CRAQUE, DENTRO E FORA DO CAMPO

Mais uma exibição magistral pela selecção turca, mais um golo espectacular, mais uma assistência de garra, e agora também uma presença fora de campo assinalável.
Um craque, em todas as dimensões do jogo e da vida.

MAIS DO MESMO

Com as suas inabilidades, com a sua irresponsabilidade, com a sua impunidade e falta de escrutínio, o Ministério Público deitou dois governos abaixo (no Continente e na Madeira). Esperemos que o novo procurador seja um pouco mais consciente do cargo que ocupa, e um pouco mais responsável nas decisões que toma e na forma como as comunica, para que o país possa, ele próprio, sobreviver-lhe.
Agora, para gáudio da comunicação social, sai uma acusação estapafúrdia a pedir que o Benfica seja suspenso das provas desportivas. Em causa estão alegados crimes de fraude fiscal e corrupção (não desportiva). Recordo que houve buscas a um ex-ministro, hoje governador do Banco de Portugal, por ter recebido uns convites para um jogo de futebol - o que diz tudo sobre a clarividência, a prudência e a credibilidade com que estes assuntos têm sido tratados.
No caso dos dois governos (e não estão em causa as cores partidárias, até porque eram diferentes) o mal ficou feito, enquanto a ex-procuradora - que em declarações fantasmagóricas se desresponsabilizou de tudo - já foi gozar a sua reforma milionária e tirar selfies com o bruxo de Fafe.
No caso do Benfica, um tribunal vai naturalmente um dia acabar por fazer justiça. O problema é o tempo que isso demora, e o desgaste mediático que o clube vai sofrendo - com eventuais consequências, por exemplo, a nível de patrocínios, que ninguém irá compensar.
Enfim, é o que temos. Ou, como quero acreditar, era o que tínhamos.
A vida continua. Há que ganhar ao Pevidém e depois ao Feyenoord. 
Em 2047, se estivermos todos vivos e de boa saúde, lá veremos o Benfica a ser ilibado em tribunal. Até lá, os rivais que se divirtam com a comunicação social - que, diga-se, também tem que se olhar ao espelho, para perceber todos os motivos pelos quais se está a afundar, e a deixar o espaço virtual entregue aos bichos.

AS MODALIDADES

TÍTULOS MODALIDADES COLECTIVAS DE PAVILHÃO- últimos dez anos:

INVESTIMENTO POR SECÇÃO - 2023-24:

Face às contas recentemente apresentadas, voltou a falar-se do investimento nas modalidades. Uns acham que é pouco. Outros acham demais. A mim, devo dizer, parece-me globalmente equilibrado.
Ponto prévio: não admito, e jamais admitirei, acabar com qualquer das secções em causa, ou seja, Hóquei, Basquete, Volei, Andebol e Futsal, nas vertentes masculina e feminina. Já em modalidades como Ténis de Mesa, Polo Aquático, Bilhar ou Rugby, e mesmo Atletismo, Canoagem, Triatlo ou Natação, não conhecendo os custos, não poderei emitir uma opinião sustentada, sendo que gosto de as ter, mas confesso que não daria muito pela falta. Relativamente ao chamado Projecto Olímpico, tenho grandes dúvidas sobre a relação custo-benefício. Não sei quanto paga o Benfica a Pablo Pichardo, Fernando Pimenta ou Diogo Ribeiro, nem como funcionam os patrocínios, mas verifico que as suas grandes vitórias raramente são associadas ao clube. Para além dos Jogos Olímpicos se disputarem apenas de quatro em quatro anos, e nesse contexto os atletas representarem sobretudo (ou somente) o país. Justifica-se tê-los apenas como bandeiras? Francamente não sei.
Voltando às modalidades de Pavilhão, dando as femininas como claramente hegemónicas (falta o Volei, mas acredito que vá a caminho), vamos então às cinco masculinas.
O Hóquei em Patins é aquela de que mais gosto, sobretudo por estar muito ligada à minha infância - quando era claramente o segundo desporto nacional. Além disso, é uma modalidade onde há sempre boas perspectivas de obter títulos internacionais (das últimas cinco Ligas dos Campeões, quatro foram conquistadas por clubes lusos, infelizmente nenhuma pelo Benfica). Não exigindo plantéis muito extensos, e tendo um mercado muito circunscrito, não é preciso um investimento faraónico para construir uma das melhores equipas do mundo. Entre más arbitragens e algum azar, os títulos não têm sido tantos como se desejava. Acredito que, com os novos reforços, e com o novo treinador (embora não desgostasse do anterior), o Benfica possa traduzir o investimento em títulos, sendo que no âmbito nacional enfrenta adversários fortíssimos, dentro e fora das pistas.
Deste lote de cinco, o Basquetebol é claramente a modalidade de maior relevo planetário. Embora o seu epicentro seja nos EUA, com a fantástica NBA, também na Europa o nível é altíssimo, bastando ir a Espanha para o perceber. O Benfica tem grandes tradições nacionais, é tricampeão e tem de se manter ganhador. Com um mercado extraordinariamente denso, variado e caro (nomeadamente quanto aos norte-americanos de qualidade), o investimento tem naturalmente de acompanhar a realidade, sendo que a participação internacional é apenas isso mesmo: participação. Apesar de me parecer que, nas últimas duas épocas, o plantel do Benfica poderia ter feito uma gracinha na Fiba Europe Cup (uma espécie de quarta divisão europeia), onde não esteve por ter conseguido apurar-se para a Fiba Champions League (que sendo inacessível para a realidade nacional, é ainda assim a terceira divisão). Temo que as saídas de Ivan Almeida, Carter e Toney Douglas (este para o FC Porto) possam fazer-se sentir, embora perceba que as questões salariais têm de ser consideradas.
O Voleibol tem sido uma máquina de triunfos. Não retirando o mérito a Marcel Matz, não podemos esquecer que aqui não "há" FC Porto, e mesmo o Sporting, até à época passada, pouca luta dava aos agora pentacampeões. O adversário era, sobretudo, o Fonte Bastardo, com orçamentos certamente mais baixos. Esta temporada começou mal, com três competições perdidas em pouco mais de uma semana (Taça Ibérica, Supertaça e qualificação para a Champions). Ao contrário do Basquete, no Volei é possível estar entre os melhores - ou seja, na principal competição de clubes do mundo. Isto não é indiferente. Vamos esperar para ver, embora me pareça que a equipa já foi mais forte, tendo a certeza que o Sporting vai ser um osso duro de roer.
O Futsal tem sido a modalidade com maior acréscimo de mediatismo, quer pelos títulos internacionais alcançados para o país, quer porque tem atrás de si as poderosas estruturas organizativas do Futebol. O Benfica, que foi dominador nos tempos de Ricardinho, perdeu a liderança para um Sporting fortíssimo (sete campeonatos em oito, mais duas Champions). Como no Hóquei, quer Benfica, quer Sporting podem, com uma pontinha de sorte, ser campeões europeus (os encarnados ficaram nas meias-finais nos últimos três anos, e sempre com sabor a pouco). Diria até que era mais fácil, num dia feliz, ganhar a Champions do que um campeonato onde se é obrigado a vencer várias vezes o rival. Imperdoavelmente eliminado pelo Braga no playoff nacional, o Benfica este ano não marca presença na Europa. Por isso, entendo a temporada como de transicção, havendo que apostar nos jovens de grande valor que o plantel inclui (como Lúcio ou Kutchy) , preparando um ciclo ganhador para o futuro próximo. Tratando-se de uma modalidade com mercado circunscrito, é possível formar, construir e manter. Aliás, é isso que o Sporting tem feito, com enorme sucesso. Se no Hóquei, no Basquete e no Volei, espero nada menos do que ganhar o campeonato, no Futsal aceito um segundo lugar, e a qualificação europeia - para um 2025-26, então sim, de enorme sucesso.
Fica para o fim o Andebol, que é mesmo o caso mais problemático. Com um investimento elevado, as coisas têm corrido invariavelmente mal. Tudo começou num erro histórico, com a dispensa do saudoso Alexander Donner, que pegara na equipa na segunda divisão e em dois anos a levou ao título nacional de 2008. Na altura privilegiou-se estupidamente o balneário, dominado por jogadores de profissionalismo duvidoso (não gostavam de trabalhar tanto quanto o técnico exigia), alguns dos quais acabaram no Sporting. Perdeu-se a embalagem, a coerência do projecto e o rendimento. Nunca mais se encontrou o rumo. Entretanto houve um FC Porto de nível Champions, e agora há o melhor Sporting de sempre. Entretanto houve também um momento singular, totalmente inesperado e heroico, que foi a conquista da Liga Europeia em 2022, que tive o privilégio de presenciar, no Pavilhão Atlântico. Essa teria sido uma boa oportunidade para apanhar o comboio, e dar o passo seguinte. Por motivos que desconheço, tal não aconteceu. Esta temporada espero apenas o terceiro lugar, sendo que o segundo dá acesso à Champions. O título parece-me entregue ao Sporting, que tem conseguido manter os seus principais jogadores, e já goleou e humilhou o Benfica duas vezes neste início de época (na Supertaça e no Campeonato). E para ficar em terceiro não me parece que se justifique gastar tanto dinheiro, sendo que estamos a falar de uma modalidade olímpica, preponderante nos países mais ricos do mundo, e que exige plantéis extensos. Neste caso, justifica-se uma crescente aposta na formação, e uma visão de médio/longo prazo, para que dentro de dois ou três anos, contando também com um eventual fim de ciclo do Sporting, se possa atingir o topo.
Em suma, o montante global investido parece-me adequado, embora eu fizesse alguns ajustes entre modalidades. Para a presente época creio que quatro campeonatos femininos e dois masculinos, com um total de 23/24 troféus, seria um bom registo. Muito bom seria cinco femininos e três masculinos (no Futsal e no Andebol, não acredito que o sucesso possa ser imediato). Da frente externa, só o Hóquei tem alguma possibilidade de trazer mais do que honra e dignidade. Que assim seja. 

