SEM BRILHO

Jorge Jesus dispensou a nota artística, e os jogadores levaram à letra. A exibição foi muito pobre, se exceptuarmos os primeiros 20 minutos, e a partida terminou em aflição - mesmo diante do último classificado da Liga.

Este Benfica é um case study, e já não é de agora. 

Enfim, pode ser que o ano novo traga vida nova. E já agora algumas mudanças no plantel. 

POR LINHAS TORTAS

Mau demais.

Tudo. O jogo, o árbitro, o Benfica. 

De boa qualidade parecem ser as vitaminas que os jogadores do FCPorto tomam sempre que jogam com o Benfica ou na Champions. Voam em campo, pressionam como cães, e quem vê futebol há muito tempo sabe que não há milagres.

Quanto à arbitragem, parece ter ficado um penalti por marcar na área portista, mas o que não me convence mesmo são as linhas de fora de jogo no lance que origina o primeiro golo. As linhas são, digamos, como o Natal: onde um homem quiser. E quando mete Porto, já se sabe o que os homens querem.

E por fim, o Benfica. Os problemas de sempre, acrescentados por uma abordagem ridícula de Jorge Jesus ao jogo (meio campo a descoberto) e sobretudo às substituições, deixando Everton e Waldschmidt em campo até ao absurdo, tirando Rafa que parecia o único capaz de romper a defesa do FC Porto.

Enfim, num ano para esquecer a todos os níveis, o Benfica interpretou isso na perfeição perdendo tudo de todas as maneiras.

Muito para reflectir. Sobre o Benfica e sobre o futebol português. 


E QUE TAL UM 4-3-3?


 

BENFICA NA SUPERTAÇA


 

CINZENTO. DEMASIADO CINZENTO.

Não fosse Vlachodimos, e a história deste Gil Vicente-Benfica tinha sido outra.
Mesmo a jogar contra dez toda a segunda parte, os encarnados ficaram a dever ao guardião grego (mais) uma vitória demasiado difícil para o potencial da equipa.
E não, desta vez o problema não esteve na defesa. O Gil Vicente pouco ou nada atacou durante a primeira parte, e mesmo assim o Benfica mostrou-se totalmente incapaz de ultrapassar a cortina defensiva montada pelo treinador contrário. Foi lento, previsível, parco de ideias, expectante, e acomodado às circunstâncias. Para quarta-feira, temo o pior.
Continuo a pensar que Jorge Jesus é o melhor treinador português, e se ele não consegue colocar esta equipa a jogar futebol, mais ninguém conseguirá. Recordo que o mal já vem de Rui Vitória, e de Bruno Lage, que depois de conquistarem títulos não evitaram um apagão total difícil de compreender e nunca devidamente analisado.
Já disse também que a perda do campeonato passado não chegou a ser explicada. Tinha de o ser. E talvez essa explicação fizesse luz ao que ainda se passa com esta equipa do Benfica. A verdade é que o problema existe e mantém-se. Depois de um investimento de quase 100 milhões de euros, não é de qualidade individual do plantel. Também está visto e revisto que, depois de Vitória, Lage e agora Jesus, não é de treinador. O presidente é o mesmo do Tetra. Será de estrutura? Será de balneário? Bem gostava de saber. E ainda espero que me expliquem.

PS: Nada disto tem a ver com o que se passou em Alvalade. Aquele penálti foi uma inqualificável resposta ao barulho que o Sporting fez em Famalicão. Infelizmente, quem não chora não mama. E a arbitragem portuguesa não se dá ao respeito, cedendo à mais pequena pressão.

