RETOMA

Uma partida que chegou a parecer muito difícil (o Estrela esteve à beira do 2-0), acabou por dar uma volta em três minutos, quando o Benfica, com dois golões, conseguiu chegar ao intervalo em vantagem.
Na segunda parte os encarnados entraram melhor, tomaram definitivamente conta do jogo, e acabaram por vencer tranquilamente. A essa melhoria não foi alheia a entrada de Florentino, que, pelo menos por agora, tem lugar de caras no onze.
Além dos três pontos, foi muito agradável ver regressar Bah e Neres. Sobretudo este, que se apresentou com fome de bola e a participar activamente na manobra ofensiva da equipa.
Destaque também para mais um golo de Marcos Leonardo e para a estreia de Rollheiser. 
Depois de uma semana difícil, a família benfiquista voltou a estar feliz. O Sporting não vacila, mas disso ninguém tem culpa. Haverá sempre o derbi de Alvalade para ir lá buscar um triunfo e o campeonato. É preciso é que o Benfica seja... Benfica. 

O ENIGMA KOKÇU

Não percebo porque motivo alguns analistas insistem em ignorar ostensivamente o preço dos jogadores, como se isso fosse uma questão menor ou desinteressante. No futebol moderno, goste-se ou não do caminho que ele tomou, as finanças são um aspecto fundamental, que os clubes, ou pelo menos os clubes portugueses, não podem negligenciar. A relação custo/benefício é pois essencial para avaliar qualquer jogador profissional.
Quando se contrata alguém por 29 milhões de euros, que chega como o mais caro de sempre do futebol português, espera-se um jogador diferenciador. Algo como se está a ver no...Sporting, com Gyokeres, ou indo mais atrás no tempo, com Simão Sabrosa no Benfica, ou Hulk no FC Porto - que, a seu tempo, também foram investimentos avultados. Jonas foi um jackpot, pois veio de borla e foi o que se viu.
Quando olho para Kokçu, por mais que me esforce, não veja nada disso. Vejo apenas um médio razoável, com bom toque de bola, um bocadinho melhor que Chiquinho, mas a anos-luz de Enzo Fernandez ou de João Neves. Nem me parece que acrescente nada à equipa, face à prestação de Florentino, sempre que este é chamado à titularidade.
Nos primeiros jogos dei o benefício da dúvida, embora quando os "períodos de adaptação" duram mais do que quinze dias, eu comece logo a desconfiar. Passaram seis meses e nada, ou quase nada. Pior que isso, parece-me que a sua presença representa um problema táctico para a equipa, pois sem bola é uma quase inexistência, e com bola parece sempre um tanto desenquadrado dos colegas. Tirando um bom golo ao Guimarães, e mais um ou dois bons passes de ruptura, não sobra nada. E isso é grave, sobretudo, lá está, em função do investimento efectuado.
Muitos insistem em alegar que está a jogar fora da sua posição natural, e por isso rende menos. Fui pesquisar algumas partidas do Feyenoord na época passada, e não me pareceu que tal corresponda à realidade. A equipa de Roterdão ora jogava com dois pontas-de-lança (Danilo e Gimenez), ora com um médio-ofensivo (Szymanski). Kokcu era sempre o "oito", tal como é no Benfica. A Liga Holandesa é que é bastante diferente, pois alí praticamente só se ataca.
Além da fraca prestação - que me parece óbvia a quem fizer uma análise fria e objectiva - confesso que também não aprecio o facis do turco. Vale o que vale, é apenas a minha percepção desde fora, mas Kokçu parece-me um jogador triste, conformado, pouco assertivo, demasiado passivo, a quem falta a garra de que se munem os campeões. Olha-se para o lado, para o pequeno João Neves, e o contraste é gritante.
Tal como em relação a outros, bem espero estar enganado, e Kokçu vir a desmentir-me com grandes exibições ainda nesta época. Para já não me convence minimamente, e já era tempo de o fazer.
Por 29 milhões não se contrata um jogador banal Contrata-se um craque.
Que o mercado de Verão foi uma catástrofe, já é mais ou menos assumido. Isso comprova-se com o empréstimo de Jurasek, e com a contratação de mais um avançado (e mais 18 milhões). Mas de Kokçu fala-se pouco. Estranhamente, pois foi o mais caro. No máximo é um flop absoluto (um RDT, Weigl ou Cebolinha versão-2023). No mínimo, um jogador razoável, que não fazia falta nenhuma à equipa.
E com Kokçu (29), Arthur (20+5), Jurasek (14), empréstimo de Bernat (4), Schjelderup (14), Trubin (10), Tengstedt (11), Prestianni (9), Rollheiser (10), Marcos Leonardo (18), Carreras (talvez mais 6), temos perto de 150 milhões. Macacos me mordam se isto não dava para manter Grimaldo, desviar Gyokeres ou trazer Santiago Gimenez, e agora ter uma super-equipa, ainda mais forte que a da época passada, e muito acima de toda a concorrência nacional. Infelizmente, não é essa a realidade.