É GOLEADOR!

Nunca coloquei em causa o valor de Pavlidis. Sei o que fez na Holanda, vi o que fez na pré-época, e mesmo nos jogos oficiais até agora realizados, sempre me pareceu que marcar ou não marcar era uma questão de tempo - ao contrário da percepção que tive, por exemplo, de Arthur Cabral.
No jogo com o A.Madrid, mesmo não marcando (por manifesto azar), esteve em grande - como todos os outros, diga-se. Aquele cabeceamento que obrigou Oblak à primeira das suas grandes defesas, o lance em que conquistou o penálti, e outros momentos do jogo, mostraram que está ali um excelente jogador.
Não é tão bom como Gyokeres, e esse é o nosso drama. Mas tirando Haaland, Lewandowski e Kane, não vejo, no futebol mundial, muitos pontas-de-lança melhores que o sueco do Sporting.
No Wembley, o avançado grego resolveu o jogo, garantindo uma vitória histórica para a sua selecção. Marcou três, um deles anulado. A Grécia venceu 1-2.
É forte, movimenta-se bem, e tem faro de baliza. Como digo acima, marcar ou não marcar é apenas uma questão de tempo.

MAIS UM VISIONÁRIO

 

ATÉ QUANDO?

Ninguém tinha saudades disto.  Enquanto o Nacional estava na segunda divisão - onde devia ter ficado - esta situação esteve esquecida. Voltou a acontecer. Pela 17a vez!!! 
O estádio, pelo local onde se situa, não tem manifestamente condições para se disputarem lá jogos desta importância. 
A solução ideal era atirar este tipo de clubezecos para o seu devido lugar. Como ninguém tem coragem de o fazer, havia, pelo menos, que os obrigar a jogar em estadios decentes. E na Madeira há um estádio decente. Provavelmente pago com o nosso dinheiro. 
E agora? Há as datas FIFA - outro anacronismo -, há um campeonato com 18 equipas, equipazinhas e equipazecas, e há a Champions com ainda.mais jogos. Fica este la para o Natal 
Triste futebol. Triste liga portuguesa, que tem de tudo menos bom futebol. Não podemos jogar apenas na Champions? 

ONZE PARA A CHOUPANA

Isto, claro, se se confirmar a baixa de Akturkoglu.
 

RANKING DA UEFA

I N O L V I D Á V E L !

Vão faltar-me palavras para comentar o que se passou esta noite na Luz.
Quem viu, não esquecerá. Quem não viu deve lamentar-se, pois tratou-se, porventura, do melhor jogo do Benfica nos últimos anos.
É claro que há sempre quem procure desvalorizar as vitórias do clube. Naturalmente os rivais, mas, ultimamente, também alguns que se autointitulam benfiquistas. Neste caso concreto, vão ter muita dificuldade em fazê-lo.
O Atlético de Madrid, que veio na máxima força (enfim, faltou apenas o lesionado Le Normand), é das equipas que melhor defende no mundo. Gastou cerca de duzentos milhões de euros em reforços, e é candidato a tudo. Já com oito jornadas do seu campeonato, ainda não tinha perdido qualquer jogo na temporada. De resto, sofreu na Luz quase tantos golos como havia sofrido nos restantes nove jogos que disputou - nos quais só por uma vez não tinha marcado. Acabou a partida de rastos, suplicando pelo apito final do árbitro, esmagado pela força impiedosa do adversário.
Vamos ao Benfica, e desde logo a Bruno Lage. Ao contrário do que parecia acontecer com Roger Schmidt (e também a ele voltarei mais adiante), com o setubalense a equipa adapta-se estrategicamente ao adversário. Esperava-se um Benfica no mesmo 4-3-3 que se havia cimentado nas últimas partidas, mas, quase sem mexidas no onze, viu-se uma maleabilidade táctica notável: quer com um 4-4-2 em que Di Maria surgia solto como segundo avançado, e Aursnes (este homem vale ouro) e Akturkoglu como alas a reforçarem os flancos, quer com um 4-1-4-1, com Florentino atrás de um quarteto que, tanto povoava o meio-campo em processo defensivo, como se expandia assim que a equipa recuperava a bola. Além dessa dimensão táctica, percebe-se que os jogadores estão com o seu treinador, sentem-se confortáveis com o que têm de fazer em campo, e por tudo isso respiram confiança.
O efeito foi uma exibição esplendorosa, perante a qual o resultado final acabou por ser simpático para os madrilenos. O Benfica criou cerca de uma dezena de oportunidades de golo, enviou duas bolas aos ferros, obrigou Oblak a duas ou três intervenções de grande categoria e o central Gimenez a alguns cortes providenciais dentro da área – sendo estes os dois melhores elementos entre os “colchoneros”.
Do lado dos encarnados, individualmente destacaria Carreras, que fez o seu melhor jogo com a camisola do Benfica. Também Florentino, Aursnes e Kokçu estiveram em nível elevadíssimo, num colectivo que brilhou pelo todo e como um todo.
À saída do estádio muita gente falava de Roger Schmidt e do contraste (óbvio, inegável) desta equipa com a que iniciou a época. Ora como eu não tenho memória curta, e as coisas são o que são, terei de dizer que a exibição europeia do Benfica que, nos últimos anos, me recordo de mais se ter parecido com esta, ocorreu numa partida com a Juventus, quando no banco estava…Roger Schmidt. Também esse foi um jogo maravilhoso. É justo dizê-lo neste momento, até para provar que o mundo não é a preto e branco.
Com uma eventual vitória sobre o Feyenoord no dia 23 (e agora há que evitar qualquer tipo de triunfalismo), o Benfica colocar-se-á numa posição bastante favorável face ao apuramento. Não nos oito primeiros – isso parece-me utópico -, mas nos 24 que seguirão para o playoff.
Quanto ao campeonato, creio que ainda haverá tempo. E a jogar assim, o Sporting que se cuide e que se assuste- tem fortes razões para isso.
Enfim, são noites como esta que me fazem gostar de futebol, e até ter pena daqueles que não sabem o quão saboroso é desfrutar destes momentos.
Uma última palavra aos jogadores, ao treinador e ao presidente do Benfica: Obrigado!

ESPANHÓIS NA LUZ

Nos últimos dez jogos, apenas uma vitória. Equipas complicadas, defensivas, rigorosas, robustas e cometendo poucos erros. Por alguma coisa venceram mais de metade das Ligas dos Campeões e Ligas Europa dos últimos vinte anos.
Como nota de curiosidade, diga-se, porém, que o Benfica deve ser das poucas equipas europeias com saldo positivo frente ao colosso Real Madrid (2 vitórias, 1 derrota, 11-6 em golos). O problema é que só se encontraram nos anos sessenta...

ONZE PARA A CHAMPIONS


Em certos momentos, Aursnes poderá fechar o flanco direito, com Tomás Araújo a fazer terceiro central - e mais liberdade para Di Maria. Pavlidis talvez precise de ir ao banco, e Amdouni, com maior mobilidade, parece mais indicado para este tipo de adversário.
O Atlético é uma equipa extremamente difícil. Naturalmente pelo valor dos seus jogadores, mas também porque joga o tipo de futebol com o qual o Benfica tem normalmente grandes dificuldades. Um empate seria ouro.

TODOS DO MESMO CLUBE

Tudo a mesma tropa. O grande cancro do futebol e dos grandes clubes, agora potenciado pelas redes sociais. Cada um acha que o clube mundo é seu. Como não sabem nada, acham que sabem tudo, e quem não concorda é porque é ignorante. Querem impor, aos gritos, ou mesmo aos murros, a sua vontade a todos os outros. Enfim, há que resistir a esta gente, que não anda apenas no futebol.
 

