ONZE PARA O FARENSE

Três pontos imperiosos. A jogar bem ou a jogar mal, tanto faz.
 

SAI MAIS UM RECORD

Viktor Gyokeres, que é um grande jogador, não precisaria de 12 penáltis (!!!) para ser o melhor marcador do campeonato. Já o Sporting terá precisado de alguns deles para se manter na frente da classificação. 
O que é certo é que o penálti está baratinho. Quase de borla. Pelo menos para alguns. O terceiro golo do Sporting na Reboleira, resultante de penálti + expulsão, podia ser uma caricatura do que se passa hoje no futebol.
Mas eu escolheria um outro lance, para exemplificar o grau de absurdo a que se chegou na avaliação de lances dentro da área. No Sporting-Valadares, da liga feminina, uma jogadora leonina tentou fazer bloqueio à guarda-redes nortenha na pequena área aquando da marcação de um pontapé de canto. Esta, naturalmente, deu um ligeiro "chega para lá" na avançada do Sporting, para se libertar. Tudo normal, não fosse um VAR chamar a árbitra da partida, e ela assinalar penálti. Essa decisão impediu o Benfica de festejar, já nesta semana, o título de campeão - o que fatalmente acontecerá, pela quinta vez consecutiva, na próxima jornada. Mais do que a consequência, foi o ridiculo que me chamou a atenção.
Mário Jardel também era um grande jogador. Em 2002 foi Bota de Ouro. O Sporting, onde então jogava, e que nesse ano foi campeão, beneficiou de mais de duas dezenas de grandes penalidades. Entre elas aquela que, ainda hoje, considero a mais absurda que alguma vez vi: assinalada por Duarte Gomes, contra o Benfica na Luz, após um salto disparatado, e que nem sequer foi bem fingido, do avançado brasileiro. A diferença é que não havia VAR.
Enfim, veremos o que as próximas jornadas nos reservam. Os indícios não são bons.

50 MINUTOS DE LUXO, 40 DE GESTÃO

É sempre difícil prever o desempenho das equipas após as pausas internacionais. Jogadores que partiram, jogadores que ficaram, mazelas que surgem, mazelas que saram, enfim, quebras de ritmo na preparação física e táctica das equipas - sobretudo nas que mais atletas cedem às selecções. 
Nesse contexto,  a primeira parte do Benfica em Barcelos foi extraordinária. 
Como Lage disse no fim, ao escalar o onze privilegiou quem ficou a trabalhar no Seixal na última semana.Tal revelou-se certeiro, sendo que não é qualquer plantel que o permite.
O Benfica entrou com tudo, e rapidamente assumiu o controlo absoluto do jogo.
Aguardava-se o golo a qualquer momento. Ele apareceu aos 22 minutos, quando Aursnes correspondeu com precisão a um cruzamento sublime de Bruma.
Ao intervalo o 0-1 era curto face ao que se tinha passado. E temia-se que a segunda parte mudasse de figurino, trazendo um Gil mais afirmativo e em busca do empate. O golo de Belotti matou esse receio, e daí em diante o Benfica entrou em modo gestão, sem querer correr muitos riscos.
De notar o regresso de Di Maria (pode ser determinante nesta recta final de ataque ao título), e as boas exibições de Aursnes, Bruma (na primeira parte) e António Silva, que, regressado da selecção, apareceu mais confiante do que nas partidas anteriores de águia ao peito. Trubin também correspondeu, nas poucas vezes que foi chamado a intervir.
Pela negativa há que mencionar mais uma saída forçada de Tomás Araújo (o que tem afinal?) e um escusado cartão amarelo a Florentino, que o coloca em risco para o Dragão.
Segue-se mais uma final, esta diante do Farense. 

ONZE PARA BARCELOS


FINAL FELIZ

A grande exibição que o Benfica tinha realizado até então, não merecia aquela "traição" de Florentino - que ia deitando tudo a perder.
Devo dizer também, em defesa do médio benfiquista, que estas perdas de bola sob pressão, nas imediações da área ou dentro dela, são quase sempre um desastre à beira de acontecer. É verdade que não é só no Benfica, nem é só em Portugal. É uma moda que, no meu ponto de vista de leigo, não passa de exibicionismo dos treinadores.
Admito que a pressão alta hoje exercida por todas as equipas não existisse há uns anos atrás. Mas o remédio não pode ser trocar bolas dentro da área, em espaços diminutos, obrigando os guarda-redes a serem maradonas, causando riscos desnecessários e arrepiando os adeptos. Falo por mim: não posso ver aquilo, arrasa-me o sistema nervoso.
De resto, se a exibição, como já disse, havia sido boa, a reacção ao infortúnio não foi pior. O Benfica arregaçou as mangas, e, fruto de um banco bem recheado (Barreiro, Akturkoglu, Belotti, Sanches, Dahl...), recuperou rapidamente o domínio total da partida, chegando merecidamente à vitória.
Gostava de destacar Kokçu. Como sabe quem frequenta este espaço, não sou presidente do clube de fãs do turco. Porém, quando corre e joga, há que o salientar. Terá sido, desta vez, o melhor em campo. Que seja para continuar.
Era determinante não perder pontos em Vila do Conde. Como o será, em Barcelos e na recepção ao Farense. Há que chegar ao Dragão, pelo menos, na situação actual.
Detesto as pausas para a Selecção, e sobretudo esta, em Março, com as competições de clubes ao rubro. Neste caso concreto, nesta temporada, nestas circunstâncias, com alguns elementos a precisarem de repouso, outros a recuperarem de lesões, confesso que até sabe bem. A época até aqui tem sido uma montanha russa de estados de alma, no Benfica e nos outros. Daqui em diante estimo que as coisas irão assentar. O Sporting tem Gyokeres de volta à grande forma e tem um calendário dócil. Não vai perder muitos pontos. Cabe ao Benfica fazer o seu trabalho para, se necessário, decidir tudo na Luz, na penúltima jornada.

