TOP GOLEADORES SLB - LIGA DOS CAMPEÕES

 

MAIS ALGUMAS PÉROLAS

Isto até é divertido. Joaquim Rita, um dos velhos marretas da SIC Notícias, não disfarçando a azia, largou as seguintes pérolas sobre o jogo de ontem:

"O Benfica era um grande clube europeu, hoje é dos subúrbios da Europa"  -    onde estarrá o clube dele?
"O Benfica fez uma primeira parte medíocre, e na segunda também entrou mal" - enfim, pelo menos saiu bem.
"O Benfica não se pode queixar da sorte" - sobretudo na primeira mão, em que podia ter ganho por 0-3 ou 0-4.
"Ouviram-se muitos assobios na Luz" - bem...eu estive lá. De facto houve alguns assobios no fim da primeira parte, não mais do que isso.
"O Mónaco é uma equipa muito ingénua, parece que estão a jogar no liceu"  - está em 3º lugar da quinta melhor liga do mundo, o Dortmund, está em 11º da quarta. Ficou em 17º na fase regular, o clube dele em 23º.
"Bruno Lage vive numa realidade paralela. O Benfica só fez quatro bons jogos nesta época, de resto tem sido medíocre" - não sei se se pode incluir a Taça da Liga, ou as quatro vitórias em cinco jogos fora de casa na Champions. Também não sei quantas grandes exibições fez o clube dele (talvez apenas contra o melhor Manchester City de todos os tempos).
"O futebol da equipa não corresponde à capacidade do plantel" - como se sabe, só o clube dele tem lesões.
"O Benfica apurou-se pela oitava vez para os oitavos-de-final" - não, camarada, falta um "2" aí atrás. Foram já 28 vezes! O teu clube apenas 5...


O QUE SÃO MÍNIMOS?

Benfica e Sporting nos oitavos-de-final da principal prova de clubes do mundo:

Ou seja, o Benfica cumpriu os "mínimos" que são "exigidos" a uma equipa portuguesa. Como a seguir jogará com um Barcelona "inconstante" ou com um Liverpool no "pior momento da época", está pois obrigado a chegar aos quartos-de-final.

UM VISIONÁRIO


 

NO TOP 16 DA EUROPA

Saí do Estádio da Luz feliz com o resultado e com a passagem, tendo a exibição sido a possível face às muitas condicionantes que envolviam este jogo. Ao chegar ao carro e ligar o rádio, não queria acreditar no que ouvi: os comentadores da TSF começaram por elencar as “enormes” fragilidades do Mónaco, depois passaram aos onze golos sofridos pelo Benfica na Luz, lembraram que o Benfica cumpriu “os mínimos” na prova, e, preparando o futuro próximo, foram já adiantando que o Liverpool está na pior fase da temporada, e o Barcelona é uma equipa muito inconstante. E Lage, claro, não explicou os motivos de mais uma exibição tão pouco conseguida.
Isto está a atingir o absurdo. Desde a saída de Ruben Amorim, e dos sustos proporcionados pelas goleadas ao Atlético de Madrid e ao FC Porto, há uma campanha que visa descredibilizar a equipa do Benfica e o seu treinador. Sabendo-se que o Sporting tem um peso desproporcionado na comunicação social, com o qual acaba por impor narrativas, por vezes, bastante imaginativas, isto acaba também por influenciar os benfiquistas menos prevenidos.
A verdade é que o Benfica passou a fase regular, passou o playoff e está nos oitavos-de-final da Champions, já venceu a taça da liga, se ganhar o próximo jogo dorme, pelo menos, na liderança do campeonato, e se ganhar o seguinte estará no Jamor. Não querendo ser brejeiro, apetece-me citar Diego Maradona: “que la sigan chupando”. Já agora, quantas vezes na história foi o Sporting aos oitavos da Champions?
Vamos então ao jogo, ao verdadeiro.
Foi mais uma noite de emoções fortes, de incerteza no resultado até ao último segundo, com muitas falhas individuais pelo meio – como acontece sempre em qualquer partida que tenha seis golos.  No meio de erros e virtudes, acabou por ser um excelente espectáculo de futebol.
O Benfica entrou algo passivo, o que se compreende dado o contexto físico do plantel - quer pelos muitos ausentes, quer pelos vários presentes a meio-gás. Além do mais estava em vantagem, e cabia aos franceses tomar a iniciativa do jogo. Ainda assim foram os encarnados a abrir o marcador, após uma excelente recuperação de Barreiro (gosto cada vez mais deste rapaz), seguida de um excelente lance de Pavlidis finalizado por Akturkoglu (que assim regressou aos golos). António Silva podia ter dobrado a vantagem, mas o seu cabeceamento saiu ao lado.  A segunda metade da primeira parte foi do Mónaco, que chegou ao empate num lance com culpas repartidas entre Otamendi e Trubin (não seria último), e podia ter voltado a marcar em mais do que uma ocasião, sempre liderado pelo extraordinário Akliouche (que, ou me engano muito, ou não tarda estará no PSG).
Na segunda parte os monegascos estraram com tudo, determinados a virar o resultado e a eliminatória. Mais uma vez, Akliouche e as suas movimentações interiores levaram pânico à área do Benfica, e o segundo golo surgiu com alguma naturalidade. Temeu-se o pior.
Desta vez as substituições foram certeiras, e graças à frescura física de quem entrou (Dahl está a sair melhor que a encomenda), equilibraram o Benfica. O penálti devolveu a vantagem na eliminatória.
Novamente Otamendi, novamente Trubin, comprometeram, e o Mónaco aproveitou. Mas tudo acabaria em bem com o golo de Kokçu.
É verdade que o Benfica tem sofrido muitos golos. Mas também é verdade que marcou quatro ao Atlético, outros tantos ao Barça, e agora três ao Mónaco. Pavlidis é já um dos melhores marcadores da Champions. Houve alguma sorte neste jogo, como houve algum azar para não sair da primeira mão com um 0-2, ou um 0-3.
Parece-me extremamente difícil que a caminhada do Benfica vá além da próxima eliminatória. Mas a obrigação já foi cumprida.  Não os “os mínimos”, como dizem na TSF. Sim, uma prestação ao nível do Benfica europeu nas suas circunstancias actuais – que ainda assim se situam num plano bem superior ao de outros clubes portugueses.
Esta é a 28ª vez que o Benfica chega aos oitavos-de-final da competição. O FC Porto chegou 24 vezes. O Sporting 5.

O ONZE POSSÍVEL

Não arriscar com Tomás, muito menos com Aursnes (até porque com o Boavista nem haverá Barreiro). Este onze pode dar para um empatezito - que é o que o Benfica necessita deste jogo. Depois? Logo se vê. 

OBVIAMENTE, SILÊNCIO!

Acredito, honestamente, que nem os portistas, ou pelo menos alguns deles, percebam inteiramente o que representou Pinto da Costa para o Benfica. Só por isso (ou por má fé) alguém poderá estranhar o silêncio do clube da Luz para com a morte de um cidadão - que já nem sequer era o presidente do FC Porto.
Não é por ter ganhado muitas vezes. Sim pelos métodos com que o fez (todos os imagináveis), e, talvez ainda mais, pela atitude ostensivamente provocatória e cínica que sempre manifestou para com aqueles que, ele próprio, considerava seus inimigos - e que nunca se cansou de tentar humilhar e espezinhar.
Quando morreu Manuel Fernandes, escrevi um texto de saudade no jornal do Benfica. Era um adversário. Marcou golos e golos ao meu clube. Fez-me sofrer, mas era um homem digno. Um rival, jamais um inimigo. O mesmo poderia dizer do "Bibota" Fernando Gomes. Outro que, em campo, fez a vida negra ao Benfica. Foi um adversário temível, mas sempre respeitável.
Não é a instituição centenária FC Porto que está em causa. Pinto da Costa podia ter vencido ainda mais vezes. Fosse uma pessoa cordata, digna, elevada, respeitadora, honesta e desportivista, e não haveria vitórias nem títulos (do meu lado, derrotas) que me impedissem agora de me curvar perante a sua memória.
Como todos sabemos, não foi o caso. E nem é preciso ir ao Apito Dourado e a todo um sistema podre e corrupto que ele arquitectou ao longo de quarenta anos, e que depois fez escola no futebol português. Nem à conflitualidade, violência e intimidação que ele trouxe para o desporto. Basta lembrar os e-mails, que ele patrocinou, e que foram um acto de terrorismo comunicacional como não há memória. E estaria aqui o dia inteiro a recordar episódios de provocação insultuosa e insidiosa de quem, verdadeiramente, nunca soube ganhar.
Como é óbvio, os benfiquistas não admitiriam outra coisa a Rui Costa que não fosse ignorar a morte deste indivíduo - que, para mais, chega num momento em que já é completamente insignificante.