HISTÓRICO!

Nunca nenhuma equipa portuguesa havia chegado aos quartos-de-final da Champions Feminina. O Benfica conseguiu-o, empatando na Suécia, e beneficiando da derrota do Eintracht Frankfurt em Barcelona. Fica assim em 2º lugar do grupo, à frente de alemãs e suecas, e só atrás das campeãs europeias - que defronta em casa, na próxima semana, apenas para cumprir calendário.
Nos quartos, a sortear dia 6, pode apanhar Lyon, Chelsea ou outra equipa a sair de um lote de três possíveis, a definir na última jornada da fase de grupos (Ajax, PSG ou Bayern). Diria que a melhor hipótese, ou a única que permitiria sonhar ir ainda mais além, era o Ajax. Veremos.
De qualquer modo, aquilo que já foi feito é extraordinário. Mesmo numa temporada em que o Benfica viu partir Ana Vitória, Cloe Lacasse, ainda não contou com Pauleta, e não conta agora com Kika Nazareth por lesão. Ou seja, as quatro melhores jogadoras das últimas temporadas.
Numa semana complicada, foram as mulheres a iluminar o benfiquismo. Obrigado!
PS: A propósito de futebol feminino, onde anda o FC Porto?

INACEITÁVEL

Equipa permeável, estupidamente perdulária (será que 38 milhões depois ainda não há um avançado que meta o raio duma bola na baliza?), desorganizada (por vezes mesmo caótica), displicente (sobretudo na primeira parte) e aparentemente apenas à espera que uma das individualidades (Di Maria ou Rafa), a qualquer momento, resolvesse aquilo que o colectivo parecia desistir de fazer - com excepção de João Neves, que é o único que nunca desiste de nada. 
Depois, péssima gestão dos marcadores de penáltis, colocando pressão desnecessária em jovens ainda à procura de se afirmar na equipa. Falharam ambos, como era óbvio. 
No fim, eliminação vergonhosa, perante um adversário medíocre, que vinha de quatro derrotas seguidas, e que, além de um guarda-redes inspirado, pouco mais tem para apresentar. 
Não desvalorizo a Taça da Liga. Nunca o fiz quando o Benfica a ganhou. Não o farei agora. E estou de rastos com esta inesperada derrota, num momento em que não se podia falhar, e em que era bastante importante conquistar este troféu. 
O futuro dirá quais as consequências desta eliminação nas restantes competições. Mas quem se lembrar dos últimos jogos do Benfica, e não apenas dos resultados, talvez conclua que havia um desastre à beira de acontecer. Ei-lo.
Roger Schmidt não é inocente, mas a verdade é que a época está toda ela condicionada por um péssimo mercado de Verão, quando alguém imaginou que poderia substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos por Jurasek e Arthur Cabral, e incorporar Kokçu e Di Maria sem que o perfil de jogo da equipa se alterasse substancialmente. Daí para cá, tem sido difícil compor um puzzle com peças que, à partida, não encaixavam umas nas outras. É cedo para perceber se o mercado de Inverno pode resolver todos os problemas criados no anterior. Se tal não acontecer, ou há um milagre, ou a época será um fracasso - como aqui escrevi em Agosto.
Obviamente não vou perder tempo a ver uma final que não interessa a quase ninguém. Mas espero que ganhe o Braga, e de goleada. 