A REPRESENTATIVIDADE DAS ASSEMBLEIAS GERAIS

Um artigo de José Manuel Delgado em "A Bola", seguido de resposta de Vasco Mendonça no mesmo jornal, trouxe-me de volta a este assunto.
Já perdi a conta às Assembleias Gerais convocadas este ano no Benfica, e não vamos ficar por aqui. 
Por tudo e por nada convoca-se uma AG, que é aproveitada, não para discutir o ponto, ou os pontos, em agenda, mas sim para confrontar os dirigentes - demasiadas vezes com gritaria e insultos, que  envergonham a família benfiquista aos olhos do país. Há também quem as aproveite para protagonismo pessoal: o Benfica é um poderoso trampolim para a notoriedade, que o digam alguns políticos da nossa praça.
Talvez se aplique a máxima de Churchill, quando falava da democracia. Talvez as AG sejam o pior sistema para tomar decisões...à excepção de todos os outros. Mas há que fazer uma reflexão profunda sobre elas, a sua morfologia face a um contexto muito diferente daquele em que foram idealizadas, e a sua representatividade num clube que tem 326 mil associados, 325 mil dos quais não vão às AG's, deixando que estas se resumam ao número dos presentes numa qualquer partida de Voleibol - o que acontece pelos mais diversos motivos, um dos quais a distância para Lisboa e o facto de se prolongarem invariavelmente muito para além do horário aceitável para o comum cidadão trabalhador e/ou de família.
Os benfiquistas não têm todos de ser "ultras" - embora estes achem que o clube é só deles. Há muitas formas de viver o clube, e todas são respeitáveis. A maioria dos sócios gosta de ver futebol, quer que o Benfica ganhe, mas não se interessa muito pelos jogos de poder que se disputam fora do relvado. Muitos dos sócios vivem longe de Lisboa, espalhados pelo país e pelo mundo. Fazem sacrifícios enormes para poder ir a alguns jogos. Querem futebol, vitórias e títulos. Dispensam converseta e discussões, muitas vezes estéreis e quase sempre divisionistas - quando não arruaceiras.
A consequência é que uma larga fatia das AG fica por conta de grupos de jovens com pouco que fazer, mais ou menos organizados, oriundos de Lisboa ou da sua periferia, que com grande capacidade de mobilização e de ruído, condicionam e, no limite podem até manipular, os trabalhos e decisões que afetam todo o clube. Já correu mal. Temo que um dia possa correr ainda pior. 
Não sei se é viável, mas parece-me que deveria ponderar-se a transmissão televisiva das AG (de qualquer forma acabam por aparecer, subvertidas, noutros canais televisivos), e promover a possibilidade de todas as votações serem feitas online. Isto naturalmente tem os seus riscos, mas deixar 325 mil sócios de fora parece-me bem pior. Estamos em 2024, num mundo global e tecnológico. Com a dimensão de clubes como o Benfica, fará sentido manter as metodologias de uma qualquer sociedade recreativa do século passado?
Talvez por isto mesmo alguns estranhem que, à contestação violentíssima feita em redes sociais e afins, não corresponda a eleição de presidentes nas urnas. É que esta é feita, também, nas Casas do Benfica espalhadas pelo país e pelo mundo, com privilégios justíssimos para quem é sócio há mais tempo (o maior certificado de benfiquismo que pode haver) não ficando nas mãos de vanguardas que se julgam iluminadas (e, na História, as vanguardas iluminadas deram sempre mau resultado), que continuarão a vingar nas AG enquanto estas mantiverem o formato actual.
Um caso a pensar. E já que está em curso um processo de revisão de estatutos, talvez seja a melhor oportunidade para o fazer.

SE ISTO É UM DÉRBI...

Bem sei que a camisola do Sporting se deveu a uma campanha solidária. Mas não é a primeira vez que fico chocado com equipamentos alternativos usados sem necessidade. E saúdo o sócio do Benfica que propôs que os estatutos os limitem a duas cores (vermelho e branco).
Às razões comerciais sobrepõe-se, creio eu, a necessidade de preservar símbolos. Um clube é um emblema e as suas cores. Se mexemos nesses parâmetros, corremos o risco de deixar ficar pouca coisa. As marcas desportivas estão-se nas tintas para isso. Os dirigentes não podem estar.
Nesta partida, cheguei a ter dificuldades em perceber para que lado queria que fosse a bola.
Ah... o Benfica ganhou em Alvalade. E num campeonato corrido a 22 jornadas, e em que existe uma clivagem enorme entre os principais clubes e os outros, esta vitória foi extremamente importante - limpando também a imagem deixada pelas encarnadas (às vezes vestidas de preto) na qualificação para a Champions.

FESTA DO GOLO

Antes de semana Champions, raramente se fazem exibições brilhantes. E muitas vezes, também os resultados se sentem - que o diga o Barcelona.
Não esperava pois um super Benfica frente ao Gil Vicente, com os jogadores (é humano) a pensarem no Atlético de Madrid.
O golo sofrido cedo (convém não se tornar hábito) parece ter espevitado a equipa - que na meia hora seguinte , não só virou o resultado, como podia tê-lo desde logo resolvido.
Depois o jogo perdeu intensidade, com um Benfica mais relaxado, e o Gil incapaz de criar perigo.
A segunda parte continuou no mesmo registo, o que, com o resultado tangencial e à medida que o tempo passava, se ia tornando perigoso.
O excelente golo de Amdouni decidiu os pontos, e abriu caminho a uma goleada - que acaba por ser algo excessiva face ao que se tinha passado nos 80 minutos anteriores.
Quarta vitória seguida, 14-3 em golos, Lage segue em estado de graça. Venha o Atlético de Madrid. 

ONZE PARA O GIL


 

A LIGUINHA DO PROENÇA

Pedro Proença foi um excelente árbitro-UEFA/FIFA. Ou seja, cumpria todos os requisitos para uma bem sucedida carreira internacional: 1) apresentar-se em boa forma física, 2) falar bem inglês, 3) manipular resultados sem dar muito nas vistas.
Por essa via sinuosa chegou ao dirigismo, onde tem mostrado, de novo, a sua total incompetência em termos de substância. Na forma, continua a falar bem, a dar abraços a toda a gente, e a fingir que sabe o que diz.
Ora, segundo ele, nenhum clube vale mais do que a sua liguinha pindérica. Vale sim, camarada! E não só o Benfica vale mais do que a liga portuguesa, como o Sporting, o FC Porto, e até talvez o Braga e o Guimarães. O país tem excelentes jogadores, tem excelentes treinadores, tem clubes que fazem milagres na Europa. Qual é o maior problema? O que é que puxa o futebol português para baixo? A fraca arbitragem (onde estava Proença), e a miserável liga (onde está Proença), que procura nivelar tudo por baixo e colocar grandes clubes ao nível de sad's fantasma, sem identidade, sem história, sem massa crítica, com capital sabe Deus de onde, com propósitos sabe Deus quais, e que intoxicam o campeonato nacional até se tornar totalmente irrelevante à escala internacional.
Um idiota qualquer lembrou-se de legislar sobre a centralização dos direitos televisivos. E agora estamos nisto, a menos que alguém de bom senso intervenha - necessariamente a nível político - para, ou revogar essa legislação, ou fazê-la acompanhar por uma redução drástica do número de clubes capaz de, em sentido oposto, nivelar por cima, congregar patrocinadores, aumentar o número de jogos interessantes (sejamos honestos: quem vê, e a quem interessa, um Casa Pia-Moreirense?), e não penalizar os verdadeiros clubes portugueses - aqueles que competem nas provas internacionais, que formam e vendem grandes jogadores, que suscitam a atenção de 99,9% dos adeptos, e que não têm nada que partilhar o dinheiro que geram com investidores abutres que dominam o desfile fúnebre que é o campeonato português. A solidariedade deve existir para com pessoas. Não para com entidades pseudo-desportivas.
Acredito que a Liga podia até valer bastante se alterasse os seus quadros competitivos, promovesse uma primeira divisão adequada à dimensão social, cultural, económica e demográfica do país, com oito clubes a quatro voltas (multiplicando os "Clássicos"), e atirasse para os escalões secundários todo o lixo que a conspurca. Aí sim, talvez tivéssemos um campeonato interessante, vendável para outros países, e clubes competitivos a todos os níveis.
Acontece que os perus não votam a favor do Natal. E Proença é, naturalmente, o chefe da capoeira.
Deste modo, o Benfica (mas também Sporting, Porto, Braga e Guimarães), devem manter-se totalmente à margem deste caminho, que será o caminho da ruína. E se necessário, com mais um ou outro, numa posição de força, criarem a sua própria Super-Liga, deixando Proença a contar as moedas dos Casas Pias-Moreirenses, e dos Avs's-Aroucas.