O LUGAR DO MORTO

Não festejo a morte de ninguém, respeito a dor das famílias. 
Também não contem comigo para branquear comportamentos ou legados de conflitualidade, provocação e falcatrua - que poluíram durante décadas o desporto português. 
Por isso, espero que não se lembrem de fazer minutos de silêncio ao pé de mim. Aliás, o próprio morto fez questão de separar as águas ainda em vida e, com alguma lucidez, renegar hipocrisias no seu funeral. 
Certamente morreram outros cidadãos no dia de ontem (muitos deles estimáveis, alguns possivelmente mais jovens). Morrerão outros hoje, outros amanhã, e um dia vai chegar a nossa vez. Como entenderá quem leu "As Intermitências da Morte" do grande José Saramago, ainda bem que assim é. 

PRECIOSOS PONTOS

Dadas as circunstâncias que o rodeavam, este era um daqueles jogos para ganhar por meio a zero. Inúmeras lesões, eliminatória europeia, viagem, relvado horrível, adversário forte, motivado e defensivo.
Lage arriscou, ao fazer descansar alguns dos poucos titulares disponíveis, e apresentou um onze revolucionário, mas fresco. 
A primeira parte não foi brilhante nem tranquillizadora. Ainda assim, deu para criar algumas boas oportunidades.
Na segunda, o Benfica apareceu mais afirmativo. Empurrou o adversário para trás, e acabou por chegar ao golo. A expulsão limitou a resposta açoreana. E o apito final foi ouvido com alívio. 
Como disse, a única coisa importante deste jogo eram os três pontos. Cá estão eles. 
Individualmente destacaria Bruma. Também não desgostei de Dahl - que não conhecia e me pareceu opção válida. Leandro Santos teve uma ou outra falha, saiu esgotado, mas não comprometeu. E Amdouni, mesmo sem brilhar, mostrou vontade de aproveitar a oportunidade - tal como Barreiro. 
Terça feira será outro dia. Além de todas as lesões, também Florentino e Bruma estão impedidos de jogar. Não queria ser eu a fazer a equipa. Mas uma coisa é certa: o Benfica entrará em campo com onze jogadores profissionais. 

UMA FINAL NOS AÇORES

O jogo com o Santa Clara é importantíssimo. Depois de recuperar dois pontos na semana passada, seria um rude golpe voltar a perdê-los nesta. Trata-se de um terreno difícil, e de um adversário que tem feito uma época fantástica. Num momento em que o plantel está dizimado por lesões, e a meio de uma eliminatória da Champions. Enfim, tem tudo para correr mal, e vai ter de ser a equipa a contrariar o destino.
Dando prioridade a este jogo e ao campeonato, escolheria um onze o mais próximo possível daquela que tem sido a equipa-tipo. Sabendo que não jogará um dos melhores defesas, o melhor médio e o melhor avançado. E que praticamente não haverá banco do meio-campo para trás.
Para terça-feira, logo se vê. Veremos também quem mais se lesiona até lá. Agora só interessa garantir os três pontos nos Açores.

É DEMAIS!

Este é o panorama que Bruno Lage vai encontrar para fazer escalar um onze na próxima terça feira. Veremos o que se passa com Tomás Araújo, mas todos os restantes são baixas certas. Ou seja, há apenas quinze jogadores do plantel principal disponíveis (veremos até lá...), dos quais apenas quatros defesas (um deles nunca jogou) e dois médios. Desde a Covid que não havia nada assim. 
É claro que há jogadores da B que podem (e provavelmente vão) jogar, como Leandro Santos, Bajrami, João Rego ou Prestianni. Mas isto é demais. E é natural que obrigue Lage a trabalhar outro sistema (eventualmente um 4-4-2).
Confesso que estou muito preocupado, sobretudo com a partida dos Açores. O Benfica devia ter pedido o adiamento, até porque, por motivos que só a UEFA poderá explicar, tendo ficado em 16º lugar vai ter muito menor período de descanso entre as duas mãos do que o Sporting, que ficou em 23º.
Tudo isto não pode ser coincidência. Olhemos para o Real Madrid, olhemos para o Manchester City (e também, sejamos justos, para o Sporting). O futebol, com estes formatos, com esta densidade competitiva, irá passar a ser um jogo para ver quem tem menos lesionados. A Liga Portuguesa podia ajudar, fazendo aquilo que há muito se impõe, e agora ainda com mais acuidade: reduzir drasticamente o número de clubes na primeira divisão. Se a Liga não o fizer (e sei que não o fará, e todos sabemos porquê), que seja o Governo a impô-lo.

TIRO AO LAGE

 ÚLTIMOS 18 JOGOS BENFICA:

ÚLTIMOS 18 JOGOS SPORTING:
ÚLTIMOS 18 JOGOS FC PORTO:

Benfica 12 vitórias, 2 empates e 4 derrotas
Sporting 7 vitórias, 4 empates e 7 derrotas
FC Porto 6 vitórias, 5 empates e 7 derrotas

Perante isto, porque não deixam Lage em paz? Afinal, um treinador que venceu um troféu (o único que disputou), que se apurou para a fase a eliminar da Champions e tem boas chances de ir ainda mais além, que está em todas as frentes, aos olhos de alguns "comentadores" parece que faz tudo mal. No Sporting, que desde Ruben Amorim ainda não ganhou dois jogos seguidos no tempo regulamentar, no FC Porto, que só venceu uma das últimas oito partidas, parece que se vive num mar de rosas.
E se no ano anterior a contestação a Roger Schmidt era, admitamos, generalizada, mesmo entre os benfiquistas, neste caso, embora não exista unanimidade (desde Eriksson, nenhum técnico do Benfica a teve), a campanha tem sido quase toda a cargo da comunicação social, e da praga de comentadores teoricamente independentes, mas na prática anti-benfiquistas, que conspurcam o espaço televisivo e jornalístico. E já começa a ser ridícula.
Os benfiquistas que não se deixem iludir. Há muita gente que quer, à força, fazer de Bruno Lage uma espécie de João Pereira ou Vítor Bruno do Benfica. Não foi, não é, nem será. E olhando para os resultados, tendo em conta que passou de fase na Champions, que ganhou a Taça da Liga e está nos quartos da Taça de Portugal, tendo perdido no campeonato frente a Sporting e Braga (o que, não sendo desejável, pode sempre acontecer, e nesses casos até foi imerecido), os únicos momentos em que o Benfica não foi, digamos, Benfica, foram as segundas partes dos jogos das Aves e de Rio Maior. Aliás, com esses cinco pontos perdidos os encarnados estariam agora isolados no primeiro lugar.
Tudo está bem? Não, há aspectos a melhorar. Mas, caramba, arrasar diariamente um treinador por ...isto??

CHAMPIONS FORA DE CASA

Nas últimas quatro temporadas, em 22 jogos longe da Luz a contar para a Liga dos Campeões, o Benfica venceu doze, empatou seis e apenas perdeu quatro. Mais um número notável, daqueles a que ninguém quer ligar. Quantas séries destas terá havido ao longo da história? Não vale contar os anos de Eusébio.

