A REPRESENTATIVIDADE DAS ASSEMBLEIAS GERAIS
Um artigo de José Manuel Delgado em "A Bola", seguido de resposta de Vasco Mendonça no mesmo jornal, trouxe-me de volta a este assunto.
Já perdi a conta às Assembleias Gerais convocadas este ano no Benfica, e não vamos ficar por aqui.
Por tudo e por nada convoca-se uma AG, que é aproveitada, não para discutir o ponto, ou os pontos, em agenda, mas sim para confrontar os dirigentes - demasiadas vezes com gritaria e insultos, que envergonham a família benfiquista aos olhos do país. Há também quem as aproveite para protagonismo pessoal: o Benfica é um poderoso trampolim para a notoriedade, que o digam alguns políticos da nossa praça.
Talvez se aplique a máxima de Churchill, quando falava da democracia. Talvez as AG sejam o pior sistema para tomar decisões...à excepção de todos os outros. Mas há que fazer uma reflexão profunda sobre elas, a sua morfologia face a um contexto muito diferente daquele em que foram idealizadas, e a sua representatividade num clube que tem 326 mil associados, 325 mil dos quais não vão às AG's, deixando que estas se resumam ao número dos presentes numa qualquer partida de Voleibol - o que acontece pelos mais diversos motivos, um dos quais a distância para Lisboa e o facto de se prolongarem invariavelmente muito para além do horário aceitável para o comum cidadão trabalhador e/ou de família.
Os benfiquistas não têm todos de ser "ultras" - embora estes achem que o clube é só deles. Há muitas formas de viver o clube, e todas são respeitáveis. A maioria dos sócios gosta de ver futebol, quer que o Benfica ganhe, mas não se interessa muito pelos jogos de poder que se disputam fora do relvado. Muitos dos sócios vivem longe de Lisboa, espalhados pelo país e pelo mundo. Fazem sacrifícios enormes para poder ir a alguns jogos. Querem futebol, vitórias e títulos. Dispensam converseta e discussões, muitas vezes estéreis e quase sempre divisionistas - quando não arruaceiras.
Talvez se aplique a máxima de Churchill, quando falava da democracia. Talvez as AG sejam o pior sistema para tomar decisões...à excepção de todos os outros. Mas há que fazer uma reflexão profunda sobre elas, a sua morfologia face a um contexto muito diferente daquele em que foram idealizadas, e a sua representatividade num clube que tem 326 mil associados, 325 mil dos quais não vão às AG's, deixando que estas se resumam ao número dos presentes numa qualquer partida de Voleibol - o que acontece pelos mais diversos motivos, um dos quais a distância para Lisboa e o facto de se prolongarem invariavelmente muito para além do horário aceitável para o comum cidadão trabalhador e/ou de família.
Os benfiquistas não têm todos de ser "ultras" - embora estes achem que o clube é só deles. Há muitas formas de viver o clube, e todas são respeitáveis. A maioria dos sócios gosta de ver futebol, quer que o Benfica ganhe, mas não se interessa muito pelos jogos de poder que se disputam fora do relvado. Muitos dos sócios vivem longe de Lisboa, espalhados pelo país e pelo mundo. Fazem sacrifícios enormes para poder ir a alguns jogos. Querem futebol, vitórias e títulos. Dispensam converseta e discussões, muitas vezes estéreis e quase sempre divisionistas - quando não arruaceiras.
A consequência é que uma larga fatia das AG fica por conta de grupos de jovens com pouco que fazer, mais ou menos organizados, oriundos de Lisboa ou da sua periferia, que com grande capacidade de mobilização e de ruído, condicionam e, no limite podem até manipular, os trabalhos e decisões que afetam todo o clube. Já correu mal. Temo que um dia possa correr ainda pior.
Não sei se é viável, mas parece-me que deveria ponderar-se a transmissão televisiva das AG (de qualquer forma acabam por aparecer, subvertidas, noutros canais televisivos), e promover a possibilidade de todas as votações serem feitas online. Isto naturalmente tem os seus riscos, mas deixar 325 mil sócios de fora parece-me bem pior. Estamos em 2024, num mundo global e tecnológico. Com a dimensão de clubes como o Benfica, fará sentido manter as metodologias de uma qualquer sociedade recreativa do século passado?
Talvez por isto mesmo alguns estranhem que, à contestação violentíssima feita em redes sociais e afins, não corresponda a eleição de presidentes nas urnas. É que esta é feita, também, nas Casas do Benfica espalhadas pelo país e pelo mundo, com privilégios justíssimos para quem é sócio há mais tempo (o maior certificado de benfiquismo que pode haver) não ficando nas mãos de vanguardas que se julgam iluminadas (e, na História, as vanguardas iluminadas deram sempre mau resultado), que continuarão a vingar nas AG enquanto estas mantiverem o formato actual.
Um caso a pensar. E já que está em curso um processo de revisão de estatutos, talvez seja a melhor oportunidade para o fazer.
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