ONZE PARA VILA DO CONDE

PENÁLTIS IRREGULARES ?!?

Quem vê o penálti do Atlético de Madrid ser invalidado, e se lembra da final da Liga Europa de 2014, só pode bater com as mãos na cabeça.
É preciso lembrar também a primeira página de "A Bola" do dia seguinte, porventura a mais vergonhosa da longa história desse jornal, e que tratava o então guarda-redes do Sevilha como herói - por ter impedido um clube português de conquistar um troféu internacional, e ainda por cima de forma escandalosamente irregular.

MILAGRES

Eis um conjunto de dados que mostra as equipas de fora dos chamados "Big-Five" (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) que, nos últimos vinte anos, chegaram a fases adiantadas da Champions League. Percebe-se bem qual é o limite, e verifica-se como por vezes se foi para lá dos limites. Limites impostos pela natureza mercantilista do futebol moderno, gostemos ou não. E num campeonato fraco, pobre e periférico como o português, é notável que alguns clubes, neste caso Benfica e FC Porto, consigam escapar à mediocridade, e afirmar-se internacionalmente. Aproveitemos bem. Quando forem centralizados os direitos desportivos, e estes clubes tiverem de dividir as suas receitas com investidores do AFS, do Arouca ou do Casa Pia, é provável que nem na fase de grupos voltem a participar:
 Por clube:

Por país:

HISTÓRICO CHAMPIONS - BENFICA

HISTÓRICO CHAMPIONS - TRÊS "GRANDES"

NOTA: Em 1992 houve duas fases de grupos para apurar os finalistas. O Benfica, caso ganhasse o último jogo, curiosamente também em Barcelona, estaria na final. Por esse motivo considera-se aqui que, nessa temporada, os encarnados disputaram uma verdadeira meia-final.

SAÍDA DIGNA

E pronto, cumpriu-se o destino. Não houve milagre e passou a melhor equipa. Se ainda houve alguma esperança, se ainda nos foi permitido sonhar, isso é mérito do Benfica - que, em três jogos desta competição, foi capaz de, em muitos momentos, discutir taco a taco com o poderoso Barcelona. Aliás, se separarmos os confrontos entre as duas equipas em seis partes iguais, só na primeira parte de Montjuic os catalães foram claramente superiores. Suficientemente superiores para não deixar dúvidas sobre quem era melhor, e quem tinha de seguir em frente.
Com uma linha de fora-de-jogo bem afinada, a defesa do Barcelona eliminou a fórmula que, nas partidas anteriores, o Benfica encontrara para lhe causar dano. Enquanto isso, lá na frente, apareceu por fim um super Yamal, o Yamal do Euro 2024. Assim era difícil ao Benfica resistir. O terceiro golo à beira do intervalo foi um golpe demasiado fundo na réstea de esperança que ainda podia sobejar. A eliminatória estava decidida.
Para a segunda parte pedia-se honra e dignidade. Tivemo-las. O Benfica podia, e merecia ter marcado pelo menos outro golo. Lutou com seriedade e com bravura. Mais uma vez faltou eficácia junto da área e dentro dela.
Muitas vezes eu próprio tenho criticado Otamendi. Desta vez foi o melhor da equipa. Um verdadeiro capitão, que lutou, acreditou e fez acreditar enquanto houve vida. Pela negativa destacaria todo o meio-campo. Florentino sem ritmo, Aursnes sem forças, Kokçu em modo Kokçu. Também Akturkoglu está longe, muito longe, do que já mostrou. Aguarda-se o regresso de Di Maria, para voltar a assumir, com naturalidade, a faixa direita do ataque.
O balanço final desta prova só pode ser positivo. Mais de setenta milhões nos cofres, vitórias em Belgrado, em Turim, e duas vezes no Mónaco, e uma goleada ao Atlético de Madrid. Sortilégios da UEFA puseram diante da equipa de Bruno Lage, logo nestes Oitavos-de-Final, um forte candidato ao título europeu. Acredito que com um Lille, um Dortmund, uma das equipas holandesas, um Brugge, ou mesmo um Aston Villa, o Benfica pudesse sonhar mais alto. Não aconteceu. Assunto arrumado. Para o ano há mais.
Pode perder-se 3-1 com o Barcelona. Não poderia ter-se perdido 3-1 com o Casa Pia. Esses três pontos estão-me atravessados na goela. E agora, com foco total no Campeonato (o Jamor está alinhavado), pede-se um Benfica, senão empolgante, pelo menos sólido e consistente. Exigem-se, desde já, três vitórias consecutivas: Rio Ave, Gil Vicente e Farense. Depois se verá como fica a tabela aquando da visita ao Dragão - onde um eventual empate até poderá vir a ser positivo.
NOTA FINAL: O equipamento utilizado em Barcelona é horrível. É penoso ver o meu clube com o emblema esverdeado, mas toda a combinação é medonha. Não percebo onde andam com a cabeça os criativos da Adidas. Nem sei qual a capacidade de intervenção do clube num contrato que permite este tipo de aberração.

NADA A PERDER. TUDO A GANHAR

Já tenho dito que, para eliminar os chamados "tubarões", a fórmula passa por surpreender... na 2ª mão - quando o adversário já não pode reagir.
Nesse sentido, talvez o resultado ideal na Luz tivesse sido um empate, que também deixasse o Barcelona a dormir descansado, permitindo margem para surpreender. Foi uma derrota tangencial, que não sendo obviamente o que se desejava, não fecha totalmente a porta a essa eventual surpresa. Ou seja, eu ainda acredito.
Há quase vinte anos atrás, um Benfica bem mais fraco que este quase eliminou, em Camp Nou, um Barcelona porventura ainda mais forte do que este - e que seria campeão europeu nessa temporada. Simão Sabrosa falhou um golo cantado a poucos minutos do fim, que teria valido o apuramento. Esta é a oportunidade histórica de vingar esse lance. Por favor, se alguém se isolar diante do guarda-redes, meta a bola lá dentro!
O Barcelona é poderosíssimo no plano ofensivo, mas joga com a defesa muito subida e dá alguns espaços lá atrás. Não é impossível o Benfica marcar golos. Eu diria que será bem mais difícil evitá-los. Há que ser mais eficaz do que na Luz (não voltará a haver seis ou sete oportunidades flagrantes), e sobretudo não cometer erros (pois Raphinha, Lewandowski e Yamal não estarão pelos ajustes).
Claro que o Barcelona é favorito. Mas ainda não dou a coisa por perdida.
Ninguém exigirá ao Benfica que passe esta eliminatória. Se o fizer, a Europa abrirá a boca de espanto. Não há nada a perder. Há, por outro lado, 12 milhões a ganhar, e uns possíveis quartos-de-final diante do Lille (?) à espera. Vale bem a pena tentar. Acreditemos numa noite épica.
Força Benfica!

