MUITO MAIS DO QUE TRÊS PONTOS

Os festejos exuberantes do banco benfiquista, e dos jogadores no relvado, mal o árbitro apitou para o final da partida, não enganam. Tal como eu aqui defendera, a partida de Santa Maria da Feira foi encarada por todos como um dos mais difíceis obstáculos que o Benfica tinha pela frente, pelo menos até ao mano-a-mano com o FC Porto na Luz.


Concorriam para isso diversas circunstâncias, como, antes de mais, a qualidade da equipa adversária (havia empatado com o FC Porto em terreno neutro, e feito a vida negra ao Benfica na primeira volta), o exíguo campo onde se iria jogar, o estado do respectivo relvado, uma certa quebra encarnada verificada na jornada anterior, e um árbitro cujo “palmarés” não vaticinava nada de bom. A forma como decorreu o jogo, a desvantagem verificada já na segunda parte, a dificuldade em impor um futebol de qualidade, e a reviravolta final, completaram um quadro no qual o Benfica, para além da natural felicidade pelos três pontos, sentiu também o alívio de ter conseguido cruzar um cabo com muitas e ameaçadoras tormentas.


O espectáculo não foi bom. Julgo que, naquelas condições, dificilmente o poderia ter sido. Não creio que seja legítimo que os clubes pequenos usem como arma campos onde é objectivamente impossível jogar bem. A culpa não é deles, mas de uma Liga a quem falta coragem para pugnar pelo futebol-espectáculo.


Deixando de lado culpados e inocentes, o que é certo é que a beleza do jogo com que o Benfica tem encantado os adeptos teve de ficar em casa. Os encarnados procuraram um futebol directo, tentando fazer de conta que o meio-campo não existia. Aimar acabou por sair penalizado, quase não se vendo durante o tempo que esteve em campo (eu nem o colocara no onze). Nas alas não havia espaço para desequilibrar. A pressão adversária era sufocante, e não deixava pensar. Não era jogo para traje de gala. Era jogo para fato-de-macaco. Um fato-de-macaco que não assenta lá muito bem a uma equipa de Jorge Jesus demasiado fotogénica para tão rudimentar forma de vestir.

A vitória acaba por ser justa, apenas em função do número de oportunidades criadas. Em momento algum dos noventa minutos o Benfica conseguiu dominar o jogo, que, como disse, pedia características bem diferentes daquelas que o têm distinguido. E confesso que, ao golo do Feirense, cheguei a temer o pior.


Não há campeões sem sorte, e o auto-golo poucos minutos decorridos caiu do céu, tal como cairia um penálti tão justo quanto desnecessário, que havia de dar, pelos pés do inevitável Óscar Cardozo, o saboroso e importante triunfo.



Gostava de destacar Rodrigo, que só por muita infelicidade (e muito Paulo Lopes) não marcou neste jogo. Pela negativa, além do que já ficou escrito, creio também que Emerson voltou aos seus piores dias, como que a fazer lembrar que faltam poucos dias para o encerramento do mercado.



A equipa de arbitragem esteve mal, prejudicando ambas as equipas. Primeiro o Benfica, escamoteando-lhe um penálti claro ainda na primeira parte, com o resultado em branco, num corte com a mão de um defensor feirense. Depois o Feirense, num golo mal anulado, em fora-de-jogo inexistente. Diga-se, porém, em nome da verdade, que a responsabilidade maior em ambos os lances deve ser endereçada ao assistente. Seja como for, a influência no resultado final acabou por se neutralizar no meio da incompetência demonstrada.

6 comentários:

ruddion disse...

Desculpe mas não concordo com a parte do GV ser prejudicado. Primeiro não houve golo anulado porque a jogada tinha sido interrompida por pé-em-riste do Ludovic.
Mais ainda, o canto que dá origem ao golo do Gil e precedido de fora de jogo não assinalado.
Mas com transmissões daquelas em que não há repetições para esclarecer as jogadas que prejudicavam o Benfica, não há nada a fazer...

Anónimo disse...

Acho que é injusto estar a crucificar-se o Emerson desta forma, pelo menos neste jogo, onde teve de acompanhar SOZINHO as incursões de 2 jogadores pelo seu lado, sendo que um deles é um dos jogadores mais rápidos deste campeonato. E no final ainda evitou um remate perigoso.

Anónimo disse...

não é Gil Vicente, é Feirense!!

eu bem sei que o Gil Vicente até merece uma homenagem....

jbernardo disse...

Atenção, não caias tu também na conversa. Não há golo anulado por fora-de-jogo, há um lance bem interrompido por pé em riste, em que o jogador chuta a bola já com a partida interrompida e não vê o amarelo. E não viste também o penlaty por derrube do Javi, se não me engano ao minuto 17 da primeira parte?

Constantino disse...

Sem querer entrar na dança do "o meu clube foi mais prejudicado que o teu" penso que o saldo do rui costa fica assim:

1ª parte - penalty não assinalado por mão de defesa feirense e penalty não assinalado por empurrão claro a Rodrigo no momento em que ia cruzar junto à linha de fundo na pequena área. Mesmo neste lance fica a sensação de que após o cruzamento feito em desiquilibrio, o corte do luciano é feito com o braço.

2ª parte - golo mal anulado se foi assinalado fora de jogo e expulsão perdoada ao thiago freitas por rasteira sem bola ao Maxi (seria 2º amarelo)

Ah, claro e falta penalty por marcar por mão do Emerson junto à linha lateral...

Abraço

FranciscoB disse...

Mais uma arbitragem "à antiga porto guesa".

Chamo a atenção para uma estatística que deveria ser feita; seria muito interessante comparar os quilómetros percorridos pelos jogadores adversários nos jogos contra o Benfica e contra o fókuporco, assim como a velocidade média de cada jogador...

Lembro-me perfeitamente de que o jogo Feirense 0 - fokuporko 0 foi jogado "a passo"... ontem parecia que estávamos a jogar contra o Chelsea, com o Mourinho no banco...

Qt ao Emerson, tenho comentado várias vezes sobre as suas insuficiências, sobretudo qd comparado com um jogador campeão da europa e do mundo que o mestre da tática não inscreveu na champions... mas neste jogo, Emerson esteve bem, esforçou-se, não foi ultrapssado na defesa, não perdeu a bola em zonas perigosas, e ainda evitou um golo certo no final do jogo.