O lugar deste Estoril é na segunda divisão, de onde nunca devia ter saído, como tantos outros emblemas mais ou menos fantasma, que andam por aí a conspurcar e a subverter a dimensão social do futebol português - com investimentos sabe-se lá vindos de onde e com que fim, com artimanhas de anti-jogo que não vejo em mais nenhum campeonato europeu, jogadores traficados, estádios miseráveis, relvados reduzidos e mal tratados, e meia dúzia de adeptos de ocasião em segundas núpcias. Isto enquanto cidades como Aveiro, Coimbra, Viseu, Leiria, Setúbal, quase todo o interior, e todo o Alentejo, não têm, nem sequer imaginam poder ter, clubes representativos no campeonato principal. É o país de pernas para o ar. É uma liga que envergonha o futebol português. E o pior ainda está para vir, quando começarem a querer tirar dinheiro dos nossos bolsos, dos bolsos dos adeptos de clubes que enchem estádios e dão pontos na UEFA, para o entregar a esses "investidores", em nome de uma competitividade que será meramente artificial. Não se trata de grandes e pequenos. Trata-se de genuínos e de aviário. De verdadeiros e de falsos.
Mas isso fica para outro dia. Hoje, o culpado é apenas o Benfica, o seu treinador e, sobretudo, o seu mercado (a propósito, Kokçu faz algum coisa que justifique ter sido o mais caro de sempre em Portugal?). 

ONZE COPY-PAST

Debelado eventual problema de falta de confiança, percebe-se agora com maior nitidez que Arthur Cabral é um jogador razoável, mas sem condições para ser o titular do Benfica, e muito menos para ter custado 20 milhões. Infelizmente, ao contrário de Jurasek, neste caso o erro de casting não está a ser assumido, e tudo indica que o sacrificado no plantel será Musa. Com Tengstedt lesionado, valha-nos Marcos Leonardo, que para já parece, esse sim, ser jogador para o preço e para o clube.

O BENFICA NA TAÇA DA LIGA

17 participações, 67 jogos, 48 vitórias, 13 empates, 6 derrotas, 7 títulos, 1 final perdida.

Melhores marcadores: Jonas 10, Cardozo 7, Rodrigo 6.

Melhores assistências (também top 3 absoluto da competição): Benfica-Sporting (2010-11) 49.652, Benfica-Aves (2023-24) 48.959, Benfica-Penafiel (2022-23) 43.263. Melhor assistência (absoluta) em Final: Benfica-Marítimo (2015-16) 28.878.

DI ANTOLOGIA

Foi difícil abater o autocarro axadrezado que se apresentou na Luz.
Durante muito tempo, o Boavista não saiu da sua área, e o Benfica não conseguiu entrar nela, pese embora o esmagador domínio exercido. 
Faltava um ponta de lança eficaz, ou então que aparecesse a genialidade de alguém com esse condão.
Foi preciso esperar pela segunda parte para, finalmente, a bola entrar. E na ausência de ponta de lança, foi Di Maria a acender a lâmpada. Marcou um, não contou, marcou dois, e ainda assistiu para, então sim, um ponta de lança finalizar.
Antes e durante, muito sofrimento. Outra vez. E outra vez em casa. A ineficácia tem um preço, e quando se passam minutos e minutos, ataques e ataques, cantos e cantos, e no centro da área não há quem materialize nada, o adversário ganha confiança e as coisas complicam-se. Vamos ter fé em Marcos Leonardo, e no génio de Rafa ou Di Maria, para que daqui a uns meses não venhamos a dizer que o campeonato ficou resolvido no mercado de verão, quando o Sporting foi buscar Gyokeres, e o Benfica, pelo mesmo preço foi buscar um bom rapaz.