TÃO PERTO DO CÉU

Creio que a opinião será unânime: o Benfica perdeu uma excelente oportunidade de resolver a eliminatória já nesta partida.
A primeira parte foi insípida. Houve alguns momentos de domínio monegasco, e ocasião para Trubin brilhar. Mas acabou por ser o Benfica a criar, ainda assim, as melhores oportunidades: primeiro por Carreras após um belo lance de Pavlidis, e depois num calcanhar de António Silva que passou perto do poste.
A segunda parte foi de sentido único. Com um grande golo a abrir, os encarnados assumiram o controlo do jogo. E, desta vez, souberam aproveitar a superioridade numérica decorrente da expulsão de Al Musrati para exercer um domínio completo e absoluto, levar a bola para as imediações da área contrária, e criar oportunidades em série - cujo desperdício esperamos não vir a chorar na próxima semana.
Seja como for - e isto é uma questão de princípio - uma vitória fora de casa na Liga dos Campeões, sobretudo na fase a eliminar, sobretudo diante de uma equipa dos "big five", é sempre um excelente resultado. Por muito que os inúmeros profetas da desgraça, que fazem tudo para puxar os pés ao treinador e à equipa, tentem encontrar argumentos, os factos são que o Benfica deu um passo rumo aos oitavos-de-final da principal prova de clubes do mundo, e já leva quatro vitórias fora só nesta edição.
Individualmente, não há como não destacar Pavlidis. Quem pesquisar o que fui escrevendo atrás, verá que sempre acreditei no grego. Durante algum tempo, foi tendo infelicidades. Ora bolas que batiam no poste, ora belas finalizações que originavam grandes defesas dos guarda-redes contrários, ora golos anulados por foras-de-jogo milimétricos, ora auto-golos atribuídos aos defesas (e aproveito para dizer que a mania dos auto-golos só prejudica o futebol, e na liga portuguesa alguém parece empenhado em subtrair números aos avançados ao mesmo tempo que se estigmatizam os infelizes defensores, e o exemplo da Reboleira é gritante). Depois, houve um momento de natural quebra de confiança, ao qual o hat-trick ao Barcelona pôs fim. Agora é o avançado que todos esperávamos. E veremos se todos estes golos na Champions não o colocam na montra do próximo mercado.
Destaque negativo para mais duas lesões. Não sou especialista na matéria, mas pelo que tenho ouvido a quem sabe, a carga de jogos, e a falta de tempo de treino e de recuperação, poderão estar na base do que vai sendo regra no futebol europeu. Olhando para o Sporting não nos podemos queixar muito. E vendo o que se tem passado no City, no Real Madrid e noutros lados, é tempo de a UEFA e a FIFA perceberem que há aqui um padrão, e que isto pode vir a matar o futebol - se é que eles se importam com isso.
Sobre a arbitragem, queria destacar o que ouvi na SporTv+ (a única que vejo, pois já deixei de pagar àquela gente) a mais um comentador de refugo. Segundo Luís Vidigal, que não escondia o desagrado pela vitória do Benfica, o árbitro devia ter fingido que não viu Al Musrati a pedir cartão amarelo, evitando expulsá-lo. Ou seja, criticou-o por ter cumprido as regras. Já não é a primeira vez que lhe ouço comentários obtusos e ostensivamente parciais. Começa a ser penoso ouvir certos comentadores. A coisa bateu mesmo no fundo, e particularmente a SportTv + transformou-se em mera propaganda anti-benfiquista. Enfim, os cães ladram mas a caravana lá vai passando.

ONZE PARA O MÓNACO

Juro que não tenho nada contra turcos. Estive na Turquia duas vezes, e adorei. Simplesmente, entendo que neste momento Schjelderup está em melhor forma que Akturkoglu, e que Di Maria é indispensável. Kokçu, esse sim, ainda não percebi o que é, ou o que pode ser - parecendo-me claramente o ponto mais débil do onze base, o que contrasta com o custo da sua contratação (o jogador mais caro da história do futebol português). Barreiro não é craque, mas corre, e muito.
No jogo será preciso cuidado especial com as saídas desde trás sob pressão (para quê insistir sempre nisso?), com as bolas paradas defensivas, e evitar contra-ataques. Nos últimos 14 jogos o Benfica sofreu 17 golos - onze deles por uma destas três vias e outros três de penálti. Os problemas estão identificados, sobretudo agora que Pavlidis começou a marcar golos.

O MELHOR DORTMUND DE TODOS OS TEMPOS E MAIS ALGUNS

Não me interpretem mal. O Sporting perdeu com o Dortmund, tal como o Benfica pode perder com o Mónaco. São adversários dos chamados "big five", com orçamentos muito superiores aos de qualquer clube português. E na Europa estamos sempre demasiado próximos de poder ser goleados em qualquer estádio. O Benfica é obrigado a vencer o Aves e o Casa Pia, não o Mónaco. Assim como o Sporting não tem o dever de ganhar ao Dortmund.
O meu ponto é a forma como alguns comentadores (e a representatividade do Sporting na comunicação social é sempre deveras inflacionada) iludem a realidade, transformando todos os adversários dos leões em super-equipas imbatíveis, e os do Benfica sempre em conjuntos que se arrastam penosamente por crises dramáticas, vivendo os piores períodos das suas histórias, ou apresentando-se em poupança de recursos.
Quando o Benfica ganhou categoricamente 3-0 a um Barcelona com Ter Stegen, Piqué, Busquets, Sergi Roberto, Pedri, De Jong, Gavi etc, lembro-me bem do que foi dito. Quer sobre o momento do clube "blaugrana", quer sobre o onze que apresentou na Luz. É certo que esse Barcelona não foi campeão de Espanha (ficou em 2º), e não passou da fase de grupos da Champions (passaram Bayern e...Benfica), mas pouco tempo depois aplicou 0-4 no Bernabéu. Na época seguinte ganhou La Liga.
Também me recordo do que ouvi quando o Sporting de Amorim foi goleado em casa pelo Ajax por 1-5. Tantas vezes nos tentaram fazer crer, até quase parecer verdade, que se tratava de um todo poderoso adversário, e que era um dos favoritos à conquista do título europeu. Ora poucos meses mais tarde esse mesmo Ajax foi eliminado pelo benfiquinha de Nélson Veríssimo. E nunca mais o vimos.
Já nesta temporada, também o Atlético de Madrid foi arrasado por comentários análogos. Era o pior Atlético da década. Era um clube em decadência. O próprio Simeone já não se parecia consigo próprio. Uma equipa descaracterizada e longe dos melhores tempos. E que vinha em regime de poupanças (?!?). Ora acabou por se apurar directamente para os oitavos da Champions, e está a um ponto da liderança do seu campeonato. Nem vale a pena falar muito da Juventus, a quem o Benfica tem ganhado repetidamente, e a quem o Sporting nunca ganhou. Muito menos do contexto em que o nosso rival de Alvalade venceu o City. Para não dizer, do diferente grau de dificuldade dos calendários, e ainda assim de um 16º lugar do Benfica para um 23º do Sporting.
Isto por vezes até se torna divertido. Esta noite, o mesmo rapazola da Sportv que tinha classificado a última exibição do Benfica como medíocre, e que não se cansa de disparar tiros a Bruno Lage, unhava-se e desunhava-se para tratar o Dortmund como um poderosíssimo adversário, omitindo olimpicamente aquilo que a classificação da Bundesliga friamente reflecte.
Mas se todo o esforço é para desvalorizar as vitórias europeias do Benfica, há que dizer que tem sido razoavelmente bem sucedido: poucos adeptos, mesmo entre os benfiquistas, valorizam as três presenças consecutivas do clube em quartos-de-final europeus, duas deles na Champions (onde os encarnados já chegaram vinte vezes e o Sporting ...apenas uma, há mais de 40 anos). Por outro lado, nunca ouvi ninguém falar do facto de só por seis vezes na história os leões terem ultrapassado, ou a primeira eliminatória, ou a primeira fase da principal competição europeia de clubes. Para não haver dúvidas digo já quais foram: 1963 Shelbourne, 1971 Floriana, 1983 D.Zagreb e CSKA Sofia, 2009 2º no grupo à frente de Shakhtar e Basileia, 2022 2º no grupo à frente de Dortmund e Besiktas, e agora, em 2025, 23º lugar da fase Liga. Mesmo nesses casos, acabaram quase sempre goleados. Um historial embaraçoso para quem anda em bicos de pés.
Se em Portugal se fala em três grandes, é preciso dizer que no plano internacional só há dois grandes (vá lá...médios) portugueses: Benfica e FC Porto. É esse o drama que esta gente quer à força esconder.

