ONZE PARA O FAMALICÃO

NÃO FOSSE TRÁGICO E ERA RIDÍCULO

Deixo aqui dois artigos tirados de "A Bola", sobre aquilo que a oscilação de rendimento dos candidatos ao título tem tornado recorrente e já quase caricatural. Sempre que alguém perde, temos tochas, insultos, agressões,  produzidas por grupos minoritários com capacidade para ser ruidosos, e as televisões a aproveitar o folclore (afinal de contas, dois homens e uma tocha colorida enchem um ecrã).
Porém, isto não me dá grande vontade de rir. É que não acontece apenas no futebol, antes sendo um reflexo da sociedade em que vivemos, das redes sociais, das manifestações e contramanifestações, dos discursos de ódio normalizados, de todas as intolerâncias, cujo caminho parece cada vez mais conduzir ao abismo. Hoje, se uma pequena minoria de estúpidos consegue fazer ruído, é premiada pelas circunstâncias e bem sabemos que a iliteracia generalizada vai atrás de qualquer demagogo. Isso é perigoso, muito perigoso.

"As gentes e os agentes do futebol português são reflexos da sociedade deste país: altamente suscetíveis, intolerantes e com opinião e decisões baseadas em critérios casuísticos e liminares.
As lideranças nos clubes – de presidentes a treinadores - estão sob fortíssimo escrutínio, sob mira de contestação e em causa à primeira série de maus resultados. É um estado transversal, não se resume à massa adepta (não a maioria) permanentemente irada contra presidente, treinador e jogadores.
Começa no primeiro, o presidente, exposto a intensa pressão do exterior (e amiúde do interior) do clube, que, muitas vezes, por fragilidade e inoperância, decide pelo mais fácil, a dispensa do técnico, que neste estado de permanente instabilidade não tem condições para exprimir competências.
Treinadores que trabalham sob pressão inaceitável de adeptos e dirigentes, forças de bloqueio que não ponderam nas críticas a limitação dos plantéis, em qualidade, nalguns casos sem responsabilidade direta do treinador em funções, herdada de antecessores; noutros casos, condicionados por lesões (em número e/ou de jogadores fundamentais); ou tão-só pela competitividade: porque as outras equipas também jogam e não se pode ganhar sempre. (…)
Mas não é um problema (só) do futebol, insista-se, é da sociedade em geral"
RICARDO JORGE COSTA
 
"Começa a ser recorrente, tanto que quase se normalizou: basta um dos chamados clubes grandes perder um jogo e depois da primeira manifestação de desagrado no estádio seguem-se outras. E se no estádio o assobio e o apupo até serão normais – o que não acho normal é muitas vezes a embaraçosa forma como os jogadores, treinadores e staff se desdobram em justificações fora de lugar e a quem não as merece pela forma como se comporta nas bancadas –, não consigo compreender a condescendência que há para arruaceiros da palavra, do gesto e da violência gratuita que vão depois esperar a equipa na chegada ao estádio ou ao aeroporto, quando a viagem é de avião.
Aquilo que acontecia amiúde quando as crises se alongavam nos maus resultados sistemáticos, acontece agora com a regularidade de qualquer derrota ou empate. Já o vimos em Alvalade, já o vimos na Luz, vimo-lo mais recentemente e mais insistentemente no Dragão.
Sim, o FC Porto perdeu com o Nacional e com isso perdeu a oportunidade de ultrapassar o Sporting e de se isolar no comando da Liga no final da 1.ª volta – com toda a simbologia que tem dobrar o cabo do campeonato com esse estatuto. Não, o FC Porto não viu com essa derrota na Madeira hipotecar o título ou ficar em zona periclitante na tabela. Porém, à chegada ao aeroporto e ao Dragão lá estavam os do costume, de lábia afiada e mão leve para atirar tochas e rebentar petardos.
Polícia chamada, a um e a outro local, e a ver aqueles gatos pingados enraivecidos a insultar tudo e todos, a espumar da boca como não espumam por coisas bem mais importantes e a explodir a cólera em mais um petardo ou a acendê-la noutra tocha atirada ao autocarro.
As televisões correm para mais um espetáculo de luz e cor, com banda sonora de rebentamentos e insultos. A polícia afasta-os, a caravana passa e para a próxima há mais. É só haver mais uma derrota e a festa está garantida."
NUNO RAPOSO

CINCO MINUTOS BASTARAM

Não estava fácil a partida para o Benfica. 
Perante um adversário fechadíssimo - que, a agravar, teve a felicidade de marcar logo à primeira oportunidade -, e com o desgaste natural de uma final jogada (e festejada) não muitas horas antes, a equipa encarnada sentiu grandes dificuldades para encontrar o caminho da área. Assim foi decorrendo quase toda a primeira parte. Ao intervalo, confesso que temia o pior.
O início da segunda metade não foi muito diferente. A primeira grande ocasião até foi do Farense. Só que, a dada altura, lá apareceram as individualidades (curiosamente, já sem Di Maria em campo). Schjelderup com um magnífico golo alcançou o empate, e no minuto seguinte um passe magistral de Carreras encontrou Arthur Cabral em boa posição para finalizar. Pouco tempo depois Bah fechou o resultado, e fechou a porta a qualquer ambição do conjunto algarvio.
A partir de então o jogo não teve mais história. O Benfica passou com merecimento aos Quartos-de-Final, e agora irá encontrar, presumivelmente, o Braga - jogo que, também presumivelmente, valerá a presença no Jamor.
A nota de preocupação é para Di Maria. Neste jogo acabou por não se sentir a sua falta. Nos próximos será extremamente importante que esteja presente. Schjelderup está a afirmar-se, mas ainda longe de garantir aquilo que o craque argentino garante. Akturkoglu atravessa uma acentuada quebra de rendimento. E não há muitos mais extremos no plantel.
Enfim, uma coisa de cada vez. Com três vitórias consecutivas (e um título) em três partidas difíceis, a crise já lá vai. Agora, venha de lá o Famalicão.

ONZE PARA FARO

Dado que o principal problema desta deslocação será, a meu ver, o desgaste acumulado, e o pouco tempo de descanso, há que fazer alterações e correr alguns riscos. Se isto não funcionar, haverá sempre um banco de suplentes recheado com Trubin, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu. 

SLB - DESEMPATES POR PENÁLTIS

Eis a lista de todos os desempates por panáltis na história do Benfica:
Ao contrário do que o senso comum ditaria, o histórico de desempates por penáltis em todas as competições é pois favorável ao Benfica (12 vitórias, 9 derrotas). Talvez a importância das derrotas (desde logo duas finais europeias) tenha criado uma ilusão que não corresponde aos números.
Há porém uma vitória que... não deveria ter acontecido. Se o Benfica tivesse perdido o desempate com o Paok em 1999, tinha evitado a humilhação de Vigo, semanas depois. Ironias do destino.
É curioso olhar também para o histórico dos guarda-redes envolvidos neste tipo de desempate:
Quem diria que Quim, que nem sequer era muito alto, tinha 100% de sucesso (tal como Helton Leite, embora este com menos um jogo)?  E é preciso notar que numa das derrotas do Benfica, na Taça da Liga de 2013, Quim estava do outro lado, vencendo esse desempate. Um especialista que passou despercebido nos livros de história...
Trubin, por seu lado, com duas derrotas na temporada passada, ainda tem saldo negativo.