ONZE PARA O BOAVISTA


NOTAS SOBRE O MERCADO

MARCOS LEONARDO- Tecnicamente é craque, tendo sido um dos três melhores avançados jovens do "Brasileirão" (os outros dois, Endrick e Roque, foram para Real Madrid e Barcelona). Estreou-se como eu gosto: sem períodos de adaptação e logo com um golo ao primeiro toque na bola. A dúvida, e porventura a razão pela qual o Benfica o conseguiu contratar, prende-se com um histórico de indisciplina, que só o tempo e o próprio poderão apagar. Luisão, é contigo!
CARRERAS- Não conheço, mas não deve ser pior do que Jurasek, sendo bastante mais barato. Benefício da dúvida, embora ache que Morato está, para já, com a titularidade nas mãos.
PRESTIANNI- Muito jovem (demasiado jovem) para se poder afirmar no imediato. É um dos quatro jogadores mais valiosos do futebol argentino, e pelo que vi tem de facto bastante talento. Veremos como se adapta, se se afirma, e se será um Di Maria ou um Schjelderup.
ROLLHEISER- Também muito talentoso, também um dos quatro mais valiosos do futebol argentino, e mais experiente do que Prestianni. Acredito, mais do que no caso de Prestianni, numa afirmação rápida. A ver vamos...
JURASEK- Um óbvio erro de casting, que custou uma fortuna, restando apenas mitigar o erro e abater parte do custo. Não creio que volte a vestir a camisola do Benfica.
CHIQUINHO- Termina contrato no fim da época, não tem tido espaço (há Neves, Florentino, Kokçu e também Aursnes ou mesmo João Mário), pelo que se compreende a decisão de o libertar já. Deixa boa imagem de profissionalismo, e uma participação preciosa no pós-Enzo Fernandes e no pré-João Neves. Que seja feliz.
GONÇALO GUEDES- Quando regressou, esperava-se que viesse fazer a diferença. Internacional, com talento, e agora também com experiência, além de benfiquismo, parecia nada não poder falhar. Mas a verdade é que as lesões lhe complicaram a vida, e de alguma forma transformaram-no. Antes um jogador veloz, assertivo e repentista. Agora, um pouco trapalhão e errático. É pena. As maiores felicidades para a restante carreira.
LATERAL DIREITO- Sinceramente, não me parece que faça falta no imediato. Aursnes está a realizar boas exibições na posição, e Bah há de regressar. Qualquer deles dá garantias. 
RAFA- Enquanto há vida, há esperança. Quero acreditar que ainda vai ser possível renovar com Rafa. Não sei quão grande é a diferença entre o que o jogador pede e o que clube pode pagar, mas não tenho dúvidas de que valia a pena um último esforço no sentido de se chegar a um acordo. Além disso, temo seriamente que vá parar a um dos rivais. É um dos melhores jogadores do Benfica da última década, e acredito que ainda tem muito para dar.

PONTOS À 17ª JORNADA - últimos 15 anos

Não há uma relação directa entre a pontuação na primeira volta e a conquista do título. No ano passado o Benfica tinha mais dois pontos nesta altura, mas em 2019 tinha menos quatro. Em ambas as ocasiões acabou no Marquês. Pelo contrário, em 2020 tinha mais seis pontos, e viu esfumar-se a vantagem. Também em 2012 e 2013 tinha melhor pontuação e o campeão foi o FC Porto.
Pode dizer-se que nos últimos sete títulos conquistados, apenas duas vezes os encarnados tinham mais pontos nesta altura. Vale o que vale...
 

