SERÁ UMA PRIORIDADE?

Antigamente prometia-se o Jardel. Agora, prometem-se projectos faraónicos para o Estádio da Luz e área envolvente.
Não tenho opinião fechada sobre investimentos no estádio. Concordo com o acréscimo de alguns lugares, e com a consequente aproximação das bancadas ao relvado - aspecto que não foi totalmente cuidado aquando da sua construção. Talvez os pavilhões necessitem de uma intervenção modernizadora. Mas...ficava-me por aí. Quando ouço falar de hotéis, de espaços comerciais, do inevitável corporate e de um investimento de 200 milhões, penso se o Benfica não se estará a afastar dos seus objectivos, não apenas principais, mas únicos: ter boas equipas para ganhar jogos e campeonatos.
Como disse, não tenho opinião fechada, nem consigo prever o retorno de tamanho investimento. O que posso dizer é que não me entusiasma.
NOTA: se as eleições fossem hoje, votava Rui Costa. Apesar disto.

PEDAÇOS DE HISTÓRIA

Este foi o único Benfica-Nice da história. Dia 3 de Julho de 1956, jogo de atribuição de 3º e 4º lugares da Taça Latina, disputado em Milão, na Arena Cívica (foto mais abaixo).
O AC Milan eliminara os encarnados nas meias-finais. Os franceses tinham sido derrotados pelo Atlético de Bilbau. Na final, os italianos ganharam aos bascos por 3-1, alcançando a sua segunda vitória na competição. O Benfica venceu então o Nice por 2-1, após prolongamento, com golos de Cavem e José Águas, terminando em terceiro lugar.
Esta era a competição internacional de clubes mais importante da altura. Além desta edição, o Benfica participou em mais duas: a que venceu em 1950, e a de 1957, quando perdeu na final com o Real Madrid por 1-0.



DE COMBATE

Com Berrenechea e Richard Rios, acredito que o Benfica possa ter, enfim, um meio-campo mais sólido e agressivo. Já não com os pézinhos de lã de Kokçu, mas com jogadores intensos aos quais há que juntar Aursnes. Um meio-campo que não deixe os adversários passear por perto, e que permita aos criativos (Félix?) liberdade para decidir.

NICE

Não foi o sorteio ideal, mas podia ter sido pior. O Nice está longe de ser um papão, e o Benfica tem boas hipóteses de seguir em frente.

FIM DA TAÇA DA LIGA?

Não! Não! e Não!
A Taça da Liga, sobretudo se reduzida a uma final-four (como defendo), pode ocupar apenas um fim-de-semana. São, ou podem ser, três jogos, com alta probabilidade de se tratar de "Clássicos" com grande mediatismo. É mais uma competição. Tem mais uma grande Final. É mais uma oportunidade para uma equipa festejar um título. Não é o ponto alto da temporada, mas é, ou deve ser, um ponto alto da temporada.
Não há competições a mais. Há é um campeonato completamente sobredimensionado, em que a maior parte dos 306 jogos não tem interesse nenhum. Precisamos de mais Benficas-Sportingues e Benficas-Portos. E de menos Aroucas-Rio Aves, Gil Vicentes-Avesses ou Casas Pias-Moreirenses.
Além do mais, o Benfica tem um palmarés a defender. Ou então, já agora, acabe-se antes com a Supertaça. 
Direi mesmo que a única boa ideia no futebol português dos últimos vinte anos foi a criação da Taça da Liga. E só não foi abraçada por todos porque o FC Porto tinha contas a ajustar com o então presidente do organismo, e tentou, de algum modo, desvalorizar a prova. Depois, como nunca mais a vencia, manteve a narrativa.
Não! Enquanto benfiquista nas sobretudo enquanto adepto do futebol, oponho-me vigorosamente a esta ideia estapafúrdia. Faça-se um campeonato a 8, a 10 ou a 12 equipas, de acordo com a dimensão sócio-económica do país, e deixará de haver problemas de calendário.