SAI MAIS UM LUÍS

Não gosto de ver facadas nas costas. Como diria Pinheiro de Azevedo, é uma coisa que me chateia, pá.
Tal como Luís Filipe Vieira na CMTV, também Luís Mendes (e há tantos luíses nesta terra...) se prestou a uma espécie de ajuste de contas no Record (do mesmo grupo), que não sendo directamente com Rui Costa, acaba inevitavelmente por atingir em cheio as ditas do dito.
Pobre Rui Costa. Não há quem não lhe atire pedras. E o pior é a sensação de que alguns dos que estão hoje com ele, também o farão assim que, por qualquer motivo, venham a sair dali.
Luís Mendes não deixará de ter razão em certas coisas que diz. Mas podia, e devia, guardar as razões para si. Isto se gosta do Benfica, ou se, como afirma, ainda é amigo de Rui Costa. Além de que, sendo uma escolha pessoal do presidente - que o foi buscar ao anonimato e o trouxe para as luzes desta outra ribalta (que não seduzem, nem fazem falta, como na canção de Sérgio Godinho) - lhe deveria, digo eu, um sentimento acrescido de lealdade. De fora, toda a gente o via como tal: o homem de confiança do presidente no meio do lago dos tubarões do passado. Afinal...
Começo a desconfiar que Rui, sendo Costa e podendo até ter condições para ser um bom presidente do Benfica (rodeado das pessoas certas), não tem costas que cheguem para encaixar tantos golpes. Nessa capacidade de encaixe, Vieira, habituado toda a vida a patinar em chão escorregadio, superava-o largamente.
Entre alguns que ainda estão dentro (vaidade), outros que saíram (rancor), e aqueles que querem entrar (inveja), ninguém parece preocupar-se muito com o clube. A não ser, talvez, o próprio presidente - dos poucos que não precisam daquilo para nada, e que cada vez mais se transforma numa espécie de general no seu labirinto - como no romance de Gabriel Garcia Márquez.
O conteúdo da entrevista não é por aí além. Mendes diz mal de Nuno Costa, diz mal de Jaime Antunes, diz mal de Fernando Tavares, diz mal de Fonseca Santos, diz mal de Rui Pedro Braz, diz mal de Rui Costa, e quando uma só pessoa diz mal de tanta gente com quem acabou de trabalhar, eu fico de pé atrás com ela. No meio, alguns apontamentos interessantes/preocupantes, como o elevadíssimo (descontrolado?) investimento nas modalidades - e eu gosto, e sigo todas as modalidades do Benfica, não prescindo delas, mas também acho que se devia ser mais moderado em algumas, com plantéis mais curtos e maior aposta na formação, por exemplo no Futsal que este ano nem sequer está nas provas europeias e está condenado a ficar em segundo, ou no Andebol que está condenado a ficar em terceiro, e continua a consumir imensos recursos, ou o Projecto Olímpico, que não sei quanto custa, mas tem um retorno muito duvidoso, etc -, e a ideia de que a gestão tem de ser profissionalizada, bem como quando fala dos direitos televisivos e dos riscos que o Benfica corre com uma decisão estúpida de um governo. Tudo, lá está, coisas que defendeu lá dentro (e bem), não tendo necessidade agora de as trazer cá para fora (e mal).
O Benfica, enfim, vai resistindo. Na sexta-feira, mais uma Assembleia Geral. Perdi a conta ao número de "reuniões" deste tipo, totalmente desadequadas aos tempos modernos, que são basicamente ajuntamentos de jovens lisboetas em fúria, com grande capacidade de mobilização, e dispostos a ficar lá até às 3.00 ou 4.00 da manhã a disparar tiros sobre a mesa, em assuntos que nem sequer fazem parte da ordem de trabalhos.
Já agora, a propósito, deixo aqui uma boa proposta para a revisão de estatutos: salvo situações absolutamente excepcionais (obrigando a um elevado número de assinaturas), apenas deverá haver uma AG por ano, e no defeso futebolístico. Isto, claro, obrigaria a alterar alguns outros artigos. Mas o pior é continuar a alimentar estes momentos, que o Benfica não tem condições de suportar mais tempo, e onde a noção de democracia parece ser cada um, ou cada grupo, querer impor aos outros a sua vontade com gritos e insultos - e aquela é a arena perfeita para esse circo e para o respectivo aproveitamento mediático. 

RUI COSTA E A ANÁLISE AO MERCADO

Rui Costa está a ser vítima de si próprio. 
Prometeu uma auditoria, cumpriu, e o resultado foi contestação. Prometeu rever os estatutos, está a cumprir, e o resultado é mais contestação. Prometeu abordar o mercado com transparência, tem cumprido, e cada palavra que diz é alvo de ainda maior contestação. Como bem sabemos, contestação em 2024 significa insultos, quando não agressões ou tentativas de tal. E ninguém já quer saber de ter sido campeão nacional em Maio de 2023 (ou seja, há apenas 16 meses!), ou de ter ido a três Quartos-de-Final europeus consecutivos (dois deles na Champions). Enfim, o mundo está assim, e não sei onde vai parar.
Fosse eu, e não tinha feito auditoria nenhuma (um autêntico strip-tease aos negócios do Benfica, para gáudio dos media e dos rivais), não revia estatutos nenhuns (não são, nem alguma vez foram, os estatutos a ganhar ou a perder campeonatos), nem dava satisfações públicas sobre a contratação de A ou B, nem sobre a venda de C ou D, até porque em muitos desses casos não é possível dizer a verdade toda (como, por exemplo, que João Mário tinha  talvez o salário mais alto do plantel, ou que Neres, Leonardo e Morato, diz-se por aí, encontravam-se depois dos treinos para beber copos num bar da margem sul). Abrem-se várias caixas de Pandora, que depois se torna impossível fechar. Fica sempre a esperança, como na mitologia grega.
Talvez o próprio Rui Costa aprenda com os erros, e um dia entenda que não se pode agradar a toda a gente, sob pena de não se agradar a ninguém. E se queriam, da minha parte, críticas ao presidente do Benfica, aqui estão elas. Posso ainda acrescentar ao ramalhete a renovação extemporânea com Roger Schmidt e as demasiadas mexidas no plantel no pós-título de 2023 (para as quais aqui chamei a atenção em devido tempo), tudo situações naturais na história do Benfica - erros, tais como quando Ferreira Queimado deixou fugir Jordão, ficou só com um ponta-de-lança e perdeu dois campeonatos para o FC Porto (que não ganhava havia 19 anos), ou quando Fernando Martins vendeu Chalana e Stromberg para fechar o Terceiro Anel que passado poucos anos (com o início das transmissões televisivas) estava às moscas, quando Borges Coutinho deixou sair Jimmy Hagan, hipotecando porventura a afirmação europeia de uma equipa que a merecia, quando Jorge de Brito ignorou um colapso financeiro que levou ao "Verão Quente" de 1993, quando Damásio permitiu que Artur Jorge despedisse meio plantel e depois despediu-o a ele, quando Vilarinho recusou renovar com José Mourinho o que originou a sua saída e tudo o que se viu depois, isto para não ir mais longe, nem mais perto. Todos os presidentes, de todas as instituições, cometem erros, que constam de um balanço final ao lada das realizações. Eu tenho a mania de querer esperar pelos balanços finais.
Sobre o que Rui Costa disse em concreto não há muito a acrescentar. 
Como em todos os anos, e em todos os clubes, há contratações boas e contratações más. Há sempre um Fresnada por cada Gyokeres, um Bruno Cortez por cada Jonas e um Kabore por cada Akturkoglu. De resto, creio que muito do mercado de 2024 foi para corrigir erros de 2023 - e só no fim da época poderemos saber se com sucesso ou não. Algumas das contratações tiveram o óbvio crivo do ex-técnico (Beste e Barreiro, pelo menos), mas nem sequer foram as mais caras, e talvez não sejam más de todo.
Quanto a vendas, só por ignorância ou má fé se pode achar baixo o valor pago por João Neves - que, por muito que gostemos dele, e eu gosto muito dele, nem sequer foi titular da Selecção no Europeu. O outro titular indiscutível do Benfica que saiu, Rafa, creio não ter mesmo sido possível manter - e, diga-se, também não era consensual entre uma franja de benfiquistas.
Agora, o que espero do Benfica é menos conversa, menos Assembleias-Gerais, menos campanhas eleitorais, e mais golos e vitórias. É para isso que um clube serve, e não para alimentar a comunicação social com conteúdos mais ou menos folclóricos.