SORRISO AMARELO

Decididamente não vi o mesmo jogo que Jorge Jesus.
Aos meus olhos, a exibição do Benfica foi muito pobre, e só com alguma sorte se salvou de cair desde já da Taça da Liga.
A primeira parte foi mesmo medonha. Só quando entrou Pizzi, se viu algum futebol - ainda assim, pouco para o que se espera deste plantel.
Não, o problema não é só a defesa. É também a incapacidade do meio-campo (quer para destruir, quer para construir), e a ineficácia do ataque (que tem dias).
Estamos já perto do Natal, e o Benfica de Jorge Jesus tarda em aparecer. É certo que há desequilíbrios no plantel (que a eliminação prematura da Champions acentuou), mas mesmo com este plantel, mesmo com estes jogadores, há que jogar mais, há que correr mais, há que vencer, pelo menos, os Guimarães, os Paços de Ferreira e os Boavistas desta vida.


PARA GANHAR

 

BENFICA NA TAÇA DA LIGA

 

HOJE ACESSÍVEL, EM FEVEREIRO UMA INCÓGNITA

 

Ocupa o 15º lugar da Premier League, e está com graves problemas de balneário. O treinador Arteta está por dias. Hoje seria um adversário acessível. Como estará o Arsenal em Fevereiro? E o Benfica?

Por agora fiquemos com uma grata recordação da equipa londrina:

A VERDADEIRA LIGA DOS CAMPEÕES?


Consequentemente nenhum dos 16 sobreviventes na Champions lidera o seu campeonato nacional. Atlético de Madrid e Liverpool têm os mesmos pontos do líder, todos os outros estão para trás. E alguns bem para trás...

OBRIGAÇÃO CUMPRIDA

 Os golos apareceram cedo, e isso ajudou.
Após o 5-0 a equipa perdeu fulgor, o que também se compreende.
Eliminatória passada, e alguns bons apontamentos. Destaque para Pedrinho, que bem trabalhado pode dar craque.

SEMÁFORO EUROPEU


Numa Liga Europa com 6 ex-campeões europeus e 9 líderes de campeonatos nacionais, não ser cabeça-de-série é de facto um problema.
E no lote dos possíveis adversários do Benfica não vejo nenhuma facilidade. Mas convenhamos que é diferente defrontar o Dínamo Zagreb ou o Tottenham de Mourinho (líder da Premier League).
Por mim, não me importava de apanhar o Ajax, o PSV (contas a ajustar) ou mesmo o Arsenal. Fazem cartaz, e dão algumas possibilidades. 

ASSIM ASSIM


Vendo o copo meio vazio, observamos um empate tristonho, contra uma equipa bastante débil, anotamos mais uma quantidade significativa de falhas defensivas, e o falhanço do objectivo relativo ao primeiro lugar do grupo - que pode custar caro no sorteio de segunda-feira.
Vendo o copo meio cheio, vemos um conjunto de oportunidades criadas que daria para vencer dois ou três jogos, e a evidência do guarda-redes do Standard ter sido o melhor em campo, com um punhado de defesas de golo (além das bolas no poste e na trave). Algum azar, portanto.
Tudo é verdade, sendo que o Benfica fica a dever à ineficácia a construção de uma vitória robusta.
Porém, há que dizer que os encarnados marcaram mais dois golos, e terminaram esta fase de grupos como um dos melhores ataques da prova. O que é revelador quanto ao verdadeiro problema da equipa, que toda a gente sabe situar-se mais atrás: na defesa, na forma de defender, nas transições defensivas, enfim, em tudo o que deveria servir para evitar golos aos adversários.
Faltam dois laterais consistentes, e um médio defensivo varredor. Este é um problema estrutural do plantel encarnado, que só o mercado poderá resolver. Este Jesus, não é Cristo. É apenas Jorge e não faz milagres.

GERIR


 

MILAGRE

 Tudo está bem quando acaba bem.

E o golo de Luka, no último lance do jogo, tornou francamente positiva uma jornada que parecia terminar bastante mal.

Para trás ficou uma exibição demasiado pobre para ser justificada apenas pelo cansaço. Estamos em Dezembro, e este Benfica de Jesus, mesmo com o mais elevado investimento da história, tarda em aparecer. 

