UM ADEUS TRISTONHO

Quando ouvi o próprio Luiz Felipe Scolari na véspera do jogo de atribuição de 3º e 4º lugar, afirmar que o mesmo não fazia sentido e representava uma tortura adicional para jogadores desmotivados, e Costinha dizer que ser segundo, terceiro, quarto ou quinto era a mesma coisa, pensei para comigo que Portugal tinha acabado de se quedar pelo quarto lugar deste Mundial, dizendo assim adeus à possibilidade de igualar os “Magriços” - que assim vão perdurar como aqueles que conseguiram a melhor classificação de sempre para o nosso país na competição máxima do desporto internacional.
O que se viu no sábado em Estugarda foi uma equipa empenhadíssima em conseguir a melhor classificação possível no Mundial de que era anfitriã, e outra, a portuguesa, em ritmo de jogo amigável, sem grandes rigores, sem grandes sacrifícios – a forma foita como a selecção se apresentou durante alguns períodos de jogo, não representou no meu ponto de vista um acréscimo de qualidade, mas sim um decréscimo de rigor -, acabando obvia e naturalmente a tentar evitar, de forma aflitiva, uma humilhante goleada, possibilidade que chegou a pairar no ar quando Schweinsteiger fez o terceiro golo germânico.
Não era o fim de Mundial que eu esperava. Acho que o terceiro lugar é melhor que o quarto, assim como o segundo seria bem melhor que o terceiro – preferia mil vezes estar hoje no lugar da França, mesmo tendo perdido dramaticamente nos penáltis -, mas sobretudo, acho que teria sido importante terminar esta saga com uma redentora vitória.
Pelos vistos os responsáveis e os jogadores assim não o entenderam, e abordaram este jogo como um sacrifício (ou um passeio ?), esperando talvez que a Alemanha o fizesse também, e assim o triste menos triste, com mais ou menos sorte, o levasse de vencida. A forma como os alemães festejaram a vitória foi a resposta.
É claro que nada disto apaga o brilho da campanha portuguesa, nem a honra da classificação final. Portugal fez um grande Mundial, e ficar nos quatro primeiros é extraordinário face ao nosso historial na competição, e às potências que ficaram atrás de nós na classificação final. Mas que um adeus vitorioso deixaria outro sabor, parece-me inegável - quantos mais teriam estado ontem no Jamor em caso de vitória sobre os alemães ?
Deste jogo ressalta ainda a intrigante questão da não utilização de Nuno Gomes (sobretudo) contra a França. O avançado benfiquista marcou um belo golo e criou mais problemas no pouco tempo que esteve em campo do que Postiga em todo o torneio. Não adianta chorar sobre leite derramado, mas fica a sensação de ter existido algo para além das normais questões físicas, técnicas e tácticas.

3 comentários:

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