CONTRA VENTOS E MARÉS

Antes do jogo, ouvia-se e lia-se que o Boavista era um adversário difícil, e o Bessa um terreno complicado. Depois da vitória encarnada, e logo nos comentários televisivos, o discurso mudou radicalmente: o Boavista está agora na sua "maior crise de sempre" (lembremos que chegou a andar no terceiro escalão), e é uma equipa de juniores. Como tal, este triunfo do Benfica, o terceiro em três jogos com Lage (9-2 em golos), o segundo fora de casa, não vale nada, pelo que as notícias da retoma encarnada eram, ou são, exageradas. O Benfica está doente, e assim deve continuar. Assim tem de continuar para que essa gente seja feliz.
Enfim, estamos habituados a isto. O clube da Luz está em maioria social no país, mas está em minoria na comunicação social do país. Além disso (que já é antigo), há agora uma nova espécie de benfiquistas, sem memória nem juízo, que criticam, condenam, insultam e, em alguns casos, até agridem, não percebendo que com isso não estão a atingir a direcção ou o presidente, mas todo o clube e a sua estabilidade - tão necessária para fazer face aos compromissos da equipa no relvado, como à afirmação do benfiquismo no espaço mediático.
Percebe-se que um Benfica a apresentar um futebol indigente, e afastado do título, desse jeito a muitas dessas pessoas (os de fora, e também alguns de dentro). Daí que esta retoma traga bastante azia - que se percebeu, mal acabou a partida - em todos os que apostavam, e apostam, em mais uma época fracassada.
Como o mundo não vai mudar tão cedo, resta ao Benfica ganhar, ganhar e ganhar. É esta a única forma de aplacar as agressões que lhe vão fazendo, desde o exterior, e ultimamente também do interior.
Falando de futebol (coisa que já só interessa a alguns resistentes da velha guarda), a equipa de Lage realizou uma excelente primeira parte, em que construiu a sua vitória. Na segunda relaxou um pouco o ritmo, e como o técnico encarnado disse no fim, esse é um dos desafios imediatos: manter a mesma pressão durante os noventa minutos.
Individualmente há a destacar os turcos. Akturkoglu, no mínimo está em excelente forma, e se assim continuar será um caso sério no futebol português. Kokçu, depois de um ano a pastar, parece enfim mostrar valer o que o clube pagou por ele - foi o melhor em campo. Também estou a anotar o crescimento de Carreras, aguardando por um teste de fogo (por exemplo, o Atlético de Madrid) para confirmar a ideia.
Em sinal inverso, Aursnes e Di Maria ainda estão longe do seu melhor (um vem de lesão, o outro não fez pré-época), Otamendi só justifica a titularidade pela experiência e pelo estatuto (Tomás Araújo merecia actuar no eixo da defesa), e Kabore entrou uma vez mais em falso (não me precipito a lançá-lo para a fogueira, pois lembro-me de Luisão e David Luiz).
Por fim, há que falar da arbitragem. Se no lance entre o guarda-redes e Pavlidis até posso entender a falta anterior de Tomás Araújo, a carga sobre Di Maria perto da linha de fundo pareceu-me penálti evidente, não havendo como não responsabilizar o VAR Tiago Martins. Curiosamente, acho que foi o mesmo fulano que há dois anos descortinou um penáltizinho de António Silva sobre Paulinho num dérbi na Luz. Haja critério.

ONZE PARA O BESSA


 

... E NO FIM GANHA O BENFICA

A dar ouvidos aos comentadores da Sport Tv (um lagarto, outro tripeiro), o Benfica teria sido enxovalhado em  Belgrado. Talvez fosse essa a vontade deles. Mas nem o Estrela Vermelha é o doce que dizem (sobretudo naquele ambiente, onde já não perdia há bastante tempo), nem uma vitória fora de casa, na Champions, pode alguma vez ser desprezada - o que é válido para qualquer equipa portuguesa, seja qual for o adversário, sejam quais forem as circunstâncias, e ainda mais se contra onze. 
É verdade que a segunda parte expôs algumas das debilidades que a equipa encarnada ainda apresenta (sobretudo nas laterais) - o que, ganhando, pode ter sido positivo, até porque voltarão a ser expostas nesta prova. Mas a primeira foi francamemte boa. É verdade que Kabore mostrou muitas dificuldades na substituição de Bah. Mas Akturkoglu, não só voltou a marcar, como revelou uma eficácia táctica notável, quando recuou para a ala direita estancando a corrente que a equipa sérvia estava a construir por ali. E se Pavlidis não marcou, Kokçu cobrou um livre de forma extraordinária. Enfim, há coisas a corrigir (o que é perfeitamente natural), mas houve outras muito boas, desde logo os três pontos conquistados. 
Esperemos que Bah recupere para o Bessa. E talvez Aursnes tenha já reconquistado o lugar de Rollheiser. De resto, o onze está mais ou menos definido.
Por agora, com Lage, duas vitórias. Esta dedicada a Meira. 

EM EQUIPA QUE GANHA, NÃO SE MEXE

Obviamente, repita-se.
 

INGRATIDÃO? APENAS ESTUPIDEZ

Nos anos negros em que o Benfica caminhava para o abismo, até Fernando Meira chegou a capitanear a equipa. Não ganhou nada, saiu pela porta pequena (na verdade, nessa altura, não havia nenhuma porta maior), e terá ficado ressabiado para sempre.
Agora, comenta penosamente na Eleven Sports, e depois de ter dito que sair do Benfica foi uma decisão fácil - difícil é nós compreendermos porque lá entrou...-, adiantou também os encarnados como previsível equipa desilusão da Champions League.
Num canal que transmite a prova, seria sempre estúpido denegrir qualquer equipa portuguesa que nela participe. Um clube onde teve o privilégio (imerecido) de jogar, e até (pasme-se) capitanear, a estupidez alcança um nível inusitado.
Nesse tempo também Maniche foi capitão do Benfica. Nesse tempo, tudo aconteceu ao Benfica. É bom sinal que muitos dos adeptos encarnados não se lembrem disso.

UM DOS MEUS!

César Martins de Oliveira jogou no Benfica entre 1980 e 1982. 
Foi o segundo estrangeiro na história do clube, uns meses depois de Jorge Gomes se estrear e inaugurar um novo tempo. Chegou directamente do Brasil a meio da temporada 1979-80 e afirmou-se com rapidez. Realizou 85 jogos oficiais de águia ao peito, marcando 24 golos - o mais famoso do quais, no Jamor, com a camisola número dez nas costas (Chalana estava lesionado), decidiu a final da Taça de Portugal contra FC Porto de José Maria Pedroto (1-0), significando também o regresso às conquistas depois de três anos de jejum absoluto. 
Em 1980-81 fez mais uma excelente temporada sob orientação do húngaro Lajos Baroti, conquistando Campeonato, Taça e Supertaça, chegando às meias-finais da Taça das Taças. 
Perdeu espaço no ano seguinte com a contratação de Filipovic, e saiu dispensado por Eriksson após a pré-época 1982-83. 
De fino recorte, costumava ser titular na Primavera e no Verão. No Inverno dava lugar ao possante Reinaldo, numa altura em que ainda havia pelados e os relvados eram miseráveis.
Aos olhos de hoje, não consigo dizer se era, de facto, um grande jogador. Era, seguramente, um jogador da minha infância. Um jogador do Benfica, como Bento, Pietra, Humberto, Chalana ou Nené e todos os mágicos cujo nome me deliciava a ouvir pela rádio nas tardes de Domingo.
Talvez seja um dos nossos. Era, seguramente, um dos meus.
Num tempo em que não havia playstations, fazia campeonatos de caricas na carpete da sala em que o Benfica ganhava sempre, e também aí César era goleador.
Na primeira vez que fui ao Estádio da Luz ver o Benfica (4 de Setembro de 1980, 4-0 ao Altay), César não só foi titular, com a camisola oito, como marcou um belo golo. Só isso diz tudo sobre o que ele representou para mim. Agradeço-lhe, pois, por ter alimentado os meus sonhos de infância.
Morreu no Brasil, aos 68 anos, vítima de cancro.
Paz à sua alma!

UM PLANTEL, UM MODELO, UM SISTEMA

Com apenas dois treinos e um jogo, o Benfica 2024-25 pode ter ficado definido. Percebeu-se como Lage quer jogar. Percebe-se quais as opções do plantel para tal. E de repente, tudo parece fazer sentido.
Poderá agora questionar-se a qualidade de um ou outro elemento, a profundidade de uma ou outra posição. Mas o desenho está feito, e acredito que seja para durar - assim os resultados o permitam.
E não haverá ninguém de bom senso que ache que este plantel, organizado desta forma, não dê para lutar por títulos. Já houve melhores, com mais luxo, com mais portugueses e com mais formação. Mas este é, apesar de tudo, um plantel jovem e de bastante qualidade. Gyokeres à parte, não vejo nada no líder do campeonato que não exista por aqui.

LAPIDAR

"Opositores de Rui Costa deverão ser responsáveis: há uma fronteira entre a crítica legítima e o escrutínio necessário, e a política de terra queimada"

José Manuel Delgado A BOLA

AR PURO

No campo e, sobretudo, nas bancadas.
Dentro: mais oportunidades do que nos outros jogos todos juntos, vitória que só não foi mais expressiva porque há Champions daqui a dias, rendimento elevado de alguns jogadores - Kokçu à cabeça.
Fora: apoio constante, serenidade e alegria, e tanto que o Benfica estava a precisar disto...
O caminho foi apenas indicado. Falta percorrê-lo. 