O ESTATUTO QUE INTERESSA: O DE LÍDER!

Ponto 1: os estatutos do Benfica, como de qualquer entidade, são naturalmente importantes.
Ponto 2: a alteração votada não tem importância nenhuma, felizmente não altera nada de relevo e, por isso, não me interessa muito, nem pouco. 
Não foi pelos antigos estatutos que o Benfica alguma vez ganhou ou perdeu um campeonato. Não será pelos novos que vai ganhar ou perder seja o que for.
A única coisa positiva deste processo é que, depois de muito folclore, de infinitas assembleias gerais, de gritaria qb, finalmente chegou ao fim. Com a minha óbvia abstenção, como benfiquista que sou, à antiga, daqueles que gostam é de apoiar a equipa e ganhar jogos - como hoje, num momento desportivo desafiante, entalado no meio de uma exigente eliminatória europeia. 
A partida valeu pela primeira parte, em que o Benfica foi imperativo, obrigando mais um guarda redes a ser o melhor em campo. 2-0 ao intervalo era simpático para os madeirenses.
A segunda parte foi de gestão, felizmente sem lesões, nem grande coisa a assinalar. 
Gostei de Amdouni, mas todos estiveram a nível razoável, pois mais não era necessário. 
O VAR é que ia estragando o jogo. Ao que sei, o protocolo remete para situações óbvias. Ora nenhum dos penaltis é óbvio, pelo que nenhum merecia a sua intervenção. Mas querendo ser protagonista, tentou interferir no resultado tanto quanto pôde. Felizmente sem consequências.
Segue-se Barcelona. E como diria o saudoso José Torres, "deixem-me sonhar". Temos três dias para o fazer. 

ONZE PARA AMANHÃ

Tomás Araújo, Dahl, Aursnes, Schjelderup, Akturkoglu e Pavlidis em repouso para serem titulares em Barcelona.
 

O QUE DIZEM ELES

"El Barcelona llega vivo al encuentro de vuelta de los octavos de final de la Champions League gracias a Wojciech Szczesny. El veterano meta polaco, asentado en el arco culé, tuvo varias intervenciones de gran mérito... y salvadoras en Lisboa. Si no es por el exguardameta de la Juventus, el Barça regresa a casa con un doloroso marcador de su cruce contra el Benfica." MARCA 

UMA MURALHA E UM PARDAL

É certo e sabido que neste tipo de jogos, com este tipo de adversários, os erros pagam-se caros. O Benfica, que realizou um jogo pleno de intensidade, velocidade e vontade de vencer, que em muitos momentos empurrou o líder da Liga Espanhola para as cordas, que fez quase trinta remates, errou demasiado nos locais onde não podia errar: na área contrária, desperdiçando ocasiões de golo em série, e cá atrás, entregando de bandeja a Raphinha o golo solitário da partida - oferta que este tipo de jogadores também não costuma desperdiçar.
O resultado é inglório. Talvez antes do jogo aceitasse uma derrota tangencial que, em teoria, ainda deixa uma janela aberta para a segunda mão. Depois de 70 minutos contra dez, de falhar oportunidades em catadupa, e de oferecer um golo, confesso que este 0-1 me sabe a azedo. Afinal, mais do que parecia, era possível vencer, e até mesmo encaminhar a eliminatória, sendo que os quartos-de-final esperam pelo Lille ou pelo Dortmund. 
Falar de sorte não é apropriado. O Benfica até teve a sorte de ver um jogador adversário expulso aos 22 minutos, e de ver, desse modo, o Barcelona a resguardar-se após um início bastante afirmativo. Não soube, isso sim, por ineficácia, por inépcia, aproveitar a sorte de um jogo que lhe abriu alas para uma vitória histórica.
Há que dizer também que o guarda-redes do Barcelona realizou uma tremenda exibição. Foi uma muralha que encheu a baliza. Foi, de longe, o melhor em campo, e foi nele que esbarrou grande parte do futebol benfiquista. Realmente, há qualquer coisa no Estádio da Luz que faz brilhar os guarda-redes adversários. Nesta temporada, já aconteceu na Champions (lembro, assim de repente, o do Bolonha) e já aconteceu mais do que uma vez no Campeonato. Szczesny até já tinha terminado a carreira e voltou, à pressa, para render o lesionado Ter Stegen, está em grande, e o Barcelona deve-lhe, pelo menos, este triunfo.
Agora há que acreditar num milagre. Um empate (tão perto, tão perto, que ele esteve...) seria totalmente diferente, desde logo na abordagem ao jogo da Catalunha. Assim é mesmo preciso um milagre, dos grandes, sendo que o Benfica, diga-se, já cumpriu com honra e dignidade o seu dever nesta competição. E não é uma eliminatória com o Barcelona que vai ditar o sucesso ou o fracasso da temporada. 
Individualmente, do lado dos encarnados, destacaria Carreras, Schjelderup (não percebi a substituição), Trubin e Aursnes. Também gostei de rever Renato Sanches (oxalá seja para durar), e da entrada do jovem João Rêgo. Dahl é já uma certeza. Pavlidis trabalhou muito, mas desta vez não fez aquilo que lhe competia: meter a bola na baliza. Pela negativa, naturalmente António Silva, que até estava a fazer um bom jogo, mas em modo pardal entregou o ouro ao bandido (coisa que se tem repetido de forma preocupante, em jogos importantes, já desde a temporada passada). 

