DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Há três anos atrás, na sequência da invasão da Ucrania, praticamente todas as federações do mundo, bem como o Comité Olímpico, suspenderam a participação da Rússia nas diversas competições desportivas.
Ora o que se passa em Gaza não tem certamente menor gravidade. Porém, Israel continua alegremente sem sofrer qualquer sanção, e a participar em tudo como se nada estivesse a acontecer. Vê-se o que se está a passar na Volta a Espanha em bicicleta - prova em que a UCI obriga à participação de todas as equipas do primeiro escalão, deixando a organização sem armas para dar resposta -, mas, ainda no ciclismo, viu-se que, na Volta a Portugal, sem essa obrigatoriedade, a equipa de Israel (no caso, uma espécie de equipa B) foi convidada (!?!?), ao mesmo tempo que o vencedor da prova, um russo, não podia sequer exibir a bandeira do seu país. No futebol é o mesmo: falta a Rússia, mas lá está Israel.
Não questiono o princípio, tantas vezes afirmado pela FIFA e pela UEFA, segundo o qual não deve misturar-se desporto com política. Mas nesse caso jamais as equipas russas e os seus atletas (que, de facto, não têm culpa nenhuma daquilo que faz Putin), deveriam ter sido proíbidos de competir. Abriu-se um precedente, e agora o que não pode é haver dois pesos, conforme o bandido é mais ou menos inimigo do mundo ocidental. Só falta castigar um qualquer jogador que um dia destes se lembre de levantar a camisola e exibir uma mensagem de apoio ao massacrado povo palestiniano.
Todas estas entidades (a começar na União Europeia) perdem credibilidade a cada dia que passa, pela falta de critério, e pela falta de firmeza (quando o mundo mais precisava de tudo isso). A participação de Israel nas competições desportivas da UEFA (sem sequer ser um país europeu) é só mais uma prova.
Ora o que se passa em Gaza não tem certamente menor gravidade. Porém, Israel continua alegremente sem sofrer qualquer sanção, e a participar em tudo como se nada estivesse a acontecer. Vê-se o que se está a passar na Volta a Espanha em bicicleta - prova em que a UCI obriga à participação de todas as equipas do primeiro escalão, deixando a organização sem armas para dar resposta -, mas, ainda no ciclismo, viu-se que, na Volta a Portugal, sem essa obrigatoriedade, a equipa de Israel (no caso, uma espécie de equipa B) foi convidada (!?!?), ao mesmo tempo que o vencedor da prova, um russo, não podia sequer exibir a bandeira do seu país. No futebol é o mesmo: falta a Rússia, mas lá está Israel.
Não questiono o princípio, tantas vezes afirmado pela FIFA e pela UEFA, segundo o qual não deve misturar-se desporto com política. Mas nesse caso jamais as equipas russas e os seus atletas (que, de facto, não têm culpa nenhuma daquilo que faz Putin), deveriam ter sido proíbidos de competir. Abriu-se um precedente, e agora o que não pode é haver dois pesos, conforme o bandido é mais ou menos inimigo do mundo ocidental. Só falta castigar um qualquer jogador que um dia destes se lembre de levantar a camisola e exibir uma mensagem de apoio ao massacrado povo palestiniano.
Todas estas entidades (a começar na União Europeia) perdem credibilidade a cada dia que passa, pela falta de critério, e pela falta de firmeza (quando o mundo mais precisava de tudo isso). A participação de Israel nas competições desportivas da UEFA (sem sequer ser um país europeu) é só mais uma prova.
Espero que os acontecimentos da Vuelta sirvam pelo menos para reflexão.
3 comentários:
Vamos ignorar que a Rússia iniciou a ofensiva e que Israel reagiu a uma brutalidade sem nome.
Os acontecimentos da Vuelta servem para mostrar que as autoridades policiais e políticas espanholas são coniventes com tudo o que está a acontecer e até incentivam. Eu estive em Espanha há uma semana, assisti a manifestações e pude constatar como a maioria da população está a milhas destas manifestações.
Para muito boa gente, o Hitler foi um traste, não pelo que fez, mas por não ter levado o trabalho até o fim.
Jorge, a essas circunstâncias chamam-se, em direito penal, atenuantes e agravantes. Não retiram responsabilidade por um crime a quem o comete. Dois crimes de sinal contrário não se anulam.
A maioria da população nunca se manifesta, a não ser em causa própria e situações limite. O facto de não protestar activamente não quer dizer que não concorde com uma causa.
E estou à vontade se disser que essa lógica da minoria militante também se aplica aos palestinianos e israelitas (para não alargar a árabes e judeus). Segundo estudos de opinião (e vox pop) a maioria das respectivas populações são simpatéticas em relação às acções do Hamas e do governo de Netanyahu. Estão bem uns para os outros. Não implica que ambos os lados não cometam crimes.
Mas, como a Palestina ainda não aparece com atletas nas competições desportivas, e o Hamas, contrariamente ao governo de Israel, não é o representante legítimo e internacionalmente reconhecido de um estado, dificilmente as duas "nações" poderiam penalizadas da mesma maneira, com exclusão das competições desportivas.
A polícia não é conivente nem deixa de ser. A polícia faz cumprir a lei, com os meios que tem à sua disposição. Estamos a falar de uma corrida ao longo de centenas de quilómetros, não de manifestações numa praça.
Depois infelizmente o Jorge decide viajar na maionese e jogar as cartas do anti-semitismo e de reductio ad Hitlerium. É a cantiga do costume, a cantar desde 1945, como se ter sido vítima no Holocausto fosse uma licença para matar, e como se anti-sionismo e anti-semitismo fossem a mesma coisa. Os milhares de judeus que são contra a actuação do estado de Israel devem ser os tais "self-hating jews". E já agora, os árabes são semitas.
Hitler foi "o" traste, Netanyahu e os seus ministros radicais são trastes, e os terroristas do Hamas são trastes. A etiqueta é bem aplicada a todos. O que já não cola é a etiqueta do anti-semitismo.
Não querendo entrar em políticas, acho que nem a questão da Ucrania começou em Fevereiro de 2022, nem a da Palestina em Outubro de 2023.
O meu post não era para tomar posições sobre uma ou outra (tenho-as bem claras, mas não as trago para aqui). Era para expôr a incoerência dos organismos internacionais.
Aliás, o maior erro foi afastar os atletas russos e as equipas russas. Aí abriu-se um precedente.
O desporto não devia misturar-se com política. Não devia ter-se misturado logo nesse momento. A partir do momento em que se misturou uma vez, ficou refém dessa posição e ficou sem argumento para não agir nesta situação e noutras que, infelizmente, irão continuar a acontecer no futuro.
Os povos, ucraniano, russo, israelita e palestiniano são igualmente respeitáveis, e nenhum tem culpa daquilo que os governos fazem em seu nome. Todos eles são, à sua maneira, vítimas. Infellizmente há Putines e Netanyahus, e irão aparecer mais no futuro - quem sabe até em Portugal. Há por aí muita gente a querer seguir por esses caminhos.
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