TRANSPARÊNCIA...OU BOAS-FÉS?
Defendo, há muito, a impossibilidade de clubes do mesmo escalão
partilharem direitos sobre um mesmo jogador – seja a título de empréstimo, seja
mediante qualquer outro enquadramento contratual.
Todavia, a regulamentação em vigor (ainda) não aponta nesse sentido,
privilegiando os interesses dos atletas, e acreditando que a boa-fé proteja,
por ela própria, o interesse do adepto pagante e a verdade desportiva.
Neste contexto, parece-me mais razoável que um ou outro jogador, num
ou noutro jogo, se vejam impedidos de defrontar clubes com os quais têm ligação,
do que fazê-lo, e, então sim, abrir espaço a todas as suspeitas – sobretudo se
o seu desempenho não for o mais feliz.
Vivemos no país do Apito Dourado. Vivemos num país em que uma partida
decisiva para a atribuição do título teve frente a frente aqueles que viriam a
sagrar-se campeões, e o seu futuro treinador e alguns dos seus futuros
jogadores. Vivemos num país em que certas exibições, de certos defesas ou
guarda-redes, deixaram no ar um certo sentimento de estranheza, sempre que enfrentavam
clubes com os quais se viriam a vincular pouco depois. Ainda me recordo,
também, do caso Cadorin, e, mais remotamente, de um auto-golo de Manaca. Tudo
isso deixou-me um irreversível sentimento de desconfiança no futebol português,
e na grande maioria dos seus agentes. Por isso, quando se trata de futebol
português, a boa-fé é uma treta.
O Benfica-Belenenses foi um jogo transparente. Não que, com a presença
de M.Rosa e Deyverson, deixasse de o ser. Mas, nestas coisas, além de ser, é
importante parecer. Quer se trate de um Benfica-Belenenses, de um P.Ferreira-FC
Porto, de um Leixões-FC Porto, ou de um V.Guimarães-Sporting.
PS: No domingo a liderança estará em jogo. Não sendo uma partida decisiva
trata-se, porém, de um momento importante para o futuro do campeonato. Espero
que tudo decorra dentro da normalidade, e que não haja qualquer interferência
externa ao normal desempenho dos jogadores. Assim, o Benfica ficará mais perto
da vitória.
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