CARAS NOVAS

 AMAR DEDIC - Lateral-Direito, 22 anos, Bósnia  -  ex: Marselha (emprestado pelo RB Salzburg)
12 Milhões de Euros


RAFAEL OBRADOR - Lateral-Esquerdo, 21 anos, Espanha  -  ex: D.Corunha (emprestado pelo Real Madrid)
5 Milhões de Euros

ENZO BARRENECHEA - Médio-Centro, 24 anos, Argentina  -  ex: Valência (emprestado pelo Aston Villa)
15 Milhões de Euros

PONTO DE SITUAÇÃO


 Possíveis contratações: Cuenca (DEF), Berrenetchea e Thiago Almada (MÉD), João Félix e Hadj Moussa (AVA).

E PARA O LUGAR DE KOKÇU...

Um gorila! Isso mesmo. Aliás, eram necessários mais dois, uma para cada lateral. O Benfica precisa urgentemente de músculo. Pela minha parte estou farto de artistas, estou farto de veludo, estou farto do mito do futebol ofensivo, estou farto de dominar jogos e sofrer em contra-ataque, e não queria morrer sem ter um dia um Benfica que, marcando um golo, todos na bancada sentíssemos que o jogo estava ganho.
Não quero na Luz um grupo de bailarinos, mas sim um exército de guerra. Não preciso de toques de calcanhar, rabonas, reviengas, trivelas, verónicas ou chicuelinas. Nem mesmo de jogadas bonitas e envolventes. Só quero uma coisa: ganhar!
O Benfica nasceu, cresceu e chegou ao topo da Europa, ainda sem Eusébio, e com equipas de combate. Artistas eram os violinos. Depois houve Eusébio, que marcou a história. Mas foi só um e acabou em 1975. Nas últimas décadas o Benfica perdeu demasiadas vezes por tentar reproduzir um modelo de um tempo que já não existe, que fica muito mais dispendioso e raramente dá resultados. Enquanto isso viu o FC Porto vencer anos a fio, recorrendo, é certo, a muito jogo subterrâneo, mas também a equipas sólidas, fortes e combativas, construídas invariavelmente de traz para a frente. Algo que Ruben Amorim levou para o Sporting, com o desfecho que conhecemos.
Infelizmente não tenho muita esperança. O caldo cultural do futebol dominante, ofensivo e bonito está demasiado impregnado, desde logo entre os adeptos. Poucos festejariam uma vitória por 1-0 sobre o Arouca ou sobre o Casa Pia. Nem se lembrariam que isso poderia significar que o adversário não tinha, sequer, criado ocasiões de perigo. Mas no fim, meus amigos, era mais provável chegarmos todos ao Marquês.
Não é em vão que se diz: se o ataque ganha jogos, a defesa ganha campeonatos. No Benfica, e isso começa uma vez mais a ser patente, investe-se fortemente em talento criativo, e depois perdem-se campeonatos para o músculo, para o rigor, para a solidez. No fim, até os amantes de ópera se queixam do facto de o Benfica gastar muito e ganhar pouco. Porque será?

A HORA DE LAGE

Na época que passou, Bruno Lage, mesmo sem ter tido qualquer responsabilidade na formação do plantel, mesmo herdando uma equipa em crise e já distante da liderança, conseguiu fazer mais pontos que qualquer outro clube (mais três que o Sporting, mais onze que o FC Porto), conseguiu vencer a Taça da Liga, só não ganhou a Taça de Portugal porque Tiago Martins não deixou, goleou o FC Porto duas vezes, goleou o Atlético de Madrid, discutiu taco a taco com o Barcelona, foi a melhor equipa portuguesa na Champions e no Mundial de Clubes, valorizou alguns jogadores (Tomás Araújo, Carreras, Pavlidis), e merecia muito mais do que a sorte lhe ofereceu.
Agora poderá formar o plantel que quiser, naturalmente dentro das limitações orçamentais do clube. Poderá preparar a equipa a seu gosto, mesmo com pouco tempo de trabalho até à Supertaça. E com um bocadinho de sorte (até agora não teve nenhuma), devolver o Benfica aos títulos. 
É a sua hora. E, ao que parece, não poderá queixar-se de Rui Costa não lhe fazer algumas vontades. Continuo a pensar que é o melhor treinador da Liga portuguesa, e o treinador ideal para o Benfica neste momento. Vamos então ao trabalho e às vitórias!