BENFICA NA TAÇA

OS TÍTULOS EM 30 ANOS

De 1995 a 2003 tivemos o "Vietname". De 2004 a 2013, o regresso a pouco e pouco do Benfica ganhador. De 2014 a 2019 o domínio absoluto. Depois uma quebra. E agora....vamos ver.

PALMARÉS TAÇA DA LIGA


 







DEPOIS DE REVISÃO

A ideia formada acerca da Final da Taça da Liga é a de que o Benfica fez uma boa primeira parte e o Sporting foi melhor na segunda. E que qualquer um deles seria um vencedor justo. Talvez o evoluir do resultado tenha apontada para tal, mas ao rever o jogo (tive tempo e gosto para o fazer), conclui rapidamente que não foi bem assim.
Na verdade, o Benfica foi quase sempre superior, foi quase sempre dominador. O Sporting conseguiu esticar o jogo algumas vezes, e com isso também criar perigo, mas o domínio foi invariavelmente encarnado. Isto até aos 75/80 minutos, quando se fez sentir o desgaste físico da meia-final, e as menos 24 horas de repouso. Como as últimas sensações são as que prevalecem, e nesses últimos minutos o Sporting estava, naturalmente, mais fresco, ficou uma ideia de equilíbrio que até aí nunca existiu.
Muitos criticam a substituição de Schjelderup. A verdade é que a ala esquerda da defesa do Benfica estava a ficar muito desprotegida, e quer Quaresma, quer Catamo, tiveram ocasiões de a percorrer como uma auto-estrada (o que Bruno Lage obviamente não pôde dizer aos jornalistas). Akturkoglu está em má forma, mas em 45 minutos conseguiu estancar esse corredor, depois de uma curta incursão pelo lado contrário nos primeiros instantes da segunda parte - troca com Di Maria, que também não seria viável com o jovem nórdico em campo.
De resto, foi interessante observar a utilização de Aursnes (depois Barreiro) quase como um segundo avançado, responsável pela pressão sobre a saída de bola do Sporting. E certificar a extraordinária exibição de Florentino - jogador, a meu ver, imprescindível, pelo menos nos jogos grandes.
Mais uma vez Kokçu não justificou valer 30 milhões. Foi a unidade mais apagada da equipa.
Quanto à arbitragem, diga-se que o penálti assinalado não o seria em mais nenhuma liga europeia. E o braço de Simões, na segunda parte, até foi mais expressivo que o pé de Florentino, na primeira. Eu não marcaria nenhum deles. João Pinheiro marcou um e ignorou outro. Erro ainda mais grave foi perdoar uma entrada assassina de Catamo - que nem cartão amarelo viu. E uma palmada na cara de Otanendi, essa sim amarelada, pareceu-me merecer outra cor. Enfim, nenhuma das situações de dúvida foi decidida a favor do Benfica.

É NOSSA!!!

Contra ventos e marés. Contra o cansaço. Contra a arbitragem. O Benfica regressou aos títulos, com total mérito (sobretudo pela excelente primeira parte, quando o nível físico de ambas as equipas se equivalia) . 

Braga e Sporting estão vingados. Agora vamos ao campeonato. 


ONZE PARA LEIRIA

Digo uma vez mais que esta proposta teria de ter sido, obviamente, trabalhada nos treinos. Mas era isto que eu propunha para a final de Leiria. Um sistema bastante flexível, com Aursnes e Beste a proteger os laterais, permitindo que, ora de um lado, ora do outro, a defesa pudesse ser feita a três - evitando desde logo situações como a do golo de Catamo no último dérbi, e possibilitando uma marcação mais assertiva em cima de Gyokeres. Amdouni seria lançado no apoio a Pavlidis com bola, e na pressão à saída do Sporting sem ela. Di Maria com liberdade para criar. Florentino como pêndulo de equilíbrio. Sacrificava os turcos, um porque não está em forma, outro porque nunca está em forma. Quanto a Bah, creio que anda com alguns problemas físicos.

DÉRBIS EM FINAIS

 Todas as finais de provas de âmbito nacional disputadas entre Benfica e Sporting:

16 finais, 10 triunfos, 6 desaires.

RUMO À 8ª

 2009

2010

2011

2012

2014

2015

2016

ASSIM, SIM!

Como diria Mark Twain, as notícias da morte do Benfica de Bruno Lage eram manifestamente exageradas. Assim se viu nesta meia-final, inversamente proporcional ao jogo do fim-de-semana passado. O Braga está vingado. Falta o próximo.
E foi na primeira parte que os encarnados resolveram a contenda, marcando três, como podiam ter marcado cinco. Aliás, o resultado final, depois de tudo o que se passou em campo, peca claramente por escassez. 6-0 não seria demais.
Tal como em todos os bons momentos do Benfica na última época e meia, o protagonista foi Di Maria. É, de longe, o melhor jogador desta equipa, e, com Gyokeres, um dos dois melhores a actuar em Portugal. Espanta-me como alguém pode considerá-lo um problema: é que, não só resolve jogos, como demonstra uma vitalidade notável para a sua idade e para o seu estatuto. E até o medo que havia das lesões (batam na madeira...) se tem dissipado. É um exemplo de classe e de profissionalismo, pois só um grande profissional apresenta esta forma física, e esta generosidade competitiva, aos 37 anos, depois de ganhar tudo e já não precisar do futebol para nada. Se a equipa depende dele, pois atire a primeira pedra quem acha que o Sporting não depende do seu avançado sueco, o Barcelona de Guardiola não dependia de Messi, ou, para ficar em casa, o Benfica da década de sessenta não dependia de Eusébio. Os craques têm esta característica: fazer jogar em seu redor e à sua imagem. O inacreditável talento de El Fideo, vale bem que a equipa do Benfica seja montada à sua volta, de forma a potenciá-lo ao máximo.
Mas a vitória foi também do colectivo. E aqueles que nos últimos dias têm tentado derrubar Bruno Lage, agora agarram-se exclusivamente às individualidades para justificar a vitória e a exibição. O que se viu foi um grande Benfica, que reduziu o adversário à vulgaridade, ficando a dever a si próprio uma goleada histórica. Florentino entrou bem, Tomás Araújo realizou uma exibição fantástica a lateral-direito, mostrando que talvez não seja preciso gastar muito dinheiro num suplente para Bah, Carreras esteve ao seu melhor nível, Pavlidis não marcou mas assistiu e esteve sempre envolvido na manobra ofensiva da equipa, e Schjelderup revelou-se uma opção válida para a ala esquerda.
A arbitragem passou despercebida - que é o que dela se pretende.
Agora venha a final. A primeira final da temporada. E como era importante erguer um troféu nesta altura...

NOTA: Otamendi, que tantas vezes tenho criticado por  exibições menos conseguidas, teve uma atitude de grande nível perante um jovem adversário cujo entusiasmo, aliado à imaturidade, o fizera expulsar pouco tempo depois de entrar em campo. Foi uma atitude à "Capitão", e na qual, como benfiquista, me revejo totalmente. Eu próprio tive pena do rapaz, e desejo-lhe uma longa e brilhante carreira.

ONZE PARA LEIRIA

Provavelmente isto não foi treinado, pelo que não poderá ser levado à prática. Mas era um modelo que eu já teria tentado aplicar.