Classificação da Bundesliga:

Classificação de La Liga:

Sequência de resultados do Manchester City em Novembro e Dezembro:

PENÁLTIS PARA QUEM OS QUER

Quando o Sporting não ganha, sabemos que, quer os seus adeptos, quer, sobretudo, o exército de comentadores e jornalistas que inunda a comunicação social, se atiram ferozmente à arbitragem.
Não é de agora. Já quando jogavam com Onyews, Rinaudos, Saleiros, Sinama-Pongolles, Bojinoves e Bouhlarouzes, achavam que só não eram campeões, ou Bi-campeões, ou Tri-campeões, ou Tetra-campeões, porque os malandros dos árbitros, a soldo do tenebroso Benfica, não permitiam.
Quem tenha a possibilidade de assistir a um jogo do Sporting em Alvalade ficará impressionado: a cada queda na área, ou mesmo fora dela, os gritos de penálti são tão estridentes quanto, na maioria dos casos, ridículos. Enfim, uma estranha forma de vida. 
Nesta jornada, em que o Sporting empatou e o Benfica ganhou, logo se apressaram: 1) a inventar um penálti sobre Quenda no último minuto do jogo do Dragão; 2) a lançar suspeitas sobre a transmissão da BTV que teria ocultado um alegado corte com a mão de Florentino, também na fase final da partida da Luz.
Se olharmos para a Premier League (reconhecidamente a melhor do mundo) sabemos que nenhum árbitro decente marcaria penáltis daqueles. Vou ainda mais longe: abstraindo-me da cor da camisola, nem o lance de Carreras, e a consequente "mão" que deu origem ao primeiro golo do Benfica, merecia, fosse eu árbitro, o castigo máximo. São precisas três repetições para ver o toque (que de facto existe), mas o protocolo do VAR remete para situações claras e óbvias. Ora não houve nenhum penálti claro, nem na Luz, nem no Dragão, nesta jornada.
Aliás, falando de VAR, a cada dia que passa me convenço mais da sua inutilidade. O erro continua, a discussão continua, e a pressão sobre os árbitros é ainda maior. As linhas de fora de jogo são uma mentira bem contada (uma câmara de filmar a cinquenta metros do pé de um jogador em movimento jamais pode descortinar, com rigor, dois ou três centímetros para lá ou para cá), e a desresponsabilização de um indivíduo que está confortavelmente sentado, lá bem longe, na "Cidade do Futebol", não ajuda. Há países que já o abandonaram, outros preparam-se para o abandonar. A própria Liga Inglesa já discutiu o assunto. Em Portugal será difícil, pois há ainda muita gente que gosta mais de arbitragem, ou de polémicas com arbitragem, do que de futebol propriamente dito.
Houve um período negro. As décadas entre 1990 e 2010, as do "Apito Dourado", foram de facto marcadas por situações escandalosa e sistematicamente tendenciosas, sempre a favor do FC Porto - enquanto a instituição Sport Lisboa e Benfica se mantinha em coma profundo. Mesmo aí, não identifico mais do que um ou dois campeonatos que pudessem ter desfecho diferente quanto ao vencedor final. Hoje em dia a arbitragem portuguesa não é pior que a europeia - como, de resto, se tem visto nesta edição da Champions. 
O principal problema do futebol português já não está, pois, nos árbitros. Está, sim, no número inusitado de entidades fantasma que polui a primeira liga, ao passo que emblemas históricos e com massa crítica, como Académica, Belenenses, Vitória de Setúbal ou Marítimo (o Boavista vai a caminho), se afundam em divisões secundárias. Para este problema, ninguém olha. Mas, como dizia a canção, "se outros calam cantemos nós".

DRAMA

Nunca vi algo assim: num mesmo jogo, no período de quatro minutos, duas roturas de ligamentos de gravidade máxima em lances aparentemente inócuos.
Resta-nos desejar as melhoras a Bah e Manu - que provavelmente só voltaremos a ver nos relvados em 2026. E desejar ardentemente que não aconteça nada a Tomás Araújo (ou a qualquer central) e a Florentino.
Para reflexão fica a quantidade inusitada de lesões que tem afectado muitas equipas, não apenas em Portugal, o que poderá estar relacionado com o estúpido acréscimo no número de jogos. Mas, como bem sabemos, quem poderia mudar as coisas não quer saber delas, mas tão somente do dinheiro que mete ao bolso.

MAIS PERTO

Os deuses devem estar loucos. Ou então, e talvez seja antes isso, há uma campanha de um conjunto de comentadores e cronistas visando tirar Bruno Lage do Benfica, virar os adeptos contra ele, ou simplesmente causar instabilidade - sabendo que há franjas de sócios receptivos a tudo quanto seja partir, destruir, demitir, não interessa como, nem porquê. O que, diga-se, não acontece hoje apenas no futebol, mas em todos os planos de todas as sociedades ocidentais, em que aparentemente há gente cansada de estar bem, de ser livre e de poder escolher os seus caminhos, dispondo-se a embarcar em qualquer canto da sereia, com os resultados que, em algumas latitudes, se começam a perceber, e que mais tarde ou mais cedo se irão revelar dramáticos - infelizmente não só para aqueles que os causaram.
Voltando ao Benfica, não queria acreditar quando ouvi num comentário televisivo, um jovem comentador da Sport Tv afirmar que Lage tentava iludir mais uma exibição "medíocre" do Benfica.
Ora o que eu tinha acabado de ver era um excelente jogo de futebol, com uma boa primeira parte do Benfica, uma segunda mais em registo de gestão - que, é verdade, podia ter corrido mal em virtude da capacidade do Moreirense de chegar rapidamente à área adversária, e de alguns problemas defensivos que o Benfica ainda não conseguiu debelar.
Com jogo da Champions dentro de poucos dias, com duas saídas por lesão durante a primeira parte, era cruel pedir mais.
Os benfiquistas são exigentes, e querem sempre tudo. Aursnes já percebeu isso, e bem. Mas falar de exibição medíocre é patético. Que mais não seja porque não sobram adjectivos para o que se viu nas segundas partes das Aves e de Rio Maior.
O Benfica tem sido irregular. Como os outros. Lage pegou na equipa a 5 pontos, agora está a 4, depois de já ter ido a Alvalade, tendo pelo meio conquistado a Taça da Liga, ultrapassado a fase liga da Champions, e estando a uma vitória na Luz sobre o Braga de chegar ao Jamor, realizando algumas exibições inesquecíveis como as goleadas ao Atlético de Madrid e ao F. C. Porto. Podia ser melhor? Sim, por exemplo ganhando nas Aves e em Rio Maior, o que valeria agora a liderança. Muito mau? Nem por sombras.
Enfim, o que interessa é sublinhar que esta jornada foi favorável aos encarnados, e que restam mais 14 para recuperar o que falta. E que em todos os jogos tem havido um estádio cheio para apoiar a equipa, indiferente a tudo o que se diz dela nas tvs e nas redes sociais - cada vez mais conspurcadas com mentira, manipulação e ódio, enquanto continua a haver quem diz, como também ontem ouvi: "se está no tik-tok é porque é verdade". 
Enquanto tiver voz, aqui estarei a defender o Benfica que em criança aprendi a amar: o dos jogos, dos golos, das vitórias, dos jogadores. O das "politiquices", como diz Bruno Lage, só interessa a dois ou três mil dos seis milhões de adeptos do maior clube português. Neste, como noutros planos, o barulho não me entra no ouvido. Venha de dentro ou venha de fora. 

ONZE PARA SÁBADO


 

PENA O CAMPEONATO NÃO COMEÇAR AGORA...

PARECE-ME BEM





Um lateral, um médio, um extremo e um ponta-de-lança, três deles internacionais A pelos respectivos países, cada um deles com diferentes graus de maturidade, e a custos, digamos, moderados. Ao que parece, não sai nenhum dos titulares. A confirmar-se, trata-se pois, aparentemente, de um bom mercado. 
Acho que fica a faltar um jogador para a posição de Kokçu - quanto a mim, sem dúvida, o elo mais fraco do onze encarnado -, e tenho receio que aconteça alguma coisa a Trubin. De resto, creio que o plantel fica bastante bem composto. Sem dúvida o mais forte do país. Veremos se ainda a tempo de recuperar os seis pontos de desvantagem...

