FEIRENSE-BENFICA
O Benfica é o maior clube português. Provavelmente, em número de sócios e adeptos, será até maior que os outros dois chamados “grandes” em conjunto. Mas para a generalidade da comunicação social é apenas…um dos três “grandes”.
Este tratamento mediático a que está sujeito (e que, tratando por igual o que é diferente, de certa forma subverte os critérios mais lógicos), empurra-o, em nome de uma pretensa e falsa isenção, para uma vulgaridade que não corresponde à sua evidente supremacia popular. Quando está a ganhar, este exercício torna-se mais nítido, vendo-se os rivais lisboetas e nortenhos unidos na tentativa de descredibilização das suas vitórias. Com uma maioria mediática de dois terços (claramente acima daquilo que representam na população), as suas vozes tornam-se grossas, fazendo passar a mensagem que pretendem. Assim nasceu o Estoril-Gate (para, de forma estapafúrdia, justificar o título de 2005). Assim nasceu o Túnel da Luz (para, de modo canhestro, ensombrar o de 2010). E sempre que o Benfica estiver na frente de um qualquer campeonato, deste ou dos próximos anos, a mistificação em redor das arbitragens ou de aspectos afins crescerá na mesma proporção da vantagem classificativa.
Tudo isto para dizer que o que se tem visto, ouvido e lido em torno da arbitragem de Santa Maria da Feira, não passa de um puro exercício de mentira (que vai arrastando na onda até mentes normalmente lúcidas, como, por exemplo, a de Cruz dos Santos).
Rui Costa esteve mal? Sim.
Rui Costa beneficiou o Benfica? Nem por sombras, como passo a demonstrar.
Há vários casos a merecer análise neste jogo. A saber:
- Empurrão a Rodrigo, dentro da área, perto da linha de fundo, que seria penálti.
- Empurrão a Javi Garcia, quando este estava no ar, dentro da área, que também poderia dar penálti.
- Corte com a mão evidente de um defesa feirense a cruzamento de Witsel, lance que configura um claro penálti por assinalar.
Ou seja, no final da primeira parte, estavam já dois penáltis e meio (vá lá…) por marcar a favor do Benfica. Mas há mais.
- Expulsão perdoada a um jogador feirense, por segundo amarelo, a rasteira sobre Maxi Pereira, com o resultado em 1-1.
Temos pois já quatro lances (dois evidentes, dois mais duvidosos) a merecerem o mesmo sentido de decisão por parte do árbitro: contra o Benfica.
É verdade que, antes deste último caso referido, houve um golo mal anulado ao Feirense. Ludovic é muito rápido, e só na repetição televisiva se percebe que estava de facto em jogo no momento do passe. Já cheguei também a ler que este golo faria o 2-0, o que é falso.
No balanço final temos pois quatro decisões a penalizar o Benfica, e uma a favorecê-lo.
Será assim que se leva alguém ao colo?
Em todo o caso, já se sabe que daqui em diante, enquanto o Benfica liderar, a contestação vai crescer. Da parte de comentadores supostamente isentos, da parte de treinadores e jogadores adversários, da parte de todos os que, por diferentes motivos, não suportam ver o Benfica a ganhar.
Resultado Real: 2-4
SPORTING-BEIRA MAR
Embora a luta pelo quarto lugar não me interesse particularmente, tenho de dizer que, em Alvalade, o homem do jogo, o autor dos golos, deveria ter sido expulso aos 30 segundos.
Duarte Gomes terá querido evitar mais polémicas com o Sporting, mas a verdade é que, vistas as repetições, não há ninguém nas costas do norte-americano quando ele rasteira o aveirense que se isolava. Os cartões não têm timing, e ali era caso para um vermelho, cujas consequências não consigo aqui apurar.
Resultado Real: 2-0
GIL VICENTE-FC PORTO
Não me recordo de uma única vez, nos últimos anos, em que o FC Porto perca ou empate um jogo do campeonato, e não se atire furiosamente à arbitragem. Foi assim com Villas-Boas – que em dois dos três empates que sofreu, foi expulso -, e tem sido assim com o seu sucessor, arriscando eu a dizer que será assim também com quem, a este, vier a suceder.
No jogo com o Benfica foi o Cardozo que ia assassinando o Fucile, em Olhão foi um penálti, na Feira foi não sei já o quê (mesmo puxando pela memória só me lembro de um penálti cometido pelo Belluschi), agora foi o Bruno Paixão. É a escola de Pedroto, trinta anos depois, ainda bem viva.
Ou seja, para aquela gente, se não fosse a arbitragem, o FC Porto ganhava sempre, e o Benfica perdia sempre. Estranho, num clube acusado de corrupção desportiva, cujo presidente oferecia meninas e pagava viagens aos árbitros, recebendo-os em casa nas vésperas dos jogos para conselhos matrimoniais; e que só não está preso devido aos incidentes processuais que os seus advogados levantaram, nomeadamente em relação à validade formal dos meios de prova utilizados. Aliás, portistas com alguma vergonha na cara, deveriam ficar calados durante pelo menos uma década em relação a temas de arbitragem.
Mas vamos então a um jogo, no qual o FC Porto tem, efectivamente, algumas razões de queixa, embora longe da dimensão que pretende fazer passar.
Há, de facto, dois penáltis por assinalar a favor dos dragões (cotovelada a Defour e rasteira a Kleber), mas haveria também mais um a favorecer os minhotos, num primeiro corte com a mão de Otamendi. Todos estes lances são meramente televisivos, e não acredito que um único adepto no estádio tenha tido quaisquer certezas no momento. No lance do Kleber, mesmo com repetições, embora aceite tratar-se de penálti, não estou absolutamente certo de que não seja o avançado a provocar o contacto. Terá sido essa, aliás, a interpretação do árbitro setubalense.
Já quanto ao alegado fora-de-jogo que dá origem ao penálti efectivamente assinalado, tenho ainda mais dúvidas. E as minhas dúvidas estão na…transmissão televisiva, designadamente na forma como é colocada a linha no ecrã.
Vi o lance com atenção, e parece-me que a linha criada pela Sport Tv (e que, perante os mais desatentos, fará lei), está ligeiramente inclinada, o suficiente para transformar um lance no limite da legalidade, num fora-de-jogo claro. Quem tiver possibilidade de voltar a ver a imagem, pode verificar. Tentem ver o lance sem a tal linha, e digam depois se o jogador gilista está ou não deslocado. A mim parece-me bem que não.
Se se trata de um erro, seria importante que a Sport Tv o rectificasse. Se é intencional, então o caso é mais grave. Mais uma vez é o peso de uma certa comunicação social a trabalhar, e desta vez até o Luís Freitas Lobo se queixou da arbitragem.
Curioso também, foi ver, na sequência deste jogo, muitos sportinguistas bastante incomodados com a derrota do FC Porto, e com a possibilidade de o Benfica se distanciar na classificação. Fica o registo.
Resultado Real: dando, ainda assim, o benefício da dúvida à Sport Tv, e considerando o segundo golo gilista irregular, com dois penaltis de um lado e um do outro, se não me falham as contas ficaria 3-3
CLASSIFICAÇÃO REAL
BENFICA 47
FC Porto 41
Sporting 36