I N O L V I D Á V E L !

Vão faltar-me palavras para comentar o que se passou esta noite na Luz.
Quem viu, não esquecerá. Quem não viu deve lamentar-se, pois tratou-se, porventura, do melhor jogo do Benfica nos últimos anos.
É claro que há sempre quem procure desvalorizar as vitórias do clube. Naturalmente os rivais, mas, ultimamente, também alguns que se autointitulam benfiquistas. Neste caso concreto, vão ter muita dificuldade em fazê-lo.
O Atlético de Madrid, que veio na máxima força (enfim, faltou apenas o lesionado Le Normand), é das equipas que melhor defende no mundo. Gastou cerca de duzentos milhões de euros em reforços, e é candidato a tudo. Já com oito jornadas do seu campeonato, ainda não tinha perdido qualquer jogo na temporada. De resto, sofreu na Luz quase tantos golos como havia sofrido nos restantes nove jogos que disputou - nos quais só por uma vez não tinha marcado. Acabou a partida de rastos, suplicando pelo apito final do árbitro, esmagado pela força impiedosa do adversário.
Vamos ao Benfica, e desde logo a Bruno Lage. Ao contrário do que parecia acontecer com Roger Schmidt (e também a ele voltarei mais adiante), com o setubalense a equipa adapta-se estrategicamente ao adversário. Esperava-se um Benfica no mesmo 4-3-3 que se havia cimentado nas últimas partidas, mas, quase sem mexidas no onze, viu-se uma maleabilidade táctica notável: quer com um 4-4-2 em que Di Maria surgia solto como segundo avançado, e Aursnes (este homem vale ouro) e Akturkoglu como alas a reforçarem os flancos, quer com um 4-1-4-1, com Florentino atrás de um quarteto que, tanto povoava o meio-campo em processo defensivo, como se expandia assim que a equipa recuperava a bola. Além dessa dimensão táctica, percebe-se que os jogadores estão com o seu treinador, sentem-se confortáveis com o que têm de fazer em campo, e por tudo isso respiram confiança.
O efeito foi uma exibição esplendorosa, perante a qual o resultado final acabou por ser simpático para os madrilenos. O Benfica criou cerca de uma dezena de oportunidades de golo, enviou duas bolas aos ferros, obrigou Oblak a duas ou três intervenções de grande categoria e o central Gimenez a alguns cortes providenciais dentro da área – sendo estes os dois melhores elementos entre os “colchoneros”.
Do lado dos encarnados, individualmente destacaria Carreras, que fez o seu melhor jogo com a camisola do Benfica. Também Florentino, Aursnes e Kokçu estiveram em nível elevadíssimo, num colectivo que brilhou pelo todo e como um todo.
À saída do estádio muita gente falava de Roger Schmidt e do contraste (óbvio, inegável) desta equipa com a que iniciou a época. Ora como eu não tenho memória curta, e as coisas são o que são, terei de dizer que a exibição europeia do Benfica que, nos últimos anos, me recordo de mais se ter parecido com esta, ocorreu numa partida com a Juventus, quando no banco estava…Roger Schmidt. Também esse foi um jogo maravilhoso. É justo dizê-lo neste momento, até para provar que o mundo não é a preto e branco.
Com uma eventual vitória sobre o Feyenoord no dia 23 (e agora há que evitar qualquer tipo de triunfalismo), o Benfica colocar-se-á numa posição bastante favorável face ao apuramento. Não nos oito primeiros – isso parece-me utópico -, mas nos 24 que seguirão para o playoff.
Quanto ao campeonato, creio que ainda haverá tempo. E a jogar assim, o Sporting que se cuide e que se assuste- tem fortes razões para isso.
Enfim, são noites como esta que me fazem gostar de futebol, e até ter pena daqueles que não sabem o quão saboroso é desfrutar destes momentos.
Uma última palavra aos jogadores, ao treinador e ao presidente do Benfica: Obrigado!

3 comentários:

pimenta64 disse...

Parabéns ao Benfica, aos seus jogadores e treinador!
Ontem fizeram uma exibição, como há muito não se via, plena de garra, capacidade de luta, discernimento, aproveitando toda a largura e comprimento do campo, aproveitando lances de bola parada (vê-se que agora há treinos e Treinador), para passar-a-ferro o Atlético de Madrid!
Nada mais me interessa senão a alegria que me proporcionaram!

Viva o Benfica!

Alberto João disse...

Então agora já não estamos num campeonato miserável e periférico, sem meios para o Benfica poder competir na Europa? Afinal é possível ser ambicioso? Afinal é possível ganhar aos melhores apesar da diferença de orçamento? Afinal vale a pena ter atitude e acreditar que com trabalho e coragem é possível? Afinal discursos miserabilistas não devem passar? Vê lá se te decides ou estás aqui apenas para desmobilizar aqueles que acreditam que é possível ser melhor e ser Benfica?

Anónimo disse...

Inolvidável de facto! Por onde andava este Benfica?
Parabéns também para o espetáculo de fumos e pirotecnia, perante a passividade de todos. Agora é só esperar pelas consequências, os sócios e acionistas continuarão a sofrer as consequências e a assobiar para o lado. Viva o Benfica!