NO FIO DA NAVALHA

Sem margem de erro na Liga, após uma noite europeia de grande desgaste, numa sequência de jogos de três em três dias, com toda a desestabilização feita a partir de fora (e por vezes também de dentro), num campo difícil perante um adversário arreganhado, a partida da Reboleira tinha vários condimentos para poder correr mal.
Dois golos esquisitos nos primeiros dez minutos pareciam ser o golpe de sorte de que o Benfica precisava para se pôr a salvo. E mesmo perante o golo (também esquisito) do Estrela, a pronta resposta de Pavlidis levou-nos para um intervalo sereno e tranquilo.
Esperava-se uma segunda parte de controlo, provavelmente pouco vistosa, mas segura. Outro brinde colocou o placard num tangencial 2-3, e num plano de sofrimento que só um eventual quarto golo do Benfica podia dissipar. 
Esse golo não apareceu, e o fantasma da Vila das Aves foi-se adensando à medida que os minutos passavam, e a equipa da casa acreditava que podia chegar ao empate.
O penálti teria sido uma oportunidade de ouro para fechar o resultado, mas Arthur Cabral quis deixar o seu autógrafo antes de (espero eu) partir para outras paragens. E os últimos instantes foram mesmo de aflição.
Ficam os três pontos - que era o mais importante. Fica o regresso aos triunfos fora de casa no campeonato. Fica uma excelente exibição do caloiro Manu Silva (mesmo em Rio Maior, nos poucos minutos em campo, já me havia deixado boas sensações). Fica a preocupação com a lesão de Di Maria. Ficam também mais alguns aspectos a rever, sendo que neste tipo de jogos o Benfica já viu voar dez preciosos pontos (Famalicão, Moreira, Aves e Rio Maior), que fazem toda a diferença na classificação. Mais do que golear ou deslumbrar, nestas deslocações é necessário ter consistência e solidez para não deixar os adversários criarem perigo. Isso não tem acontecido. Mas se o Benfica quiser ser campeão,  terá forçosamente de ganhar, pelo menos, nos Açores, em Barcelos, em Vila do Conde, em Guimarães e no Estoril (sendo que também tem de ir ao Dragão e a Braga, jogos em que se pode aceitar um eventual empate). 
Bruno Lage já falou muitas vezes, e com razão, de consistência. Esta equipa já provou ser capaz de jogar bem. Falta fazê-lo com a regularidade que define os campeões. Como é que isso se consegue? Não sei. É Lage que tem de o descobrir. Acredito que o consiga, e espero que seja a tempo.

O CAMINHO ATÉ MUNIQUE

Playoff: MONACO
Oitavos: LIVERPOOL ou BARCELONA
Quartos: DORTMUND, ATALANTA, LILLE ou SPORTING 
Meias: BAYERN, ARSENAL, INTER, MILAN, A.MADRID, LEVERKUSEN, CELTIC ou FEYENOORD
Final: R.MADRID, M.CITY, PSG, LIVERPOOL, BARCELONA, ARSENAL, INTER, A.MADRID, JUVENTUS, LEVERKUSEN, ATALANTA, A.VILLA, LILLE, PSV, BREST ou BRUGGE

Eu diria que o Benfica pode passar o Mónaco (embora preferisse o Brest), mas vai esbarrar fatalmente nos Oitavos. A verdade é que se, por milagre, ultrapassasse Liverpool ou Barcelona, os Quartos seriam bem mais acessíveis.
Como diria o saudoso José Torres: "deixem-me sonhar".

FINALMENTE

A confirmar-se a venda de Arthur Cabral ao West Ham, e por um valor de 18+2, temos uma excelente notícia para o Benfica. E só é pena que não tenha acontecido mais cedo.
Não tenho nada contra o brasileiro, de quem dizem ser bom profissional. Em campo, sempre pareceu esforçado. Teve um ou outro momento de glória - como em Salzburgo, com aquele calcanhar no último minuto. Mas não é, nunca foi, e nunca seria, o ponta-de-lança de que a equipa precisava. Não tem escola, tempo de salto, sentido posicional, ataque à profundidade, velocidade, capacidade de pressão, capacidade de segurar bola, eficácia, etc, etc, etc. Nem percebo como alguém achou (e pelos vistos, felizmente, ainda há quem ache) que vale mais do que, digamos, 5 milhões.
Neste campeonato foi titular duas vezes: Aves-Benfica 1-1 e Casa Pia-Benfica 3-1. Creio que isto é revelador.
Parte dos problemas que o Benfica tem sentido nestas duas temporadas, devem-se aos (elevados) investimentos falhados do mercado de verão de 2023 - após o título de Schmidt. Para substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos, alguém (quem?) achou que podiam vir Jurasek e Arthur Cabral. Rapidamente se percebeu tratar-se de dois equívocos. Ao mesmo tempo, quando olhávamos (e olhamos) para o outro lado da Segunda Circular, víamos (e vemos) um avançado que, pelo mesmo preço, se tornou a principal figura da Liga Portuguesa.
O histórico de Arthur Cabral não era prometedor. Nem sequer era titular da Fiorentina (o titular era Jovic), e em duas épocas de Série A, só em sete ocasiões completara os noventa minutos, tendo marcado o simpático número de nove golos (dois em 2021-22 e sete em 2022-23). Às primeiras utilizações no Benfica, logo percebi não ser o avançado de que a equipa precisava - basta ver o que escrevi na altura e fui reforçando à medida que o tempo passava.
Detesto ter razão nestes casos, mas infelizmente, quanto a Arthur Cabral, estava certo. 
Finalmente alguém percebeu que ele não era jogador para o Benfica, que não valia o salário milionário que lhe era pago. Estou à espera do momento em que também se perceba que Kokçu é caso semelhante. Custou quase 30 milhões. Não vale mais do que 10. E o Benfica precisa de alguém, naquela posição, com mais fibra, com mais intensidade, com maior disponibilidade atlética, com maior sentido táctico e com maior regularidade de rendimento. Acredito que exista, e por menos dinheiro.

BOM AUGÚRIO

Benfica com equipas francesas:

VECCHIA CLIENTE

Jogos entre Benfica e Juventus:
 Em 9 partidas, o impressionante registo de 7 vitórias, 1 empate (com sabor a vitória) e 1 derrota.

CRISE? QUAL CRISE?

