ENSAIO DE ORQUESTRA
VEDETA DA BOLA voltou ao centro de estágio da selecção na tarde de ontem e bem se pode dizer que teve a sorte do seu lado, podendo assistir ao primeiro treino de conjunto da equipa das quinas, e certamente o último, antes do jogo de preparação com Cabo Verde no próximo sábado ainda em Évora.
Logo no aquecimento – exercício com trocas de bola dois a dois – foi perceptível que a sessão que se iria seguir nada teria a ver com o calmo treino de domingo passado. Muito mais rapidez e muito maior intensidade anunciavam uma sessão muito mais exigente, o que de facto se veio a verificar.
Nota de curiosidade e intriga para os espectadores foi a presença de quatro ilustres desconhecidos, jovens jogadores do Lusitano de Évora, que viriam a participar (dois de cada vez) na peladinha, e diga-se desde já que sem destoar muito do desempenho das estrelas, á parte alguns e naturais erros de posicionamento e movimentação próprios de quem está habituado a jogar no terceiro escalão nacional.
Procedeu-se então ao treino de conjunto, com duas partes de aproximadamente trinta e cinco minutos cada, e onde a única diferença face ao que podemos encontrar num verdadeiro jogo (para além da duração) foi a repetição constante dos lances de bola parada que foram sendo ocasionados (duas, três e mesmo quatro vezes, com intervenções correctivas de Scolari).
Na equipa do colete amarelo (presumíveis titulares) jogaram de início e durante toda a primeira parte: Ricardo, Paulo Ferreira, Fernando Meira, Ricardo Costa, Nuno Valente, Costinha, Tiago, Deco, Figo, Pauleta e Ronaldo.
Do lado oposto: Quim, Miguel, Ricardo Carvalho, Caneira, Jogador do Lusitano I, Petit, Maniche, Hugo Viana, Jogador do Lusitano II, Postiga e Simão.
Nuno Gomes e Luís Boa Morte limitaram-se a alguns exercícios com bola, alternados com corrida à volta do relvado.
Em termos tácticos a disposição dos jogadores foi a habitual (4-2-3-1), com uma pequena variante testada durante alguns minutos, com Deco descaído para a direita, Figo para a esquerda, Tiago com maior liberdade, e Ronaldo nas costas de Pauleta, ensaiando um 4-4-2 perto do convencional.
Ao intervalo o resultado era de 3-1 favorável aos titulares, com dois golos de Ronaldo, o primeiro num livre directo em que Quim teve bastantes culpas e depois a passe de Pauleta, que por sua vez marcou aquele que na altura era o segundo golo a passe de...Ronaldo. Postiga reduziu de cabeça, na sequência de um belo cruzamento do jovem extremo direito do Lusitano.
Neste primeiro período notou-se uma superioridade flagrante da equipa titular, sobretudo impulsionada pelo endiabrado Cristiano Ronaldo, em grande forma e a muito prometer para a Alemanha, pela classe de Tiago no meio campo, também ele muito bem posicionado na luta pela titularidade, e pelo sempre perigoso e influente Pauleta. Deco e Figo não estiveram muito em acção e manifestaram algum desgaste físico, sendo até de suspeitar que tivessem indicações para não forçar muitoa sua condição física nesta sessão.
Costinha foi uma sombra, parecendo claramente sem ritmo e em dificuldades para segurar um lugar que Petit, ainda em recuperação de uma pequena lesão, ameaça conquistar. Mais atrás, surpreendeu a colocação de Ricardo Costa, que se viria a manter na equipa principal todo o tempo, deixando boas indicações de poder ser opção para a vaga deixada em aberto por Jorge Andrade no centro da defesa.
Do outro lado, apenas Simão procurava remar contra a maré, pois tanto Maniche como Hugo Viana, Postiga e Miguel se mostraram muito longe da sua melhor forma, enquanto Petit, sem treinar durante alguns dias, ainda não estaria em perfeitas condições físicas para assumir o jogo. Mais atrás Scolari testou Caneira na posição de central, deixando o lugar de lateral esquerdo para um dos jovens do Lusitano.
Para a segunda parte, bem menos interessante, Felipão trocou Costinha e Deco (ligeiramente tocado) por Petit e Maniche, e foi nesse período que Pauleta, após desmarcação primorosa, fez o quarto e último golo do treino.