O BENFICA NA TAÇA DA LIGA

CAMPANHA NEGRA

Não sei se é orquestrada ou não, mas existe uma forte campanha na comunicação social, mais notória entre os jornalistas/comentadores de alguma forma ligados ao Sporting, que visa descredibilizar Bruno Lage, culpando-o pelas últimas exibições do Benfica, e omitindo olimpicamente que há apenas dez dias atrás era líder isolado do campeonato depois de recuperar uma desvantagem significativa. Talvez queiram qualquer coisa como isto: "se nós tivemos o nosso João Pereira, vocês também hão de ter o vosso".
Não falarei em nomes, pois não lhes quero dar publicidade. Apenas peço aos adeptos do Benfica que não se deixem levar por essas cantigas de escárnio. E digo isto antes de uma partida que pode ditar a perda de um troféu - neste caso bem mais importante do que noutras circunstancias.
Até parece que o Benfica estava muito bem quando Bruno Lage voltou. Até parece que não era Bruno Lage que estava no banco quando a equipa encarnada aplicou 4-0 ao Atlético de Madrid e 4-1 ao FC Porto, com duas exibições deslumbrantes. E nem sequer foi Bruno Lage que escolheu o plantel. De facto, as últimas semanas não têm sido brilhantes, mas uma análise fria diz que o Benfica perdeu apenas com Sporting e Braga, duas boas equipas, e em ambos os jogos, pese embora todas as críticas que possamos fazer a jogadores e/ou treinador, pese embora as exibições bastante negativas (pelo menos nas duas primeiras partes), o resultado mais justo teria sido o empate.
O Benfica não pode mudar de treinador de seis em seis meses. Todos os clubes já tiveram as suas semanas negras, quer em Portugal, quer no futebol europeu. Nesses momentos há que resistir à pressão exterior, e reforçar a autoridade do técnico perante o plantel, os adeptos e a comunicação social. Se a Taça da Liga escapar (com nova derrota ante Braga ou Sporting), o que Rui Costa tem a fazer é dar a cara para apoiar, sem reservas, o treinador que escolheu. No fim da época, conforme os resultados finais, logo se vê - assim como no fim do mandato, no caso do presidente.
Atacar o treinador agora é absurdo e perigoso. Que os benfiquistas não caiam nesse logro.
Eu estou com Bruno Lage, incondicionalmente, até ao fim da temporada. Só aí se poderá avaliar criteriosamente o trabalho do setubalense, e colocar, ou não, a questão de uma troca de treinador. 
Isto não me inibirá, obviamente, de apontar críticas pontuais às suas opções e às exibições da equipa. Ninguém ganha os jogos todos, ninguém joga sempre bem. E em cada um de nós há um treinador de bancada sempre pronto a emitir veredictos absolutos - mesmo sem conhecer muitas das variáveis determinantes daquilo que se vê em campo.

UM PROBLEMA TURCO

Faz agora um ano, escrevi isto a propósito de Kokçu. Na altura ainda tinha esperança que a realidade viesse a desmentir-me - como já aconteceu tantas vezes, e outras tantas acontecerá. Infelizmente, não é o caso.
Vejo, ouço e leio análises à equipa do Benfica, a Di Maria que não defende, aos pontas-de-lança que não marcam, a Florentino que só faz passes para o lado, a Aursnes que está fora de forma. Estranhamente, ninguém fala do mais caro de todos, e daquele que é, também, a meu ver, o maior problema de todos - pelo menos dentro do campo, e talvez também (não sei) no balneário.
Primeiro era porque jogava mais recuado, depois porque jogava mais adiantado. A verdade é que já percorreu todas as posições do meio-campo, até já actuou na ala, e o rendimento do turco permanece entre o medíocre e o mediano. Muito pouco para quem custou 30 milhões, para quem tinha obrigação de fazer a diferença, e para quem queria ter uma apresentação igual à de Di Maria.
O maior problema táctico do Benfica, neste momento, reside no meio-campo. Ou se fecha a porta com Florentino e Barreiro, perdendo-se criatividade e capacidade de passe. Ou se escancara, com Renato Sanches ou Rollheiser (ou Amdouni em 4-4-2), ficando a faltar gente a correr nas costas. Ora era precisamente para cumprir essa dupla tarefa que Kokçu foi contratado: criar equilíbrios sem bola (coisa que nunca sequer se esforçou por tentar), e desequilíbrios com ela (o que também não consegue, por falta de intensidade e/ou empenho). No fundo, aquilo que falta à equipa, além de um goleador, é um jogador como-se-pensava-e-esperava-que-fosse-Kokçu-mas-não-é. 
O mercado está aberto. O turco veio com cartaz da Holanda. Talvez ainda se conseguisse impingir a alguém, recuperando pelo menos metade do investimento. E depois contratar um médio, decerto mais barato, mas mais lutador e influente.
Não será o único problema do Benfica. Mas parece-me bastante claro que Kokçu não é solução para coisa nenhuma.
Por qualquer motivo que desconheço, comentadores e adeptos parecem apontar as suas setas para outros lados. Há uma longa tradição na Luz de se perdoar tudo a quem mostra bom toque de bola. Eu prefiro olhar para o rendimento. Nessa medida, Kokçu é um dos rostos, senão mesmo o rosto, das sucessivas crises desportivas deste Benfica desde o tempo de Roger Schmidt.
PS: Akturkoglu é um caso diferente. Entrou de rompante, mostrando ser craque. Caiu abruptamente de forma no último mês. E não sei se uma coisa não andará ligada a outra, que é como quem diz, não sei se Kokçu não tem estragado também o seu compatriota.

A NÃO REPETIR

 

ASSIM É DIFÍCIL

O ponta-de-lança do Sporting tem 21 golos, o do FC Porto tem 13...o do Rio Ave tem 9, o do Estoril tem 7.

SEM PERDÃO

Mais uma vez, uma parte de avanço. Mais uma vez, surpreendido pelo sistema do adversário. Mais uma vez, uma gritante ineficácia ofensiva. Mais uma vez, uma proverbial permeabilidade defensiva. Mais uma vez, insistência em jogadores completamente fora de forma (conforme aqui escrevi, é óbvio que os turcos precisam de banco). Mais uma vez, substituições que nada acrescentam e parecem, pelo contrário, perturbar a equipa (Schjelderup e Sanches, sem ritmo, numa situação daquelas?). 
Assim, é de facto difícil. 
A quente talvez seja tentador criticar Bruno Lage. Mas é preciso lembrar que tudo isto já aconteceu com Roger Schmidt. E se formos mais atrás, com Jorge Jesus, com Rui Vitória e com o próprio Lage na sua primeira passagem.
Não creio que haja um problema de treinador. Ou, pelo menos, que seja esse "o" problema. O plantel tem alguns desequilíbrios, mas já deu 4-0 ao Atlético de Madrid e 4-1ao FC Porto. 
É preciso entender porque motivo, reiteradamente, com diferentes jogadores, treinadores e até presidente, o Benfica tem quebras súbitas e acentuadas de rendimento, que comprometem épocas e títulos. Há toda uma análise estrutural a fazer, sem a qual isto irá repetir-se indefinidamente, quaisquer que sejam os protagonistas. E o clube irá continuar a gastar milhões e a ver voar troféus ano após ano. 
PS: Não é desculpa, mas na segunda parte contei oito jogadores do Braga no chão. No fim, o árbitro deu... seis minutos. Assim se promove o antijogo. 

PARA 2025? MAIS TÍTULOS DO QUE AG's!

