SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS

Quem frequenta este espaço sabe que sempre acreditei que o Benfica pudesse passar esta eliminatória.
Seria difícil? Certamente. Precisava de sorte? Teve-a. Mas era possível, e concretizou-se.
O Ajax, como também sempre afirmei, estava longe de ser o papão que alguns comentadores fizeram crer aquando da goleada em Alvalade. Tem dois extremos fabulosos, um ponta-de-lança eficaz, um médio de grande intensidade, mas daí para trás é permeável - o que talvez não se veja na Eredivisie (onde ninguém defende), mas viu-se com o Benfica, sobretudo na segunda parte da partida da Luz.
O Sporting tem sido, nestes dois anos, um conjunto mais coeso e mais compacto do que os encarnados. Sobretudo mais combativo e mais regular. Mas, a verdade é que, individualmente, o Benfica ainda tem melhores jogadores. Quando focados, totalmente concentrados e solidários em campo, formam um colectivo de maturidade superior ao dos leões. Sabia que no contexto desta competição isso ia acontecer. Daí a minha fé na eliminatória, perante uma equipa que amassara o rival da Segunda Circular.
Como já disse, o Benfica teve também a sorte do jogo. Marcou no único remate que fez à baliza adversária depois de passar por momentos de grande sofrimento defensivo. 
Jogar bem está, contudo, para além da quantidade de remates ou das jogadas de maior beleza plástica. A equipa encarnada lutou e correu desalmadamente. Vimos extremos como Rafa e Everton a fazer um trabalho defensivo poucas vezes visto, Grimaldo com uma capacidade de luta e resistência pouco comum na Liga Portuguesa. Weigl, Vertonghen e Otamendi com níveis de concentração de 200%. Gonçalo Ramos a pressionar tudo e todos com uma disponibilidade física assinalável. Gilberto lutador como sempre e concentrado como nunca. E na frente, Darwin matador. Vimos, em suma, uma equipa. E numa verdadeira equipa, as individualidades de 20 milhões têm alguma coisa a dizer. 
Há quase três anos que o futebol e o Benfica não me davam tamanha alegria. Primeiro o friozinho na barriga, depois o nervosismo intenso durante quase 100 minutos, por fim uma descompressão à beira das lágrimas. Isto é o futebol. Isto é o Benfica.
Se nas competições nacionais tudo correu mal, o facto de estar entre os oito melhores do mundo não pode ser despiciendo quando se analisar a temporada como um todo. No plano Europeu os encarnados têm estado ao nível da sua história. E foi bom ouvir de Nélson Veríssimo uma palavra para o técnico que conseguiu, primeiro o apuramento para a fase de grupos, e depois o apuramento para os Oitavos, num grupo onde estavam Bayern e Barcelona.
Não vou dizer que daqui em diante acredito em tudo. Acho francamente que esta equipa chegou ao seu limite. Mas com metade da sorte que a selecção portuguesa teve no Euro 2016 talvez fosse ainda possível chegar às meias-finais, o que, no contexto actual seria absolutamente épico.
Que venha então de lá a Juve.

PS: Quando se fala de arbitragem é sempre para criticar. Desta vez, há que ser justo, e sublinhar o excelente trabalho do espanhol Cerro Grande. E o jogo até nem foi fácil. Tivéssemos nós arbitragens deste nível na Liga Portuguesa e outro galo cantaria.

1 comentário:

joão carlos disse...

jogamos bem sem jogar bonito.
a estratégia acho que foi a correta mesmo que alguns achem que se jogar sempre ao ataque.
só foi pena a incapacidade da equipa sair a jogar e por isso nem sequer conseguir contra atacar, não fosse isso e até seria uma exibição estrondosa, mas este é um problema que já vem de à muito quando a equipa recua é incapaz de sair em contra ataques.

agora não se pode é jogar numa estratégia defensiva com os mesmos jogadores como se estivéssemos ao ataque a uma equipa que só defende, como se viu pelo que fizemos na primeira e na segunda parte.