INSÍPIDO


Num jogo insonso, sonolento e sem qualquer motivo de interesse, Portugal não foi além de um nulo frente à modéstia Macedónia.
Este tipo de testes não é conclusivo (aliás, a Alemanha até perdeu). Mas se o objectivo passava também por ajudar a criar uma onda de entusiasmo em redor da equipa, aí o fracasso foi total.
Pode dizer-se que algumas opções do seleccionador (que continuo a apreciar, embora nem sempre esteja de acordo com ele), e até, de certa forma, a própria conjuntura do grupo de seleccionáveis, não ajuda a puxar pelo público. Por exemplo, o facto de nenhum jogador do Benfica ser titular, deixa desde logo seis milhões de portugueses (a maioria) um tanto alheios, não ao destino da selecção, mas ao afecto que noutro contexto ela lhes mereceria. Falo por mim: torço por esta selecção, desejo-lhe o melhor, mas quando olho para os seus intérpretes, não vejo, na maioria dos casos, ídolos com que as minhas simpatias se identifiquem. Pelo contrário, vejo até muitas caras de que manifestamente não gosto (não necessariamente do FC Porto, pois até aprecio, por exemplo, João Moutinho), o que não acontecia nos tempos de Rui Costa, João Pinto, Figo, Nuno Gomes, Simão, Pauleta, Paulo Ferreira, Jorge Andrade, Maniche, etc, ou antes, de Nené, Chalana, Humberto Coelho, Bento, Jordão, Jaime Pacheco, Sousa e Fernando Gomes (para referir jogadores de todos os clubes). Muitos pensarão como eu.
Nada disto justifica, porém, os assobios que, uma vez mais, se ouviram em Leiria. Em tempos, Gilberto Madail chegou a dizer que a selecção iria repensar a hipótese de jogar naquela cidade. O que é certo é que, já sem ele, voltou a fazê-lo, e voltou a não ter o apoio que merecia.
Não tenho nada contra Leiria, mas trata-se de uma cidade que não gosta de futebol. O exemplo do clube da casa é bem revelador, sendo normalmente aquele que menos espectadores levava ao estádio. Sou insuspeito para escrevê-lo, mas se o segundo jogo de preparação (eventualmente com Eduardo na baliza, e Nélson Oliveira no centro do ataque) se jogará na Luz, este primeiro (com Beto na baliza, Rolando na defesa e Quaresma a titular) poderia muito bem ter sido jogado no Dragão. E, sendo justo, acredito que o apoio dispensado fosse substancialmente maior.
Com mais ou menos afectos, no sábado lá estarei, sentado nas bancadas, a manifestar um voto de apoio à selecção do meu país.

1 comentário:

Anónimo disse...

No meu caso, vou tentar fazer a cabeça em água aos meus amigos e conhecidos quando, no café, apoiar a Almanha e a Holanda. Relativamente à Dinamarca vou ser isento.
Não sou contra Portugal, ou contra a Federação, os seus patronos e afilhados.