LEÃO MANIETADO E DEPRIMIDO

Apenas algumas horas depois do grande clássico da Luz, VEDETA DA BOLA voltou em força aos estádios portugueses. Domingo à tarde em visita ao Pinhal Novo para o Pinhalnovense-Juventude de Évora da II divisão, e um pouco depois, em Alvalade para o Sporting-U.Leiria.
Sobre o Juventude fica prometido falar um destes dias. Quanto ao Sporting, cumpriu-se a estranhíssima tradição de não ganhar no seu estádio a equipas mais pequenas, sempre que o autor destas linhas se lembra de, acidentalmente, marcar presença, o que, diga-se, para felicidade dos leões, até nem tem sucedido muitas vezes. Fora derbys, fora Euro 2004, fora selecção nacional, estive no Alvalade XXI apenas quatro vezes: Sporting-Rio Ave (1-1) de 2003-04, no Sporting-Penafiel (0-2) de 2004-05, no Sporting-E.Amadora (0-1) de 2005-06 e agora neste Sporting-U.Leiria (1-1) de 2007-08. Enfim, sair de Alvalade ao som dos assobios e com lenços brancos a serem exibidos, no meio de um clima fúnebre contrastante com a reprimida alegria de lampião intruso, já se vai tornando um hábito mais ou menos anual que, aviso desde já, pretendo intensificar assim que a classificação o justifique.
Deixando de lado a ironia e o teor pitoresco de tal situação, devo dizer que, olhando ao jogo de ontem (e esta época apenas havia visto o Sporting na Luz) a equipa de Paulo Bento parece de facto doente em termos anímicos, físicos, e até sob o ponto de vista de identidade de jogo. Mas na verdade, é preciso lembrar que o seu plantel, ao contrário do que foi sendo sugerido, é bastante limitado, e provavelmente não lhe permitirá corresponder às expectativas criadas por uma excelente segunda volta da época anterior, após a qual, sem competições europeias com que se preocupar, e com mais e melhores opções que as de que dispõe neste momento, acabou por ficar a apenas um ponto do título.
O Sporting viu-se nesta temporada privado da solidez defensiva que Marco Caneira garantia, da vivacidade que Rodrigo Tello dava ao lado esquerdo, e do talento de Nani que, na época passada, por muitas vezes se revelou decisivo. Quem entrou não tem apresentado o mesmo rendimento, e o único substituto que justamente parecia trazer alguma qualidade (Stojkovic), tem sido posto de lado, sabe-se lá porquê – suspeitando-se que este dossier não esteja a ser gerido devidamente. Izmailov, golo aparte, foi uma nulidade completa. Vukcevic é demasiado intermitente, Purovic não existe. Com a crise de forma de Veloso – envolvido numa fogueira mediática que não tem podido, sabido, ou querido controlar -, com o apagamento de Polga e Liedson, sobra João Moutinho, o que é pouco para quem pretende ser campeão.
A União de Leiria surgiu em Alvalade, pela mão do seu novo técnico, totalmente renascida. Mostrou bom futebol, boa organização, e controlou grande parte do jogo. O empate pecou por tardio, pois já antes os leirienses mereciam o golo. No final o 1-1 foi o seu merecido prémio, e creio bem que dentro de semanas, a continuar assim, já esteja numa posição muito mais confortável na tabela classificativa.
O Sporting perdeu uma excelente oportunidade de se chegar ao Benfica na luta pelo segundo lugar que, pelo que se vê, poderá ser a única a animar o topo da tabela daqui em diante. É injusto, e errático, atribuir culpas a Paulo Bento, quando o plantel que tem à sua disposição tem tantas e tão evidentes limitações. Talvez o grande erro do técnico leonino seja mesmo pretender disputar com igual intensidade e ambição todas as (várias) provas em que se vê envolvido, quando face à matéria-prima de que dispõe, seria normal estabelecer prioridades e negligenciar redundâncias. Sabe-se contudo como funciona o mundo do futebol, e estou convicto de que mais uma derrota ou empate caseiro, e Paulo Bento ficará em condições muito precárias.
Louletano e Dínamo de Kiev são adversários ao jeito de uma reconciliação com os bons resultados. Veremos se são ocasiões aproveitadas, ou pelo contrário, significarão o fim de um ciclo.

2 comentários:

cj disse...

as equipas de Évora não têm tido muita sorte com o Pinhalnovense...

LF disse...

O Juventude subiu, mas, por limitações orçamentais, manteve praticamente a mesma equipa que disputava a terceira divisão.
Está naturalmente a ter dificuldades, e não vai escapar a luta pela manutenção. Talvez possa mesmo dizer que dificilmente se irá manter neste escalão.
O Pinhalnovense tem outras ambições. É uma equipa que tem estado nos últimos anos na luta pelos primeiros lugares, e tem tido boas participações na Taça de Portugal.