CHAPÉU DE CHUVA
Após um mês de Novembro parco em golos, o Benfica precisava de uma demonstração de força para dissipar dúvidas e afugentar fantasmas. Já se falava em crise, em quebra, em balão vazio, e em cristalização técnica e táctica, coisas que naturalmente – em face de um passado recente repleto de desilusões – começava a amedrontar o povo benfiquista, causando-lhe uma ligeira inquietação na alma.
Tendo por adversária uma equipa em ascensão, orientada por um técnico na moda, e estando à partida privado de Javi Garcia (e com Aimar e Luisão previsivelmente a meio-gás), o Benfica tinha pela frente uma noite com alguns sinais de ameaça no ar. O tempo também não iria ajudar, sabendo-se das características predominantemente tecnicistas da equipa encarnada. Era, enfim, um jogo delicado, que caso corresse mal poderia deixar as suas marcas na equipa e no próprio campeonato.
Um golo no primeiro lance de ataque não poderia ter sido melhor tónico para a equipa da Luz se tranquilizar, e quando Cardozo deu início ao seu terceiro hat-trick no campeonato (24 golos no total desta temporada, 70 desde que chegou ao clube), percebeu-se que a noite poderia afinal ser pintar-se de vermelho. Os problemas sentidos pelo Benfica frente a equipas ultra-defensivas não iriam, em princípio, colocar-se, pois a Académica teria de partir em busca do empate, e abrir as portas ao jogo. Em vantagem no marcador, o conforto da equipa benfiquista em campo contrastava, a partir daí, com o desconforto que o frio, o vento e a chuva provocavam aos mais de 41 mil nas bancadas da Luz (impressionante assistência para uma noite ferozmente invernosa).
Deve dizer-se, contudo, que o período entre o primeiro e o segundo golo encarnado não foi brilhante. Alguns passes errados, uma displicência aqui, um ressalto azarado ali, e era a Académica que parecia estar mais perto do empate. A obra-prima de Saviola pôs fim às dúvidas, sobre o jogo, e sobre a capacidade do Benfica - que, para além dos indiscutíveis méritos tácticos de Jorge Jesus, assenta em primeira mão no talento e na classe da maioria das suas figuras, capazes de, num momento de inspiração, virar uma partida de pernas para o ar. Javier Saviola é, nesse particular, o ás dos ases, o artista dos artistas, parecendo firmemente empenhado em resgatar todas as qualidades que fizeram dele um dos mais promissores juniores de todos os tempos (lembro-me bem do Mundial sub-20 em 2001), comparado na altura a Maradona, e que depois, porventura fruto da sua baixa estatura para avançado, foram postas em causa nas suas passagens por Barcelona e Real Madrid.
A discussão do jogo acabou aí, mas o grosso do espectáculo teve, pelo contrário, nesse momento o seu início. A Académica perdeu-se entre equívocos, sem saber muito bem se procurar reduzir distâncias ou evitar a goleada que se começava a desenhar, e o Benfica empolgou-se, partindo para um período muito bom, à imagem e semelhança daquelas que foram algumas das suas melhores exibições da época. Na segunda parte, mais dois de Óscar Cardozo e a séria ameaça de os números finais poderem chegar aos seis ao Nacional, ou mesmo aos oito ao V.Setúbal. O temporal que se abateu sobre o relvado, e o estado em que este ficou - para além da gestão de plantel que Jesus foi obrigado a fazer, retirando Aimar, Cardozo e Saviola - acabaram por condicionar o resto do jogo, salvando a Académica de males maiores.
4-0, belos golos, e uma imprescindível vitória são dados suficientes para os mais cépticos porem de lado as suas profecias. O Benfica está bem e recomenda-se, os seus jogadores lutam que se fartam, recuperam bolas, dão espectáculo, encantam as bancadas e estão na frente da classificação. O resto são peanuts…
Cosme Machado esteve mal ao não sancionar uma grande penalidade cometida por David Luíz - que, tem de se dizer, cometeu mais dois erros graves, um deles num atraso suicida a Quim com o resultado em 1-0, outro ao levar o cartão amarelo desnecessário, ficando agora em risco de não defrontar o FC Porto -, lance que, contudo, só se vê pela televisão. Ficaram também algumas dúvidas num eventual derrube a Ramires na área estudantil ainda na primeira parte. Mas com a chuva e o mau estado do terreno, há que reconhecer que o trabalho do árbitro não foi fácil.
Tendo por adversária uma equipa em ascensão, orientada por um técnico na moda, e estando à partida privado de Javi Garcia (e com Aimar e Luisão previsivelmente a meio-gás), o Benfica tinha pela frente uma noite com alguns sinais de ameaça no ar. O tempo também não iria ajudar, sabendo-se das características predominantemente tecnicistas da equipa encarnada. Era, enfim, um jogo delicado, que caso corresse mal poderia deixar as suas marcas na equipa e no próprio campeonato.
Um golo no primeiro lance de ataque não poderia ter sido melhor tónico para a equipa da Luz se tranquilizar, e quando Cardozo deu início ao seu terceiro hat-trick no campeonato (24 golos no total desta temporada, 70 desde que chegou ao clube), percebeu-se que a noite poderia afinal ser pintar-se de vermelho. Os problemas sentidos pelo Benfica frente a equipas ultra-defensivas não iriam, em princípio, colocar-se, pois a Académica teria de partir em busca do empate, e abrir as portas ao jogo. Em vantagem no marcador, o conforto da equipa benfiquista em campo contrastava, a partir daí, com o desconforto que o frio, o vento e a chuva provocavam aos mais de 41 mil nas bancadas da Luz (impressionante assistência para uma noite ferozmente invernosa).