ALGO COMO ISTO

Neste tipo de eliminatórias, contra os chamados "tubarões", a hipótese de surpreender com sucesso está sempre circunscrita à segunda-mão. Assim sendo, um empate na Luz será um excelente resultado. E mesmo uma derrota tangencial não será dramática. O importante é deixar as coisas em aberto.
Para isso há que aproveitar com eficácia alguma debilidade defensiva (se é que se pode dizer isto) dos catalães, e resistir ao seu enorme poderio ofensivo.
 

CUIDADO COM ESTE HOMEM!

HISTÓRICO DE GOLEADORES EM JOGOS INTERNACIONAIS CONTRA O BENFICA:
Lewandowski (Bayern e Barcelona) 9 golos
Aubameyang (Dortmund, Arsenal e Marcelha) 6
Klinsmann (Bayern) 6
Rush (Liverpool) 5
Diga-se que o ponta-de-lança polaco estará mesmo no Top 15 absoluto de golos ao Benfica. Dos registos de que disponho (faltam-me algumas temporadas de clássicos com o FC Porto), à sua frente estarão apenas os "Cinco Violinos", Manuel Fernandes, Liedson, Adolfo Mourão, João Cruz, Soeiro, Martins, todos do Sporting, e o portista Fernando Gomes. Mário Jardel tem os mesmos 9 golos. Peyroteo é um caso singular, com 49 golos ao Benfica (!!). O segundo é Adolfo Mourão com... 18.

REPETENTES

Este é o top-10 de adversários internacionais do Benfica em quantidade de jogos oficiais disputados. Entre parêntesis totalizam-se as partidas já agendadas (Champions e Mundial). Após esta eliminatória, o Barça só ficará atrás do Bayern entre os clientes habituais.
Quanto aos resultados, temos 2 vitórias 4 empates e 4 derrotas (11-13 em golos).
Das grandes equipas europeias, o Benfica só nunca jogou com o Manchester City. E é das poucas no mundo (única?) com saldo positivo face ao Real Madrid (2 vitórias, 1 derrota, 11-6 em golos).

ENROLEM AS LINHAS



Não, o golo do Gil Vicente não é fora-de-jogo. Sim, o golo de Diomande nas Aves é fora-de-jogo. Situações, de resto, bem decididas pelos bandeirinhas, e não contestadas por ninguém em campo. 
Ora não há linhas que me convençam do contrário. Continuam a enganar os parvos com esta geometria de taberna, que não passa de uma mentira bem contada, e que não só está a desvirtuar os resultados dos jogos, como a comprometer o seu momento soberano: o festejo espontâneo dos golos. 
Varandas que continue a dizer que o Sporting é prejudicado. Pelos vistos dá resultado. Já sabíamos que, em Portugal, quem chora mama. Mas é sempre pertinente confirmar a evidência. 
E já agora, se o mundo está de pernas para o ar, porque raio o futebol não haveria de estar? 

AS LESÕES NOS OUTROS SÃO REFRESCO

Quem leia ou ouça os comentários desportivos das últimas semanas, ficará a pensar que só o Sporting tem lesionados. Quase ninguém se refere à equipa de Rui Borges sem fazer notar as baixas por lesão. O que até é pertinente. Mas...e os outros? O Benfica tem neste momento seis lesionados, o FC Porto cinco. Aliás, este está a ser o novo normal por essa Europa fora, bastando olhar para equipas como Real Madrid, Manchester City ou Arsenal para entender um fenómeno que não pode deixar de inquietar a UEFA.
Além dos seis no estaleiro do Seixal, recordo que também Tomás Araújo, Aursnes, Barreiro, Kokçu, Arthur Cabral e Schjelderup tiveram problemas físicos no último mês, obrigando a ausências ou utilizações condicionadas. Aursnes, por exemplo, anda a jogar com uma perna ligada.
Portanto, meus amigos, isto toca a todos. Se uns têm plantéis mais vastos e mais equilibrados do que outros, essa é a história do futebol. Não foi o Benfica, nem os árbitros, que construíram um plantel do Sporting com apenas três médios de raiz. Nem que deixaram passar o mercado de Janeiro sem o reforçar, quando já havia sinais dessa necessidade.
No fim se verá quem ganha. Mas a desculpa das lesões é ostensivamente omissa, e insuficiente para explicar a queda abrupta de uma equipa que, com Ruben Amorim parecia imbatível, e desde que ele saiu apenas ganhou um terço dos jogos disputados, há cinco consecutivos que não ganha, e, com Rui Borges, ainda não ganhou dois seguidos.

