindo ao Feyenoord levar o jogo para onde queria. A derrota consumou-se, pois, na falta de frescura física.
Antes disso, e logo na primeira parte, vimos também como as fragilidades defensivas do Benfica o podem penalizar neste tipo de jogos (leia-se, Clássicos e Champions). Contra aroucas e casas pias, essas fragilidades escondem-se atrás da inépcia dos avançados contrários. Nos grandes palcos são castigadas com golos. Basta uma equipa de nível mediano, como o Feyenoord, para o demonstrar sem piedade. O problema não será apenas dos próprios defesas, mas da forma como todo o bloco colectivo defende, desde logo no trio da frente, passando depois pelo meio-campo onde, quando se perde a bola, Florentino não chega para tudo. Há uma questão até cultural no clube da Luz, que tem a ver com o culto do chamado futebol "de ataque", e que tem custado dinheiro e títulos ao longo das últimas décadas. Tenho para mim que, para obter sucesso interno, e sobretudo externo, há que começar por ter uma defesa de ferro - ou, melhor dizendo, uma equipa que, colectivamente, defenda a ferro e fogo. Podendo Essa nunca foi a opção do Benfica, dos dirigentes do Benfca, nem dos próprios adeptos do Benfica - que exigem ópera como tinham nos anos sessenta, quando foi possível manter, durante uma década, alguns dos melhores jogadores do mundo na equipa, coisa que hoje não é, de todo, replicável.
Em particular no quarteto defensivo, também é preciso falar de Otamendi. Choca-me ver António Silva no banco, quando o central argentino compromete a olhos vistos. Percebo a questão do estatuto, da voz de comando, do respeito que impõe a adversários (e até a árbitros), mas parece-me que está na hora de olhar para este problema como um dia se olhou para Luisão.
O árbitro pareceu-me fraquinho. Ficou uma grande penalidade por assinalar sobre Di Maria na primeira parte, e a gestão do tempo ostensivamente perdido pelo Feyenoord (a um ponto que não me recorde de ver na Champions) não foi coerente. Mas não foi pela arbitragem que o Benfica perdeu o jogo.
Agora, há que reagir. Desde já no campeonato, frente ao Rio Ave. Na frente externa, esta derrota anulou a vitória sobre o Atlético, e tudo voltou ao princípio - nesta altura previa-se que o Benfica tivesse precisamente os seis pontos que tem. Há, pois, que vencer o Bolonha na Luz, e obter mais um pontinho em algum dos outros jogos. Dez pontos talvez cheguem para ficar nos 24 primeiros - que é o objectivo natural deste Benfica.

HOLANDESES NA LUZ

Em quase cinquenta anos, nenhuma derrota. A última foi em 1975, oito dias depois do famoso 11 de Março, e portanto em pleno PREC. De então para cá, várias eliminatórias passadas - na verdade todas. Contra o Feyenoord, em casa, apenas o épico 5-1, que terá estado na génese dos "quinze minutos à Benfica" (juntamente com uma partida frente ao FC Porto, no mesmo ano, em que o Benfica virou um 0-2 para 3-2 nos últimos instantes). Recordemos esse jogo:
Termino arriscando o onze da equipa holandesa para amanhã: Wellenreuther; Lotomba, Beelen, Hancko e Bueno; Milambo, Hwang, e Zerrouki; Osman, Ueda e Igor Paixão.

