MAIS PORTUGAL

Com uma exibição mais atraente,  e também alguma sorte (sobretudo, fruto dos erroa alheios) a selecção nacional venceu a Turquia e carimbou o passaporte para os oitavos.
Viu-se mais do que na partida anterior, embora o adversário também fosse diferente e muito maia exposto do que o autocarro checo.
Agora, frente à Geórgia, há que dar.minutos aos menos utilizados e preparar a fase seguinte - na qual, para Portugal, o Europeu vai realmente começar. 

LINHAS VERMELHAS

Antecipando desde já a discussão em torno dos estatutos (por agora, apenas foi aprovada a metodologia), deixo aqui os pontos que me parecem de acautelar numa eventual revisão:
-Naturalmente as cores, os símbolos e todas essas coisas que penso serem unânimes;
-A maioria do capital da SAD manter-se na posse do clube;
-Manter-se a segmentação quanto ao número de votos, sendo que a antiguidade é um garante de benfiquismo a que todos podem almejar;
Podem acabar com os votos das Casas do Benfica, e quanto à limitação de mandatos não tenho opinião fechada (se um presidente se revelar fantástico, tirá-lo só porque sim, não me parece adequado, embora perceba que a limitação pode evitar alguns vícios).

VOLTANDO AO BENFICA

"As estimativas, mais a olho, mais a intuição ou mais a partir de sondagens e inquéritos, dizem-nos que existem espalhados pelo Mundo seis milhões de benfiquistas.
Os números estimados nas duas assembleias gerais que decorreram na Luz — primeiro no pavilhão, depois no estádio, com ida intermédia ao pavilhão para se votar o orçamento — dizem-nos que estes eventos mobilizaram entre quatro e cinco mil sócios durante longuíssimas horas" ALEXANDRE PEREIRA em "A BOLA"

Eu acrescentaria, predominantemente lisboetas (ou de perto), predominantemente jovens (digamos, sub 40), e predominantemente oposicionistas (quase todos os que falaram).
É dos livros que quem está contra se mobiliza mais facilmente, seja para o que for. Quem é jovem também tem, em princípio, mais tempo e energia. Quem é de Lisboa...é de Lisboa. E depois há as redes sociais, que é onde toda essa malta vive se encontra. Sem falar das claques ou afins, que gritam muito alto que o Benfica é deles.
Parece fácil de ver que há uma certa clivagem. 
De um lado, quem apoia o Benfica Rui Costa, quem pretende serenidade em torno do clube e das suas equipas, quem acha que os mandatos são avaliados no fim, quem olha para os números na globalidade e não para o instante, quem percebe que o presidente não pode mudar tudo de uma vez, tendo de se suportar em quem já lá estava para aspectos que não domina, quem reconhece a obra feita e os títulos alcançados no período de Luís Filipe Vieira (independentemente do triste fim que teve), quem, em suma, já viveu o suficiente para perceber que estas ondas são mesmo assim e não podemos mergulhar em todas elas. 
Do outro lado, quem não sofreu com o "Vietname", quem mitifica tudo o que ficou para trás de Vieira (não sabendo relativizar ou contextualizar períodos), quem confunde futebol moderno com Benfica moderno (achando que este pode, de alguma forma, por magia, sair daquele), quem acha que despindo na praça pública todos os problemas internos (por mais complexos que sejam) o clube sairá reforçado (como se não houvesse rivais, como se não houvesse comunicação social), quem parece por vezes mais interessado em derrubar uma direcção do que em ver a sua equipa ganhar.
Não tenho dúvidas nenhumas onde se situa a maioria do universo benfiquista espalhado pelo país e pelo mundo. Também não tenho dúvidas que há boa vontade e benfiquismo nos dois lados da barricada. 
Os mais antigos não têm talvez tanta informação digerível, mas têm mais sabedoria e prudência. Os mais novos e impacientes, estão porventura mais informados, mas têm menos equilíbrio, sensatez, pragmatismo, tolerância e sentido analítico, desconhecendo que a busca pela perfeição é quase sempre inútil.  Depois, para além destes, há também os que queriam tachos e não os tiveram ou perderam-nos e ficaram ressabiados, os que queriam poder e não o têm, os que queriam sentar-se à mesa das decisões, mas não se sentam, e também alguns que só querem protagonismo pessoal.
É no meio de tudo isto que está o Benfica. 
Resta esperar que no dia 10 de Agosto haja alguma paz, para que não sejam os próprios sócios (ou alguns deles, pois a mim não me pesa a consciência) a impedir a equipa de trabalhar com serenidade e começar bem o campeonato.