O JAMOR ESPERA POR NÓS

O Tirsense que me perdoe, mas podemos hoje afirmar que, em condições normais, o Benfica estará no Jamor - e, parafraseando o José Mourinho dos velhos tempos, em condições anormais, também.
O jogo valeu essencialmente pela primeira parte, em que os encarnados se apresentaram a alto nível. Rapidez, intensidade, confiança. Faltaram mais golos, a uma exibição que merecia menos sofrimento.
Na segunda parte o Braga reagiu. Também joga à bola, tem os mesmos pontos que o Porto no Campeonato, e tinha ambições de ganhar a Taça. O Benfica retraiu-se, mas ainda assim criou as melhores oportunidades, que foi desperdiçando, ora por Bruma, ora por Pavlidis, ora por Schjelderup. No fim, a vitória da melhor equipa não sofre contestação.
Confesso que não compreendi a saída de Tomás Araújo (tendo em conta que Carreras tinha amarelo, e havia outro lateral-esquerdo (e bom) em campo. Também preferia ter mantido Bruma e ter tirado Akturkoglu - que estava manifestamente mais desgastado e é opção na Champions. E teria metido logo Schjelderup e não Belotti, evitando partir demasiado um jogo que se estava a ganhar. Poderá haver razões que de fora desconhecemos, nomeadamente de ordem física. Se Lage pretendia fazer uma experiência, então, diante do Braga, e com margem tangencial, não era com certeza o momento mais adequado. Mas confio no treinador do Benfica, e tenho a certeza que não fez as substituições por capricho. Nem quero sobrevalorizar esse aspecto de um jogo em que, globalmente, a equipa esteve bem.
Individualmente destacaria Pavlidis. Não só pelo golo, mas pelo que trabalha para a equipa. Recordo-me de o ver, em sprint, recuperar uma bola no seu meio-campo. É um avançado completo, coisa de que nunca tive dúvidas. Precisa, como todos, de confiança. E, com ela, é um dos dois melhores pontas-de-lança da Liga. Está anos-luz acima de Arthur Cabral, Tengstedt ou Musa, com os quais o Benfica enfrentou a temporada passada. Aliás, também Belotti é melhor que qualquer um desses.
Destacaria ainda Bruma e Dahl. O primeiro não me surpreende - era o melhor jogador do Braga, e presumível jogador de selecção. Já o segundo está a ser uma agradável surpresa. Esperava um jovem imberbe a ser preparado para a sucessão a Carreras, aparece um jogador feito, com grande critério de movimentos e de passe, com capacidade técnica, e que permite que toda a equipa possa jogar de forma diferente. A sua afirmação (e a cada momento que passa ganha pontos quanto à titularidade) faz lembrar a de Aursnes, também nórdico, também versátil, também pouco conhecido, e que pegou de estaca na equipa, sendo hoje, indubitavelmente, uma das suas figuras. E já que falo de Aursnes, aproveito para dizer que, ao contrário de toda a gente, sempre gostei de o ver a lateral-direito. Aliás, gosto de o ver em quase todas as posições onde já actuou.
O Benfica pode ter conquistado esta temporada no mercado de Inverno. Face às inúmeras lesões que afectam, sobretudo, os dois primeiros classificados, o rival de Alvalade, praticamente sem se reforçar, ficou exposto a problemas gritantes na construção do seu onze. O Benfica, com um investimento moderado, reforçou verdadeiramente o plantel. No fim se verá, mas se a equipa de Bruno Lage vier a ser campeã (como espero e desejo), estou certo de que o mercado de Inverno vai ser lembrado. A quem tanto critica a Direcção por tudo e por nada, eis um momento em que trabalhou bastante bem - independentemente daquilo que venha a acontecer até final da época.
Agora, finalmente uma semana inteira para preparar o próximo jogo. E que jogo...

VALE IDA AO JAMOR

Com todo o respeito pelo Tirsense, acho que, a duas mãos, não tem qualquer hipótese de eliminar Benfica ou Braga. Assim sendo, este jogo é, objectivamente, a verdadeira meia-final. Quem vencer estará no Jamor. Nos últimos 29 anos o Benfica ganhou apenas três Taças de Portugal. O registo começa a ser embaraçoso. Digamos que está a dever algumas aos adeptos. É uma boa altura para pensar nisso.
Segue o histórico entre os dois clubes na competição:

VAR(IEDADES)

A cada dia que passa, e já com o tempo suficiente para uma avaliação criteriosa, mais me convenço da ineficiência do VAR.
Se o objectivo era acabar com a discórdia, estamos conversados. Se era acabar com o erro, o que me parece é que apenas o torna mais absurdo e injustificável.
As linhas de fora-de-jogo são uma mentira bem contada. Não é possível, através de uma filmagem recolhida a cinquenta metros de distância, identificar três ou quatro centímetros no frame certo, que provem sim ou sopas que existe ou não um offside. Se um avançado não cortar as unhas estará sempre sujeito à anulação de um bonito golo. Se calçar o número 45 tem de ter mais cuidado nas desmarcações. A regra que sempre conheci, e ao que sei ainda está em vigor, é a de, em caso de dúvida, beneficiar o atacante. O que acontece agora é, em caso de dúvida, o VAR coloca as linhas onde lhe apetece e decide uma coisa qualquer. Isto fazendo uma interpretação benigna da sua idoneidade.
Depois há os videopenáltis. O protocolo fala em faltas claras e óbvias. Aquilo a que assistimos é a um festival de penaltizinhos por pequenos e acidentais toques com a mão na bola dentro da área, festinhas nas costas ou abraços em pontapés de canto que, ora são marcados, ora não, conforme a disposição de quem, sentado longe do estádio, e sem qualquer tipo de responsabilização, decide numa espécie de cara ou coroa.
As comunicações audio para todo o estádio são apenas ridículas. E os golos deixaram de poder ser comemorados com espontaneidade.
Ora nada disto protege os árbitros. Muito menos protege o futebol. 
Que tal assumir que o erro é humano, como sempre foi e sempre será, que o árbitro em campo é responsável pela gestão do jogo, reduzirmos as pausas, deixarmo-nos de geometrias de taberna, e podermos festejar como sempre festejámos?  

GOLO? (o bandeirinha assinalou, e bem, o offside)


NÃO GOLO? (o bandeirinha deixou, e bem, prosseguir o lance)

PS: Dito isto, é espantosa a forma como o Sporting, mesmo marcando dois golos irregulares, mesmo vendo um jogador expulso por duplo amarelo quando ambos os lances eram para vermelho directo, ainda se vitimiza, e consegue inundar a comunicação social com essa narrativa.