ONZE PARA A CHAMPIONS

A "PUREZA" DO SPORTING

Muitas vezes estou em desacordo com Vasco Mendonça. Mas como ele escreve bem, e mostra genuíno sentimento pelo Benfica, gosto de o ler.
Desta vez não resisto a citá-lo. Ora cá vai:

(...)Já aqui elogiei a firmeza do presidente do Sporting em relação ao FC Porto, mas não me parece que seja boa ideia o presidente do Sporting viver excessivamente convencido da sua pureza. A ideia de que Frederico Varandas, por ser mais novo e aparentemente impoluto do que dois ex-presidentes seus rivais, representa um clube moralmente inatacável, não resiste ao embate com a realidade. O exercício é simples. Se Frederico Varandas se sente intitulado a decretar sentenças acerca de crimes por demonstrar, como o fez em relação ao Benfica, o mesmo critério poderia ser usado contra o seu Sporting. Bastaria para isso que, tal como Frederico Varandas, fintássemos o Estado de Direito da forma mais conveniente e tirássemos as nossas próprias conclusões acerca da conduta de um antigo vice-presidente do clube de Frederico Varandas, ou de outros funcionários do clube.
Se isso não for suficiente, podia falar sobre o Euromilhões que permitiu ao Sporting obter uma vantagem económica por via da recompra das VMOCS, vantagem essa que Frederico Varandas considerará devida, mas que eu reservo o direito de considerar moralmente condenável, mesmo que financeiramente lícita, e mais do que capaz de desvirtuar a relação de poder entre clubes rivais. Já agora, também valeria a pena lembrar o acionista do clube, detentor de 9,9 % da SAD do Sporting, que se vê hoje enredado em acusações graves de branqueamento de capitais, numa operação alegadamente tornada possível com a entrada de dezenas milhões de euros na SAD. Apetece perguntar a que expediente recorrerá para defender o Sporting no dia em que um destes problemas, ou outros daí decorrentes, se abater sobre o seu clube.
Daqui se infere uma verdade relativamente prosaica: Frederico Varandas, com quem, pasme-se, não antipatizo, tem pouca autoridade para dar lições de moral a quem quer que seja. Pode e deve pugnar pela ética do seu clube enquanto o representar, mas para isso terá de considerar também um objeto, para além dos artifícios verbais. Chama-se espelho e permite ver o nosso próprio reflexo. Nele, se olharmos com atenção, descobrimos as nossas próprias imperfeições e aprendemos coisas importantes sobre nós.
De resto, por muito assertividade que empregue, as sentenças de Frederico Varandas não transitam em julgado. O presidente do Sporting está no direito de escolher a parte da realidade que lhe interessa. Quem o ouve, está no direito de fazer exatamente a mesma coisa. Nisto, devemos ser francos. Não sairá daqui um país melhor, mas antes o país que temos. Quando este choque acontece, ou seja, quase sempre, a acusação de negacionismo é válida para ambos os lados, mas, em rigor, só um dos participantes nesta troca preside a uma instituição com a dimensão do Sporting.
Refiro-me à dimensão, não porque esta crónica semanal se deva ocupar demasiado com o tamanho dos outros, que empalidece por comparação com o Sport Lisboa e Benfica, mas, porque, em virtude dessa dimensão institucional, se aconselharia uma postura diferente por parte do presidente do Sporting, que, à sua maneira, acaba por ser capturado pela narrativa mais corriqueira do futebol que tantas vezes já criticou. 
A sensação é a de que Frederico Varandas aproveitou os ventos favoráveis dentro de campo para uma operação de outra natureza, neste caso uma nova recompra de VMOCs, leia-se, Valores Morais Oportunamente Convertíveis. No entanto, se há coisa que o futebol português nos ensinado, é que todos os heróis acabam por viver tempo suficiente para acabarem como vilões. (...)

DAVID SILVA, um artista a não esquecer

Só não fez mais porque, de facto, não podia. Mas numa partida sem VAR, em lances de interpretação, em mais de uma dezena de decisões tomadas nunca hesitou em apitar contra o Benfica. Por vezes de forma quase provocatória. 
Mais um artista da escola de arbitragem do Porto. Um nome a não esquecer, pois, ou me engano muito ou vai começar a aparecer por aí. Terá querido agradar a alguém e acho que conseguiu.
 