Antes de qualquer consideração sobre o jogo de Turim, devo dizer que estou chocado com a vergonhosa campanha mediática que visa tirar Bruno Lage do Benfica. Também haverá benfiquistas que não gostam dele, mas estou em crer que a esmagadora maioria dos sócios e adeptos do clube, ou pretende expressamente que ele continue a dirigir a equipa (e eu sou, sem hesitar, um desses), ou, pelo menos, não acha que os problemas se resolvam com uma mudança no comando técnico. Não é, pois, dos adeptos do clube, ou da maioria deles, que parte a contestação a Lage: é mesmo de um conjunto de "jornalistas" (predominantemente anti-benfiquistas) que não descansa enquanto o Benfica não tiver o seu "João Pereira". Afirmar-se e escrever-se que a continuidade do treinador no Benfica dependia deste jogo, é (ou foi) terrorismo comunicacional, com o intuito mal disfarçado de virar os adeptos contra o técnico, caso a equipa perdesse no estádio de um clube com enormes pergaminhos internacionais e com um orçamento muito superior a qualquer emblema português - coisa que podia naturalmente acontecer, sem que a terra deixasse de ser redonda. 
Lage comunica mal (como Jesus, Schmidt e tantos outros). Fala demais nas conferências de imprensa, expõe-se a perguntas às quais não devia sequer responder, e, pelo que se (ou)viu, expõe-se também a alguns "adeptos" a quem não tinha de dar satisfações (sendo de salientar o serviço prestado ao clube pelo "exigente" que gravou e difundiu o audio, talvez amigo do outro que apedrejara o autocarro da equipa em 2020). Ora a comunicação externa (e é desta que falo, pois a interna não conheço) alimenta o debate mediático, mas não faz ganhar jogos, não passando, quanto a mim, de um detalhe na avaliação global a um treinador. Quique Flores, por exemplo, e recorrendo às sábias palavras do saudoso Medeiros Ferreira, fazia grandes exibições nas conferências de imprensa. Como se sabe, não foi exemplo a seguir. E em tudo o resto (sagacidade táctica, liderança, gestão de grupo, leitura e conhecimento do jogo e dos adversários, performance física, etc), Lage, não sendo um Guardiola ou um Ancelotti, é um excelente técnico, que acrescenta qualidade ao futebol do Benfica, é capaz de potenciar o rendimento dos jogadores, e até de contrariar alguns problemas estruturais que o clube lhe coloca - como colocou aos que o antecederam no cargo, e aos quais já aqui fiz referência. 
O jogo foi espectacular (mais um). A primeira parte podia ter terminado com um resultado de 1-4, ou coisa parecida. Se dúvidas havia sobre a união da equipa, sobre a sua vontade de vencer, elas foram dissipadas logo no primeiro minuto, ao fim do qual os encarnados já haviam criado duas boas ocasiões para marcar. O golo apareceu, e outros podiam ter aparecido. Temia-se que o desperdício viesse a cobrar o seu preço na segunda metade.
A Juventus de facto melhorou, e em certos momentos o Benfica teve de saber sofrer - nunca deixando de procurar, aqui e ali, a baliza de Perin. Desta vez as substituições resultaram, e na verdade, com elas, Lage matou o adversário e o jogo. A ponta final voltou a ser em tons de vermelho vivo, surgindo com naturalidade o 0-2. Globalmente a vitória foi justíssima, e a exibição bastante prometedora.
Em termos individuais destacaria Pavlidis (que parece ter outra cara nos jogos da Champions, e já leva mais golos europeus do que no campeonato português), Florentino, Aursnes (de regresso à sua melhor condição, e também à sua grande versatilidade), e Otamendi. Bah foi uma adaptação feliz, acabando por ter participação determinante no primeiro golo, e fechar muitas vezes a porta a Francisco Conceição - o mais inconformado jogador da Juventus.
Ao contrário da jornada anterior, desta vez o árbitro nem se viu.
Enfim, depois de grandes espectáculos de futebol (este, bem como os jogos com Atlético e Barça), com três vitórias fora de casa em quatro deslocações, o Benfica conseguiu o merecido apuramento. Fica uma pequena mágoa ao verificarmos que uma simples vitória na Luz sobre o Feyenoord teria permitido entrada directa na elite dos Oitavos-de-final. Fica também a evidência de que uma derrota em Turim teria ditado a eliminação. No meio está a virtude, e agora, enquanto cabeça-de-série no playoff, ainda há caminho para chegar um pouco mais além, pois tanto Mónaco como Brest estão longe de ser adversários inultrapassáveis.
Para já, é preciso ganhar na Reboleira. Como Bruno Lage tem dito recorrentemente, falta a esta equipa conseguir a consistência. Se jogasse sempre como nesta noite, seria certamente campeão nacional. Talvez ainda vá a tempo.
PS: Entendo a conferência de imprensa de domingo, assim como as declarações de Rui Costa no fim deste jogo, como tentativas bem intencionadas de encerrar o assunto dos audios. Eu teria seguido outro caminho: um comunicado lacónico e os "jornalistas" que se entretessem a discutir entre eles. Infelizmente, no mundo em que vivemos, ser franco e genuíno paga-se caro.  E o Benfica tem demasiados motivos de queixa da comunicação social para que lhe continue a prestar qualquer tipo de vassalagem. Aos adeptos comunica-se com golos, vitórias e títulos. Para falar, já há gente que chegue.

ONZE PARA TURIM

...e venha de lá um empatezinho.
 

COM LAGE ATÉ AO FIM

Como escrevi no texto anterior, o problema do Benfica não é o treinador. Estas quebras já se verificaram com outros, e se Lage sair e não acontecer mais nada, dentro de algum tempo estaremos aqui a pedir mais uma cabeça. E depois outra e mais outra. 
Até ver, ainda me parece que Lage pode ser parte da solução. Não esquecendo que este plantel não foi desenhado por ele. E que o único troféu que disputou, ganhou. 
Há muito a mudar no Benfica para que Lage, e os treinadores que se seguirem, tenham efectivamente condições para triunfar de modo consistente. 

MAU DEMAIS

Até aceito perder com o Barcelona como na quarta feira. Não aceito perder com o Casa Pia como hoje.
Uma equipa de 150 milhões de euros tem obrigação de fazer mais. Muito mais. E temo que tenha hipotecado em Rio Maior a luta por um título que estava inteiramente à sua disposição. 
Houve desorganização, até mesmo desnorte. Houve pouca vontade, pouca concentração, pouco estofo. Em campo, e no banco. Uma atitude miserável. 
No campo, confesso que já não consigo olhar para Kokçu e Arthur Cabral (e só aqui estão, fora salários, mais de 50 milhões). Um não quer. Outro não sabe. Nenhum deles tem lugar no plantel, quanto mais no onze. António Silva estava, de facto, melhor no banco. Carreras esgotou-se na Champions. Di Maria desapareceu com a lesão. Enfim, gente a mais, em muito baixo nível.
Tirar da equipa jogadores que acabam de fazer hat-tricks também não me parece a melhor ideia. Barreiro entrou mal com o Barcelona. Pavlidis entrou mal hoje. Eis uma forma de matar o estado de espírito de um e de outro, desaproveitando todo o potencial de confiança que pudessem ter alcançado. Tal como, de resto, tirar a titularidade a Schjelderup - que estava em super forma, e agora... vamos ver. 
Mas o problema do Benfica está longe de se esgotar no treinador. Desde Rui Vitória, passando por Lage, Jesus e Schmidt, já não me apanham nessa. 
Há algo de estrutural que tem de ser revisto. O Benfica, ano após ano, gasta dinheiro demais e joga futebol de menos. Investe em artistas de qualidade duvidosa, por vezes imberbes, quase sempre de perfil aveludado, amontoa esses investimentos (sempre de olho na venda e na potencial mais-valia), e esquece-se de construir uma verdadeira equipa de atletas unidos - um exército que, com maior ou menor brilhantismo (isso é secundário), lute bravamente, em conjunto, todos os jogos, cada minuto e cada lance desses jogos, sempre com sentido de urgência, pela vitória. Não interessa dar espectáculo. No Benfica, a única coisa espectacular é ganhar. E as receitas conseguem-se com títulos e presenças europeias de qualidade. É preciso critério, e não propriamente tanto dinheiro (que quando o bolso não é o nossso, é fácil de gastar, e quando sem critério, vai directamente para o lixo). O Benfica tem tido, de longe, os plantéis mais caros do país, e raramente tem mostrado ser a melhor equipa. Gasta muito e mal. Mas não só. 
Qualquer treinadorzeco da miserável liga portuguesa, com jogadores de refugo, põe o Benfica em sentido, sem que alguém, em campo, no banco, na tribuna, ou nos gabinetes pareça preocupar-se em demasia. Isto é cultural, é estrutural, e vai-se repetindo à velocidade com que se queimam treinadores.
A estrutura do Benfica, dentro no campo, no banco, na tribuna e nos gabinetes, está acomodada. Está aburguesada. Há pessoas que andam lá há vinte anos, sem que se perceba se fazem alguma coisa de útil. Estão simplesmente lá. Não sentem pressão, nem exigência (e exigência não é agredir ou insultar, e deve ser exercida por quem está mandatado para tal). Não sofrem como os adeptos. Quantos alguma vez choraram após uma derrota? Perder? É mais um dia no escritório. 
Falta paixão, rigor, ódio à derrota, ou até espírito de trincheira. Há muito pavoneamento snob e perfumado tipicamente lisboeta, e pouco sangue, pouco suor e poucas lágrimas, ao contrário do que ditaria a raiz popular histórica e sociológica do clube, e daquilo que seria fundamental num projecto ganhador. Isto reflecte-se nas equipas, nos profissionais que nos representam em campo, e nem só no futebol. 
O Benfica tornou-se demasiado "corporate" e menos focado no jogo de domingo (neste caso, sábado) que deveria ser o foco absoluto de toda a sua estrutura e de toda a sua actividade, o único motivo da sua existência, o único desígnio de todos os que o servem ou nele trabalham. E tudo o que no Benfica não sirva, directa ou indirectamente, para ganhar títulos, não serve para nada, está a mais. Quem no Benfica não esteja neste momento revoltado, quem consiga dormir bem esta noite, não pode lá estar - nem sequer como empregado de limpeza. 
Rui Costa tem de dar um murro na mesa, fazer sangue se necessário, mas impôr-se, e, de uma vez, limpar a casa (não para a imprensa ver, mas para muitos, dentro do clube, sentirem que, ou dão mais, ou estão a mais). É porventura a sua última oportunidade. Caso contrário as circunstâncias e o desencanto dos adeptos tornar-se-ão um peso demasiado grande para aquilo que ele pode suportar.
A vontade de me entusiasmar com esta equipa é agora quase nula. Ou as coisas correm muito bem em Turim, ou toda a temporada pode estar, mais uma vez, comprometida. E se se pensar que é lançando mais 100 milhões para cima que se resolve o problema, dentro de pouco tempo, nem vitórias nem dinheiro. 