NÃO À CENTRALIZAÇÃO

Mais vale tarde que nunca. O Benfica deu agora o murro na mesa, dizendo aquilo que há muito parece óbvio: a centralização de direitos televisivos não lhe interessa, nem interessa ao futebol português.
Era conveniente, aliás, que André Villas-Boas e Frederico Varandas se associassem a esta posição. Também Sporting e FC Porto nada têm a ganhar com uma centralização de aviário, decidida num delírio de um qualquer governante mal informado.
Tout court, esta "centralização" mais não é do que roubar dinheiro dos bolsos dos adeptos dos três grandes (95% das pessoas que, directa ou indirectamente, pagam o futebol), para o entregar a investidores de SAD fantasma, que não se sabe bem de onde vêm, mas sabe-se bem demais ao que vêm. É criar um equilíbrio fictício, feito a martelo.
A Liga portuguesa é uma mentira bem contada. Tem um clube gigante, dois grandes, dois médios e três ou quatro pequenos. O resto são entidades sem adeptos, sem história, por vezes mesmo sem instalações, com assistências de mil ou duas mil pessoas, que servem para alguns indivíduos ganharem dinheiro com as visitas do Benfica e com as transferências de jogadores - que a maioria das vezes nem sequer são portugueses.
É claro que isto dá emprego a treinadores de refugo, árbitros miseráveis, delegados oportunistas, e enche a grelha da Sport Tv ao fim-de-semana. Mas não interessa nada aos adeptos, e muito menos aos clubes, os verdadeiros, aqueles que têm massa crítica e que trazem pontos, prestígio e receitas para o país.
Com uma redução drástica do número de clubes na Liga (já há anos que defendo um modelo competitivo de oito equipas a quatro voltas, mais de acordo com a dimensão do país e com a verdade do futebol português), então sim, haveria condições para valorizar a competição, agregar patrocinadores, tornar os jogos mais apelativos, multiplicar  "dérbis" e "clássicos", equilibrar as forças e, porventura, centralizar direitos. Tal como as coisas estão, nem pensar. 
Se o poder político quiser preocupar-se a sério com os desequilíbrios do futebol português, que olhe para o que tem acontecido a emblemas históricos como Belenenses, Vitória de Setúbal, Académica e, mais recentemente, Boavista, que olhe para o mapa de Portugal e repare na distribuição das equipas (a sul de Lisboa não há nenhuma, tal como não há em todo o interior do país), e, aí sim, encontrará matéria para justificada e justificável intervenção.
PS: Sobre a pirataria televisiva, as estações que não cartelizem o produto (como aconteceu, vergonhosamente, com a Liga dos Campeões), façam preços ajustados ao país, e depois falem. Até porque, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

OFERECE-SE

O trio Jurasek, Kokçu e Arthur Cabral representa o que de pior teve a abordagem do Benfica aos mercados nos últimos anos. E condicionou, em muito, o resultado desportivo das duas últimas temporadas.
Neles foi investido, no triste verão de 2023, um montante total de quase 60 milhões de euros, fora salários e bónus. Neles alguém pensou (de forma intrigante) poder encontrar os substitutos de Grimaldo, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos, trio fundamental no último grande Benfica que vimos.
Um terço desse valor já terá sido recuperado com o lateral checo (8) e com o avançado brasileiro (12). Talvez seja possível recuperar mais uma parte significativa com a venda de Kokçu - a quem der mais (20? 25?).
O que não se recupera é o tempo perdido. Se para a lateral-esquerda apareceu Carreras (entretanto há que encontrar outro com rapidez) e para a frente de ataque temos hoje Pavlidis (veremos se se aguenta), para o eixo do meio-campo ficámos limitados ao cronicamente lesionado Renato Sanches. E a equipa ficou manca. Lá se foram dois campeonatos para quem, do outro lado, na mesma altura e talvez com menos dinheiro, foi buscar Hjulmand e Gyokeres.
Quem frequenta este espaço sabe que Kokçu nunca me convenceu. Trata-se, ainda, do jogador mais caro da história do futebol português, mas nunca se afirmou como alguém determinante no rendimento da equipa. Pelo contrário. E o problema nunca foi a capacidade técnica (que até tem, embora não na medida que ele pensa), mas a perturbadora atitude competitiva, que sempre contrastou com uma postura de vedetismo indisfarçável dentro e fora do campo. Displicência e arrogância misturadas de forma explosiva. 
Espero que saia rapidamente do clube e não volte. Arthur Cabral, pelo menos, era um profissional esforçado. Muitas vezes vale mais quem quer do que quem pode. Se Jurasek e Cabral manifestamente não podiam mais, Kokçu nunca quis nada.
Enquanto benfiquista, também não quero nada dele, a não ser distância.