PASSEIO NO PARQUE

Uma grande exibição do novo guarda-redes do Boavista, e alguma falta de pontaria, impediram aquela que seria, com toda a naturalidade, a maior goleada do campeonato.
O jogo foi um massacre. O Boavista ainda tem muito trabalho a fazer, nomeadamente quanto à integração dos novos reforços. E o Benfica mostrou uma atitude competitiva inatacável, bem como uma frescura física de algum modo surpreendente, face às circunstâncias actuais (lesões, europa, desgaste).
Em alguns momentos, parecia estarmos a assistir a uma sessão de tiro ao boneco. Três entraram. Cinco, seis, ou sete, não. Enfim, chegou para cumprir o objectivo do dia: pelo menos, dormir em primeiro lugar.
Individualmente, e num plano mais global, destacaria os reforços do Benfica no mercado de Inverno. Houve a infelicidade de Manu. Mas quer o pouco que pôde mostrar, quer o que têm mostrado Bruma, Dahl, e hoje também Belotti, provam a pertinência das suas  contratações. Aliás, não fossem eles e, neste momento, com esta onda de lesões, a situação do Benfica poderia não ser a mesma - nem no campeonato, nem na Champions.
A equipa terminou com Samuel Soares, Leandro Santos, Diogo Prioste e Nuno Félix no relvado, o que também dá alguma confiança para o futuro próximo. 
Venha o Braga. 

PARA DORMIR NA LIDERANÇA

PEDAÇOS DE HISTÓRIA

1961 Benfica-Barcelona 3-2
1991 Benfica-Barcelona 0-0
1992 Barcelona-Benfica 2-1
2006 Benfica-Barcelona 0-0
2006 Barcelona-Benfica 2-0
2012 Benfica-Barcelona 0-2
2012 Barcelona-Benfica 0-0
2021 Benfica-Barcelona 3-0
2021 Barcelona-Benfica 0-0
2025 Benfica-Barcelona 4-5
10 jogos, 2 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 11 golos marcados, 13 golos sofridos. Assisti ao vivo a seis destas partidas, uma delas em Camp Nou. É a equipa estrangeira que mais vezes vi jogar, seguida do Bayern e Anderlecht com cinco jogos cada uma. Stoichkov, Ronaldinho Gaúcho, Xavi, Iniesta, Messi, Yamal, Lewandowski. Enfim, muita história, muitas histórias.

PREPAREM OS ARGUMENTOS

E pronto. Lá calhou o pior Barcelona de todos os tempos, o que obriga o Benfica, não só a chegar tranquilamente aos Quartos-de-Final, como a golear nas duas mãos.


LA LIGA


RESULTADOS 2025

TOP GOLEADORES SLB - LIGA DOS CAMPEÕES

 

MAIS ALGUMAS PÉROLAS

Isto até é divertido. Joaquim Rita, um dos velhos marretas da SIC Notícias, não disfarçando a azia, largou as seguintes pérolas sobre o jogo de ontem:

"O Benfica era um grande clube europeu, hoje é dos subúrbios da Europa"  -    onde estarrá o clube dele?
"O Benfica fez uma primeira parte medíocre, e na segunda também entrou mal" - enfim, pelo menos saiu bem.
"O Benfica não se pode queixar da sorte" - sobretudo na primeira mão, em que podia ter ganho por 0-3 ou 0-4.
"Ouviram-se muitos assobios na Luz" - bem...eu estive lá. De facto houve alguns assobios no fim da primeira parte, não mais do que isso.
"O Mónaco é uma equipa muito ingénua, parece que estão a jogar no liceu"  - está em 3º lugar da quinta melhor liga do mundo, o Dortmund, está em 11º da quarta. Ficou em 17º na fase regular, o clube dele em 23º.
"Bruno Lage vive numa realidade paralela. O Benfica só fez quatro bons jogos nesta época, de resto tem sido medíocre" - não sei se se pode incluir a Taça da Liga, ou as quatro vitórias em cinco jogos fora de casa na Champions. Também não sei quantas grandes exibições fez o clube dele (talvez apenas contra o melhor Manchester City de todos os tempos).
"O futebol da equipa não corresponde à capacidade do plantel" - como se sabe, só o clube dele tem lesões.
"O Benfica apurou-se pela oitava vez para os oitavos-de-final" - não, camarada, falta um "2" aí atrás. Foram já 28 vezes! O teu clube apenas 5...


O QUE SÃO MÍNIMOS?

Benfica e Sporting nos oitavos-de-final da principal prova de clubes do mundo:

Ou seja, o Benfica cumpriu os "mínimos" que são "exigidos" a uma equipa portuguesa. Como a seguir jogará com um Barcelona "inconstante" ou com um Liverpool no "pior momento da época", está pois obrigado a chegar aos quartos-de-final.

UM VISIONÁRIO


 

NO TOP 16 DA EUROPA

Saí do Estádio da Luz feliz com o resultado e com a passagem, tendo a exibição sido a possível face às muitas condicionantes que envolviam este jogo. Ao chegar ao carro e ligar o rádio, não queria acreditar no que ouvi: os comentadores da TSF começaram por elencar as “enormes” fragilidades do Mónaco, depois passaram aos onze golos sofridos pelo Benfica na Luz, lembraram que o Benfica cumpriu “os mínimos” na prova, e, preparando o futuro próximo, foram já adiantando que o Liverpool está na pior fase da temporada, e o Barcelona é uma equipa muito inconstante. E Lage, claro, não explicou os motivos de mais uma exibição tão pouco conseguida.
Isto está a atingir o absurdo. Desde a saída de Ruben Amorim, e dos sustos proporcionados pelas goleadas ao Atlético de Madrid e ao FC Porto, há uma campanha que visa descredibilizar a equipa do Benfica e o seu treinador. Sabendo-se que o Sporting tem um peso desproporcionado na comunicação social, com o qual acaba por impor narrativas, por vezes, bastante imaginativas, isto acaba também por influenciar os benfiquistas menos prevenidos.
A verdade é que o Benfica passou a fase regular, passou o playoff e está nos oitavos-de-final da Champions, já venceu a taça da liga, se ganhar o próximo jogo dorme, pelo menos, na liderança do campeonato, e se ganhar o seguinte estará no Jamor. Não querendo ser brejeiro, apetece-me citar Diego Maradona: “que la sigan chupando”. Já agora, quantas vezes na história foi o Sporting aos oitavos da Champions?
Vamos então ao jogo, ao verdadeiro.
Foi mais uma noite de emoções fortes, de incerteza no resultado até ao último segundo, com muitas falhas individuais pelo meio – como acontece sempre em qualquer partida que tenha seis golos.  No meio de erros e virtudes, acabou por ser um excelente espectáculo de futebol.
O Benfica entrou algo passivo, o que se compreende dado o contexto físico do plantel - quer pelos muitos ausentes, quer pelos vários presentes a meio-gás. Além do mais estava em vantagem, e cabia aos franceses tomar a iniciativa do jogo. Ainda assim foram os encarnados a abrir o marcador, após uma excelente recuperação de Barreiro (gosto cada vez mais deste rapaz), seguida de um excelente lance de Pavlidis finalizado por Akturkoglu (que assim regressou aos golos). António Silva podia ter dobrado a vantagem, mas o seu cabeceamento saiu ao lado.  A segunda metade da primeira parte foi do Mónaco, que chegou ao empate num lance com culpas repartidas entre Otamendi e Trubin (não seria último), e podia ter voltado a marcar em mais do que uma ocasião, sempre liderado pelo extraordinário Akliouche (que, ou me engano muito, ou não tarda estará no PSG).
Na segunda parte os monegascos estraram com tudo, determinados a virar o resultado e a eliminatória. Mais uma vez, Akliouche e as suas movimentações interiores levaram pânico à área do Benfica, e o segundo golo surgiu com alguma naturalidade. Temeu-se o pior.
Desta vez as substituições foram certeiras, e graças à frescura física de quem entrou (Dahl está a sair melhor que a encomenda), equilibraram o Benfica. O penálti devolveu a vantagem na eliminatória.
Novamente Otamendi, novamente Trubin, comprometeram, e o Mónaco aproveitou. Mas tudo acabaria em bem com o golo de Kokçu.
É verdade que o Benfica tem sofrido muitos golos. Mas também é verdade que marcou quatro ao Atlético, outros tantos ao Barça, e agora três ao Mónaco. Pavlidis é já um dos melhores marcadores da Champions. Houve alguma sorte neste jogo, como houve algum azar para não sair da primeira mão com um 0-2, ou um 0-3.
Parece-me extremamente difícil que a caminhada do Benfica vá além da próxima eliminatória. Mas a obrigação já foi cumprida.  Não os “os mínimos”, como dizem na TSF. Sim, uma prestação ao nível do Benfica europeu nas suas circunstancias actuais – que ainda assim se situam num plano bem superior ao de outros clubes portugueses.
Esta é a 28ª vez que o Benfica chega aos oitavos-de-final da competição. O FC Porto chegou 24 vezes. O Sporting 5.

O ONZE POSSÍVEL

Não arriscar com Tomás, muito menos com Aursnes (até porque com o Boavista nem haverá Barreiro). Este onze pode dar para um empatezito - que é o que o Benfica necessita deste jogo. Depois? Logo se vê. 

OBVIAMENTE, SILÊNCIO!

Acredito, honestamente, que nem os portistas, ou pelo menos alguns deles, percebam inteiramente o que representou Pinto da Costa para o Benfica. Só por isso (ou por má fé) alguém poderá estranhar o silêncio do clube da Luz para com a morte de um cidadão - que já nem sequer era o presidente do FC Porto.
Não é por ter ganhado muitas vezes. Sim pelos métodos com que o fez (todos os imagináveis), e, talvez ainda mais, pela atitude ostensivamente provocatória e cínica que sempre manifestou para com aqueles que, ele próprio, considerava seus inimigos - e que nunca se cansou de tentar humilhar e espezinhar.
Quando morreu Manuel Fernandes, escrevi um texto de saudade no jornal do Benfica. Era um adversário. Marcou golos e golos ao meu clube. Fez-me sofrer, mas era um homem digno. Um rival, jamais um inimigo. O mesmo poderia dizer do "Bibota" Fernando Gomes. Outro que, em campo, fez a vida negra ao Benfica. Foi um adversário temível, mas sempre respeitável.
Não é a instituição centenária FC Porto que está em causa. Pinto da Costa podia ter vencido ainda mais vezes. Fosse uma pessoa cordata, digna, elevada, respeitadora, honesta e desportivista, e não haveria vitórias nem títulos (do meu lado, derrotas) que me impedissem agora de me curvar perante a sua memória.
Como todos sabemos, não foi o caso. E nem é preciso ir ao Apito Dourado e a todo um sistema podre e corrupto que ele arquitectou ao longo de quarenta anos, e que depois fez escola no futebol português. Nem à conflitualidade, violência e intimidação que ele trouxe para o desporto. Basta lembrar os e-mails, que ele patrocinou, e que foram um acto de terrorismo comunicacional como não há memória. E estaria aqui o dia inteiro a recordar episódios de provocação insultuosa e insidiosa de quem, verdadeiramente, nunca soube ganhar.
Como é óbvio, os benfiquistas não admitiriam outra coisa a Rui Costa que não fosse ignorar a morte deste indivíduo - que, para mais, chega num momento em que já é completamente insignificante.

O LUGAR DO MORTO

Não festejo a morte de ninguém, respeito a dor das famílias. 
Também não contem comigo para branquear comportamentos ou legados de conflitualidade, provocação e falcatrua - que poluíram durante décadas o desporto português. 
Por isso, espero que não se lembrem de fazer minutos de silêncio ao pé de mim. Aliás, o próprio morto fez questão de separar as águas ainda em vida e, com alguma lucidez, renegar hipocrisias no seu funeral. 
Certamente morreram outros cidadãos no dia de ontem (muitos deles estimáveis, alguns possivelmente mais jovens). Morrerão outros hoje, outros amanhã, e um dia vai chegar a nossa vez. Como entenderá quem leu "As Intermitências da Morte" do grande José Saramago, ainda bem que assim é. 

