ESTE JOGO MERECIA OUTRO ÁRBITRO
Vindo da sua terrinha, e de dirigir um Tukums-Daugavpils qualquer, esta anónima criatura da Letónia apareceu em Lisboa para apitar uma partida da Liga dos Campeões – um clássico, com dois ex-campeões europeus, que disputaram a final de 1965 e os quartos-de-final da época passada, e que era bastante importante, pelo menos para o Benfica.
Como seria de esperar a coisa correu mal. Muito mal.
A equipa de Roger Schmidt tem problemas no seu plantel que se revelam, sobretudo, perante este tipo de adversários. O Inter teve sorte ao marcar dois golos a abrir a segunda parte, transformando, quase acidentalmente, um jogo que até já teria dado por perdido. Depois entraram as estrelas, e podia mesmo ter chegado ao triunfo. O técnico encarnado mexeu demasiado tarde (porquê tanta insistência em Di Maria, mesmo quando se vê a olhos nus que se arrasta em campo?). Tudo isto é verdade, mas…
Não me recordo de uma arbitragem tão má na Liga dos Campeões. É certo que quando o Benfica (ou, diga-se, outro clube português ou de fora dos big-five) chega longe, há sempre uma mãozinha habilidosa a evitar surpresas. Está muito dinheiro em jogo, há clubes muito mais ricos e com mais implementação nos mercados mundiais que importa proteger em nome do negócio. Logo, um bom árbitro para a UEFA tem de ter três atributos: falar bem inglês, apresentar boa forma física, e...conseguir manipular resultados sem dar demasiado nas vistas. É assim há muitos anos. Viu-se sempre que, na última década, o Benfica ou o FC Porto chegaram aos quartos-de-final da liga milionária e para milionários.
Nem foi o caso deste letão, que não sei que idiomas domina, tem ar de atleta, e nem se pode dizer que tenha manipulado o resultado (muito menos sem dar nas vistas). Foi simplesmente incompetente. Insuportavelmente incompetente, irritando jogadores, adeptos, e estragando um espectáculo que tinha tudo para ser extraordinário.
Não foi apenas a expulsão caricata, ou o penálti precedido de uma falta do tamanho do estádio sobre João Neves perto da área do Inter. Foi um sem número de decisões, interrupções inapropriadas, lançamentos para o Benfica transformados em cantos para os italianos, faltas marcadas ao contrário, péssima gestão da lei da vantagem, e por fim, descontrolo total. Só faltou pedir para o tirarem dali. Estivesse lá eu ou o caro leitor, e a arbitragem não teria sido tão má.
Ponho a tónica na arbitragem também porque não vejo nada a apontar à prestação do Benfica e dos seus jogadores – que deixaram tudo em campo, tiveram momentos de brilhantismo individual e colectivo, e mereciam vencer. Defendesse Trubin o penálti, e estávamos aqui a falar de uma grande vitória, com uma exibição de luxo. Este jogo foi até muito parecido com o Benfica-Juventus do ano passado. Só que a Juve não obteve um quarto golo, e então ficou 4-3.
Está tudo bem? Não! A este Benfica faltam laterais, o que se sente no plano defensivo (neste tipo de jogos), e no plano ofensivo (em todo o tipo de jogos). A equipa suspira por Bah. E - ainda tenho esperança - por um Bernat em mínimos físicos. Nenhum deles será Grimaldo. Mas podem disfarçar aquela que é, claramente, a maior debilidade dos encarnados nesta altura. Aursnes faz o que pode, mas exposto na Champions vê-se que não é aquela a sua posição natural. Morato defende bem, mas é inexistente com bola. Quanto ao ponta-de-lança, Tengstedt parece estar a ganhar vantagem à concorrência, e mesmo sem marcar fez uma excelente partida. Veremos se se afirma como um grande avançado e surpreende toda a gente (incluindo eu próprio, que continuo bastante desconfiado das suas qualidades para ser “o nove” do Benfica).
João Mário? Era seguramente quem menos merecia o que se passou na segunda parte. Melhor em campo, exibição de sonho, talvez a melhor da carreira. Muito bons sinais para o futuro próximo de um Benfica que precisa dele assim. João Neves? Igual a si próprio.
Enfim, o empate do Salzburgo em San Sebastian deixa tudo como estava. O Benfica precisa de vencer por dois golos de diferença na Áustria para se manter na Europa. Não vai ser nada fácil. Também não é impossível. Eu acredito.
Comecei pelos assobios ao hino antes do jogo. Vou terminar com os aplausos e cânticos na parte final da partida, que fizeram justiça a uma equipa que, apesar da frustrante evolução do marcador, realizou uma das melhores exibições da temporada.
E agora, ainda mais do que ontem: Eu Amo o Benfica!