A ENTREVISTA

Seja qual for o balanço que se faça ao legado de Luís Filipe Vieira no Benfica, numa coisa creio que a esmagadora maioria dos sócios estão de acordo: o ex-presidente pertence ao passado, e não faz qualquer sentido sequer supor um eventual regresso.
Assim sendo, uma entrevista nesta altura seria sempre um mau serviço prestado ao Benfica. E apesar de ter dito de entrada que não pretendia lavar roupa suja, ao longo da hora e meia seguinte Vieira pouco mais fez do que isso mesmo - ressalvando as partes em que puxou dos galões e lembrou a sua obra; em que falou da gestão financeira, de Domingos Oliveira e da profissionalização do clube; e também quando se referiu à próxima AG como inútil e, sobretudo, inoportuna.
Percebo que Vieira seja um homem magoado com alguns dos que lhe foram mais próximos. Também não será fácil para a família ver o seu nome manchado nos media sem que haja ainda qualquer condenação nos tribunais. Mas para além dessa mágoa, que é legítima e que se entende, ele terá de compreender que o seu tempo passou. Diria até que o tempo do seu perfil de dirigismo também passou, e se quer mesmo defender o Benfica deverá optar, sobretudo em momentos de crise, pela maior reserva possível. Se assim for, quando a espuma dos dias desvanecer, quando houver distanciamento histórico suficiente, quando passarem pelo clube mais dois ou três presidentes e umas quantas crises, quando os processos judiciais que o envolvem se concluírem, a sua obra vai ser lembrada, enquadrada e valorizada. Se optar por ceder ao impulso de expor a amargura e ajustar contas no espaço público (na globalidade, foi mais ou menos o que fez nesta entrevista), irá cavar cada vez mais fundo o buraco para onde deixou cair a sua imagem aos olhos dos benfiquistas e do país desportivo.
Se quer aparecer, apareça no Marquês a festejar títulos. Não na CMTV a atacar quem lhe sucedeu e que, mal ou bem, está a fazer o melhor que pode pelo clube.

A MINHA PROPOSTA

Não sei se Aursnes está disponível, pelo que não conto com ele. Apresento um onze de vocação ofensiva, que não dará para enfrentar a Champions ou os Clássicos, mas neste tipo de jogo não só é possível, como aconselhável. A maior dúvida será a posição de Prestianni, mas com estes jogadores também é possível formar um 4-4-2 relativamente equilibrado.

 

VÁRIAS HIPÓTESES

4-3-3
4-4-2
5-2-3
5-3-2
4-2-3-1
Para quem preferir: Beste em alternativa a Carreras, Kabore em alternativa a Bah, Barreiro em alternativa a Florentino, Renato em alternativa a Kokçu ou Aursnes, Amdouni em alternativa a Pavlidis, Rollheiser em alternativa a Aursnes, Schjelderup em alternativa a Di Maria.

É CRAQUE!

Acidentalmente, ou talvez não, vi o Turquia-Islândia. E fiquei deveras impressionado com Akturkoglu - pedindo desde já desculpa caso esteja a escrever mal o nome.
Na verdade não fez um hat-trick, mas sim um poker - um dos golos foi anulado pelo VAR. De resto, muita classe e disponibilidade física.
Se jogar assim, não só será titular de caras no Benfica, como pode ser uma figura na Liga Portuguesa.
NOTA: Nunca vi uma exibição destas a Kokçu - e não falo naturalmente de golos, pois não é avançado.

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Ainda Bruno Lage não tinha sido anunciado oficialmente como novo treinador do Benfica, e já choviam críticas à sua escolha. 
Como aqui escrevi, fosse quem fosse o escolhido, iria acontecer o mesmo. Tivesse sido Guardiola, e estou seguro de que haveria quem criticasse por se gastar demasiado dinheiro. Digo mais: caso Rui Costa convocasse eleições antecipadas e as perdesse, ou pedisse a demissão, o seu sucessor em poucos meses iria ser, também ele, fritado nas redes sociais e nas caixas de comentários online. Como fritados foram sendo, ao longo do tempo em que vestiram de águia ao peito, jogadores como Pizzi ou Rafa - ambos com mais jogos e mais golos pelo Benfica do que, por exemplo, Diamantino, Chalana, Magnusson, Isaías, João Pinto, Vítor Paneira ou Carlos Manuel - e agora também João Mário, que ainda há dois anos marcou mais de vinte golos numa época, jogando numa ala do meio-campo. Ou treinadores como Jorge Jesus, Rui Vitória e Roger Schmidt, todos eles campeões nacionais e protagonistas de fases de grande fulgor competitivo do Benfica - além, naturalmente, do próprio Lage. Ou seja, todos, numa lista negra sem fim.
No âmbito das modalidades, tenho visto ao longo dos últimos anos alvos inacreditáveis, como Carlos Lisboa, Carlos Nicolia (dois dos melhores da história nas suas especialidades), Norberto Alves (tri-campeão no Basquetebol), Filipa Patão (que ganhou tudo no futebol feminino, está na lista da UEFA das cinco melhores do ano em todo o mundo) e até Paulo Almeida (treinador do hóquei feminino que leva quarenta competições nacionais seguidas sem perder!). Marcel Matz, por motivos que desconheço (talvez instagrams e twitters), tem sido uma excepção.
A regra é dizer mal de tudo e de todos, pedir sumariamente demissões e destituições (depois? logo se vê...), atacar violentamente, insultar, quando não agredir. Tudo é mau, tudo é péssimo, tudo é escandaloso, tudo é vergonhoso, neste presente caótico e angustiado, por contraste com um passado longínquo, lendário e fantasioso,  que não se viveu, não se conhece, e...não existiu.
Bem sei que, no caso do Benfica, uma larga fatia desse lixo tóxico tem origem em perfis falsos, muitos deles criados no tempo de Jota Marques e Saraiva  - quando até havia uma empresa para os gerir. Outra parcela deve-se a uma confrangedora ignorância histórica. Depois há as claques, e sabemos que o raciocínio de uma multidão em fúria é correspondente ao da pessoa mais estúpida que lá estiver. Há ainda quem ande ressabiado por ter sido, a dada altura, afastado do clube, e quem viva ressabiado por lá nunca ter entrado, mas estes são estatisticamentes irrelevantes.
Deixando os rivais infiltrados, e os mais ignorantes que se limitam a seguir a onda, centremo-nos nos que verdadeiramente preocupam: os que fazem isto de forma consciente, e estão absolutamente seguros daquela que julgam ser a sua verdade.
Tenho reflectido sobre o assunto, e não consigo fugir à questão geracional. Há de facto uma geração, ou duas, que nascendo e crescendo apaparicados pelo papá e pela mamã, passando por uma escola facilitista onde só fizeram o que queriam e os professores é que tinham a culpa, chegam à maturidade a achar que sabem tudo e podem tudo, enfrentando, porém, um mundo que não conseguem controlar (ao contrário da expectativa que essa vivência lhes foi criando). Isso gera angústias, frustrações e, no limite, revoltas. O passo seguinte é "exigir" da sociedade, das instituições e dos vários poderes, a perfeição - que é como quem diz, que correspondam inteiramente, e a cada momento, a todas as suas vontades e caprichos. Como isso não acontece, e jamais acontecerá, partem para a crítica cada vez mais violenta, desproporcionada e despropositada (aproveitada e potenciada, noutros contextos, pelos populismos políticos). As redes sociais fazem o resto.
Se estamos perante aquelas que dizem ser as gerações mais informadas e qualificadas de sempre, não há qualquer evidência de estarmos perante as mais inteligentes e/ou clarividentes. E mais informação, sem mais inteligência para a saber filtrar, pode transformá-la em simples ruído. Circulando em larga escala, temos uma cacofonia insuportável. Eis o que hoje em dia cerca o Benfica.
Ora como clube mais popular e representativo da sociedade (para o bem e para o mal), o "Glorioso" sofre particularmente com todos estes fenómenos. É um espelho dos problemas sociológicos que o mundo moderno enfrenta. E estando a raiz desse problemas fora do seu âmbito e do seu alcance, tem particular dificuldade em lidar com eles, isto para não ser pessimista e afirmar que nunca o conseguirá fazer.
Não sei, de facto, como isto vai acabar. Suspeito que não acabe bem, nem no Benfica, nem no país, e pior ainda no Mundo - onde muitos outros problemas, muito mais graves, acrescem a todo este caldo sócio- cultural.
A menos que gerações futuras venham, com outro enquadramento e resistências, a saber filtrar melhor todo o ruído que infesta as sociedades actuais em todas as suas dimensões. Venham a saber "exigir" com equilíbrio, e sobretudo exigir primeiro de si próprios, antes de olhar para o lado. Enquanto adeptos também. 
A alternativa é a autodestruição. É que o Benfica é nosso, mas de todos nós - não de cada um de nós. Se o estimamos, se o queremos forte e saudável, o primeiro passo é respeitar os outros 5.999.999 de benfiquistas que não vivem no nosso umbigo e têm opiniões diferentes. Ou pelo menos os outros 249.999 sócios, que também pagam quotas, vão aos estádios, querem ganhar, mas não têm de gostar do mesmo treinador, do mesmo presidente, ou dos mesmos jogadores que nós.
Sou do saudoso tempo em que se aplaudiam os nossos, e assobiavam os outros. Cada vez mais isso parece uma excentricidade. Talvez porque antes, no tal futebol "Clássico" que muitos julgam saber o que foi, se viam os jogos como um delicioso passatempo, que ora causava alegrias, ora causava tristezas, mas jamais violentos conflitos verbais e/ou físicos. Hoje, talvez se procurem no futebol  paliativos para outros problemas, e outras situações que não têm a ver com um jogo ou um campeonato.
Aqui acima cita-se Bill Shankly, quando disse que o futebol é muito mais do que uma questão de vida ou de morte. Mesmo sendo isso verdade, continua a ser futebol. E se não servir para nos dar alegrias, brincar com as nossa emoções, fazer-nos confraternizar com amigos, encher-nos os fins de semana de esperança, então não servirá para nada. 
Isto que alguns benfiquistas querem ou defendem, a tal "exigência" que muitas vezes não passa de mera estupidez ou ignorância, não serve para nada a não ser para minar e destruir o clube e os seus alicerces.