Em 2024 o futebol do Benfica conquistou "bola". 
Todavia, perdi o número às Assembleias Gerais realizadas, sempre com a mesma ínfima minoria de benfiquistas (é preciso lembrar que cinco mil em seis milhões dá 0,08%), sempre com mais momentos de fractura que de união - que fizeram as delícias de uma certa comunicação social, e foram dando lastro a esta nova forma de ver o mundo, segundo a qual está sempre tudo mal, tem de ser tudo perfeito... menos os próprios que o afirmam, e quem diz bem de alguma coisa é porque está comprado.
Enfim, a revisão de estatutos foi uma promessa de Rui Costa (que eu nunca teria feito), está cumprida. Serve para o Benfica ganhar mais vezes? Não creio. Pelo contrário, serviu para gastar energia, perder tempo e, a dada altura, acentuar clivagens. E, já agora, também para a demissão de um bom presidente da mesa. A boa notícia é que tudo já passou.
Em 2025 espero vitórias e títulos. Esse sim, foi o Benfica que comecei a amar em criança - quando dizia de cor o nome completo de Fernando Albino de Sousa Chalana, a sua data de nascimento 10/02/1959, mas nem sequer sabia como se chamava o presidente do clube, quanto mais as alíneas dos estatutos. Se esse era o futebol antigo, se esse era o velho e grandioso Benfica de que muitos falam, então também tenho as minhas saudades dele.  

ONZE PARA O BRAGA

Já aqui o tinha escrito no texto anterior. Parece-me que o modelo do Benfica de Lage, que tão bons resultados deu na fase inicial, está a ficar um pouco cristalizado. Não sei se foi trabalhado nos treinos um plano B, ou qual, mas na minha opinião devia ter sido. Otamendi parece cada vez mais excedentário. Os turcos andam de gatas. Barreiro está em melhor forma do que Tino. Pavlidis rende mais com alguém ao lado ou nas costas (como na pré-temporada, em que tinha Prestianni). Amdouni merece ser titular na sua posição natural. Beste e Carreras combinam bem, e Di Maria é Di Maria.
Duvido que Bruno Lage faça uma revolução deste tipo. Mas estou aqui para dar a minha opinião, que naturalmente não vale para nada a não ser como tema de discussão.

TEMPO DE MUDAR

Até percebo que Bruno Lage, quando chegou, tenha assumido como prioridade definir um onze base, criar rotinas, transmitir confiança e segurança aos seus principais jogadores.
Passado algum tempo, e perante a quebra acentuada de rendimento de alguns deles, já era altura de reflectir, e evitar cristalizar uma equipa que começa a mostrar desgaste e grande dificuldade em surpreender os adversários. 
O caso dos turcos é evidente. De Kokçu não gosto nem alguma vez gostei - lembremos que se trata do jogador mais caro da história do futebol português e em dois anos limitou-se a duas ou três exibições aceitáveis, mostrando reiteradamente uma passividade que irrita, bem como alguns tiques mal disfarçados de vedetismo. Já Akturkoglu parece ser um excelente jogador, mas que, depois dum período de grande fulgor, atravessa agora uma fase de compreensível desgaste. Em ambos os casos, há lugar no banco para se sentrarem.
Depois há Otamendi. Mais do que capitão, parece querer ser dono da equipa. Ora esta é, salvo erro, a sua quinta época, e apenas conquistou um campeonato. Magro para quem se arma em Humberto Coelho, Nené ou Shéu. Sendo que nenhum destes tinha férias quando lhe apetecia, nem comprometia reiteradamente a equipa com falhas infantis.
António Silva fica mal no banco, onde está a desvalorizar.
O plantel do Benfica não é tão bom como se dizia, mas também não é tão mau que não permita mudar o onze base, ou obrigue a manter a titularidade de jogadores em manifesta má forma. Até porque esta cristalização dá trunfos aos treinadores contrários.
Por mim, já na próxima jornada, fazia alinhar a seguinte equipa:
Trubin, Bah, Araújo, A.Silva, Carreras, Di Maria, Aursnes, Barreiro, Beste, Amdouni e Pavlidis. Um 4-4-2 que pode, por exemplo, potenciar os avançados.
Otamendi e Kokçu até podiam ir à sua vida no mercado de Janeiro (o argentino dispensado e o turco naturalmente vendido), abrindo espaço salarial para duas contratações mais de acordo com a necessidade da equipa.
Enfim, reflexões de quem não tem certezas, a não ser que é preciso mudar algo. E pelo passado recente não me parece que seja o treinador, mas talvez, e numa perspectiva macro, a política desportiva - que parece feita avulso sem uma ideia de jogo por trás. 

UMA PARTE DE AVANÇO E A INEFICÁCIA DO COSTUME

Num jogo, como diz o cliché, com  duas partes distintas, o empate talvez fosse o resultado mais justo. A eficácia, ou a falta dela, fez a diferença.
Na primeira parte aconteceu aquilo que se temia: o Benfica surpreendido por um adversário do qual ninguém sabia muito bem o que esperar. O Sporting apresentou-se com um sistema (4-4-2) diferente daquele que tem usado nos últimos anos, e de algum modo com a cabeça limpa (mérito do novo treinador) . Lage foi surpreendido, e até ao intervalo a equipa da Luz nunca se encontrou.
Na segunda parte sim, viu-se um Benfica corajoso e lutador, que dominou o jogo e, durante largos minutos, encostou o rival às cordas. Faltou o que é mais importante no futebol: o golo. E não é a primeira vez que isso acontece nesta temporada (lembremos o jogo com o Bolonha, por exemplo), o que se explica quando os dois pontas de lança do plantel rendem, juntos, menos de dez golos em vários meses de competição.
Enfim, nada está perdido, a não ser uma oportunidade de acentuar a crise do rival (este resultado dá-lhe o oxigénio de que estava a precisar). O Benfica depende de si próprio, Rui Borges não vai surpreender outra vez e a segunda parte deixa alguma esperança de voltar a ver bom futebol nesta temporada, embora a ineficácia reiteradamente mostrada (na verdade, sempre que Di Maria não acende a lâmpada), seja bastante preocupante.
Fábio Veríssimo fez uma arbitragem habilidosa, inclinando o campo com faltas e faltinhas, com lançamentos ao contrário e cantos por assinalar, que quebraram o ritmo ao melhor período dos encarnados. Mas isso não surpreendeu ninguém, nem foi por isso  que o Sporting ganhou. 

OMZE PARA O DÉRBI

Trubin, Bah, Araújo, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di Maria, Amdouni e Akturkoglu 

LAGARTO NO CAMPO, LAGARTO NO VAR

Estas nomeações parecem servir apenas um propósito: calar as recentes queixas do Sporting, que desde que me lembro acontecem sempre que não ganha.
Espero que o Benfica seja suficientemente forte para suplantar mais dois adversários de peso, como são Fábio Veríssimo e Tiago Martins.
Mas com esta dupla, o dérbi já começa mal. 

NATAL EM PRIMEIRO

Afinal o desejo de Rui Costa foi satisfeito: o Benfica vai passar o Natal na liderança da tabela, e é nessa condição que entrará em Alvalade para disputar o dérbi eterno. 
A vitória diante do Estoril não sofre qualquer contestação, e podia até ter sido mais ampla. O que não significa que a exibição tenha sido brilhante - sobretudo se atendermos à facilidade com que os canarinhos chegaram perto da área encarnada em mais do que uma ocasião.
Pavlidis marcou, e Otamendi não jogou, nem se sentiu a falta. Tudo correu como o guião previa. E até a entrada de Amdouni - custa vê-lo no banco - rendeu, não se sabendo quem terá de sair do onze para, mais tarde ou mais cedo, o internacional suíço assumir a merecida titularidade.
A arbitragem esteve bem.
Agora há que entrar em Alvalade com total confiança, mas sem triunfalismos. O Benfica está no lugar que quer, mas o campeonato ainda nem chegou ao meio, e já sofreu as voltas e reviravoltas que sabemos. 