ONZE PARA RIO MAIOR

Otamendi, Aursnes e Di Maria em repouso para Turim. Onze com média de idades 23.

ORA BOLAS, JOÃO NEVES MAIS GONÇALO RAMOS!

Raios partam os golos dos dois jogadores formados no Benfica. Sem esses golos, que deram três pontos ao PSG, a vida do Benfica na Champions estava agora bem mais facilitada.
Se o PSG tivesse apenas oito pontos (os nove do City seriam irrelevantes), a partida entre Estugarda e PSG da última ronda ditaria, desde logo, mais uma equipa atrás do Benfica nas contas finais. Assim, um empate na cidade da Mercedes põe ambos com onze pontos, ambos apurados. Ora Benfica tem dez...
O ponto de situação é o seguinte:
Deixando de lado goleadas históricas - que no limite até podiam qualificar o Shakhtar (teria de golear em Dortmund e esperar por uma carambola de outros resultados), as hipóteses reais do Benfica são:

1) EMPATAR - pontuando em Turim, o que também significaria manter a diferença de golos, o Benfica estaria matematicamente apurado. Aí, com mais um ponto, já podia contar com a partida entre Estugarda e PSG, bem como com o City-Brugge (jogos que, com Shakhtar, formariam um trio que deixava o Benfica a salvo);

2) PERDER E ACONTECEREM DUAS DAS SEGUINTES CONDIÇÕES -  a) Sporting perder, b) City não ganhar, c) Zagreb não ganhar, d) PSG não empatar.
Digamos que uma delas é lógica (c)), uma bastante improvável (b)) e as outras duas teoricamente possíveis (a) e d)). 
João Neves e Gonçalo Ramos podiam assim ainda dar o que nesta jornada tiraram - embora, se houver empate, se apurem as duas equipas (Estugarda e PSG), o que significa que...
Sérgio Conceição também tem de ajudar, impedindo uma vitória do Dínamo Zagreb. Mas para simplificar tudo, o melhor é mesmo o Benfica pontuar em Turim.

QUE CRUELDADE!

Nunca como hoje fez tanto sentido usar o velho chavão do futebolês: "levantar a cabeça e pensar no próximo jogo".
Viveu-se na Luz, de facto, uma verdadeira noite de bruxas (si, las hay!). Agora é preciso reagir, e ir buscar às lágrimas a coragem e a força para enfrentar o que aí vem - e que ainda é quase tudo.
A consolação de termos assistido a um dos melhores jogos de Champions dos últimos anos é parca face ao desencanto sentido após o apito final do árbitro. Uma derrota como esta traz consigo um mar de desilusão. E com 4-2 a doze minutos do fim, seria difícil engolir até o empate, quanto mais a derrota. 
Num carrossel de emoções, acabou por triunfar a melhor equipa, face a um Benfica que realizou 75 minutos fantásticos. Os encarnados têm todas as razões para sair deste jogo de consciência limpa pelo seu desempenho, e até com o orgulho de terem sido capazes, durante grande fatia da partida, de encostar o poderoso Barcelona às cordas - conjunto que já nesta temporada deu 4-0 e 5-2 ao Real Madrid. O resultado foi um castigo demasiado duro, numa partida que poderia ter terminado 6-6 ou 7-7. Pelo inglório esforço, os jogadores bem mereceram os aplausos que ouviram no final.
Houve, de facto, muitos aspectos positivos a retirar do jogo. Desde logo a exibição colectiva, a forma como o Benfica soube ferir tantas vezes a equipa adversária (mérito a Lage), mas também o regresso aos golos - e logo três - de Pavlidis, as prestações de Carreras, Florentino e Schjelderup, bem como os sinais de que Akturkoglu poderá estar de volta à sua melhor forma. 
De negativo confesso que só tenho de apontar um momento, que acabou por decidir o resultado: a empatar com o Barcelona a 15 segundos do fim, e com um livre a favor, jamais se poderia sofrer um golo em contra-ataque. Aliás, se o resultado fosse 0-0 e não 4-4, estou certo de que aquela bola já não saia do meio-campo catalão. As circunstâncias conduziram a equipa a um entusiasmo que se revelou fatal. Até porque, nas contas do apuramento, um pontinho faria, neste momento, toda a diferença.
Globalmente não podemos deixar de atribuir mérito à recuperação do Barcelona, que é aquilo o que a imprensa internacional irá destacar. Foi um grande jogo, protagonizado por duas grandes equipas, em que a sorte acabou por bafejar a mais forte delas. Pena que a terceira equipa talvez não tenha estado à altura da ocasião.
Não tendo ainda visto os lances na televisão, não poderei falar demasiado do árbitro. Mas quando percebi que havia possibilidade de reverter um golo num penálti (virando um 4-5 para um presumível 5-4), no último lance de um jogo, contra o...Barcelona, rapidamente me ocorreu que, fosse como fosse a falta, tal não iria acontecer. A UEFA é a UEFA, e já estamos habituados. E devo dizer também que nomear um árbitro holandês, quando a Holanda disputa lugar no ranking com Portugal (sem falar de Cruyff, Neeskens, Koeman, Van Gaal, De Jong etc), revela, ou má fé, ou incompetência.
Agora há que resgatar o ponto perdido em Turim. Mas antes, e bem mais importante, há que vencer o Casa Pia, e seguir com a luta pelo título nacional - maior objectivo de qualquer temporada benfiquista. 

ONZE PARA A CHAMPIONS


 

SHOW DE BOLA

Se era necessário demonstrar que a "crise" tinha ficado definitivamente para trás, a goleada aplicada ao Famalicão (que vencera o Benfica na primeira jornada) deixou isso bem claro. O herói foi Leandro Barreiro - jogador que se tem afirmado a pulso na equipa, não é de encantar as bancadas, mas revela uma utilidade crescente, sendo hoje uma espécie de Aursnes, com menos perfume mas, pelos vistos, mais golo.
Se o luxemburguês foi o homem da noite, a verdade é que toda a equipa esteve bem, impondo desde cedo um ritmo que a pôs a coberto de qualquer contrariedade - como por exemplo uma arbitragem tendenciosa, que irritou o estádio e só não inclinou mais o campo porque não conseguiu.
A quem apontar a ausência de Di Maria como razão para o brilhantismo, recordo que nos melhores jogos da temporada (creio ser consensual terem sido contra Atlético e Porto), o argentino não só estava, como foi o melhor em campo.
Aliás, se as observações valem o que valem, também é altura de dizer que, as derrotas contra Braga e Sporting, vistas a frio, foram de alguma forma injustas - pois em qualquer das duas partidas, mesmo sem jogar bem, o Benfica merecia, pelo menos, o empate.
Ou seja, a "crise", ou lá o que foi que aconteceu, terá sido episódica, exponenciada pela doentia voragem dos tempos que vivemos, mas longe de determinar fosse o que fosse - como a Taça da Liga, a segunda parte de Faro, e todo o jogo desta noite vieram demonstrar. E se alguns jogadores desceram de forma, outros apareceram em grande. Para o Barcelona fica desde já uma nota: serão Barreiro, Schjelderup e mais nove.
Palavra final para Pavlidis. Em crise de confiança quase penosa, continuo a acreditar no potencial do grego. Também precisa de alguma sorte para fazer sair o ketchup. Não é um Van Basten, mas é o mais completo avançado do plantel, e sobretudo tem capacidade para muito mais do que aquilo que tem mostrado. 