O MEU TREINADOR!

Acabaram as especulações, acabaram as discussões. O treinador do Benfica é este e, até por ser benfiquista, por ter feito carreira nas camadas jovens do clube, e por ter sido campeão ao comando da equipa principal, merece todo o apoio dos verdadeiros adeptos.
Eu gostava mais de Klopp ou Guardiola. No mundo real, parece-me que esta é uma boa solução, num momento em que não há margem para correr grandes riscos. De resto, tirando nomes da envergadura dos mencionados acima, qualquer escolha iria sempre ter gente a favor e gente contra. Esta tem a vantagem de, não gerando grandes entusiasmos, também não criar grandes antipatias. 
Agora é preciso começar a ganhar, e depois, se possível, jogar bem.

A ESTATÍSTICA É TRAMADA

Se atendermos à percentagem de vitórias no campeonato de todos os treinadores da história do Benfica, encontramos dados curiosos. Desde logo, Bruno Lage é o quarto melhor de sempre, só atrás de Hagan, Riera e Czeizler. Mas Roger Schmidt vem logo a seguir, bem como Rui Vitória. É verdade que nomes como Bela Gutttmann, Eriksson ou Otto Glória são penalizados por uma ou outra temporada pior, enquanto José Augusto ou Cândido Tavares nem sequer fizeram um campeonato inteiro, vendo a sua média beneficiada. Mas ainda assim é notável observar como os treinadores mais recentes têm obtido tão boas percentagens de vitória, o que contrasta com a contestação de que as suas equipas, e eles próprios, têm sido vítimas no Tribunal da Luz, que na última década se transformou no Grelhador da Net.
Ah...e para quem fala depreciativamente de um tal SLV2003, há que dizer que a percentagem global de vitórias do Benfica no campeonato é superior desde 2003 (71%) a toda a história anterior do clube (68%). Como dizia John Ford, quando a lenda tem mais interesse que os factos, imprime-se a lenda e esquecem-se os factos. Ora aqui estão eles:

LAGE SIM, MAS...

Bruno Lage está a ser apontado como o próximo treinador do Benfica, depois de uma alegada recusa de Marco Silva - que, diz-se, também terá sido sondado.
Parece-me a opção mais cautelosa, e como sou avesso a riscos desnecessários (ou mesmo necessários, para dizer a verdade), tendo a aceitá-la.
O setubalense foi campeão no Benfica em 2018-19 após uma segunda volta espectacular, recuperando sete pontos de desvantagem com vitórias no Dragão, em Alvalade, em Braga e em Guimarães, goleadas pelo meio (até um 10-0 ao Nacional), e lançando vários jovens, destacando-se Florentino e, sobretudo, João Félix. Entrou na temporada seguinte a todo o gás, com expressivos 5-0 ao Sporting na Supertaça. E nos primeiros dezanove jogos do campeonato 2019-20 obteve dezoito vitórias - registo impressionante que parecia ir no sentido de bater recordes do tempo de Jimmy Hagan. Depois...
Aqui entra o meu "mas". Não sei, nunca soube, e não sei se Lage e/ou Rui Costa sabem quais as razões que originaram o que se passou a seguir. Ora o regresso de Bruno Lage tem de ser acompanhado de uma reflexão sobre esses meses, sobre aqueles dez jogos que antecederam o seu despedimento. A Pandemia não explica tudo, até porque quando o futebol parou já a vantagem do Benfica se esfumara. E desde três penáltis falhados em quatro (um inclusivamente atirado ao lado), até jogadores a passo em transições defensivas, tudo nesses meses foi mau demais para ser normal. Coincidindo no tempo, houve a contratação de Weigl - milionária, desnecessária e fracassada -, que não sei até que ponto pesou no balneário. Desconheço se havia compromissos pecuniários por cumprir. O que é certo é que treinador e jogadores defendem-se mutuamente (e já depois de abandonarem o clube), deixando espaço para que as dúvidas passem a situar-se noutro plano - e ainda hoje permaneçam por esclarecer.
Muito gostava de um dia saber o que então se passou. E sem certezas sobre isso, não me é permitido sentir o entusiasmo por Bruno Lage que os seus primeiros meses na equipa principal do Benfica justificariam.
Ainda assim, sendo Bruno Lage o treinador do Benfica, é ele o meu treinador.
Viva o Benfica!

QUEM ESPERA, DESESPERA...

Se era para despedir Schmidt no sábado, já devia haver treinador na terça-feira. Aliás, já deveria até estar sinalizado antes.  Saíram e entraram jogadores que não se sabe se encaixam no modelo do novo treinador, que não se sabe quem é (por exemplo, se quiser jogar com três centrais, já não há Morato...). Espero que, ao menos, o próximo treino não tenha de ser dirigido por Nélson Veríssimo.

QUEM? (actualização)

BRUNO LAGE (conhece a casa e o futebol português, é benfiquista e aposta na formação // nunca cheguei a perceber a debacle de 2020 e não sei se ele próprio a percebeu, não fez grande coisa desde então)
SÉRGIO CONCEIÇÃO (teria o perfil ideal em termos de competência e conhecimento // a sua ligação ao FCP e a Pinto da Costa torná-lo-ia uma opção demasiado fracturante junto dos adeptos - aproveito para dizer que eu aceitava-o)
ABEL FERREIRA (tem competência, perfil e palmarés // ganha 4 milhões limpos/8 brutos, não sei se quer sair do Brasil, e não tem provas dadas na Europa)
LEONARDO JARDIM (fez excelentes trabalhos no Braga, no Sporting e no Mónaco // está há demasiado tempo fora de circulação)
PEPA (é jovem, benfiquista, e poderia ser uma aposta interessante // muitas dúvidas sobre a capacidade de treinar um grande, ainda por cima em crise)
PETIT (é aguerrido, conhece o clube e o futebol português // perfil demasiado defensivo e inexperiência ao mais alto nível)
RENATO PAIVA (conhece a casa, é benfiquista e aposta na formação // falta-lhe palmarés, e não sei se tem competências para tão grande responsabilidade)
PABLO AIMAR (inteligente, nome capaz de unir o benfiquismo e agregar a equipa, onde as principais figuras são argentinos // sem qualquer experiência como treinador principal, logo, aposta de alto risco)
MARK VAN BOMMEL (rigoroso e competente // desconhecimento total do clube e do futebol português, e demora na adaptação)
MASSIMILIANO ALLEGRI (com palmarés e prestígio // o seu último trabalho não foi famoso, a Juve jogava mesmo muito mal)
...

O MEU PLANTEL

Creio que terá ficado a faltar o guarda-redes suplente. De resto, gostava de manter Morato, Neres e Marcos Leonardo (mas não, caso andassem nos copos como se diz por aí), João Mário (mas não, caso fosse o salário mais alto do plantel, como também se diz por aí), João Neves (era impossível mantê-lo) e Rafa (que só mais tarde se vai ver a falta que faz e aquilo que foi para a equipa).
Em vez deles, teria vendido Kokçu e Cabral (caso alguém os quisesse), e desconfio bastante de Beste como opção A para a ala esquerda da defesa.
Seja como for, este é a partir de agora o meu plantel. É este que vou apoiar, e no fim fazem-se as contas.
Venha de lá então um treinador.

QUEM?

BRUNO LAGE
LEONARDO JARDIM
SÉRGIO CONCEIÇÃO
ABEL FERREIRA
DANIEL SOUSA
PEPA
PETIT
JOSÉ PESEIRO
RUI FARIA
RUI VITÓRIA
HÉLDER CRISTÓVÃO
VASCO SEABRA
DOMINGOS PACIÊNCIA
MARK VAN BOMMEL
DAVID MOYES
LUCIEN FAVRE
IGOR TUDOR
FÁBIO CANNAVARO
MAURIZIO SARRI
WALTER MAZZARRI
STEFANO PIOLI
PATRICK VIEIRA
MARCEL KEIZER
JORGE SAMPAOLI
RAFA BENITEZ
FRANK LAMPARD
JAVI GRACIA
THOMAS TUCHEL
...