MAL

Vou aos funerais que quero e não vou aos que não quero. É uma questão íntima, e ninguém tem nada com isso.
Acontece que não sou presidente de nenhuma instituição. Se fosse, sentiria a responsabilidade de representar os associados nas ocasiões em que tal se justificasse.
Gostava, por isso, de ter visto o presidente do maior clube português, o presidente do meu clube, no funeral de um jogador da selecção nacional, falecido aos 28 anos de forma trágica. Ainda por cima tendo sido, ele próprio, também internacional português. 
É verdade que o capitão da selecção também não foi, mas desse confesso que não espero grande coisa em termos de cidadania.

A MINHA HOMENAGEM

Há vários vídeos a circular sobre Diogo Jota. Cada um mais arrepiante do que outro.. 
Escolhi este. 
A Final da Liga das Nações foi o último jogo da carreira de Diogo Jota. Quis o destino que ela terminasse em apoteose, com um título para a Selecção Nacional. 
Foi um jogo em que sofri com ele, em que vibrei com ele. Como em tantas outras ocasiões, sempre que jogou por Portugal, foi um dos meus. E mesmo quando jogava pelo Liverpool, era um dos nossos: um digno representante do país e do futebol português.
Fica aqui como última homenagem deste espaço a um jogador cuja trágica morte ainda não nos habituámos a aceitar.

CHOCANTE

A morte de um jovem é sempre perturbadora. Quando totalmente inesperada e tratando-se de alguém que nos habituámos a ver cheio de vida e de alegria em campo, o choque é ainda maior.
Diogo Jota fez 49 jogos, e marcou 14 golos, com a camisola da Selecção Nacional. Várias vezes aqui reclamei a sua titularidade (e/ou a de outros) no lugar de Cristiano Ronaldo. Infelizmente, brutalmente, deixou de haver essa opção.
Esteve a um passo de representar o Benfica em 2016, acabando então por assinar pelo Atlético de Madrid e ser emprestado ao FC Porto. Mas foi na Premier League que atingiu o seu auge, primeiro no Wolverhampton, depois no Liverpool - onde se afirmou, e ao longo das últimas cinco temporadas realizou 182 jogos e marcou 65 golos (números notáveis quando falamos do actual campeão inglês).
Morre aos 28 anos, ainda com muito para dar ao futebol e, sobretudo, à vida. No mesmo acidente, morreu também o seu irmão, André Silva, jogador do Penafiel e ainda mais jovem.
Associo-me à inimaginável dor da família.
Que Diogo e André descansem em paz.

A CAMINHO DA DÚZIA

Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer, Cristóvão Carvalho, Paulo Parreira, Mauro Xavier, e quem mais se apresentar.
Candidatos não faltam. E estou curioso para saber se, no fim das contas, neste aparente taco a taco, haverá mais gente a querer ser presidente do Benfica ou presidente da república.
Enfim, se não aparecesse ninguém era pior...

ALGUNS NÚMEROS DO MUNDIAL

Resultados:
- Média de golos por jogo: 3,07 (acima dos últimos 16 Mundiais de Selecções e acima dos últimos 12 Europeus).

- Média de assistências por jogo: 35.847  (muito abaixo da capacidade média dos estádios - 56.666, ligeiramente abaixo do Euro 2004 em Portugal - 37.272).

- Melhores Marcadores: Di Maria 4 golos, vários jogadores ainda em prova com 3 golos (Kane, Olise, Musiala, P.Neto, M.Leonardo, G.Garcia e Guirassy).

- Equipas europeias versus outros continentes: 33 jogos, 21 vitórias, 7 empates, 5 derrotas.

- Encaixes financeiros por clube em milhões de euros: