O DIA DO PENÁLTI

Foi através de penáltis que se decidiu grande parte da 3ª eliminatória da Taça da Liga. Cinco dos oito jogos necessitaram de recorrer a esse método de desempate, e nalguns casos, só após uma segunda série encontraram o vencedor.
Foi também através de uma grande penalidade – bastante polémica, por sinal – que o Benfica evitou, no último minuto da partida da Reboleira, uma eliminação que quase parecia desejar, tal foi aquilo que (não) fez durante todo o jogo. O onze inicial foi desenhado com o propósito claro de poupar alguns jogadores e rodar outros, e obviamente que o entrosamento nunca existiu. Butt, Nelson, Dabao, Miguelito, Nuno Assis e Diaz desperdiçaram a oportunidade que esta prova lhes concedeu, realizando exibições sofríveis. Binya decepcionou face às prestações anteriores, e os habituais titulares Rodriguez, Di Maria e Pereira mantiveram um registo de treino, seguramente a pensar mais no derby do próximo sábado. Salvaram-se Fábio Coentrão e, sobretudo, Freddy Adu que, sem deslumbrar – longe disso -, mostrou todavia que, tal como se suspeitava, é credor de mais oportunidades na equipa principal. De saudar os regressos de Zoro e Luisão ao centro da defesa, talvez preparando o jogo de sábado, sendo que a exibição de Edcarlos em Braga justificaria, no meu ponto de vista, a manutenção da titularidade.
Mas é necessário reforçar a ideia de que foi um erro clamoroso do árbitro (e do seu assistente) – Duarte Gomes conseguiu a proeza de, com este, e depois de um célebre teatro de Mário Jardel na Luz há seis anos atrás, assinalar os dois mais absurdos penáltis que me lembro no futebol português - que permitiu ao Benfica manter-se em prova. Manifestamente, pelo que fez em campo, a equipa de Camacho não o merecia, se bem que o Estrela também tenha feito pouco pela sua sorte.
Uma palavra final para a reacção de Daúto Faquirá ao lance do penálti. Um senhor ! Tanto que o futebol português precisa de homens assim.
O Sporting teve também a sorte do seu lado, quer na arbitragem – que mau seria para esta jovem competição, e para a Liga, os três grandes saírem de cena logo à primeira ronda, e para bom entendedor… -, quer depois na lotaria do desempate, onde esteve à beira de ser eliminado, acabando por levar a melhor perante o desespero dos vimaranenses que pareceram quase sempre mais empenhados em seguir em frente. Paulo Bento estava tão pouco preocupado com o jogo, que nem seguiu com atenção a sequência de penáltis, equivocando-se nas contas, e chegando mesmo a dirigir-se perto de Manuel Cajuda para o felicitar por uma vitória que ainda não estava – nem veio a estar – confirmada. Curiosamente foi dos pés de João Alves, ainda jogador dos quadros do Sporting, e dispensado por Paulo Bento, que se decidiu esta eliminatória a favor dos leões…
Ainda assim, diga-se que terá sido este o melhor dos jogos desta eliminatória, e terá sido o Sporting aquele que, dos três grandes, mais a sério terá levado esta nova competição.
Ao F.C.Porto saiu a fava. Jogando tão pouco como os rivais, e deixando, tal como eles, a decisão para os penáltis, acabou eliminado de forma humilhante por uma equipa do escalão secundário. Deste jogo ficou também a evidência de que os titulares em que Jesualdo tem apostado são, por agora, bem mais fiáveis que a maioria dos novos reforços, alguns dos quais longe de corresponderem às expectativas (Lino, Gonzalez, Bolatti, Farias...). Não foi pois necessário qualquer milagre para o Fátima seguir em frente, diante de uma quase caricatura do campeão nacional.
Belenenses, Nacional, Paços de Ferreira, Sp.Braga e Leixões também ficaram pelo caminho, três deles diante de equipas da Liga de Honra.
Os apurados são então: Benfica, Sporting, V.Setúbal, U.Leiria, Beira Mar, Portimonense, Penafiel e Fátima.
Em suma, pode dizer-se que esta Taça da Liga não correu, para já, lá muito bem. A generalidade das principais equipas apresentou jogadores menos utilizados, a qualidade dos jogos foi sofrível, das arbitragens é melhor nem falar mais, e por pouco não ficaram os três grandes desde já eliminados, o que seria o golpe de misericórdia no sucesso desta primeira edição da prova. Pior que tudo isto foi a clara sensação que ficou de, mormente para os clubes envolvidos em provas europeias, pouco ou nada interessar fazer carreira nesta Taça da Liga que, recorde-se, exige até à final mais seis compromissos. Sobretudo Benfica e F.C.Porto, fizeram aparentemente o que podiam para se ver airosamente livres deste encargo. A arbitragem não deixou o Benfica sair de cena, enquanto os dragões terão conseguido o que pretendiam (?) na lotaria final. É pena, pois a ideia até é boa, embora se dirija claramente mais aos interesses de outros emblemas, mais carecidos de receitas do que de descanso. Talvez uma final Benfica-Sporting possa vir a salvar esta Carlsberg Cup.

4 comentários:

Peyroteo disse...

Benfica apresentou no 11 inicial 6 titulares:
Nelson
Luisão
Bynia
Maxi Pereira
Di Maria
Cristian Rodriguez

Sporting apresentou no 11 inicial 6 titulares:
Polga
Tonel
Miguel Veloso
Moutinho
Romagnoli
Vukcevic

LF disse...

Nelson e Luisão não têm jogado. E Binya só tinha feito um jogo como titular.
Djaló e Izmailov também jogaram de início no Sporting.
Por exemplo, se atendermos aos onzes inicias da 1ª jornada da Champions League, o Benfica teria 3 e o Sporting 7. Ou seja 27 % e 64 % da equipa titular respectivamente

Anónimo disse...

Deduzo que na tua opinião o Benfica saiu uma vez mais prejudicado pois "A arbitragem não deixou o Benfica sair de cena", estou certo?

LF disse...

Sim Otragal, é mais ou menos isso :)

Deixa lá, vamos ser eliminados pelo V.Setúbal. Vai uma aposta ?