BESTIAL, MAS POUCO

Já se sabe o que são estes jogos: de um lado uma equupa desfalcada, sem ritmo nem entrosamento, e mais ou menos descontraida, do outro onze homens no dia mais importante das suas carreiras. Isso dilui parte das diferenças, por vezes de forma fatal.
Neste caso, o golo cedo podia trazer uma história diferente. Quem sabe até uma goleada. Mas pese embora as oportunidades criadas, o segundo golo foi tardando, e o Pevidem foi sobrevivendo. 
As coisas acabaram por se resolver, com o bis de Beste. O 0-2 acabou por saber a pouco, mas é suficiente para cumprir a obrigação de passar à fase seguinte. 
Parece impossível, mas o árbitro, mesmo numa partida com estas características, conseguiu irritar-me. Vou estar atento à sua carreira, e espero não o ver tão depressa a apitar o Benfica. 

ONZE PARA A TAÇA

 

CRAQUE, DENTRO E FORA DO CAMPO

Mais uma exibição magistral pela selecção turca, mais um golo espectacular, mais uma assistência de garra, e agora também uma presença fora de campo assinalável.
Um craque, em todas as dimensões do jogo e da vida.

MAIS DO MESMO

Com as suas inabilidades, com a sua irresponsabilidade, com a sua impunidade e falta de escrutínio, o Ministério Público deitou dois governos abaixo (no Continente e na Madeira). Esperemos que o novo procurador seja um pouco mais consciente do cargo que ocupa, e um pouco mais responsável nas decisões que toma e na forma como as comunica, para que o país possa, ele próprio, sobreviver-lhe.
Agora, para gáudio da comunicação social, sai uma acusação estapafúrdia a pedir que o Benfica seja suspenso das provas desportivas. Em causa estão alegados crimes de fraude fiscal e corrupção (não desportiva). Recordo que houve buscas a um ex-ministro, hoje governador do Banco de Portugal, por ter recebido uns convites para um jogo de futebol - o que diz tudo sobre a clarividência, a prudência e a credibilidade com que estes assuntos têm sido tratados.
No caso dos dois governos (e não estão em causa as cores partidárias, até porque eram diferentes) o mal ficou feito, enquanto a ex-procuradora - que em declarações fantasmagóricas se desresponsabilizou de tudo - já foi gozar a sua reforma milionária e tirar selfies com o bruxo de Fafe.
No caso do Benfica, um tribunal vai naturalmente um dia acabar por fazer justiça. O problema é o tempo que isso demora, e o desgaste mediático que o clube vai sofrendo - com eventuais consequências, por exemplo, a nível de patrocínios, que ninguém irá compensar.
Enfim, é o que temos. Ou, como quero acreditar, era o que tínhamos.
A vida continua. Há que ganhar ao Pevidém e depois ao Feyenoord. 
Em 2047, se estivermos todos vivos e de boa saúde, lá veremos o Benfica a ser ilibado em tribunal. Até lá, os rivais que se divirtam com a comunicação social - que, diga-se, também tem que se olhar ao espelho, para perceber todos os motivos pelos quais se está a afundar, e a deixar o espaço virtual entregue aos bichos.

AS MODALIDADES

TÍTULOS MODALIDADES COLECTIVAS DE PAVILHÃO- últimos dez anos:

INVESTIMENTO POR SECÇÃO - 2023-24:

Face às contas recentemente apresentadas, voltou a falar-se do investimento nas modalidades. Uns acham que é pouco. Outros acham demais. A mim, devo dizer, parece-me globalmente equilibrado.
Ponto prévio: não admito, e jamais admitirei, acabar com qualquer das secções em causa, ou seja, Hóquei, Basquete, Volei, Andebol e Futsal, nas vertentes masculina e feminina. Já em modalidades como Ténis de Mesa, Polo Aquático, Bilhar ou Rugby, e mesmo Atletismo, Canoagem, Triatlo ou Natação, não conhecendo os custos, não poderei emitir uma opinião sustentada, sendo que gosto de as ter, mas confesso que não daria muito pela falta. Relativamente ao chamado Projecto Olímpico, tenho grandes dúvidas sobre a relação custo-benefício. Não sei quanto paga o Benfica a Pablo Pichardo, Fernando Pimenta ou Diogo Ribeiro, nem como funcionam os patrocínios, mas verifico que as suas grandes vitórias raramente são associadas ao clube. Para além dos Jogos Olímpicos se disputarem apenas de quatro em quatro anos, e nesse contexto os atletas representarem sobretudo (ou somente) o país. Justifica-se tê-los apenas como bandeiras? Francamente não sei.
Voltando às modalidades de Pavilhão, dando as femininas como claramente hegemónicas (falta o Volei, mas acredito que vá a caminho), vamos então às cinco masculinas.
O Hóquei em Patins é aquela de que mais gosto, sobretudo por estar muito ligada à minha infância - quando era claramente o segundo desporto nacional. Além disso, é uma modalidade onde há sempre boas perspectivas de obter títulos internacionais (das últimas cinco Ligas dos Campeões, quatro foram conquistadas por clubes lusos, infelizmente nenhuma pelo Benfica). Não exigindo plantéis muito extensos, e tendo um mercado muito circunscrito, não é preciso um investimento faraónico para construir uma das melhores equipas do mundo. Entre más arbitragens e algum azar, os títulos não têm sido tantos como se desejava. Acredito que, com os novos reforços, e com o novo treinador (embora não desgostasse do anterior), o Benfica possa traduzir o investimento em títulos, sendo que no âmbito nacional enfrenta adversários fortíssimos, dentro e fora das pistas.
Deste lote de cinco, o Basquetebol é claramente a modalidade de maior relevo planetário. Embora o seu epicentro seja nos EUA, com a fantástica NBA, também na Europa o nível é altíssimo, bastando ir a Espanha para o perceber. O Benfica tem grandes tradições nacionais, é tricampeão e tem de se manter ganhador. Com um mercado extraordinariamente denso, variado e caro (nomeadamente quanto aos norte-americanos de qualidade), o investimento tem naturalmente de acompanhar a realidade, sendo que a participação internacional é apenas isso mesmo: participação. Apesar de me parecer que, nas últimas duas épocas, o plantel do Benfica poderia ter feito uma gracinha na Fiba Europe Cup (uma espécie de quarta divisão europeia), onde não esteve por ter conseguido apurar-se para a Fiba Champions League (que sendo inacessível para a realidade nacional, é ainda assim a terceira divisão). Temo que as saídas de Ivan Almeida, Carter e Toney Douglas (este para o FC Porto) possam fazer-se sentir, embora perceba que as questões salariais têm de ser consideradas.
O Voleibol tem sido uma máquina de triunfos. Não retirando o mérito a Marcel Matz, não podemos esquecer que aqui não "há" FC Porto, e mesmo o Sporting, até à época passada, pouca luta dava aos agora pentacampeões. O adversário era, sobretudo, o Fonte Bastardo, com orçamentos certamente mais baixos. Esta temporada começou mal, com três competições perdidas em pouco mais de uma semana (Taça Ibérica, Supertaça e qualificação para a Champions). Ao contrário do Basquete, no Volei é possível estar entre os melhores - ou seja, na principal competição de clubes do mundo. Isto não é indiferente. Vamos esperar para ver, embora me pareça que a equipa já foi mais forte, tendo a certeza que o Sporting vai ser um osso duro de roer.