Também é verdade que foi prejudicado pela arbitragem. O golo do Paços é um compêndio acerca do fora de jogo posicional. No momento do remate, há dois joagores deslocados. Um não tem interferência na jogada. O outro tem. Simples.

Enfim, o que conta é que numa semana os encarnados somaram três vitórias. Talvez seja prenúncio de uma equipa mais confiante e segura de si no futuro próximo. 

PIZZI - um nome para a história

Este é o quadro com o top-dez dos melhores marcadores de sempre do Benfica em provas europeias. Só José Augusto, Coluna e Pizzi não são avançados.


Para trás ficam nomes como João Pinto, Simão, Filipovic, Simões, Rui Águas, Diamantino, Rui Costa, Saviola, Chalana, Di Maria, Valdo, Magnusson, Jonas ou Aimar.
Pode gostar-se mais ou menos do transmontano. Mas os números não mentem. É craque e está na história.

BOAS SENSAÇÕES

Desde 2010 que o Benfica não ganhava por quatro golos de diferença numa competição europeia.
É verdade que o Lech Poznan não é nenhum colosso. Mas não será muito pior do que o Boavista, e ainda não há muito tempo, no Bessa, foi o que se viu.
A equipa de Jesus entrou confiante, e confiante se manteve ao longo do jogo, produzindo um futebol agradável e construindo uma vitória robusta que garante o apuramento. Noutros jogos, também entrou confiante, mas as falhas defensivas originaram golos aos adversários, e foi esse o principal factor de inquietação que arrastou todo o onze para o cinzentismo. Desta vez não houve golo sofrido, e as coisas correram com maior normalidade.
É uma pena que, por uma mera questão de golos fora, os encarnados dependam de terceiros para chegar ao primeiro lugar do grupo, o que pode fazer diferença na hora do sorteio dos dezasseis-avos-de-final. Enfim, o mais importante era segurar o apuramento, e isso está feito.
De notar que o Benfica marcou já 16 golos nesta fase de grupos. É o segundo melhor ataque atrás do Bayer Leverkusen. Só Pizzi e Darwin marcaram 10 golos. Decididamente não é na frente que a equipa tem problemas.
Agora...campeonato. A Europa pode esperar.

TRÊS PONTOS


VITÓRIA: Nesta fase o Benfica precisa, sobretudo, de ganhar confiança. E isso consegue-se com vitórias. Ganhar na Madeira é sempre difícil, pelo que esta foi uma vitória importante.
OTAMENDI: Os benfiquistas têm uma certa tendência para crucificar jogadores. Otamendi representou o Porto (como João Félix, Miklos Feher, Rui Águas ou Bèla Guttmann), e isso faz dele um alvo fácil.
Creio que neste momento o jogador precisa de apoio, e confiança, pois só assim poderá atingir o nível que dele se espera. Não dou pois para o peditório da fogueira. Até porque os problemas do Benfica não se centram em Otamendi, e estão longe de se limitar ao quarteto defensivo.
ANTI-JOGO: Separo claramente duas coisas. Uma é a utilização de tácticas defensivas, com muitos jogadores atrás da linha da bola, marcações em cima, e poucas saídas para o ataque - tudo isso é legítimo e faz parte do futebol. Outra é a queima deliberada de tempo, corte de ritmo, simulação de lesões e provocações aos adversários - o que já acho intolerável. O Marítimo, abusando do primeiro (o que temos de aceitar), entra também vezes demais no segundo comportamento (o que é condenável e já não se vê nos principais campeonatos europeus). Cabe ao árbitro gerir isso, e os sete minutos dados na primeira parte foram uma boa resposta.
EVERTON: Foi o homem do jogo, mas penso que pode fazer mais. Tanto no plano ofensivo, como no fechar do flanco e auxílio a Grimaldo.  
SEGUNDO GOLO: É verdade que a falta é marcada ao contrário. Mas é a meio-campo, e não só ninguém adivinhava o que dela resultaria, como o VAR fica impedido de intervir para anular o lance.