HOJE SOUBE-ME A POUCO

Se Roberto Martinez tiver a sorte de Fernando Santos, seremos campeões da Europa. Nós, a França, a Alemanha, a Albânia ou a Eslováquia. Qualquer equipa, com os deuses da fortuna tão bem alinhados como em 2016, pode ganhar qualquer prova, a qualquer momento, em qualquer lugar.
Meter em campo dois jogadores aos noventa minutos, um deles fazer o golo da vitória com assistência do outro, cheira a Fernando Santos. E se assim for, vamos no bom caminho.
Mas a sorte não dura sempre, nem bafeja todos em igual medida. E a exibição de Portugal diante da República Checa (não vejo motivo para deixar de a chamar assim) foi pobre e parca de ideias.
A espaços, parecia uma partida de Andebol, mas sem limite para jogo passivo. A equipa portuguesa trocava a bola, e não conseguia entrar no ferrolho checo. O único que por vezes o fazia, Rafael Leão, acabou substituído (enfim, tinha cartão amarelo...).
Confesso que também não entendi a missão atribuída a João Cancelo, nem porque motivo foi adaptado Nuno Mendes a central (ou algo parecido com isso), com António Silva e Gonçalo Inácio no banco. Sobre Pepe e Ronaldo não vou dizer mais nada.
Enfim, Portugal ganhou e isso é o que mais interessa. E em condições normais tem ainda dois jogos para afinar a estratégia. Depois, espero que jogue bem melhor, pois tem plantel para isso. Desde 2016  desperdiçámos demasiadas competições com uma geração brilhante de jogadores. Espero que esta não seja mais uma.

EU E O EUROPEU

É inegável que o futebol de selecções já viveu melhores dias. Não falo de um ponto de vista comercial (Ronaldo e a selecção portuguesa, por exemplo, são poderosas máquinas de facturar). Falo do ponto de vista desportivo, que entronca com a globalização, a Lei-Bosman, e a consequente acumulação de talento em multinacionais de ponta e de orçamento quase ilimitado - que fizeram da milionária Champions League o palco que a estrelas escolhem para brilhar.
A forma como se vive o futebol é hoje muito diferente. Ainda me lembro de tempos em que a generalidade dos jogadores actuava nos seus países, os principais clubes eram espelho das respectivas selecções, e era nos Europeus e nos Mundias que se viam os melhor es jogos, que apareciam as inovações tácticas, e se revelavam os novos talentos. Diria mesmo que era quando se viam jogos, tout court, pois a televisão portuguesa não transmitia o campeonato nacional, mas tão somente finais europeias, finais de taça e uma ou outra partida da selecção, fazendo dos Europeus e Mundiais a verdadeira festa do futebol televisivo. Se durante toda uma temporada se viam cinco ou seis jogos na TV, durante o mês do Mundial ou do Europeu viam-se dezenas. Isso, por si só, tinha um efeito mágico.
As provas de selecções das décadas de oitenta, e princípio de noventa, pré-Lei Bosman, pré-televisões privadas em Portugal, apanhando a minha infância e adolescência, foram verdadeiros sonhos de Verão, mesmo sem que a “Equipa das Quinas” participasse na maioria delas. Era um regalo, durante um mês, ter futebol diariamente, colecionar os cromos, ler e reler os guias (não havia Internet, e os dados apenas estavam disponíveis nessas autênticas bíblias), e viver momentos que só quem os partilhou poderá entender.
Não consigo estabelecer com exactidão a fronteira entre aquilo que é do âmbito meramente pessoal (próprio da infância, adolescência e juventude mais precoce), e o que tem a ver com um tempo e um mundo em que a imaginação era muito mais estimulada, sem as doses massivas de futebol e informação futebolística que existem hoje. O que é facto é que, pelo menos para mim, os Europeus e Mundiais foram progressivamente perdendo o seu fascínio. Houve daí para cá fases intermédias, já na idade adulta, em que quase me obrigava a ver os jogos numa espécie de respeito pelo meu próprio passado (o Euro 2004 tem de ser colocado numa prateleira à parte, e fez-me, por exemplo, andar de estádio em estádio a longo de uma semana de férias), até aos dias de hoje em que nem sequer me apetecia que o Europeu tivesse começado.
O ponto mais baixo terá sido o Mundial 2022, que nem devia ter ocorrido naquele local e naquela altura. Mesmo assim, ao fim de uns dias, acabei por entrar na onda e vibrar com alguns jogos.
E eis que aqui chegámos. Ao Euro 2024, cujo principal aliciante é ver a equipa portuguesa com o melhor plantel de que me recordo, e ser claramente - talvez pela primeira vez na história - uma das mais fortes candidatas ao título.
As próximas semanas dirão o que vai ser este Europeu, e o que ele significará para mim e para os portugueses. Será, com certeza, algo muito diferente do passado mais remoto. Mas poderá ser uma história bonita de se seguir.

