NÃO À CENTRALIZAÇÃO

Mais vale tarde que nunca. O Benfica deu agora o murro na mesa, dizendo aquilo que há muito parece óbvio: a centralização de direitos televisivos não lhe interessa, nem interessa ao futebol português.
Era conveniente, aliás, que André Villas-Boas e Frederico Varandas se associassem a esta posição. Também Sporting e FC Porto nada têm a ganhar com uma centralização de aviário, decidida num delírio de um qualquer governante mal informado.
Tout court, esta "centralização" mais não é do que roubar dinheiro dos bolsos dos adeptos dos três grandes (95% das pessoas que, directa ou indirectamente, pagam o futebol), para o entregar a investidores de SAD fantasma, que não se sabe bem de onde vêm, mas sabe-se bem demais ao que vêm. É criar um equilíbrio fictício, feito a martelo.
A Liga portuguesa é uma mentira bem contada. Tem um clube gigante, dois grandes, dois médios e três ou quatro pequenos. O resto são entidades sem adeptos, sem história, por vezes mesmo sem instalações, com assistências de mil ou duas mil pessoas, que servem para alguns indivíduos ganharem dinheiro com as visitas do Benfica e com as transferências de jogadores - que a maioria das vezes nem sequer são portugueses.
É claro que isto dá emprego a treinadores de refugo, árbitros miseráveis, delegados oportunistas, e enche a grelha da Sport Tv ao fim-de-semana. Mas não interessa nada aos adeptos, e muito menos aos clubes, os verdadeiros, aqueles que têm massa crítica e que trazem pontos, prestígio e receitas para o país.
Com uma redução drástica do número de clubes na Liga (já há anos que defendo um modelo competitivo de oito equipas a quatro voltas, mais de acordo com a dimensão do país e com a verdade do futebol português), então sim, haveria condições para valorizar a competição, agregar patrocinadores, tornar os jogos mais apelativos, multiplicar  "dérbis" e "clássicos", equilibrar as forças e, porventura, centralizar direitos. Tal como as coisas estão, nem pensar. 
Se o poder político quiser preocupar-se a sério com os desequilíbrios do futebol português, que olhe para o que tem acontecido a emblemas históricos como Belenenses, Vitória de Setúbal, Académica e, mais recentemente, Boavista, que olhe para o mapa de Portugal e repare na distribuição das equipas (a sul de Lisboa não há nenhuma, tal como não há em todo o interior do país), e, aí sim, encontrará matéria para justificada e justificável intervenção.
PS: Sobre a pirataria televisiva, as estações que não cartelizem o produto (como aconteceu, vergonhosamente, com a Liga dos Campeões), façam preços ajustados ao país, e depois falem. Até porque, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

9 comentários:

Anónimo disse...

Concordo mas esta decisão parece me mais uma manobra para a campanha eleitoral que se avizinha, tanto tempo adormecido e parece que acordou agora

disse...

Concordo plenamente. Qualquer outra posição por parte do Benfica não faz sentido.

Anónimo disse...

Eleitoralismo! Como a maioria dos benfiquistas é contra, finalmente o homem põe cá fora isto.

Lin disse...

Não tem mal o eleitoralismo, um vez que é uma boa medida para o Benfica e, muito provavelmente, para o futebol português.

Anónimo disse...

A redução de clubes profissionais, ou seja na Liga, é a posição do Manteigas, que condiciona a centralização a essa reorganização. Oito clubes assim de entrada gerava muita resistência. Politicamente não passa.

Acresce que 8 clubes a 4 voltas dá apenas 28 jogos. Ora a receita aumenta com mais jogos na competição principal (campeonato), e não com menos. A lógica tem de ser manter ou aumentar os jogos do campeonato à custa das competições secundárias (taça, taça da liga e até supertaça). E à custa das datas FIFA, mas isso já é um esforço a nível dos grandes clubes europeus.

Numa primeira fase têm de ser mais equipas e depois ir cortando. Dez era o óptimo, mas acho que 14 já é um bom objectivo inicial, com compromisso de votar uma redução para 12. Na 1ª e 2ª liga não pode haver mais de 32 equipas profissionais.

Anónimo disse...

Se não tivesse feito nada diziam que Rui Costa estava a dormir, a não defender os interesses do clube. Como o fez, é medida eleitoralista. Sem ver mais nada.
Eu costumo dizer que os humanos, Homo Sapiens, são os animals mais estúpidos da criação.
E neles me inclúo!

LF disse...

Do Manteigas, do Noronha e acabará por ser também a do Rui Costa. É preciso é que Sporting e Porto apoiem. Acho que também é do interesse deles.
Claro que uma redução não pode ser votada no âmbito da autorregulação da Liga. Os perus não votam a favor do natal. Teria de ser o governo a decidir algo parecido, convencido pelos 5 principais clubes.
Não concordo que devam ser as outras competições a ser prejudicadas. Acho que o campeonato, ele mesmo, é que tem jogos a mais. Se bem que a Taça da Liga pudesse reduzir-se à final four com os 4 primeiros do ano anterior. E a Taça de Portugal pudesse dispensar a segunda mão da meia-final.
A verdade é que as competições europeias têm crescido (as mundiais, também...), pelo que falta de jogos não haveria. Haveria sim, menos banalização de jogos, mais jogos interessantes, e mais frescura das equipas para enfrentar as provas internacionais.
É preciso coragem, mas acho que o caminho devia ser esse.
Se reduzirem para 14 já é um bom princípio. Mas aí, a duas voltas dava 26 jogos, o que era menos.
Na segunda divisão não ponho limites. Aí sim, os clubes precisam de fazer muitos jogos, pois não há provas europeias nem selecções. Nem dinheiro....

CHARLIE WARD disse...

De acordo com quase tudo.
Temos um candidato, o sr. Lopes, especialista em demagogia barata que, sobre a declaração da direção do Benfica e a retirada do representante, diz que é tardia.
Não acha devia ter sido feita? Será que conhece o ditado, “vale mais tarde do que nunca”? Provavelmente não!
O Benfica está dentro da negociação há muitos anos, antes de Rui Costa.

Também é contra a investigação aos árbitros? Está contente com as arbitragens nos últimos anos?
Consegue explicar-nos a razão pela qual Gyokeres marcou 40 golos de penalty nos últimos dois anos quando metade não o foram.
E sobre os off-sides e as linhas tortas do VAR, não tem opinião?
Nunca lhe ouvi uma única palavra sobre o assunto. Porquê?
Prefere fazer como os comentadores dos media pagos para espalhar mentiras, criticar o clube e insinuar sobre quem não teve culpas no cartório?

Joe Nash disse...

É preso por ter cão e por não ter não é? O problema é o Rui Costa ter escolhido afastar se da centralização logo agora quando há pelo menos dois anos que já sabemos que era um negócio ruinoso para o Benfica , porquê só agora decidiu afastar se? Não é preciso ser muito inteligente para perceber porquê! .... realmente a estupidez humana não tem limites,pobres homo sapiens