Deve dizer-se, contudo, que o período entre o primeiro e o segundo golo encarnado não foi brilhante. Alguns passes errados, uma displicência aqui, um ressalto azarado ali, e era a Académica que parecia estar mais perto do empate. A obra-prima de Saviola pôs fim às dúvidas, sobre o jogo, e sobre a capacidade do Benfica - que, para além dos indiscutíveis méritos tácticos de Jorge Jesus, assenta em primeira mão no talento e na classe da maioria das suas figuras, capazes de, num momento de inspiração, virar uma partida de pernas para o ar. Javier Saviola é, nesse particular, o ás dos ases, o artista dos artistas, parecendo firmemente empenhado em resgatar todas as qualidades que fizeram dele um dos mais promissores juniores de todos os tempos (lembro-me bem do Mundial sub-20 em 2001), comparado na altura a Maradona, e que depois, porventura fruto da sua baixa estatura para avançado, foram postas em causa nas suas passagens por Barcelona e Real Madrid.
A discussão do jogo acabou aí, mas o grosso do espectáculo teve, pelo contrário, nesse momento o seu início. A Académica perdeu-se entre equívocos, sem saber muito bem se procurar reduzir distâncias ou evitar a goleada que se começava a desenhar, e o Benfica empolgou-se, partindo para um período muito bom, à imagem e semelhança daquelas que foram algumas das suas melhores exibições da época. Na segunda parte, mais dois de Óscar Cardozo e a séria ameaça de os números finais poderem chegar aos seis ao Nacional, ou mesmo aos oito ao V.Setúbal. O temporal que se abateu sobre o relvado, e o estado em que este ficou - para além da gestão de plantel que Jesus foi obrigado a fazer, retirando Aimar, Cardozo e Saviola - acabaram por condicionar o resto do jogo, salvando a Académica de males maiores.
4-0, belos golos, e uma imprescindível vitória são dados suficientes para os mais cépticos porem de lado as suas profecias. O Benfica está bem e recomenda-se, os seus jogadores lutam que se fartam, recuperam bolas, dão espectáculo, encantam as bancadas e estão na frente da classificação. O resto são peanuts…
Cosme Machado esteve mal ao não sancionar uma grande penalidade cometida por David Luíz - que, tem de se dizer, cometeu mais dois erros graves, um deles num atraso suicida a Quim com o resultado em 1-0, outro ao levar o cartão amarelo desnecessário, ficando agora em risco de não defrontar o FC Porto -, lance que, contudo, só se vê pela televisão. Ficaram também algumas dúvidas num eventual derrube a Ramires na área estudantil ainda na primeira parte. Mas com a chuva e o mau estado do terreno, há que reconhecer que o trabalho do árbitro não foi fácil.
6 comentários:
Um jogo essencialmente marcado por uma grande eficácia do Benfica, não considero que tenha sido dos melhores jogos do Benfica, mas o marcar cedo, obrigou o adversário a encarar o jogo e quando assim é, normalmente, contra as águias, dá nisto.
Momento de pura arte e magia o golo de Saviola, abençoada crise a golear e abençoados jogadores acabados como este.
Vi os últimos 5 minutos de jogo, e se não fossem as cores das camisolas, ia dizer q estava a ver o Oliveirense - FC Porto! :)
Olhem q se o relvado estiver naquelas condições miseráveis daqui 2 semanas, o Olegário vai dizer q não há condições!!
Já não há jardineiros de jeito na capital!
Não gostei do trabalho do árbitro nas faltas a meio campo. Marcava sistematicamente contra o Benfica e raramente a favor. 3 Cartões amarelos contra 0 (creio) à Académica.
Foi o Benfica que ao conseguir o resultado facilmente permitiu a este senhor passar ao lado do jogo e da polémica.
"ficaram também algumas dúvidas num eventual derrube a Ramires na área estudantil ainda na primeira parte"
isto é mesmo de rir: e o penalti do D.Sarrafeiro Luiz sobre o eder e o outro do mesmo sobre o Sougou????
Que dizer de um jogo, com um relvado impraticavel a partir dos 35 minutos da primeira parte. Que dizer de um jogo onde o arbitro não marcou penalties. Que dizer de um jogo onde os jogadores da equipa da Académica jogaram com classe. Só uma coisa com todas estas vicissitudes só jogadores com muita técnica e classe conseguem fazer hart-trick e um chapéu que rolou mundo. Simplesmente genial. Não sei quem é esse tal Falcão, vocês viram-no? é que eu só com toda aquela chuva vi 41 000 espectadores sem arredar pé e um Benfica genial.
Eu tenho fé muita fé que os Jorge de Sousas deste país vão um dia desaparecer para que enfim Portugal possa voltar novamente a ser palco de grandes espectáculos de futebol.
PS. Um programa execrável, com dois comentadores mal educados, facciosos e unidos no seu Benfiquismo primário. Um programa incapaz de mostrar a beleza dos golos marcados na jornada, mas só e somente os casos onde vão inventar cartões por mostrar ao Benfica. Aqui por isso fica o meu elogio público a Silvio Cervan, pelo seu Benfiquismo pelo seu amor abnegado ao clube pelo seu estofo em aguentar aquelas criaturas repugnantes e acefalas.
Uma recomendação a todos os Benfiquistas vejam sempre que possam o Resultado Final na SportTV para verem a diferença como um Benfiquista (António Simões) fala da classe do Benfica e com grande imparcialidade do FCP um exemplo de comentador desportivo. Com quem António Pedro Vasconcelos e Fernando Seara muito deviam de aprender
realmente vitoria nao marcou penalties...contra o benfica.nao sei de que se queixa.ah, e um clube assim tao grqnde como o slb devia ter um relvado em condiçoes
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