A MINHA SELECÇÃO

 

O ESTADO EM QUE ESTÁ O BENFICA...

SLB últimos 15 anos:
7 Campeonatos
2 Taças de Portugal
6 Taças da Liga
5 Supertaças
2 finais europeias
1 meias finais europeias
7 quartos de final europeus
161 títulos nas principais modalidades
148 títulos nas principais modalidades femininas
18 títulos no futebol formação
47 títulos nas modalidades formação

SLB 15 anos anteriores:
1 Campeonato
2 Taças de Portugal
1 Taça da Liga
1 Supertaça
0 Finais Europeias
0 meias finais europeias
4 quartos de final europeus
50 títulos nas principais modalidades
15 títulos nas principais modalidades femininas
7 títulos no futebol formação
15 títulos nas modalidades formação

SEJA BEM APARECIDO

A notas positivas da AG foram a aprovação dos documentos em causa e a presença de João Noronha Lopes.
Ao contrário do que alguns possam pensar, o que me move não são os dirigentes do Benfica (quando me fizeram benfiquista, nem sabia quem era o presidente), mas sim a estabilidade do clube que amo e pelo qual tantas vezes já chorei de tristeza e de alegria.
Não devo nada a Rui Costa. Nem a nenhum dirigente do Benfica. De uns gosto mais, de outros menos. Mas acho absolutamente fantasmagórica a campanha que alguns sectores, julgando-se uma vanguarda iluminada, têm feito contra ele, confundindo uma série de coisas, misturando outras, sempre com uma gritaria insuportável e inconsequente, a fazer lembrar outros clubes e outras situações - do desporto e não só. 
O Benfica está bem, e se tivesse contratado Gyokeres em vez de Arthur Cabral era campeão e não havia contestação nenhuma. 
Não sendo campeão de futebol, mesmo estando financeiramente sólido, mesmo tendo as melhores estruturas e infraestruturas do país, mesmo sendo ganhador nas modalidades, no desporto feminino e de formação, mesmo tendo estado por três anos seguidos nos quartos de final das provas europeias, a arruaça faz-se sentir, muito fruto do efeito das redes sociais - sobretudo em gerações onde há muito mais informação, mas não mais inteligência para a filtrar e evitar que se torne apenas ruído. 
Neste sentido, acho positivo que, pelo menos, apareça alguém capaz de polarizar e personificar esse descontentamento. 
Noronha Lopes é da minha terra. Nunca falei com ele, mas temos amigos em comum. Sei que se trata de uma pessoa honesta e de um fervoroso benfiquista. O mesmo que penso de Rui Costa. A diferença é que que um está no futebol desde os 9 anos de idade, e o outro nunca esteve. Mas, acima de tudo, um apresentou-se às últimas eleições e o outro não.
Aparecer novamente não deixa de ser motivo da minha saudação e de alguma tranquilidade. Se uns quantos querem destruir tudo, pelo menos haverá alguém para apanhar os cacos - coisa que não era evidente há 48 horas atrás.
Há outro aspecto que queria salientar: este modelo de AG devia ser repensado. Não agora, que a arruaça não permite. Mas serenamente, num futuro próximo.
Estas AG não oferecem nada a não ser  barulho e protagonismos pessoais. São manipuláveis por pequenos grupelhos organizados e com grande capacidade de mobilização na grande Lisboa, e prestam-se mais à avidez mediática do que ao esclarecimento e debate sereno.
Se me perguntarem como resolver isto sem perder o cariz democrático do clube, pois não sei. Sei é que os quase 300 mil sócios espalhados pelo país e pelo mundo não são, nem podem ser, representados por 70 ou 80 que, juntos e com voz grossa, se filmam a gritar "demissão" para um presidente a meio do seu mandato, que foi eleito de forma legítima com uma maioria expressiva, tem títulos conquistados, e não é suspeito de nenhum crime.
A parte boa é que uma nova época vai começar, e se, como espero, o Benfica entrar a ganhar, a barulheira passa, e todos estaremos no estádio a gritar, sim, mas golos. 