GOLEADA ENGANADORA

Tudo está bem quando acaba bem. E o Benfica-Rio Ave acabou em apoteose, com uma goleada, e com o estreante Marcos Leonardo a facturar ao primeiro toque que deu na bola.
Porém, até aos 60 minutos, o Benfica não só não estava a vencer, como não merecia estar a vencer. 
Após sete triunfos consecutivos, talvez não seja a melhor oportunidade para escrever isto, mas fiquei novamente com a sensação que Roger Schmidt não estuda devidamente alguns adversários - nomeadamente estas equipas menores da liga portuguesa. E parece fácil de surpreender por treinadores espertalhões em estratégias de bloqueio, o que, desde Mourinho, é de algum modo a matriz da maioria dos técnicos portugueses de primeira e de segunda linha.
Durante uma hora de jogo o Rio Ave condicionou o futebol benfiquista. Bloqueou o ataque (no qual Arthur Cabral se "oferece" com facilidade), e causou engulhos nas saídas desde trás, aproveitando o espaço entre centrais e meio-campo, no qual Kokçu é permeável, e João Neves (que o costuma disfarçar) não estava nos seus melhores dias.
A expulsão (justíssima), seguida do segundo golo, representaram os momentos de sorte de que o Benfica necessitava para dar a volta a um jogo muito mais difícil do que diz o resultado final.
Daí em diante, tudo se tornou mais fácil. 
Individualmente destacaria Rafa (que parece firmemente apostado em deixar saudades), e também o jovem estreante brasileiro. É disto que eu gosto: dispensar períodos de "adaptação", entrar e render. Como fez Jonas quando chegou, como fez Enzo no ano passado, e como fazem normalmente os grandes jogadores. O futuro dirá o que vale Marcos Leonardo, mas não podia começar melhor.
O treinador do Rio Ave queixou-se da arbitragem. Como Schmidt, também eu não consigo perceber porquê. O que vi foi um conjunto de faltas (três, pelo menos) assinaladas ao contrário, em prejuízo do Benfica. Que a expulsão foi estúpida, poderei concordar, mas isso é um assunto a resolver entre treinador e jogador do Rio Ave.
Venha o Boavista!

EM EQUIPA QUE GANHA NÃO SE MEXE

Onze para defrontar o Rio Ave: 

FORÇA MISTER!

Esse jogo é difícil, o adversário é manhoso, mas há que lutar até ao fim.
 

EMPOLGANTE

Queria começar por aplaudir os mais de 56 mil adeptos (record em jogos de taças) que, numa noite muito fria, e a meio da semana, se dispuseram a deslocar a um estádio com o risco de apenas de lá saírem à meia-noite  - em caso de prolongamento e penáltis. Para quem vive longe de Lisboa, e tem de trabalhar na manhã seguinte, é preciso muita coragem e um profundo benfiquismo. Já a FPF devia ter vergonha de tratar desta forma os verdadeiros adeptos, aqueles que amam e pagam o futebol, enchem estádios, mas ainda assim parecem estar no fundo da lista das suas prioridades.
Dito isto, quem lá foi mereceu o que viu: um excelente espectáculo, com cinco golos, mudanças e incertezas no marcador. E uma vitória justa da melhor equipa.
Devo dizer que gostei bastante mais da segunda parte do que da primeira - ao longo da qual, e até aos golos do Benfica, vi uma partida fechada, sem inspiração, e em que o Braga se limitava a defender o resultado e a fazer passar o tempo.
Com o (fantástico) golo do empate a abrir a segunda, temi que se voltasse a ver o mesmo filme. Mas daí em diante tivemos um excelente jogo de futebol, com oportunidades de parte a parte, e grandes pormenores individuais.
Falando de pormenores, há que destacar a exibição de Arthur Cabral, que na primeira meia-hora foi uma inexistência, mas depois esteve na decisão do jogo, com um grande golo e uma ainda melhor assistência para Aursnes. Se não ficar moralizado com esta exibição, e não mostrar, enfim, o potencial que levou alguém a decidir pagar 20 milhões por ele, então é caso para preocupação. Com optimismo, vou acreditar que esta foi a primeira de outras grandes prestações do avançado brasileiro.
Quanto a João Neves, já não há muitas palavras a acrescentar. Uma vez mais, encheu o campo. Este já não precisa de mostrar mais nada a ninguém: é craque da cabeça aos pés e vale muitos milhões.
Venham os quartos-de-final. O Benfica já conquistou um troféu, e está na luta por outros quatro. Depois de tantos problemas e equívocos, a verdade é que a temporada ainda pode ser histórica.

