SOMBRAS E NEVOEIRO

1.Em Guimarães, neste domingo, o Benfica tem oportunidade de calar de vez todas as vozes que, ao primeiro percalço, logo se apressaram a antecipar o abismo. Ironicamente, teremos pela frente o mesmo adversário que, no último mês de Maio, nos lançou na amargura, abrindo espaço a todas as especulações e censuras – que foram alimentando um defeso jornalístico marcado pela ausência de grandes competições, e logo, de assuntos com que vender papel. Passados alguns meses, Jorge Jesus continua a treinar o Benfica, Cardozo continua na frente de ataque da equipa, nenhum dos titulares saiu, e recebemos vários reforços de nível internacional. Começámos mal o Campeonato, mas, se exceptuarmos a tristonha derrota no Funchal, tudo o resto se tem passado dentro da maior normalidade: duas vitórias nos dois jogos em casa, e empate no “Dérbi” de Alvalade perante um revigorado Sporting. Um triunfo em Guimarães poderá fechar de vez o ciclo, e recolocar o Benfica no rumo competitivo que, em finais de Abril, tanto nos empolgava. 2.Trata-se de uma velha estratégia: colar-nos à boca coisas que não dissemos, e utilizá-las depois como arma de arremesso. Recordo Vítor Pereira quando, há duas épocas, tanto falou de faixas, tendo sido ele próprio a encomendá-las, semanas antes, para um silencioso e prudente Benfica. O presidente Luís Filipe Vieira manifestou o sonho, legítimo, de ver o Benfica chegar à final da Champions League marcada para o Estádio da Luz. Daí até ter ouvido um comentador televisivo afirmar, abusivamente, que a fasquia do Benfica para a presente temporada era a vitória na Champions, foi um pequeno passo de mágica, e de mistificação. Percebe-se a intenção, mas não cola. Estamos sobejamente habituados. 3.Caso Cristiano Ronaldo se sagre melhor marcador do próximo Mundial no Brasil – …e oxalá o consiga -, poderemos então discutir se atinge, ou não, o estatuto de Eusébio. Até tal acontecer, contas bancárias à parte, continua a existir apenas um Rei, e, quando muito, um príncipe herdeiro.

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