UMA LENDA

Ainda há poucos dias coloquei Pietra no lote dos 120 melhores jogadores de sempre do Benfica. Fosse a lista de apenas 50, e o seu nome também poderia lá estar. Se nos limitarmos a laterais, entraria para o top 5, sendo que, além dos dois flancos da linha defensiva, também me lembro de o ver jogar a meio-campo. 
Para lá da qualidade técnica e da garra com que actuava, Pietra transportava com ele a "Mística" do clube, dentro e fora do campo. Era uma das grandes bandeiras do Benfica.
Despertei para o futebol no ano em que ele se transferiu do Belenenses para Luz. Acabou a carreira, já eu era adolescente. Minervino José Lopes Pietra (na altura decorava os nomes completos de todos os jogadores) foi pois, é pois, uma grande figura da minha infância - ao longo da qual todos os onzes do Benfica começavam por Bento, Pietra, Humberto... 

Num dos dias mais felizes da minha meninice, deu-me, como Eusébio, Chalana e outros, um autógrafo à porta do antigo Estádio da Luz, dia em que acabei a andar pelo corredor dos balneários perante a impaciência do meu Pai que me esperava cá fora - recordo-me de, com o autógrafo, Pietra me oferecer também um calendário do seu estabelecimento, salvo erro, de artigos desportivos.

Muitos anos depois, e já noutros contextos, conheci-o pessoalmente. E o que posso dizer é que, então, ainda reforçou a imagem que tinha dele. Além do jogador, percebi que também o homem era grande, empático e humilde. 

Foi treinador do meu Juventude de Évora, e mais tarde voltou ao Benfica para integrar a equipa técnica de Jorge Jesus - que, aliás, uns anos antes também havia jogado em Évora.

Várias vezes titular da Selecção, terá sido injustiçado na convocatória para o Euro 1984 - onde claramente teria lugar.

Parte pois uma figura que me era muito querida. Uma figura do benfiquismo e do futebol português. 

Adeus Campeão! Até Sempre!