ONZE PARA PASSAR

ATENÇÃO AO HISTÓRICO

HISTÓRICO COM O SC BRAGA NA TAÇA DE PORTUGAL:

Saldo negativo 5-7 em eliminatórias, 7-7 em jogos, 2 derrotas nos últimos dois confrontos, 3 derrotas em 4 jogos na última década.

BENFICA NA TAÇA

A vermelho, os troféus conquistados. Apenas 3 nos últimos 27 anos...
Equipas que eliminaram o Benfica: Sporting 16 vezes; FC Porto 8; SC Braga 7; V.Setúbal 6; Belenenses 4; Boavista e V.Guimarães 3; Marítimo, Académica e Leixões 2; Rio Ave, Atlético, Varzim e Gondomar 1.

RAFA EM QUINTA

Em alta velocidade e num terreno lavrado, Rafa conduziu o Benfica à quinta vitória consecutiva.
Marcou dois legais (só um valeu), marcou outro em fora-de-jogo e assistiu Kokçu. Esteve endiabrado, e foi ele a alma da equipa numa partida que se antevia difícil, diante de um adversário em crescendo - que ainda não havia perdido qualquer jogo com este treinador.
O Benfica está melhor. Estabilizou a linha defensiva (para já Aursnes e Morato são donos e senhores das alas), no meio-campo o turco começa a dar ligeiros sinais daquilo que custou, e na frente Rafa cria inúmeras ocasiões de golo - marca algumas (é o melhor marcador da equipa), falha outras tantas, mas tem o mérito inegável de aparecer uma e outra e outra vez na cara dos guarda-redes adversários.
Segue-se um teste duríssimo para a Taça de Portugal, diante da equipa que, no plano nacional, mais dificuldades criou ao Benfica, chegando a dominá-lo por completo no jogo do Campeonato - que, felizmente, correu muito bem em termos de resultado.
PS: As linhas de fora-de-jogo são uma mentira bem contada, usada para vender decisões discutíveis. No primeiro golo anulado o Benfica, Arthur Cabral está em linha com o último defesa do Arouca, não havendo forma objectiva de provar o contrário. Se é para colocarem uma linha qualquer, sem critério técnico que a possa sustentar, e se não querem dar o benefício ao atacante como diz(ia) a regra, então mais vale, neste tipo de lances, atirarem uma moeda ao ar.



ONZE PARA AROUCA


 

REGRESSO

Esperando que todos os leitores tenham desfrutado do período festivo, e entrado com saúde e força em 2024, cá estamos, também nós, de regresso. 
Vamos então aos assuntos pendentes:

BENFICA-FAMALICÃO: Jogo muito mais sofrido do que o resultado final possa aparentar, em que os encarnados, desfalcados, é certo, de Bah, Otamendi, Bernat, Di Maria, Neres e Tengstedt, viram-se aflitos a dada altura da segunda parte para conter a sequência de oportunidades criadas pela equipa minhota, que ora Trubin, ora o poste, ora a felicidade, impediram de ser concretizadas. Sentia-se também que, caso o Famalicão marcasse, o Benfica dificilmente conseguiria reagir. O golo de Rafa tranquilizou o estádio, e Musa apenas confirmou um triunfo justo, mas muito, muito, muito difícil. Fica o aviso.