O Futsal tem sido a modalidade com maior acréscimo de mediatismo, quer pelos títulos internacionais alcançados para o país, quer porque tem atrás de si as poderosas estruturas organizativas do Futebol. O Benfica, que foi dominador nos tempos de Ricardinho, perdeu a liderança para um Sporting fortíssimo (sete campeonatos em oito, mais duas Champions). Como no Hóquei, quer Benfica, quer Sporting podem, com uma pontinha de sorte, ser campeões europeus (os encarnados ficaram nas meias-finais nos últimos três anos, e sempre com sabor a pouco). Diria até que era mais fácil, num dia feliz, ganhar a Champions do que um campeonato onde se é obrigado a vencer várias vezes o rival. Imperdoavelmente eliminado pelo Braga no playoff nacional, o Benfica este ano não marca presença na Europa. Por isso, entendo a temporada como de transicção, havendo que apostar nos jovens de grande valor que o plantel inclui (como Lúcio ou Kutchy) , preparando um ciclo ganhador para o futuro próximo. Tratando-se de uma modalidade com mercado circunscrito, é possível formar, construir e manter. Aliás, é isso que o Sporting tem feito, com enorme sucesso. Se no Hóquei, no Basquete e no Volei, espero nada menos do que ganhar o campeonato, no Futsal aceito um segundo lugar, e a qualificação europeia - para um 2025-26, então sim, de enorme sucesso.
Fica para o fim o Andebol, que é mesmo o caso mais problemático. Com um investimento elevado, as coisas têm corrido invariavelmente mal. Tudo começou num erro histórico, com a dispensa do saudoso Alexander Donner, que pegara na equipa na segunda divisão e em dois anos a levou ao título nacional de 2008. Na altura privilegiou-se estupidamente o balneário, dominado por jogadores de profissionalismo duvidoso (não gostavam de trabalhar tanto quanto o técnico exigia), alguns dos quais acabaram no Sporting. Perdeu-se a embalagem, a coerência do projecto e o rendimento. Nunca mais se encontrou o rumo. Entretanto houve um FC Porto de nível Champions, e agora há o melhor Sporting de sempre. Entretanto houve também um momento singular, totalmente inesperado e heroico, que foi a conquista da Liga Europeia em 2022, que tive o privilégio de presenciar, no Pavilhão Atlântico. Essa teria sido uma boa oportunidade para apanhar o comboio, e dar o passo seguinte. Por motivos que desconheço, tal não aconteceu. Esta temporada espero apenas o terceiro lugar, sendo que o segundo dá acesso à Champions. O título parece-me entregue ao Sporting, que tem conseguido manter os seus principais jogadores, e já goleou e humilhou o Benfica duas vezes neste início de época (na Supertaça e no Campeonato). E para ficar em terceiro não me parece que se justifique gastar tanto dinheiro, sendo que estamos a falar de uma modalidade olímpica, preponderante nos países mais ricos do mundo, e que exige plantéis extensos. Neste caso, justifica-se uma crescente aposta na formação, e uma visão de médio/longo prazo, para que dentro de dois ou três anos, contando também com um eventual fim de ciclo do Sporting, se possa atingir o topo.
Em suma, o montante global investido parece-me adequado, embora eu fizesse alguns ajustes entre modalidades. Para a presente época creio que quatro campeonatos femininos e dois masculinos, com um total de 23/24 troféus, seria um bom registo. Muito bom seria cinco femininos e três masculinos (no Futsal e no Andebol, não acredito que o sucesso possa ser imediato). Da frente externa, só o Hóquei tem alguma possibilidade de trazer mais do que honra e dignidade. Que assim seja. 

É GOLEADOR!

Nunca coloquei em causa o valor de Pavlidis. Sei o que fez na Holanda, vi o que fez na pré-época, e mesmo nos jogos oficiais até agora realizados, sempre me pareceu que marcar ou não marcar era uma questão de tempo - ao contrário da percepção que tive, por exemplo, de Arthur Cabral.
No jogo com o A.Madrid, mesmo não marcando (por manifesto azar), esteve em grande - como todos os outros, diga-se. Aquele cabeceamento que obrigou Oblak à primeira das suas grandes defesas, o lance em que conquistou o penálti, e outros momentos do jogo, mostraram que está ali um excelente jogador.
Não é tão bom como Gyokeres, e esse é o nosso drama. Mas tirando Haaland, Lewandowski e Kane, não vejo, no futebol mundial, muitos pontas-de-lança melhores que o sueco do Sporting.
No Wembley, o avançado grego resolveu o jogo, garantindo uma vitória histórica para a sua selecção. Marcou três, um deles anulado. A Grécia venceu 1-2.
É forte, movimenta-se bem, e tem faro de baliza. Como digo acima, marcar ou não marcar é apenas uma questão de tempo.

MAIS UM VISIONÁRIO

 

ATÉ QUANDO?

Ninguém tinha saudades disto.  Enquanto o Nacional estava na segunda divisão - onde devia ter ficado - esta situação esteve esquecida. Voltou a acontecer. Pela 17a vez!!! 
O estádio, pelo local onde se situa, não tem manifestamente condições para se disputarem lá jogos desta importância. 
A solução ideal era atirar este tipo de clubezecos para o seu devido lugar. Como ninguém tem coragem de o fazer, havia, pelo menos, que os obrigar a jogar em estadios decentes. E na Madeira há um estádio decente. Provavelmente pago com o nosso dinheiro. 
E agora? Há as datas FIFA - outro anacronismo -, há um campeonato com 18 equipas, equipazinhas e equipazecas, e há a Champions com ainda.mais jogos. Fica este la para o Natal 
Triste futebol. Triste liga portuguesa, que tem de tudo menos bom futebol. Não podemos jogar apenas na Champions? 

ONZE PARA A CHOUPANA

Isto, claro, se se confirmar a baixa de Akturkoglu.
 

RANKING DA UEFA

I N O L V I D Á V E L !

Vão faltar-me palavras para comentar o que se passou esta noite na Luz.
Quem viu, não esquecerá. Quem não viu deve lamentar-se, pois tratou-se, porventura, do melhor jogo do Benfica nos últimos anos.
É claro que há sempre quem procure desvalorizar as vitórias do clube. Naturalmente os rivais, mas, ultimamente, também alguns que se autointitulam benfiquistas. Neste caso concreto, vão ter muita dificuldade em fazê-lo.
O Atlético de Madrid, que veio na máxima força (enfim, faltou apenas o lesionado Le Normand), é das equipas que melhor defende no mundo. Gastou cerca de duzentos milhões de euros em reforços, e é candidato a tudo. Já com oito jornadas do seu campeonato, ainda não tinha perdido qualquer jogo na temporada. De resto, sofreu na Luz quase tantos golos como havia sofrido nos restantes nove jogos que disputou - nos quais só por uma vez não tinha marcado. Acabou a partida de rastos, suplicando pelo apito final do árbitro, esmagado pela força impiedosa do adversário.
Vamos ao Benfica, e desde logo a Bruno Lage. Ao contrário do que parecia acontecer com Roger Schmidt (e também a ele voltarei mais adiante), com o setubalense a equipa adapta-se estrategicamente ao adversário. Esperava-se um Benfica no mesmo 4-3-3 que se havia cimentado nas últimas partidas, mas, quase sem mexidas no onze, viu-se uma maleabilidade táctica notável: quer com um 4-4-2 em que Di Maria surgia solto como segundo avançado, e Aursnes (este homem vale ouro) e Akturkoglu como alas a reforçarem os flancos, quer com um 4-1-4-1, com Florentino atrás de um quarteto que, tanto povoava o meio-campo em processo defensivo, como se expandia assim que a equipa recuperava a bola. Além dessa dimensão táctica, percebe-se que os jogadores estão com o seu treinador, sentem-se confortáveis com o que têm de fazer em campo, e por tudo isso respiram confiança.
O efeito foi uma exibição esplendorosa, perante a qual o resultado final acabou por ser simpático para os madrilenos. O Benfica criou cerca de uma dezena de oportunidades de golo, enviou duas bolas aos ferros, obrigou Oblak a duas ou três intervenções de grande categoria e o central Gimenez a alguns cortes providenciais dentro da área – sendo estes os dois melhores elementos entre os “colchoneros”.
Do lado dos encarnados, individualmente destacaria Carreras, que fez o seu melhor jogo com a camisola do Benfica. Também Florentino, Aursnes e Kokçu estiveram em nível elevadíssimo, num colectivo que brilhou pelo todo e como um todo.
À saída do estádio muita gente falava de Roger Schmidt e do contraste (óbvio, inegável) desta equipa com a que iniciou a época. Ora como eu não tenho memória curta, e as coisas são o que são, terei de dizer que a exibição europeia do Benfica que, nos últimos anos, me recordo de mais se ter parecido com esta, ocorreu numa partida com a Juventus, quando no banco estava…Roger Schmidt. Também esse foi um jogo maravilhoso. É justo dizê-lo neste momento, até para provar que o mundo não é a preto e branco.
Com uma eventual vitória sobre o Feyenoord no dia 23 (e agora há que evitar qualquer tipo de triunfalismo), o Benfica colocar-se-á numa posição bastante favorável face ao apuramento. Não nos oito primeiros – isso parece-me utópico -, mas nos 24 que seguirão para o playoff.
Quanto ao campeonato, creio que ainda haverá tempo. E a jogar assim, o Sporting que se cuide e que se assuste- tem fortes razões para isso.
Enfim, são noites como esta que me fazem gostar de futebol, e até ter pena daqueles que não sabem o quão saboroso é desfrutar destes momentos.
Uma última palavra aos jogadores, ao treinador e ao presidente do Benfica: Obrigado!

ESPANHÓIS NA LUZ

Nos últimos dez jogos, apenas uma vitória. Equipas complicadas, defensivas, rigorosas, robustas e cometendo poucos erros. Por alguma coisa venceram mais de metade das Ligas dos Campeões e Ligas Europa dos últimos vinte anos.
Como nota de curiosidade, diga-se, porém, que o Benfica deve ser das poucas equipas europeias com saldo positivo frente ao colosso Real Madrid (2 vitórias, 1 derrota, 11-6 em golos). O problema é que só se encontraram nos anos sessenta...

ONZE PARA A CHAMPIONS


Em certos momentos, Aursnes poderá fechar o flanco direito, com Tomás Araújo a fazer terceiro central - e mais liberdade para Di Maria. Pavlidis talvez precise de ir ao banco, e Amdouni, com maior mobilidade, parece mais indicado para este tipo de adversário.
O Atlético é uma equipa extremamente difícil. Naturalmente pelo valor dos seus jogadores, mas também porque joga o tipo de futebol com o qual o Benfica tem normalmente grandes dificuldades. Um empate seria ouro.

TODOS DO MESMO CLUBE

Tudo a mesma tropa. O grande cancro do futebol e dos grandes clubes, agora potenciado pelas redes sociais. Cada um acha que o clube mundo é seu. Como não sabem nada, acham que sabem tudo, e quem não concorda é porque é ignorante. Querem impor, aos gritos, ou mesmo aos murros, a sua vontade a todos os outros. Enfim, há que resistir a esta gente, que não anda apenas no futebol.
 

