É sabido que o chamado mercado de inverno não deve servir para reconstruir plantéis mas tão só para, de forma cirúrgica, resolver uma ou outra carência entretanto detectada, e por outro lado, libertar alguns excedentes menos adaptados ou com necessidade de rodagem.
No caso dos três principais clubes do futebol português as carências são, como é natural, inversamente proporcionais à classificação. O F.C.Porto de pouco mais precisa do que resgatar um ou outro emprestado, tendo também a oportunidade de se livrar de jogadores pouco ou nada utilizados por Jesualdo Ferreira. Os problemas do Benfica são mais de sedimentação de um modelo de jogo do que propriamente de plantel, muito embora uma ou outra posição pudesse e devesse ser reforçada. Enquanto que o Sporting, se quiser manter ainda algumas ambições para esta época – mas também de modo a preparar a próxima – terá imperiosamente de reforçar o seu quadro de jogadores.
Vejamos em concreto cada um dos casos:
Para além de dispor do melhor e mais rico plantel, o F.C.Porto tem ainda uma lista de emprestados de fazer inveja a qualquer um. Se por exemplo pensarem em vender Quaresma, os dragões têm ainda a rodar noutros clubes Hélder Barbosa, Bruno Gama, Vieirinha, Pitbull e Alan, opções, não do mesmo quilate é certo, mas perfeitamente válidas para manter os equilíbrios colectivos.
Aliás, por falar em vendas, com Bosingwa, Bruno Alves, Paulo Assunção, Lucho, Quaresma e Lisandro, o F.C.Porto tem em carteira um valor seguramente superior a 100 milhões de euros, que pode gerir como bem entender, agora ou no próximo verão.
É assim, com o rigor de uma boa gestão desportiva, e um grau de organização e método invejáveis, que o F.C.Porto está onde está, e os seus adversários estão onde estão.
Nesta reabertura de mercado, apenas seria de equacionar a
aquisição de um lateral, preferencialmente capaz de fazer os dois corredores. Cláudio Pitbull e Ibson também poderiam ser boas soluções para fortalecer o grupo. Quanto a
dispensas, creio que
Lino, Mariano, Castro, Edgar, Rui Pedro e Kazmierczak têm pouco espaço para se afirmarem, ao passo que entre Farias e Hélder Postiga, um deles poderia muito bem ser vendido, até porque ambos dispõem de mercado.
Como disse acima, o problema mais grave do Benfica não me parece ser de falta de jogadores.
Os encarnados têm um plantel razoavelmente equilibrado, com opções para todos os lugares, que precisa de trabalhar muito e bem para construir automatismos, criar coesão colectiva, e definir um modelo de jogo capaz de fazer com que o conjunto consiga ser mais do que a soma dos seus elementos.
Aquilo que era prioritário fazer já foi feito, com as cedências de Bruno Costa, Zoro, Miguelito, Romeu Ribeiro, Miguel Vítor, Fábio Coentrão, Yu Dabao, Andrés Diaz e Bergessio, cujos respectivos processos se vão concluindo. Julgo que o guarda-redes Butt, com a recuperação de Moreira, também não terá grande espaço no plantel, até porque se trata de um jogador bastante oneroso.
Quanto a
reforços, creio haver três posições algo carenciadas, sobretudo se pensarmos em termos de futuro: a de
lateral esquerdo, por via da indefinição/idade de Léo -, a de
médio ofensivo, dado Rui Costa se estar a despedir dos relvados, e a de
ponta de lança, onde urge encontrar um parceiro para formar com Nuno Gomes e Cardozo um trio de opções – sendo que neste caso será imprescindível que se trate de um finalizador nato.
No mercado nacional não vejo nenhum “número dez” com perfil adequado às necessidades. Diego Souza podia, por agora, ser uma opção credível (e barata…). Todavia, quanto a laterais esquerdos (Adalto, Rodrigo Alvim e Jorge Ribeiro), e a pontas de lança (Edinho, Linz e Makukula), há alguns nomes a considerar, embora se saiba à partida que alguns deles, por diferentes motivos, não poderão constituir hipótese.
No que toca a avançados, Delgado assinou pelo Lyon, Soldado está a caminho do Getafe, Chevantón deverá ficar em Sevilha, pelo que as primeiras opções de Camacho estão descartadas. Nos últimos dias, o caso Katsouranis deixou em aberto a eventualidade de se abrir mais uma vaga como médio de transição. Tiago seria certamente o sonho de muitos benfiquistas, mas o seu salário não deve permitir acalentar muitas esperanças. Numa perspectiva mais modesta, Tiago Gomes do Estrela da Amadora (mais ofensivo), e Ruben Amorim do Belenenses (mais defensivo) poderiam constituir solução, isto falando apenas do mercado nacional.
A equipa de Paulo Bento foi a que, inequivocamente, demonstrou até agora mais e maiores carências no seu plantel. Sabendo-se como o dinheiro não abunda em Alvalade, este problema não tem solução fácil.
Comecemos portanto pelas
dispensas. Para além de Paredes, jogadores como
Marian Had, Celsinho e Farnerud não fazem qualquer falta aos leões. Por outro lado, com a aposta em Rui Patrício, parece redundante continuar a manter um guarda-redes internacional estrangeiro no plantel – sendo pois aconselhável a cedência de Stojkovic, até como forma de conseguir mais alguns meios financeiros.
Não conheço bem Pedro Silva, mas mesmo acreditando que se trate de um bom jogador, creio que o Sporting
necessita de mais
um lateral, sobretudo para jogar no lado esquerdo, e permitir a Ronny crescer com maior tranquilidade e sem a pressão de uma titularidade para a qual não está manifestamente preparado. André Marques, recentemente dispensado do União de Leiria, parece um caso perdido.
As outras duas prioridades situam-se mais adiante, designadamente nas alas, onde falta claramente
um flanqueador que permita alargar o leque de opções tácticas a Paulo Bento, e sobretudo
um ponta-de-lança, dada a escassez de argumentos patenteada por Purovic, a demora na afirmação de Yannick, e a incerteza na recuperação de Derlei.
Matheus do Vitória de Setúbal, é um jogador que talvez encaixasse bem no Sporting. Outro poderia ser o jovem João Ribeiro da Naval. Haverá dinheiro para isso ?
Caso não haja, restará ao Sporting promover o regresso de Saleiro (do Fátima), e rezar para que Derlei reapareça ao seu melhor nível.