MARCOS LEONARDO: Parece ser já uma contratação fechada. Vai ser preciso perceber se se adapta ao clube, ao país e à Europa, e de que modo a estrutura encarnada conseguirá domar um jovem que, senhor de inegável talento, evidencia também um feitio demasiado rebelde para o futebol profissional de alto nível. Li relatos de que terá inclusivamente chegado alcoolizado a um estágio ou a um treino. A ser verdade trata-se de um cadastro preocupante. O que não há dúvida é que tem apenas 20 anos, e se for minimamente inteligente, saberá ouvir os bons conselhos que, entre outros, Luisão lhe possa dar, para cumprir o destino de uma grande carreira europeia. 
As contratações do mercado brasileiro a meio da temporada nem sempre têm sido felizes. A história está cheia de estrelas no futebol sul-americano que não se adaptam à velocidade, intensidade competitiva, exigência profissional e até aos relvados do nosso futebol. 
Passaram pelo Benfica já mais de uma centena de jogadores brasileiros, mas nas últimas décadas os melhores exemplos foram escassos, e sobretudo de atletas que já se encontravam na Europa (Jonas, Ederson, Neres...). Exemplos de fracasso são às dezenas, e abstenho-me de os nomear. 
O montante pago é bastante elevado e não permite, digamos, mais erros de cálculo. Vamos ter esperança.

LATERAIS: Além do ponta-de-lança, a SAD percebeu que a equipa precisava de laterais. Parece-me bem visto. Não era difícil...
Os nomes em cima da mesa são Pedro Malheiro e Álvaro Fernandez. Dois jovens, internacionais Sub-21 por Portugal e Espanha, que podem ser boas opções de plantel. Espero que o montante a pagar não seja significativo (já bastou o "barrete" Jurasek). Malheiro é um bom suplente (e saúda-se a aposta, ainda que limitada, no mercado nacional), e Álvaro, tendo um belo nome para lateral-esquerdo, não é titular absoluto do Granada, que está em penúltimo lugar na Liga Espanhola. 
Confesso porém que, a pouco e pouco, tenho-me habituado a Aursnes e Morato nas alas. Essa dupla tem coincidido, de resto, com o melhor período do Benfica na temporada. O regresso de Bah está para breve. Bernat, veremos se ainda pode ser útil. Com um investimento moderado, o plantel pode sair reforçado, e com alternativas credíveis para suprir lesões, castigos ou o simples desgaste.

SAÍDAS: Lucas Veríssimo e João Victor, dadas as circunstâncias de um e outro, foram excelentemente libertados, rendendo 14 a 16M - o que é notável para dois excedentários. Penso que com o anunciado empréstimo de Jurasek (a venda, mesmo que abaixo de 10M, e assumindo o prejuízo, seria o ideal), e a saída de um ponta-de-lança, o plantel ficará fechado. Que ponta-de-lança? Enfim, apesar da melhoria verificada nas últimas partidas, eu tentaria vender Arthur Cabral ao melhor preço, recuperando algum do investimento realizado. Percebo que contabilisticamente a hipótese Musa (custou 5, vale 10) seja mais apelativa, e que o croata tenha naturalmente mais mercado, sobretudo depois do que fez na época passada, inclusivamente na Champions. Tengstedt parece, para já, seguro - até porque também não tem mercado...
Quanto a Gonçalo Guedes, ainda estou à espera que mostre o que valia em 2017. É da casa, sabe-se que é bom, tem experiência ao mais alto nível, gosto dele. Mas face ao salário que aufere, a verdade é que, em larga medida fruto das lesões, não tem rendido o que dele se esperava.