ATAQUE À LIDERANÇA

Trubin, Bah, Araújo, A.Silva, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di Maria, Amdouni e Akturkoglu. 

NÃO, NÃO E NÃO!

O apoio do Benfica a Pedro Proença (Lourenço Pereira Coelho é um dos subscritores) só pode ser entendido da seguinte forma: sabendo que ele vai ganhar, o clube prefere não o hostilizar agora para não ser ainda mais penalizado no futuro.
Digamos que não é uma atitude que se destaque pela coragem. Mas também é verdade que o peso institucional do Benfica não é comparável ao seu peso social, coisa que os adeptos nem sempre têm em conta.
Seja como for, eu jamais apoiaria um individuo como este, que foi um árbitro famoso por resolver campeonatos, e um presidente de uma liga que se tem afundado na mediocridade.
Os perus não votam a favor do natal, pelo que congrega o apoio esmagador do enorme desfile fantasma de clubes (ou afins) das divisões profissionais, a troco do palco que não merecem, nem justificam. 
Os campeonatos estão nivelados por baixo. Antes, os grandes eram maiores e os pequenos existiam. Agora tudo é puxado para o chão, de forma a manter uma série de oportunistas sentados à mesa das receitas. Proença é o rosto dessa triste realidade, como foi o rosto dos tempos mais obscuros da arbitragem portuguesa.
Mas o homem que dá abraços a toda a gente, sempre foi habilidoso a fazer o que mais lhe convinha. Como bom árbitro-UEFA, falando bem inglês e apresentando boa forma física, sabia manipular jogos sem dar muito nas vistas. Agora parece saber manipular assembleias e vontades.
Ele vai crescer em sentido inversamente proporcional à morte assistida do futebol português. E custa-me ver o Benfica a participar nesse cortejo fúnebre.

O SUSPEITO DO COSTUME

Num jogo em atraso a meio da semana e a começar já no minuto 8, num estádio daqueles (que há muito devia ter sido interditado pela liga), sem se saber se se podia jogar ou por quanto tempo, e após dois empates consecutivos e evitáveis, a deslocação à Choupana tinha tudo para correr mal. E ao intervalo, a extraordinária exibição do guarda-redes do Nacional parecia apontar para mais uma estéril sessão de tiro ao boneco. 
Na segunda apareceu aquele que tantas vezes tem sido o verdadeiro Dom Sebastião deste Benfica. Di Maria emergiu do nevoeiro e resolveu, garantindo os três pontos e uma dose suplementar de serenidade para fazer face aos próximos compromissos.
Há coisas a rever. Os turcos estão a léguas da forma que apresentavam por alturas das goleadas ao Atlético de Madrid e ao FC Porto. Pavlidis, que na pré-época marcou sete golos em cinco jogos, e que na sua selecção tem dado cartas, tarda em ser o finalizador de que a equipa necessita. Sobra El Fideo, que muitas vezes chega - mas, como é óbvio, nem sempre um só homem é suficiente para tudo. 
Di Maria tem já 28 golos e 18 assistências nesta segunda passagem pelo clube, ou seja, em ano e meio. Para quem duvidava da sua aquisição, e da posterior renovação, os números são a resposta cabal. Por mim, ficava mais um ano, até porque, ao contrário de outros, corre e luta como se fosse um jovem de 18 anos (o que é deveras impressionante). E, como é sabido, tem uma classe de nível muito acima da liga portuguesa.
Enfim, o Benfica, que podia (e devia) estar agora sentado na liderança fica a um ponto de distância. Há que ir buscar a Alvalade os pontos que fugiram na Vila das Aves. Primeiro, claro, vencer o Estoril - que tem histórico de inconveniência nas deslocações à Luz.

PROCURAR ALGUMA LUZ NO MEIO DO NEVOEIRO

Trubin; Bah, Araújo, Otamendi e Carreras; Florentino, Aursnes e Kokçu; Di Maria, Amdouni e Akturkoglu.

UM PADRÃO QUE SE REPETE

Rui Vitória chegou ao Benfica em 2015 e fez duas excelentes épocas, alcançando o Tri e o Tetra respectivamente, juntando Supertaças, Taças da Liga e uma Taça de Portugal. Depois, o rendimento da equipa caiu a pique, chegando ao ponto de fazer exibições penosas diante de adversários manifestamente inferiores. Desperdiçou o Penta, e ia perdendo ainda mais um título. Saiu despedido, deixando a equipa em 4º lugar.

Veio Bruno Lage, que entrou com tudo, e fez uma segunda volta sensacional, praticamente só com vitórias - fossem elas em Alvalade, no Dragão, em Braga ou em Guimarães, com algumas goleadas pelo meio (até um 10-0 ao Nacional). Recuperou de uma desvantagem de sete pontos, e reconquistou espectacularmente o campeonato. Na temporada seguinte arrancou com 5-0 ao Sporting na Supertaça, e obteve uma impressionante série de 18 vitórias em 19 jogos, ameaçando recordes de Jimmy Hagan. Depois, o rendimento da equipa caiu a pique. Apenas duas vitórias em treze jogos ditaram o despedimento.

Regressou Jorge Jesus, que havia ganhado três campeonatos e levado o clube a duas finais europeias. A primeira época foi marcada pelo Covid. Mas na segunda arrancou em força, vencendo as sete primeiras jornadas e despachando o Barcelona por 3-0 na Liga dos Campeões. Depois, o rendimento da equipa caiu a pique. Acabou despedido por altura do Natal.

No início da época seguinte, já com Rui Costa na presidência, foi contratado Roger Schmidt para resgatar o futebol do Benfica das catacumbas onde havia caído. Vários jogadores foram dispensados. O plantel foi revitalizado. Com exibições excepcionais, obteve doze vitórias e um empate nos primeiros treze jogos, fez uma Liga dos Campeões extraordinária em quase fez sonhar com a final. Alcançou o 38º título com todo o merecimento. No ano passado as coisas começaram mal e acabaram pior. O rendimento da equipa caiu a pique. Após mais um início de época confrangedor, acabou despedido como os outros.

Voltou Bruno Lage. Entrou em grande estilo, obtendo oito vitórias consecutivas no campeonato, goleando o FC Porto e também o Atlético de Madrid na Champions. Nas últimas duas semanas, o rendimento da equipa caiu a pique.

A razão pela qual o Benfica só ganhou um campeonato desde 2019 passa por este texto. Qual é ela? Não sei. Mas apesar de as haver, não acredito em bruxas. E acho que Bruno Lage, como Jorge Jesus, e até Roger Schmidt são bons treinadores. O plantel tem sido genericamente o melhor do país (pelo menos o mais caro). O que se passa então? Falta de rigor? Pouco profissionalismo? Sabotagem? Compromissos por cumprir? Muito gostava de saber, até para não fazer críticas injustas a quem possa não ter quaisquer culpas. A única certeza que tenho é que, se o mal não for atacado de raiz, daqui a dois ou três anos podemos acrescentar mais dois ou três parágrafos a este texto, haverá mais dois ou três treinadores despedidos, quem sabe até mais um presidente, e o Benfica continuará a gastar mais dinheiro e a conquistar menos títulos que os seus rivais. Mesmo quando eles estão depenados e encostados às cordas, como é agora o caso.