ONZE PARA O FAMALICÃO

NÃO FOSSE TRÁGICO E ERA RIDÍCULO

Deixo aqui dois artigos tirados de "A Bola", sobre aquilo que a oscilação de rendimento dos candidatos ao título tem tornado recorrente e já quase caricatural. Sempre que alguém perde, temos tochas, insultos, agressões,  produzidas por grupos minoritários com capacidade para ser ruidosos, e as televisões a aproveitar o folclore (afinal de contas, dois homens e uma tocha colorida enchem um ecrã).
Porém, isto não me dá grande vontade de rir. É que não acontece apenas no futebol, antes sendo um reflexo da sociedade em que vivemos, das redes sociais, das manifestações e contramanifestações, dos discursos de ódio normalizados, de todas as intolerâncias, cujo caminho parece cada vez mais conduzir ao abismo. Hoje, se uma pequena minoria de estúpidos consegue fazer ruído, é premiada pelas circunstâncias e bem sabemos que a iliteracia generalizada vai atrás de qualquer demagogo. Isso é perigoso, muito perigoso.

"As gentes e os agentes do futebol português são reflexos da sociedade deste país: altamente suscetíveis, intolerantes e com opinião e decisões baseadas em critérios casuísticos e liminares.
As lideranças nos clubes – de presidentes a treinadores - estão sob fortíssimo escrutínio, sob mira de contestação e em causa à primeira série de maus resultados. É um estado transversal, não se resume à massa adepta (não a maioria) permanentemente irada contra presidente, treinador e jogadores.
Começa no primeiro, o presidente, exposto a intensa pressão do exterior (e amiúde do interior) do clube, que, muitas vezes, por fragilidade e inoperância, decide pelo mais fácil, a dispensa do técnico, que neste estado de permanente instabilidade não tem condições para exprimir competências.
Treinadores que trabalham sob pressão inaceitável de adeptos e dirigentes, forças de bloqueio que não ponderam nas críticas a limitação dos plantéis, em qualidade, nalguns casos sem responsabilidade direta do treinador em funções, herdada de antecessores; noutros casos, condicionados por lesões (em número e/ou de jogadores fundamentais); ou tão-só pela competitividade: porque as outras equipas também jogam e não se pode ganhar sempre. (…)
Mas não é um problema (só) do futebol, insista-se, é da sociedade em geral"
RICARDO JORGE COSTA
 
"Começa a ser recorrente, tanto que quase se normalizou: basta um dos chamados clubes grandes perder um jogo e depois da primeira manifestação de desagrado no estádio seguem-se outras. E se no estádio o assobio e o apupo até serão normais – o que não acho normal é muitas vezes a embaraçosa forma como os jogadores, treinadores e staff se desdobram em justificações fora de lugar e a quem não as merece pela forma como se comporta nas bancadas –, não consigo compreender a condescendência que há para arruaceiros da palavra, do gesto e da violência gratuita que vão depois esperar a equipa na chegada ao estádio ou ao aeroporto, quando a viagem é de avião.
Aquilo que acontecia amiúde quando as crises se alongavam nos maus resultados sistemáticos, acontece agora com a regularidade de qualquer derrota ou empate. Já o vimos em Alvalade, já o vimos na Luz, vimo-lo mais recentemente e mais insistentemente no Dragão.
Sim, o FC Porto perdeu com o Nacional e com isso perdeu a oportunidade de ultrapassar o Sporting e de se isolar no comando da Liga no final da 1.ª volta – com toda a simbologia que tem dobrar o cabo do campeonato com esse estatuto. Não, o FC Porto não viu com essa derrota na Madeira hipotecar o título ou ficar em zona periclitante na tabela. Porém, à chegada ao aeroporto e ao Dragão lá estavam os do costume, de lábia afiada e mão leve para atirar tochas e rebentar petardos.
Polícia chamada, a um e a outro local, e a ver aqueles gatos pingados enraivecidos a insultar tudo e todos, a espumar da boca como não espumam por coisas bem mais importantes e a explodir a cólera em mais um petardo ou a acendê-la noutra tocha atirada ao autocarro.
As televisões correm para mais um espetáculo de luz e cor, com banda sonora de rebentamentos e insultos. A polícia afasta-os, a caravana passa e para a próxima há mais. É só haver mais uma derrota e a festa está garantida."
NUNO RAPOSO

CINCO MINUTOS BASTARAM

Não estava fácil a partida para o Benfica. 
Perante um adversário fechadíssimo - que, a agravar, teve a felicidade de marcar logo à primeira oportunidade -, e com o desgaste natural de uma final jogada (e festejada) não muitas horas antes, a equipa encarnada sentiu grandes dificuldades para encontrar o caminho da área. Assim foi decorrendo quase toda a primeira parte. Ao intervalo, confesso que temia o pior.
O início da segunda metade não foi muito diferente. A primeira grande ocasião até foi do Farense. Só que, a dada altura, lá apareceram as individualidades (curiosamente, já sem Di Maria em campo). Schjelderup com um magnífico golo alcançou o empate, e no minuto seguinte um passe magistral de Carreras encontrou Arthur Cabral em boa posição para finalizar. Pouco tempo depois Bah fechou o resultado, e fechou a porta a qualquer ambição do conjunto algarvio.
A partir de então o jogo não teve mais história. O Benfica passou com merecimento aos Quartos-de-Final, e agora irá encontrar, presumivelmente, o Braga - jogo que, também presumivelmente, valerá a presença no Jamor.
A nota de preocupação é para Di Maria. Neste jogo acabou por não se sentir a sua falta. Nos próximos será extremamente importante que esteja presente. Schjelderup está a afirmar-se, mas ainda longe de garantir aquilo que o craque argentino garante. Akturkoglu atravessa uma acentuada quebra de rendimento. E não há muitos mais extremos no plantel.
Enfim, uma coisa de cada vez. Com três vitórias consecutivas (e um título) em três partidas difíceis, a crise já lá vai. Agora, venha de lá o Famalicão.

ONZE PARA FARO

Dado que o principal problema desta deslocação será, a meu ver, o desgaste acumulado, e o pouco tempo de descanso, há que fazer alterações e correr alguns riscos. Se isto não funcionar, haverá sempre um banco de suplentes recheado com Trubin, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Di Maria, Pavlidis e Akturkoglu. 

SLB - DESEMPATES POR PENÁLTIS

Eis a lista de todos os desempates por panáltis na história do Benfica:
Ao contrário do que o senso comum ditaria, o histórico de desempates por penáltis em todas as competições é pois favorável ao Benfica (12 vitórias, 9 derrotas). Talvez a importância das derrotas (desde logo duas finais europeias) tenha criado uma ilusão que não corresponde aos números.
Há porém uma vitória que... não deveria ter acontecido. Se o Benfica tivesse perdido o desempate com o Paok em 1999, tinha evitado a humilhação de Vigo, semanas depois. Ironias do destino.
É curioso olhar também para o histórico dos guarda-redes envolvidos neste tipo de desempate:
Quem diria que Quim, que nem sequer era muito alto, tinha 100% de sucesso (tal como Helton Leite, embora este com menos um jogo)?  E é preciso notar que numa das derrotas do Benfica, na Taça da Liga de 2013, Quim estava do outro lado, vencendo esse desempate. Um especialista que passou despercebido nos livros de história...
Trubin, por seu lado, com duas derrotas na temporada passada, ainda tem saldo negativo.

BENFICA NA TAÇA