AO QUE ISTO CHEGOU...




Que a esrupidez não tem clube, todos sabemos. Mas com o mal dos outros podemos bem. Na nossa casa custa a aceitar que exista gente assim.

Enfim. Sinal dos tempos. 

Cosme Damião deve estar a dar voltas no túmulo. 

PRESO POR TER CÃO, PRESO POR NÃO TER

Revelada a auditoria aos negócios do Benfica podemos ter uma de duas posições: saudar a transparência de colocar tudo aos olhos dos sócios (e não só) mesmo sabendo que há (como em todos os clubes) negócios difíceis de explicar, ou achar que este striptease era evitável.
Tendo a optar pela segunda hipótese. O que não se pode é querer que fosse tudo publicado e ao mesmo tempo condenar quem decidiu publicá-lo.

NÃO SEI

Vejo e leio tantas opiniões definitivas sobre a demissão de Luís Mendes, que quase não resta nada para acrescentar. Até porque...não sei.
O meu sentido de responsabilidade enquanto benfiquista impede-me de dar aqui palpites, ou de fazer julgamentos precipitados sobre factos que não conheço com exactidão. Nesta e noutras situações.
Até prova em contrário, apoio sempre todos os que representam o clube aos mais diversos níveis (no campo, no banco, nos gabinetes). Se isso é confundido com outra coisa, o problema será de quem confunde. Eu vou continuar a apoiar os meus, os do Benfica, chamem-se eles como se chamarem.
Há porém algo que não posso deixar de referir. O timing para esta demissão é estranho. Pode ser coincidência, pode não ser. Mas era dispensável abrir uma crise desta natureza, com todo o folclore mediático que ela fatalmente traz, em vésperas de uma importante Assembleia Geral.
Não conheço Luís Mendes. Recordo-me apenas de uma entrevista, que não foi, digamos, espectacular. Se queria cortar custos de funcionamento, provavelmente até tem razão. Não creio que seja só essa a razão da demissão e do alegado conflito com outros membros dos órgãos sociais, nem provavelmente a principal.
Desses, dos alegados "vieiristas", lembro-me de serem ferozes críticos de Vieira durante muito tempo, e até participaram em listas de oposição, antes de serem integrados pelo ex-presidente. Estou a falar, por exemplo, e de acordo com o que diz a imprensa, de Jaime Antunes e Fernando Tavares. Independentemente da opinião que se tenha sobre eles, há duas certezas: são benfiquistas, e não são, nem foram, os maiores "vieiristas" do mundo.
Já o disse aqui, e isso parece-me inelutável: ainda há muita coisa a mudar no Benfica. Percebo que Rui Costa tenha começado pelo futebol, e nas outras áreas tenha optado por manter o suporte de pessoas que as conheciam melhor do que ele - não fazendo revoluções, nem abrindo guerras que não conseguiria vencer. 
Neste momento, talvez já o possa fazer. Talvez já possa, e deva, mudar algo mais, em áreas que ficaram paradas no tempo, que se acomodaram. Se quer ou não quer, não sei. Mas que não há nenhum nome credível como alternativa ao seu, isso é óbvio. E a ser assim, se é para desestabilizar só por desestabilizar, se é para descredibilizar só por descredibilizar, se é para protestar só por protestar, não contem comigo. Sei que isso está na moda, no desporto e na política. Num e noutro caso, não traz nada de bom.
Já agora, se ser "vieirista" é entender que o Benfica melhorou imensamente desde 2003, então eu também sou. Se é defender um regresso do LFV ao clube, não creio que subsistam muitos "vieiristas". Aliás, foi o próprio LFV, com um terrível último mandato, com a forma obtusa como saiu, e com o que disse e escreveu depois, que se auto afastou de qualquer futuro no Benfica. Tendo o ex-presidente, para o bem e para o mal, o seu lugar na história, esqueçamos pois o "vieirismo", pois ele já não existe.