ABAIXO DE ZERO

Inqualificável! Inaceitável!
Se a primeira parte tinha sido fraca, a segunda foi fantasmagórica. De longe, os piores minutos deste Benfica de Bruno Lage.
Até podia ter dado para ganhar 1-0. Não deu e, diga-se, o Benfica teve o que merecia, depois de um autêntico banho de bola do... AFS - que levou cinco do Porto, três do Sporting e foi eliminado da Taça pelo Lusitano de Évora.
Não há perdão para um jogo destes. Quando tinha todas as condições para chegar a Alvalade na liderança, o Benfica devolve a estabilidade aos rivais, de uma forma preocupantemente medíocre, e depois de se arrastar penosamente em campo durante minutos a fio, parecendo não saber onde estava nem o que tinha para fazer. 
Lamento, mas não consigo entender como um plantel pago a peso de ouro oferece apenas isto, num jogo em que era extremamente importante vencer. Não consigo entender a equipa titular, nem as substituições (Schelderup e Rollheiser para segurar um resultado??!!). Muito menos a atitude demonstrada por quase todos, em campo e no banco. 
A verdade é que os sinais estavam lá. Arouca, Vitória, Bolonha. Não os quisemos ver. Agora o cântaro partiu mesmo. Os avançados não marcam, o meio campo não domina, a defesa é permeável. Assim vai ser muito difícil. 
Se alguém no clube não percebeu a importância deste jogo, então está lá a mais. Este era o momento de fazer sangue nos rivais, de não os deixar reagir, de dar tudo por tudo pelos pontos, pela liderança, pelo aproveitar das circunstâncias do campeonato. 
Mas não... O que se viu foi um verdadeiro tiro nos pés (o futuro dirá se foi um tiro na cabeça). 
Assim, o Benfica não merece ser feliz. Não merece nada a não ser pena. Pena de ver tanto dinheiro esbanjado numa equipa que só funciona de vez em quando. 
E por falar em pena, desgraçados dos que foram ao estádio apanhar frio. Espero que desta vez ainda tenham força para assobiar. O que acabaram de ver não merece outra coisa.

PARA GANHAR AO AVS, AVES, AFS OU LÁ O QUE SEJA AQUILO

Trubin, Bah, Araújo, Otamendi, Beste, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di Maria, Amdouni e Akturkoglu. 

AS CONTAS DO APURAMENTO

 

Se imperasse a lógica (ou, pelo menos, a minha lógica), o Benfica podia já nem necessitar de pontuar para chegar ao play-off. E aqui se percebe a importância do ponto conquistado diante do Bolonha (em futebol foram dois pontos perdidos, mas em matemática poderá ter sido um ponto ganho). 
Com a chave de resultados acima, que segue, grosso modo, a lógica dos rankings, o Benfica, com os dez pontos que tem, ficaria em 21º lugar, passando à fase seguinte.

Deixando modelos académicos e olhando apenas aos factos, é preciso dizer que Graz, E.Vermelha, Girona, Salznurgo, Y.Boys, Bolonha, Leipzig e Slovan já não podem, de todo, ultrapassar os encarnados na classificação final, enquanto Shakhtar e Sparta apenas podem igualar (sendo que precisariam de vencer os dois jogos que lhes faltam, contra Brest e Dortmund/ Inter e Leverkusen respectivamente, e ainda recuperar uma diferença negativa de 8 e 11 golos). Ou seja, há dez equipas que, objectivamente, não irão ultrapassar o Benfica. 
Por outro lado, há 14 equipas com mais de dez pontos. E há ainda Real Madrid, City e PSG, que têm menos de dez pontos mas...vão passar. Atendendo que há um Sporting-Bolonha e um Celtic-Young Boys, em nome do realismo tiremos também leões e escoceses das contas finais.
Podemos assim considerar 8+2=10 clubes mais ou menos eliminados, e 14+3+2=19 mais ou menos apurados. Sobram 36-19-10=7, dos quais cinco apuram-se, dois ficam pelo caminho. É aqui que está a grande batalha. Vejamos:
Para ser eliminado, o Benfica teria de ser ultrapassado por cinco dos outros seis clubes deste lote. É lícito pensar que Monaco e Feyenoord poderão pontuar. Já o Brugge tenho mais dúvidas (teria sido bom que o Sporting lhes tivesse ganho...). Enquanto o PSV teria de ganhar, ou em Belgrado, ou em casa ao Liverpool. Tal como o Zagreb, que joga em Londres e recebe o Milan. Já o Estugarda tem um jogo para chegar facilmente aos dez pontos, em Bratislava (esperemos que não goleie), mas depois recebe o PSG.
D.Zagreb, Brugge, PSV e Estugarda são pois os principais adversários a considerar. É preciso que dois deles terminem abaixo dos encarnados. 
Enfim, muitas contas que serão obviamente evitadas se o Benfica obtiver, pelo menos, um empatezinho nos dois jogos que lhe faltam.

A BOLA NÃO ENTROU

Se alguma coisa se pode apontar ao Benfica nesta noite de Champions é o facto de ter demorado demasiado tempo a perceber como podia ferir o adversário.
Na primeira parte o jogo não foi bonito. O futebol encarnado parecia engasgado, faltando sempre um qualquer detalhe para que os lances tivessem o desenvolvimento pretendido. Como todas as equipas italianas (à excepção, sejamos justos, do Atalanta), o Bolonha usou e abusou do cinismo táctico (mais à frente também do antijogo puro e duro, com o qual o árbitro compactuou). O seu treinador estudou bem a equipa de Bruno Lage e procurou neutralizá-la nos seus pontos críticos. Ainda assim, foram do Benfica as grandes oportunidades nesse período.
Na segunda parte, sim. Embalada pelo talento de Di Maria, assistiu-se a uma excelente exibição encarnada, à qual apenas faltaram golos – afinal de contas o mais importante. Frente ao Vitória de Guimarães houve menos remates, menos oportunidades, mas um instante de eficácia bastou para vencer. Com o Bolonha, alguma desinspiração de Pavlidis, e uma soberba exibição do guarda-redes contrário, mantiveram o nulo até ao fim.
É preciso dizer que o empate, neste caso concreto, foi muito diferente de uma derrota. Dez pontos até podem vir a permitir a qualificação. Nove torná-la-iam praticamente impossível. E o Benfica recebe o Barcelona e vai a Turim – ou seja, pode, muito logicamente, não pontuar mais. Tratou-se de uma oportunidade perdida para encarar com tranquilidade essas duas jornadas finais. Mas nada está perdido. Pelo contrário, continuo a apostar no apuramento para o play-off.
Já falei do árbitro. Num jogo sem casos, conseguiu estragar o espectáculo, e irritar os jogadores e as bancadas com uma gestão da disciplina, dos critérios e das paragens confusa e incoerente. Os cinco minutos de compensação fizeram-me rir.

PARA GARANTIR O APURAMENTO

Trubin, Bah, Araújo, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu.