Tiago, já a jogar na posição de Deco (com Maniche na posição oito), viria então a protagonizar um episódio curioso quando foi veementemente repreendido pelo técnico (desta vez muito mais interventivo) na sequência de um passe de primeira para Pauleta cortado por Ricardo Carvalho, lance que, segundo Scolari, devia ter merecido um maior trabalho a meio campo e não um passe directo do qual resultou uma perda de bola. Tiago recebeu então ordem para despir de imediato o colete, sendo substituído entre os titulares por Hugo Viana (que também viria a ser repreendido pela deficiente marcação de um canto, que foi repetido até à exaustão). Depois saíram da equipa principal também Figo (que foi para o banho mais cedo, entrando um terceiro jogador do Lusitano para a segunda equipa), Paulo Ferreira, Nuno Valente e Fernando Meira, por troca com Simão, Miguel, Caneira e Ricardo Carvalho. Pauleta também saiu mais cedo, mas aí Scolari optou por deixar a equipa a jogar com dez, simulando assim uma situação de inferioridade numérica.
Antes da saída de Pauleta foram também perceptíveis as intenções de realizar, a espaços, uma pressão bem subida no terreno, procurando dificultar a saída com bola da equipa adversária.
Os coletes amarelos acabaram assim vestidos em: Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Ricardo Costa, Caneira, Petit, Maniche, Hugo Viana, Ronaldo e Simão.
Pode-se então dizer que as principais conclusões extraídas deste treino em termos de construção do onze nacional foram as seguintes:
-Paulo Ferreira e Nuno Valente parecem ter as alas da defesa asseguradas.
-Ricardo, Deco, Figo, Pauleta e Ronaldo (os dois últimos ao seu melhor nível, o barcelonista e o interista em contenção de esforço) têm obviamente a titularidade garantida, formando assim um grupo de sete posições já praticamente definidas, a menos que alguma lesão venha a baralhar as contas do técnico brasileiro.
-Petit e Tiago (este em super-forma) levam clara vantagem sobre a dupla Maniche e Costinha, sem ritmo, sem mobilidade e ambos muito longe do seu melhor.
-No centro da defesa, Ricardo Costa pode vir a ser uma surpresa, e nem Ricardo Carvalho (também algo longe da sua melhor condição) parece ter o lugar seguro, pois a ausência de Jorge Andrade veio baralhar a conjugação de características necessárias a uma boa dupla de centrais.
Assim, pelo que pude constatar, neste momento seria de apostar no seguinte onze: Ricardo, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Ricardo Costa, Nuno Valente, Petit, Tiago, Deco, Figo, Pauleta e Ronaldo. Mas até ao jogo com Angola dia 11 de Junho, muita coisa poderá ainda acontecer, esperemos que somente melhorias de forma de alguns jogadores e não qualquer inoportuna lesão.
Resta acrescentar que Scolari privilegia a posse e circulação de bola a meio campo em detrimento do jogo directo; que todo o processo ofensivo da equipa vai passar pela entrega de bola nos pés de Cristiano Ronaldo, com muitos passes de Deco e Tiago para as costas da defesa procurando aproveitar a extrema rapidez do avançado do Manchester; que nos pontapés de canto, preferencialmente marcados por Luís Figo, vai fazer subir os dois centrais e um dos médios (Costinha ou Tiago) para além de Ronaldo e Pauleta, colocando assim cinco jogadores na grande área; e que Deco vai marcar os livres perto da área, enquanto Ronaldo se ocupará dos que ocorram um pouco mais longe.
Depois de amanhã, VEDETA DA BOLA estará no Portugal-Cabo Verde onde poderá tirar mais conclusões sobre os jogadores e a equipa nacional, para as trazer na próxima segunda feira a este espaço de modo a poder partilhá-las com todos os amigos leitores.
7 comentários:
Se calhar Costinha, Maniche, Viana e Postiga nem deviam ter sido convocados.
São critérios de Scolari, que privilegiam o espírito de grupo.
...e ainda falta algum tempo para o mundial, pode ser que algus deles ainda tenham possibilidade de melhorar
A minha equipa
Ricardo
R.Carvalho F.Meira
Miguel P.Ferreira
Petit Tiago
Deco
Ronaldo Figo
Pauleta
A minha equipa
Guarda Redes - Ricardo
Def. Direito - Miguel
Def. Central - R. Carvalho
Def. Central - F. Meira
Def. Esquerdo - P. Ferreira
Méd. Defensivo - Petit
Méd. Defensivo - Tiago
Méd. Direito - C.Ronaldo
Méd. Centro - Deco
Méd. Esquerdo - Figo
Avançado - Pauleta
É o melhor 11 de Portugal
Sem dúvida que é uma das boas opções que este grupo permite.
Na minha opinião pessoal apenas colocaria Nuno Valente, caso se encontre bem fisicamente.
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