A REPRESENTATIVIDADE DAS ASSEMBLEIAS GERAIS

Um artigo de José Manuel Delgado em "A Bola", seguido de resposta de Vasco Mendonça no mesmo jornal, trouxe-me de volta a este assunto.
Já perdi a conta às Assembleias Gerais convocadas este ano no Benfica, e não vamos ficar por aqui. 
Por tudo e por nada convoca-se uma AG, que é aproveitada, não para discutir o ponto, ou os pontos, em agenda, mas sim para confrontar os dirigentes - demasiadas vezes com gritaria e insultos, que  envergonham a família benfiquista aos olhos do país. Há também quem as aproveite para protagonismo pessoal: o Benfica é um poderoso trampolim para a notoriedade, que o digam alguns políticos da nossa praça.
Talvez se aplique a máxima de Churchill, quando falava da democracia. Talvez as AG sejam o pior sistema para tomar decisões...à excepção de todos os outros. Mas há que fazer uma reflexão profunda sobre elas, a sua morfologia face a um contexto muito diferente daquele em que foram idealizadas, e a sua representatividade num clube que tem 326 mil associados, 325 mil dos quais não vão às AG's, deixando que estas se resumam ao número dos presentes numa qualquer partida de Voleibol - o que acontece pelos mais diversos motivos, um dos quais a distância para Lisboa e o facto de se prolongarem invariavelmente muito para além do horário aceitável para o comum cidadão trabalhador e/ou de família.
Os benfiquistas não têm todos de ser "ultras" - embora estes achem que o clube é só deles. Há muitas formas de viver o clube, e todas são respeitáveis. A maioria dos sócios gosta de ver futebol, quer que o Benfica ganhe, mas não se interessa muito pelos jogos de poder que se disputam fora do relvado. Muitos dos sócios vivem longe de Lisboa, espalhados pelo país e pelo mundo. Fazem sacrifícios enormes para poder ir a alguns jogos. Querem futebol, vitórias e títulos. Dispensam converseta e discussões, muitas vezes estéreis e quase sempre divisionistas - quando não arruaceiras.
A consequência é que uma larga fatia das AG fica por conta de grupos de jovens com pouco que fazer, mais ou menos organizados, oriundos de Lisboa ou da sua periferia, que com grande capacidade de mobilização e de ruído, condicionam e, no limite podem até manipular, os trabalhos e decisões que afetam todo o clube. Já correu mal. Temo que um dia possa correr ainda pior. 
Não sei se é viável, mas parece-me que deveria ponderar-se a transmissão televisiva das AG (de qualquer forma acabam por aparecer, subvertidas, noutros canais televisivos), e promover a possibilidade de todas as votações serem feitas online. Isto naturalmente tem os seus riscos, mas deixar 325 mil sócios de fora parece-me bem pior. Estamos em 2024, num mundo global e tecnológico. Com a dimensão de clubes como o Benfica, fará sentido manter as metodologias de uma qualquer sociedade recreativa do século passado?
Talvez por isto mesmo alguns estranhem que, à contestação violentíssima feita em redes sociais e afins, não corresponda a eleição de presidentes nas urnas. É que esta é feita, também, nas Casas do Benfica espalhadas pelo país e pelo mundo, com privilégios justíssimos para quem é sócio há mais tempo (o maior certificado de benfiquismo que pode haver) não ficando nas mãos de vanguardas que se julgam iluminadas (e, na História, as vanguardas iluminadas deram sempre mau resultado), que continuarão a vingar nas AG enquanto estas mantiverem o formato actual.
Um caso a pensar. E já que está em curso um processo de revisão de estatutos, talvez seja a melhor oportunidade para o fazer.

SE ISTO É UM DÉRBI...

Bem sei que a camisola do Sporting se deveu a uma campanha solidária. Mas não é a primeira vez que fico chocado com equipamentos alternativos usados sem necessidade. E saúdo o sócio do Benfica que propôs que os estatutos os limitem a duas cores (vermelho e branco).
Às razões comerciais sobrepõe-se, creio eu, a necessidade de preservar símbolos. Um clube é um emblema e as suas cores. Se mexemos nesses parâmetros, corremos o risco de deixar ficar pouca coisa. As marcas desportivas estão-se nas tintas para isso. Os dirigentes não podem estar.
Nesta partida, cheguei a ter dificuldades em perceber para que lado queria que fosse a bola.
Ah... o Benfica ganhou em Alvalade. E num campeonato corrido a 22 jornadas, e em que existe uma clivagem enorme entre os principais clubes e os outros, esta vitória foi extremamente importante - limpando também a imagem deixada pelas encarnadas (às vezes vestidas de preto) na qualificação para a Champions.