TRÊS PRECIOSOS PONTOS

Foi uma vitória sofrida. Mas confesso que não esperava outra coisa.
Por um lado, havia a pressão natural de não poder perder a oportunidade dada pela crise do Sporting. Por outro, o Vitória de Guimarães é uma excelente equipa, tem feito uma época muito boa, e isso fazia deste jogo uma espécie de clássico - ou seja, teria de ser jogado como tal.
E foi. Não faltou intensidade e entusiasmo, embora em alguns momentos o Benfica continue a evidenciar uma certa permeabilidade nas transições defensivas. Que acredito possa ser corrigida nos próximos tempos. 
Tudo está bem quando acaba bem, e o que o jogo deixou foi uma vitória justa, que garante uma liderança virtual, a ser confirmada na partida que falta realizar na Choupana.
E quem diria? Neste momento o Benfica é provavelmente o maior favorito ao título. Se alguém dissesse isso há dois meses atrás, seria ridicularizado. É assim o futebol. 

ONZE PARA O(A) VITÓRIA

Trubin, Bah, Araújo, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Rollheiser, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu. 

SÃO NÚMEROS

 NOTA: dados apenas relativos ao campeonato.

MAIS PERTO

A grande notícia da jornada foi mesmo a derrota do Sporting, e a aproximação do Benfica à liderança do campeonato. Já dependia apenas de si próprio, mas quanto mais perto, melhor.
Quanto ao jogo de Arouca, não há muito para contar. Uma exibição assim-assim, uma vitória natural, que podia, e talvez devesse, ser menos sofrida. Afinal de contas o Arouca não é o Mónaco. Sofrer com um não é equivalente a sofrer com outro.
Uma palavra para Lage, pois já é tempo de lhe reconhecer o mérito. No campeonato conta por vitórias os jogos realizados, e leva números impressionantes. Quando a direcção comete erros toda a gente dispara fogo. Quando acerta, ninguém diz nada. A opção Lage foi acertadíssima. Se o Benfica será campeão ou não, isso é outra história, pois partiu de uma desvantagem de cinco pontos.
Outra palavra para Di Maria. Esta é simples: renovação.

ONZE PARA AROUCA

Trubin, Bah, Araújo, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu. 

RANKING DA UEFA

 

DI MARIA ATÉ AO FIM

Acredito que seja cedo para falar de renovação. Mas por mim, D Maria ficava mais um ano...ou até, quem sabe, dois.
A jogar assim, é não só o melhor jogador do Benfica, como aquele que mais transporta consigo o emblema e os adeptos. Chame-se "Mística" ou lá o que seja.
Otamendi sairá naturalmente no final desta temporada. Di Maria podia ser o capitão do Benfica na próxima. Está a demonstrar (se preciso fosse) ser um profissional de excepção, um ganhador por excelência, um craque da cabeça aos pés.
Fique o tempo que ele quiser. É um privilégio tê-lo cá.

THRILLER COM FINAL FELIZ

Ponto prévio: na Champions League, qualquer vitória de qualquer equipa portuguesa fora de casa, é sempre um grande resultado. E neste caso o Benfica estava no reduto do vice-campeão francês (liga dos chamados “Big-Five”, e com um orçamento muito superior ao dos encarnados), que ainda não tinha perdido qualquer jogo na competição. Haverá sempre quem desvalorize. Não é o meu caso. Esta foi, pois, uma grande vitória.
Dito isto, devo dizer também que o jogo foi estranho, teve momentos distintos e alguns deles pouco coerentes com o que o marcador reflectia.
Ao intervalo o Benfica estava em desvantagem, mas o resultado era uma mentira. Já aí, as melhores ocasiões tinham sido desperdiçadas pelos encarnados – algumas delas flagrantes, como por exemplo a de Di Maria, sozinho, diante do guarda-redes, após oferta de um defesa do Mónaco.
Os primeiros instantes da segunda parte foram alucinantes. Em apenas dez minutos, houve uma bola no poste, uma grande defesa a cabeceamento de Pavlidis, um golo anulado para cada equipa, o golo benfiquista aproveitando mais uma oferta clamorosa, e a expulsão de um monegasco - não necessariamente por esta ordem. Nessa roleta russa de emoções, o Benfica alcançara o empate e via-se com um homem a mais e com tempo para procurar o triunfo. Lage agiu em consonância, trocou de ponta-de-lança, e tirou um médio (Florentino já amarelado) para colocar mais um avançado (Amdouni).
Quando se esperava uma avalanche em busca do 1-2, viu-se o contrário. O Benfica, sem Florentino, perdeu o meio-campo, e o Mónaco, mesmo com dez jogadores, assumiu estranhamente o controlo da partida. Chegou ao golo num lance que Kokçu terá de rever vinte vezes como penitência – não tem 36 anos, não resolve jogos como Di Maria, não é sequer avançado, e tem obrigatoriamente de cortar uma bola que, dentro da sua área, lhe passa a um metro dos pés. Naquele momento, era o mundo virado de pernas para o ar, e temia-se o pior.
Eis que apareceu Angelito, que já bem dentro dos dez minutos finais (altura em que muitos talvez já o achassem a mais em campo), tirou dois coelhos da cartola, e com assistências primorosas meteu a bola nas cabeças de Arthur Cabral e Amdouni, virando o resultado.
Ficam os três pontos (a única coisa que verdadeiramente interessa), mas nesta prova não podem desperdiçar-se tantas oportunidades, nem mostrar a fragilidade defensiva que se viu em alguns momentos da partida.
No fim de tantas voltas e reviravoltas, o Benfica ganhou. Pode dizer-se que teve sorte. Se tivesse perdido teria tido azar. A verdade é que esta vitória pode ser determinante no apuramento. Creio que um triunfo na Luz diante do Bolonha será suficiente para garantir o play-off, sendo que o apuramento directo é, e seria sempre, uma miragem.
O árbitro, tal como o jogo, teve uma prestação estranha e incoerente, com faltinhas assinaladas de pronto, e faltas graves ignoradas. Carreras podia ter sido expulso, mas as linhas do golo anulado a Bah também não me convenceram – embora aí a responsabilidade seja do VAR. Mas não foi pelo árbitro que o Benfica ganhou, como não seria por ele, se tivesse perdido.

ONZE PARA O MÓNACO


 

O NÚMERO DO NENÉ

Não podia ter sido melhor a noite que serviu para homenagear Nené - goleador que vestia a camisola número sete. Um jogo cheio de golos, e um placard final de 7-0.
Para além do grande Nené, o homem da noite foi Di Maria, que uma vez mais mostrou que está aí para as curvas, e ainda é o craque desta equipa. Não se tratou de um simples hat-trick (que, já de si, seria uma proeza notável, sobretudo para quem nem é ponta de lança). Sim de golos cheios de estilo, que levaram ao delírio o Estádio da Luz, e ainda uma assistência para Akturkoglu.
Por mim, Di Maria ficava outra temporada no Benfica. Não parece mínimamente acabado, e a ser gerido convenientemente faz a diferença como nenhum outro. Espero que ele o queira. Espero que o Benfica lhe peça. 
Outro nome em destaque foi o de Arthur Cabral. É de facto um jogador desconcertante, a quem parece faltar escola, mas a quem sobra vontade e empenho. Depois de falhar golos de baliza aberta, eis que marca de bicicleta - o que, de resto, já tinha acontecido no passado, e de alguma forma reflecte a sua carreira no clube.
Continuo a achar que não é jogador para o Benfica, muito menos para custar 20 milhões e auferir um dos salários mais elevados do plantel, mas confesso que até simpatizo com o sujeito. E obviamente fiquei bastante contente de ter sido ele a marcar os dois últimos golos, os quais deve em larga medida a Bruno Lage - que deu uma verdadeira lição de liderança, pedindo aplausos e mantendo-o em campo contra todas as probabilidades, ganhando com isso um jogador para as próximas batalhas, quando facilmente podia ter saído deste jogo morto e enterrado no clube, quem sabe para sempre.
Nota ainda para Samuel Soares, que deixou boas sensações de ser alternativa credível caso algo suceda com Trubin. E para a estreia de mais um jovem, Leandro Santos, com nota positiva. 
Segue-se o Mónaco. Há que recuperar os pontos perdidos em casa com o Feyenoord. 