ISTO TAMBÉM É PROBLEMA

Há pouco mais de quinze meses o Benfica festejava o 38º título. Até parece impossível como foi há tão pouco tempo...
Se olharmos para todos os jogadores utilizados nas competições dessa temporada (2022-23), verificamos uma debandada geral. Pelos mais diversos motivos, saíram da Luz 33 jogadores (!!). É verdade que alguns saíram logo na fase inicial dessa época, outros a meio, mas muitos deles estiveram no Marquês a festejar o campeonato.
As perguntas que faço são: 1) porquê tantas mudanças num plantel campeão? 2) até que ponto os equilíbrios de balneário, e/ou salariais, foram beliscados por uma revolução com tal dimensão?
Os jogadores não são bonecos de Playstation. São pessoas, que constituem grupos, que criam laços. E hoje, olha-se para o balneário do Benfica, e não vemos qualquer semelhança com aquele que se banhou com champanhe em Maio de 2023.
Admito que fosse impossível segurar Grimaldo, Enzo, Rafa, Ramos e Neves. Mas elementos como Vlachodimos, Gilberto, Morato, Ristic, Chiquinho, Paulo Bernardo, João Mário, Neres, Musa, Diogo Gonçalves ou Gonçalo Guedes podiam, ou deviam, fazer parte do plantel do Benfica.
Não há "Mística", nem dinâmica de grupo que resista a tanta mudança. E esse também me parece ser um problema deste Benfica.
Os que saíram são:
Sobram Samuel Soares, Bah, Otamendi, António Silva, Florentino, Aursnes e Schjelderup (que entretanto também saiu e agora voltou).
Já agora, diga-se que, em oito anos, o Benfica teve 2 presidentes, 6 mudanças de treinador e 119 jogadores. Investiu quase 400 milhões de euros. Ganhou apenas dois campeonatos - ambos com dois pontos de vantagem sobre o FC Porto.
Rui Vitória saiu em desgraça depois de ter conquistado dois campeonatos. Bruno Lage saiu em desgraça depois de ter conquistado um campeonato. Jorge Jesus saiu em desgraça tendo já conquistado três campeonatos. Roger Schmidt sai agora em desgraça, com um campeonato conquistado. Todos os treinadores que passaram pelo Benfica desde 2009 foram campeões (com excepção de Nélson Veríssimo que foi interino e mesmo assim chegou aos quartos-de-final da Champions). Todos saíram mais tarde em desgraça. Trata-se de um padrão. Sem perceber porque motivo isto acontece, não vale a pena contratar ninguém.

O NOVO TREINADOR

Numa citação livre de Flaubert, a única certeza que tenho é que, depois de tudo isto, continuará a contestação e o plano de autodestruição que alguns parecem ter para o Benfica.
Qualquer treinador será grelhado nas redes sociais, seja Bruno Lage, porque saiu do clube por baixo, seja Leonardo Jardim porque não trabalha há muito tempo, seja Sérgio Conceição porque é do Porto, seja Abel Ferreira porque, enfim, o brasileirão vale o que vale, seja Thomas Tuschel porque também é alemão, e mesmo que fosse o Guardiola haveria alguém a dizer que era muito caro.
Para mim, aquele que vier será o meu treinador. Tal como aquele que ocupa a cadeira da presidência é o meu presidente. 
E se, para treinador, há alguns nomes disponíveis, há que lembrar que, para presidente, na altura devida, ou seja nas eleições, não apareceu mais ninguém. 

OBVIAMENTE, DEMITIDO

Depois de ontem, não havia saída.
As declarações de Schmidt foram, elas próprias, um assumir de incapacidade para fazer mais - e é preciso fazer muito mais.
Mesmo com menos 5 pontos, ainda há tempo. Mas não há tempo a perder.
Viva o Benfica! 

PONTO FINAL

Ultrapassaram-se todos os limites, todas as linhas vermelhas, todos os benefícios da dúvida. É hora de dizer basta.
Schmidt confessa candidamente que não sabe como resolver os problemas da equipa. Pois eu também não sei. A diferença é que ninguém me paga 6 milhões para isso. Pelo contrário, eu é que estou farto de pagar, e não ver nada deste Benfica, cuja qualidade de jogo parece piorar semana após semana.
Talvez ainda haja tempo para, com um novo treinador, fazer alguma coisa deste lote de jogadores - também ele cada vez mais descaracterizado. Esta pausa será mesmo a última oportunidade para evitar comprometer desde já a temporada. Assim não se vai passar disto - que, é bom recordar, já vem de há muito tempo, já vem do final da época 2022-23.
Defendi este treinador até aos meus limites. Desconfiei do plantel, da sorte, dos pontas de lança. Tenho agora de dar o braço a torcer perante quem queria demitir Schmidt a meio da temporada passada. 
Agora, ou Rui Costa toma uma posição de coragem, assumindo que também ele errou (nomeadamemte com a extemporânea renovação do contrato do alemão), ou deixará margem para que cada vez mais gente o coloque na fotografia de um fracasso anunciado.
Há que demitir Schmidt. E já.

O ONZE POSSÍVEL

Entre lesões, jogadores na porta da saída e contratações não confirmadas, este parece-me o onze possível para Moreira de Cónegos. Já sei que não vai ser este, e que o Barreiro vai jogar. Não sei é porquê. A dupla Florentino-Barreiro (tratando-se de dois bons jogadores, mas nunca em dupla) tem sido uma das imagens de marca do cinzentismo benfiquista deste início de época. Também já sei também que o Otamendi tem de ser titular - é capitão e tal...Talvez, deste onze, não entrem em campo António e Leonardo. Mas o onze que proponho é o meu, e não aquele que acho que Schmidt vai escolher.
 

SEM HESITAR

Para uma parte significativa dos adeptos do Benfica, o dinheiro não interessa nada. Um pouco como para os nossos filhos, quando pedem este mundo e o outro, não lhes importando quem paga a conta.
Ora o presidente do Benfica tem de pensar de outra forma. O dinheiro não devia ser quase tudo, mas é. Devia haver paz no mundo, mas não há. As coisas são o que são, e não o que gostaríamos que fossem.
No futebol moderno a competitividade define-se, em larga medida, pelo orçamento: veja-se o City. E se o Benfica está hoje numa situação financeira privilegiada face aos rivais, tal deve-se às fabulosas vendas que tem realizado - sendo que, a meu ver, têm sido os pecados cometidos nas compras a impedir a tradução do orçamento em maior competitividade, mas isso é outra história. Ou, mantendo a conversa nos números, outros quinhentos.
Serve este preâmbulo para falar das eventuais transferências de Tomás Araújo e Marcos Leonardo, dois jovens talentosos, em que o Benfica aposta(va). Eu preferia que ficassem. Mas, à excepção da dignidade, tudo tem um preço. E recusar 40 milhões de euros por um suplente, ou um recém titular, parece-me absurdo.
Marcos Leonardo custou 18M. Tomás Araújo custou 0M. Se cada um deles for vendido por 40M, o Benfica realizará 62M de mais-valias. E isso, grosso modo, dá para, como diria Vasco Santana na "Canção de Lisboa", contratar quatro macacos a quinze macacos cada um - ou seja, quatro bons titulares para a equipa.
O brasileiro tem estado no banco. Araújo só agora se está a afirmar, mas, para o eixo da defesa há António, Morato, o capitão Otamendi, e ainda dois promissores jovens de equipa B (Gustavo e Bajrami).
40+40 e nem hesitava. Mas isso sou eu, que desconfio ser impossível pagar salários com amendoins. Os que, sabiamente, acham que é, vão colocar tarjas a dizer aos dirigentes para vender as suas mães.
A concretizarem-se as vendas, o plantel podia então ficar assim:

PS: De acordo com as últimas notícias, talvez Kabouré em vez de El Ouahdi. Quanto a guarda-redes, escolhia qualquer um menos Ricardo Velho.

ATÉ SEMPRE, MISTER!


Infelizmente, era uma notícia já anunciada. 
De Eriksson fica a memória de um grande treinador e de uma pessoa extremamente agradável e educada. A seu tempo, revolucionou o futebol português, constituindo na minha opinião, juntamente com Otto Glória e Bela Guttmann, o trio de maiores treinadores da história do Benfica.
Em 2+3 temporadas, conquistou três campeonatos e levou o clube a duas finais europeias (Taça UEFA em 1983 contra o Anderlecht e Taça dos Campeões em 1990 com o Milan). Com ele no banco, viveram-se momentos verdadeiramente épicos como as vitórias em Roma (1983) e em Londres com o Arsenal (1991), a mão de Vata (1990) ou o bis de César Brito nas Antas (1991).
Foi também, naturalmente, e na sua primeira passagem, uma grande figura da minha infância. E pessoalmente guardo um momento muito especial, quando, em 1983, me deu um autógrafo junto à entrada do antigo estádio.
Fica o consolo de o clube o ter homenageado ainda em vida, quando a doença já fazia antever o pior.
Até sempre, Mister!