CONTABILIDADE

Segue actualização do número total de títulos dos três principais clubes portugueses, em todas as modalidades e todos os escalões:

BASTANTE VERMELHO

A pedido de várias famílias, cá vai o quadro provisório de títulos, temporada 2023-24.
Atenções focadas, para já, no Hóquei em Patins masculino, cujo favorito não consigo prever. As restantes competições que ainda estão em aberto têm favoritismo demasiado claro (Sporting no Futsal, no Ténis de Mesa e no Atletismo feminino, FC Porto no Bilhar, Benfica no Hóquei feminino e no Atletismo masculino). 
Por agora, Benfica 43 (eventualmente 45), Sporting 10 (eventualmente 13) e FC Porto 6 (eventualmente 7).

VENDER

Parece-me inacreditável que, em pleno 2024, ainda existam adeptos/sócios do Benfica, ou de outros clubes, a criticar violentamente direcções/presidentes por venderem os seus principais jogadores.
Amigos, quer queiramos quer não, o futebol é um negócio. Os clubes transformaram-se em SAD (na altura, diga-se, por pressão do poder político), e como qualquer empresa ou organização, precisam de financiamento.
Há que pagar milhões de euros em salários. E num campeonato totalmente periférico como o português, não é com receitas correntes que isso se consegue. 
A única forma de manter alguma competitividade na Europa passa por conseguir receitas extraordinárias, quer das participações na Champions, quer da venda, ano após ano, dos principais activos.
Por outro lado, e como não estamos no "Football Manager", os próprios jogadores (que são pessoas, com ambições), as suas famílias e seus empresários, fazem enorme pressão para sair. Batam com a mão no emblema ou não, todos querem, sobretudo, ganhar o máximo de dinheiro possível numa carreira que é curta e incerta. E o Benfica não pode pagar o que se paga nos principais campeonatos europeus.
As coisas são o que são. Não o que gostaríamos que fossem.
Neste contexto, pedir a Rui Costa, ou a outro qualquer, que não venda os melhores jogadores é como pedir para acabar com o calor, com o frio ou com a chuva. 
João Neves vai sair. António Silva vai sair. E se não for agora, será em Janeiro ou no próximo ano. Isto se as coisas correrem bem. Pois se correrem mal, se não saírem, é porque algum deles se lesionou gravemente, ou baixou muito de rendimento, ficando sem mercado - o que seria o pior dos dois mundos.
Neste contexto, o importante é pois vender o mais caro possível (Félix, Ruben, Enzo, Ramos etc), e reinvestir o dinheiro comprando barato e bom, além, naturalmente, da formação. Na última parte (compras) admito que existam críticas - e eu próprio as fiz (Jurasek, Arthur, etc). Quanto à primeira (vender), só por ingenuidade (infantilidade), estupidez, ou má fé, se poderá condenar qualquer presidente de qualquer clube português.