ONZE PARA A TAÇA


PARABÉNS NENÉ!

Sempre tive um fraquinho por pontas-de-lança. Era a minha posição favorita nas minhas brincadeiras de infância e juventude, e talvez ainda o seja na forma como vejo o futebol: afinal, tudo uma questão de números, sendo que os golos dão vitórias, as vitórias dão pontos e os pontos dão títulos.
Nené foi, por isso, uma referência da minha infância. Chalana era o maior, mas Nené ficava logo a seguir numa lista de preferências que incluía naturalmente Bento, Humberto, Pietra, Diamantino, Shéu e alguns outros.
E se falamos de números, os de Nené são avassaladores. Desde logo, ninguém vestiu mais vezes o "Manto Sagrado" do que ele (577 jogos oficiais). E apenas Eusébio e José Águas marcaram mais golos pelo Benfica (Nené obteve 363).
Nené é pois a encarnação daquilo que se pode chamar "Lenda".
Os meus parabéns pelo 75º aniversário. 


ESTE HOMEM É UMA MÁQUINA

Pode admirar-se um jogador de um clube rival? A resposta é sim. É raro, mas acontece.
Lembro-me de ver adeptos do Real Madrid aplaudirem de pé Ronaldinho Gaúcho em pleno Bernabéu, e mais tarde fazerem o mesmo com Lionel Messi. Em Portugal não me recordo de ter acontecido tal, e digo desde já que, no estádio, durante um jogo, jamais o farei. Não por outro motivo que não seja evitar subtrair confiança à minha equipa - coisa que fazem com frequência alguns profissionais do assobio.
Mas com a serenidade que o teclado proporciona, cá estou eu a manifestar a minha grande admiração pelo ponta-de-lança do Sporting, Viktor Gyokeres.
Custa-me reconhecer (por ele ser do Sporting) que, nos últimos vinte anos, talvez seja o jogador que mais impacto criou na Liga Portuguesa. No Benfica, só eventualmente Jonas terá conseguido algo semelhante - embora com características diferentes, também andou com a equipa ao colo durante alguns anos. Mas se tivesse de escolher um, só um jogador que tenha passado por Portugal neste período, era provavelmente o sueco que eu trazia.
32 golos em 24 jogos, melhor marcador do Campeonato, melhor marcador da Champions, melhor marcador da Liga das Nações, também muitas assistências e um constante massacre nas linhas defensivas adversárias. Só não percebo como chegou aos 25 anos sem ninguém dar por ele.
Lewandowski e Kane caminham para o ocaso (não já, mas em breve), e a este nível só resta Haaland. Não vejo outro ponta-de-lança como Gyokeres. Tem talvez de melhorar um pouco o jogo aéreo, mas ainda acredito que o faça. A partir daí será ainda mais imparável do que já é.
Embora a contragosto, tenho de me curvar e tirar-lhe o meu chapéu. O que tem feito é impressionante.

O FUTEBOL "MODERNO"

Belenenses, Académica, Vitória de Setúbal, Beira Mar, Marítimo. Estes são exemplos de clubes portugueses, de nível médio ou médio alto, com história, com adeptos, com boas instalações, representando cidades com população e massa crítica, que estão remetidos para as divisões secundárias, quando não para os distritais. Cheira-me que o Boavista será a próxima vítima.
Por outro lado, vemos uma primeira divisão carregada de inexistências, como AFS, Casas Pias,  Aroucas ou Moreirenses. SAD's sem gente, sem identidade, algumas sem sequer estádio. 
É a lei dos investidores, que não são mais do que parasitas que usam o futebol para lucrar com as múltiplas transferências de jogadores (negócios de milhões, transcontinentais e nada escrutinados) e direitos televisivos (tudo isto numa perspectiva optimista), ou simplesmente para lavar dinheiro (se quisermos ser mais cáusticos). O associativismo? Morreu - ou foi assassinado!
Ora é precisamente esta gente obscura que uma centralização de receitas vai favorecer. É precisamente para esta gente que a liguinha do Proença parece trabalhar.
Eu gostava de ver o verdadeiro futebol português de volta. A não ser possível, então encolha-se o campeonato de modo a termos equipas com representatividade, como vemos nas melhores ligas da Europa.

FARTINHO DE MARTINEZ

O futebol de selecções perdeu algum do seu encanto. As grandes fases finais ainda se levam, mas estas paragens a meio da temporada são uma tortura para a maioria dos adeptos - os principais adeptos, os que pagam o futebol. 
Além de que há jogos a mais (até a Champions, com o excesso de equipas e de jornadas, começa a banalizar-se). Um dia, matam a galinha dos ovos de ouro. Quem dirige o futebol está-se nas tintas para o futuro. Quer viver o presente, à grande e à conta dele.
Dito isto, não deixo de ir espreitando os jogos de Portugal. E cada vez percebo menos o seleccionador Roberto Martinez.
A sensação que me dá é que um qualquer Professor Neca faria o mesmo. A ganhar muito menos dinheiro.
A primeira fase de qualificação até me iludiu. A fase final do Euro 2024 desiludiu-me. Agora? Acho que se pode concluir que esta contratação, de alguém com um palmarés curtíssimo, foi um tiro ao lado. 
O homem até é simpático. Até canta o hino. Mas a equipa joga pouco, os onzes, as tácticas e as substituições só ele entende, e as convocatórias são absurdas.
Florentino brilha na Champions, vem um tal Samu Costa, que só joga contra Valladolids e Osasunas (jogar na liga espanhola dá privilégios, pois também lá está o avançado so Las Palmas). Pote - por quem sou insuspeito de nutrir qualquer simpatia -, ou porque está lesionado, ou porque está bom, não vai (Nuno Santos, quando podia ir - idem -, idem). Quenda é chamado com apenas quatro jogos como profissional, e depois, podendo bater um simpático record de décadas, num jogo sem interesse competitivo, não é utilizado nem um minutinho (que motivador...). Tomás Araújo é titular no Benfica - na selecção joga preferencialmente António Silva. Vitinha faz um grande jogo, a seguir fica no banco.
Em campo, ninguém percebe as tácticas - que parecem obedecer apenas a dois critérios: 1) meter Ronaldo sempre que lhe apeteça jogar 2) meter as outras estrelas, mesmo que joguem sobrepostos - numa espécie de tudo ao molho e fé em Deus.
A segunda parte na Croácia foi penosa. Vimos Cancelo a médio, vimos Semedo a central, e uma confusão de todo o tamanho, que baralhou toda a gente menos os croatas.
Não esqueçamos que este homem, este seleccionador, para a Bola de Ouro de 2023 votou em...Brozovic. Enfim, um cromo que não fazia cá falta nenhuma.