PRECIOSOS PONTOS

Dadas as circunstâncias que o rodeavam, este era um daqueles jogos para ganhar por meio a zero. Inúmeras lesões, eliminatória europeia, viagem, relvado horrível, adversário forte, motivado e defensivo.
Lage arriscou, ao fazer descansar alguns dos poucos titulares disponíveis, e apresentou um onze revolucionário, mas fresco. 
A primeira parte não foi brilhante nem tranquillizadora. Ainda assim, deu para criar algumas boas oportunidades.
Na segunda, o Benfica apareceu mais afirmativo. Empurrou o adversário para trás, e acabou por chegar ao golo. A expulsão limitou a resposta açoreana. E o apito final foi ouvido com alívio. 
Como disse, a única coisa importante deste jogo eram os três pontos. Cá estão eles. 
Individualmente destacaria Bruma. Também não desgostei de Dahl - que não conhecia e me pareceu opção válida. Leandro Santos teve uma ou outra falha, saiu esgotado, mas não comprometeu. E Amdouni, mesmo sem brilhar, mostrou vontade de aproveitar a oportunidade - tal como Barreiro. 
Terça feira será outro dia. Além de todas as lesões, também Florentino e Bruma estão impedidos de jogar. Não queria ser eu a fazer a equipa. Mas uma coisa é certa: o Benfica entrará em campo com onze jogadores profissionais. 

UMA FINAL NOS AÇORES

O jogo com o Santa Clara é importantíssimo. Depois de recuperar dois pontos na semana passada, seria um rude golpe voltar a perdê-los nesta. Trata-se de um terreno difícil, e de um adversário que tem feito uma época fantástica. Num momento em que o plantel está dizimado por lesões, e a meio de uma eliminatória da Champions. Enfim, tem tudo para correr mal, e vai ter de ser a equipa a contrariar o destino.
Dando prioridade a este jogo e ao campeonato, escolheria um onze o mais próximo possível daquela que tem sido a equipa-tipo. Sabendo que não jogará um dos melhores defesas, o melhor médio e o melhor avançado. E que praticamente não haverá banco do meio-campo para trás.
Para terça-feira, logo se vê. Veremos também quem mais se lesiona até lá. Agora só interessa garantir os três pontos nos Açores.

É DEMAIS!

Este é o panorama que Bruno Lage vai encontrar para fazer escalar um onze na próxima terça feira. Veremos o que se passa com Tomás Araújo, mas todos os restantes são baixas certas. Ou seja, há apenas quinze jogadores do plantel principal disponíveis (veremos até lá...), dos quais apenas quatros defesas (um deles nunca jogou) e dois médios. Desde a Covid que não havia nada assim. 
É claro que há jogadores da B que podem (e provavelmente vão) jogar, como Leandro Santos, Bajrami, João Rego ou Prestianni. Mas isto é demais. E é natural que obrigue Lage a trabalhar outro sistema (eventualmente um 4-4-2).
Confesso que estou muito preocupado, sobretudo com a partida dos Açores. O Benfica devia ter pedido o adiamento, até porque, por motivos que só a UEFA poderá explicar, tendo ficado em 16º lugar vai ter muito menor período de descanso entre as duas mãos do que o Sporting, que ficou em 23º.
Tudo isto não pode ser coincidência. Olhemos para o Real Madrid, olhemos para o Manchester City (e também, sejamos justos, para o Sporting). O futebol, com estes formatos, com esta densidade competitiva, irá passar a ser um jogo para ver quem tem menos lesionados. A Liga Portuguesa podia ajudar, fazendo aquilo que há muito se impõe, e agora ainda com mais acuidade: reduzir drasticamente o número de clubes na primeira divisão. Se a Liga não o fizer (e sei que não o fará, e todos sabemos porquê), que seja o Governo a impô-lo.

TIRO AO LAGE

 ÚLTIMOS 18 JOGOS BENFICA:

ÚLTIMOS 18 JOGOS SPORTING:
ÚLTIMOS 18 JOGOS FC PORTO:

Benfica 12 vitórias, 2 empates e 4 derrotas
Sporting 7 vitórias, 4 empates e 7 derrotas
FC Porto 6 vitórias, 5 empates e 7 derrotas

Perante isto, porque não deixam Lage em paz? Afinal, um treinador que venceu um troféu (o único que disputou), que se apurou para a fase a eliminar da Champions e tem boas chances de ir ainda mais além, que está em todas as frentes, aos olhos de alguns "comentadores" parece que faz tudo mal. No Sporting, que desde Ruben Amorim ainda não ganhou dois jogos seguidos no tempo regulamentar, no FC Porto, que só venceu uma das últimas oito partidas, parece que se vive num mar de rosas.
E se no ano anterior a contestação a Roger Schmidt era, admitamos, generalizada, mesmo entre os benfiquistas, neste caso, embora não exista unanimidade (desde Eriksson, nenhum técnico do Benfica a teve), a campanha tem sido quase toda a cargo da comunicação social, e da praga de comentadores teoricamente independentes, mas na prática anti-benfiquistas, que conspurcam o espaço televisivo e jornalístico. E já começa a ser ridícula.
Os benfiquistas que não se deixem iludir. Há muita gente que quer, à força, fazer de Bruno Lage uma espécie de João Pereira ou Vítor Bruno do Benfica. Não foi, não é, nem será. E olhando para os resultados, tendo em conta que passou de fase na Champions, que ganhou a Taça da Liga e está nos quartos da Taça de Portugal, tendo perdido no campeonato frente a Sporting e Braga (o que, não sendo desejável, pode sempre acontecer, e nesses casos até foi imerecido), os únicos momentos em que o Benfica não foi, digamos, Benfica, foram as segundas partes dos jogos das Aves e de Rio Maior. Aliás, com esses cinco pontos perdidos os encarnados estariam agora isolados no primeiro lugar.
Tudo está bem? Não, há aspectos a melhorar. Mas, caramba, arrasar diariamente um treinador por ...isto??