A EFICÁCIA

Eficácia junto das balizas adversárias. Solidez na defesa das nossas. No fim do dia, o desporto, os seus resultados e classificações, resumem-se a números. No futebol, os números são golos.
O Benfica, não só no futebol, nem sempre tem sabido lidar com isso. Enchem-se os plantéis de artistas de perfil aveludado, constroem-se equipas macias, capazes de dar espectáculo nos melhores dias, demasiadas vezes incapazes de ser eficazes perto das duas balizas do campo - sobretudo se perante adversários fechados e cínicos.
É um problema que vem de longe, e ao qual os adeptos não são alheios. É toda uma cultura de clube, que nasceu, justificadamente, nos anos sessenta (com o brilhantismo de uma das melhores equipas do mundo da altura), mas da qual o Benfica não soube libertar-se nunca mais - não mais tendo, infelizmente, as estrelas de então. Na verdade, não soube regressar às suas origens mais profundas, quando ex-casapianos jogavam de fato macaco e em campos emprestados, quando depois se bateu de forma aguerrida com os "Cinco Violinos", e conseguiu chegar ao topo da Europa com uma equipa predominantemente operária e ainda sem Eusébio.
Lembrei-me disto várias vezes ao longo da última época. Tenho-me lembrado também ao ver os mais recentes jogos de Hóquei e Futsal - em que as equipas encarnadas criaram imensas oportunidades de marcar, batendo repetidamente em paredes defensivas (no Hóquei valeram os penáltis, o Futsal acabou em absoluto fracasso).
É importante que na construção dos novos plantéis - à cabeça dos quais o de Futebol - este aspecto seja bem ponderado. Entre outros factores que não são aqui chamados, o FC Porto venceu anos a fio, muito devido a linhas defensivas de ferro e meios-campos musculados, combativos e agressivos (desprezando notas artísticas inúteis). O Sporting conquistou o último título graças a um ponta-de-lança extraordinariamente robusto e eficaz.
Espero que Leandro Barreiro (confesso que conheço mal, mas parece fisicamente forte) e, se vier, Pavlidis, contribuam para a resolução de um problema que contratações como Schjelderup, Prestianni, Carreras ou Rollheiser apenas acentuaram. 
Mas é preciso também que os próprios benfiquistas percebam que as suas equipas não precisam de pesos pluma, nem de toques de calcanhar, verónicas ou chicuelinas. Precisam "apenas" de marcar golos e evitar sofrê-los. Lembro-me de Óscar Cardozo ser assobiado porque "só sabia marcar golos", ao passo que um jogador como Pablo Aimar (com todo o respeito, bastante dado a lesões, de rendimento irregular e inexistente sem bola) sempre foi idolatrado como artista - que de facto era - mas com muitíssimo menor rendimento desportivo que o paraguaio e outros maus da fita.
Não me lembro quem afirmou pela primeira vez que as equipas se constroem de trás para a frente. É verdade. Há que ter uma linha defensiva sólida, um meio-campo robusto e laborioso, e um ataque eficaz. Artistas? Talvez um, para criar desequilíbrios com bola. Sem ela, é preciso força, rigor e organização. Talvez o efeito não seja tão esplendoroso, mas certamente os resultados vão ser compensadores, além de se gastar muito menos dinheiro, pois na maioria das posições do campo, o músculo fica bem mais barato do que o suave talento.
Também não me lembro quem disse que "ganhar não é o mais importante, é a única coisa!". Quem quer que tenha sido, tinha toda a razão.

PAVLIDIS? SIM!

Se um ponta de lança se mede por números, o grego do Alkmaar parece uma boa opção. Marcou até mais do que Gimenez na Eredivisie - e o mexicano teria sido a "minha" aposta no verão passado.
O Benfica precisa de alguém com crédito firmado e que traga rendimento imediato. Para o futuro já há Marcos Leonardo. 
Uma olhadela pela lista de marcadores das principais ligas periféricas não mostra muito mais hipóteses de escolha. O avançado togolês do Cercle Brugge, Denkey, tem também excelentes números, mas tendo eu visto o derbi da cidade na semana passada, e que também decidiu o título belga, confesso que não gostei assim tanto da mobilidade, ou falta dela, do goleador africano.
Única nota de preocupação: Pavlidis não foi titular nas últimas partidas da selecção grega, em detrimento de... Ioannidis (que parece estar a chegar ao Sporting).
Mas, volto a dizer, não vejo muito melhor que estes gregos para o alcance das bolsas portuguesas.
Ou seja, voto a favor.